Bubach S, Oliveira ERA
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ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL E O
ESTADO NUTRICIONAL EM HIPERTENSOS
ASSOCIATION BETWEEN BLOOD PRESSURE CONTROL AND NUTRITIONAL
STATUS IN HYPERTENSIVE INDIVIDUALS
ASOCIACIÓN ENTRE EL CONTROL DE LA PRESIÓN ARTERIAL Y EL ESTADO
NUTRICIONAL EN HIPERTENSOS
Susana BubachI
Elizabete Regina Araújo OliveiraII
RESUMO: Objetivou-se avaliar a associação entre o controle da pressão arterial e o estado nutricional em hipertensos,
acompanhados em uma unidade de saúde da família, no município de Vitória/ES. Estudo transversal, realizado em 2007, com
hipertensos acompanhados em uma unidade de saúde, que possuem a doença há no mínimo um ano, usando medicação antihipertensiva, com idade superior a 25 anos. As variáveis foram: peso, estatura, pressão arterial não invasiva, idade e sexo. Na
análise, utilizou-se o programa estatístico SPSS 13.0 e os Testes de Mann-Whitney, Qui-quadrado e de Mantel-Haenszel. Os
resultados indicam que mais da metade dos hipertensos possuem níveis pressóricos sem controle e 78,25% apresentam estado
nutricional alterado. O estado nutricional relacionou-se significativamente somente no sexo masculino (p<0,009), tendo os
homens obesos 3,47 vezes mais chances de ter a pressão arterial alterada do que os com sobrepeso. Neste estudo, o estado
nutricional está associado ao controle da pressão arterial no sexo masculino.
Palavras-chave: Hipertensão; estado nutricional; pressão arterial; associação.
ABSTRACT
ABSTRACT:: This paper aims at evaluating the association between blood pressure control and nutritional status in
hypertensive patients, assisted at a family health unit, in Vitória, ES, Brazil. Cross-sectional study, undertaken in 2007, with
patients with a hypertension diagnosis for at least one year, using anti-hypertensive medication, over 25 years of age.
Variables were as follows: weight, height, non-invasive blood pressure, age, and sex. In the analysis we used SPSS 13.0 and
the Mann-Whitney tests, chi-square and Mantel-Haenszel. Results indicate that over half of hypertensive patients have
uncontrolled blood pressure levels and 78.25% have changed nutritional status. Nutritional status was significantly related
only to males (p <0.009); obese men are 3.47 times more likely to have altered blood pressure control than those showing
overweight. This study associates nutritional status with blood pressure control in males.
Keywords: Hypertension; nutritional status; blood pressure; association.
RESUMEN
RESUMEN: El objetivo fue evaluar la asociación entre el control de la presión arterial en pacientes hipertensos y su estado
nutricional, seguidos en una unidad de salud de la familia, en Vitória / ES - Brasil. Estudio transversal, realizado en 2007, con
pacientes hipertensos, seguidos en una unidad que tenían la enfermedad por lo menos un año, usando medicamentos
antihipertensivos y mayores de 25 años. Las variables fueron: peso, talla, presión arterial no invasiva, edad y sexo. En el
análisis se utilizó SPSS 13.0 y las pruebas de Mann-Whitney, Qui-cuadrado y de Mantel-Haenszel. Los resultados indican
que más de la mitad de los pacientes hipertensos no tienen control de los niveles de presión, y 78,25% han cambiado su
estado nutricional. El estado nutricional se relacionó significativamente sólo en los varones (p <0,009), y los hombres obesos
son 3,47 veces más propensos a tener la presión alterada que aquellos con sobrepeso. En este estudio, el estado nutricional
se asocia con el control de la presión arterial en los hombres.
Palabras clave: Hipertensión arterial; estado nutricional; presión arterial; asociación.
INTRODUÇÃO
No cenário mundial e brasileiro, as mudanças ocasionadas nos aspectos epidemiológicos e demográficos
promoveram alterações no perfil de morbimortalidade,
elevando a ocorrência de doenças crônicas em detrimento das de origem infectocontagiosa, devido ao cres-
cente processo de urbanização, com modificações
socioculturais, causando aumento da expectativa de
vida1. Uma dessas doenças é a hipertensão arterial, que
nas últimas décadas atingiu prevalências em torno de
35% na população adulta2, com projeção de crescimen-
I
Mestre em Saúde Coletiva. Professora Assistente II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro Universitário Norte do Espírito Santo. Departamento
de Ciências da Saúde. São Mateus, Espírito Santo, Brasil. E-mail: [email protected].
