UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL DOUTORADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS LEISHMANIOSE MUCOSA – ESTUDO DE CASOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM MANAUS, AMAZONAS JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA MANAUS 2009 i JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA LEISHMANIOSE MUCOSA - ESTUDO DE CASOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM MANAUS, AMAZONAS Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para obtenção do título de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador (a): Prof. Dr. Luiz Carlos de Lima Ferreira Co-orientador (a): Profª Dra. Maria das Graças Vale Barbosa MANAUS 2009 Ficha Catalográfica G934lei Guerra, Jorge Augusto de Oliveira. Leishmaniose mucosa – estudo de casos atendidos em um Centro de Referência em Manaus, Amazonas / Jorge Augusto de Oliveira Guerra. -- Manaus: Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2012. 131 f. : il. Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical – UEA/FMT, 2012. Orientador: Prof.. Dr. Luiz Carlos de Lima Ferreira. Co- orientadora: Profª Drª Maria das Graças Vale Barbosa 1. Leishmaniose mucosa 2. Saúde Pública - Amazônia I. Título. CDU: 616.993.161 Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Sheyla Lobo Mota. ii FOLHA DE JULGAMENTO LEISHMANIOSE MUCOSA – ESTUDO DE CASOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM MANAUS, AMAZONAS JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA “Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”. Banca Julgadora: _______________________________ Prof. Luiz Carlos de Lima Ferreira Dr. Presidente _____________________ Prof. Sinésio Talhari, Dr. Membro ________________________________________ Prof. Marcus Vinicius Guimarães de Lacerda, Dr. Membro __________________________ Profª. Alda Maria Da Cruz, Dra. Membro ____________________________ Prof. Fernando Tobias Silveira, Dr. Membro iii A minha esposa amada Graça Vale, pelo carinho que nunca faltou, incentivo, apoio, compreensão, sendo um exemplo para mim. Aos meus filhos Esdras e Ciro e aos meus pais Lizete e Leonardo! A Alaíde, a Franciele e Ida Cristina, in memoriam! iv AGRADECIMENTOS A Deus pela minha vida e por todas as coisas recebidas ou perdidas até aqui. Aos meus pais Leonardo e Lizete, por terem me incentivado a seguir em frente. A minha esposa Graça Vale, por tudo que representa: apoio, compreensão e acima de tudo o amor que me dedica. Aos meus filhos Esdras e Ciro, pelo tempo roubado de convívio por necessidade da realização deste trabalho. Aos meus irmãos pelo carinho e apoio. A Universidade do Estado do Amazonas e a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, pela possibilidade de realização deste trabalho. Ao Dr. Luiz Carlos de Lima Ferreira pela orientação, ensinamentos e dedicação profissional. À Coordenação do Curso de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias EUA/FMTAM, pelo apoio inestimável, provendo todas as necessidades concernentes a este trabalho. Ao Dr. Sinésio Talhari pelo apoio dado. A Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA pelo suporte financeiro ao Programa de pós-graduação. A Marcilene Gomes Paes, minha grande mentora, encorajamento, e exemplo de profissionalismo e de vida. pelos ensinamentos, v Ao Dr. Renato Telles pelo atendimento dos pacientes, e apoio prestado com sua grande experiência, fundamental neste trabalho. A Leila Inês de Aguiar Câmara Coelho, grande companheira de trabalho, pelo apoio nos bons e maus momentos. A amiga e parceira de pesquisas Maria Luíza Garnelo, pelo incentivo e experiências partilhadas nessa Amazônia. Ao Prof. Dr. Henrique Manuel Condinho da Silveira, pelo apoio, e orientação no desenvolvimento das técnicas biologia molecular, sem o qual uma parte importante desse trabalho não seria realizado. Aos alunos do curso de Residencia Médica em Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Amazonas, Thiago Meneghinni, Alexandre Ribera Marcião, Rafael Carvalho e Renata Santana, pelo acompanhamento otorrinolarigológico dos pacientes. A Suzane Ribeiro Prestes, por ter aceitado o desafio de identificar as espécies de Leishmania, muito obrigado. Aos companheiros da Gerencia de Leishmaniose: Marcus Guerra, Marcus Barros, Roosevelt Soares, Rita Teixeira, Osmarina Batista, Maria José, Angelina Amélia Bitencourt, Maria de Fátima Bentes, Ulisses Souza, Claudemir Felix pela colaboração e convívio. Aos alunos (bolsista e colaboradores) Pricila Gama, Aristoteles Moura, Lessandra Bindá, Maria José Silva, Thiago Almeida, pela ajuda na realização deste trabalho. Ao pessoal da Coordenação da Pos-graduação, Conceição Tufic, Marcos Castro, Samantha e Bruno, sempre prontos a nos atender e servir. Aos funcionários do Ambulatório de Dermatologia da FMTAM. vi Ao Dr. Ribamar Araújo e Rosilene Viana e Sandra Caranha, pelas biópsias analisadas. Ao Roberto Moreira Júnior pelo apoio no desenvolvimento da técnica de biologia molecular. A Omarina Guerra pela paciência e disposição em corrigir meus “esses” e “estes” ou “essas” e “estas”. Aos pacientes que concordaram em participar deste estudo. A Marco Saboía pela confecção dos mapas temáticos Aos colegas que me enviaram alguns dos pacientes que compuseram este estudo. A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho, meu muito obrigado. vii ...mas aqueles que esperam no Senhor, renovam suas forças, correm e não se cansam, caminham e não se fadigam. Isaías 40:35 viii RESUMO A Leishmaniose Mucosa (LM) é um problema de saúde pública em várias partes do mundo, em especial nas Américas, sendo conhecida como “espúndia”, onde a maioria dos casos está concentrada no Brasil. Nos casos de LCM, as destruições parciais ou totais das membranas da mucosa nasal, boca, tecidos adjacentes levam a deformidades grosseiras do nariz e boca; assim, o diagnóstico e a instituição de medidas terapêuticas precoces irão prevenir as seqüelas e as complicações. É necessário conhecer sua distribuição e os fatores ligados à sua ocorrência na Região Amazônica. Este estudo teve como objetivos o estudo de casos de LTA/LM analisando os aspectos clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos em pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM) no período de janeiro de 1992 a dezembro de 2008, dividido em uma parte retrospectiva (janeiro de 1992 a junho de 2006) e uma prospectiva (julho de 2006 a dezembro de 2008). A justificativa deste estudo é que não há, poucos estudos avaliando a etiologia dos casos e os aspectos clínicos diagnósticos e terapêuticos da LM na região. Foram avaliados 234 casos de LM, sendo 184 (78,6%) no estudo retrospectivo e 50 (21,4%) no prospectivo e observou-se: sexo masculino 193 (82,5%), feminino 41 (17,5%); faixa etária 47,7 anos (8 a 87), predominância de 51 a 60 anos (55 casos); história de LC anterior 193 (82,5%); 156 70 (66,7%) procediam de municípios e estados da calha sul do rio Amazonas; 186 (79,5%) desenvolviam atividades relacionadas com extrativismo à época da provável exposição; LC anterior 193 (82,5%) pacientes (desses 176 informaram tratamento, sendo 112 (63,6%) considerados irregulares). Lesão em septo nasal 232 (98,7%);109 (46,6%) apresentavam perfuração nasal/oral; 18 apresentavam formas orais de acometimento. A Reação de Cadeia de Polimerase (PCR) foi positiva em 56 casos, 30 para Leishmania (Viannia) braziliensis e 16 pra L. (V.) guyanensis, em 10 amostras a espécie não foi identificada. A Intradermo reação de Montenegro (IDRM) foi positiva em 209 (97,7%) dos 214 realizados; a histopatologia foi compatível ou positiva para LM em 124 (71,3%) dos 174 em que havia registros do resultado; A sorologia foi positiva em 85 (38,6%) dos 220 realizados; No desfecho final do tratamento, 171 (73,1%) pacientes foram considerados clinicamente curados, 60 (25,6%) foram perda de seguimento e três (1,2%) estão em acompanhamento. Concluíse que a LM na região tem perfil semelhante ao restante do País, com predominância de sexo masculino, história de LC anterior, procedência de regiões de calha sul do rio Amazonas, exposição relacionada a atividades de extrativismo e predominância da L. (V.) braziliensis entre as espécies caracterizadas, demonstrando também que a Leishmania (Viania) guyanensis é a espécie causadora em 1/3 dos casos caracterizados. Palavras-chave: Leishmaniose Mucosa, Amazônia, Leishmania (Viania) braziliensis ix ABSTRACT Mucosal Leishmaniasis (ML) is a public health problem in many parts of the world, especially in the Americas, known as "espúndia", where the majority of the cases are concentrated in Brazil. In the case of MCL, the partial or total destruction of the nasal mucous membranes, mouth, adjacent tissues leading to gross deformities of the nose and mouth, so, early diagnostic and therapeutic measures will prevent the sequelae and complications. It is necessary to know its distribution and the factors related to its occurrence in the Amazon region. The aim of this study was to analyze the significance of clinical and epidemiological findings, diagnosis and treatment of ML attended at Tropical Medicine Foundation of Amazonas (FMTAM) from January 1992 to December 2008, divided into a retrospective study(January 1992 to June 2006) and prospective study (July 2006 to December 2008). The justification for this study is that there is any published study in the state of Amazonas utilizing scientific method, evaluating the etiology, clinical aspects of diagnosis and treatment of ML. It was analyzed 234 cases of ML, 184 (78.6%) in the retrospective study and 50 (21.4%) in the prospective and observed: male 193 (82.5%), female 41 (17.5% ), median age 47.7, from 8 to 87 years, mainly 51 to 60 years 55 cases, history of previous CL 193 (82.5%) 156 (66.7%) from cities and states south of the Amazon River; 186 (79.5%) developed extractive activities related to the time of probable exposure; previous CL 193 (82.5%) patients (176 reported such treatment, and 112 (63.6%) considered irregular) . Lesion in the nasal septum 232 (98.7%), 109 (46.6%) had septal/oral perforation, 18 had oral forms of involvement. The Polymerase Chain Reaction (PCR) was positive in 56 cases, 30 for Leishmania (Viannnia) braziliensis and 16 for L. (V.) guyanensis, in 10 samples the species was not identified. The Montenegro skin test (MST) was positive in 209 (97.7%) of the 214 examined; histopathology was consistent with ML or positive for ML in 124 (71.3%) of 174 which had the result records; Serology was positive in 85 (38.6%) of 220 examined; the final outcome of treatment, 171 (73.1%) patients were considered clinically cured, the follow-ups of 60 patients (25.6%) were lost and three (1.2%) are in attendance. We concluded that the ML in this region has a similar profile to the rest of the country, with a predominance of male gender, history of previous CL, patients came from regions south of the Amazon River, exposure related to extractive activities and with a prevalence of L. (V.) braziliensis among species. Key-words: Mucosal Leishmaniasis. Amazonia. braziliensis. Leishmania (Viannia) guyanensis Leishmania (Viannia) x LISTA DE FIGURAS TESE Figura 1 Modalidades das Leishmanioses no Brasil...................................................... 13 Mucosal Leishmaniasis in a Tertiary Reference Unit in the Amazon. Distribution of patients by gender and age-group............................................ 54 Artigo 1 Figure 1 Figure 2 Mucosal Leishmaniasis in a Tertiary Reference Unit in the Amazon. Geographic prevalence of cases period (1992 to 2008) according to municipality source on Brazilian Amazonian region......................................... 55 Artigo 2 Figure 1 Spatial distribution of ML cases by species according to the municipality of origin………………………………………………………………………………... 75 xi LISTA DE TABELAS TESE Tabela 1 Casos de LTA por regiões – Brasil 1999 a 2005...................................... 05 Tabela 2 Distribuição das espécies de Leishmania causadoras de doença humana...................................................................................................... 07 Tamanho em pares de base dos produtos de restrição enzimática com HaeIII e Nco I de produtos de PCR miniexon........................................................................................................... 40 Tabela 3 Artigo 1 Table 1 Clinical epidemiological characteristics of 234 patients with mucosal Leishmaniasis treated in a Tertiary Reference Center in the Amazon ………. 53 Artigo 3 Table 1 Table 2 Table 3 Mucosal leishmaniasis in a reference unit in the Amazon - Clinical Presentation – Rhinoscopy.…………………………………………….………… 87 Mucosal leishmaniasis in a reference unit in the Amazon - Sensitivity of different diagnostic methods……………………………………………………… 88 Mucosal leishmaniasis - Retrospective study of Amazonian cases. The outcome of 230 cases after the first treatment with antimonials and pentamidine………………….…………………………………………….………… 88 xii LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS DNA ELISA FMTAM HeE IDRM IL k DNA LC LCD LCM LDPC LM LTA LV pb PCR QT-NASBA RIFI RNA SDS Taq TNFα V Ácido desoxirribonucléico Enzyme linked immunosorbent assay Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Hematoxylina Eosina Intradermo Reação de Montenegro Gama interferon Interleucina Ácido desoxirribonucléico do kinetoplasto Leishmaniose Cutânea Leishmaniose Cutâneo Difusa Leishmaniose Cutâneo Mucosa Leishmaniose Dérmica Pós Calazar Leishmaniose Mucosa Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral Pares de base Reação em Cadeia da Polimerase Quantitative Nucleic Acid Sequence-Based Assay Reação de Imunofluorescencia Indireta Ácido ribonucléico Sulfato duodecil de Sódio Termus aquaticus - polimerase termo estável Fator de necrose tumoral alfa Volts xiii SUMÁRIO 1. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.7.1 1.7.1.1 1.7.1.1.1 1.7.2 1.7.2.1 1.7.2.2 1.7.3 1.8 1.9 1.10 INTRODUÇÃO .................................................................................................... Histórico .............................................................................................................. Epidemiologia....................................................................................................... Etiologia............................................................................................................... A transmissão...................................................................................................... Reservatórios....................................................................................................... Aspectos clínicos.................................................................................................. Diagnóstico........................................................................................................... Diagnóstico parasitológico.................................................................................... Histopatologia....................................................................................................... Classificação histopatológica da LTA................................................................... Biologia molecular................................................................................................ Reação de Cadeia de Polimerase (PCR)............................................................ NASBA................................................................................................................. Intradermoreação de Montenegro........................................................................ Terapêutica........................................................................................................... Controle................................................................................................................ Leishmanioses na Amazônia............................................................................... 1 1 2 6 9 11 12 17 17 17 18 20 20 22 22 23 26 27 2. 2.1 2.2 OBJETIVOS......................................................................................................... Geral..................................................................................................................... Específicos........................................................................................................... 31 31 31 3. 3.1 3.2 3.3 3.3.1 3.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.5.2.1 3.6 3.6.1 3.6.2 3.6.2.1 3.6.2.2 3.6.2.2.1 3.6.2.2.1 3.6.2.2.3 3.6.2.2.4 3.6.2.2.5 3.6.2.2.5.1 3.6.2.2.5.1.2 3.6.2.2.5.1.3 3.6.2.2.5.1.4 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... Modelo de Estudo................................................................................................. Universo de Estudo.............................................................................................. População de Referência..................................................................................... População de Estudo........................................................................................... Período de estudo................................................................................................ Definição de casos............................................................................................... Estudo retrospectivo............................................................................................. Estudo prospectivo............................................................................................... Critérios de inclusão…………………………………………………………………. Procedimentos...................................................................................................... Estudo Retrospectivo........................................................................................... Estudo prospectivo............................................................................................... Atendimento inicial dos pacientes........................................................................ Procedimentos diagnósticos................................................................................. Intradermorreação de Montenegro....................................................................... Sorologia.............................................................................................................. Biópsias................................................................................................................ Histopatologia....................................................................................................... Procedimentos moleculares................................................................................. Extração do DNA total.......................................................................................... Biópsias parafinadas............................................................................................ Biópsias congeladas em meio líquido L6............................................................. Extração do DNA de material em papel de filtro................................................. 32 32 32 32 32 32 33 33 33 34 34 34 34 34 35 35 35 35 35 36 36 36 36 36 xiv 3.6.2.2.5.2 3.6.2.2.5.2.1 3.6.2.2.5.2.2 3.6.2.2.5.2.3 3.6.2.3 3.6.2.4 3.6.2.5 3.6.2.5.1 3.6.2.5.2 3.6.2.6 3.6.2.7 3.6.3 3.6.3.1 3.6.4 3.6.5 3.6.5.1 3.6.5.2 3.6.5.3 3.6.5.4 3.6.5.5 3.7 3.8 3.9 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR).......................................................... Amplificação de Mini-círculo DNA Kinetoplastidial.............................................. Amplificação do gene que codifica a actina humana.......................................... Identificação de espécies por amplificação e RFLP do mini-exon...................... Tratamento........................................................................................................... Desenvolvimento do estudo................................................................................. Cadastramento dos pacientes............................................................................. Sorologia.............................................................................................................. Biópsia para Histopatológico, cultura e PCR....................................................... Parasitológico Direto............................................................................................ Isolamento e Caracterização da cepa de Leishmania......................................... Exames Complementares.................................................................................... Avaliação cardíaca............................................................................................... Execução dos esquemas terapêuticos................................................................. Avaliação clínico-evolutiva dos pacientes............................................................ Cicatrização total.................................................................................................. Cicatrização parcial.............................................................................................. Persistência de atividade...................................................................................... Definição de cura.................................................................................................. Definição de falha terapêutica.............................................................................. Análise estatística dos resultados........................................................................ Considerações éticas da pesquisa....................................................................... Fontes de erros.................................................................................................... 37 37 38 38 40 41 41 42 42 42 42 43 43 43 43 43 43 44 44 44 44 44 45 4. 4.1 4.2 4.3 RESULTADOS..................................................................................................... Artigo 1................................................................................................................. Artigo 2................................................................................................................. Artigo 3………………………………………………………………………………….. 