O princípio da dialética – aproximações iniciais
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
Prof. Achilles Delari Junior
Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
O princípio da dialética – aproximações iniciais
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
O princípio da dialética – aproximações iniciais
Para agora e
para adiante
Plano geral da exposição.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Algumas palavras sobre a importância da dialética para
Vigotski.
Alguns rudimentos históricos do pensamento dialético
Mapa resumido do campo de pensadores dialéticos
modernos (século XX)
Traços gerais do chamado “marxismo ocidental”
Materialismo dialético do ponto de vista de Lenin
Materialismo dialético do ponto de vista de Stálin
Materialismo dialético do ponto de vista de Mao Tsé-tung.
Sessão de questionamentos para a continuidade
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SLIDE 01
O princípio da dialética – aproximações iniciais
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Para
agora
Num levantamento das ocorrências do termo dialética e seus derivados, em todas as obras que
ele aparece apenas no Tomo I, das “Obras Escogidas”, podemos encontrar em pelo menos 45
páginas* em que o termo aparece (em várias delas mais que uma vez, aliás). Seja em uma ou
outra das seguintes formas:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
______
Dialética geral
Materialismo dialético
Lógica dialética
Princípio dialético
Dialética da psicologia (= psicologia geral; = materialismo psicológico)
Dialética do homem
Psicologia dialética.
Dialética (em diversos outros contextos).
(...)
*Para acessar o levantamento com a compilação de citação por citação: http://www.vigotski.net/vigdia-tom1.pdf O
levantamento dos tomos restantes está em fase inicial, mas o tomo 1 é de todos aquele em que o termo dialética
mais é mencionado. Não que o pensamento do autor não seja dialético mesmo quando a palavra não é
mencionada, mas isso nos dá uma chance de procurar visualizar quando e como ele faz uso consciente do termo
e disto deduzir definições mais explícitas, de cunho meta-teórico.
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SLIDE 02
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Como amostra de algumas das menções mais impactantes, podemos citar as que se seguem:
Para
adiante
EM 1925: Prólogo ao livro de A. F. Lazurski “Psicologia geral e experimental”.
“ (...) A isto se acrescentou ainda uma tendência totalmente inevitável e que era de esperar – e
que se expande quase pela totalidade da atual frente russa da cultura –, a de revisar os
fundamentos e princípios da psicologia à luz do materialismo dialético e a ligar a elaboração da
investigação científica e teórica, assim como o ensino dessa ciência, a premissas de caráter
filosófico mais gerais e fundamentais” (Vygotski, 1925/1991, p. 23).
Para
adiante
EM 1925: Prólogo ao livro de A. F. Lazurski “Psicologia geral e experimental”.
Este materialismo fisiológico unilateral [o da reflexologia] está tão longe do materialismo
dialético como o está o idealismo da psicologia empírica. Limita o estudo do comportamento
humano ao seu aspecto biológico, ignorando o fator social. Estuda ao homem só no que afeta a
sua pertença ao mundo geral dos organismos animais, a sua fisiologia, já que se trata de um
mamífero. Ao contrário da adaptação passiva dos animais ao meio, a experiência histórica e
social, a originalidade da adaptação laboral ativa da natureza a si mesma permanece inexplicada
nesta perspectiva. (Vygotski, 1925/1991, p. 35)”.
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SLIDE 03
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Para
adiante
EM 1926: Sobre o artigo de K. Koffka “A introspecção e o método da psicologia”. A modo
de introdução.
“1. Materialismo monista da nova teoria. [a psicologia da Gestalt] A psique e o comportamento
“interno e externo” (segundo a terminologia de W. Köhler), as reações fenomênicas e corporais
(Koffka), não constituem duas esferas distintas e de natureza diferente. ‘O interno é externo’
(Köhler). A nova teoria parte da identidade fundamental das leis que constroem os ‘conjuntos’
(Gestalten) na física, na fisiologia, na psique. A nova teoria admite o princípio dialético da
transição da quantidade e qualidade, quando o utiliza para explicar a diversidade qualitativa das
vivências (fenômenos). Os processos conscientes não se declaram já como único objeto de
investigação, senão que são interpretados como partes de processos psicofisiológicos de maior
envergadura.” (Vygotski, 1926/1991, p. 63)
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SLIDE 04
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Para
agora
EM 1927: O sentido histórico da crise da psicologia. Uma investigação metodológica
“Proponho, pois, esta tese: a análise da crise e da estrutura da psicologia testemunham
indiscutivelmente que nenhum sistema filosófico pode dominar diretamente a psicologia como
ciência sem a ajuda da metodologia, isto é, sem criar uma ciência geral; que a única aplicação
legítima do marxismo em psicologia seria a criação de uma psicologia geral, cujos conceitos se
formulem em dependência direta da dialética geral, porque esta psicologia [geral] não seria outra
coisa que a dialética da psicologia; toda a aplicação do marxismo à psicologia por outras vias, o
desde outros pressupostos, fora dessa proposição, conduzirá inevitavelmente a construções
escolásticas ou verbalistas e a dissolver a dialética em enquetes e testes; a raciocinar sobre as
coisas baseando-se em seus traços externos, casuais e {389:} secundários; a perda total de todo
critério objetivo e a tentar negar todas as tendências históricas no desenvolvimento da psicologia;
a uma revolução simplesmente terminológica. Em resumo, a uma burda deformação do marxismo
e da psicologia. Esse é o caminho de Tchelpánov.” (Vygotski, 1927/1991, p. 388-389)
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
EM 1927: O sentido histórico da crise da psicologia. Uma investigação metodológica
Para
agora
““{389:} A fórmula de Engels de não impor à natureza os princípios dialéticos, mas derivá-los
dela (K. Marx, F. Engels. Obras, t. 20 pág. 387) é aqui [na psicologia de Tchelpánov,
possivelmente - ADJr] substituída pela fórmula contrária: os princípios da dialética se
introduzem na psicologia desde fora [desde a metafísica, talvez - ADJr]. Mas o caminho a seguir
pelos marxistas deve ser distinto. A aplicação direta da teoria do materialismo dialético às
questões das ciências naturais, e em particular ao grupo de ciências biológicas ou à psicologia é
impossível, como o é aplicá-la diretamente à história e à sociologia. Há entre nós quem pense
que o problema da “psicologia e o marxismo” se limita a criar uma psicologia que responda ao
marxismo, mas o problema é, de fato, muito mais complexo. Da mesma maneira que a história, a
sociologia necessita a teoria especial intermediária do materialismo histórico, que esclareça o
valor concreto das leis abstratas do materialismo dialético para o grupo de fenômenos de que
se ocupa. E exatamente tão necessária é a ainda não criada, mas inevitável, teoria do marxismo
biológico e do materialismo psicológico, como ciência intermediária, que explique a aplicação
concreta dos princípios abstratos do materialismo dialético ao grupo de fenômenos que
trabalha” (Vygotski, 1927/1991, p. 389).
