Conferência 17 – O Sentido dos
Sintomas - 1917
História
• Texto escrito no inverno de 1916-1917 para
uma série de conferências introdutórias. Essas
conferências tinham por objetivo familiarizar
“um público misto de médicos e leigos de
ambos os sexos” com os fundamentos da
psicanálise.
• Esses textos foram amplamente lidos e
traduzidos, foram vendido talvez 50 mil
exemplares em alemão, feitas pelo menos 15
traduções, inclusive para o chinês, japonês,
servo-croata, hebraico, iídiche e braille.
O sintoma em foco
• A psiquiatria prescinde da forma aparente e
do conteúdo do sintoma;
• Todo sintoma, assim como as demais
formações do inconsciente, possui um sentido
e está estritamente enlaçado à vida psíquica
do paciente;
• Referência: Breuer já havia descoberto no
caso Ana O. (Bertha pappenheim);
• Nesse texto se utilizará da neurose obsessiva
para exemplificar a questão;
A neurose
• A partir de 1897, com o abandono da teoria da
sedução, a neurose passa a ser uma afecção ligada a
um conflito inconsciente, de origem infantil e dotada
de uma causa sexual resultante de um mecanismo de
defesa contra a angústia e de uma formação de
compromisso entre essa defesa e a possível
realização de um desejo;
• A partir da segunda tópica, a neurose passa a ser
pensada como um conflito entre o eu e o isso e a
coabitação de uma atitude que contraria a exigência
pulsional com outra que leva em conta a realidade
A Neurose Obsessiva no texto
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“Se comporta mais discretamente renunciando quase por completo a todo
gênero de manifestações somáticas e concentrando todos os sintomas no
domínio psíquico”;
Os enfermos de N.O. mostram geralmente as seguintes manifestações:
Impulsos estranhos a sua personalidade;
Se vêem obrigados a realizar atos cuja execução não lhes proporciona prazer
algum, mas aos quais não pode evitar;
Seu pensamento fica invariavelmente fixo a idéias alheias a seu interesse
normal => Idéias totalmente absurdas;Intensa atividade intelectual que
esgota o sujeito;
Os impulsos podem apresentar também, em algumas ocasiões, um caráter
infantil e desatinado;
Na maior parte das vezes possui caráter temeroso = paciente se sente
incitado a cometer graves crimes, dos quais se sente horrorizado,
defendendo-se contra a tentação por meio de todo tipo de proibições de sua
liberdade = crimes que, em geral, não são cometidos;
Atos cotidianos (necessários) se convertem em problemas complicadíssimos;
Capacidade de deslocamento dos sintomas de sua forma mais primitiva a
outra mais longínqua e diferente;
Perpétua indecisão;caráter enérgico; grande tenacidade; nível intelectual
elevado; alta disciplina moral; extrema correção;
Primeiro caso – Sra. 30 aos
• Ato obsessivo: Corria de seu quarto à um gabinete contínuo,
se colocava em um lugar determinado, adiante da mesa que
ocupava o centro da sala, chamava sua empregada, lhe dava
uma ordem qualquer ou a despedia sem mandar-lhe nada, e
voltava depois, com igual precipitação ao quarto; Fica sempre
em um lugar onde a criada não consiga ver uma mancha no
tapete;
• Sentido: Na noite de núpcias o marido mostra-se impotente.
Joga tinta vermelha no lençol. “Me envergonha que a criada
que venha fazer a cama possa adivinhar o acontecido”.
• Troca cama pela mesa = substitutos equivalentes;
• Sintoma = uma repetição = uma representação
• O ato obsessivo retifica a impotência do marido;
• “atualmente já estava separada do marido e não pedia a
anulação para não expor o marido”
Segundo caso – moça 19 anos
• Quando criança tinha um caráter orgulhoso e
selvagem; filha única – superior aos pais;
nervosa nos últimos anos; agorafobia – N.O.
• Cerimonial patológico (carece de flexibilidade)
• Para dormir a paciente precisava de silêncio
absoluto = limitava tudo o que produzisse
barulho;
Cerimonial
1. Pára o relógio da parede de seu quarto e faz com que levem
para outro cômodo distante todos os relógios da casa;
2. Reúne no escritório todos os jarros e vasos de flores de
maneira que nenhum caia e se quebre à noite;
3. A porta do quarto de seus pais deve ficar entreaberta;
4. O travesseiro grande não deve tocar a cabeceira e o menor
deve ficar longitudinalmente como um diamante;
5. Deve-se sacudir o edredom para que seu conteúdo se
acumule na parte inferior formando uma proeminência;
Todo o ritual leve em torno de 1 hora em que nem ela nem
seus pais dormem!
Trabalho de interpretação
• Inicialmente negava as interpretações de Freud;
• Depois reunia as associações que surgiam em sua imaginação
a respeito e comunicava suas recordações e estabelecia
relações entre elas e seus sintomas acabando por aceitar a
explicação de Freud. Mas sempre submetendo-as
previamente a uma elaboração pessoal;
• Conforme seu trabalho de análise avançava a paciente foi
ficando menos meticulosa na execussão de seus atos
obsessivos e no final do tratamento abandonou o cerimonial;
A interpretação
• Relógio = genital feminino = periódica
regularidade = tic-tac = clitóris
• Floreiras/vasos = símbolos femininos = evitar
que quebrem = evitar quebrar o matrimônio
1. Quando criança caiu com um vaso na mão =
se cortou e sangrou muito;
2. Quando soube dos fatos referentes as
relações sexuais ficou obsessionada pela
idéia de não sangrar na noite de núpcias;
• Obsim: O desejo de prevenir os ruídos não
tem nada a ver com o que era dito;
Observações importantes
• Quanto mais individualizado mais fácil estabelecer
relação dom a vida do paciente;
• Sobre um fundo uniforme, cada enfermo apresenta
suas condições individuais, ou como poderíamos
dizer, suas fantasias, que são às vezes
diametralmente oposta nos diversos casos;
• Podemos obter uma explicação satisfatória do
sentido dos sintomas neuróticos individuais guiandonos por sua relação com acontecimentos vividos pelo
enfermo, ao contrário toda nossa arte interpretativa
é insuficiente para descobrirmos o significado dos
sintomas típicos muito mais frequentes
Série infinita
• Almofada/travesseiro = mulher;
parede/vertical = homem; cerimonial = evitar
o contato do homem com a mulher = impedir
o contato sexual dos pais = porta entreaberta
= edredom = gravidez = posição como
diamante do travesseiro = órgão feminino =
cabeça = órgão masculino
Uma primeira leitura com Lacan
• Instância da letra no inconsciente: “Porque o sintoma
é uma metáfora, quer se queira ou não dizê-lo a si
mesmo, e o desejo é uma metonímia, mesmo que o
homem zombe disso;
• Lacan leu Freud tendo como primeiro interlocutor a
linguística, para isso pensou as formações do
inconscientes a partir da recomendação freudiana no
capítulo VII de interpretação dos sonhos: leia o
sonho como texto;
• Se der tempo......
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Conferência 17 – O Sentido dos Sintomas - 1917 - cep2012