O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES RECREATIVAS E
LÚDICAS PARA CRIANÇAS DE UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL A
PARTIR DE UM PROJETO DE GRADUAÇÃO
LONGO, Paula Fernanda - PUCPR
[email protected]
ALMEIDA, Luis Otávio do Carmo de – PUCPR
[email protected]
MILEO, Thaisa – PUCPR
[email protected]
ELOIR, João – PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas
Agência Financiadora: Não contou com financiamento
Resumo
A educação física tem fundamental importância no processo educacional do aluno,
desenvolvendo nele capacidades físicas, motoras, cognitivas e sócio-afetivas que auxiliam na
sua vida cotidiana. Além disso, uma das funções do educador é reconhecer e refletir sobre as
diferenças entre as pessoas, permitindo assim, ao professor de Educação Física, utilizar os
jogos, o lúdico, a recreação e outras práticas corporais como meios eficazes de ensinar às
crianças e os jovens a tolerância e a aceitação das diferenças individuais. Este trabalho teve
como objetivo elaborar um projeto de recreação e ludicidade pelos alunos do 7º período de
Educação Física Licenciatura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, atendendo a
disciplina de Atividades Lúdicas e Recreativas lecionados no curso mencionado. O projeto foi
desenvolvido no período da manhã, com aproximadamente 30 a 40 crianças e jovens de 6 a
14 anos, participantes de um projeto social, o qual é desenvolvido a fim de atender crianças
oriundas de famílias de baixa renda, oportunizando a elas através do esporte, da arte, da
cultura, da educação ecológica, uma oportunidade de tornarem-se futuros cidadãos que
saibam viver harmoniosamente em sociedade. Através de jogos, gincana, estafetas,
brincadeiras e oficinas de malabares, os acadêmicos procuraram proporcionar momentos
lúdicos, de lazer para as crianças, vivenciando atividades coletivas e integradoras, mostrandolhes diversos conhecimentos e aprendizados que podem ser adquiridos com essas atividades.
Ligado aos valores, normas e atitudes, foram vivenciadas, entre outras: a cooperação, a
solidariedade, a inclusão, a relação de gênero, a ética, a pluralidade cultural e a resolução de
conflitos, algumas delas acontecendo mesmo sem a intervenção do professor. O projeto
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aconteceu no núcleo do CIC na região sul de Curitiba, onde as crianças daquele local
participam do Projeto Jovem Atleta com a modalidade de futsal.
Palavras-chave: Recreação. Ludicidade. Crianças. Projeto.
Introdução
O presente artigo tem como foco a elaboração de um projeto de recreação para a
disciplina de Atividades Lúdicas e Recreativas apresentada aos acadêmicos do curso de
Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná no 7° período de 2009. O
mesmo foi realizado com um grupo de crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, participantes de
um projeto social chamado “Jovem Atleta” desenvolvido por um Instituto sem fins lucrativos,
que visa oportunizar a crianças oriundas de famílias de baixa renda atividades esportivas,
culturais, sociais e de saúde, capacitando assim cidadãos capazes de conviver
harmoniosamente em sociedade.
Primeiramente foi entrado em contato com a coordenadora do projeto Jovem Atleta,
pedindo autorização para realização das atividades em um dos núcleos do projeto,
apresentando-lhe que o objetivo principal da atividade desenvolvida pelos acadêmicos seria
proporcionar, através do lúdico, momentos de prazer e alegria, partindo da vivência das
atividades coletivas integradoras, onde haja o desenvolvimento de capacidades motoras,
intelectivas e afetiva dos participantes, proporcionando assim, o prazer de brincar da forma
mais simples possível.
A relação do brincar com a Educação Física, é obtida através das atividades
desenvolvidas, como brincadeiras e jogos. Contudo, as crianças começam a descobrir o
mundo em que vivem, procurando explorar tudo o que está em sua volta. Segundo Caillois
(apud DARIDO, RANGEL, 2003, p. 157),
Alguns princípios podem ser verificados no jogo: ser regrado, prazeroso, estar fora
da realidade, sem obrigação, absorvente, possuir tempo e lugar próprios, etc. Desta
forma, o jogo possui a idéia de limites, liberdade e invenção. Assim, o jogo possui
[...] um papel vital na história da auto-afirmação da criança e na formação da sua
personalidade.