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SLIDE 06
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Para
adiante
EM 1930: A psique, a consciência, o inconsciente (1930)
“A psicologia dialética parte antes de tudo da unidade dos processos psíquicos e fisiológicos.
Para a psicologia dialética a psique, como expressara Espinosa, não é algo que jaz para além da
natureza, um Estado dentro de outro, senão uma parte da própria natureza, ligada diretamente às
{100:} funções da matéria altamente organizada de nosso cérebro. Assim como o resto da
natureza, não foi criada, senão que surgiu em um processo de desenvolvimento. Suas formas
embrionárias estão presentes desde o princípio: na própria célula viva se mantêm as
propriedades de modificar-se sob a influência de ações externas e reagir a elas” (Vygotski,
1930/1991, p. 99-100)
Para
adiante
EM 1930: A psique, a consciência, o inconsciente (1930)
“A psicologia dialética renuncia a uma e outra identificação [filosofia idealista e materialismo
mecanicista], não confunde os processos psíquicos com os fisiológicos, reconhece o caráter
irredutível da singularidade qualitativa da psique e afirma tão somente que os processos
psicológicos são únicos. Chegamos, por conseguinte, ao reconhecimento de processos
psicofisiológicos singulares e únicos, que constituem as formas superiores de comportamento do
homem, aos quais propomos denominar processos psicológicos, diferentemente dos psíquicos e
por analogia com os chamados processos fisiológicos” (Vygotski, 1930/1991, p.101).
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SLIDE 07
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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1 Algumas palavras sobre a importância da dialética para Vigotski.
Para
adiante
EM 1930: Sobre os sistemas psicológicos
A lógica formal considerava o conceito como um conjunto de traços do objeto separado do grupo,
como um conjunto de traços gerais. Daí que o conceito surgisse como resultado da paralização
de nossos conhecimentos sobre o objeto. A lógica dialética mostrou que o conceito não {83:} é
um esquema tão formal, um conjunto de traços do objeto, que oferece um conhecimento muito
mais rico e completo do mesmo.
Toda uma série de investigações psicológicas, e entre elas concretamente as nossas, nos levam
a uma proposição totalmente nova do problema relativo à formação do conceito em psicologia.
(...) este ao fazer-se cada vez mais amplo, é dizer, ao referir-se a um número cada vez maior de
objetos, não empobrece seu conteúdo, como opina a lógica formal, senão que o enriquece (...)”.
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SLIDE 08
Para
agora
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2 Alguns rudimentos históricos do pensamento dialético
Ao longo da história, em pelo menos três grandes campos semânticos se situa a
dialética:
1) Uma arte do diálogo mesmo quando pautada na lógica formal
2) Um modo de dialogar que se pauta no princípio do caráter contraditório do real
3) A própria natureza contraditória do real como tal, mesmo que não pensada assim
Do item 1, são exemplos notórios as disputas dos sábios gregos arcaicos com seus
enigmas que não decifrados poderiam chegar “a matar” o sábio sem a resposta; e também
os célebres diálogos socráticos/platônicos, nos quais a dialética de Sócrates é composta de
maiêutica (ajudo o outro a concluir por si próprio) e ironia (coloco o erro lógico do outro na
minha própria fala para que ele tome consciência dele).
Do item 2, um exemplo notório é a dialética do sábio grego arcaico Heráclito, que via no
próprio mundo uma Lógica ou “Logos” feito de contradições, cabendo ao sábio ter um
discurso lógico condizente com a lógica mais profunda do mundo. Disse Heráclito: “Todo dia
é dia de vida e dia de morte”; “Um mesmo homem não se banha duas vezes num mesmo
rio” [paráfrase], entre outros fragmentos.
Do item 3, não excluindo o segundo, nem necessariamente o primeiro, temos, como
exemplo, a concepção de Marx e Engels, vendo a contradição como próprio fundamento do
movimento perpétuo da matéria, do real, nele da realidade histórica, e nela do nosso
pensamento.
