Propostas da Apine para o próximo mandato (2015-2018) O que os produtores independentes de energia elétrica propõe para o aperfeiçoamento do setor I. A Associação A Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica - Apine atua desde 1995 na promoção do desenvolvimento sustentável do setor elétrico brasileiro, particularmente no âmbito da geração. É uma entidade de classe sem fins lucrativos que congrega pequenos, médios e grandes geradores privados de energia elétrica que operam no Brasil e no mundo, concessionárias de geração de energia e outras empresas interessadas na produção independente, tais como prestadoras de serviço de engenharia consultiva, mineradoras de carvão, escritórios de advocacia, construtoras e fabricantes. Os associados da Apine produzem energia elétrica por meio de diversas fontes energéticas como: hidráulica, térmica (gás, carvão mineral e óleo), biomassa, eólica e solar. A Apine congrega atualmente 63 associados. A Associação defende os direitos e interesses dos produtores independentes e geradores perante os poderes públicos e instituições nacionais e internacionais, além de cooperar com estes, atuando como órgão técnico e consultivo, no estudo e na solução das questões relacionadas às atividades de seus associados. Nesse contexto, interage com os poderes executivo e legislativo e com os demais organismos envolvidos com o setor elétrico brasileiro (Aneel, ONS, CCEE, EPE, ANP e órgãos ambientais), bem como com associações coirmãs. Também elabora, sempre que necessário, com a participação dos técnicos das empresas associadas e/ou consultorias contratadas, estudos e notas técnicas sobre temas relevantes do setor. Os associados da Apine representam a experiência de mais de 360 mil MW de capacidade instalada no mundo, o equivalente a cerca de 3 vezes a do Brasil. Aqui, por sua vez, são mais de 53 mil MW, o que corresponde a aproximadamente 44% da capacidade instalada no País. (Base: dez/2013; Fontes: EPE-PDE 2020 e associados) II. Apresentação O setor de energia elétrica está passando por um momento delicado e, apesar do atual modelo parecer forte o bastante para lidar com a crise, ajustes precisam ser feitos para garantir o suprimento da demanda e estimular a competitividade, o investimento privado e o planejamento de longo prazo. Entre os principais gargalos do setor podemos citar o atraso nos cronogramas de obras de geração e transmissão, que colocam em risco a garantia de suprimento, tornando-se um desafio para o planejamento de longo prazo. Além disso, a situação hidrológica vivenciada nos últimos meses resultou em uma exposição involuntária das distribuidoras e das geradoras, ameaçando a ocorrência de severo desequilíbrio econômico e financeiro nas empresas. Acreditamos que desafios como estes devem ser enfrentados com amplo diálogo entre as associações e os órgãos do Governo, buscando sempre um ambiente de confiança e segurança jurídica e regulatória. O momento eleitoral é propício para discutirmos o futuro do setor elétrico e encontrar soluções para os problemas existentes. Com este intuito, desenvolvemos um trabalho estruturado e conciso com direcionamentos e medidas necessárias para o fortalecimento do setor de energia elétrica no Brasil. O resultado desse trabalho foi transformado em propostas divididas em sete áreas temáticas. Devido à diversidade e representatividade dos nossos associados, acreditamos que tais propostas refletem o consenso da produção independente de energia. www.apine.com.br 1 Propostas da Apine para o próximo mandato (2015-2018) III. Visão geral das propostas O Setor elétrico deve ser capaz de atrair investimentos de forma sustentada e competitiva. Isso só é possível se houver estabilidade regulatória e equilíbrio, nas condições de participação, entre empresas privadas e estatais, que devem buscar da mesma forma a justa remuneração pelo capital investido. Nesse sentido, temos o desafio de promover a renovação das futuras concessões vincendas por meio de um mecanismo de mercado que vise o fortalecimento