Universidade do Minho
Instituto de Educação e Psicologia
Métodos de Investigação em Educação
Doutora Clara Maria Gil Fernandes Pereira Coutinho
INQUÉRITO POR
QUESTIONÁRIO
Carina Dias
Emília Pinto
Marco Pinto
Pedro Ferreira
Luís Silva
INVESTIGAÇÃO EDUCATIVA
“A investigação educativa é uma actividade
de natureza cognitiva que consiste num
processo sistemático, flexível e objectivo do
estudo e que contribui para explicar e
compreender os fenómenos educativos.”
(Coutinho, 2005, p.68).
Dinâmica da Investigação
envolve
epistemologias;
metodologias;
perspectivas
teóricas;
métodos e
técnicas.
apresenta planos
visa
a obtenção do
conhecimento
científico
experimentais
não
experimentais ou
descritivos
pré
experimentais
;
experimentais
puros;
quase
experimentais
;
de sujeito
único.
Causal
comparativo;
correlacional;
survey;
estudos
psicométricos
qualitativos
mistos/específicos
Estudo de
caso; teoria
fundamenta
da;
etnografia;
fenomenolo
gia.
Investigaçãoacção;
avaliação;
desenvolvime
nto;
investigação
analítica
Perspectiva quantitativa

Debruçando essencialmente o nosso estudo
sobre a perspectiva quantitativa, esta é
inspirada no paradigma positivista ou também
chamado empírico-analítico ou racionalista.
Paradigma positivista
Pressupostos básicos









Filosofia de Augusto Comte;
Conhecimentos baseados na observação;
O papel da teoria é crucial;
Tem uma base epistemológica objectivista;
O investigador tem que ser capaz de observar
objectivamente – realidade objectiva;
Expressa-se por regularidades estatísticas observáveis;
Defende as noções científicas de explicação, previsão e
controlo;
realidade única independentemente de quem a estuda;
Pouca relevância nos aspectos subjectivos dos
indivíduos.
Inquérito / Survey
“O Inquérito pode ser definido como uma
interrogação particular acerca de uma
situação englobando indivíduos, com o
objectivo de generalizar.” (Ghiglione &
Matalon, 2001, p.7 e 8).
Tem por base
um problema
ou
uma questão.
Realiza-se em
contexto
natural e
sem
manipulação.
Inquire uma
amostra
representativa
da população.
INQUÉRITO
Estuda a
incidência,
a distribuição
e as
relações entre
variáveis.
É uma
modalidade da
Investigação.
Método
autónomo.
Classificação do Inquérito/Survey
Survey descritivo
Em função dos objectivos
Survey explicativo
Survey exploratório
Survey transversal
Em função do formato
Survey longitudinal
Questionários e Entrevistas

Os
questionários
diferenciam-se
das
entrevistas:
- por serem auto-administrados, isto é,
dispensam a presença do entrevistador;
- podem ser entregues em mão, ou
enviados por correio;
- podem ter diferentes formatos –
formulários impressos, escalas de Likert,
diferencial semântico.
Etapas para a concretização de
um survey
Definição dos objectivos da investigação
Decidir a informação necessária
Tamanho da amostra
(representativa da população
a que pertence)
Método de exploração
e recolha de dados
Survey
Construção do questionário
Estudo piloto
Adequação do questionário à amostra
Recolha de informação
Organização e análise de informação
Interpretar os dados e redigir a informação científica
Bravo e Eisman (1998:179) baseado em Cohen e Monion (1980:95)
O questionário…
“ … é um instrumento para recolha de dados
constituido por um conjunto mais ou menos
amplo de perguntas e questões que se
consideram relevantes de acordo com as
características e dimensão do que se deseja
observar.” (Hoz, 1985:58).
“… tornou-se num dos mais usados e
abusados instrumentos de recolha de
informação. Se bem construído, permite a
recolha de dados fiáveis e razoavelmente
válidos de forma simples, barata e
atempadamente. (Anderson, 1998: 170).
Indicadores que o questionário é capaz
de medir (Coutinho, 2005:121):
Background pessoal (idade, sexo, nível de
instrução)
 Classe social
 Tipo de organização
 Preferências
 Atitudes, percepções, opiniões e grau de
empenho.