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SLIDE 09
Para
agora
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2 Alguns rudimentos históricos do pensamento dialético
formulação básica da lógica dialética em contraposição com a lógica formal
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3 Mapa resumido do campo de pensadores dialéticos modernos
(século XX)
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SLIDE 10
Para
agora
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Fontes modernas
principais
Desenvolvimentos posteriores
(a) “Materialismo dialético”
● Hegel
(dialética idealista)
● Marx & Engels
(dialética materialista)
○ Lenin
○ Trotski
○ Stálin
○ Mao Tse-tung
(b) “Marxismo ocidental”
[em alguma medida próximos a Hegel]
○ Gramsci
○ Marcuse
○ Colletti
○ Benjamin
○ Bloch
○ Sartre
○ Lefebre
○ Lukács
[mais anti-hegelianos]
○ Colletti (???)
○ Della Volpe
(c) Adorno (“entre os dois campos”)
Esquematização minha, com base no
Dicionário do pensamento marxista, ADJr.
SLIDE 10a
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Para
agora
Fontes modernas
principais
Desenvolvimentos posteriores
Posições diferentes quanto às
leis da dialética de Engels*
(a) “Materialismo dialético”
● Hegel
(dialética idealista)
● Marx & Engels
(dialética materialista)
○ Lenin
○ Trotski
○ Stálin
○ Mao Tse-tung
(b) “Marxismo ocidental”
[em alguma medida próximos a Hegel]
○ Gramsci
○ Marcuse
○ Colletti
○ Benjamin
○ Bloch
○ Sartre
○ Lefebre
○ Lukács
(1ª) Transformação da quantidade em qualidade.
(2ª) Unidade e interpenetração dos contrários
(3ª) negação da negação
3ª lei, abandonada por Stálin
1ª lei, relegada por Mao Tse-tung a
um caso especial da segunda lei.
2ª lei, desde Lênin arcou com o peso
da dialética cada vez mais.
* Engels prevaleceu na II Internacional, e foi
criticado desde de Lukács até Sartre.
[mais anti-hegelianos]
○ Colletti (???)
○ Della Volpe
(c) Adorno (“entre os dois campos”)
Esquematização minha, com base no
Dicionário do pensamento marxista, ADJr.
SLIDE 11
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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4 Traços gerais do chamado “marxismo ocidental”
Para
agora
Nosso objetivo hoje é tratar mais do marxismo soviético (dito ortodoxo) do que do marxismo
ocidental (dito não ortodoxo). Contudo, mesmo com grande grau de simplificação e número
reduzido de fontes consultadas deixarei algumas notas sobre este que se convencionou
chamar “marxismo ocidental” em oposição ao “marxismo soviético”. Duas considerações
prévias devem ser feitas:
(A) Tanto o bloco do marxismo soviético quanto o do marxismo ocidental não são
homogêneos, comportando, cada qual, várias divergências internas.
(B) Todo estudo do marxismo é feito por estudiosos sujeitos a dar determinadas
direções e não outras para suas análises, sendo necessário, assim que possível,
resgatarmos, coletivamente, os próprios clássicos, sobretudo Engels que
escreveu mais explicitamente sobre a dialética, e Marx que fez a crítica da
economia política com base nos princípios metodológicos dela. Muito desses
princípios estão implícitos e não explícitos em Marx, levando-nos à opção de fazer
aqui ainda uma apresentação introdutória com base em estudiosos qualificados sobretudo, no campo do marxismo soviético, deixando o “marxismo ocidental” bem
abreviado e aberto a novas incursões futuras.
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SLIDE 12
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4 Traços gerais do chamado “marxismo ocidental”
Algumas considerações de Russel Jacob para o verbete “Marxismo ocidental” do “Dicionário
do pensamento marxista” editado por Tom Bottomore.
Para
adiante
4.1 Negação da aplicação do marxismo às ciências naturais (contra Engels)
“Tanto Lukács (1925) como Gramsci (1929-1935) criticaram o tratado de materialismo histórico
escrito por Bukharin (1921), e o fizeram por motivos semelhantes, ou seja, por ele reduzir o
marxismo a uma sociologia científica. Todos os marxistas ocidentais admitem que o marxismo
exige uma teoria da cultura e da consciência, e, para acentuar tais dimensões, limitaram-no à
realidade social e histórica [i.e. excluindo a realidade natural - ADJr]. O marxismo não é uma
ciência geral [i.e. que abrange natureza, história e pensamento – ADJr.], mas uma teoria da
sociedade.” (Jacob, 1983/1988, p. 250)
Para
adiante
4.2 Tentativa de resgate do valor da filosofia.
Lembremos que Marx dissera que a filosofia havia se limitado a interpretar o mundo, mas o
mais importante é transformá-lo, sugerindo um desdém à filosofia metafísica, e à escolástica.
Até 1844, Marx e Engels assumiam que ao realizar a filosofia o proletariado a suprimiria (cf.
Goldmann, 1959/1979, p. 29).
“Os marxistas vulgares acreditavam, erroneamente, que o marxismo significava a morte da
filosofia; mas de acordo com os marxistas ocidentais, o marxismo preserva as verdades da
filosofia até a sua transformação revolucionária da realidade” (Jacob, p.250)
(continua)
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SLIDE 13
O princípio da dialética – aproximações iniciais
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
4 Traços gerais do chamado “marxismo ocidental”
(Continuando 4.2 Tentativa de resgate do valor da filosofia.)
Para
agora
“Os textos do jovem Marx permitiram uma correção da compreensão, então generalizada, do
marxismo como um materialismo anti-filosófico” (Jacob, p. 250) “Nesse sentido, o marxismo
ocidental é quase sinônimo de um retorno ao jovem Marx” (idem).