46 47 68 83 5. DISCUSSÃO........................................................................................................ 97 6. CONCLUSÃO...................................................................................................... 104 7. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 105 8. 8.1 8.2 8.3 8.4 ANEXOS............................................................................................................... Anexo 1- Ficha clínica (roteiro de coletas de dados e exame físico)................... Anexo 2- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).......................... Anexo 3- Distribuição dos casos de LM por município de ocorrência.................. Anexo 4- Distribuição dos casos de LM por faixa etária...................................... 118 118 120 123 123 1 1. INTRODUÇÃO As leishmanioses são doenças transmitidas por flebotomíneos e causadas por protozoários do gênero Leishmania, causando diferentes entidades clínicas, como a Leishmaniose Visceral (LV), que é muitas vezes fatal quando não tratada; a Leishmaniose Cutâneo Mucosa (LCM), ou apenas Leishmaniose Mucosa (LM) e as formas cutâneas – Leishmaniose Cutânea (LC) ou ainda a Leishmaniose Cutâneo Difusa (LCD) 1. As leishmanioses permanecem como um importante problema de saúde pública devido a não somente aos riscos ambientais mas também a massivas migrações, desmatamentos, urbanização, novos esquemas de irrigação, além dos fatores individuais como HIV, mal nutrição e aspectos genéticos 2. 1.1 Histórico As leishmanioses remontam aos tempos dos faraós 3. As primeiras descrições da doença foram realizadas por Alexander Russel em um paciente da Turquia, onde a doença era conhecida como "Aleppo boil" 4. A primeira referência sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no Brasil encontra-se no documento da Pastoral Religiosa Político-Geográfica de 1827, citado no livro de Tello intitulado “Antiguidad de la Syfilis en el Peru”, onde ele relata a viagem de Frei Dom Hipólito Sanches de Fayas y Quiros de Tabatinga (AM) até o Peru, percorrendo as regiões do vale amazônico 5. O primeiro a observar o parasito do gênero Leishmania foi Cunningham, em 1885, na Índia, em casos de leishmaniose visceral. No novo mundo, foram inicialmente designadas como “botão do oriente”. No Brasil, Cerqueira, em 1855, observara a existência da moléstia da pele, identificando-a clinicamente como botão de Biskra. Em 1895, na Itália, Breda, descreveu a moléstia em italianos provenientes de São Paulo 5,6. No Brasil, a natureza leishmaniótica das lesões cutâneas e nasofaríngeas só foi confirmada, pela primeira vez, em 1909, por Lindenberg, que encontrou formas de 2 Leishmania idênticas à Leishmania tropica (leishmaniose do Velho Mundo, descrita por Wright, em 1903) em lesões cutâneas de indivíduos que trabalhavam nas matas do interior do estado de São Paulo. É atribuído a Splendore o diagnóstico da forma mucosa da doença 5. Para Altamiro-Ensiso et al. 7 existem duas teorias que discutem sua chegada às Américas; uma de origem mediterrânea postulava que os casos de pacientes da Bahia, onde a doença era chamada 'botão da Bahia' assemelhava-se ao “botão do Oriente”. Esta comparação trouxe o pensamento de que a LTA teria sido introduzida pelos fenícios ou sírios que supostamente chegaram ao nordeste brasileiro durante a Antiguidade, tais viagens jamais foram histórica ou arqueologicamente provadas. A segunda, da origem andina, é a teoria atualmente mais aceita. Começa a formularse a partir dos descobrimentos de peças de cerâmica pré-colombiana ou “huacos” peruanos em 1895, em que se acredita que tais peças representavam pacientes portadores de LM, essa teoria é reforçada por documentos do século XVI, embora a discussão dos dados históricos seja controversa. Marzochi e Marzochi 8 propuseram uma terceira teoria sugerindo que a doença humana tenha surgido na região amazônica ocidental, principalmente ao sul do rio Marañon-Solimões-Amazonas, onde predomina a Leishmania (Viania) braziliensis, baseados em estudos epidemiológicos e de distribuição geográfica desta espécie em diferentes ecossistemas, envolvendo vetores e reservatórios diversos, admitem que o processo de dispersão para outras áreas do Brasil é recente e que ocorreu principalmente durante o ciclo econômico da borracha, entre 1880 e 1912, que atraiu milhares de nordestinos para a região. Após o declínio desse ciclo, essa população retornou às suas origens, atraída pela expansão do cultivo do café, migrou por volta de 1930, para a Região Sudeste, período em que se iniciou a grande epidemia da LTA 6. Esta hipótese é reforçada quando se compara a heterogeneidade genética da Leishmania (Viania) braziliensis encontrada na Região Amazônica em relação à homogeneidade genética da mesma espécie fora desta região, sugerindo sua introdução posterior, longe de sua origem, e propagação pela expansão clonal da L. (V.) braziliensis 9,10. 3 Em Manaus, um caso descrito por Matta 11 , já relacionava sua ocorrência do caso à coleta de castanha no rio Trombetas, estado do Pará, e já indicava a procedência de casos da região do Purus e do estado do Acre. Entretanto, somente depois Vianna12 descreveu a Leishmania braziliensis como uma nova entidade. 1.2 Epidemiologia A OMS reconhece que as leishmanioses estão entre as mais negligenciadas das doenças tropicais: mais de 12 milhões de pessoas infectadas no mundo; com dois milhões de casos a cada ano; 350 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, reconhece também que estes casos têm aumentado que existe falta de informações mais acuradas a respeito da sua epidemiologia para um melhor entendimento de da doença e de seu controle13. A LTA uma doença que vem crescendo nos países do Hemisfério Norte devido a turismo e conflitos armadas 14,15,16 , já tendo sido registrados casos humanos oriundos da América do Sul no continente Australiano, onde também se registra a presença do parasito em cagurus sem que se tenha identificado a espécie 17,18 . Distribuídas em 22 países do Novo Mundo e 66 do Velho Mundo, são encontradas principalmente no sudoeste Asiático, no Leste da África e no Brasil. A infecção humana é encontrada em 16 países da Europa, incluindo França, Itália, Grécia, Malta, Espanha e Portugal. Ocorre sob diversas formas, sendo reconhecida principalmente pelas formas cutâneas, mas também ocorrendo nas formas viscerais 19 . As leishmanioses entre 88 países afetados dos quais 72 são considerados em desenvolvimento, incluindo 13 dos últimos países em desenvolvimento, 90% dos casos de LV ocorrem em Bangladesh, Índia, Nepal, Sudão e Brasil e 90% dos casos de LTA ocorrem no Afeganistão, Algéria, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita e Síria 20. Estima-se que as desabilidades e desajustes relacionados às leishmanioses, em dias de vida perdidos, têm sido próximos de 2,4 milhões 1 (WHO, 2004). Se a LM não é tratada precocemente pode causar desfiguração e morte em alguns casos 4 21,22 . Essa forma de doença em algumas áreas da América do Sul representa aproximadamente 12,5% dos casos de LTA notificados 23 . Em diversas regiões tem sido observado um aumento do número de casos como, por exemplo: em Kabul, no Afeganistão, a incidência aumentou de 14.200 em 1994 para 67,500 em 2002; em Aleppo, na Síria, a incidência aumentou de 3.900 casos em 1998 para 6.275 em 2002; no Brasil, de 21.800 casos no ano de 1998 para 60.000 casos no ano de 2003 1. A LTA é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das cinco doenças infecto-parasitárias endêmicas de maior relevância, sendo amplamente distribuída nas Américas estendendo-se desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina 24 . É uma doença que acompanha o homem há muito tempo e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e expansão geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, sob diferentes perfis epidemiológicos 5. Transmitida ao homem pela picada de flebotomíneos, são reconhecidas mais de 20 espécies de Leishmania (seis ocorrem no Brasil), responsáveis pela doença em diversos países, cada uma com padrões epidemiológicos e demográficos distintos. A estimativa do número de casos está provavelmente subestimada da realidade porque sua notificação só é obrigatória em 32 dos 88 países afetados 24 . No Brasil, apresenta-se em franco crescimento, tanto em magnitude, como em expansão geográfica, observando-se a coexistência de um duplo perfil epidemiológico, expresso pela manutenção de casos oriundos dos focos antigos ou de áreas próximas a eles e pelo aparecimento de surtos e epidêmias associados a fatores como o acelerado processo de expansão das fronteiras agrícolas, a implantação de áreas de garimpo, a construção de estradas, e o processo de invasão na periferia das cidades 25. No período de 1985 a 1999, foram registrados no país 388.155 casos autóctones de LTA. O coeficiente de detecção de LTA no Brasil aumentou de 10,45/100.000 hab. para 18,63/100.000 habitantes, com a melhoria do fluxo de informação 25. 5 De acordo com dados do DATASUS, são registrados no período de 1999 a 2005, cerca de 31.957 casos de LTA por ano no Brasil. A doença é registrada em todos os estados, observando-se sua expansão com 169.361 casos, a região Sul apresenta o menor número, com 5.064 e a região Norte o maior, com 84.894 no período descrito (Tabela 1) . As taxas de incidência por 100.000 habitantes em 2004 e 2005 foram respectivamente de 15,61 e 14,12 para o país, sendo 91,18 e 71,09 para a região Norte, com 70,44 e 60,24 para o Estado do Amazonas 26 . O predomínio de caso de LM pra o sexo masculino, tem sido observado em diversas séries de estudos envolvendo a LM. Tabela 1 – Casos de LTA por regiões – Brasil 1999 a 2005 Ano Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Região Oeste 1999 11201 9112 3983 460 6384 2000 11140 13078 2938 853 4605 2001 12369 15057 2041 635 4962 2002 12489 11548 3514 1053 5440 2003 14200 8005 3472 951 4635 2004 13106 7791 2476 582 4374 2005 10449 7978 2719 530 4338 Total 84954 72569 21143 5064 34738 Centro- Fonte: DATASUS Diversos pacientes têm apresentado simultaneamente lesões cutâneas e mucosas, isto tem sido observado em 59% dos casos da Amazônia brasileira, onde a doença mucosa é resultado de pacientes com história de lesão cutânea anterior não tratada, geralmente causada por L. (V.) braziliensis, reconhecido como o mais importante agente etiológico da LM no Novo Mundo 27,28,29,30,31 . 6 Grande parte do extrativismo da Amazônia relacionado à castanha do Brasil e à Borracha provém de áreas que abrangem o extremo sul do Amazonas e os estados do Acre e Rondônia; a exploração madeireira se dá principalmente ao longo das calhas dos rios Purus e Juruá 32. No Estado do Amazonas tem sido observado um predomínio de casos de LM em pacientes procedentes de áreas de calha sul dos rios Amazonas / Solimões e relacionada a atividades de extrativismo vegetal em áreas de mata primária 33 . No período de 1976 a 1980 foram diagnosticados no Estado do Amazonas, 2.006 casos de LTA, a maioria em habitantes das margens das estradas e da periferia de Manaus 34 (Barros et al., 1982). De 1985 a 2000 foram registrados 30.251 casos, sendo 17.374 (57,43%) procedentes do município de Manaus 35 . A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), que atende em média 47,5% dos casos de leishmaniose do estado, vem registrando em torno de 1.000 casos novos a cada ano, principalmente oriundos de duas estradas: AM 010, que liga Manaus ao município de ltacoatiara e BR 174, que liga Manaus a Boa Vista, capital do Estado de Roraima 35. No período de 1985 a 1995 a prevalência de casos de LM atendidos na FMTAM foi de 1,4% 36 , de 2002 a 2008 foi de 2,3% (http://www.fmt.am.gov.br/informe/001- 2005leish.pdf); esses dados estão em consonância com os do Estado do Amazonas, cujo coeficiente de detecção de casos, para o mesmo período, foi estimado em 2,8% 37 . 1.3 Etiologia As principais espécies de Leishmania causadoras de doença no mundo estão descritas na tabela 2. A Leishmaniose mucosa pode ser causada por L. (V.) panamensis, L. (V.) guyanensis, L. (Leishmania) amazonensis, L. (L) major, L. (L) tropica e L. (L) infantum, entretanto é mais comumente associada a L. (V) braziliensis, “Spundia” e restrita à América do Sul, as demais se constituem casos excepcionais 22. 7 Tabela 2 - Distribuição das espécies de Leishmania causadoras de doença humana Espécies Formas clínicas Distribuição Ciclo de transmissão Leishmania (Leishmania) aethiopica LC África (Etiópia e Kênia) Zoonótico L. (L.) killicki LC Norte da África Zoonótico L. (L.) major LC LCM Norte e leste da África, Ásia central Zoonótico L. (L.) tropica LC LCM Norte e leste da África, Ásia central e sul Antroponótico África, sudeste e centro da Ásia Antroponótico Velho Mundo LCD L. (L.) donovani LDPC LV Novo Mundo L. (Viannia) braziliensis LC LCM América do Sul, partes da América Central e México Zoonótico L. (V.) panamensis LC LCM América do Sul, sul da América Central Zoonótico L. (V.) peruviana LC América do Sul Zoonótico L. (V.) guyanensis LC América do Sul Zoonótico L. (V.) lainsoni LC América do Sul Zoonótico L. (V.) colombiensis LC Região norte da América do Sul Zoonótico L. (L.) amazonensis LC LCD América do Sul Zoonótico L. (L.) mexicana LC LCD América Central, México e Estados Unidos Zoonótico L. (L.) pifanoi LC América do Sul Zoonótico L. (L.) venezuelensis LC Região norte da América do Sul Zoonótico L. (L.) garnhami LC América do Sul Zoonótico L. (V.) lindembergi LC América do Sul Zoonótico Europa, norte da África, Américas Central e Sul Zoonótico LCM LCM Novo e Velho Mundo L. (L.) infantum LC LCM LV LC= Leishmaniose cutânea LCM= Leishmaniose cutânea mucosa LV= Leishmaniose visceral LCD= Leishmaniose cutâneo difusa LDPC= 8 Em estudos realizados sobre a LTA no Peru, observou-se que de 351 isolados de Leishmania, 79% foram caracterizados como Leishmania (Viania) braziliensis, sendo 69% desses isolados de portadores de LM, observando-se dois casos de LM por L. (L.) amazonensis e um caso por L.(V.) guyanensis. Os autores levantam a hipótese de que naquela região a LM parece estar ligada a atividades desenvolvidas pelos indivíduos em áreas de floresta primária 37 . Outras cepas de Leishmania isoladas de pacientes portadores de LM do Peru demonstraram características hibridas, sendo aventada a possibilidade de novas espécies causando doença mucosa naquela região 39 . Na Bolívia se observam taxas de acometimento mucoso variando entre 5 a 20% 40. No Brasil as principais espécies incriminadas na ocorrência de casos de LTA são: L. (V.) braziliensis L (V.) guyanensis, L. (L.) amazonensis, porém à outras espécies também é atribuída a etiologia de casos de LC, principalmente na Amazônia, tais como L. (V.) naiffi, L. (V.) lainsoni, L. (V.) shawi e L. (V.) lindenbergi 27 . Até a presente data, sete espécies de Leishmania causadoras de doença tegumentar foram identificadas no Brasil 27,41: 1. Leishmania (Viania) braziliensis: é a espécie de maior prevalencia no homem e pode causar lesões cutâneas e mucosas. É encontrada em todas as zonas endêmicas do País, desde o norte até o sul, tanto em áreas de colonizações antigas ou recentes, estando geralmente associada à presença de animais domésticos. 2. Leishmania (V.) guyanensis: causa sobretudo lesões cutâneas. Ocorre na margem norte do Rio Amazonas em áreas de colonização recente, estando associada com desdentados e marsupiais. 3. Leishmania (V.) naiffi: ocorre na Amazônia, nos Estados do Pará e Amazonas, tendo o tatu como reservatório natural. O parasito causa LTA de evolução benigna. 4. Leishmania (V.) shawi: responsável por casos esporádicos no Amazonas e Pará, tem como reservatórios vários animais silvestres como macacos, preguiças e procionídeos. 9 5. Leishmania (V.) lainsoni: registrada apenas na Amazônia, tem a paca como animal suspeito de reservatório natural. 6. Leishmania (Leishmania) amazonensis: agente etiológico de LTA, incluindo a forma anérgica ou leishmaniose cutânea difusa. Seus reservatórios são roedores e marsupiais. 7. Leishmania (V.) lindenbergi: recentemente descrita no Estado do Pará a partir de um surto em um grupo de militares em área de selva, parece associada ao vetor Lutzomyia (Nyssomyia) antunesi. Também no Brasil, a LM é mais comumente associada à L. (V.) braziliensis, embora tenham sido descritos casos associados a outras espécies 42,43,44 . Quando se considera o rio Amazonas/Solimões como um divisor geográfico para a distribuição das principais espécies presentes na Amazônia brasileira, observa-se predomínio de casos de L. (V.) guyanensis na região de Manaus 45,46,47. Em estudo realizado por Naiff et al., 48 na região de Manaus, a Leishmania (V.) guyanensis foi encontrada em 83% das espécies de Leishmania identificadas em 65 indivíduos portadores de LTA da Amazônia brasileira. Wan der Meide et al. 49 identificaram por PCR, em pacientes portadores de LC atendidos na FMTAM, 69 indivíduos com leishmaniose causada pela L. (V.) guyanensis, dois pela L.(L.) amazonensis e cinco pela L. (V.) braziliensis, sendo que destes, três eram procedentes da calha sul dos rios Amazonas/Solimões. No restante do Brasil, entretanto, os casos de LM são, em sua maioria, procedentes de municípios e estados de calha sul e estes tem sido causados pela L. (V.) braziliensis onde predomina esta espécie 14,50,51. 1.4 A transmissão A transmissão das leishmanioses ocorre essencialmente via vetorial, as formas não vetoriais como, por exemplo, acidentes de laboratório, são raras. Os insetos do gênero Phlebotomus spp são os principais vetores na Europa, Norte da África, 10 Oriente Médio e Ásia e os do gênero Lutzomyia spp são os vetores desde o sul dos Estados Unidos até o Norte da Argentina 1. No Brasil as espécies de maior importância são a Lutzomyia intermédia e Lu. whitmani, implicadas na transmissão da Leishmania (V.) braziliensis, a Lutzomyia flaviscutellata e Lu. olmeca nociva na transmissão da Leishmania (L.) amazonensis e a Lutzomyia umbratilis e Lu. anduzei, implicadas na transmissão da Leishmania (V.) guyanensis 52. Chagas et al. 53 observaram em uma vila de mineração, entre os estados do Amazonas e Roraima, que indivíduos exercendo atividades nas proximidades ou em contato direto com a floresta apresentaram maior número de casos, embora a doença também tenha sido registrada em indivíduos que não tinham atividades laborais em contato direto com a floresta, tais como estudantes e donas de casa, porém, ocasionalmente adentravam na floresta para passeios e balneários. No Município de Manaus há predomínio da LTA causada pela Leishmania (Víannía) guyanensis, cujo principal transmissor é a Lutzomyia umbratilis, sendo a Lu. anduzei um vetor secundário 54,55,56,57. A Leishmania (Leishmania) amazonensis é um outro agente de LTA na região, cujos transmissores são a Lu. flaviscutellata e Lu. olmeca nociva 54,58 , acreditando-se que o Rio Amazonas constitua barreira geográfica para as outras espécies agentes de LTA na região, por esse motivo a ocorrência da LM é baixa na região 28,57 . É provável que a transmissão também ocorra no intra e no peridomicílio na região de Manaus, pela proximidade com as áreas de floresta Paes et al. 60 58,59 . em estudo em bairro de implantação antiga na cidade de Manaus, observaram um novo surto de LTA no qual 9,8% dos casos estudados eram crianças menores de cinco anos, sugerindo transmissão no intra e peri domicilio. Andrade 61 , em estudo realizado na Cidade de Deus, bairro da periferia de Manaus, localizado imediatamente à Reserva Florestal Adolpho Ducke, verificou a ocorrência de vários casos de LTA na rua que tem limite com a reserva. 11 O impacto sobre o meio ambiente tem sido o fator limitante para as medidas atualmente em vigor para o controle das leishmanioses, pois o controle dos vetores é baseado no uso de inseticidas, os quais possuem efeitos indesejados, como desequilíbrio ecológico e resistência dos vetores 52. 1.5 Reservatórios Diversos estudos têm demonstrado diferentes espécies de mamíferos roedores, marsupiais e até cães com infecção por L. (V.) braziliensis, entretanto, não há um consenso sobre o principal reservatório dessa espécie, embora pequenos roedores tenham sido os mais incriminados como reservatórios silvestres 62,63,64,65 . A infecção natural por Leishmania tem sido encontrada em uma ampla variedade de mamíferos não humanos, principalmente em marsupiais, roedores, edentados e carnívoros. Até agora a maioria dos reservatórios hospedeiros de Leishmania spp L. (L.) infantum, L. (V.) peruviana, L (L.) amazonensis, L (L.) mexicana, L (L.) guyanensis, L. (V.) panamensis, L. (L.) major, e L. (L.) aethiopica, tem sido descritos, entretanto os reservatórios da L. (V.) braziliensis permanecem por ser identificados de maneira mais conclusive 22. A implicação de um determinado reservatório é difícil porque muitas vezes é específica de um contexto epizoonótico e depende de muitas variáveis, como por exemplo, abundância e distribuição do hospedeiro, infectividade para o flebotomíneo vetor, por isso são menos frequentemente investigados 22 . A técnica de PCR tem sido utilizada para identificação Leishmania em animais suspeitos de serem reservatórios da leishmaniose. Em 123 amostras coletadas de roedores silvestres (Thrichomys apereoides, Oryzomys subflavus, Galea spixii, Bolomys lasiurus and Wiedomys pyrrhorhinos) e sinantrópicos (R. rattus) em Minas Gerais. Quinze amostras foram positivas após PCR-hibridização, identificadas como: nove L. mexicana complexo, três L. braziliensis complexo e três para L. donovani complexo. A PCR resultou positiva em 11 de 61 (18%) amostras de sangue e em quarto de 62 (6,4%) fragmentos de pele 66. 12 Dentre os possíveis reservatórios silvestres da L. (V.) guyanesis, à preguiça (Choloepus didactylus) tem sido atribuído o papel principal na Amazônia brasileira e em alguns locais da Guiana Francesa nas áreas de floresta primária, embora testes de precipitina tenham revelado que a preferência de Lu. umbratilis seja por roedores 67 . Também implicado como reservatório secundário está o Tamandua tetradactyla (tamanduá), e secundariamente temos Proechimys sp. (rato silvestre) e o Didelphis marsupialis (gambá) 31,45,68,69,70. 