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O LÚDICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM CONTEÚDOS MATEMÁTICOS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL.
Anna Paulla Sousa Xavier1
Everton Cardoso de Oliveira2
Maria Bernadete Pozzobom Costa3
RESUMO: As atividades lúdicas são importantes aliadas no processo ensino aprendizagem. Assim, a pesquisa buscou
conhecer se os conteúdos de Matemática são trabalhados com atividades lúdicas em aulas de Educação Física, com crianças
de 1º ao 3º do Ensino Fundamental. Constatou-se que o desenvolvimento de atividades lúdicas planejadas e orientadas é
pouco utilizado nas aulas de Matemática e de Educação Física e que poderiam ser usadas no trabalho com a contagem, para
elaboração e resolução de situações problemas com operações fundamentais em situações de jogos, para desenvolver a
lateralidade e trajeto, dentre outros conteúdos matemáticos.
Palavras-chaves: atividades lúdicas, matemática, ensino-aprendizagem, educação física.
ABSTRACT: Play activities are important allies in the learning process. Thus, the research sought to know if the contents
of mathematics are worked with recreational activities in physical education classes, with children from 1st to 3rd
Elementary School. It was found that the development of recreational activities planned and directed is little used in
mathematics classes and physical education and that could be used in work with the count, for preparation and resolution of
problem
situations
with
core
operations
in
gaming
situations,
for
develop
lateralitylandçpath,lamonglotherlmathematicallcontent.
Keywords: play activities, mathematics, teaching and learning, physical education.
1. Autora do Artigo, Graduanda em Pedagogia pelas Faculdades Unidas do Vale dos Araguaia.
2. Co-orientador do TCC. Licenciatura em Educação Física e História. Bacharel em Teologia. Especialização em Educação Física escolar: com
aprofundamento em esportes
3. Orientadora do TCC. Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. Especialista em Didática e Metodologia, UFMT.
Professora de Práticas de Ensino, Currículo e Organização do Trabalho Pedagógico, Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Pedagogia das
Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, e-mail: [email protected] .
1. INTRODUÇÃO
É por meio de atividades lúdicas e interativas
que se busca a construção de conhecimentos matemáticos
em diferentes momentos do processo ensino
aprendizagem, portanto, considerando as relações
estabelecidas entre a Matemática e a Educação Física,
pensamos em desenvolver conhecimentos matemáticos
propostos às crianças dos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
Com o tema “A Ludicidade da Educação Física
nos Conteúdos Matemáticos” foi que surgiu o interesse
para investigar se os docentes de duas Escolas Municipais
do Ensino Fundamental, denominadas de escola x e y, do
1º ao 3º ano na cidade de Barra do Garças,MT
desenvolvem atividades de Educação Física que
favorecem o processo de ensino aprendizagem de
Conteúdos Matemáticos. Os estudos no Curso de
Pedagogia, principalmente os relacionados à Matemática
e aos de Educação Física oportunizaram o conhecimento
de que o professor pode e deve utilizar atividades de
movimentos para realizar contagens, fazer operações de
quantidade, bem como desenvolver a lateralidade, a
localização, os trajetos, e outros conhecimentos.
Essas vivências fizeram com que alguns
questionamentos em relação à possibilidade de trabalhar
nas aulas de Educação Físicas conteúdos matemáticos
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fossem surgindo e ajudaram a definir o problema: será
que as instituições escolares trabalham conteúdos
matemáticos utilizando a ludicidade de Educação Física
nos anos iniciais do Ensino Fundamental?
Dessa forma, o objetivo principal da pesquisa é
de constatar se os conteúdos matemáticos são trabalhados
por meio da ludicidade da Educação Física.
2. A LUDICIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA E OS
CONTEÚDOS MATEMÁTICOS
Os movimentos do corpo são fundamentais
para minimizar as dificuldades de aprendizado que se
manifestam durante a escolaridade da criança. Esses são
aproveitados nas brincadeiras e jogos que tem seu aspecto
lúdico, de diversão e de prazer e contribuem para o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizado da
criança, refletindo na realidade escolar e na cultura em
que ela está inserida.