Construção do questionário
Kornhauser e Sheatsley citado em Hoz (1985), propõe 3
passos para a construção de um questionário:
1ºPasso:
Determinar a informação relevante referente
ao problema de investigação;
2ºPasso:
Elaborar as questões, devem ser adequadas,
relevantes e devem encaminhar os sujeitos para
que dêem as respostas adequadas. Deve ser
definido o tipo de resposta:
Fixa (fechada), em que o sujeito elege uma das
alternativas que lhe
oferecem, ou
Aberta, em que o sujeito goza de liberdade para
responder da forma que mais lhe convier.
3ºPasso
Aplicação de um questionário piloto,
principalmente no caso de questões abertas,
que permita detectar a informação relevante e
os tipos de resposta que são dadas , de modo
que a construção do questionário estruturado
não deixe nenhum aspecto importante sem ser
incluído.
Processos de amostragem Probabilística
(Tuckman,2000:337; Coutinho,2005:111):

Amostragem aleatória;

Amostragem aleatória estratificada;

Definição da população/Clusters.
Como podem apresentar-se as
questões (Tuckman,2000):

As questões directas versus indirectas



As questões específicas versus não específicas



Directas (ex.: Gosta ou não do seu trabalho?)
Indirectas(ex.: O que pensa do seu trabalho?)
A resposta indirecta tem mais probabilidades de produzir uma resposta franca, no
entanto, requer a elaboração de maior número de questões para recolher
informações relevantes.
Específicas (ex.: Gosta de processar texto no Word?)Não específica (ex.: Gosta de preparar o trabalho no computador ou prefere fazêlo manualmente?)
Os factos versus opiniões


Factos (ex.: Computador que possui)
Opiniões (ex.:Tem preferência por um Tsunami ou Packard Bell?)
Em ambos os casos os sujeitos poderão ser levados a responder com base em
expectativas sociais.

As questões versus afirmações

Questões (ex.: pensa que o dia escolar devia ser mais extenso? R: Sim ou não)

Afirmação (ex.: o dia escolar deveria ser diminuído. R: Concordo ou Não
concordo)

As questões com resposta pré-determinada versus questões de
resposta-chave

Pré-determinada (determina o número de respostas a dar pelo sujeito, deve
completar cada um dos itens)

Resposta chave (As questões seguintes dependem do tipo de resposta dada,
por exemplo, ao questionar se domina as novas tecnologias, se a resposta for
negativa deve avançar para a próxima questão)
Como podem apresentar-se as
questões (Bell,2004):

Abertas (open-ended)
(ex: O que o levou a ir para o Mestrado?;Qual a sua
opinião acerca da inserção de um acção de formação
sobre quadros interactivos no centro de formação a que
está ligado?
O
sujeito responde livremente à questão

Fechadas:
 Lista
Exemplo:
Utilização de computadores
A. Não tenho.
B. Pesquiso frequentemente na Internet.
C. Tenho computador em casa.
D. Uso para fazer trabalhos da escola.
E. Tenho Internet em casa
 Categoria
 Hierarquia
(ex.: colocar por ordem hierárquica certas qualidade
ou características)
 Escala (nominal, ordinal, intervalo, relacional)
Exemplos:
Nominal: estado civil, sexo, cor dos olhos.
Ordinal: escala social (miserável, pobre, classe média, rico),
escalas usadas na medida de opiniões.
Escala de Likert
1= Completamente em desacordo
2= Em desacordo
3= Nem concordo nem discordo
4= Concordo
5= Concordo Completamente
Intervalo: escalas de temperatura (Celsius, Kelvin,
Farenheit) , em que não se pode assumir um ponto 0
(ponto de nulidade) ou dizer que uma dada
temperatura (X) é o dobro da temperatura (Y).
Relacional: distância, idade, salário, preço, volume de
vendas.
 Quantidade (traduz a quantidade de determinada
característica - pode ser exacta ou aproximada)
 Grelha (utiliza-se para registar respostas a uma ou
mais questões ao mesmo tempo)
Respostas abertas e fechadas
Perguntas
Abertas
Fechadas
Vantagens
Desvantagens
O sujeito
goza de
liberdade
para
responder
Estimula
o pensamento livre
Indispensável aos estudos exploratórios
Dificuldade
O sujeito fica
limitado à
opção de
resposta
Existe
 Não dá liberdade de expressão ao inquirido
uniformidade, e por isso
simplifica a análise da resposta
Análise mas rápida e económica
A lista de respostas ajuda a clarificar o
significado da questão
Respostas mais fáceis de tabular
Ajuda a sintetizar a informação
Mais fácil e rápida de responder
no tratamento de informação
Análise dos dados mais subjectiva
Dificuldade em categorizar e interpretar
respostas
Possível distorção das respostas durante o
processo de codificação
Maior probabilidade de ocorrer vieses
associados ao entrevistador
Mais tempo para responder à questão
Dificuldade em detectar erros de omissão
Condiciona
a resposta do inquirido
Difícil de elaborar
Pode levar a erros quando são seleccionados
padrões de resposta que interessam ao
seleccionador
Diminui o índice de reflexão sobre o tipo de
resposta do inquirido
Falha pela falta de variáveis e profundidade
Dificuldade em determinar erros e omissões.
“As respostas abertas devem ser utilizadas na fase inicial da investigação,
de modo a que possa identificar categorias utilizáveis como opções de resposta nas
perguntas fechadas” (Lazarsfeld [1944] citado por Foddy,1996:142), opinião partilhada pela
maioria dos investigadores.
Estudo Piloto

A execução do estudo piloto permite:
- avaliar o desempenho/funcionalidade do
questionário, para se necessário reformular;
- analisar rigorosamente os dados, para
detectar erros de lógica e de raciocínio.