Viver em sociedade é um jogo. Jogo com regras, com limites, com valores quando,
com respeito. Para Corrêa (2003, p. 29) “é por meio do lúdico que o indivíduo se apropria do
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seu papel social, desenvolverá o respeito ao próximo, constituindo sua história de maneira
equilibrada, coerente e significativa”.
Com base nesses fundamentos, despertou o interesse nos acadêmicos de Educação
Física do 7° período da Pontifícia Universidade Católica do Paraná em desenvolver um
projeto de recreação e ludicidade para crianças participantes de um projeto social, tendo com
ponto de partida a disciplina de Atividades Lúdicas e Recreativas ministrada no ano de 2009.
Desenvolvimento
Contextualização do lugar
A escolha do local e características do público alvo para realização do projeto dos
acadêmicos de educação física da PUCPR aconteceu através do contato com o Instituto
Alfredo Kaefer, o qual desenvolve e executa projetos sociais com o intuito de estimular o
aperfeiçoamento do cidadão – crianças, adolescentes, adultos e da terceira idade – para a
convivência harmoniosa das relações constituídas e do acesso aos seus direitos sociais. É uma
instituição sem fins lucrativos que tem como um dos objetivos determinadas atividades, entre
elas encontra-se: promover o esporte, a educação, a pesquisa; preservar o meio ambiente;
promover ações ecológicas, científicas, culturais e educativas.
A partir disso o Instituto desenvolve o projeto Jovem Atleta, o qual atende crianças e
adolescentes oriundos de famílias de baixa renda, de ambos os sexos, de 7 a 15 anos, com
atividades esportivas de diversas modalidades – futebol de campo, futsal, vôlei, capoeira desenvolvidas nas áreas esportivas de instituições de ensino, espaços comunitários e ou
associações de moradores conveniadas. As atividades são feitas com orientação profissional
adequada e com freqüência diária, semanal e mensal, tendo como foco principal o esporte
educacional como alavanca para a boa convivência comunitária. É também realizado um
trabalho de acompanhamento com as famílias através do Serviço Social da entidade e da FAS
(Fundação de Assistência Social) de Curitiba. Toda atividade é realizada gratuitamente e o
Programa acontece em vários municípios do Estado.
Como o projeto visa o desenvolvimento social, cultural, esportivo do aluno, o mesmo
permite a oportunidade de pessoas voluntárias ou acadêmicos universitários de diversas áreas
desenvolverem atividades paralelas às desenvolvidas pelo projeto, abrindo um leque de
conhecimento e vivência a esses alunos, proporcionando uma abrangência maior de
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conhecimentos a serem atingidos, além dos esportivos. Em Curitiba, o programa funciona em
alguns bairros da região, sendo escolhido o núcleo do bairro CIC para realização das
atividades do grupo, por ser próximo a realidade de alguns dos acadêmicos. A atividade
contou com a participação de aproximadamente 50 crianças, na faixa etária de 6 a 14 anos,
grande maioria do sexo masculino.
Educação e Aprendizagem
A elaboração de um projeto acadêmico como forma de atingir a aprendizagem é válida
tanto para a pessoa que desenvolve o projeto, quanto para quem executa como para quem
participa do mesmo. A educação e a aprendizagem andam juntas na formação fundamental do
aluno, da criança ou do adolescente. Para Machado (2004, p. 20): “projetos e valores
constituem os ingredientes fundamentais da idéia de Educação. [...] a palavra educação
sempre teve seu significado associado à ação de conduzir a finalidades socialmente
prefiguradas, o que pressupõe a existência e a partilha de projetos coletivos”.