A atividade lúdica é tão antiga quanto os jogos,
os brinquedos e as brincadeiras. Até mesmo
nos tempos da Companhia de Jesus, de Inácio
de Loyola, já se compreendia o jogo como
exercício auxiliar de ensino, despertando o
interesse para se aprender algo novo. Dessa
forma, muitos profissionais devem aprender a
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diferenciar os tipos de jogos, não só como
brincadeira, mas como recurso de ensino,
dando o verdadeiro valor a esta importante
ferramenta de ensino (KISHIMOTO, 2009,
p.24).
O ensino da matemática, por ser entendido,
ainda, como uma ciência exata nos remete ao erro de
pensarmos em uma única maneira de chegarmos a uma
resposta, quando na verdade as possibilidades e caminhos
para isso podem ser inúmeros. Uma delas é por meio das
atividades de Educação Física, que podem ser utilizadas
para o estudo da Matemática. Para as crianças, nos
primeiros anos de escolaridade, entender o que é a
matemática e suas funções na vida diária é muito abstrato.
Neste momento o lúdico deve se fazer presente, pois ele
faz parte do contexto de infância da criança. Afinal,
brincar faz sentido para ela.
As coisas que as crianças observam (a mãe
fazendo compras, a numeração das casas, os
horários das atividades da família), os cálculos
que elas próprias fazem (soma de pontos de um
jogos, controle de quantidade de figurinhas que
possuem) e as referencias que consegue
estabelecer ( estar distante de , estar próximo
de ) serão transformadas em objetos de
reflexão e se integrarão ás suas primeiras
atividades matemáticas escolares (PCN –
Matemática, Brasil 2000, p.63).
Em contraponto estão os professores que se
empenham em ensinar os conteúdos pré estabelecidos do
currículo, tendo como seu único instrumento o
conhecimento escolar. O professor poderia lançar mão de
brincadeiras, de jogos, de situações reais. Assim, ele
poderia passar de simples transmissor de conteúdos para
mediador do conhecimento dos alunos, pois ele não é o
único a manter o saber absoluto. Tem o papel de desafiar
seus alunos para que com suas próprias construções sejam
capazes de progredir em seus aprendizados por meio de
atividades que envolvam a ludicidade. Pimentel (2012)
defende que “O ensino através do lúdico cria um
ambiente atraente, servindo de estímulo para o
desenvolvimento integral da criança, agindo como
facilitador”.
Para o professor que utiliza de forma adequada
o lúdico, percebe-se que o auxilia no processo ensino
aprendizagem, possibilitando ao aluno fazer descobertas e
subsidiando o trabalho do professor. Ainda, desperta o
interesse do aluno para o conteúdo trabalhado e serve
como recursos para solucionar problemas, criar condições
de socialização entre os alunos, estabelecer e discutir
regras e propor novas soluções a situações de desafios.
Tudo isso sem que a aula seja temida ou frustrante para o
aluno. A atividade lúdica traz autonomia aos alunos de
forma que, cada vez mais, ele utilize para aprender e para
progredir em seus conhecimentos de forma autônoma.
Acredita-se que a matemática pode ser bem
melhor explorada através de contextos significativos,
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jogos e brincadeiras trabalhadas na Educação Física, já
que traz o conteúdo que era meramente decorado,
explicado e treinado, como algo que faz sentido e pode
ser utilizado na vida prática e no divertimento.
Segundo o PCN BRASIL-Matemática, (2000)
é importante destacar que a matemática deve ser vista
pelo aluno como um conhecimento que pode favorecer o
desenvolvimento do raciocínio, da sua capacidade
expressiva, de sua sensibilidade estética, de sua
imaginação. Estabelecer relações entre objetos, fatos e
conceitos, generalizar, prever, projetar, abstrair, ou seja,
apontar direções, apresentar estratégias e alternativas para
os alunos estabelecerem múltiplas ligações e associações
entre significados de um conceito. É preciso mudar a
forma mecânica de ensinar Matemática, pois o momento
atual requer uma matemática viva, que possa provocar
nos aprendizes e educadores o gosto e a confiança para
enfrentar desafios. Enfim, motivá-los. Isso pode ser
efetivado utilizando a ludicidade.