1.6 Aspectos clínicos No Brasil, a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) está agrupada sob três diferentes formas clínicas: Leishmaniose Cutânea (LC), Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) e Leishmaniose Mucosa (LM) 25,52. Leishmaniose Cutânea – caracterizada pela presença de lesões únicas ou múltiplas acometendo o tegumento, podendo apresentar-se com variado polimorfismo que vai desde as formas cutâneas ulceradas simples até as formas verrucosas, papulosas e impetigoides, associadas ou não a lifadenopatia regional, nestes casos também chamadas de formas linfáticas 25,52. Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) – Apresentam como característica a presença de lesões papulosas disseminadas pelo tegumento, não ulceradas associadas a Leishmania (L.) amazonensis, ligadas a deficiência de imunidade, são consideradas formas raras 25,52. Leishmaniose Mucosa (LM) – Mais associada a L. (V.) braziliensis, o acometimento ocorre na maioria das vezes anos após a LC, embora possam ocorrer formas concomitantes chamadas de LCM. Apresentam caráter evolutivo, sendo mais freqüente o acometimento nasal, podendo também ocorrer formas orais, laringeais e até traqueais; costumam destruir o septo nasal, conferindo aos doentes o aspecto conhecido como nariz de tapir ou de anta, são conhecidas nas Américas como “spundia” denominação dada por Escomel 7. Marzochi 71 dividiu em grupos as modalidades de Leishmanioses no Brasil (Figura 1), conforme se pode visualizar a seguir: 13 Figura 1 – Modalidades das Leishmanioses no Brasil (MS, 2000) O diagnóstico clínico da LM é difícil devido aos sinais e sintomas que podem ser confundidos com outras condições como outras granulomatoses e malignidades 72 . O aparecimento das lesões mucosas ocorre frequentemente anos após a cicatrização da lesão primária, e embora, na maioria das vezes a evolução seja lenta, a necrose do tecido mucoso costuma ser progressiva e há dificuldade em se obter a cura das lesões 73. A apresentação mucosa da LTA é na maioria das vezes secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente, meses ou anos após a resolução das lesões de pele. Às vezes, porém, não se identifica a porta de entrada supondo-se que as lesões sejam originadas de infecção subclínica 25. Acredita-se que um grande risco de reativação e desenvolvimento de lesões mucosas esteja associado a tratamentos incompletos ou inadequados 51 . 14 A LM é uma doença crônica progressiva que usualmente aparece meses ou anos após a inoculação na pele, pode levar a lesões destrutivas do trato respiratório superior, mucosa e submucosa dos tecidos do nariz, boca, faringe, laringe e até traqúéia e ser acompanhada de desnutrição, quando causa disfagia, podendo também, em casos excepcionais, levar a morte por pneumonia ou asfixia, em todos esses casos raramente se encontra as formas amastigotas, comumente associada a uma exacerbada resposta à Intradermo Reação de Montenegro (IDRM) 74,75,76 . A LM é definida clinicamente pelo comprometimento do revestimento mucoso das vias aéreas superiores, causando lesões ulcerosas e perfurantes ou vegetantes e necróticas do septo cartilaginoso, cornetos nasais, palato mole e duro, queda da pirâmide nasal, úvula, faringe e laringe. Pode comprometer seriamente a estrutura óssea do esplacnocrânio e, como conseqüência, ocasionar problemas na deglutição, fonação, respiração, além de causar também uma expressiva alteração estética na face dos indivíduos, podendo ainda provocar a morte do doente pela cronicidade e complicações respiratórias 51,77. Na LM, são mais freqüentemente acometidas as cavidades nasais, seguidas da faringe, laringe e cavidade oral. Por esse motivo, as queixas mais comuns no acometimento nasal são obstrução, epistaxes, rinorréia e crostas; quando ocorre na faringe, a odinofagia; na laringe, rouquidão e tosse; e na cavidade oral, ferida na boca 25,72,78. Lesões infiltradas, ulceradas, perfuração do septo nasal, lesões ulcero- vegetantes, úlcerocrostosas ou ulcero-destrutivas podem ser observadas ao exame clínico. A destruição parcial ou total da pirâmide nasal e outras estruturas acometidas na boca também podem ocorrer. As lesões podem ser discretas com poucos sintomas, daí a necessidade de sempre se buscar a identificação de doença em mucosas 25 . A presença de uma ou várias cicatrizes atróficas em pele ou história de úlcera cutânea com evolução prolongada, ao lado das queixas como obstrução nasal, epistaxes, rinorréia e eliminação de crostas; odinofagia; rouquidão e ferida na boca, reforçam o diagnóstico clínico de leishmaniose mucosa. A ausência de cicatrizes não afasta a suspeita clínica de acometimento mucoso por leishmaniose, pois pode 15 ocorrer em pacientes sem história de LTA anterior 25,78. Os aspectos envolvendo a evolução da LTA para o acometimento mucoso não são claros, devido ao tempo entre a ocorrência da doença cutânea, (quando esta ocorre), e o aparecimento da doença mucosa; entretanto, diversos fatores têm sido associados ao aparecimento da doença mucosa, entre eles a ocorrência de LTA anterior 33,36,51. Estudos anteriores associam risco de ocorencia de lesões mucosas em pacientes com lesões acima da cintura pélvica, grandes lesões ulceradas e história de LC inadequadamente tratada 78,79. Os mecanismos que podem disparar essas reativações não são conhecidos, entretanto, diversos fatores podem ter influência em sua ocorrência, incluindo o estado imune do hospedeiro, a associação com doenças sistêmicas, assim como traumas locais ou tratamentos imunossupressivos ou co-infecção com o vírus do HIV 79,80 . As razões da progressão para doença mucosa não são muito claras, a associação entre L. (V.) braziliensis e essa forma de doença sugere que os fatores estão ligados ao parasito, embora condições do hospedeiro também possam estar envolvidas. Se aceita que depende de fatores do parasito, resistência do hospedeiro e nível de resposta imune deste. A progressão parece ligada a fatores do sistema linfáticos, metastáticos, sabe-se que os vasos no interior do septo nasal apresentam boas condições para o desenvolvimento de amastigotas, assim como também existem teorias que ligam esse desenvolvimento a menores temperaturas nas passagens de ar do nariz 79. Na Colombia foi feita uma avaliação de 28 doentes portadores de LTA, sendo dois com LM e 26 com LC (caracterizados como L. (V.) panamensis, L. (V.) guyanensis e L. (V.) braziliensis). Foi encontrado DNA de Leishmania (Viannia) nas mucosas (nasal, tonsilas e conjuntiva) dos dois portadores de LM e em 21 dos portadores de LC 81. 16 Na LM as lesões nasofaríngeas estão associadas à forte resposta das células T, evidenciada por uma exacerbação da resposta imune celular aos antígenos de Leishmania e aos testes de proliferação de linfócitos. Essa marcada hipersensibilidade da resposta celular também pode ser demonstrada nos cortes histológicos do tecido mucoso onde, em alguns pacientes, pode ser uma reação granulomatosa tipo tuberculóide como uma resposta mais extremada ou também um infiltrado linfoplasmocitário com poucos histiócitos e raros parasites 82. O DNA da Leishmania (V.) braziliensis foi encontrado no sangue circulante de 26% de indivíduos vivendo em áreas endêmicas de LTA, os autores levantam a hipótese de que novas lesões de cutâneas ou de doença mucosa pode ser resultado de reativação endógena dos parasitos 73. Mata et al. 83 observaram que a L.(V.) guyanensis induz a uma baixa regulação do sistema imune, quando comparada á L. (V.) braziliensis; os autores levantam a hipótese de que estes achados se correlacionam com os aspectos clínicos desta espécie: como alta carga parasitária e freqüente resistência à terapia medicamentosa. Provavelmente por esse motivo essa espécie esteja menos associada às formas mucosas de doença. O exato mecanismo de LM não está ainda bem estabelecido, tem sido aceito que a LM possa representar um pólo de reação de hipersensibilidade à infecção por Leishmania, outros estudos têm revelado uma mistura de citocinas do tipo 1 e tipo 2 em lesões com sobre-regulação de RNAm para gama interferon, fator de necrose tumoral alfa, interleucina 4 e interleucina 10. Adicionalmente tem sido mostrado que os linfócitos de pacientes com LM produzem altos níveis de IFNγ TNFα resposta a estimulação antigênica. tem Esses dados levantam a questão de que a hiperatividade do sistema imune, levando a dano dos tecidos do hospedeiro, desempenha um papel na LM 84. Altos títulos de TNFα têm sido observados na LM humana, que decaem após o tratamento sugerindo mais uma vez o papel dessa citocina nos mecanismos de destruição dos tecidos do hospedeiro 85 . 17 1.7 Diagnóstico 1.7.1. Diagnóstico parasitológico O diagnóstico laboratorial das leishmanioses inclui os métodos diretos de observação do parasito, que podem ser obtidos por meio de: escarificado de lesão com exame em lamina de vidro corado pelo GIEMSA; isolamento do parasito em meios de cultura, a partir de fragmentos de biópsia e/ou aspirado de lesão; Imprint em lamina de vidro a partir de material coletado de biópsia de pele ou mucosa e visualização do parasito em cortes histológicos de biópsia e a pesquisa do DNA do parasito pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Os métodos indiretos incluem: o exame histopatológico, que pode ser considerado compatível com leishmaniose de acordo com o aspecto histopatológico encontrado 86 ; a sorologia, onde são mais utilizados a Reação de Imunofluorescencia Indireta (RIFI) e os ensaios imunoenzimáticos (enzyme linked immunosorbent assay-ELISA), 52 . O diagnóstico parasitológico de LC requer demonstração microscópica ou cultivo de parasitos de Leishmania sp através de aspirado das úlceras, ou de biópsias de pele 52 . O diagnóstico definitivo das formas mucosas requer demonstração do parasito nos meios de cultura ou em biópsias de histopatológico, porém, devido à baixa freqüência de parasitos nestas lesões a sensibilidade desses métodos varia entre 10 a 45 % 51 . A sensibilidade dos métodos sorológicos também é variável, pois mesmo naqueles mais sensíveis há possibilidade de reações cruzadas e não se pode distinguir entre as species 87 , dessa forma aceita-se o diagnóstico por métodos como histopatológico compatível com LM e IDRM, preferencialmente associados a clínica e epidemiologia indicativos da doença 88,89 . 1.7.1.1 Histopatologia A observação do parasito, além do exame de escarificado da lesão, pode ser feita pelo exame histopatológico, que também permite se observar características teciduais sugestivas de LTA. Nos casos em que ou quando o agente etiológico não é encontrado o anatomopatologista pode emitir um laudo histopatológico de compatível com Leishmaniose Tegumentar baseado nestas características, ou seja, 18 biópsias de pele com suspeita clínico-epidemiológica de LTA cujo exame histopatológico demonstre formações granulomatosas, constituídas por células epitelióides, células gigantes tipo Langhans, linfócitos, hiperplasia pseudoepiteliomatosa, histiócitos vacuolizados e moderado infiltrado de plasmócitos 86 . 1.7.1.1.1 Classificação histopatológica da LTA 90 Azulay em 1960, propôs a primeira classificação de LTA, esse autor acreditava que a fase inicial da doença era caracterizada histopatologicamente por um processo exsudativo agudo e que na fase tardia surgisse um granuloma tuberculóide e propôs a seguinte classificação: Inflamação exudadativa aguda; Inflamação predominantemente histiocitária; Inflamação histiócitolifocitária difusa com nichos epitelióides; Inflamação histiócito-linfócito-plasmocitária; Granuloma gigantocitário; Granuloma tuberculóide; Granuloma histiocitário lepromatóide. Posteriormente, Ridley et al. 88 apresentaram uma nova classificação histopatológica baseados em biópsias de 60 indivíduos com leishmaniose cutânea dividida em cinco grupos: Grupo I, derme quase normal exceto por leves alterações degenerativas do colágeno, raras células inflamatórias ou ausentes e sem granuloma; Grupo II, a característica predominante foi um processo necrozante mais severo que o grupo l; Grupo III infiltrado inflamatório acentuado sem necrose ou granuloma. Grupo IV abundancia de linfócitos e células plásmaticas (porém não predominando), células gigantes de Langhans e pouco desenvolvidas primitivo granuloma de células epitelióides e necrose central; Grupo V Granuloma bem desenvolvido células epitelióides com ou sem células gigantes de Langhans bem desenvolvidas e numerosas células plasmáticas. 19 A partir de um estudo histopatológico de 162 casos de Leishmaniose cutânea e mucosa com pacientes da Bahia, Magalhães et al. 91 descreveram também cinco diferentes padrões histopatológicos, estabelecendo um prognóstico pra cada tipo de acordo com as formas clínicas, mucosa ou cutânea: Tipo I reação exsudativo-celular com infiltrado inflamatório histiolinfoplasmocitário dérmico ou do córion da mucosa com proporções que tendem a equivalência; Tipo II reação exsudativo-necrótica distinguida por necrose tissular de amplitude variável, na derme ou no córion da mucosa, associado a vasculite aguda, no seio do infiltrado histiolinfoplasmocitário; Tipo III reação exsudativa e necrótico-granulomatosa caracterizada por reação granulomatosa desorganizada nas proximidades da área de necrose tissular, com vasculite aguda menos freqüente com presença de macrófagos ativados e de células gigantes no seio do infiltrado histiolinfoplasmocitário; Tipo IV reação exsudativa e granulomatosa com reação granulomatosa desorganizada isolada no seio do infiltrado inflamatório, sem presença de necrose tissular. Infiltrado histiolinfoplasmocitário; Tipo V reação exsudativa e tuberculóide - reação granulomatosa organizada em arranjos tuberculóides, no centro do infiltrado histiolinfoplasmocitário. Em 1991, Bittencourt e Barral Magalhães et al. 91 89 , reavaliaram as classificações de Riddley et al. 88 e e propuseram uma classificação mais simplificada constando apenas de três padrões histopatológicos: A – Infiltrado inflamatório de células plasmáticas linfócitos e macrófagos, e ausência de células epitelióides gigantes; B – Ocorrência de células gigantes e/ou epitelióides, associados a infiltrado inflamatório; C – Presença de granuloma bem circunscrito com células gigantes ou epitelióides, associado ou não aos outros dois padrões. Neste trabalho, os autores concluem que os padrões histopatológicos não representam um estágio de leishmaniose tegumentar, não podendo, dessa forma, ser correlacionados com o prognóstico e resposta a tratamento como a literatura 20 sugeria. Andrade-Narvaez et al., 92 avaliaram 73 casos de leishmaniose cutânea localizada pela histopatologia. Esses achados histopatológicos basearam-se na classificação de Magalhães et al., 1986. O padrão mais comumente encontrado foi presença de granulomas não organizados sem necrose, observado em 43,8% dos exames. O parasito foi encontrado em 68,5% dos casos. 1.7.2. Biologia molecular 1.7.2.1. Reação de Cadeia de Polimerase (PCR) Originalmente descrita por Mullis e Faloona 93 a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é uma técnica in vitro que possibilita a rápida detecção e identificação do DNA dos parasitos, sem a necessidade de isolamento, permitindo a geração de cópias de seqüências específicas de DNA e a amplificação de seqüências específicas de ácido desoxirribonucléico (DNA) ou de ácido ribonucléico (RNA), este último realizado a partir da síntese de ácido desoxirribonucléico complementar. Rodgers et al. 94 desenvolveram um método sensível o suficiente para detectar o DNA do cinetoplasto (kDNA) de um simples organismo permitindo o uso de métodos de hibridização não radioativos. O kDNA da Leishmania é um dos principais alvos das técnicas moleculares desenvolvidas no diagnóstico de leishmaniose. O kDNA é constituído por duas moléculas, os minicírculos de 1,42 Kb e os maxicírculos de cerca de 36 Kb. A PCR pode ser usada para aumentar a sensibilidade da detecção de Leishmanias por métodos de hibridização através da amplificação de seqüências do minicírculo. Por causa das limitações mencionadas para a detecção direta do parasito, um número de diagnósticos alternativos, incluindo os testes sorológicos como o ELISA, a RIFI e técnica direta de Aglutinação (TDA) tem sido desenvolvidos, entretanto, a maioria delas têm demonstrado baixa sensibilidade 95,96 . O uso de técnicas sorológicas é complicado devido à baixa correlação com os aspectos clínicos da doença 97. Na tentativa de evitar esses problemas, técnicas moleculares como a PCR e PCR 21 Elisa tem sido desenvolvidas para a detecção dos parasitos de Leishmania nas amostras de tecidos, inclusive parafinados, retirados de pacientes com suspeita de LC e LM com sensibilidade variando entre 83,3 a 92% e especificidade de até 100% 86,98,99 . A PCR tem sido apontada como uma ferramenta de grande importância no diagnóstico da LM 66,72,100,101 . É altamente sensível e específica para a detecção de Leishmania; sua aplicação é requerida para diagnóstico diferencial antes da terapêutica; tem se mostrado substancialmente superior à microscopia e à cultura de parasitos, principalmente em formas com baixas cargas parasitárias como nas mucosas 102. Laskay et al. 103 foram os primeiros a usar a PCR em tecidos, fixados em parafina, para diagnóstico de leishmaniose em biópsias de pele de pacientes infectados por Leishmania aethiopica. No entanto, ocorre uma baixa sensibilidade do método no diagnóstico das espécies de Leishmania em decorrência da degradação do DNA pela fixação em formol e o tempo de emblocamento 104,105. Libório et al. 105 em relação ao material extraído de biópsias parafinadas, demonstraram que, apesar de o DNA extraído de tecido parafinado guardado por muitos anos estar degradado, é possível usar DNA genômico em reações de PCR de produtos pequenos; porém a amplificação de produtos maiores é mais difícil. Um estudo para identificação das cinco principais espécies de Leishmania que causam LC do Novo Mundo, em biópsias fixadas em parafina através daPCR, foi realizado por Mimori et al. 106 , os autores enfatizaram sua importância como uma ferramenta utilizadas no diagnóstico da leishmaniose cutânea. Andrade 104 avaliou por PCR 43 biópsias de pacientes suspeitos de LC, cujo diagnóstico foi dado como compatível com LTA, e 40 biópsias dos pacientes com diagnóstico de LTA comprovado na microscopia pela observação das amastigotas e encontrou 96,66% de correspondência utilizando o PCR com “primers” de área 22 conservada do kDNA com 120 pares de base. A técnica de PCR tem sido indicada como ideal, em detrimento da caracterização por isoenzimas, método trabalhoso e despendioso, porém considerado de escolha para o diagnóstico e caracterização de species de Leishmania 107. Disch et al. 87 utilizaram a PCR para o diagnóstico de LM em 13 pacientes e encontraram 86,4% de positividade contra apenas 16,7% pela microscopia. Embora a PCR seja uma técnica muito sensível na detecção dos parasitos, requer cuidados seletivos, comparação e avaliação dos reagentes, equipamentos e condições para os testes bem como técnicos treinados 96 . 1.7.2.2. NASBA O Nasba é uma técnica baseada na detecção do RNA parasitário que tem sido utilizada principalmente na quantificação da carga viral do vírus do HIV e, mais recentemente, tem sido utilizada para diagnóstico e quantificação de Leishmania em lesões de pele, teste conhecido como “QT-NASBA - Quantitative Nucleic Acid Sequence-Based Assay” mostrando ser um teste promissor no monitoramento de casos de LTA pós- tratamento 108,109. 1.7.3. Intradermoreação de Montenegro A IDRM é o mais utilizado teste complementar no diagnóstico presuntivo de infecção por Leishmania, classicamente a IDRM positiva pode ser um indicativo de contato prévio com o parasito. Alternativamente, o teste positivo pode resultar de imunidade adquirida por vacina ou ainda pode ser positivo por reações não específicas ligadas ao mertiolato ou fenol usados como preservatives 110. Na prática clínica os métodos utilizados para o diagnóstico etiológico de leishmaniose (imprint, histopatologia, cultura e PCR) são usados para confirmar o diagnóstico de indivíduos com suspeita clínica e IDRM positivo Amato 112 111 . acompanhou 17 pacientes portadores de LM nos quais a IDRM e a RIFI foram positivas em todos os pacientes, ao exame histopatológico observou-se 23 alterações inflamatórias inespecíficas em 16 (94,1%) e em somente um paciente foram observadas formas amastigotas de Leishmania. A reação de imunohistoquímica, realizada em 16 doentes, foi positiva em 12 (70,5%). A IDMR é de grande importância no diagnóstico da LM por ser um método de fácil aplicação, podendo ser utilizado no campo e realizado por um técnico treinado. Nas lesões mucosas a resposta cutânea ao teste de Montenegro é mais intensa, podendo ocorrer até ulceração e necrose local 25 quando ocorre acima de 10 mm e com necrose é bastante sugestiva de doença mucosa em atividade 84 . A ocorrência da LM no Amazonas com taxas de prevalência de 1,4% é menor que no restante do país, onde as taxas de acometimento mucoso variam entre 3 a 5 %, as dificuldades encontradas para o estabelecimento do diagnóstico incluem a grande maioria dos casos com diagnóstico clínico e epidemiológico, na maioria das vezes com apenas um critério laboratorial a mais, como a IDRM, histopatologia, inoculação em “Hamster” e cultura ou apenas com diagnóstico clinico – epidemiológico 98,112. 