II
Doutora em Enfermagem. Professora Titular. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Enfermagem.
Vitória, Espírito Santo, Brasil. E-mail: [email protected].
Recebido em: 18/04/2010 – Aprovado em: 06/06/2011
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011 jul/set; 19(3):415-9.
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Controle da pressão e estado nutricional
to entre crianças e adolescentes3. Essa situação é
preocupante pelos agravos que a patologia pode causar
como infarto, aterosclerose, insuficiência cardíaca, acidente vascular4. Assim, é fundamental o seguimento de
pessoas portadoras de hipertensão, a fim de evitar ou
reduzir essas complicações, uma vez que, no Brasil, estima-se que apenas 15% estão sob controle5.
Nesse acompanhamento, é imprescindível a verificação dos níveis pressóricos, pois estes possuem íntima
relação com os agravos6. É meta reduzir a pressão arterial
para valores inferiores a 140/90mmHg em indivíduos em
tratamento. Além disso, recomendam-se mudanças no
estilo de vida, sendo que a perda de peso de 10kg representaria uma redução de 5 a 20mmHg na pressão sistólica7.
Estudos referem que 75% dos casos de hipertensão podem ser atribuídos à obesidade8. Nesse contexto,
a avaliação do estado nutricional através da determinação do índice de massa corporal (IMC) é um método
muito utilizado para estimar o sobrepeso9. O seu uso é
recomendado pela Organização Mundial de Saúde
(OMS)10 como forma de quantificar o excesso de peso
corporal e identificar populações de risco.
Assim, o presente estudo objetivou avaliar a associação entre o controle da pressão arterial e o estado
nutricional em hipertensos, acompanhados em uma unidade de saúde da família, no município de Vitória/ES.
REFERENCIAL TEÓRICO
As doenças crônicas não transmissíveis compre-
endem grupos de patologias de longo curso clínico e
irreversíveis11. Entre estas encontra-se a hipertensão
arterial que prejudica 140 milhões de pessoas de todos
os grupos étnicos nas Américas12. É uma doença com
etiologia multicausal, sendo que, em muitos desses fatores, os indivíduos estão expostos devido à herança
familiar e ao estilo de vida ocidental, estressante,
consumista e sedentário, o que dificulta o controle da
doença13. Entre esses fatores destaca-se a obesidade, sendo uma das principais causas de desenvolvimento e de
elevação da pressão arterial de forma direta e independente14,15, com risco de 3 a 8 vezes em comparação aos
normotensos16. A redução da pressão arterial a níveis
em torno de 139/83 mmHg proporciona maior prevenção a complicações cardiovasculares17. Por isso, a avaliação do controle pressórico com o estado nutricional é
significativa, pois, com o acréscimo do IMC, há aumento da pressão arterial18. Além disso, esse tipo de acompanhamento pela equipe da estratégia de saúde da família, que tem como foco a promoção da saúde em nível
individual e coletivo, favorece a adoção de hábitos saudáveis nesse grupo populacional, evitando o descontrole na pressão e no peso corporal, que influenciam no
controle da hipertensão19, no desenvolvimento de agravos cerebrovasculares11 e incapacidades que interferem
no cotidiano produtivo e social.
p.416 •
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011 jul/set; 19(3):415-9.
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METODOLOGIA
Estudo transversal de abordagem quantitativa. O
cenário foi uma unidade de saúde da família, pertencente ao município de Vitória-ES, referência para sete bairros, e utilizada para campo de prática pela Universidade
Federal do Espírito Santo.
Os dados foram selecionados a partir do levantamento por equipe e, sucessivamente, por microárea, considerando-se o número de hipertensos cadastrados, bem
como sexo e faixa etária, encontrando-se 2411
hipertensos, sendo 1571 do sexo feminino e 840 do sexo
masculino, entretanto arredondou-se a população para
2.500 hipertensos, o que resultou em uma amostra de
331 sujeitos. Nesta determinação, foi utilizado o programa Epi Info, versão 6.04d, para cálculo por proporção
amostral para cada microárea, com os parâmetros de
precisão de 5% e nível de confiança de 95%. Os critérios
de inclusão foram: idade superior a 25 anos, ser cadastrado na unidade de saúde como hipertenso, segundo os
critérios estabelecidos através do Programa Nacional
de Controle da Hipertensão Arterial20,21.