Para
adiante
4.3 O retorno ao jovem Marx esteve ligado também à necessidade de retorno a Hegel
“O retorno às fontes hegelianas do pensamento marxista marcou toda a tradição do marxismo
ocidental, produzindo obras como Der junge Hegel (O jovem Hegel) de Lukács, Introduction à
la lecture de Hegel, de Kojève, e Reason and Revolution de Herbert Marcuse. De fato, o
marxismo ocidental só surgiu onde uma tradição hegeliana permanecia viva ou se havia
estabelecido. (...) Sua distinta coloração hegeliana distingue o marxismo ocidental (...) de
outras formas de marxismo” (Jacob, p. 251) como o “austromarxismo” e o “marxismo
estruturalista” de Althusser.
Para
adiante
4.3.a Outros nomes ligados a Hegel:
- Wilhelm Dilthey (Europa central);
- Betrando Spaventa, Giovanni Gentile e Benedetto Croce [que influenciou Gramsci] (na Itália);
- Kojève, Jean Hyppolite e Jean Wahl (na França).
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SLIDE 14
O princípio da dialética – aproximações iniciais
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
4 Traços gerais do chamado “marxismo ocidental”
Para
adiante
4.4 Oposição explícita à proposta de Engels
“Se o retorno às raízes hegelianas do marxismo parecia benigno, o marxismo ocidental
ingressou porém em áreas mais controversas quando se defrontou com a avaliação da
contribuição de Engels e a dialética da natureza.” (p. 251) O confronto seria contra o
marxismo dito “ortodoxo” para o qual a dialética era “a ciência das leis gerais do movimento” e
a dialética era uma “lei universal e científica. [Os marxistas ocidentais] “discordavam, e
Lukács, em Geschichte und Klassenbewwsstsein, criticou Engels por distorcer o pensamento
de Marx” (p. 251)
“O marxismo soviético adotou a dialética da natureza, os marxistas ocidentais rejeitaram-na”
(p. 251)
Para
agora
4.5. Em suma:
Pode-se dizer que o marxismo ocidental reivindicava uma discussão mais profunda em
questões que envolvessem as artes, a cultura e o papel da subjetividade humana na história,
e para tanto necessitava contrapor-se ao caráter potencialmente positivista de se ver a
dialética como um princípio imanente à própria natureza. Contraposição que não se vê em
Vigotski, por exemplo. Embora ele também reivindique o estudo da consciência e sua relação
com a cultura, avalia Engels positivamente e entende que, sim, há dialética na natureza
[ADJr].
* * *
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SLIDE 15
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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5 Materialismo dialético do ponto de vista de Lenin
Para
agora
Esquema do artigo “Sobre a questão da dialética” – de Vladimir Ilitch Lênin
(1914-15/1984)
a) Lei fundamental da dialética = “unidade e luta dos contrários”
. A unidade dos contrários => tendências contraditórias, excluindo-se
mutuamente, opostas. {vide princípio da contradição}
. A unidade dos contrários => movimento e auto-movimento, processo
com saltos, interrupção da progressão sucessiva.
Para
agora
b) Há 2 concepções de desenvolvimento: a metafísica e a dialética
. Metafísica: o desenvolvimento como diminuição ou aumento (mudança
apenas quantitativa), como repetição
. Dialética: o desenvolvimento como unidade de contrários
(desdobramento de alguma coisa em seus contrários –
estes se excluem mutuamente e têm relações recíprocas um com o
outro)
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SLIDE 16
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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5 Materialismo dialético do ponto de vista de Lenin
Para
agora
c) Sobre as categorias do relativo e do absoluto
. A unidade (coincidência, identidade, equivalência) dos contrários é condicional,
temporária, transitória, relativa.
. A luta entre os contrários, excluindo-se mutuamente é absoluta, como absolutos
são o desenvolvimento e o movimento.
Diferença
entre relativo
e absoluto
Por quê?
Subjetivismo (ceticismo/sofística)
Dialética (objetiva)
É absoluta
É relativa
O relativo é somente relativo
excluindo o absoluto.
No relativo está também o
absoluto.
Um enunciado “Tudo é relativo”
que exprima
(Senso comum)
isso
“A unidade dos contrários
(relativa) contém a luta entre os
contrários (absoluta)”
(deduz-se do próprio Lênin)
*
*
*
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SLIDE 17
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6 Materialismo dialético do ponto de vista de Stálin
Esquema do livro “Materialismo dialético e materialismo histórico” (54 p.) –
de Iosif Vissariónovitch Stálin (1938)
Para
agora
O autor diferencia claramente o materialismo histórico e o materialismo dialético, como
se verá em seguida, o que é confirmado também por autores contemporâneos, embora
o termo materialismo dialético não seja próprio de Marx e Engels, mas introduzido
posteriormente, provavelmente por Plekhanov (cf. Bottomore). Para todos os efeitos, o
nosso esquema tratará do materialismo dialético e não do materialismo histórico, nesse
momento.
Para
agora
5.1 Diferenciação básica entre materialismo dialético e materialismo histórico.
a) “O materialismo dialético é a teoria geral do Partido marxista-leninista”
(Stálin, 1938/1978, p. 13)
“seu método de investigação e conhecimento é dialético” (p.13)
“sua concepção dos fenômenos da natureza, sua teoria, é
materialista” (p. 13)
b) “O materialismo histórico estende os princípios do materialismo dialético
ao estudo da vida social (...) ao estudo da história da sociedade” (p. 13)
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SLIDE 18
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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6 Materialismo dialético do ponto de vista de Stálin