1.8 Terapêutica O brasileiro Gaspar Vianna foi quem utilizou o Tártaro emético pela primeira vez no tratamento da leishmaniose, mudando dessa forma a história natural da doença humana 113 , esse medicamento vem sendo a primeira escolha no tratamento das leishmanioses até os dias atuais 51. A terapia da LC inclui injeções com antimoniais pentavalentes e Anfotericina B, pentamidina ou itraconazol e mais recentemente o Miltefosine 114,115 . Essas drogas podem causar diversos efeitos colaterais. Muitos esquemas de tratamento são empregados com sucesso variado, embora, em sua maioria descontrolados, Atualmente a duração do tratamento e cura da doença tem sido baseado apenas em critérios clínicos 116,117. A duração do tratamento da LMC é, eventualmente, mais difícil de estabelecer (em relação à LC) e não está padronizado. Falhas no tratamento são regularmente encontradas. Entretanto, é importante que se determine o número de parasitos por lesão antes e após o tratamento como segurança em possíveis sucessos no final do 24 tratamento 25. Amato et al. 118 fizeram uma revisão sobre o tratamento da LM na América Latina e encontraram 51% de taxas de cura entre os 150 pacientes tratados com Estibogluconato de sódio e 88% entre os tratados com Antimoniato de meglumina, consideraram que o antimoniato de meglumina é a droga de escolha e que oferece taxas de cura semelhantes a anfotericina B e a pentamidina. O Antimoniato-N-metilglucamina é indicado como droga de primeira escolha no tratamento das leishmanioses, correspondente ao Sb+5 conjugado a metilglucamina, sendo comercializado sob a denominação de Glucantime apresentandose sob a forma de ampolas contendo 5 ml (85mg/Sb+5/ ml). O Glucantime - é manufaturado pela Rhone Poulenc na França e amplamente utilizado nos paises de língua não-inglesa, sendo fornecido para o Brasil através do laboratório Aventis- SP. No tratamento da LM, é indicado nas doses de 20 mg/Kg/peso ao dia durante 30 dias 25. Preparações comerciais de Anfotericina B incluem a formulação lipídica anfotericina B liposomal (Ambisome®), anfotericina de dispersão coloidal (Amphocil®) e amfotericina complexo lipídico (Abelcet®) e a clássica apresentação, anfotericina desoxicolato (Fungizon®) 14. Possui excelente atividade anti-Leishmania, embora seja limitada por fatores como administração de uso hospitalar e efeitos colaterais, principalmente acometimento renal, o que limita seu uso 14 . É capaz de potencializar a atividade do macrófago na respost ta antimicrobiana, seja por via direta ou por indução na produção de citocinas como TNFα e IL-1β, assim como a geração de mecanismos oxidativos 40 . A Pentamidina está entre as medicações de segunda e terceira linhas utilizadas na LTA e indicadas pelo Ministério da Saúde, em função de sua pouca utilização no restante do Brasil 25. No Estado do Amazonas esta medicação vem sendo amplamente utilizada, inclusive 25 como segunda opção no tratamento da LTA, nas formas Cutânea e Mucosa, principalmente na doença mucosa, como uma excelente alternativa nos casos de não resposta aos antimoniais. A Pentamidina é utilizada na dose de 4 mg por Kg de peso, em três aplicações, com dois dias de intervalo entre as doses (esquema usual – Brasil MS, 2000). No Suriname é utilizada em doses semanais com bastante eficácia 33,60,119,120,121,122,123. Amato 111 tratou 17 pacientes de LM com isotionato de pentamidina observando cicatrização das lesões em 94,1% dos pacientes, período médio de seguimento 13,3 meses (3 a 37 meses). Um doente apresentou recidiva após quatro meses do término da medicação. Em 58,8% observou aumento dos níveis de uréia e creatinina em 47,0% e leucopenia em 5,8%, que regrediram com o espaçamento da dose da pentamidina, não sendo necessário suspender o tratamento. Uma mulher desenvolveu diabetes melittus. 41,1% dos pacientes nada apresentaram. Amato et al. 124 estudaram, em quinze pacientes com LM, antes e após tratamento com lesões consideradas cicatrizadas pela avaliação otorrinolaringológica, a correlação entre a presença de antígeno no tecido através da reação de imunohistoquímica, os títulos da reação de imunofluorescência indireta e os achados anatomopatológicos. Após a terapêutica houve negativação do antígeno tecidual em quatro doentes (grupo A), sendo a redução ou negativação dos títulos da RIFI estatisticamente significante (p<0.05), o que não ocorreu nos doentes, em que houve permanência do antígeno posteriormente ao tratamento (grupo B), sugerindo que o acompanhamento sorológico deva ser realizado conjuntamente com a pesquisa do antígeno tecidual indicando que a negativação destes testes nos doentes do grupo A, provavelmente indicam menor possibilidade de recidiva. Trabalhos desenvolvidos na FMTAM apontam a pentamidina como uma alternativa de primeira escolha no tratamento da LM Paula 125 122,33 . Trabalhos desenvolvidos por De destacam a vantagem da pentamidina no custo geral em relação aos antimoniais. A despeito da experiência acumulada no manuseio dos antimoniais e da pentamidina, não há no Estado do Amazonas um estudo publicado, dentro do 26 método científico, comparando a eficácia de ambas as drogas no tratamento da LTA na forma mucosa. No Peru, o incremento das medidas no diagnóstico e seguimento dos doentes de LM não impediu a grande perda de seguimento que já existia (que ficou em 47%), essa alta proporção de perdas após o tratamento é explicada pelas características sócioeconômicas da população daquela área; as pessoas afetadas vivem em vilas isoladas no meio da floresta, com pouco acesso a transporte, causando uma grande dificuldade de alcançar e/ou serem alcançadas pelos agentes ou serviços de saúde; são usualmente trabalhadores migrantes que permanecem por poucas semanas ou meses na floresta e retornam as suas vilas de origem 126 . 1.9 Controle No Brasil, a doença foi tradicionalmente confinada às zonas rurais e periferias das cidades, mas, nos últimos anos, os números de casos de leishmaniose nas áreas metropolitanas tem aumentado dramaticamente 52 . O aumento da incidência de leishmaniose tem ocorrido devido a diversos fatores: expansão geográfica, abertura de estradas, implantação de pólos agropecuários. Movimentação de pessoas para regiões endêmicas (como colonização em novas regiões do estado do Amazonas ou movimentações de trabalhadores, garimpeiros e suas companhias e ainda treinamentos militares em áreas de selva 122,126,127 . O desenvolvimento de vacina eficaz contra a doença seria fundamental para seu controle, mas isto ainda não é possível embora existam diversas propostas 2,129,130.131 e diversos estudos estejam em andamento, ou já tenham sido desenvolvidos, poucos deles demonstraram, ou vem demonstrado perceptivas para curto ou médio prazo, tampouco a quimioprofilaxia, com drogas anti – Leishmania. O controle das leishmanioses pode ser feito parcialmente, mediante algumas medidas como borrifação aplicáveis aos vetores que, no entanto, devem ser específicas para cada foco ou situação 25. Em áreas de densa floresta e grandes distâncias, como na Amazônia, estas medidas são bem menos aplicáveis ficando, portanto, esse controle dependente do 27 diagnóstico precoce e do tratamento dos casos humanos 129. 1.10 Leishmanioses na Amazônia Na Amazônia brasileira ocorrem a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e Leishmaniose Visceral (LV). A LTA está agrupada sob três diferentes formas clínicas: Leishmaniose Cutânea (LC), Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) e Leishmaniose Mucosa (LM) 34,132 . Já foram notificados casos de LTA/LC, LCD, LM e LV. A etiologia de casos de Leishmaniose nessa região é atribuída a sete diferentes espécies - L. amazonensis, L. (V.) naiffi, L. (V.) lansoni, L. (V.) shawi, L. (V.) guyanensis, L. (V.) braziliensis, L. (V.) lindemberg e L (L.) chagasi LTA é primariamente uma zoonose 31,56 82 . Nessa região a com ciclo de transmissão ocorrendo entre os flebotomíneos e os animais silvestres. Na maioria das vezes, o homem se infecta ao alterar o ambiente interrompendo o ciclo silvestre ao penetrar neste ecossistema 68,69 . No Amazonas, no município de Manaus, principalmente na periferia da cidade, o grau de exposição dos indivíduos acometidos tem uma significativa parcela relacionada diretamente a processos de ocupação desordenada ou ás chamadas invasões. Dessa forma, a LTA, geralmente ocorre em lugares de assentamentos populacionais recentes e relacionada com desmatamentos próximas a áreas de floresta primária 31 36,123,133 em populações onde ocorre a construção de habitações em locais nos quais a Leishmania (Viania) guyanensis é enzoótica 68. É provável que a transmissão também ocorra no intra e no peridomicílio na região de Manaus. Paes et al. 60 , em estudo em bairro de implantação antiga na cidade de Manaus, observaram um novo surto de LTA no qual 9,8% dos casos estudados eram crianças menores de 5 anos. Andrade 131 (1998), em estudo realizado na Cidade de Deus, bairro da periferia de Manaus, localizado imediatamente à Reserva Florestal Adolpho Ducke, verificou a ocorrência de vários casos de LTA na rua que tem limite com aquela reserva. Dentre os possíveis reservatórios silvestres da L. (V) guyanesis, à preguiça (Choloepus didactylus) tem sido atribuído o papel principal na Amazônia brasileira 56,68,69 e em alguns locais da Guiana Francesa 134 , nas áreas de floresta primária. 28 Também implicado como importante reservatório silvestre está o Tamandua tetradactyla (tamanduá), e secundariamente temos Proechimys sp. (rato silvestre) e o Didelphis marsupialis (mucura ou gambá) 45,56,68,69,70 encontrados na pele e nas vísceras desses animais . Os parasitos podem ser 31,69 , embora seu encontro não seja fácil. O Didelphis marsupialis adquire especial importância em áreas de floresta alteradas pelo homem 31,45,56,69 com uma taxa de infecção na região de Manaus de mais de 20%. Este animal se alimenta em refugos domésticos nos limites da floresta próximo às casas 68 ocorrendo constante circulação entre o meio florestal, onde se infecta, e o ambiente humano, onde serve de fonte de infecção para os flebótomos ali presentes 133 , dessa forma possivelmente estabelecendo um elo entre o ciclo silvestre e o peridomicílio. A transmissão da LTA nas regiões de calha Norte do rio Amazonas é atribuída às Lutzomyia umbratilis 57,69 135 e Lutzomyia anduzei , considerados respectivamente vetores principal e secundário da Leishmania (V.) guyanensis, o parasito prevalente na etiologia da LTA/LC na região 68,136 . No estudo de Naiff et al. 49 , das espécies de Leishmania identificadas de 65 indivíduos portadores de LTA, da região amazônica brasileira, a Leishmania (V.) guyanensis foi encontrada em 83% dos casos, destes, 91% apresentavam lesão cutânea. Maior número de casos é registrado no período das chuvas 35,57,137 , quando há aumento da densidade de vetores. O número de casos de LTA tem correspondência direta com o índice pluviométrico na região 138,139 . Provavelmente este fenômeno deva-se ao aumento da densidade dos vetores de na base das árvores, na floresta, segundo verificado por Pajot et al. 134 na Guiana Francesa, onde a maioria dos casos ocorria no início do período chuvoso (dezembro e janeiro), quando as fêmeas infectadas de Lutzomyia umbratilis eram excepcionalmente abundantes nesses locais, fato mais uma vez comprovado pela captura de maior número de flebotomíneos neste período, destacando-se a predominância da Lutzomyia umbratilis em áreas de transmisão na periferia de Manaus 137. A maioria dos casos de LTA ocorre em pacientes jovens do sexo masculino, com predomínio entre 20 e 29 anos. Isto corresponde pelo fato de que atividades 29 extrativas na floresta, normalmente realizadas por homens adultos, são o principal fator de risco para transmissão. As diferenças marcantes observadas com relação à distribuição de casos segundo o sexo entre as diversas faixas-etárias 112 refletem diferentes tipos de transmissão: a domiciliar e peridomiciliar e a ocupacional. Em grupos de menor idade, as pessoas ficam dentro ou ao redor das casas, portanto ambos os sexos podem ser igualmente infectados 59,140. Uma parte significativa dos pacientes de LTA tem atividades que os expõe aos vetores da Leishmania, como agricultura e trabalho em granjas. Há grupos de pacientes que possivelmente é infectado no intra/peridomicílio, como crianças e idosos além de uma casuística importante de domésticas e estudantes, sendo a aquisição da doença nestes casos provavelmente devido a flebótomos infectados que foram atraídos da floresta vizinha pela luz das casas à noite, já que os vetores não estão adaptados ao hábitat peridoméstico 31,112,141,142 . Os habitantes das localidades do interior, como pequenos povoados e também da periferia das grandes cidades na Amazônia, costumam adentrar a mata para atividades extrativistas e mesmo buscar água em cacimbas cedo pela manhã, período de maior risco de infecção por Leishmania 31,69. Assim, diversos pacientes, a despeito de não possuírem atividade relacionada à mata, poderiam ter se infectado ao adentrar a floresta para extrativismo, prática comum de subsistência das populações amazônicas, busca de água ou mesmo lazer, em qualquer período do dia com grande risco de infecção. Guerra et al. 141 em trabalho com reservatórios em área periférica de Manaus avaliaram 20 exemplares de Didelphis marsupialis, dos quais se coletou material para cultura, obtendo isolamento de flagelados no sangue periférico, que, no entanto, não foram caracterizados como Leishmania. Porém é freqüente o relato de gambás (ou mucuras) na periferia das casas, sugerindo que estas, reconhecidamente reservatórios de leishmaniose, estejam exercendo este papel em seu trânsito peridomicílio-mata. Pode ser encontrada uma alta taxa de infecção destes animais, explicável por uma diminuição no número dos reservatórios primários, bem como aumento no número de gambás, atraídos pelo homem, pra estas áreas degradadas 28,59. 30 No município de Cacual (RO), área de alta endemicidade de LTA, tanto para as formas mucosas quanto cutâneas - a Lutzomyia antunesi foi o flebotomíneo mais capturado em armadilhas luminosas CDC e em base de árvores 143 . Este mesmo vetor foi encontrado associado a casos da L. (V.) lindembergi na região de Belém (PA) 27. van der Meide et al. 109 identificaram por PCR, em pacientes portadores de LC atendidos na FMTAM, 69 indivíduos com leishmaniose causada pela L. (V.) guyanensis, dois pela L.(L.) amazonensis e cinco pela L. (V.) braziliensis, demonstrando que estas espécies circulam na região de Manaus, como demonstrado também por Romero et al. 47. Silva et al. 144 observaram altas taxas de LM no Estado do Acre, cujo perfil clínico epidemiológico se coaduna com os casos do restante do pais, entretanto, configuram um significativo problema de saúde pública naquele estado. Camuset et al. 145 encontraram em Guajará Mirim (RO) uma importante casuística de LM, sem a caracterização da espécie causadora. Entretanto, Shaw et al. 146 descreveram diferentes espécies agentes de LC naquele estado, registrando pela primeira vez a infecção humana por L. (V.) braziliensis e L. (V.) lainsoni em Rondônia. A proposta desse trabalho foi mostrar os aspectos clínico- epidemiológicos da LM no estado do Amazonas a partir dos dados de atendimento da FMTAM. Avaliar os aspectos clínicos, epidemiológicos, e terapêuticos em pacientes de LTA/LM atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM) no período de julho de 1992 a dezembro de 2008. Avaliar os aspectos clínicos e epidemiológicos terapêuticos e definir o perfil clínico-epidemiológico dos casos de LM da região Amazônica. 31 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Estudar os aspectos etiológicos, clínicos, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos relacionados à Leishmaniose Cutâneo Mucosa em pacientes atendidos na FMTAM e oriundos da Amazônia. 2.2 Específicos 2.2.1 Descrever os aspectos clínicos da LM nos casos atendidos; 2.2.2 Estabelecer o perfil epidemiológico dos casos; 2.2.3 Descrever as espécies de Leishmania envolvidas na doença; 2.2.4 Avaliar os aspectos relacionados a aderência ao tratamento; 2.2.5 Descrever a distribuição espacial dos casos de acordo com a sua procedência; 32 3. PACIENTES E MÉTODOS 3.1 Modelo de Estudo Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo/prospectivo, de série de casos. A amostra será de conveniência, incluindo-se os pacientes portadores de LTA – Forma Mucosa (LTA - LM), com diagnóstico clínico ou confirmado por Intradermorreação de Montenegro (IDRM), exame direto (por escarificação em lâmina), histopatológico biópsia (com demonstração de parasito ou compatível com LTA) ou por PCR. 3.2 Universo de Estudo Casos de LM em pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM). 3.3 População de Referência O estudo teve como alvo a população que habita a região Amazônica, sendo os pacientes atendidos na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, que procurou o serviço de atendimento da FMTAM durante o período determinado para o estudo. 3.3.1 População de Estudo A população de estudo foi de pacientes de LM atendidos, diagnosticados e tratados na FMTAM, na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas e procedentes da Amazônia brasileira, região que abrange uma área de 5.000.000 Km2 - 59% do território brasileiro, distribuída por 775 municípios, abrangendo os Estados do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, oeste do Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima, Acre e Tocantins, com uma população estimada em 20,3 milhões de moradores, sendo 68,9% residentes na área urbana e 31,1% na área rural 147 . 3.4 Período de estudo Os dados são referentes a dois períodos: no primeiro foram levantados dados de prontuários de pacientes com LM atendidos na FMTAM no período de julho 1992 a junho de 2006. No segundo foram incluídos os pacientes com diagnóstico de LM resultantes da demanda espontânea de atendimento ambulatorial da FMTAM no período de julho de 2006 a junho de 2008, que concordarem em participar do estudo 33 mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para ambos os estudos se utilizou um ficha clínica, elaborada em conjunto com o otorinolaringologista, onde constam os dados do doente com um roteiro dos aspectos clínicos do acometimento nasal/oral ou outras formas de acometimento mucoso associados à leishmaniose e encontrados no exame físico (Anexo 2). Este estudo foi elaborado segundo as diretrizes éticas internacionais para pesquisas Biomédicas envolvendo seres humanos (Resolução 196/96 CNS, 1996), e foi aprovado pela Comissão de Ética médica da FMTAM, sob protocolo de número 1809/2006-FMTAM. 3.5 Definição de casos 3.5.1 Estudo retrospectivo: Considerou-se como caso de LM: Pacientes com história clínica e exame físico sugestivos de doença mucosa, tratados e notificados como LM e associados preferencialmente a pelo menos um dos seguintes critérios: úlcera ou infiltrado ou eritema importante em septo nasal ou orofaringe com exposição ou perfuração ou destruição de cartilagem nasal ou lesão de palato com características clínicas de LM; exame complementar positivo (IDRM, exame direto, cultura, inoculação em hamster, sorologia e histopatologia com parasito ou compatível com LM); submetido a tratamento com droga leishmanicida e notificado como caso de LM. Foram avaliadas todas as informações contidas em documentos (prontuários, fichas relatórios, resultados de exames etc...), relativas aos casos de LM atendidos no referido período dispostas e analisadas no programa Microsoft Exel versão 6.0 e montada uma base de dados com ênfase nas informações relativas aos aspectos clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e terapêuticos dos casos atendidos. 3.5.2 Estudo prospectivo: Foram considerados casos de LM: 34 Pacientes com história clínica e exame físico sugestivos de doença mucosa, e associados preferencialmente com pelo menos um dos seguintes critérios: Úlcera ou infiltrado importante em septo nasal ou orofaringe com exposição ou perfuração ou destruição de cartilagem nasal ou lesão de palato com características clínicas sugestivas de LM; exame complementar positivo (IDRM, exame direto, PCR, cultura, inoculação em hamster, sorologia e histopatologia com parasito ou compatível com LM); 3.5.2.1 - Critérios de inclusão Quaisquer idade; clínica compatível com LM em atividade, mesmo após ter sido submetido a tratamento; quaisquer tempo de doença; comprometimento mucoso, com ou sem história de lesão leishmaniótica cutânea pregressa; pelo menos um dos seguintes exames diagnósticos positivos: IDRM, parasitológico direto por esfregaço ou “imprint” de fragmento de biópsia, e/ou aspecto histopatológico compatível com LTA ou PCR positivo para Leishmania; concessão do termo escrito, de consentimento após-informação, pelo paciente ou por pessoa responsável no caso de menores de idade (ANEXO 1), através de assinatura ou impressão digital. 3.6 Procedimentos 3.6.1 Estudo Retrospectivo Inicialmente foi feito o levantamento dos prontuários de pacientes com diagnostico de LM para identificação de informações sócio-epidemiológicas e busca de biópsias em blocos de parafina depositadas na Gerência de Patologia da FMTAM, para identificação da espécie de Leishmania pela técnica de PCR a fim de confirmar a o diagnóstico e a etiologia dos casos estudados. 3.6.2 Estudo prospectivo 3.6.2.1 Atendimento inicial dos pacientes 35 Na primeira consulta, os pacientes selecionados a participarem do estudo foram submetidos a uma avaliação clínica completa, durante a qual se efetuou o preenchimento de ficha clínica, incluindo dados de identificação pessoal, antecedentes pessoais e familiares. Realizou-se exame otorrinolaringológico de todos os pacientes suspeitos de LM para se determinar o tipo, localização, extensão e aspecto das lesões mucosas. Buscouse, no exame físico, cicatrizes sugestivas de LC anterior, diagnosticada e/ou tratada ou não como LTA. Em seguida o paciente foi submetido aos procedimentos laboratoriais de diagnóstico e exames complementares. 3.6.2.2 Procedimentos diagnósticos Os procedimentos diagnósticos foram realizados conforme Boaventura et al., (2006). 3.6.2.2.1 Intradermorreação de Montenegro Realizada seguindo descrição de Reed et al. 148 , onde aplicou-se 0.1 mL de antígeno (250 mg/mL de proteína) intradermicamente na face anterior do antebraço esquerdo. A leitura do diâmetro da induração (em mm) foi determinada 48 a 72h após a inoculação. As reações com diâmetro igual ou superior a 5 mm foram consideradas positivas. 3.6.2.2.2 Sorologia Imuno-fluorescência indireta (IFI): a reação de imuno-fluorescência indireta, para a pesquisa de IgG e IGM, foi realizada segundo a descrição do kit de IFI para diagnóstico da leishmaniose Janeiro/FIOCRUZ/MS). humana Considerando-se como (Biomanguinhos-Rio positivas amostras de que apresentaram fluorescência em diluições iguais ou maiores que 1/40. 3.6.2.2.3 Biópsias As biópsias de lesões nasais ou orais foram realizadas sob anestesia local com lidocaína spray (10%) ou lidocaína (2%) com vasoconstrictor usando a Pinça sacabocado de nariz da Factory cirúrgico (http://www.factorycirurgico.com.br/compara/pincas.htm), sendo o tecido preservado em formalina a 10% para posterior análise histopatológica 149 . 36 3.6.2.2.4 Histopatologia O tecido fixado em formol e emblocado em parafina, foi processado e corado pela Hematoxilina Eosina (HeE) para leitura. 