O questionário deverá ser bem concebido e com
boa apresentação, para isso é necessário que este
seja revisto antes de ser distribuído. É necessário
seleccionar uma amostra “teste” para que se possa
obter informação do tempo que o inquirido demora
a responder e identificar questões que não
conduzam a dados relevantes.
“Exercício piloto”(Bell,2004,129)
É fundamental que as “cobaias”, que poderão ser amigos
e/ou familiares, respondam às seguintes questões:
1. Quanto tempo levou a completar o questionário?
2. As instruções eram claras?
3. Achou alguma questão pouco clara ou ambígua? Se sim,
qual(ais) e porquê?
4. Opôs-se a responder a alguma questão?
5. Na sua opinião foi omitido algum tópico importante?
6. Considerou o formato do questionário claro/atraente?
7. Tem algum comentário a fazer?
Recolha de
informação(Tuckman,2000:343):
Na administração do questionário, pessoalmente ou
expedição por correio, o inquirido deve ser informado do(a):
Objectivo da investigação;
 A protecção a conceder ao sujeito;
 O endosso e aprovação do estudo;
 A legitimidade do investigador;
 A oportunidade para o esclarecimento;
 O pedido de cooperação;
 As orientações especiais.

Ameaças à validade de um
Inquérito (Hoz,1985:59):

O seu grande problema é a validade, uma vez
que a sua medição é indirecta e esta pode não
corresponder à realidade, porque o sujeito
pode:
1.
Desconhecer o tema;
Pretender esconder informações;
Não interpretar as perguntas de forma
adequada.
2.
3.

Outro problema é, muitas vezes, a exigência
de um nível cultural ou experiência para
compreensão das questões, que acaba por
influenciar o desempenho dos sujeitos.

A representatividade é também afectada, pela
dificuldade de recolher os inquéritos, já que
nem sempre são devolvidos mais de 50%.
Cuidados a ter na elaboração de um
questionário (Ghiglione e Matalon, 2001:139)

Controlar a estrutura lógica da questão
(ex.: evitar as frases na negação).

Evitar que uma resposta possa ser dada por
razões muito diferentes

Em caso algum, introduzir duas ideias na
mesma questão
(ex.: É pena que os quadros interactivos ainda não
estejam a ser utilizados por causa da falta de formação
dos docentes)

Certos termos carregados de afectividade, de
juízo de valor e de conotações diversas
modificam o sentido da questão e, portanto da
resposta
(ex.: em vez de “deve autorizar-se…?” optar por “deve
permitir-se…?)

Garantir antecipadamente que a lista das
propostas de escolha entre várias respostas,
cubra efectivamente todas as respostas
Sujeitos que não devolvem os
questionários:
Fazer novas tentativas para garantir a
obtenção de dados dos sujeitos que não
responderam.
 Caso tenham ignorado duas ou três
tentativas, selecciona-se aleatoriamente 5
a 10% da população de sujeitos que não
responderam e tenta-se um contacto mais
directo (ex.: telefone).

Distribuição e Análise de Surveys
via Internet
Surveymonkey
http://www.surveymonkey.com/

QuestionPro
http://www.questionpro.com

Bibliografia:
Anderson, Gary; Arsenault, Nancy (1999) Fundamentals of Educational Research. London: Falmer Press Teachers
Library.
Bell, Judith (2004) Como Realizar um Projecto de Investigação. Lisboa: Gradiva.
Bravo, Mº Pilar; Eisman,Leonor (1998). Investigación Educativa. 3ª Ed. Sevilha:Ediciones Alfa.177-357
Clough, Peter; Nutbrown, Cathy (2002) Astudent`s Guide to Methodology. 1ª Ed. London: Sage Publications. 101-129
Coutinho, Clara (2005) Percurso da Investigação em Tecnologias Educativas em Portugal. Braga: Universidade do
Minho.
Estrela, Mº Teresa; Estrela, Albano (1978) A técnica dos incidentes críticos no ensino. Lisboa: Editora Estampa.
Foddy, (1996) Como Perguntar: Teoria e Prática da Construção de Perguntas em Entrevistas e Inquéritos. Oeiras:
Celta Editora.
Ghiglione, Rodolphe; Matalon, Benjamin (2001, [1977]). O Inquérito: Teoria e Prática.4ª Ed. (Trad. Portuguesa).
Oeiras: Celta Editora.
Hoz, Arturo (1985) Investigacion Educativa: Dicionário Ciências da Educação, Madrid:Ediciones Anaya, S.A.
Tuckman, Bruce W.(2000) Manual de Investigação em Educação. (Trad. Portuguesa). Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
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PPT - inquérito