FERNANDO HONORATO Superintendente Executivo Economista Chefe Olá! Sejam bem-vindos a mais uma conversa sobre economia e mercado. O ambiente internacional segue muito desafiador. Os desenvolvimentos mais recentes na China, particularmente, têm feito com que os commodities que os emergentes exportam percam valor nos últimos anos. Mais recentemente o preço do petróleo chegou até abaixo de 40 dólares, as commodities exportadas, em geral, estão a níveis de 13 anos atrás, o CRB, como a gente fala, e isso produz uma pressão importante nos países emergentes que gera fuga de capitais, que gera desvalorização das moedas e gera queda nas bolsas. A gente tem visto de forma abrangente no mundo todo. Mas não só o ambiente internacional é desafiador, como o ambiente no Brasil também é bastante desafiador. A gente vê nos últimos meses e nas últimas semanas, particularmente, um quadro onde a economia tem dificuldade em se recuperar. Os estoques estão elevados, a gente vê uma ociosidade grande na economia, o que significa que a recuperação, quando ocorrer, vai ser lenta. A gente vai ver o PIB crescer devagar e de forma bastante gradual, olhando para a frente. Até tem alguns aspectos que podem gerar fatos positivos para o Brasil. Por exemplo, dois deles são: o setor externo e a inflação. A desvalorização do câmbio que a gente já viu até agora, o câmbio acima de R$ 3,50, por exemplo, tem feito com que a balança comercial brasileira melhore de maneira importante, as contas externas têm melhorado rapidamente. Isso vai ajudar lá na frente. Vai ajudar o crescimento, vai ajudar que o país não tenha um problema na sua dívida externa. Então tudo isso é um fator bastante promissor, é um fator bastante otimista, quando a gente olhar 2017 e 2018. E do lado da inflação, o aperto da política econômica, a queda na atividade, tem feito com que a inflação pare de subir já a partir desse trimestre e a gente comece a ver uma queda ao longo do ano que vem. Então, esses são elementos que geram alguma confiança olhando lá para a frente. Quando a gente pensa na agenda de política econômica tem uma série de medidas que estão sendo tomadas: reavaliação de alguns benefícios, a gente tem visto o governo tentar cortar algumas despesas, reorientação na Petrobras, no setor elétrico, mesmo no caso do BNDES as concessões são mais moderadas. Então tem uma agenda em curso que é uma agenda que a gente pode considerar até positiva. Agora, é uma agenda que precisa passar no congresso, é uma agenda que a gente tem que ver avançar. Então, enquanto essa agenda não avança é difícil enxergar um movimento mais acentuado de melhoras seja da economia, seja dos mercados. Então na prática o que a gente tem feito é esperar a evolução ou monitorar, na verdade, a evolução dessa agenda para ver se os desdobramentos que podem ser positivos se eles vão virar preços de mercado mais favoráveis. Enquanto isso, resta aos investidores terem bastante cautela, olhar com calma para algumas aplicações de renda fixa, ou mesmo de bolsa, porque, ainda que os preços possam estar atraentes, ainda pode ter bastante volatilidade. É assim que a gente tem orientado os nossos clientes, os nossos investidores a pensar com cautela agora, porque o quadro é um quadro difícil do ponto de vista externo e difícil do ponto de vista local. Só que com uma agenda que se for bem implementada pode produzir resultados um pouco mais para a frente e aí a economia pode voltar a crescer. Enquanto isso, como eu falei, os nossos números são ainda números ruins, quer dizer, o crescimento deste ano é, na verdade, uma contração de 2% do PIB. Ano que vem a gente trabalha com uma nova contração de 0,7%, a taxa Selic ainda deve ficar em 14,25% por, pelo menos, mais uns seis ou sete meses só para depois começar a cair. A inflação perto de 9,5% neste ano e entre 5,5% e 6% no ano que vem, a gente imagina que vai acabar acontecendo. Então são números ainda conservadores. A taxa de câmbio entre R$ 3,60 e R$ 3,70 para o final deste ano. São números que ainda sugerem alguma cautela. Mas como a gente sempre tenta ter um tom positivo, olhar para essa agenda de reformas, ver se ela é aprovada e se a gente consegue ver adiante um quadro um pouco mais favorável. Acho que era isso por hoje. Muito obrigado pela atenção de vocês e voltamos a nos falar em breve.