5.2 O Materialismo Dialético.
Para
agora
1o) “O método dialético se caracteriza por 4 traços (ou princípios)”:
a) A natureza é “um todo unido e coerente, em que objetos,
fenômenos, estão ligados organicamente (...), dependem uns dos
outros e condicionam-se reciprocamente” (p. 15) [lei dos
relacionamentos universais, ou “tudo se relaciona”]
b) A natureza é “um estado de movimento e transformação
perpétuos, de renovação e desenvolvimento incessantes” (p. 15)
[cf. caráter absoluto do desenvolvimento em Lenin]
c) “O desenvolvimento passa das mudanças quantitativas e
latentes a mudanças evidentes e radicais, a mudanças
qualitativas” (p. 16-17) [cf. a “lei dos saltos de qualidade” do
próprio Engels]
(item “d” no próximo slide)
Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
SLIDE 19
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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6 Materialismo dialético do ponto de vista de Stálin
5.2 O Materialismo Dialético.
Para
agora
1o) “O método dialético se caracteriza por 4 traços (ou princípios)”:
d) “os objetos e fenômenos da natureza encerram contradições
internas” (p. 19)
|
“a luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce,
entre o que se desagrega e o que se desenvolve é o conteúdo
interno do processo de desenvolvimento da conversão das
mudanças quantitativas em mudanças qualitativas” (p. 19)
Para
agora
2º) “O materialismo filosófico marxista é caracterizado por 3 traços (ou
princípios...)
a) “o mundo, pela sua natureza, é material (...) os múltiplos
fenômenos do universo são os diferentes aspectos da matéria em
movimento” (p.23)
(“b” e “c” logo em seguida)
Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
SLIDE 20
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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6 Materialismo dialético do ponto de vista de Stálin
5.2 O Materialismo Dialético.
Para
agora
2º) “O materialismo filosófico marxista é caracterizado por 3 traços (ou
princípios...)
b) “a matéria, a natureza, o ser, é uma realidade objetiva existindo
fora e independente da consciência; (...) a matéria é um fato
primordial, pois é origem das sensações, das representações, da
consciência, enquanto a consciência é um dado secundário,
derivado, pois é o reflexo da matéria, o reflexo do ser; que o
pensamento é o produto da matéria, no seu desenvolvimento, um
alto grau de perfeição” (p.24)
c) “o mundo e suas leis são perfeitamente conhecíveis” (25-26)
[contra a noção de impossibilidade de se conhecer o ser em si
(seja como sujeito em si ou o objeto em si), postulada desde a
teoria de Kant, que é base para o conceito moderno de
subjetividade. Para o M.D. tanto sujeito quanto objeto são
objetivamente conhecíveis, vide Vigotski - ADJr]
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O princípio da dialética – aproximações iniciais
SLIDE 21
(Grupos de estudo da UEM: Educação Física, Pedagogia e Psicologia. 13 maio 2011)
Para agora e
para adiante
7 Materialismo dialético do ponto de vista de Mao Tsé-tung
Esquema da obra “Sobre a contradição” (58 p.) – de Mao Tsé-tung (Agosto de 1937)
Para
agora
Para
agora
O interesse dessa obra para nós é o de ela se aproximar sobremaneira das lições de
Lênin e do marxismo soviético, inclusive o próprio Stálin, os quais por sua vez, por
motivos diretos são de interesse para os estudiosos da psicologia soviética que se
desenvolveu sob as categorias teóricas assumidas por seus principais líderes, com sua
leitura peculiar das obras de Marx e Engels, entendida por alguns como “ortodoxa”, isto
é, “sem desvio” quanto às fontes originais (o que não podemos ainda avaliar de modo
categórico). O texto de Mao centra esforços na categoria da contradição, na orientação
deixada por Lênin:
“A lei da contradição inerente aos fenômenos, ou lei da unidade
dos contrários, é a lei fundamental da dialética materialista. Lenin
dizia “No sentido próprio, a dialética é o estudo da contradição na
própria essência dos fenômenos” (Mao Tsé-Tung, 1937/1999, p.
37) [vê-se que a dialética é o “estudo”, a “ciência” mas o
estudado, o objeto de estudo, a realidade em qualquer caso, é
por si também algo dialético, posto que contraditório – ADJr]
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7 Materialismo dialético do ponto de vista de Mao Tsé-tung
Esquema da obra “Sobre a contradição” (58 p.) – de Mao Tsé-tung (Agosto de 1937)
Sendo a contradição a principal categoria teórica e ontológica da dialética para Mao,
seu texto se organizará em 6 partes principais, das quais trarei alguns fragmentos para
o coletivo. São elas:
Para agora e
para adiante
I – AS DUAS CONCEPÇÕES DE MUNDO
II – A UNIVERSALIDADE DA CONTRADIÇÃO
III – A PARTICULARIDADE DA CONTRADIÇÃO
IV – CONTRADIÇÃO PRINCIPAL E POLO PRINCIPAL DA CONTRADIÇÃO
V – A IDENTIDADE E A LUTA DOS POLOS DA CONTRADIÇÃO
VI – O LUGAR DO ANTAGONISMO NA CONTRADIÇÃO
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O princípio da dialética – aproximações iniciais
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7 Materialismo dialético do ponto de vista de Mao Tsé-tung
Para
adiante
I – AS DUAS CONCEPÇÕES DE MUNDO
Na mesma linha de Lênin, para Mao, no fundo e sem falsas subdivisões, duas são as
concepções de mundo em luta no curso de nossa história:
A METAFÍSICA
E
A DIALÉTICA
Concebe o “desenvolvimento apenas como
diminuição e aumento como repetição” (Lenin)
Concebe o “desenvolvimento” como unidade de
contrários (desdobramento do que é um em
contrários que se excluem mutuamente, e
relações entre eles)” (Lenin)
Na China a metafísica também é chamada
Suansiue que prima por defender a
imutabilidade das leis profundas do real e o
lugar fixo das pessoas nesta realidade
imutável. Mao exemplifica com a lei do Tao:
“O céu é imutável, imutável é o Tao”
[lembrar Kant: “As estrelas no céu e a lei moral
dentro de mim” [não mudam]
Ao idealismo reacionário, contrapõe-se a
“concepção materialista-dialética, marxista, do
mundo.” diz o próprio Mao Tsé-tung. A qual
deve estudar um fenômeno partindo de seu
desenvolvimento interno, de suas relações com
outros processos. Considera-se o movimento
como próprio a cada realidade, e necessário,
não contingencial.