Se brinquedos é sempre suporte de
brincadeiras, sua utilização deveria criar
momentos lúdicos de livre exploração, nos
quais prevalecem à incerteza do ato e não se
buscam resultados. Porem, se os mesmos
objetivos servem como auxiliar da ação
docente busca-se resultados em relação à
aprendizagem de conceitos e noções ou,
mesmo, ao desenvolvimento de algumas
habilidades. Nesse caso, o objeto conhecido
como brinquedo não realiza sua função lúdica,
deixa de ser brinquedo para torna-se material
pedagógico (KISHIMOTO, 2009,p.14).
A motivação é importante no trabalho docente
e contribui para a aprendizagem, entretanto nem sempre
recebe a devida atenção do professor no desenvolvimento
do seu trabalho. Muitas vezes, ele se ocupa em
providenciar material e transmitir o conteúdo e se esquece
da motivação. Oliveira (2012) afirma que “Nós, como
educadores matemáticos devemos procurar alternativas
para aumentar a motivação para a aprendizagem”. Nesse
sentido, o ensino-aprendizagem da matemática requer o
uso de instrumentos mediadores de conhecimento, visto
que através de jogos matemáticos as crianças podem
desenvolver a autonomia, as relações de respeito e de
confiança em si e nos colegas.
Maluf (2008, p. 61) afirma que “O brincar é
assegurar a sobrevivência de sonhos e promover uma
construção de conhecimentos vinculados ao prazer de
viver e aprender de uma forma natural e agradável”.
Dessa forma, entendemos que o lúdico contribui na
elaboração de conhecimentos necessários para o cotidiano
da criança.
A brincadeira é o caminho que percorremos
felizes, expressando o que nos vai ao coração,
revelando o nosso eu autêntico, nosso modo
livre e criador de curtir a vida; viramos
crianças quando já não somos mais, a diferença
para as crianças é que vivem ainda um tempo
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mesmo de ser criança, de brincar. (MALUF,
2008, p 36).
As crianças hoje estão desenvolvendo suas
potencialidades por meio das atividades lúdicas. Muitas
vezes o professor se perde e não consegue mais atrair
atenção, por isso é preciso motivar os alunos, pois se o
educando mudou, o educador também precisa mudar.
Segundo Lara (2003), o professor deve ter a pretensão de
ministrar aulas mais prazerosas para que a aprendizagem
se torne atrativa.
Um dos pontos importantes para o professor
atualizar sua metodologia é perceber que a criança de hoje
é extremamente questionadora e ativa. É muito mais fácil
e eficiente aprender por meio de jogos, pois “A criança,
ao jogar, não só incorpora regras socialmente
estabelecidas, mas também cria possibilidades de
significados e desenvolve conceitos é o que justifica a
adoção do jogo como aliado importante nas práticas
pedagógicas.” (SEDUC, 2000, p 157). O professor pode
adaptar o conteúdo programático ao jogo, tentando atingir
diferentes objetivos simultaneamente, além de estar
desenvolvendo conhecimentos com o aluno.
3. OS DADOS ENCONTRADOS
A técnica utilizada na pesquisa foi descritiva e
exploratória com questões fechadas, (ABEC,2012). A
pesquisa foi realizada em duas escolas municipais de
bairros distintos, na cidade de Barra do Garças, MT.
Perceberam-se níveis socioeconômicos diferenciados nas
escolas, sendo que ambas atendem a Educação Infantil e
anos iniciais do Ensino Fundamental. Quanto à estrutura
física, as salas são de tamanho razoável, a área externa
conta com uma quadra esportiva e espaço de recreação, o
que permite o desenvolvimento de brincadeiras e de jogos
que podem ser realizados pelo professor.
Foram respondidos sete questionários, por
quatro professoras de uma escola e por três de outra.
Tendo em vista a análise das respostas dadas nos
questionários apresentam-se os dados obtidos e algumas
considerações a seguir.
Na questão proposta sobre o desenvolvimento
de atividades recreativas que envolvia contagem em sala
de aula, aproximadamente 71% dos professores
responderam que realizam duas vezes por semana.
Conforme Golbert (2002, p. 25):
É essencial reconhecer que os processos de
aprendizagem da matemática e seus produtos,
assim como os modos matemáticos de
pensamento, são inteiramente sociais, que a
criança constrói ativamente sua compreensão
matemática, a medida que participa de
processos coletivos, na sala de aula.