Pensando em educação associada a ações para conduzir a determinadas finalidades,
nada melhor do que a educação do movimento como mola propulsora para propiciar
momentos de aprendizado significativo para o indivíduo, aprendendo valores, e atitudes
necessárias para vivência em sociedade. Darido e Rangel (2003, p. 160) comentam que:
Na dimensão atitudinal, ligada aos valores, normas e atitudes, podem ser
vivenciadas e discutidas, entre outras: a cooperação, a solidariedade, a inclusão, a
relação de gênero, a ética, a pluralidade cultural e a resolução de conflitos. Esta
última dimensão acontece quase sempre sem a intervenção do professor.
Para resolução de problemas e conflitos, uma das sugestões da educação física seria o
jogo, propiciando além de momentos lúdicos e de prazer, aprendizagens que são usadas pela
pessoa em qualquer momento da sua vida. É de acordo com as regras que as pessoas se
entendem na sociedade, no trabalho, no trânsito, na escola e no jogo “É no brincar, no jogar,
que a criança internaliza toda a sua ação de SER e de CONVIVER. É brincando que ela
reconhece o outro e o seu espaço, é brincando que ela aprende as regras sociais, pois necessita
esperar a sua vez” (CORRÊA, 2003, p. 28).
Na educação física, pode-se dizer uma maneira de relacionar a aprendizagem à
experiência seria “criar espaços e tempos, definir regras do jogo que autorizem os alunos a
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evocar o que significa para eles, em seu próprio itinerário e no que percebem em seus
próximos” (PERRENOUD, 2000) as aprendizagens propostas pelas atividades prédeterminadas.
Com o desenvolvimento do projeto, buscou-se atender as necessidades e expectativas
das crianças através da aplicação de jogos e brincadeiras, a fim de contemplar uma
participação mais efetiva dos alunos nos processo sócio-educacional e ainda colocar as
crianças em atividades que pudessem despertar suas habilidades individuais, bem como o
entendimento do trabalho em equipe.
Desse modo, o professor percebe a verdadeira importância do ensino-aprendizagem o
sentido além do ambiente escolar, proporcionando ao seu aluno uma percepção mais clara
sobre o verdadeiro sentido do conhecimento, sua aplicabilidade no meio social em que vive,
pois, “esse trabalho de ampliação é vital quando se quer que os conhecimentos instalem-se e
integrem-se ao olhar global que um sujeito lança sobre o mundo” (PERRENOUD, 2000, p.
67).
Ludicidade (Atividades Apresentadas x Aprendizagem)
Muitos educadores acreditam que momentos de brincar e fantasiar torna-se apenas um
passatempo. Porém, é preciso observar que em momentos como esses é que estimulam o
crescimento e o desenvolvimento das crianças.
Proporcionar à criança momentos lúdicos com objetivos de construções cognitivas e
globais é um dos grandes objetivos da aprendizagem. Jogos e brincadeiras levam as crianças a
criar, a fantasiar, testando e explorando os momentos, utilizando as potencialidades de forma
natural e espontânea.
Nos últimos tempos a ludicidade conquistou espaço no panorama educacional, uma
vez que o jogo, o brinquedo, a brincadeira são a essência da infância, e utilizá-los permite a
produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. “Sabe-se
que o ato de brincar da criança, muito mais que “garantia” legal, une-se às comprovações
científicas, revestindo-se de total importância para o seu desenvolvimento bio-psíquicoafetivo-social” (CORRÊA, 2003, p. 26). O brincar infantil considerado por muitas pessoas
como algo sem sentido, até mesmo inútil está comprovado que é uma das formas (senão a
melhor) pela qual a criança aprende, desenvolve-se em relação a si mesma e ao que está a sua
volta
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Tavares (2002) acredita que:
Nesse sentido o lúdico pode contribuir de forma significativa para o
desenvolvimento do ser humano, seja ele de qualquer idade, auxiliando não só na
aprendizagem, mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural,
facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do
pensamento.
Além do momento prazeroso, agradável e de alegria que o lúdico e o brincar
proporcionam a criança, os valores como respeito, cooperação, sociabilização presentes nas
atividades proporcionam um momento de construção de conhecimento.