Os fatores investigados foram: idade, sexo, peso e
estatura, para determinação do IMC; pressão arterial
sistólica e diastólica não invasiva, mensuradas de acordo
com V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial7. O
equipamento utilizado para medida da pressão arterial
foi o esfigmomanômetro digital de braço, automático,
modelo HEM-705CP, da marca OMRON. Os pacientes
que se encontravam com valores pressóricos iguais e
superiores a 140/90mmHg foram classificados, para efeito desta pesquisa, como hipertensos não controlados, e os
que possuíam valores pressóricos inferiores aos mencionados, hipertensos controlados.
A estatura foi mensurada por meio de apoio em
superfície fixa vertical e transversal, com o pesquisado
descalço e com o calcâneo apoiado em região perpendicular à superfície. Para aferição do peso corporal, empregou-se uma balança pessoal digital portátil, com resolução de 0,1kg. A fórmula de cálculo foi IMC = {peso
(kg) / [altura (m)]2}. Para avaliação do estado nutricional,
foi adotada a tabela de classificação de IMC da OMS10,
que pessoas com IMC entre 18,5 e 24,99 são consideradas normais, entre 25 a 29,99 com sobrepeso, e igual e
superior a 30, obesas. Na apresentação dos dados, utilizou-se apenas a classificação de estado nutricional. Os
dados foram coletados de fevereiro a agosto de 2007.
Para análise dos dados, utilizou-se o programa estatístico Social Package Statistical Science (SPSS), versão
13, empregando-se os testes Qui-quadrado e Odds-Ratio
de Mantel-Haenszel. O desenvolvimento da pesquisa
foi aprovado pela Secretaria Municipal de Saúde de Vitória e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo, sob o protocolo 007/06,
tendo os participantes assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Recebido em: 18/04/2010 – Aprovado em: 06/06/2011
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A distribuição dos entrevistados por sexo, nesta
Além do gênero, a idade tem sido importante fator
relacionado ao surgimento e agravamento de diversas
doenças, principalmente as de origem crônicas, entre elas
a hipertensão arterial14,26,27. A faixa etária dos entrevistados foi dividida em dois estratos, inferior a 65 anos, com
188(56,8%) pessoas, e superior a 65 anos, com 143(43,2%),
conforme Tabela 1. Esse tipo de classificação foi realizada
por considerar a idade de 65 anos um divisor, em que
geralmente ocorrem alterações no estilo de vida dos indivíduos, como a ocorrência da aposentadoria, que promove mudanças psicológicas e sociais, por perda do seu papel
de produção na sociedade28, podendo ocasionar várias
doenças. Também, com o aumento da idade, ocorrem alterações no sistema orgânico, produzindo modificações
orgânicas, como a redução da complacência arterial, refletindo sobre a pressão, causando alterações no fluxo
sanguíneo e na resistência vascular periférica29.
Em relação ao controle da pressão, os pesquisados
foram classificados em dois grupos: não controlados, com
166(50,15%) representantes; e controlados, com
165(49,85%), mostrando que mesmo em uso de medicação anti-hipertensiva, há mais de um ano, metade deles
apresentam valores alterados, segundo a Tabela 1. Esse
controle é fundamental para um acompanhamento efetivo da hipertensão, principalmente quando há um cofator
que aumenta a gravidade da doença, pois, quando associado ao tratamento farmacológico adequado, reduz significativamente a morbimortalidade dessas pessoas, proporcionando aumento da expectativa de vida19.
Apesar do incremento da expectativa de vida ao
longo dos anos, esta veio associada a diversos problemas
de saúde, muitas vezes não somente pelo seu aumento,
mas também pela adoção de um estilo de vida inadequado, com valorização de alimentos do tipo fast-food,
sedentarismo, estressores, álcool, fumo, entre outros.
Além disso, os níveis pressóricos aumentados estão associados a condições sociais desfavoráveis, a não aderência
ao tratamento24, e ao desenvolvimento de infarto30. Isso
identifica a importância do acompanhamento da pressão
arterial, pois aferi-la regularmente é uma das formas de
contribuir para o controle e avaliação do tratamento dado
ao indivíduo, assim como menor intervalo entre consultas, busca de faltosos e atividades educativas31.