3.6.2.2.5 Procedimentos moleculares 3.6.2.2.5.1 Extração do DNA total 3.6.2.2.5.1.2 Biópsias parafinadas Os blocos de tecido parafinizado foram submetidos à 12 cortes de 20 µm com navalhas descartáveis (Duraedge), uma navalha para cada bloco, em micrótomo usual (American optical). Estes foram armazenados em microtubos estéreis de 1,5 ml e mantidos a temperatura ambiente. As biópsias foram desparafinizadas utilizando 1200 ul de xilol por 5 minutos à 14000 rpm em temperatura ambiente. O sobrenadante foi desprezado, as amostras lavadas com 1200 ul etanol absoluto e centrifugadas 5 minutos a14000 rpm por duas vezes. O excesso de etanol foi retirado e o residuo seco à 37C por 30 minutos. O DNA foi extraido utilizando o protocolo “DNeasy Blood e Tissue Kit” (Qiagen) de acordo com o manual fornecido pelo fabricante. 3.6.2.2.5.1.3 Biópsias congeladas em meio líquido L6 As biópsias armazenadas congeladas foram maceradas individualmente utilizando homogenizador comercial descartável (Anachem). O DNA foi extraído do homogeneizado de tecido utilizando o protocolo: Purification of Total DNA from Animal Tissue - Spin-Column Protocol (Qiagen). 3.6.2.2.5.1.4 Extração do DNA de material em papel de filtro O decalque em papel filtro foi recortado em pequenos cortes e colocado em microtubos estéreis de 1,5 ml, aos quais foram adicionado 180 ul de tampão de digestão e 20 ul de proteinase K. A extração do DNA total foi de acordo com o protocolo Blood spots do kit PuriLink Genomic DNA (Invitrogen). Todas as amostras do DNA total extraídas foram conservadas à -20ºC. 37 Durante o processo de extração de DNA, a cada 10 amostras foi incluído um papel em branco para certificação de não-contaminação no processo. As amostras do DNA total foram conservadas à -20ºC. 3.6.2.2.5.2 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) 3.6.2.2.5.2.1 Amplificação de Mini-círculo DNA Kinetoplastidial Esta PCR tem como DNA alvo uma região constante de 116 pares de bases do minicírculo de kDNA e é utilizada atualmente na identificação do gênero Leishmania. Os iniciadores utilizados foram: 13a (5`-GTGGGGGAGGGGCGTTCT-3`) e o 13b (5`ATTTTACACCAACCCCCAGTT-3´) descritos por Rodgers et al. 1990. Os iniciadores eram da marca invitrogen. A mistura de reação de PCR foi composta por 0,4 uM de cada iniciador, 3,5uM MgCl2, 0,2 mM dNTPs, 1U Taq DNA polimerase Platinnum e tampão 1X (Invitrogen), em um volume final de 25µl. Em cada reação foi incluso um controle NT (notemplate), para certificação de não contaminação da PCR e um controle positivo de Leishmania sp. A reação foi executada num ciclo térmico inicial de desnaturação à 94°C por 5 min, seguido de 40 ciclos de: desnaturação à 94°C por 35 s, hibridização à 60°C por 30 s e extensão a 70°C por 30s. A extensão final foi efetuada a 70°C por 7 min 150 . A reação de amplificação ocorreu no termociclador da marca Eppendorf mastercycler gradient. Os produtos da reação foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1,5% submerso em TBE 1X, dissolvido sobre aquecimento em microondas durante 2 minutos e corados com brometo de etídio. O tamanho aproximado em pares de bases do produto de amplificação foi determinado por comparação com um marcador de 100 pb. Os produtos de reação de PCR foram visualizados sobre luz ultravioleta no transiluminador UVP (Upland CA91786 USA Model, 115 v 60Hg, 60 Amps). As fotos foram obtidas com maquina fotográfica digital Canon Power Shot G6 e arquivadas em formato de arquivo JPEG para documentação. A análise do gel consistiu na visualização das "bandas" dos produtos amplificados, 38 comparativamente com os produtos amplificados relativos aos controles positivos negativos e os Ladder estipulados em cada PCR realizado. 3.6.2.2.5.2.2 Amplificação do gene que codifica a actina humana Devido à natureza das amostras – biópsias parafinizadas e com longo tempo de armazenamento - foi necessário certificar que as amostras negativas para Leishmania, não foram o resultado da degradação de DNA. Assim as amostras negativas para 13a e 13b (Mini-círculo kDNA), foram amplificadas para confirmação da presença de DNA total além de verificar a presença de algum inibidor na reação causando resultados falso-negativos. A reação de PCR teve como alvo uma região de 147bp do gene que codifica actina humana. A mistura de reação de PCR foi composta por 0,3 uM de cada iniciador, 3,5 uM MgCl2, 0,2 mM dNTPs, 1U Taq DNA polimerase e tampão 1X, resultando em um volume final de 25µl. Em cada reação foi feito um controle NT (no-template), para certificação de não contaminação da PCR. A reação foi executada num ciclo térmico inicial de desnaturação à 94°C por 5 min, seguido de 40 ciclos de desnaturação a 94°C por 35 s, hibridização à 55°C por 30 s e extensão à 70°C por 30s. A extensão final foi efetuada a 70°C por 7 min. Os produtos amplificados foram submetidos a eletroforese em gel de agarose a 1,5% em TBE 1X, corados com brometo de etídio. Para determinar o tamanho aproximado do produto de amplificação, foi usado um marcador de 100 bp. Os produtos de reação de PCR foram visualizados sob luz ultravioleta e posteriormente fotografados. 3.6.2.2.5.2.3 Identificação de espécies por amplificação e RFLP do mini-exon As amostras positivas para a PCR Mini-círculo utilizando os iniciadores 13a e 13b foram submetidas à identificação da espécie amplificando a região do mini-exon com um número menor de pares de bases, o qual pôde tornar viável a identificação do DNA do parasito. O par de iniciadores a utilizar foi o Fme (5`TAT TGGTAT GCG AAA CTT CCG-3`) e Rme (5´-ACA GAA ACT GAT ACT TAT ATA GCG-3´), conforme metodologia de Marfut et. al. 151. 39 A mistura de reação de PCR foi composta por 0,2 uM cada iniciador, 1,5uM MgCl2, 0,2 mM dNTPs, 1U Taq DNA polimerase e tampão 1X, resultando em volume final de 50µl. Em cada reação foi feito um controle NT (no-template), para certificação de não contaminação da PCR e um controle positivo. A reação foi executada num ciclo térmico inicial de desnaturação a 94°C por 5 min, seguido de 40 ciclos de: desnaturação a 94°C por 30s, hibridização a 52°C por 30 s e extensão a 72°C por 45s. A extensão final foi efetuada a 72°C por 5 min. Os produtos amplificados foram submetidos a eletroforese em gel de agarose a 1,5 % em TBE 1X, corados com brometo de etídio. As espécies de Leishmania foram identificadas através da digestão enzimática dos produtos de PCR descrito acima. Foram utilizadas a enzimas de restrição HaeIII e NcoI durante 2h e 30 minutos à 37ºC. Estas enzimas clivam em locais específicos o DNA de L. (V.) braziliensis e L. (V.) guyanensis, conforme o perfil de restrição conforme seus pares de bases descritos na Tabela 1. As espécies de Leishmania foram identificadas através da digestão enzimática dos produtos de PCR descrito acima. Foram utilizadas a enzimas de restrição HaeIII e NcoI durante 2h e 30 minutos à 37ºC. Estas enzimas clivam em locais específicos o DNA de L. (V.) braziliensis e L. (V.) guyanensis, conforme o perfil de restrição conforme seus pares de bases descritos na Tabela 3. Para determinar o tamanho aproximado dos fragmentos foi utilizado um marcador de 100 bp. Os produtos de reação de hidrolise enzimática (RFLP) foram submetidos a eletroforese em gel de agarose a 2,5 % em TBE 1X, corados com brometo de etídio, visualizados sob luz ultravioleta e posteriormente fotografados. 40 Tabela 3 - Tamanho em pares de base dos produtos de restrição enzimática com HaeIII e Nco I Espécie Enzima de restrição Hae III Nco I Total do produto L. braziliensis L.guyanensis 118/108 - - 173/53 226 pb 226 pb Para confirmar os resultados da restrição enzimática, 10 amostras foram selecionadas para sequenciamento do produto de PCR mini-exon. As cepas de referência utilizadas foram L. (V.) braziliensis L408 e L. (V.) guyanensis L 565 e L 566 (OMS) tendo sido gentilmente cedidas pela Dra. Leila Inês Coelho e pelo Biólogo Roberto Moreira. Para os controles negativos foram utilizadas biópsias de pacientes com doenças mucosas não relacionas à leishmaniose. Amostras de biópsias de lesões de LTA, com presença de parasitos à microscopia óptica (MO) foram utilizadas como controle positivo. 3.6.2.3 Tratamento Os pacientes foram tratados com as drogas indicadas pelo Ministério da Saúde e de acordo com o esquema proposto no Manual de condutas da FMTAM controle das Leishmanioses do Ministério da Saúde Brasil 152 e Manual de 25 , sendo os antimoniais (doses de 20 mg/kg/dia durante 30 dias) utilizados como primeira escolha e a pentamidina (4 mg/Kg/dose em 10 doses em dias alternados) ou anfotericina B (1 mg/kg/dose em dias alternados, com um máximo de 1,5 gr) como segunda escolha. Foi considerado insucesso a presença de úlceras ou infiltrado nas lesões mucosas após o prazo de 180 dias 25. 41 Foi considerado recidiva o aparecimento de sinais de atividade nas lesões mucosas após a cicatrização completa das lesões. Nos pacientes que apresentaram ainda sinais de atividade (infiltrado ou úlceras), após este período, ou com piora do quadro e considerados como insucesso, ou recidiva com os antimoniais ou pentamidina, repetir-se nova série com igual dose, e tempo de tratamento. Em casos de impossibilidade, insucesso ou intolerância a ambas as drogas foi utilizada a Anfotericina B segundo as mesmas recomendações pela FMTAM e/ou ministério da Saúde. Cada paciente teve uma ficha de identificação constando de dados de sua procedência e aquiescência escrita própria ou do responsável – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo). O estudo foi desenvolvido de julho de 2006 a dezembro de 2008. Todos os procedimentos necessários ao estudo e relativos aos pacientes foram realizados no ambulatório de Dermatologia e no Laboratório de Leishmaniose da FMTAM. A realização da biópsia de mucosa foi feita apenas por médicos. 3.6.2.4 Desenvolvimento do estudo O desenvolvimento das atividades do estudo seguiu o cronograma esquematizado, com as seguintes etapas: 3.6.2.5 Cadastramento dos pacientes Foram incluídos, para ambos os grupos, todos os pacientes LM atendidos na FMTAM, no período determinado pelo estudo, que atendam a seguinte de definição de casos: Foram considerados como casos de LM aqueles pacientes com história clínica e exame físico sugestivos de doença mucosa: úlcera ou infiltrado importante em região nasal ou orofaringe, com exposição, perfuração ou destruição de cartilagem nasal ou lesão de palato com características clínicas de LM; pacientes com história 42 de LC anterior e ou procedência de regiões da Amazônia; e/ou se exerciam atividades em áreas de mata primária; com pelo menos um exame complementar positivo; estes pacientes que foram submetidos a tratamento para LM com as drogas indicadas pelo Ministério da Saúde 25 . 3.6.2.5.1 Sorologia Para avaliação dos anticorpos séricos foi utilizada a técnica de ELISA ou Imunofluorescencia indireta (RIFI). Foram colhidos, de cada paciente, 10 mililitros de sangue periférico, através de punção venosa, de membro superior, utilizado-se tubos “vacutainer” estéreis, após antissepsia local com álcool a 70%. O exame foi efetuado no início do tratamento e no primeiro e sexto mês de acompanhamento pós-tratamento. 3.6.2.5.2 Biópsia para Histopatológico, cultura e PCR Após realização de antissepsia, conforme descrito anteriormente, e anestesia local com lidocaína a 2%, sem vasoconstrictor, na borda da lesão que apresentou maiores sinais de atividade clínica, foi feita biópsia utilizando-se uma pinça em saca Bucado obtendo-se dois fragmentos, sendo destes realizado “imprint” por aposição em lamina de vidro pra pesquisa direta de Leishmania e o outro em papel de filtro para realização de PCR. Um fragmento foi para a análise histológica e o outro para o PCR e para semeadura em meios de cultura específicos (NNN, Schneider’s). 3.6.2.6 Parasitológico Direto Foi realizado imprint das biópsias das lesões, ou raspado das lesões (onde não havia possibilidade de biopsiar), para pesquisa de Leishmania corado pelo GIEMSA ou Panótico. 3.6.2.7 Isolamento e Caracterização da cepa de Leishmania As espécies foram caracterizadas por PCR em projeto paralelo desenvolvido na FMTAM a partir de material obtido por raspado, aspirado ou biópsia das lesões, seja fixado em laminas, papel de filtro, guardados em meio de conservação ou parafinado. 43 3.6.3 - Exames Complementares: 4.6.3.1 Avaliação Laboratorial Hematológica, Hepática, Pancreática E Renal De cada paciente foi coletada uma amostra de 10 ml de sangue venoso periférico, para hemograma, dosagens séricas de Glicose, aminotransferases, uréia, creatinina e amilase e sorologia. Esta avaliação foi realizada antes e após o início do esquema terapêutico, sendo repetida caso alguma alteração tivesse sido detectada anteriormente. 3.6.3.1 Avaliação cardíaca Foi realizado Eletrocardiograma (ECG) dos pacientes antes e após o tratamento específico da LM. 3.6.4 Execução dos esquemas terapêuticos Após o cadastramento e realização dos procedimentos diagnósticos e de avaliação cardíaca, renal e hepática, descritos anteriormente, os pacientes foram enquadrados dentro de um dos esquemas terapêuticos: Antimoniato-N-metilglucamina: 20 mg/Sb+5/kg/dia, dose única diária, durante 30 dias, via endovenosa. Pentamidina - 4 mg por Kg de peso, em dez aplicações, via IM profunda, com dois dias de intervalo entre as doses. 3.6.5 Avaliação clínico-evolutiva dos pacientes O seguimento clínico dos pacientes foi realizado por um médico e um otorrinolaringologista nos dias 1, 30, 45, 60, 90 e 180, do protocolo observando-se os seguintes aspectos: 3.6.5.1 Cicatrização total Reepitelização total da lesão, sem presença de infiltrado úlceras ou edema na mucosa 25, avaliado á rinoscopia. 3.6.5.2 Cicatrização parcial Reepitelização parcial da área ulcerada, com diminuição, porém persistência, do infiltrado das bordas da lesão associada a neoformação vascular e tecido de granulação no fundo da lesão. A reepitelização parcial foi classificada segundo o 44 grau de redução da área acometida em percentuais de 1 a 99% em relação ao aspecto inicial 25. 3.6.5.3 Persistência de atividade Ausência de sinais de reepitelização, com persistência de bordas infiltradas e úlceras, sem que ocorresse melhora clínica precedente ou casos de aumento progressão das lesões da área acometida inicialmente, ou aparecimento de novas lesões. 3.6.5.4 Definição de cura O critério de avaliação da resposta terapêutica foi clínico, sendo definido como cura a reepitelização total da lesão, sem presença de edema ou eritema, observado durante o período de seguimento clínico de 180 dias após o tratamento 25 . 3.6.5.5 Definição de falha terapêutica Qualquer outra evolução clínica da lesão diferente das definições de cura e melhora clínica, foi considerada falha terapêutica. Incluindo-se, portanto, reativação de lesão mucosa, aparecimento de nova lesão mucosa anatomicamente relacionada com LM a(s) primária(s). Estes pacientes foram submetidos a uma nova série de tratamento com a mesma medicação utilizada anteriormente, salvo na ocorrência de efeitos colaterais considerados severos, conforme esquema recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil 25. 3.7 Análise estatística dos resultados Para a análise dos resultados criou-se um banco de dados, no Software Excel, realizando-se testes estatísticos para determinação da significância nas diferenças de médias e de proporções encontradas entre as variáveis estudadas. Foi analisada a distribuição de variáveis categóricas como sexo, idade, número, localização, área de lesões ulceradas e tempo de evolução da doença, utilizando-se o teste do Chiquadrado. Nos casos em que a freqüência esperada de um determinado evento foi inferior a cinco utilizou-se o Teste exato de Fisher, utilizando o programa estatístico SPSS 16 e Minitab 14. 3.8 Considerações éticas da pesquisa Este projeto foi elaborado segundo as diretrizes éticas internacionais para pesquisas 45 Biomédicas envolvendo seres humanos (Resolução 196/96 CNS, 1996), e foi submetido a julgamento e aprovado pela Comissão de Ética médica da FMTAM sob protocolo de número 1809/2006-FMTAM e não houve conflitos de interesse neste estudo. 3.9 Fontes de erros Como a maioria dos pacientes portadores de LM residia em outros municípios ou em áreas distantes dos centros urbanos, como BR 174, AM 010, tornou-se difícil de prever e controlar a adesão ao tratamento e os seus resultados, dessa forma, foram inclusos no estudo todos aqueles que concordaram com o mesmo, ainda que o seguimento não pudesse se ter completado ou realizado integralmente na FMTAM. Os dados de demográficos, aspectos clínicos e isolamento e caracterização de cepas foram de grande valor no delineamento dos aspectos da doença na região. 46 4. RESULTADOS Os resultados destes projetos estão descritos nos três artigos anexados a seguir, seguindo a formatação do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da UEA/FMTAM. 47 4.1 Artigo 1 Mucosal Leishmaniasis – Epidemiological Aspects of 234 Cases Treated in a Tertiary Reference Center in the Brazilian Amazon Leishmaniose mucosa – Aspectos epidemiológicos de 234 casos atendidos em um centro de referência na Amazônia Brasileira Jorge Augusto de Oliveira Guerra1,2, Maria das Graças Vale Barbosa1,3,4, Marcilene Gomes Paes1, Renato Teles de Sousa3, Pricila Gama da Silva3, Maria José Silva3, Alexandre Ribera Macião3, Leila Inês de Aguiar Raposo da Câmara Coelho1,3 & Luiz Carlos de Lima Ferreira1,2,3 1. Fundação de Medicina Tropical do Amazonas 2. Universidade do Estado do Amazonas 4. Universidade Federal do Amazonas 5. Centro Universitário Nilton Lins Abstract: A retrospective study including patients of the Brazilian Amazon region who were diagnosed with ML ATL and treated in a tertiary reference center in the Amazon between July 1992 to December 2008. 234 patients fulfilled the requirements for inclusion in the study. There was a clear predominance of males, comprising 193 (82,5%) of cases. The mean age was 48 years; 186 (79.5%) of patients had undertaken activities that are considered to place one at risk of acquiring ATL: vegetal, animal or mineral extraction. Of the total, 193 (82,5%) presented a prior history of cutaneous leishmaniasis (CL), the average time between the onset of CL and the first symptoms of ML in 138 cases was 16.3 years. 156 cases (66,7%) were located in municipalities that lie on the south bank of the Amazon river, which suggests that Leishmania (Viannia) braziliensis was the principal etiological agent of the cases. Kay words: Leishmaniasis; Mucocutaneous; Leishmania braziliensis; Amazon region 48 Resumo Estudo retrospectivo, incluindo pacientes da Amazônia brasileira diagnosticados com Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), forma mucosa (LM), tratados em um centro de referencia terciária do Amazonas entre julho de 1992 a dezembro de 2008. 234 pacientes preencheram os requisitos mínimos para inclusão no estudo. Observou-se uma clara predominância do sexo masculino com 149 (81%) dos casos. A média de idade foi de 48 anos; 142 (%) dos pacientes desenvolviam atividades consideradas de risco pra adquirir LTA: 60 (32,6%) eram agricultores, 82 (44,6%) trabalhavam em extrativismo vegetal, animal ou mineral, dois (1,11%) eram topógrafos de estradas. Do total, 155 (84,2%) apresentavam história de Leishmaniose Cutânea (LC) anterior, a média de tempo entre o início da LC e o os primeiros sintomas da LM, em 138 casos, foi de 16,3 anos. 156 casos (66,7%) eram procedentes de municípios localizados na margem direita ou calha sul do rio Amazonas, o que sugere que a Leishmania Viannia braziliensis foi o principal agente etiológico dos casos. Palvras chave: Leishmaniose; Mucocutânea; Leishmania braziliensis; RegiãoAmazônica Introduction American Tegumentary Leishmaniasis (ATL) is geographically distributed from the southern United States to northern Argentina. Across the three American continents (Western Hemisphere), eleven different Leishmania species are responsible for the forms that are clinically recognizable, and present distinct epidemiological and demographic patterns1. Between 1995 and 2005, 223,699 cases of ATL were registered in Brazil, 37.9% of which originated in the Northern region, which presented the largest number of overall cases 2. Marsden et al. 3 reported that the prevalence of ML in Brazil lies between 3 and 5%. In the state of Amazonas, ML is around 1.5%, less prevalent than in the rest of the country 4. 49 The dispersion of ATL throughout Brazil from the Amazonian region is believed to have taken place during the rubber boom between 1880 and 1912, which attracted thousands of workers from the Northeast. After this period, most returned to their native lands or were attracted to the coffee boom in the Brazilian southeast. However, the war effort of the 1940s reactivated rubber production in the Amazon, and new waves of Northeasterners arrived in the region 5. The increase in the incidence of leishmaniasis occurred due to various reasons: the geographic expansion of human population, the construction of roads and the creation of new agricultural centers. It brought into play other important factors such as the movement of people to endemic regions as part of colonization projects, the movement of laborers, miners and their companies, and military exercises in jungle areas 6 7 8 9. Within the Amazonian region ATL is primarily a zoonosis, with a transmission cycle that occurs within sand flies and wild animals. In the majority of cases, humans are infected due to environmental alterations, when they may place themselves within the transmission cycle through penetration of the ecosystem 10 11 12 . In the municipality of Manaus, in the state of Amazonas, ATL is predominantly caused by Leishmania (Viannia) guyanensis, whose principal transmitting agent is Lutzomyia umbratilis, followed in frequency by Lutzomyia anduzei 13 14 15 16 . The etiology of mucosal leishmaniasis (ML) in South America is most related to Leishmania (V.) braziliensis17. In Brazil, cases of ML originate mainly in municipalities and states situated on the right bank of the Amazon river when the river is considered a line of separation for the geographic distribution of leishmaniasis species and their various vectors. 