De acordo com Pinho (2009), “em momentos de jogos o indivíduo aprende, de
maneira formal ou informal, pois o jogo auxilia no ensino-aprendizagem, no desenvolvimento
psicomotor e também no desenvolvimento cognitivo dos alunos”. Uma vez que com
atividades lúdicas, é possível trabalhar com a imaginação, a interpretação, a tomada de
decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, aplicação de fatos, pois quando se
realizam jogos os participantes deparam-se com regras e conflitos dentro da competição.
Dentro de jogos e brincadeiras, os alunos são desafiados a realizar atividades
diversas onde precisam buscar em seu acervo motor e cognitivo ações e atitudes para então
desenvolver os movimentos solicitados. Emerique (2004, p. 08) ressalta que:
Basta atentar para todos os verbos que estimulam o movimento e a imaginação
lúdica: sair/entrar, subir/descer, falar/ouvir, rir/chorar, puxar/empurrar, andar/parar,
levantar/sentar, pegar/soltar, esconder/achar, para que se perceba a infinidade de
ações que se pode propiciar numa situação de ensino-aprendizagem.
Nesses momentos de ludicidade, a brincadeira pode ser considerada uma forma de
comunicação com os outros e com o mundo. Onde o indivíduo forma conceitos, idéias,
estabelecendo relações, se socializando e interagindo com os demais participantes do jogo e
da brincadeira.
As atividades lúdicas trabalham com atitudes físicas e mentais, uma vez que
desenvolvem atividades dentro de várias dimensões como: afetiva, motora e cognitiva.
Propondo ações e operações dentro dessas esferas em momentos de jogos e brincadeiras em
grupos e equipes, onde os participantes interagem com os colegas socializando-se.
Nunes (2005) acredita que:
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No processo de ensino-aprendizagem as atividades lúdicas ajudam a construir uma
práxis emancipadora e integradora, ao tornarem-se um instrumento de aprendizagem
que favorece a aquisição do conhecimento em perspectivas e dimensões que
perpassam o desenvolvimento do educando.
O lúdico torna-se então uma estratégia para a construção do conhecimento e
desenvolvimento do indivíduo de maneira integral, assim os educadores deveriam aproveitar
essa rica ferramenta e utilizá-la em aulas e escolas em momentos diversos com seus alunos.
Dentro desta filosofia, os acadêmicos de educação física da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná organizaram um projeto de recreação que pudesse atender aos objetivos da
disciplina de Atividades Lúdicas e Recreativas desenvolvido no 7° período do curso, visto a
importância da mesma para a formação desses futuros profissionais e para a vida das pessoas
- crianças e adolescentes – participantes das atividades desenvolvidas.
As atividades foram realizadas em grupos, proporcionando a sociabilização e
integração entre os alunos. Dentre as atividades desenvolvidas, organizamos três momentos: o
primeiro foi a gincana, o qual contou com produção do nome das equipes, grito de guerra,
estafetas, circuito (com cones, cordas, arcos, bastões, balde, bexiga, etc.), brincadeiras
tradicionais (corrida do ovo, corrida do saco), perguntas e respostas e mímica. A utilização de
materiais alternativos e variados explica-se pela questão que “o bom uso do material
pedagógico é fundamental para que o profissional atinja seu objetivo de estimular o
desenvolvimento da capacidade de raciocínio da criança” (FREIRE, 1992, p. 55).
O segundo momento caracterizou-se pelos jogos: futebol caranguejo, futpano e futsal.
Escolheram-se variações do futebol e do futsal por ser a modalidade que os alunos praticam
naquele núcleo, proporcionando maneiras diferenciadas de vivenciar o esporte e o jogo. Foi
apresentado a eles os dois estilos básicos de jogo: “o que podemos jogar com o outro, na
cooperação, e o que podemos jogar contra o outro, na competição” (DARIDO; RANGEL,
2003, p. 163). Mesmo alguns autores discordando do jogo com caráter competitivo,
proporcionamos aos alunos a vivência dos dois estilos, para saberem quais são as
características que diferencia um do outro, e também para perceberem o lado positivo de cada
um, porque “se os alunos entenderem que um jogo pode ter competição sem, no entanto, ser
necessário desrespeitar as regras ou utilizar a violência para a resolução de conflitos ele deve
ser aproveitado” (DARIDO; RANGEL, 2003, p. 168).
