ECONOMIA BRASILEIRA: uma análise da atual gestão macroeconômica
Douglas Sad Silveira
Marco Antônio S. de Almeida
Em 1994, o Plano Real deu início a uma profunda mudança nas diretrizes da
economia brasileira que foram capazes de derrotar a inflação e estabelecer as bases
do crescimento econômico experimentado pelo Brasil a parir dos anos 2000. A lei
de Responsabilidade Fiscal, ministros da Fazenda alinhados ao mercado, além do
tripé de políticas macroeconômicas – política fiscal, monetária e cambial garantiram, por quase uma década, uma estabilidade econômica nunca vistas por
aqui até então. O país se habituou a regras previsíveis e institucionalizadas que
criaram a atmosfera de baixo risco, necessária para estimular o investimento
privado. Faltava reduzir a taxa de juros e a carga tributária para tornar o país numa
potência econômica.
A renomada revista britânica, The Economist, comparou o Brasil a um
foguete, prestes a decolar. De repente, tudo mudou. As crises internacionais, o forte
viés intervencionista do governo e as manobras de manipulação contábil praticadas
transformaram nossa promissora decolagem num voo rasante. O que explica isso?
O mercado sempre espera por medidas que aumentem a estabilidade e
reduzam o risco. Dessa forma, os investimentos florescem e a economia segue seu
curso de crescimento e prosperidade. O problema é que as recentes medidas
adotadas pelo governo desestabilizaram as bases que mantinha a marcha suava da
economia. Além disso, não há nada mais prejudicial à credibilidade que a
manipulação contábil. Aumentou-se a percepção de risco e os investimentos se
retraíram.
A indústria nacional, já acuada pelos elevados custos de produção que
comprometem principalmente sua competitividade no mercado internacional, sentiu
o golpe da apreciação cambial. Ao invés de promover reformas para devolver
competitividade ao setor industrial, o governo achou melhor intervir no câmbio,
forçando uma desvalorização da moeda nacional com a finalidade de reanimar as
exportações. O tripé da estabilidade começa a desmoronar – a política cambial
brasileira tem sido cara, ineficiente e incapaz de impedir a apreciação da taxa de
câmbio real. De acordo com Barbosa (2011), “O sistema de câmbio flexível, na
prática, tornou-se um sistema de câmbio administrado, produzindo uma elevação
exagerada do nível de reservas internacionais”.
A inflação está acima do centro da meta. O governo busca um único culpado
para o aumento dos preços. A bola da vez é o tomate, mas será que ele é o vilão da
pressão inflacionária? Pesquisas indicam que 70% dos itens que compõe o IPCA
estão subindo, o que comprova que o problema da inflação é difuso e não existe um
único culpado. Como reestabelecer o controle dos preços? O recomendável é que,
diante de tal situação, sejam adotadas medidas de austeridade como redução do
gasto público e elevação da taxa de juros. Num ano que antecede as eleições
presidenciais, tais práticas são muito impopulares do ponto de vista político e podem
comprometer a hegemonia petista em Brasília.
Para Jensen (2012), “A inflação é causada por excesso de demanda e abuso
dos instrumentos de micro gerenciamento da economia”. O governo, para controla a
pressão inflacionária, faz intervenção em vários setores como energia elétrica e
combustível (este último via Petrobras). Ainda de acordo com Jensen (2012), “Há o
problema da chamada espiral intervencionista, isto é, quando o governo intervém
num ponto da economia, isso gera uma distorção que o obriga a intervir num outro
ponto. Essa nova intervenção gera outra distorção”.
Fica evidente a prevalência de uma política econômica de curto prazo, em
que a utilização de malabarismos contábeis para manipular índices econômicos é
prática recorrente. Diante de todos esses fatos, a discussão atual é saber qual será
a nova estratégia macroeconômica do Brasil. Ainda não parece existir uma resposta
para essa questão, mas enxugar o tamanho do Estado, aumentar a competitividade
da economia e estimular investimentos sem comprometer a estabilidade e a
credibilidade do país seria um ótimo começo.
Para colocar em prática as proposições desta apresentação, num primeiro
momento, a pesquisa se desenvolverá com base na análise quantitativa e qualitativa
dos indicadores macroeconômicos da economia. Serão analisados o desempenho
do PIB, taxas de desemprego, taxa de câmbio, evolução da taxa SELIC, evolução da
dívida externa, desempenho do setor externo (exportações, importações e balança
comercial) e o histórico de metas de inflação no Brasil de 1999 (quando o sistema de
metas foi implantado) até os dias de hoje. Após o conhecimento de todos esses
indicadores, a pesquisa irá se desenvolver através de uma abordagem às principais
teorias macroeconômicas, divididas em Teoria Neoclássica e Teoria Keynesiana.
A apresentação tem como objetivo ampliar a discussão sobre o desempenho
da economia e propor alternativas para que os próximos passos sejam dados na
direção de um crescimento econômico robusto e na preservação da credibilidade
dos agentes econômicos.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Fernando de Holanda. Regime de Política Econômica e Crescimento
Sustentável no Brasil. Disponível
em:<http://www.eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/file/1%20painel_Fernando%20Hola
nda%20texto.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2013.
JENSEN, JUAN. Do tripé macroeconômico à tripla meta. Insper. Conhecimento, 30
mar. 2012. Disponível em:
<http://conhecimento.insper.edu.br/macroeconomia/2012/04/11/do-tripemacroeconomico-a-tripla-meta/>. Acesso em: 21 mar. 2013.
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