50 Manaus is situated on the left bank, a region in which Leishmania (Viannia) guyanensis is predominant. In consonance with this theory, it is observed that the incidence of ML is low in the municipality of Manaus 3 10. Still, it is very difficult to accurately diagnosis ML. A vast majority of cases present only with clinical-epidemiological criteria, many times only supported by additional laboratorial criteria such as a Montenegro skin test (MST – delayed hyper-sensitivity to leishmanial antigens), histopathological data or other characteristics, or detection of parasites via direct exam. In deep mucosal lesions macrophages are seldom seen and parasites are rare. Due to the scarcity of parasites in the mucosal tissues, routine diagnosis is mostly done through clinical aspects and indirect immunologic methods. The intradermal reaction of the Montenegro (skin test) indicates high sensitivity to ML 18. The aspects related to the occurrence of ML in the Brazilian Amazon have yet to be clarified, though it has been asserted that there is a relationship between the cutaneous lesion and the mucosal disease, principally in individuals who engage in activities such as vegetal extraction in areas of pristine rainforest, particularly the collection of latex and Brazil nuts 4 11 19. Acquisition of data on the clinical, epidemiological, and laboratorial factors related to the mucosal disease in the region is important in order to improve disease control and diagnosis of ATL in the Manaus metropolitan area 3 20 21 22 . A majority of cases of ML treated in Manaus have originated in distant regions, and the etiological agents of these cases were never defined, leaving them open to epidemiological inferences. The Amazonas Tropical Medicine Foundation (FMTAM), which treats approximately 51 50% of the cases of ATL in the state, has registered around 1,000 new cases each year 9 12, and approximately 15 to 20 of them are ML. The purpose of this paper is to discuss the appearance of ML in relation to previous cutaneous lesions and how they were managed, in relation to aspects of the disease such as geographic origin, source of patient livelihood, socio-cultural practices and traditions and environmental factors, in patients diagnosed with ATL/ML and treated at the FMTAM. Material and Methods: A retrospective study including patients of the Amazon region who were diagnosed with ML ATL at FMTAM between July 1992 and June 2006 was conducted. The inclusion criteria were: patients submitted for treatment of ML as recommended under official guidelines of the Brazilian Government 23 with a clinical history and physical exam suggesting a mucosal disease and/or a prior history of CL, and/or originating of brazilian Amazonian region. We also took into account the fact that some of them engaged in activities in jungle areas. The cases were confirmed by a positive complementary exam such as MST, detection of Leishmania parasites (direct exam, culture, inoculation in hamsters), serology (indirect immunofluorescence assays with titers ≥ 1:40) and histopathology – with the parasite present, or histological alterations compatible with ML24. Most of the cases of ML were confirmed by histological alterations due to the scarcity of parasites in the mucosal tissues18. Patients were classified according to a set of employment activities defined by Cassano et al.25 in agriculture, animal raising and mineral extraction (hunters, fishermen, forest workers, miners, oil workers, and mineral hunters). For this 52 analysis, priority was given to those who fell within the category of agricultural livelihoods. In the category of risk exposure, the activities considered to be at-risk were: those working directly in the rainforest environment, those involved in vegetal extraction (principally rubber tappers or seringueiros, and others whose primary occupation was the harvest of natural products, such as Brazil-nut collectors and woodcutters), farmers, and inhabitants of endemic areas (both indigenous and nonindigenous populations) during the period of cutaneous lesions. A case of cutaneous leishmaniasis was defined as an ulcerated lesion on the skin hith positive examen (presence of amastigots forms) in the lesion, or which took more than three months to heal and/or the presence of an atrophic scar suggestive of ATL23. All the information contained in documents (treatment records, exam results, etc...) relating to the cases of ML treated in the aforementioned period were evaluated. The data compiled in the clinical charts were registered in a single database, created with the program EPI-Info, version 6.0, 2000 (Center for Disease Control. Epidemiology Program Office. Atlanta, Georgia). This database provided the tools to perform the necessary tests to determine the statistical significance of the data. For all the analyses a significance value was set at 0.05. This is a retrospective study in which the majority of the patients who were carriers of ML resided in places far from urban centers, roads and/or other municipalities. In the cases in which follow-up could not be completed, demographic data, along with clinical and epidemiological aspects were considered. This study was developed according to international ethical standards for biomedical research involving human 53 subjects, and was approved by the Medical Ethics Commission of the FMTAM protocol number - 1809/2006-FMTAM. Results: Two hundred three four patients who had fulfilled the requirements for inclusion in the study were selected. The estimate of ML patients treated in FMTAM was from 15 to 20 cases a year and the results of this study represent nearly 74% of the total cases seen in this unit. Among the cases, there was a clear predominance of males, comprising 192 (82.5%) of the cases. The mean age was 47.6 years (ranging from 8 to 87 years), with the greatest frequency (55 cases, or 23.5%) between 51 and 60 years of age (Figure 1). Table 1 - Clinical epidemiological characteristics of 234 patients with mucosal leishmaniasis treated in a Tertiary Reference Center in the Amazon Characteristic or finding Value Gender, male Age, years (median) Procedence of the right or south bank (Amazon river) 193 (82.5%) 47.7 (8 to 87) 156 (66.7%) High risk activities for acquiring ATL Previous history of CL Presence of cutaneous scar Inadequate treatment of CL Average time between CL and ML 186 (79.5%) 193 (82.5%) 193 (82.5%) 112 (63.6%) 16.7 (30 days to 74 years) 7.9 (30 days to 50 years) Duration of disease, years (median) With regards to lifestyles, 186 (79.5%) of patients engaged in activities extraction of natural resources: 74 (39.8%) patients were agricultural workers, 112 (60.2%) 54 worked in extraction of natural resources (97 rubber tappers, six fishing’s, four woodcutters and five mineral-worker´s) 48 (21.5%) patient’s lived or worked in another activities on the No. patients transmission areas. 60 Male 50 Female 40 30 20 10 70 > 70 61 to 60 to 50 51 to 40 41 31 to 30 to 20 21 to 12 1 to 10 0 Age-group Figure 1 – Mucosal leishmaniasis in a Tertiary Reference Unit in the Amazon. Distribution of patients by gender and age-group. Of the total, 193 (82.5%) had a prior history of CL (of which eight had the concomitant form – mucocutaneous leishmaniasis- MCL), 41 (17.5) had no prior history of CL. The average time between the onset of CL and the first symptoms of ML, in 163 cases, was 16.7 years, ranging from 30 days to 74 years (Table 1). The average duration of the mucosal disease, on 227 patients, was 7,9 years. With regards to geographic location, 156 (66.7%) cases originated in the state of Amazonas, 45 (19.2%) in Pará, 15 (6.4%) in Acre, 11 (4.7%) in Rondônia, and the remainder from other Brazilian states of Amazon region. 156 cases (66.7%) were 55 located in municipalities that lie on the right or south bank of the Amazon river (Figure 2). Figure 2 - Mucosal leishmaniasis in a Tertiary Reference Unit in the Amazon. Geographic distribution of cases period (1992 to 2008) according to municipality source on Brazilian Amazonian region. Discussion Mucosal leishmaniasis represents a considerable public health problem in Latin America. Widespread distribution in some countries and the severity of its morbidity explain part of the concern for the healthcare system. Recent data have shown an increase in its incidence in several Brazilian states and new areas 26 being affected with each passing year. The questions concerning the occurrence of ML and its 56 diverse facets have been discussed by various authors24 27 28. The way of life of the population in the Amazon region, in direct contact with an otherwise pristine environment, particularly increases its exposure to the different vectors of ATL. This fact results in infections, symptomatic or asymptomatic, which lead to ML. Various activities have been associated with the risk of contracting ATL 29 30 31. In the same way, activities related to vegetal extraction, mainly those related to rubber tapping as observed in the cases discussed here, appear to represent an increasing risk factor. This finding is in congruence with Marzochi and Marzochi 32 who refer to the predominant areas of L. (V.) braziliensis, the large rubber tapping region of the Amazon, which are confined almost exclusively to the tributary rivers on the right (southern) bank of the Amazon river, as observed in this study with 73.4% of cases analyzed coming from this region. In the Amazon, ribeirinhos (people living near the river) and indigenous people use different products to feed themselves. They get their food mainly from hunting, fishing, resource extraction and agriculture. The abundance or scarcity of these resources in a certain region is an important factor that determines the search for new economic activities. In this way, even when agriculture is the basic subsistence activity, other initiatives, such as vegetal extraction become fundamental strategies in the survival of these populations33. In Manaus, a description given by Matta in 1910 34, correlates the incidence of leishmaniasis with the harvesting of Brazil nuts on the Trombetas river in the state of Pará and indicates the origin of such cases in the Purus region of the state of Acre. The findings of the present study, with 156 cases who proceedings of municipalities that lie on the right or south bank of the Amazon river, which suggests that L. (V.) braziliensis was the principal etiological agent of the cases and confirm the 57 conclusions of Paes et al. and Sousa4 19, who observed 1.4% of cases of ML patients who came from areas within the right side of the Amazon river and engaged in vegetal extraction in the rainforest. Unlike the outbreaks of CL linked to the unplanned settlements close to areas considered to be pristine rainforest12 35, ML in the Amazon region appears to be more closely related to occupational activities of the patients in forest regions, principally those linked to vegetal extraction, as was observed in the majority of cases described herein, in agreement with previous studies3 4 19 32. Most of the activities carried out by our patients put them into a situation considered to be at-risk for primary infection (CL) or development of mucosal disease (ML) years later. Studies involving half-caste population in the Amazon region have demonstrated that activities in forested areas are associated with different professional categories, agriculture being the most important of them. On the one hand, they call themselves or are referred to as “agro workers”, but on the other, they take part in other activities inside jungle areas year-round, as observed in our patients in this study. These activities include hunting, fishing, wood-extraction, collecting material for domestic use (fences, firewood, palm leaves for building, etc.) and collecting wild fruits36. Regarding rubber tappers (seringueiros), it is possible that the geographic proximity and time spent in contact with rubber trees facilitate transmission due to the presence of sand flies on tree trunks, as was observed in other studies carried out in the Amazon region10 11. In the rest of Brazil, however, ML is predominantly caused by L. (V.) braziliensis24 26 27 28 29 37 38 , whereas in the state of Amazonas both L. (V.) braziliensis and L. (V.) guyanensis are found39. Human infections are observed in people who undertake 58 activities related to forest extraction, such as deforestation, road construction, oil drilling, and scientific expeditions22. In most endemic areas, 1–10% of CL infections result in mucosal leishmaniasis 1-5 years after CL healed3 18 35. In this study, the median gap between occurrence of LC and ML was 16.7 years. In the cases described herein, the predominance of subjects over 40 years of age, as indicated by the average age of 47,7 years, has also been observed in studies involving ML29. These data differ from those observed in the cutaneous forms of the disease, for which the predominant age group is between 20 and 40 years28. Various studies have demonstrated the predominance of the male sex and the incidence of ATL, including ML10 11 28. Environmental factors predispose men to the vectors within forested areas or in other areas of transmission and in this study 82,5% of patients were male. In a study carried out in Peru, Lucas et al.40 observed that, of 351 people isolated with Leishmania, 279 had Leishmania (Viannia) braziliensis, with 69% of these patients being carriers of MCL. Therefore, the Peruvian reality shows that a greater number of cases come from areas with difficult access, mainly due to the forest or lack of roads. This fact represents an obstacle to the diagnosis and adequate treatment of many people with leishmaniasis. A few patients within the state of Amazonas ended up travelling for more than 15 days by boat to reach the capital, Manaus. Once they reached Manaus, they needed to stay there enough time to get an appointment and to allow time to confirm diagnosis and receive treatment. Unfortunately most of them remained only for a short period of time, because they did not have the financial resources to stay longer 59 in the city. A large part of these patients only sought out medical attention in the capital after many years with the disease without having received a definitive diagnosis or specific treatment. The findings are corroborated by several authors3 27 30 38 , who suggest that a contributing factor to the development of the mucosal disease could be inadequate or irregular treatment of the primary cutaneous lesions. These findings are similar to those in this study which showed that, of the 192 patients who had CL, 112 (63.5%), had a history of inadequate treatment of their cutaneous lesions. Our research indicates that patients required a long time to have their cutaneous lesions healed, in most of cases more than six mouths. Multiple or extensive cutaneous lesions of long duration are more frequently associated with mucosal complications, determining ML29. Epidemiological data suggest that MCL occurs principally as a result of inadequate treatment or irregular dosages of the medication for primary cutaneous lesions 3 29 37. Apart from that, individual characteristics should be related to an hypersensitivity to other Leishmanial antigens in the regulation of immunological response41. Mucosal lesions tend to form years after the healing and scarring of the primary lesion. Although the evolution is usually slow, the necrosis of mucosal tissue tends to be progressive and difficult to cure15. In the Brazilian Amazon, where the mucosal disease tends to occur in patients with a history of a previously untreated, or inadequately treated, cutaneous lesion, various patients have presented with simultaneous cutaneous and mucosal lesions. Such cases have L. (V.) braziliensis as their etiological agent, which is recognized as the 60 most important etiological agent of Mucocutaneous Leishmaniasis (MCL) in the western hemisphere10 30 37. With regards to laboratorial diagnosis, in the cases studied by Camera et al. 17, L. (V.) braziliensis DNA was encountered in the blood of 26% of those individuals who lived in areas with endemic ATL; these authors put forward the hypothesis that the formation of new cutaneous lesions or the mucosal disease could be the result of the endogenous reactivation of the parasite, echoing the hypothesis already proposed by Saravia et al.42. The mechanisms that are responsible for these reactivations are still unknown. However, various factors could influence this reactivation, including the patient’s genetic background and/or the state of their immune system, systemic conditions (such as diabetes or hypertension), local trauma, immunosuppressive treatment or co-infection with HIV17 27 29. In this study, a important relationship between the mucosal form of the disease and a prior history of ATL was observed, as noted by several authors3 26 28 29 35. In accordance with the data analyzed, it can be observed that despite the low prevalence of the mucosal disease in the region, ML is amply distributed in the Amazon region35. Thus, it is quite probable that distance, accessibility and even the notification of cases, inhibit the actual spread of the disease within the region. This fact also contributes to the evolution of this clinical form, because the time for the development of LC has an important relation with the appearance of ML 3 17 26 28 29 . The official data do not reflect the reality either, due to the lack of notification or information about the outcome of such cases. It is important to emphasize that the level of difficulty involved in the diagnosis of MCL impedes its incorporation into the routine of the majority of healthcare centers, 61 and for this reason, notification data and studies of epidemiological variables are extremely relevant. The complexity and severity of the mucosal disease, its chronic character, its tendency to relapse, the difficulty in obtaining a correct diagnosis, and the limited access to treatment are some of the characteristics that hinder the understanding of the clinical and epidemiological aspects of these cases, reflecting the challenges facing these populations and their healthcare services. For these reasons, studies that are simpler, cheaper, and more effective are necessary to trace the endemic profiles which could clarify the demands upon and actions of the public health services. Therein lies the importance of this study. Based on these results, we can infer firstly that the exposure of individuals to activities mainly in areas of dense jungle, in the regions on the right side of the Amazon river leaves them exposed to LTA vectors; and secondly, that the difficulties that they face to receive diagnosis and subsequent treatment of the cutaneous lesions contribute to the appearance of the mucosal form. We can state, based on this research, that MCL is also a great challenge for the public health of the populations that inhabit the Amazon and which manifests itself in the very livelihood of these populations, who maintain a high degree of intimacy with the rainforest, from which they derive their sustenance. This gives rise to, in the majority of cases, the formation of a cutaneous lesion which is not adequately treated because of the lack of knowledge of its complications, which itself is the result of a lack of access to a valid diagnosis and appropriate treatment, eventually manifesting itself, often years later, as the mucosal disease. 62 In sum, we emphasize that the findings of this study ought to be complemented by others involving populations with similar characteristics, due to the magnitude of this problem in the Amazonian population. References 1. World Health Organization. Control of the leishmaniases. Technical report series 793. Geneva, 1990. 2. MS B. Indicadores de morbidade e fatores de risco. Leishmaniose tegumentar http://tabnet.datasus.gov.br/ 2008 (accessed on 10/Oct/2008). 3. Marsden PD. Mucosal leishmaniasis ("espundia" Escomel, 1911). Transactions of Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 80(6):859-876, 1986. 4. Paes MG, Barros M, Toledo LM. 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Study conducted as part of the doctoral thesis Student Jorge Augusto de Oliveira Guerra, as a prerequisite for obtaining a doctorate in tropical and infectious diseases at the University of the State of Amazonas. Abstract Background: Leishmania (Viannia) braziliensis is a parasite recognized as the most important etiologic agent of mucotaneous leishmaniasis (MCL) in the New World. In Amazonia, seven different species of Leishmania, etiologic agents of human Cutaneous Leishmaniasis, have been described. Isolated cases of mucosal leishmaniasis (ML) have been described for several different species of Leishmania: (L. (V.) panamensis, L. (V.) guyanensis and L. (L.) amazonensis) 69 Methodology This paper describes 46 cases of ML and their geographical origin, 30 for Leishmania (Viannia) braziliensis and 16 for Leishmania (Viannia) guyanensis, that were characterized by PCR of tissues taken from mucosal biopsies of Amazonian patients who were diagnosed with ML and treated in a Tertiary Care Unit, in the city of Manaus, Amazonas State, Brazil. Results The reported 46 cases of ML caused by L. (V.) guyanensis, and L. (V.) braziliensis and their geographical origin. This is the first record of ML cases in 16 different municipalities in the state of the Amazonas and of simultaneous detection of both species in 4 municipalities of this state. It is also the first record of LM by L. (V.) guyanensis in the states of Pará, Acre, and Rondonia and cases of LM by L. (V.) braziliensis in the state of Rondônia. Conclusions/Significance L. (V.) braziliensis, is the predominant species that causes ML in the Amazon region. However, contrary to previous studies, L. (V.) guyanensis is also as significant causative agent of ML in the region. The clinical and epidemiological expression of ML in the Manaus region is similar to the rest of the country although the majority of ML cases are found south of the Amazon River. Introduction Mucosal Leishmaniasis (ML) in the Americas is mainly associated with L. (V.) braziliensis, the specie recognized as the most important etiologic agent of the 70 disease. L (V.) panamensis, L (V.) guyanensis and L. (L.) amazonensis have also been associated with ML, but very few cases of ML have been associated with L (V.) guyanensis [1,2,3,4,5]. Marzochi and Marzochi (6) [6], based on the epidemiological and geographical distribution of L. (V.) braziliensis in different ecosystems, suggested that human Leishmaniasis emerged in the western Amazon, in particular south of the Amazon River where L. (V.) braziliensis is predominant. In eastern Amazonia, the mucosal disease is the result of patients with a previous history of skin lesions that were not treated properly [7]. According to Alvar et al. [8] Leishmaniasis is a neglected tropical disease that has a strong link with poverty; its burden falls disproportionately on the poorest segments of the global population in endemic areas. Increased infection risk is mediated by poor housing conditions, environmental factors, lack of personal protective measures, economically driven migration and contact to the vectors. Lack of healthcare access causes delays in appropriate diagnosis and treatment and accentuates leishmaniasis morbidity and mortality. ML is an important public health problem and neglected disease in the Amazon. Early diagnosis and access to treatment of cutaneous lesions are crucial to avoid the evolution to the ML, or complications of this form of the disease, given its complexity and severity. 