ANQUILOGLOSSIA FAMILIAL: DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES DE MASTIGAÇÃO,
DEGLUTIÇÃO E PRODUÇÃO DA FALA
Roberta Lopes de Castro Martinelli (1), Irene Queiroz Marchesan (2)
(1)Fonoaudióloga; Centro de Atendimento à criança da Prefeitura Municipal de Brotas; Mestranda em Ciências
Odontológicas Aplicadas pela Universidade de São Paulo.
(2)Fonoaudióloga; Docente e Diretora do CEFAC Pós-Graduação em Saúde e Educação; Doutor em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas.
Artigo Original
Anquiloglossia familial e funções orofaciais
RESULTADOS
No exame clínico, a inspeção visual da cavidade oral evidenciou anquiloglossia em todo o grupo
estudado com graus diferentes de limitação dos movimentos de protrusão, elevação e lateralização da
língua (figura 1). Durante a alimentação a limpeza dos vestíbulos realizada pela língua foi precária nos
cinco indivíduos examinados. Todos os sujeitos apresentaram dificuldade na mastigação, principalmente
nos alimentos de consistência dura. O maior problema foi caracterizado pela dificuldade em lateralizar o
bolo alimentar. Nos adultos e nas crianças foi observado durante a deglutição, excessiva contração do
músculo orbicular da boca e do músculo mentual além de movimentos de cabeça para trás. As crianças
comeram com a boca aberta, tendendo a fazer movimentos de amassamento com a língua. Elas
também tomaram líquidos para auxiliar a mastigação e a deglutição. Ao mastigar e deglutir sem a
possibilidade de ingerir líquidos, a dificuldade foi maior e os movimentos de cabeça aumentaram durante
a ejeção do bolo alimentar. Esse fato ocorreu com todos os alimentos oferecidos durante o exame
independentemente da consistência do alimento. As crianças ainda projetaram a língua anteriormente ao
ejetar o bolo alimentar; movimentaram a cabeça para trás mais vezes do que os adultos e fizeram ruídos
exagerados ao deglutir, sobrando alimento na boca, mesmo após várias deglutições. Observou-se que a
língua nos cinco sujeitos permanecia baixa na cavidade oral com acúmulo de saliva nas comissuras
labiais, principalmente nas crianças as quais apresentaram maior dificuldade para realizar a deglutição
de saliva e manter o vedamento labial. Com relação à fala observaram-se diferenças entre os adultos e
as crianças. Os adultos não apresentaram alterações perceptivo-auditivas na fala, utilizando
compensações do tipo redução da abertura da boca, desvio de mandíbula e aumento da velocidade. As
três crianças apresentaram imprecisão da fala como um todo, estando esta, diretamente relacionada ao
grau de alteração do frênulo da língua. A única compensação realizada por todas as crianças, e também
pelos adultos, foi o desvio da mandíbula coincidentemente para a direita (figura 2).
Figura 2 - Desvio da mandíbula durante a fala nos 5 casos de anquiloglossia
Figura 1 – Aspectos anatômicos do frênulo e graus variados de
limitação dos movimentos de língua
CONCLUSÃO
A anquiloglossia levou a limitações dos movimentos da língua interferindo nas funções de mastigar,
deglutir e falar, em maior ou menor grau. Os adultos apresentaram alterações nas funções
orofaciais em menor grau do que foi observado nas crianças. Os adultos não apresentaram
alterações perceptivo-auditivas na fala, porém apresentaram várias compensações o que não foi
observado nas crianças com exceção do desvio da mandíbula.
Anquiloglossia familial e funções orofaciais
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