ESTUDO RETROSPECTIVO DE DISTOCIAS EM ÉGUAS NO HVET-UNB Villa Filho, P.C.²; Huaixan, L. N. ²; Fonseca, F. A. ²; Ximenes, F. B.¹; Borges, J.R.J.¹; Teixeira Neto, A.R.¹; Godoy, R. F.¹ 1Professor da FAV/UnB; 2Residente de Clínica e cirurgia de Grandes Animais – FAV/UnB; e-mail: [email protected] Introdução Este estudo teve por objetivo o levantamento de dados dos casos de distocia em éguas atendidos no Hospital Veterinário de Grande Animais da Universidade de Brasília (HVET-FAV/UnB), a fim de proporcionar informações sobre sua incidência na região do Distrito Federal e entorno, devido à escassez de literatura sobre o assunto. Desta forma realizou-se um estudo retrospectivo, demonstrando a diversidade de casos atendidos e seus respectivos tratamentos. O parto em éguas deve ser concluído rapidamente, pois os processos degenerativos placentários ocorrerem de forma mais instantâneas que em outras espécies. Portanto, qualquer caso de distocia eqüina deve ser tratado como emergência e atendido imediatamente. Segundo KRISTINA et al. (2006) as distocias ocorrem com maior frequência em éguas multíparas, geralmente entre o segundo e quarto partos equivalendo a 59% dos casos, seguido pelas primíparas, representando 30% do total. No geral, pode ser recomendável não cobrir éguas com menos de quatro anos ou mais de 20 anos de idade. Em 86% dos casos envolvem mal posicionamento fetal, sendo 58% acometendo mais de uma extremidade. Em 68% dos casos de distocia, o potro tem a apresentação anterior, sendo 28% de anormalidades posturais, má formação e desproporção feto-pélvicas, 40% apresentam-se com desvio lateral de cabeça, e no restante dos casos, as apresentações são posteriores e transversais (JACKSON, 2006). Material e Método O estudo contemplou os anos de 2002 a 2010 e foram utilizadas as fichas de atendimento clínico e obstétrico do hospital veterinário. Essas fichas direcionavam à anamnese e exame físico do animal, estabelecendo, assim, um padrão clínico. Questionava-se sobre o manejo reprodutivo da propriedade, vacinação, vermifugação, duração/início do parto, entre outros. Fazia-se o exame físico geral do animal, seguido de inspeção do aparelho reprodutor e palpação para identificação da estática fetal, tipo de distocia e viabilidade do feto. Com relação aos procedimentos adotados, a manobra era o primeiro a ser realizado, seguido por fetotomia, caso o feto estivesse morto, e por último o tratamento cirúrgico com cesariana. Resultados Foram atendidos um total de 16 animais, com idades entre 2 a 22 anos, sendo 13 casos de distocia do tipo fetal, uma do tipo materna e dois casos não informados. Em oito atendimentos os fetos apresentavam posicionamento anterior com membro ou cabeça fletidos; a desproporção feto-pélvica ocorreu em dois casos; mal formações fetais em dois casos; um caso de dilatação insuficiente de vias fetais moles; e três casos não foram informados. A fetotomia parcial foi o tratamento de escolha em oito casos (50%), seguido pela tração em três casos (18,75%), cesariana pela linha media ventral e correção no posicionamento fetal com dois casos cada procedimento (12,5%) e fetotomia total em um caso (6,25%). Dos 16 atendimentos, dez foram realizados no hospital veterinário, e os outros seis realizados a campo. Dentre todos os fetos, 15 foram retirados mortos e apenas um com vida. Em dez atendimentos as éguas vieram a óbito (62,5%) e seis tiveram alta (37,5%). Onze dos casos ocorreram entre os meses de maio e outubro e cinco entre novembro e abril. Discussão Os casos atendidos no HVET-UnB acometeram éguas em todas as faixas etárias não seguindo um padrão de idade como citado na literatura. Das distocias atendidas, 80% foram fetais, concordando com MACPHERSON (1997) que relata 86% das distocias como sendo desta origem. Em 50% dos casos, a causa da distocia foi por apresentação anterior com membro ou cabeça fletidos; 12,5% por desproporção feto-pelve; 12,5% por mal formação fetal, 6,25% por dilatação insuficiente das vias fetais moles e 18,75% de causas não identificadas. Estes dados corroboram com os encontrados por JACKSON (2006), o qual constatou a maioria das distocias com apresentação anterior do feto. Em apenas um caso (6,25%) o feto encontrava-se vivo, já que, em éguas, após o início do trabalho de parto, a separação ou deteriorização placentária ocorrem com muito mais rapidez do que em outras espécies, causando morte ou lesão fetal por hipóxia rapidamente. Este estudo demonstra uma similaridade em sua maioria com a literatura disponível, porém, nota-se uma escassez de informações acerca do assunto na comunidade científica. Muitas vezes, trabalha-se com dados empíricos e observações clínicas, necessitando-se de maiores estudos sobre o tema. Brasília/2010