Na avaliação nutricional, 149(45,02%) dos indivíduos estudados apresentavam-se obesos, 110(33,23%)
com sobrepeso e apenas 72(21,75%) foram considerados eutróficos, indicando um grande problema no controle de aspectos que são inter-relacionados ao controle
pressórico, conforme apresentado na Tabela 1. Em outra pesquisa8, foi verificada a relação da obesidade com
75% dos casos de hipertensão. Situação semelhante a
essas é encontrada na população adulta brasileira, em
que um terço apresenta-se com peso acima do esperado,
e está associado à alta prevalência de hipertensão27.
Os processos de mudança na sociedade bem como
no padrão de consumo trouxeram transformações ao
padrão alimentar e, consequentemente, uma exposição
maior aos riscos cardiovasculares29 por incremento no
peso corporal, aumento no número de pessoas com resistência à insulina e elevação das taxas de triglicerídeos26. Isso ocorreu pela incorporação na dieta de
gorduras insaturadas, como os ácidos graxos trans, que
modulam o perfil lipídico, ocasionando um aumento
nos níveis da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e
reduzindo os níveis da lipoproteína de alta densidade
(HDL)32. Essa situação demonstra que o acompanhamento da hipertensão requer a incorporação de um estilo de vida saudável com a supressão do tabaco e álcool,
prática de atividade física33, alimentação rica em frutas,
vegetais crus e fibras18, associado ao uso da terapia
medicamentosa, manutenção dos níveis pressóricos e
do peso dentro dos padrões estabelecidos.
Posterior à descrição das características dos entrevistados, utilizou-se a correlação para verificar quais
variáveis estavam associadas ao controle pressórico nos
indivíduos hipertensos. Na análise dos grupos de controle pressórico, por meio do Teste do Qui-quadrado,
verificou-se que não existe diferença entre os dois grupos em relação ao sexo masculino (p=0,306) e feminino (p=0,294). Nesse caso, o sexo e a faixa etária, nos
dois estratos, inferior e superior a 65 anos, não influenciam o controle da pressão arterial.
Contudo, o estado nutricional mostrou-se significativo estatisticamente quando associado ao controle
Recebido em: 18/04/2010 – Aprovado em: 06/06/2011
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amostra, foi de 215(64,95%) mulheres e 116(35,05%)
homens, conforme Tabela 1, caso semelhante ao encontrado entre hipertensos no município de Vitória/ES
cadastrados no HIPERDIA21 e em vários outros locais
estudados no Brasil22-24. Isso demonstra que as mulheres
possuem maior assiduidade na utilização dos serviços,
pela natureza feminina em priorizar o cuidado com a
saúde em detrimento do sexo masculino25.
TABELA 1: Caracterização da amostra de hipertensos cadastrados
em uma Unidade de Saúde da Família. Vitória-ES, Brasil, 2008.
Carac
terísticas
Características
Sexo
Feminino
Masculino
Faixa Etária
Até 64 anos
65 anos ou mais
Controle da Pressão arterial
<140/90mmHg
>140/90mmHg
Estado Nutricional (IMC) (*)
Eutrófico (<25)
Sobrepeso (25 a 30)
Obeso (>30)
(*)
f
%
215
116
64,95
35,05
188
143
56,80
43,20
165
166
49,85
50,15
72
110
149
21,75
33,23
45,02
índice de massa corporal
• p.417
Controle da pressão e estado nutricional
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da pressão arterial nos homens (p=0,009), como mostra a Tabela 2.
No entanto, nessa avaliação, não é possível identificar qual das três categorias do estado nutricional mais
se relacionaram. Por isso, realizaram-se novas análises
dois a dois, utilizando o teste Qui-quadrado, identificando-se significância estatística na relação das classificações sobrepeso e obeso, de acordo com a Tabela 3.
Desse modo, os homens obesos possuem 3,47 mais
chances de ter a pressão arterial alterada do que os com
sobrepeso (p=0,005), e 3,25 vezes em relação aos
eutróficos (p=0,021).