71 In the state of Amazonas, the majority of cases of ML are seen in patients from areas south of the Amazon River, who typically work in areas of primary rain forest, involved in activities related to forest product extraction [9,10]. In an attempt to improve diagnosis, molecular techniques like PCR have been developed for the detection of Leishmania parasites in clinical samples [11,12], however the low amount of DNA found in paraffin tissue hinders the characterization of species [13]. The identification of parasite species, today most commonly from genetic analyses, can directly contribute to our understanding of the epidemiology of Leishmaniasis [14,15,16,17]. The aim of this study is to describe the distribution of Leishmania species in Amazonian patients with ML that were treated at the Tropical Medicine Foundation of Amazonas (FMT-AM), a Tertiary Care Unit, while taking into consideration the geographic origin of each case. Materials and methods: The study population consists of patients with ML who were diagnosed and treated at the FMT-AM in the city of Manaus, Amazonas State, Brazil, from July 1992 to December 2006. All patients came from the Brazilian Amazon. This region covers an area of 5,000,000 km2, 59% of Brazil’s territory, and contains over 775 municipalities in the states of Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Western Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima, Acre and Tocantins. The total population for the region has been estimated at 20.3 million people - 68.9% of whom reside in urban areas while the remaining 31.1% reside in rural areas [18]. DNA Preparation 72 The biopsied tissues were preserved in three different media: a) Formalin-fixed paraffin-embedded, b) Imprint tissue on filter paper, or c) in buffer L6 [19]. The methodology for the extraction of DNA varied according to preservation methodology. Embedded in paraffin: We performed 12 cuts of 20 µm in each block of embedded tissue, using a disposable blade for each block, and the samples were deposited in 1.5 mL Ependorf tubes. The deparafinization was done with xilol and the DNA extraction using the protocol of the Dneasy Blood & Tissue Kit (Quiagen). Filter paper: The material from the filter paper was cut and placed in sterile ependorff tubes. DNA was extracted using the "blood spot" protocol of PureLink Genomic DNA kit (Invitrogen). Biopsies solution L6: Excess solution was removed by centrifugation at 14.000rpm. The supernatant was discarded and the tissue was homogenized using individual disposable test tubes (Anachem). The tissue was then processed using the DNeasy Blood & Tissue Kit (Qiagen) as described by the manufacturer. DNA amplification by PCR The presence of Leishmania DNA in tissue samples was detected by PCR using genus-specific primer 13a and 13b [20] according to the protocol described by Reale et al. [21]. In all tissue samples that were positive for Leishmania, PCR-RPLF was used to identify each species present in the biopsy. PCR was performed as described by 73 Marfurt et al. [22]. DNA was amplified using primers Fme and Rme. Ten ul of the PCR products were digested with 1U HaeIII and 1U NcoI (New England Biolabs) at 37 ° C for 2 hours and 30 min. The resulting restriction fragments were separated on a 2.5% agarose gel . The size of the fragments was estimated by comparison with a 100bp DNA ladder and compared with positive controls for L. (V.) braziliensis and L. (V.) guyanensis. As positive controls for DNA extraction, all DNA samples that did not amplified Leishmania-PCR using 13a and 13b primers, were subjected to PCR targeting 147bp fragments of human actin gene. The sequence of primer used was Hu_actin1_fwd 5'-CTGTGGCATCCACGAAACTA-3 'and Hu_actin1_rev 5'-AGGGCAGTGATCTCCTTCTG-3'. The PCR reaction was performed in a volume of 25µl 0.3µl containing each primer, 3.5, µgCl2, 0.2 mm dNTPs and 1U Platinum Taq DNA Polymerase (Invitrogen). The PCR conditions were 5 min at 94 ° C followed by 40 cycles of 35s at 94 ° C, 30s at 55 º C, and 30s at 70 º C. This study was prepared in accordance with international ethical guidelines for biomedical research involving human subjects (Resolution CNS 196/96, 1996), and it was approved by the Ethics Committee of FMTAM under protocol number 1809/2006-FMTAM. The authors are not part of any associations or commercial relationships that might represent conflicts of interest in the writing of this study. Results: The reported 46 cases of ML caused by L. (V.) guyanensis, and L. (V.) braziliensis and their geographical origin are depicted in Figure 1. This is the first record of ML 74 cases in 16 different municipalities in the state of the Amazonas and of simultaneous detection of both species in 4 municipalities of this state. It is also the first record of LM by L. (V.) guyanensis in the states of Pará, Acre, and Rondonia and cases of LM by L. (V.) braziliensis in the state of Rondônia. Thirty eight patients had previous history of LC. Thirteen patients were from municipalities located north of the Amazon River and 33 patients came from south of the river. Among the 46 patients, 38 were male and 8 were female. The average period mediating skin to mucosal disease was 17.9 years (range: 4 months to 74 years) and the average duration of the mucosal disease was 8.3 years (30 days to 39 years). Two of the female patients had concomitant injuries (CL / ML). Both were pregnant at the time of the CL and therefore did not treat their skin lesions. The average age of the study population was 47.5 years (range: 16 to 80) (Table 1). The PCR, performed on samples of 143 patients, was positive in 56 individuals, but in 10 samples it was not possible to characterize the species, probably due to the low amount of DNA or a consequence of formalin fixation and paraffin embedded tissues. Nine patients received adequate treatment of their LC while 29 had inadequate or irregular treatment. One patient had only oral involvement, 45 had nasal involvement, eight of which were associated with oral forms., 20 patients had ulcerated or granulomatous lesions, 20 had perforation, one of which was in the palate, and six patients had infiltrated. The most frequent complaints were nasal obstruction (33/46), removal of crusts (28/46), epistaxis (18/46), rhinorrhea (16/46), and pruritus (16/46). 75 Figure 1 - Spatial distribution of ML cases by species according to the municipality of origin. The Montenegro skin test (MST) was positive in 41 cases, negative in one, and not performed in the remaining four. Direct examination was positive in six cases, negative in 33, and not performed in six. The histopathological exam of the mucosal tissues was compatible with LM in 31 cases, positive in three, and inconclusive in six. Chronic rhinitis was seen in three patients and absent in two. Serology was positive in 23 of 41 samples. Discussion: Leishmaniasis is a disease that is increasing in the Northern Hemisphere as a result of tourism and armed conflict in tropical regions [23,24]. Cases of ML has been 76 associated with multiple species [2,3,4], but, our record of cases of ML caused by L. (V.) guyanensis is unusual. It was believed that the occurrence ML caused by L. (V.) guyanensis was extremely low, with only isolated cases having been described. The past low infection rates described in the literature is likely the result of scarce studies on ML in the regions where L. guaynensis is endemic. The geographic distribution of american tegumentary leishmaniasis cases indicate that L. (V.) braziliensis is the predominant species south of the Amazon River [25] while studies in the Manaus region (north of the Amazon River) [19,26] found that L. (V.) guyanensis is the most common species. In this study, 32 (71.1%) of the ML cases are from the south of the River: 22 (68.7%) were caused by L. (V.) braziliensis and 10 (31.3%) by L. (V.) guyanensis. North of the Amazon River 13 (28.9%) patients were infected: 8 (61.5%) with L. (V.) braziliensis and 5 (38.5%) with L. (V.) guyanensis (Figure 1) which were mainly found in the Manaus area. This data suggests that no major differences exist between north and south of the river distribution of species causing ML. The association between mucosal disease and previous skin lesions is widely accepted, as both forms can be caused by a single species [27,28], and indeed in the 46 cases described here 37 had previous history of CL. In the eastern Brazilian Amazon, the mucosal disease is the result of patients with a history of previous skin lesions that were untreated or treated inappropriately and which were often caused by L. (V.) braziliensis [5,27]. The data from this study on patient age and the relationship between a previous history of LC are in support of previous findings [10,29]. 77 The current study extends this information and contributes new data on the distribution of L. (V.) braziliensis in western Amazonia, providing the first record of this species in 16 municipalities of Amazonas state and an additional 12 municipalities in three other states in the region: Acre - 1 case, Rondonia - 5 cases, and Pará - 7 cases. It is also very important to emphasize the record of 16 ML cases caused by L. (V.) guyanensis in six different municipalities of Amazonas state, in three municipalities of Pará, one of Rondônia and one of Acre (Figure 1). The prevalence in males in our study population was also observed by other authors [30,31]. The average time of 17.6 years between the occurrence of LC and the appearance of LM (with one patient having a 74-yer gap between CL and ML) recorded in this study is also in agreement with previous findings [32,33] on the persistence of this parasite in the host’s body of the host and the subsequent triggering the mucosal disease. From the clinical point of view, we would like to draw the reader’s attention to the large number of cases - 21 (45.7%) - with nasal perforation, which supports previous findings [28] that have demonstrated the potential of this species to cause more severe disease. In summary, based on the results of this study L. (V.) braziliensis, which caused 2/3 of the studied cases, is the predominant species that causes ML in the Amazon region. However, contrary to previous studies, L. (V.) guyanensis is also as significant causative agent of ML in the region. The clinical and epidemiological 78 expression of ML in the Manaus region is similar to the rest of the country although the majority of ML cases are found south of the Amazon River. ML infections are much more common in men than in women, and men also tend to develop more severe forms of disease with large numbers of perforation and involvement outside of the nasal cavity. Author Contributions Conceived and designed the experiments: HMCS SPR LIARC. Performed the experiments: SPR HMCS. Analyzed the data: MGVB PG AM LCLF. Contributed reagents/materials/analysis tools: JAOG LIARC MGVB LCLF. Wrote the paper: JAOG LCLF MGVB. References 1. Amato VS, Tuon FF, Siqueira AM, Nicodemo AC, Neto VA (2007) Treatment of mucosal leishmaniasis in Latin America: systematic review. Am J Trop Med Hyg 77: 266-274. 2. Barral A, Pedral-Sampaio D, Grimaldi Junior G, Momen H, McMahon-Pratt D, et al. (1991) Leishmaniasis in Bahia, Brazil: evidence that Leishmania amazonensis produces a wide spectrum of clinical disease. Am J Trop Med Hyg 44: 536546. 3. Naiff RD, Talhari S, Barrett TV (1988) Isolation of Leishmania guyanensis from lesions of the nasal mucosa. Mem Inst Oswaldo Cruz 83: 529-530. 79 4. Osorio LE, Castillo CM, Ochoa MT (1998) Mucosal leishmaniasis due to Leishmania (Viannia) panamensis in Colombia: clinical characteristics. Am J Trop Med Hyg 59: 49-52. 5. 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We followed 234 patients, 193 of whom were males (82.5%) from a study population whose mean age was 47.7 years. 193 (82.5%) of our subjects had a previous history of cutaneous leishmaniasis (CL) and 112 (63.6%) previously received irregular treatment. Lesions in the nasal septum were seen in 232 (98.7%) cases and we had 109 (46.6%) nasal/oral perforations, 103 (44%) ulcerated lesions, 22 (9.7%) granulomatous lesions, and 18 (7.7%) had oral involvement. The average delay between LC skin lesions and the onset of ML symptoms was 16.7 years in 163/193 patients, while the mean duration of ML 84 infection was 7.8 years. The observed symptoms of ML were: nasal obstruction 127 (70%), removal of crusts 103 (53.3%), rhinorrhea 90 (48 9%), epistaxis 85 (46.2%), pruritus 70 (38%), pain 37 (20.1%), and dysphonia 24 (13%). Rhinoscopy showed ulcers 69 (37.5%), perforation 89 (48.4%), nasal forms without extra perforation 13 (7.1%), and infiltration 13 (7.1%). Intradermal reaction to the Montenegro skin test (MST) was positive in 209/214 (97.7%) cases. Histopathology was compatible or positive for leishmaniasis in 124/174 (71.3%) cases. Serology was positive in 85/220 (38.6%) cases. Of the 230 patients, 170 (73.9%) were treated initially with antimonials yielding a 48.2% cure rate and a 12.4% loss. 60 (26.1%) were initially treated with pentamidine, which cured 61.7% with a loss of 28.3%. The final outcome of treatment was a 74% (173/234) cure rate with a 26% (61/234) loss. Keywords: Mucosal leishmaniasis, Brazilian Amazon, antimony INTRODUCTION In the Americas, Mucosal Leishmaniasis (ML) frequently presents with the involvement of the mucosal lining of the upper airways, causing perforation, ulcerative or vegetating lesions, and necrosis of the cartilaginous septum, nasal turbinate, soft and hard palates, the nasal pyramid, uvula, pharynx and larynx. It may also cause problems with swallowing, phonation, and respiration 1,2 . ML is most commonly associated with L. (V.) braziliensis, a species recognized as the most important etiologic agent of ML in the New World 3. It is a disease that is increasing in the Northern Hemisphere as travelers return home following participation in tourism or armed conflict 4,5,6 . In Brazil, most cases comes from cities 85 and states to the south of the Amazon River where L. (V.) braziliensis predominates 7,2 . In the eastern Brazilian Amazon, the mucosal disease is the result of patients with a history of previous skin lesions, often caused by L. (V.) braziliensis, that were either untreated or were treated inappropriately 7,8,9. It was difficult to diagnose LM because patients typically had only a clinical/epidemiological diagnosis and few had a laboratory diagnosis. Unlike cutaneous leishmaniasis (CL), which has relatively fixed treatment lengths, there is not a standardized treatment length for LM. Treatment failures are regularly encountered and dropouts and discontinuities are frequent 10 . There have been a few studies of LM in the state of Amazonas 11,12,13 , and yet none of them discusses all aspects surrounding the disease. Thus, the purpose of this study is to show the clinical diagnosis and treatment of patients with LM who were treated at FMTAM. PATIENTS AND METHODS: This is a retrospective study that evaluates data from patients diagnosed with LM and treated at the FMTAM between July, 1992 and December, 2008. We included patients with LM treated at the FMTAM with clinical histories and physical examinations suggestive of mucosal disease (hyperemia, ulcer, or infiltration in the nasal region, oropharynx or larynx with exposure, perforation or destruction of nasal cartilage and injury of the palate)1,2, preferably with a complementary positive test (serology, intradermal Montenegro skin test (MST), direct examination, with 86 positive histopathological findings compatible with LM 14 or Polymerase Chain Reaction (PCR)). The study group consisted of patients who were previously treated for ML (whether they responded to the treatment or not). During rhinoscopy we considered severe cases to be those patients with lesions, those with nasal and extra nasal destruction, and/or those with perforation. Moderate cases were those with ulcers, and mild cases were those with infiltration. Data (medical records, report cards, test results etc.) were analyzed in Microsoft Excel version 6.0. For all statistical tests we used a significance value of 0.05. This study was conducted in accordance with international ethical guidelines for biomedical research involving human subjects (protocol number 1809/2006-FMTAM). There are no conflicts of interest. RESULTS: We had a total of 234 patients in the study, 193 (82.5%) of whom were male. The mean age was 47.7 years (range: 8-87). 193 (82.5%) had a previous history of LC (176 reported treatment, of which we considered 112 (63.6%) to have received irregular treatment). Lesions were seen in the nasal septum in 232 (98.7%) cases. Of patients with lesions, 109 (46.6%) had perforation nasal/oral, 103 (44%) had ulcers, 22 (9.4%) had infiltrates, and 18 (7.7%) had oral lesions. 73 (31.2%) of patients had LM 1 to 10 years after they had LC. The mean delay between LC and LM was 16.7 years in 163/193 patients (in 30 cases the patients did not note the timing of their infections). The mean duration of the LM infection was 7.8 years (range: 30 days - 50 years). The clinical presentations were: 200 (85.6%) nasal, 29 nasal pharynx (12.4%), 2 nasal pharynx and larynx (0.8%), 1 oropharyngeal (0.4%), 87 and 1 oropharynx and larynx (0.4%). The most frequent patient complaints were: nasal obstruction 127 (70%), crust formation 103 (53.3%), rhinorrhea 90 (48.9%), epistaxis 85 (46.2%), pruritus 70 (38%), pain 37 (20.1%), and dysphonia 24 (13%). At Rhinoscopy we observed: ulceration 104 (%), perforation 109 (48.4%), nasal forms without extra perforation 13 (7.1%), and infiltration 22 (7.7%) (Table 1). Among patients with perforation, the mean disease duration was 11.2 years. For those without perforation it was 4.7 years. Seven patients (3%) had perforated palates. The MST was positive in 209/214 (97.7%) cases and histopathology was compatible or positive for LM in 124/174 (71.3%). Serology was positive in 85/220 (38.6%) cases (Table 2). In the analysis of the treatments received by the 230 patients, 170 (73.9%) were treated initially with antimonials, of which 48.2% were considered cured and 12.4% were lost. In the 60 (26.1%) cases that were treated initially with pentamidine we observed a 61.7% cure rate and a 28.3% loss. In the final outcome of treatments 173 (74%) patients were considered clinically cured and 61 (26%) were lost due to lack of follow-up. The evaluation period varied between 6 and 12 months. Table 1 - Clinical Presentation – Rhinoscopy Clinical presentation Serious N % Nasal Perforated 90 38.5 Extra-nasal Perforated 19 8.1 Unperforated 15 6.4 Moderate Ulcerated 90 38.5 Mild Infiltrated 20 8.5 234 100.0 Total 88 Table 2 – The sensitivity of different diagnostic methods Histopathology Direct exam IDRM Serology Positive 6 (2.6%) 32 (13.7%) 209 (89.3%) 85 (36.3%) Negative 50 (21.4%) 98 (41.9%) 3 (1.3%) 135 (57.7%) Not realized 26 (11%) 60 (25.6%) 18 (7.7%) 0 (0%) Not recorded 35 (15%) 11 (4.7%) 1 (0.4%) 14 (6%) Compatible with ML 117 (50%) - - - Table 3 - The outcome of cases following the first treatment with Antimonials or Pentamidine Frist treatment Antimonials Total N 170 (72.%) Pentamidine 60 (25.6%) Outcome Cured Failed Lost Cured Failed Lost N 82 (48.2%) 67 (39.4%) 21 (12.4%) 37 (61.7%) 6 (10%) 17 (28.3%) DISCUSSION American Tegumentary Leishmaniasis is a serious public health problem in Amazonia, particularly in the state of Amazonas 15,16 and mucosal involvement is frequent13. The majority of the LM cases in our study were seen in individuals over 40 years old (mean 47.77), similar to what has been reported elsewhere 10,19 . One factor in the development of LM may be inadequate treatment of skin lesions or irregularities in their primary treatment 14,18,19 as we observed in 112/193 (63.6%) patients who had a previous treatment history for their skin lesions. The average time of 16.7 years between LC and LM differs from the 3 to 4 years found by Marsden et al. 18 but they found, as did we, that most cases occurred between 1 and 5 years after the LC. 89 The genetic background of the host, immune status, association with systemic diseases, local trauma, immunosuppressive treatments, and co-infection with the HIV virus are all mechanisms that theoretically can trigger reactivation 20,21. We also found a relationship between the occurrence previous of LC and mucosal disease, as observed by several other authors 2,18 . Another possibility explaining the trend could be an age-related decline in immunity because most patients who had LM were over 40 years old. For 15 patients in our study ML appeared 40 to 74 years after the onset of LC, as was observed by Schleucher et al. 22. The extreme shortage of parasites in ML lesions was not correlated with the severity of disease in these cases 23. Factors related to an exacerbated immune response are the most widely accepted as determinants of clinical disease 22,23,24 . In this study nasal septum involvement was the most common finding. While the oral mucosa, pharynx, and larynx may be affected, the apparent preferred locale of the disease is in the mucosa of the nasal septum 1,4,17, 18 . 