[lembrar “lei do relacionamento universal”, “tudo
se relaciona” – portanto tudo muda]
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Para
adiante
I – AS DUAS CONCEPÇÕES DE MUNDO
A METAFÍSICA
E
A DIALÉTICA
A dialética “considera que as causas externas
constituem a condição das modificações, que
as causas internas são a base dessas
modificações e que as causas externas operam
por intermédio das causas internas [grifo
meu – ADJr]. O ovo que recebe uma
quantidade adequada de calor transforma-se
em pinto, enquanto que o calor não pode
transformar uma pedra em pinto, já que as
respectivas bases são diferentes. Os diversos
povos agem constantemente uns sobre os
outros (...)” (p. 43)
A metafísica realiza erros ao interpretar o modo
como as coisas se relacionam. Por exemplo,
entendem que a desigualdade econômica entre
os homens é um dado eterno imutável, mas
vão atribuir as causas da desigualdade a
fatores incorretos, como o clima, ou a
geografia, em última análise a fatores naturais
que podem ser considerados imutáveis, como o
“Céu”. As causas internas ao desenvolvimento
das lutas de classes no cerne das sociedades
ao longo dos diferentes períodos históricos são
totalmente ignoradas. [síntese minha – ADJr]
Ele reitera: “É por intermédio das causas
internas que atuam as causas internas” (p. 44 –
itálico meu) e explora exemplo das realidades
internas de diversos países tanto quanto das
relações internacionais na era do imperialismo.
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Para
adiante
II – A UNIVERSALIDADE DA CONTRADIÇÃO
Pode-se resumir a lei da universalidade da contradição pela afirmação de que “não há
como existir nada que não se contradiga em sua própria constituição” – sendo assim a
contradição universal pelo fato de que tudo se contradiz. Mas a definição do autor vai
além:
“A universalidade ou caráter absoluto da contradição tem um duplo
significado: primeiro, que as contradições existem no processo de
desenvolvimento de todos os fenômenos [o que destaquei acima]; segundo,
que no processo de desenvolvimento de cada fenômeno, o movimento
contraditório existe do início ao fim” (Mao p. 46) [ou seja: tudo é contraditório
em si mesmo, e não só porque uma vez ou outra algo acabará
inevitavelmente entrando em contradição, mas ainda porque do início ao fim,
enquanto existir, se contradirá – ver problema do desenvolvimento e das
crises etárias para Vigotski, por exemplo]
(seguem outros fragmentos desta lei)
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Para
adiante
II – A UNIVERSALIDADE DA CONTRADIÇÃO
Passagem relevante sobre “diferença e contradição”
“(...) Deborin considera que a contradição não aparece logo desde o início
do processo , mas apenas numa certa etapa do seu desenvolvimento. (...)
Aplicando essa maneira de ver à análise de problemas concretos, a escola
de Deborin chega à conclusão de que, nas condições da União Soviética,
existem apenas diferenças e não contradições entre os camponeses ricos e
os camponeses em geral (...) Essa escola não compreende que em toda a
diferença já há uma contradição e que a própria diferença é uma
contradição” (p. 49-50) [grifos meus – ADJr]
(mais um último fragmento no próximo slide)
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II – A UNIVERSALIDADE DA CONTRADIÇÃO
Para
agora
Para
agora
Aqui teremos a oportunidade de lidar com uma contradição propriamente dita, no campo da
metodologia, a “do geral para o particular” X “do particular para o geral”. Como sabemos
Vigotski, no livro sobre a crise da psicologia enfatiza o primeiro movimento, mas não sempre é
assim, pois ele mesmo também fala de “análise por unidades”. Vejamos o que diz Lenin,
citado por Mao Tsé-tung:
“Marx, em O Capital, analisa primeiramente a relação mais simples, mais
habitual, mais fundamental, mais frequente e mais ordinária, o que se
encontra milhares de vezes na sociedade burguesa (de mercado): a troca de
mercadorias. A sua análise faz ressaltar nesse fenômeno elementar [aqui
Vigotski diferenciaria “elementos” de “unidades” – ADJr] (nessa ‘célula’ de
toda da sociedade burguesa) todas as contradições (ou embriões de todas
as contradições) da sociedade moderna. O seguimento da exposição
mostra-nos o desenvolvimento (crescimento e movimento) dessas
contradições e dessa sociedade na  [soma] das suas diversas partes,
desde o começo ao fim.” (apud Mao Tsé-Tung, p. 51, itálicos na fonte)
E Lenin acrescenta: “Tal deve ser também o método de exposição (de
estudo) da dialética em geral” (idem) [ver: método de exposição x método de
investigação]
* * *
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III – A PARTICULARIDADE DA CONTRADIÇÃO
Para
agora
De modo bem prosaico, pode-se dizer que esta lei se manifesta pelo fato de que não só
tudo é contraditório, como também cada realidade é contraditória à sua maneira.