Além disso, utilizou-se o teste de Mantel-Haenszel
para identificar se havia diferença entre os valores do
odds nas categorias testadas, através do teste de
homogeneidade. Contudo o teste foi recusado tanto para
a relação obeso e sobrepeso (pMh-valor=0,048), conforme mostra a Tabela 3, e na relação de obeso com
eutrófico (pMh-valor=0,020), demonstrando que as
categorias com o sexo masculino não são homogêneas
nos dados, indicando significância nos valores encontrados pelo teste do Qui-quadradro.
Poucas são as pesquisas que demonstram associações da hipertensão ao sexo, e raras as que relacionam isto ao controle da pressão arterial. No entanto,
alguns autores verificaram associação entre a obesidade e a hipertensão arterial no sexo masculino e,
também, no feminino23, o que não foi confirmado
neste estudo. Contudo, isto pode ter ocorrido pela
ausência de avaliação de fatores como a adesão ao
tratamento e o comprometimento cardiovascular, que
mesmo as mulheres tendo maior conhecimento so-
bre a doença do que os homens34, esses fatores devem
ter interferido na significância da associação, merecendo destaque em novas investigações.
Todavia, os homens têm demonstrado confirmada
associação, pelos estudos já apresentados, sendo que no
caso específico da amostra averiguada pode ter ocorrido
dificuldade de controle no peso e na pressão, por serem
economicamente ativos, não possuindo disponibilidade
e/ou motivação durante o horário diário, em que normalmente as unidades de saúde encontram-se abertas, para
fazer um acompanhamento adequado da hipertensão e
prevenir o desenvolvimento da obesidade.
Assim, é importante a criação de estratégias a fim
de reestruturar a atenção à saúde, principalmente nas
equipes de saúde da família a essa população, estimulando e favorecendo o acesso aos serviços de saúde, melhorando a qualidade de vida35.
CONCLUSÃO
Esta pesquisa contatou que, entre o referencial teó-
rico analisado, poucos foram os trabalhos que relacionaram a hipertensão arterial, o controle pressórico e o
estado nutricional. Além disso, o estudo apresentou limitações pela não avaliação da adesão ao tratamento e
ao comprometimento cardiovascular dos entrevistados.
Isto pode ter interferido na ausência de identificação de
associação significativa entre as mulheres. Contudo,
identificou-se que há relação entre o controle pressórico
de hipertensos e o estado nutricional nos homens, uma
vez que o aumento da pressão arterial está condicionado à elevação do peso.
TABELA 2: Controle da pressão arterial segundo sexo e estado nutricional em hipertensos. VitóriaES, Brasil, 2008.
Estado Nutricional (IMC) (*)
Sexo
Controle da Pressão Eutrófico S o b r e p e s o O b e s o
Arterial
f(%)
f(%)
f(%)
TO T
A L p - v a l o r (**)
TA
f(%)
Masculino
<140/90mmHg
>140/90mmHg
TOTAL
18(67)
9(33)
27
32(68)
15(32)
47
16(38)
26(62)
42
66(57)
50(43)
116
0,009(***)
Feminino
<140/90mmHg
>140/90mmHg
TOTAL
18(40)
27(60)
45
32(51)
31(49)
63
50(47)
57(53)
107
100(47)
115(53)
215
0,540
(*) índice de massa corporal; (**) Teste Qui-quadrado; (***) Significância para valores de p < 0,05
TABELA 3: Controle da pressão arterial segundo sexo e estado nutricional (obeso e sobrepeso) em hipertensos. Vitória-ES, Brasil, 2008.
Sexo
Controle da
Pressão Arterial
Feminino <140/90mmHg
Masculino >140/90mmHg
Estado Nutricional (IMC) (*)
Obeso
Sobrepeso
(n=42)
(n=47)
f(%)
f(%)
16(38)
26(62)
32(68)
15(32)
TO T
AL
TA
(n=89)
f(%)
Quiquadrado
48(58)
41(46)
8,029
pvalor
Odds
Ratio
IC
(95%)
MantelHaenszel
(pv a l o r ) (**)
3,467
0,005(***) (1,446-8,308) 0,048(***)
(*) índice de massa corporal; (**) Teste de homogeneidade de Mantel-Haenszel; (***) Significância para p-valor<0,05
p.418 •
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011 jul/set; 19(3):415-9.
Recebido em: 18/04/2010 – Aprovado em: 06/06/2011
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• p.419
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