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No terceiro e último momento de atividades proporcionadas às crianças do projeto,
organizou-se uma oficina de malabares, a qual foi desenvolvida no campo de areia próximo
ao ginásio de esportes onde estava acontecendo as atividades e teve por objetivo a integração
entre as equipes, pois nesse momento não havia mais o intuito de competição, a principal
função ali era estimular a coordenação motora e a motricidade fina das crianças através da
fabricação do malabares utilizando bexigas, sacolas, areia e tesoura.
Capacidades Motoras
Uma das primeiras formas de linguagem utilizadas pelo ser humano é o movimento.
Muitas das emoções são expressas pelo corpo. “A criança aprende a cultura corporal e
desenvolve equilíbrio, ritmo, resistência, velocidade, força e flexibilidade corporal,
principalmente por meio de jogos, brincadeiras, danças e eventos culturais” (BRASIL, 2006).
Correr, pular e ficar rodeado de brinquedos é fundamental não só para o lazer de
crianças, mas para o seu desenvolvimento. Fisioterapeutas, pedagogos e educadores físicos
comprovam a importância do brincar e do lúdico de forma adequada como ferramenta de
estimular as capacidades motoras da criança. Tendo essa visão, procuramos proporcionar
atividades que favorecessem a prática de habilidades e capacidades próprias da faixa etária
dos alunos, por meio de brincadeiras e jogos conhecidos por elas, facilitando assim a questão
de ensino-aprendizagem. Para Freire (1992, p. 24), “aprender a trabalhar com esses
brinquedos (amarelinha, pegador, cantigas de roda) pode garantir um bom desenvolvimento
das habilidades motoras sem precisar impor às crianças uma linguagem corporal que lhes é
estranha”.
Através das atividades desenvolvidas, procurou-se estimular, no aspecto motor,
capacidades como: equilíbrio, agilidade, vivacidade, lateralidade, coordenação motora grossa,
coordenação motora fina proporcionando assim momentos que utilizariam as seguintes
habilidades: saltar, correr, transposição de obstáculos, lançamentos, deslocamentos, pontaria,
etc.
Mesmo enfatizando o aspecto motor nesse momento de elaboração do projeto, é
necessário ressaltar que os aspectos afetivos e cognitivos sempre estiveram presentes. Le
Boulch (1983, p. 67) comenta que:
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É indispensável manter um clima de segurança e de confiança no decorrer desse
trabalho. A experiência da criança deve ser vivida de maneira positiva no plano
emocional. Esse trabalho deve lhe fazer ter confiança no seu corpo e em suas
reações motoras, e não fazer com que viva situações desvalorizantes.
Proporcionar ao aluno aprendizado, mas sempre lembrando que cada um tem suas
potencialidades e limitações.
Considerações Finais
Participamos de um processo de formação de professores durante a graduação do
curso de Educação Física onde a aprendizagem encontra-se por meio da teoria junto à prática
(teórico-prático). Aprendemos em sala de aula os conteúdos necessários, as metodologias
importantes, as didáticas adequadas e procuramos usá-las no momento de atuação no campo
de trabalho. Durante os estágios da faculdade - presentes na grade curricular obrigatória aprendemos muito da realidade escolar, o que nos facilita compreender melhor a teoria
aprendida durante o decorrer do curso. Em contra partida, outras disciplinas ministradas
durante a graduação, as quais também exigem momentos práticos do aluno atuando como
professor acontece de forma ilusória, onde o graduando ministra aulas para seus próprios
colegas, os quais precisam simular a faixa etária e a realidade objetivada pelo aluno-professor
naquele momento. O conteúdo teórico, a postura profissional e outros requisitos importantes
do professor saber, pois utilizará na prática, são possíveis de aprender dessa maneira. Porém,
muito mais valioso seria o aluno aplicar essa mesma aula para alunos “reais”, daquela
determinada faixa-etária, daquele determinado contexto, levando-se em consideração que
alguns alunos são mais agitados, outros mais passivos, uns encontram-se em um nível de
aprendizagem mais acelerado, outro mais atrasado, o desenvolvimento motor, cognitivo e
afetivo das crianças é diferentes uma das outras. E são essas variáveis que fazem o
aprendizado do graduando em licenciatura ser significante.