e o desenvolvimento do setor de energia elétrica no País. Para assegurar a estabilidade regulatória, os órgãos técnicos (como agências reguladoras, CCEE e ONS) precisam ser independentes e autônomos, com uma equipe técnica apta a regular e arbitrar o setor elétrico de forma adequada e inflexível a ingerências políticas. Além disso, o planejamento da expansão deve estar contemplado em uma política nacional de longo prazo, que considere a geração e a transmissão de forma integrada, com mecanismos que garantam que o preço da energia esteja sempre relacionado à eficiência da expansão, refletindo a realidade do mercado. O planejamento deve considerar ainda, assim como a operação, o estímulo à eficiência energética tanto no consumo quanto na geração. A área ambiental é parte integrante e fundamental para o planejamento da expansão do setor, mas é preciso que haja previsibilidade nos prazos e custos para obtenção de licenças ambientais. O processo deve ser claro e simplificado, permitindo que os empreendimentos entrem em operação nas datas previstas pelos cronogramas, beneficiando investidores e consumidores. Os diversos órgãos envolvidos no processo de obtenção das licenças devem estar coesos e coordenados, gerando maior eficiência e eficácia, além de um ambiente mais harmônico. Os custos ambientais são expressivos e podem representar um risco ao negócio. Deve haver, portanto, um repasse parcial aos custos agregados pós-licenciamento (LP), reduzindo o risco e beneficiando o consumidor. A reforma tributária, tão almejada pelo País, é urgente e deve reduzir a carga de tributos e encargos incidentes sobre a energia elétrica em nome da modicidade tarifária, um dos pilares do modelo do setor. Apenas os encargos necessários para o suprimento do sistema devem ser preservados, para não confundir o papel do contribuinte com o do consumidor. IV. Propostas – áreas temáticas 1. Estrutura institucional e jurídica Segurança do investimento Garantir um ambiente seguro para investimentos, definindo de forma clara e estável as atribuições e áreas de atuação de cada órgão do setor elétrico (MME, CMSE, Aneel, ONS e CCEE), assegurando a isonomia concorrencial e disciplinando as estatais. Segurança jurídica Adotar políticas de Estado, para o setor, que sejam consistentes, claras e estáveis, e que respeitem o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, de forma a não alterar a expectativa econômicofinanceira considerada pelo investidor na ocasião em que planejou o empreendimento. (PDC 1057/2013) www.apine.com.br 2 Propostas da Apine para o próximo mandato (2015-2018) Diálogo e transparência com agentes e sociedade Ampliar e regulamentar a participação dos agentes no CNPE, CMSE e no Conselho Consultivo da EPE, além de ampliar o diálogo das associações com o MME. Intensificar e melhorar a comunicação institucional do setor elétrico com a sociedade. 2. Matriz energética e expansão Estabelecer uma política energética de longo prazo, estimulando a expansão eficiente, com racionalidade econômica. Com isto, é dado um sinal econômico adequado para a expansão da ponta, preservando a confiabilidade do sistema e da operação racional. Buscar a diversificação da matriz elétrica, estimulando todas as fontes e atentando para as necessidades específicas de algumas delas: Hidrelétrica: manter sua predominância na matriz, estimulando novas usinas com reservatório Gás natural: criar uma política nacional de longo prazo para o mercado de gás e seu uso na geração de energia elétrica (PL 6407/2013) Solar: incentivar a introdução da fonte na matriz elétrica brasileira (PL 5539/2013) Eólica: estabelecer sintonia entre os cronogramas das obras da geradora e do sistema de transmissão associado, possibilitando sua disponibilidade para atender os mercados regulado e livre PCH: facilitar o processo de autorização e estabelecer preços-tetos adequados nos leilões (PLC 01/2014) Carvão mineral: criar uma política nacional de longo prazo de queima limpa do carvão e manter os propósitos originais da