Portanto, é importante o desenvolvimento de
atividades lúdicas tanto no ambiente da sala de aula como
fora dela, pois elas auxiliam no processo ensino
aprendizagem uma vez que conhecimentos são
apreendidos sem serem impostos, mas de forma mais
prazerosa. Marco (2004, p.2) define a “situação lúdica
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como atividade na qual o sujeito perpassa por momentos
de tensão criativa e alegria, que o levam a um sucesso
praticamente imediato, proporcionando satisfação e
prazer dotados de um fim em si mesmo”.
No que diz respeito às aulas de Educação
Física, aproximadamente 43% dos professores que
responderam ao questionário disseram que as crianças
brincam livremente e 29% deles que as crianças são
orientadas em cada atividade desenvolvidas. As
atividades de desenvolvimento de habilidades motoras e
de capacidades físicas devem ser realizadas com
significado e não somente como exercícios prontos e
automáticos, pois elas são recursos do professor que
permitem o desenvolvimento e o aprender do aluno. (PCN
BRASIL- Educação Física, 1997).
Aproximadamente 57% dos professores que
responderam ao questionário afirmaram que as aulas de
matemática são planejadas envolvendo em sua maioria
escritas e com brincadeiras, aproximadamente 29% que as
aulas são planejadas para o aluno resolver por escrito.
Kishimoto (2009, p 86) diz que “deve buscar no jogo
(com sentido amplo) a ludicidade das soluções
construídas para as situações-problemas seriamente
vividas pelo homem”. Assim, percebe-se que o professor
pode utilizar as brincadeiras para a resolução de situações
problema.
Quando questionados sobre os recursos de
ensino
utilizados
nas
aulas
de
matemática,
aproximadamente 57% afirmaram que usam jogos
pedagógicos e brincadeiras diversas, porém 29% disseram
que só usam lápis e caderno. De acordo com PCN
BRASIL-Matemática (2000, p. 48), ”o jogo é uma
atividade natural no desenvolvimento dos processos
psicológicos básicos; supõe um “fazer sem obrigação
externa e imposta”, embora demande exigências, normas
e controle”. Chacuri (2012) afirma que o professor
“poderá propor uma atividade lúdica com objetivos, além
do simples gosto de brincar”. Daí a importância de lançar
mão das atividades que são naturais para a criança no seu
processo de aprendizagem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades que estimulam e desafiam, como
as motoras e de movimento corporal, que envolvem os
jogos e as brincadeiras, podem auxiliar na elaboração de
conhecimentos matemáticos. A ludicidade delas permite
aprendizagens importantes ao desenvolvimento cognitivo
da criança. O jogo é um precioso recurso pedagógico
porque dá prazer. No ensino da matemática ele é
relevante, pois pode transformar o espaço escolar em um
espaço gerador de conhecimentos não só pelas aulas em
que o aluno copia e resolve no caderno exercícios de
fixação exatos, mas por meio da ludicidade das aulas de
Educação Física com a intenção de desenvolver
conhecimentos matemáticos.
Tendo em vista o objetivo principal que era
verificar se os conteúdos matemáticos são desenvolvidos
em atividades lúdicas realizadas nas aulas de Educação
Física com as crianças do primeiro ao terceiro ano do
Ensino Fundamental, pode-se dizer que há resistência na
utilização de jogos e brincadeiras, das aulas de Educação
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Física, no trabalho docente. As práticas desenvolvidas na
escola ainda carregam muito da concepção tradicional.
Falta conhecimento teórico prático e disponibilidade para
a execução de atividades lúdicas planejadas e orientadas
que permitem, de forma intencional, aprendizagens
efetivas de conteúdos matemáticos. Assim, constatou-se
que as aulas de Educação Física não são utilizadas para o
desenvolvimento de conhecimento matemático. Elas
poderiam ser também, para trabalhar contagem nas
brincadeiras e jogos, elaborações de situações problemas
com operações em situações de jogos, lateralidade,
trajetos, dentre outros conteúdos.
A escola tem cumprido em parte o seu papel, na
medida em que proporciona o ensino aprendizagem de
Matemática com as atividades lúdicas. Isso ocorre por
meio do incentivo e do apoio aos professores,
funcionários e alunos para a utilização dessas com o
envolvimento de todos.
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