Não vejo nisso exatamente relativismo, mas relatividade situada. Cada realidade é
contraditória à sua maneira, na medida em que para cada realidade há condições
concretas distintas que cabe compreender e explicar para que se possa intervir
ativamente na produção da realidade e não apenas sermos conduzidos pelo poder das
circunstâncias. O que seria uma forma inversa de metafísica: de tanto tudo ser tão
diferente ao seu modo, não há como ser diferente de maneira determinado, orientada a
um projeto de sociedade justa e igualitária, por exemplo. Seguem-se alguns
fragmentos.
“O princípio de usar métodos distintos para resolver contradições distintas é
um princípio que os marxistas-leninistas devem observar rigorosamente.”
(p.56)
“Lenin (...) dizia que a substância, a alma viva do marxismo, era a análise
concreta de uma situação concreta” (p. 57)
“Ser subjetivo é não saber encarar uma questão objetivamente, quer dizer,
do ponto de vista materialista” (p. 58)
(continua)
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Para
adiante
III – A PARTICULARIDADE DA CONTRADIÇÃO
Dou destaque para essa passagem em termos de método, modo de olhar e analisar.
Trata-se da crítica ao exame unilateral:
“O exame unilateral consiste em não saber encarar as questões sob todos
os seus pólos. É o que acontece, por exemplo, quando se considera apenas
a China e não o Japão, apenas o Partido Comunista e não o Kuomintang,
apenas o proletariado e não a burguesia, apenas os camponeses e não os
senhores de terras, apenas as situações favoráveis e não as situações
difíceis, apenas o passado e não o futuro, apenas a parte e não o conjunto,
apenas as falhas e não os êxitos, apenas o que acusa e não o que se
defende, apenas o trabalho revolucionário na clandestinidade e não o
trabalho revolucionário legal etc., numa palavra, sempre que não se veem os
traços característicos dos dois polos de uma contradição” (p. 58)
“Para conhecer realmente um objeto, é necessário abarcar e estudar todos
os seus polos, todas as suas ligações e ‘mediações’. Nós nunca o
conseguiremos de maneira integral, mas a necessidade de considerar
todos os polos evita-nos erros e rigidez” (Lenin apud Mao, p. 60, grifo meu)
*
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IV – CONTRADIÇÃO PRINCIPAL E POLO PRINCIPAL DA CONTRADIÇÃO
Para
agora
As categorias de “contradição principal” e “polo principal” da contradição” são
consideradas por Mao Tsé-Tung como respeitantes à particularidade da contradição.
Digamos que se trate de ferramentas conceituais que potencializam a análise das
situações particulares em busca de alcançar sua dialética com o que há de mais geral.
“No estudo de um processo complexo, em que há duas ou mais
contradições, devemos fazer o máximo por determinar a contradição
principal. Uma vez dominada a contradição principal, todos os problemas se
resolvem facilmente.” (p. 72-73 – grifo meu) [Um exemplo poderia ser a
contradição do conflito da China contra o imperialismo japonês, num dado
momento se torna principal frente as lutas internas na própria China como
entre o Partido Comunista e as forças liberal-burguesas como o
Kuomintang, que se fazem uma contradição secundária – ADJr]
Para
agora
(continua)
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IV – CONTRADIÇÃO PRINCIPAL E POLO PRINCIPAL DA CONTRADIÇÃO
Para
agora
Para
agora
Já o polo principal da contradição é interior à própria contradição e determina a
natureza particular do fenômeno.
“Assim que o novo conquista uma posição dominante sobre o velho, o
fenômeno velho transforma-se qualitativamente num novo fenômeno. Daí
resulta que a qualidade de um fenômeno é sobretudo determinada pelo polo
principal da contradição, o qual ocupa a posição dominante. Logo que
muda o polo principal da contradição, o polo cuja posição é dominante, a
qualidade do fenômeno sofre uma mudança correspondente” (p. 74 – grifo
meu) [Os exemplos de Mao são praticamente todos militares pois o escrito
se volta a questões práticas fundamentais para o Partido Comunista Chinês,
mas é possível lembrar o exemplo da relação entre funções psíquicas
elementares e funções psíquicas superiores, relação não de exclusão, mas
de contradição, na qual o polo principal num dado momento do
desenvolvimento com a mediação da cultura as funções superiores passam
a ser polo principal, mas não deixam de estar sujeitas a deixar de ser, por
uma lesão, ou uma outra situação limite que desagregue o sistema de
funções mentais. É um exemplo por ser discutido. – ADJr]
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V – A IDENTIDADE E A LUTA DOS POLOS DA CONTRADIÇÃO
Para
agora
Este item deveria ser o mais importante para a compreensão dialética da realidade.
Caso entendamos como Lenin e Mao, que a contradição é a categoria central da
dialética. De fato, a contradição só pode existir por esses dois ou três motivos: (1) “Há
luta entre polos opostos”; ou (1b) “Um oposto só pode existir em relação ao outro”,
relação que é de luta e mútua aniquilação; (2) Um oposto tanto aniquila o outro, quando
pode se transformar nele – o que confere mais potência ao caráter contraditório da
relação. Mas nunca é demais alertar contra interpretações relativistas. Uma coisa é
uma compreensão dialética organizada com base em princípios que aprendemos com
milênios de história humana, outra é fazer apologia da “metamorfose ambulante” que
em nenhum princípio precisa pautar-se, pois com nenhuma causa se compromete.