85.5% of patients in this study had just nasal involvement and only 1% of the remaining forms were not associated with nasal involvement. A study done in Bahia18 found 56.5% of patients had nasal perforation, though we found slightly fewer - 46.6%. The perforations in this study seem to be more related to the average evolution time of 11.2 years versus the 4.7 years that was observed in cases without perforation. Although many diagnostic techniques have been developed, in endemic areas the diagnosis of LC and LM is often done based only on the clinical data associated with the MST 25 . This results in the variety of diagnostic limitations that have previously been discussed in the literature 10, 12,26, 27. 90 In this study we found 20% positivity in the direct exam. In addition to the four different methods of isolation/encounter, the parasite was recorded in 35 cases (19.2%) (the PCR results added an additional 80 cases (39.8%)). However, due to the low frequency of parasites in these lesions, the sensitivity of these methods varies from 10-45% and rarely exceeds 50% 2,28. The sensitivity of serological methods and the possibility of cross reactions are also variable and they have low correlations with the clinical aspects of the disease29,30. However, Barroso-Freitas et al.31 had good results using the ELISA and IIF to compare two different antigens (L. braziliensis and L. major-like). In this study serology also demonstrated a low correlation, with 37% of the cases being positive. The MST test performed best, and although it is subject to positive cross reactions, when it is more than 10 mm it is suggestive of LM. Da-Cruz et al. 24 observed statistically significant differences between patients with LC and LM and in this study we observed 98.1% positivity among the 165 tests performed (143 (86.7%) of them were greater than 10 mm). For patients with negative biopsies for Leishmania, many authors utilize histopathological exams that are compatible with ML for their diagnoses 14,32,33 . This study found that 47.8% of the cases were compatible with ML and 2.7% were positive for Leishmania. PCR has been considered by several authors to be the method of choice in the diagnosis of LM. In this study the time of biopsy embedment of some patients may have contributed to the low observed sensitivity 56/143 (39.2%), though different authors, mainly using minicircle kDNA as their target, have reported sensitivities ranging from 62 to 97.1%19,29,34, 35,. 91 Mucosal leishmaniasis lesions almost never heal spontaneously and secondary bacterial infections are common36. In cases of strong clinical suspicion that lacked parasite isolation treatment with antimonials was nonetheless highly effective 37 . Antimonail failures were regularly observed in this study and required the use of alternative treatments, of which we found pentamidine to be the most successful as has been demonstrated in the literature11,1,38,13. It is crucial to note that, in spite of these treatment successes, follow-up periods must to be substantial to avoid the possibility of observing only the response to the initial treatment and missing the losses that have been associated with social aspects (e.g. distance and lack of patient financial resources)39. The present study is of great importance for understanding the occurrence of the mucosal disease in the Amazon region where there is a large gap in our knowledge due to the lack of published data. We conclude that ML is an important public health problem in Amazonia and that early diagnosis and access to treatment and long-term monitoring are crucial given the complexity, severity, and potential complications of the disease. BIBLIOGRAFIA 1. Lessa H, Machado P, Lima F, Cruz AA, Bacellar O, Figuiredo J, Carvalho E et al. Successful Treatment Of Refractory Mucosal Leishmaniasis With Pentoxifylline Plus Antimony Am J Trop Med Hyg 2005;73(1) 69–73. 2. 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Diversos estudos sugerem que um fator para o desenvolvimento da doença mucosa pode ser o tratamento inadequado das lesões cutâneas primárias ou irregularidades no seu tratamento 100,77,153 como observado em 89 (66,4%) dos 134 doentes deste estudo que possuíam história de tratamento de suas lesões cutâneas, estes dados corroboram com a hipótese de que a doença mucosa pode ser resultado de reativação endógena dos parasitos 154 , tanto para aqueles que tiveram LC, quanto para os que moram em áreas endêmicas como a maioria dos doentes desse estudo, embora Schiefer et al. 155 recomendem cautela no uso de dados de residência para inferência de etiologia nos casos de LM, devido ao longo período de latência entre a infecção primária e a ocorrência da doença mucosa. O tempo médio de oito anos entre LC e LM difere daquele encontrado por Marsden et al. 153 que foi de 3 a 4 anos. Entretanto a maior ocorrência de casos no intervalo entre 1 a 5 anos após a LC foi também encontrada neste estudo, assim como naquele. O background genético do hospedeiro, o seu estado imune; ainda a associação com doenças sistêmicas, assim como traumas locais ou tratamentos imunossupressivos ou co-infecção com o vírus do HIV, são mecanismos que teoricamente podem disparar essas reativações e fatores que podem ter influencia em sua ocorrência, como observado por diversos autores, neste estudo também foi observada uma associação entre ocorrência de LC anterior e doença mucosa 118,153,51,79 . Uma outra 98 hipótese poderia ser o declínio da imunidade pela idade, pois a maioria dos doentes apresentou LM acima dos 40 anos idade, 15 dos pacientes desta série, tiveram LM entre 40 a 74 anos após a ocorrência da LC, como observado por Schleucher et al. 156 em um paciente com LM 50 anos após a exposição. No que diz respeito a expressão clínica da leishmaniose, tem sido observada uma marcada diferença entre os subgêneros Leishmania e Viannia, com tendência as formas mucosas na L.(V.) braziliensis e as formas difusas na L.(L.) amazonensis 157. Perfil epidemiológico O predomínio de caso de LM faixas etárias acima dos 40 anos, com média de 49,57 anos nos casos aqui descritos, tem sido observado em diversas séries de estudos envolvendo a LM. Isso é explicado pela ocorrência mais tardia da LM, na maioria das vezes precedida da forma cutânea, que ocorre com mais freqüência na idade no adulto até 40 anos 62,25. A extrema carência de parasitos encontrada nas lesões da LM não se correlaciona com a severidade da doença ou com a resistência aos antimoniais usualmente observada nestes casos 80 . Fatores ligados a uma resposta imune exacerbada são os mais aceitos como determinantes do desfecho clínico da doença 158,84,80 . Lesões extensas e mutilantes podem aparecer anos após a cura das lesões cutâneas. As lesões mucosas podem afetar o trato respiratório superior levando a destruição de cartilagem naso faríngea com conseqüente mutilação e desfiguração 126,38 neste estudo o acometimento do septo nasal foi o mais comum dos achados, como visto por outros autores na LM 153,121,62. 99 Embora a mucosa bucal, a faringe e laringe possam ser atingidas, a localização preferencial da doença é na mucosa do septo nasal cartilaginoso e porções mais anteriores das fossas nasais, como o vestíbulo, as conchas inferiores e por contigüidade o próprio assoalho nasal 14,78 . A doença primária da mucosa encontrada em 15,3% dos doentes e na grande maioria dos casos localizadas somente no nariz também foi demonstrado por outros autores 78 , 84,2% dos pacientes desta série possuíam apenas acometimento nasal e apenas 1% dos demais não eram associados a formas nasais No estudo feito na Bahia Marsden et al. 153 encontraram 56,5% de perfuração nasal, entre os pacientes, neste estudo observou-se 48,4%, incluindo as formas orais, demonstrando predominância dessa forma que é tida como uma complicação da LM, as perfurações parecem estar mais relacionadas como se pode observar nestes casos com o tempo de evolução 10,7 anos nestas formas contra 4,9 nos casos sem perfuração. Ainda que muitas técnicas diagnósticas tenham sido desenvolvidas, como imunodiagnóstico e métodos de biologia molecular, o padrão ouro continua sendo a demonstração do parasita em, amostras de tecido corado, ou seu crescimento em cultura 159 , porém, em áreas endêmicas, o diagnóstico de LC e LM é feito muitas vezes baseado apenas em dados clínicos associados ao teste intradérmico de Montenegro 148. O diagnóstico ideal das formas mucosas requer demonstração do parasito nos meios de cultura ou em biópsias de histopatológico, neste estudo encontrou-se 20% de positividade no direto, somando-se os quatro diferentes métodos de 100 isolamento/encontro de parasita chegou-se a 35 casos (19,2% entre os realizados), entretanto, devido à baixa freqüência de parasitos nestas lesões a sensibilidade desses métodos varia entre 10 a 45 %, raramente excedendo os 50% Furtado 162 160,51,23,161,10 . refere que a chance de encontrar o parasito nas lesões ulceradas é inversamente proporcional ao tempo de evolução da doença, porém, além da dificuldade natural do encontro de parasitos em lesões mucosas existe o tempo de evolução da doença que, nos casos dos doentes deste estudo, apresentam uma média de 7,5 anos com extremos de 60 dias 45 anos, embora Dimier-David et al. 161 tenham encontrado 58,8% em lesões de LM com mais de cinco anos de evolução contra 48,7% em pacientes com menos de cinco anos de evolução. A sensibilidade dos métodos sorológicos também é variável, pois além da possibilidade de reações cruzadas, apresentam baixa correlação com os aspectos clínicos da doença 87,163 , entretanto, Barroso-Freitas et al. 164 encontraram uma boa resposta para os testes ELISA e IIF, comparando dois diferentes antígenos (L. braziliensis comparado com L. major-like), enfatizando que a densidade óptica do ELISA foi alta nas formas mucosas e recomendam este teste utilizando antígeno de L. braziliensis como parte do diagnóstico em áreas endêmicas de LTA no Brasil, neste estudo a sorologia também mostrou baixa correlação com os casos sendo positiva em 37% e negativa em 53,3%. O IDRM foi o teste que mostrou melhor desempenho, embora seja sujeito a reações cruzadas a sua positividade quando superior a 10 mm e principalmente com necrose é bastante sugestiva de LM, Da-Cruz et al. 80 observaram diferenças estísticamente significativas nos testes realizados entre portadores de LC e LM, neste estudo observou-se 98,1% de positividade entre os 165 realizados com 143 (86,7%) maior de 10 mm sendo a maioria com necrose. 101 O laudo histopatológico de compatível com Leishmaniose Tegumentar em material de pacientes com suspeita clínico-epidemiológica de LM tem sido um critério utilizado por vários autores 104,86,77 , neste estudo foram encontrados achados compatíveis com LM em 47,8% e 2,7% de positividade neste exame. A técnica de PCR tem sido desenvolvida para a detecção dos parasitas de Leishmania nas amostras clínicas 165 e tem sido considerada de especial importância para o diagnóstico de Leishmaniose quando outros métodos falham em demonstrar o parasito nas lesões granulomatosas, como nas fases crônicas da doença, apresentando boa sensibilidade, entretanto diferentes autores tem reportado sensibilidades que variam de de 62 a 97,1% pricipalmente minicírculo de kDNA como alvo em LM 101,100,87,98,86,99. Aspectos relacionados à aderência ao tratamento A leishmaniose mucosa quase nunca sara espontaneamente, é muito difícil de curar quando tratada as infecções bacterianas secundárias são comuns e potencialmente fatais 22 . E nos casos de uma forte suspeita clínica sem isolamento parasitário o tratamento com antimoniais é altamente efetivo 72 , mas em outros locais, incusive no 120,122 Amazonas a pentamidina tem sido utilizada com bastante sucesso . No Peru a eficácia dos tratamentos com antimoniais variam de acordo com a severidade da doença e as recidivas são freqüentes 126 . A duração do tratamento medicamentoso da LM está estabelecida em 30 dias, porém, falhas no tratamento são regularmente encontradas alternativas nos casos refratários 78 25 , necessitando-se por esses motivos o tempo de acompanhamento requerido é longo, nesta série de casos se pôde observar o desfecho inicial em 102 reação as drogas utilizadas, entretanto, como observado por outros autores, as perdas de seguimento são freqüentes e associadas principalmente a aspectos sociais (como distancia e carência de recursos financeiros dos pacientes) mesmo com a implementação de programas de controle 126 . Embora a maioria dos autores deste estudo tenha participado no atendimento dos casos anteriormente, e apesar de se ter buscado um diagnóstico etiológico, as limitações concernentes ao diagnóstico destes casos são amplamente descritas na literatura 25,73,33,122,96 entretanto, este estudo é de grande importância para o entendimento da ocorrência da doença mucosa na região Amazônica, onde existe uma grande lacuna neste conhecimento pela ausência de dados publicados reativos a esta população. Através destes dados podemos dizer que a LM é um problema importante de saúde pública na região e que os aspectos relativos ao diagnóstico, tratamento e seguimento dos casos, com grande quantidade de complicações como perfuração e destruição nasal, devem ser motivo de adoção de medidas que incluam diagnóstico precoce e acesso a tratamento e seguimento de qualidade, devido à complexidade e a severidade da doença, associadas aos aspectos já discutidos. No que diz respeito a expressão clínica da leishmaniose, tem sido observada uma marcada diferença entre os subgêneros Leishmania e Viannia, com tendência as formas mucosas na L.(V.) braziliensis e as formas difusas na L.(L.) amazonensis, 157, por outro lado, as diferenças encontradas na distribuição dos casos de LTA no Brasil e nos diferentes países andinos embasam a hipótese de variabilidade entre as distintas cepas de uma mesma espécie 155 , inclusive como demonstrado no Peru onde a ocorrência de LM pela L.(V.) braziliensis é restrita às regiões Amazônicas 38 , estes dados sugerem que a viabilidade de uma mesma espécie pode estar associada às diferenças na distribuição dos casos de LM também aqui descritos. 103 Espécies de Leishmania envolvidas na doença A L.(V.) braziliensis é a espécie quase exclusiva causadora de LM, inclusive na Bolívia as taxas de 20% de ocorrência desta forma, encontradas entre as maiores da América Latina, são relacionadas diretamente a ao predomínio dessa espécie naquele país 166 , entretanto outras espécies podem estar associadas a estas formas de doença 42,44,43. Chama atenção o expressvo número de casos associados a L.(V.) guyanensis, demonstrando que essa espécie é importante naregião como agente etiológico de doença mucosa o que vem semdo imputado quase que exclusivamente a L.(V.) braziliensis. 104 6. CONCLUSÕES A Leishmaniose Mucosa na região Amazônica apresenta um perfil semelhante ao restante do País com: Aspectos clínicos Acometimento predominantemente nasal; 14,5% dos pacientes com formas orais associadas ou isoladas; 46,6% dos casos apresentaram perfuração; média de doença foi de 13,1 anos; predominância de casos no sexo masculino. Perfil epidemiológico 82,5% com História de LC anterior; 61,2% trataram de maneira inadequada; 66,7% procediam de regiões de calha sul do rio Amazonas; 79,5% com exposição relacionada a atividades de extrativismo. Aspectos relacionados à aderência ao tratamento Expressivo percentual (73,1 %) de cura no desfecho final; 25,6% de perdas. Espécies de Leishmania envolvidas na doença Predominância da L. (V.) braziliensis entre as espécies caracterizadas; A Leishmania (Viannia) guyanensis é a espécie causadora em 1/3 dos casos caracterizados. 105 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 WHO. The world health report 2004. Changing history. Geneva: WHO, 2004. http://www.who.int/whr/2004/en/index.html (accessed June 12, 2007). Desjeux P. Leishmaniasis: current situation and new perspectives. Comp Immunol Microbiol Infect Dis. 2004;27(5):305-18. Kupfer B, Vehreschild J, Cornely O, Kaiser R, Plum G, Viazov S, Franzen C, Tillmann R, Simon A, Müller A, Schildgen O. Leishmaniasis in Ancient Egypt and Upper Núbia. Emerging Infectious Diseases 2006;12(10):1616-7. World Health Organization. A brief history of the disease http://www.who.int/leishmaniasis/en/ acessado em 20 de março de 2008. Basano AS, Camargo LMA. Leishmaniose tegumentar americana: histórico, epidemiologia e perspectivas de controle. Rev Bras Epidemiol Vale ECS, Furtado T. 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Am J Trop Med Hyg. 2009 May;80(5):704-11. 118 8 ANEXOS 8.1 Ficha clínica (roteiro de coletas de dados e exame físico) Leishmaniose Cutâneo Mucosa - Estudo Retrospectivo / Prospectivo de pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas 119 120 8.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) TÍTULO: “Leishmaniose Cutaneo Mucosa - Estudo Retrospectivo / Prospectivo De Pacientes Atendidos Na Fundação De Medicina Tropical Do Amazonas” Investigador: JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA Instituição: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Patrocinador: FMTAM/UEA/SUFRAMA N.º de protocolo: ______ O abaixo assinado ou sob responsabilidade do seu parente próximo abaixo identificado ou, nos casos necessários, sob a responsabilidade do investigador ou médico que assina este documento, declara estar ciente após ter lido ou ouvido o presente Termo de Consentimento que lhe informa o seguinte: I. Que está participando de um estudo que tem por finalidade avaliar a ocorrência da Leishmaniose Mucosa, doença da qual eu, ou a pessoa pela qual sou responsável, é portadora; II. Que a participação neste estudo é voluntária, assim como a sua recusa não haverá qualquer tipo de retaliação ou perda de benefícios a que o responsável ou seu dependente tenham direito; III. Que, havendo concordância para a participação no estudo, se procederá às seguintes condutas: 1Preenchimento da ficha individual e um questionário (constando de dados relativos à doença); 2em caso de lesões sugestivas de LTA/ Leishmaniose Mucosa, poderão ser coletados 10 ml de sangue da veia, com seringas descartáveis, para realização de testes sorológicos, e exames de rotina para avaliar o estado do paciente em relação ao tratamento e o tipo de medicação a ser utilizada e o acompanhamento da doença. A retirada de sangue implica em dor pela picada da agulha no momento da coleta; 3para confirmação do diagnóstico se procederá a coleta de exames com os procedimentos recomendados pelo Ministério da Saúde (MS Brasil, 1996) através de biópsia de lesão mucosa para: Pesquisa direta de Leishmania; Histopatologia das lesões; Isolamento do parasito em meios de cultura e inoculação em “hamster” e PCR; IV. que, participando do estudo, o paciente ou a família não obterão quaisquer benefícios adicionais além dos já citados (diagnóstico da infecção e/ou doença), que entretanto estarão contribuindo para o conhecimento da Leishmaniose em Manaus; V. que a biópsia é um procedimento utilizado de rotina no diagnóstico da Leishmaniose Mucosa e implica em dor local, apenas para aplicação de anestesia e posterior retirada de fragmento de pele com material esterilizado, obedecendo todas 121 as normas de segurança e assepsia e que poderá ocorrer sangramento em pequena quantidade. A realização da biópsia de pele será feita apenas por médicos ou acadêmicos de medicina sob supervisão dos médicos participantes do referido projeto; VI. que após o diagnóstico será feito tratamento com os medicamentos indicados pelo Ministério da Saúde – Brasil (antimoniais , pentamidina ou anfotericina B) de acordo com a necessidade de cada caso, a critério do médico que me assiste; VII. que o material retirado do paciente (sangue ou fragmento de mucosa ou pele) por biópsia se destina apenas a pesquisa constante do protocolo, mas que o material retirado soro e biópsia ficará estocado nas gerencias de Leishmaniose e patologia da FMTAM e concordo que seja utilizado para outras pesquisas envolvendo esta doença, como aspetos diagnósticos, estudos imunológicos, e ou isolamento de espécies; VIII. que o projeto poderá ser encerrado caso ocorram efeitos adversos além dos esperados e que posam prejudicar o sujeito da pesquisa; IX. que a participação neste estudo será confidencial e os registros ou resultados dos testes relacionados ao estudo serão mostrados apenas aos participantes e aos representantes da FMTAM, bem como a autoridades normativas estaduais ou nacionais, com o objetivo de garantir informações de pesquisas clínicas ou para fins normativos. A identidade dos participantes permanecerá sempre em confiabilidade. O patrocinador assegura que isso acontecerá de acordo com as normas legais reguladoras de proteção nacionais ou internacionais; X. que o participante e seus familiares têm direitos a ressarcimento de gastos ou indenizações por prejuízos que porventura possam acontecer em decorrência de sua participação neste estudo, assim como de toda assistência médica garantida pela FMTAM; XI. que o participante e seus familiares têm direitos aos esclarecimentos que julgarem necessários a qualquer período do desenvolvimento deste estudo e será notificado sobre qualquer nova informação relacionada. A Dr. JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA, cujo número de telefone é 9988 32 15 ou 238 17 11 R 212, terá disponibilidade para atender e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes; XII. que o participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento, sem qualquer retaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada deste documento; XIII. que, por estar devidamente esclarecido sobre o conteúdo deste termo, livremente expressa seu consentimento e/ou do seu responsável para inclusão como participante nesta pesquisa. Data: ....../....../...... .................................................................. Nome do paciente ......... Idade ........ sexo Assinatura do paciente ou responsável: .................................................................... 122 Nome do médico: JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA Assinatura do médico: ............................................................................................... Impressão dactiloscópica (p/ analfabeto) 123 8.3 Distribuição dos casos de LM por município de ocorrência 8.4 Distribuição dos casos de LM por faixa etária 60 No. pacientes 50 40 Prospectivo Retrospectivo Total 30 20 10 0 Faixa etária