CDE, instituídos pela Lei 10.438/2002. Nuclear: estabelecer um marco regulatório que defina a forma da participação da iniciativa privada, a comercialização da energia etc. (PEC 122/2007) Definir critérios de contratação da geração distribuída que considerem os benefícios propiciados aos consumidores, como o alívio do sistema de transporte, a redução de perdas (eficiência) e a confiabilidade e qualidade de fornecimento. (PLS 84/2012) Planejar a geração e a transmissão de forma integrada, definindo com larga antecedência o cronograma de realização dos diferentes tipos de leilões, que devem valorizar os benefícios de longo prazo ao sistema: despachabilidade, controlabilidade, confiabilidade, sinal locacional etc. Realizar leilões de energia nova no início do ano, e estabelecer critérios transparentes para definição da energia de reserva. Realizar licitações de linhas de transmissão de projetos importantes apenas após a obtenção das respectivas Licenças Prévias. (PLS 378/2013) Definir os novos projetos de geração de energia respeitando a oferta de capital público e privado. Estimular a oferta de geração voltada para o ACL (Mercado Livre de energia elétrica) e a autoprodução, eliminando restrições de financiamento para estas modalidades. Utilizar as redes de transmissão e distribuição com eficiência, minimizando o custo da expansão com tarifas adequadas e faturamento simplificado. www.apine.com.br 3 Propostas da Apine para o próximo mandato (2015-2018) 3. Segurança de suprimento Incentivar a construção de usinas de base (hidrelétricas com reservatórios e termelétricas eficientes). Viabilizar investimentos para aumento de potência em usinas hidrelétricas existentes. Instituir a reserva dos potenciais hidroenergéticos e das áreas necessárias a sua exploração e à transmissão da energia associada. (PLS 179/2009) 4. Leilões de Energia Existente Valorizar a Energia Existente, definindo adequadamente os preços-tetos dos leilões e possibilitando a antecipação da contratação para o ano A-2 (dois anos antes ao da realização da licitação) e não apenas nos anos A-0 (no mesmo ano da licitação) e A-1 (ano subsequente). Admitir a contratação de energia entre 3 e 15 anos, conforme permitido pela Lei 10.848/2004. 5. Meio ambiente Aprimorar os processos de planejamento e licenciamento ambiental do setor, mediante a incorporação da variável ambiental no planejamento, com prévia e ampla discussão com a sociedade. Também é necessário capacitar e fortalecer os diversos órgãos intervenientes no processo. O setor elétrico acredita ainda que a criação de um balcão único de licenciamento pode tornar o processo mais eficiente. (PL 3729/2004) Instituir uma política clara e efetiva que permita comunicação e interação entre o setor elétrico e os povos indígenas. Esclarecer o papel do setor elétrico no atendimento das metas nacionais de redução de emissão de GEE e nas ações de adaptação às mudanças do clima, levando-se em consideração que (i) respondemos por menos de 2% das emissões totais do País e (ii) a imposição de metas rígidas pode levar ao comprometimento do desenvolvimento do setor. (PL 19/2007, PL 493/2007, PL 223/2008, PL 6332/2009, PL 6403/2009, PL 7421/2010, PLP 73/2007 e PLS 33/2008) 6. Mercado Livre de energia elétrica Alterar a atual regulamentação do Mercado Livre, de forma a permitir sua ampliação, por meio de flexibilização dos critérios de elegibilidade e da eliminação do limite de tensão. (PLS 402/2009) Impedir a alocação de cotas de energia para o Mercado Livre, para evitar instabilidade regulatória e retrocesso ao desenvolvimento do mercado. 7. Modicidade tarifária Coibir a incidência de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sobre indenizações de ativos de geração e transmissão. Implementar uma reforma tributária visando o retorno ao regime não-cumulativo, a diminuição da alíquota do PIS/Pasep e Cofins e a redução, ou pelo menos congelamento, do ICMS sobre o setor elétrico. (PL 6063/2005, PL 409/2009, PL 3172/2012, PL 3208/2012 e PLS 446/2012) www.apine.com.br 4