A possibilidade de realizar esse projeto de recreação em um contexto social real, com
crianças de verdade, com suas habilidades ou deficiências, suas características próprias é que
fizeram o aprendizado ter significado para nós alunos, tanto no âmbito profissional quanto na
questão humana, crescimento para o ser humano. Durante todo o projeto, desde o diagnóstico,
o prognóstico, a execução e a avaliação, fizeram com que o universitário sentisse a
importância e responsabilidade que é ser um profissional da educação, no caso em questão, o
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profissional de Educação Física; o cuidado necessário que é preciso ter no momento de
planejar o projeto, escolha do público alvo, adaptação das atividades, apropriarem às
características das crianças e faixas-etárias, saber lidar com os diferentes níveis de
aprendizagem, suas limitações e potencialidades, e de mais situações, que muitas vezes não
são percebidas quando se é aplicado a aula para os próprios colegas de classe.
Acredito que a vivência do projeto foi tão importante para os acadêmicos que
aplicaram as atividades quanto para os alunos que dela participaram. Por estar fora das
atividades habituais deles (as crianças), estavam aguardando ansiosamente a chegada daquele
dia, como se fosse a última aula de educação física da vida deles. Receberam os professores
com muita alegria, muita festa, os olhos brilhavam, participaram ativamente das brincadeiras
e dos jogos, colaboraram em todos os momentos com os colegas, e no final, ficaram tristes
por ter terminado aquele momento tão prazeroso que pediram muito para acontecer
novamente.
Vejo que essa iniciativa de proporcionar atividades acadêmicas fora do campo
universitário, aplicá-las em instituições, escolas, hospitais, centros esportivos e outras
localidades, são de muita valia para todos que participam do projeto, tanto os estudantes, pois,
agregam muito mais conhecimento, se motivam a participar de projetos sociais
voluntariamente, vêem como exemplo a atitude dos professores universitários, a importância
de tomar iniciativa você como educador, fazer a diferença para a vida dos seus alunos,
trazerem a realidade social para dentro da sala de aula; tanto para os professores responsáveis,
pois, se satisfazem em ter atingido seu objetivo como educador e proporcionar um momento
real daquilo que ensinam na faculdade; quanto para as demais pessoas, por estarem
conhecendo ou vivenciando algo novo, uma vivência prazerosa, um momento diferente do
daquele que estão acostumas a vivenciar. E além de tudo isso, existe um único conhecimento
que não existe em nenhum livro didático ou apostila estudantil, o qual aprendemos somente
na vida: que muitas vezes ao ensinarmos algo, aprendemos muito mais do que ensinamos, são
esses valores que não esquecemos nunca mais.
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Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba: Educação Infantil. Vol. 2. Curitiba:
MEC/CNE/CEB, 2006. 92 p.
9901
CORRÊA, Bárbara R. do P. Gimenez. O Brincar: fundamentos, implicações pedagógicas,
decorrências sociais... Revista Educação em Movimento. Curitiba, v.2, p. 25-32, n.5,
mai/ago, 2003.
DARIDO, Suraya Cristina. Educação física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003. 91 p.
EMERIQUE, Paulo Sérgio. Aprender e ensinar por meio do lúdico. 2004.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. 3. ed.
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LE BOULCH, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar. Porto
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MACHADO, Nílson José. Educação: projetos e valores. 5 ed. São Paulo: Escrituras, 2004.
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NUNES, Ana Raphaella S. C. de Abreu. O lúdico no processo ensino-aprendizagem. 2005.
Disponível em: <www.uftm.edu.br/discednu> Acesso em: 17 jul. 2009.
PERRENOUD, Philippe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artes
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PINHO, Raquel. O lúdico no processo de aprendizagem. 2009. Disponível em:
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<www.Profala.Com/Arteducesp140.Htm> Acesso em: 17 jul. 2009.
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o desenvolvimento de atividades recreativas e lúdicas