Com tal cuidado, deixemos falar os clássicos novamente:
Para
agora
Lenin dizia “A dialética é a teoria que mostra como os contrários podem ser e
são habitualmente (e tornam-se) idênticos – em que condições eles são
idênticos ao converterem-se um no outro –, por que razão o entendimento
humano não deve tomar esses contrários por mortos, petrificados, mas sim
por vivos, móveis, convertendo-se um no outro” (apud Mao Tsé-tung, p. 8081, itálico na fonte) [lembrar apenas que pedra não é ovo, como disse o
camarada Mao – ADJr.]
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V – A IDENTIDADE E A LUTA DOS POLOS DA CONTRADIÇÃO
Para
adiante
Mao Tsé-Tung consegue dar um exemplo concreto muito importante dessa conversão
do que é em seu contrário. Exemplo digno de nota e pouquíssimo lembrado, no senso
comum sobre a revolução socialista. Tanto que jamais realizado:
“Consolidar a ditadura do proletariado, ou a ditadura do povo, é preparar
exatamente as condições para por fim a essa ditadura e passar a um estado
superior em que o próprio Estado, como tal, desaparecerá” (p. 84)
(...)
Para
adiante
Outro fragmento de Lênin:
Lenin dizia “A unidade (coincidência, identidade, equivalência) dos contrários
é condicionada, temporária, passageira, relativa [já citamos aqui – ADJr.] A
luta dos contrários que se excluem mutuamente é absoluta, tal como a
evolução, tal como o movimento” (apud Mao, p. 88) E complementa Mao:
“Todos os processos têm um começo e um fim, todos os processos se
transformam nos seus contrários. A permanência de todos os processos é
relativa [contingente – ADJr], enquanto que a sua variabilidade, expressa na
transformação de um processo em um outro, é absoluta [necesssária –
ADJr].
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V – A IDENTIDADE E A LUTA DOS POLOS DA CONTRADIÇÃO
Com atenção para concluir essa parte:
Para
agora
“Nós chineses, dizermos frequentemente: “As coisas opõem-se umas às
outras e complementam-se umas às outras” [frase do século 1 – ADJr]. Isso
significa que há identidade entre as coisas que se opõem. Essas afirmações
são dialéticas e opõe-se à metafísica. “As coisas opõem-se umas às outras”
significa que os dois polos contrários se excluem um ao outro ou que lutam
um contra o outro; “as coisas complementam-se umas às outras” significa
que, em condições determinadas, os dois polos contrários unem-se e
ganham identidade. E na identidade há luta; sem luta não há identidade.”
(Mao, p. 90, grifo meu)
“Na identidade há luta, no específico há universal, no particular há geral.
Para retomar as palavras de Lenin, “o absoluto existe no relativo” (p. 91)
*
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SLIDE 35
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VI – O LUGAR DO ANTAGONISMO NA CONTRADIÇÃO
Para
agora
Para
agora
Para
agora
Nos anos 80, na UFPR, aprendíamos com textos de Wanderlei Codo, que Lenin diferenciava
“contradição” de “antagonismo”, sendo este um dos tipos daquele e sendo aquele algo
necessário (que sempre acontece) e este algo contingente (que pode acontecer ou não).
Lendo Mao essa exposição de Codo pode ser checada e ampliada.
“Lenin dizia “Antagonismo e contradição não são de maneira alguma uma e
a mesma coisa. No socialismo, o primeiro desaparecerá e a segunda
subsistirá”. Isso significa que o antagonismo não é mais do que uma das
formas, e não a única forma, da luta de contrários, não se devendo
empregar o termo por todo lado sem discernimento” (Mao, p. 94, itálico meu)
Todo antagonismo é contradição, mas nem toda contradição é antagonismo. Mas que é um
antagonismo? Basicamente é uma contradição em que inevitavelmente um oposto opera a
destruição do outro oposto. Pode haver contradição entre aprendiz e instrutor, sem que
entrem em antagonismo. Mas entre o proletariado e a burguesia há antagonismo, que não
precisa existir para sempre. Em tese, cabe ao proletariado destruir a burguesia como classe e
instaurar uma sociedade sem antagonismos de classe.
(segue mais um último slide dessa parte)
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SLIDE 36
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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7 Materialismo dialético do ponto de vista de Mao Tsé-tung
VI – O LUGAR DO ANTAGONISMO NA CONTRADIÇÃO
Para
adiante
“Na história da humanidade o antagonismo entre as classes existe como
expressão particular da luta dos contrários. Consideremos a constradição
entre a classe dos exploradores e a dos explorados: essas duas classes em
contradição coexistem durante um longo período na mesma sociedade, quer
se trate de sociedade escravista, quer se trate de sociedade feudal ou
capitalista, e lutam entre si; mas só quando a contradição entre as duas
atinge um certo estado de desenvolvimento é que ela toma a forma de um
antagonismo aberto e desemboca na revolução. O mesmo acontece com a t
ransformação da paz em guerra na sociedade de classes” (Mao Tsé-tung, p.
91).
* * *
Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
SLIDE 37
Para agora e
para adiante
O princípio da dialética – aproximações iniciais
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8 Sessão de questionamentos para a continuidade
(espaço aberto para o diálogo)
Para dar exemplo trago algumas perguntas que eu me faço e faço também a vocês:
1) Já existe a psicologia dialética, ou “uma” psicologia dialética, que seja?
2) Se ela já existe, como ela é exatamente, em que consiste?
3) Se ela ainda não existe, que ideias temos sobre como ela deverá ser?
4) Se ela ainda não existe que fazer para que venha a existir?
E todas as demais questões, observações, perguntas, esclarecimentos,
críticas, polêmicas que pudermos levantar
Muito obrigado,
Achilles Delari Junior
Maringá, 13 de maio de 2011
Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
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Disponível em: http://www.vigoski.net/uem-dialetica.ppt
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