Prof. Marcelo Gandolfi da Silva
Multimídia em aulas de
História
História do Brasil
3ª Edição - 2007
O Regime Militar
Logo que os Militares assumiram o poder no Brasil, trataram de editar o Primeiro Ato
Institucional (AI-1), que cassou o mandato dos políticos que participaram do governo
Goulart, além de centenas de outras pessoas consideradas “perigosas” ao regime militar.
Escolhido pela Escola Superior de Guerra, o novo presidente foi o general Castelo
Branco, que além das cassações promoveu: aposentadorias compulsórias, prisões e exílio
forçado de milhares de professores, líderes estudantis e sindicais.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Universidade Federal de Brasília foram
fechadas, e o Ministério de Educação e Cultura assinou um acordo com a United States
Agency for Internacional Development (Usaid), norte-americana, com o objetivo de
“reformar” o ensino no Brasil.
Este acordo absurdo provocou revolta de estudantes por todo país, e violentos
choques com a polícia. E todos estes atos de violência eram justificados como “em nome
da Segurança nacional”.
No âmbito econômico houve: corte nos gastos públicos, congelamento do salário
dos trabalhadores e aumento do preço da Luz e transporte coletivo.
Todas estas medidas eram propostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E a
partir de 1964 os EUA, multiplicaram a presença de multinacionais em nosso país. Levando
à falência muitas indústrias nacionais, aumentando o desemprego e diminuindo salários.
A reação a esta política iniciou com a eleição em vários Estados de políticos de
oposição. Diante disso, os militares editaram o AI-2, que extinguiu os partidos políticos e
deu direito aos militares de julgarem civis acusados de crimes políticos.
Para substituir os partidos extintos, foi criado o Movimento Democrático nacional
(MDB), que representava a aposição, e a Aliança Renovadora Nacional (Arena) que era o
partido do governo.
Os atos de desrespeito por parte dos militares continuaram no AI-3 e AI-4, que
neles, as eleições para governador e presidente tornaram-se indiretas e o estado de sítio
passou a ser decretado sem autorização do congresso.
Castelo Branco
Escolhido pela
Escola Superior de
Guerra, o novo
presidente foi o
general Castelo
Branco, que além
das cassações
promoveu:
aposentadorias
compulsórias,
prisões e exílio
forçado de milhares
de professores,
líderes estudantis e
sindicais.
Artur da Costa e Silva
Além de manter os Atos
Institucionais, o novo presidente
determinou censura prévia na
imprensa e a prisão, mesmo sem
provas, dos suspeitos de crimes
políticos.
Neste governo, o ministro
Antônio Delfim Neto, conseguiu obter
um grande empréstimo do FMI e o
presidente utilizou-o na construção de
usinas hidroelétricas em Volta
Redonda, Minas Gerais e São Paulo.
Com isso, o governo e es
multinacionais aliaram-se
definitivamente.
O Movimento Estudantil
Os estudantes tornaram-se os principais opositores do regime militar e do
imperialismo americano, e por ordem do conselho de Segurança Nacional,
centenas de líderes estudantis foram presos por todo Brasil. Mas mesmo assim
eles continuavam a atuar na clandestinidade (escondidos), formando grupos
terroristas, como o MR-8 e o VAR, cujas missões eram assaltar bancos e lojas
de armas para financiar sua existência.
A recessão econômica fez com que em 1968, operários se organizassem
e promovessem paralisações.
A Igreja dividia-se em uma ala de apoio ao governo e outra ala que
tornou-se um dos principais espaços de resistência aos militares. Denunciado a
violência. E a maioria destes religiosos foram presos e torturados.
Para tentar conter as manifestações, os militares radicalizaram ainda
mais, editando o AI-5, que: fechou o congresso, retirou dos presos políticos a
possibilidade de apelar ao poder judiciário e acabou com o habeas Corpus.
A Consolidação do Regime Militar
Emílio Garrastazu Médice
Com a saída do Presidente Costa e Silva, por motivo de doença,
assumiu o general Emílio Garrastazu Médice, ex-chefe do Serviço Nacional
de Informações (SNI). Neste episódio, o congresso foi reaberto somente
para oficializar e escolha do novo presidente, e participaram somente
políticos da ARENA.
Em meio a este processo, o MR-8, grupo de esquerda,
seqüestrou o embaixador dos EUA, Charles Burke Eldrick, exigindo a
libertação de presos políticos.
Em 1970 a censura foi ampliada ainda mais. Agora sendo
controlados pela Polícia Federal: as peças de teatro, os filmes e as músicas,
que tivessem em seu contexto qualquer frase que pudesse criticar o governo
militar.
A censura estimulou mais ações armadas por parte dos grupos
de esquerda. Quando em 1970 estes grupos prenderam o cônsul do Japão e
os embaixadores da Alemanha e Suíça, tentando chamar a atenção do
mundo do que estava acontecendo no Brasil.
Outro episódio importante, foi o roubo espetacular, conduzido
pelo VAR-Palmares (movimento de esquerda) de 2,5 milhões de dólares
retirados do cofre do ex-governador de São Paulo Ademar de Barros.
Para tentar acabar com estes atos de revolta, os militares
criaram o Departamento de Operações Internas (DOI) e os Centros de
Operações de Defesa Interna (CODI). E estes órgãos levaram a morte
dezenas de militantes de esquerda.
Em 1972, diversos grupos de esquerda, reuniram-se no Araguaia
(próximo do Pará, Maranhão e Goiás) e orientados pelo PC do B (partido
Comunista do Brasil), e apoiados pelo Bispo Local e pelos nativos,
montaram a guerrilha do Araguaia, que resistiu por três anos aos ataques
militares.
O Crescimento Econômico
Utilizando dinheiro dos EUA, o modelo econômico dos militares,
conseguiu baratear o petróleo e levar o país a um aumento muito grande das
exportações. E isso fez com que ficasse muito mais interessante exportar do
que vender para o mercado interno.
Para suprir as necessidades de energia elétrica, foi feito um acordo com
o Paraguai, para a construção da Usina de Itaipú, em 1973.
Este aumento das exportações era denominado pelos militares como, “o
milagre econômico”. E eles desafiavam a esquerda com a frase “Brasil, ame-o
ou deixe-o”.
O fim do milagre econômico
Como era previsível, a economia baseada em empréstimos
internacionais, não conseguiu sucesso por muito tempo, pois quando os países
fornecedores de petróleo para o Brasil, aumentaram muito o preço de seu
produto, imediatamente o comércio internacional reduziu-se e o Brasil ficou
endividado. Para pagar as dívidas, os militares fizeram novos empréstimos e
emitiram moeda. Levando o país a uma inflação incontrolável.
Enquanto as grandes empresas enriqueciam, as pequenas fechavam
suas portas, e para o povo em geral, o “Milagre Econômico” dos militares, não
passou de manchete de jornal.
Democratização Lenta e Gradual
Ernesto Geisel
Wladimir Herzog
Em 1974 assumiu a presidência do Brasil, o general
Ernesto Geisel, com a promessa de restabelecer o regime
constitucional. E neste sentido, ele teve oportunidade de cumprir sua
promessa quando o Jornalista Wladimir Herzog, foi torturado e morto
na prisão do DOI-CODI, em São Paulo.
Geisel, resolveu controlar a violência de seus órgãos de
segurança e libertou dezenas de presos políticos. Abrindo assim, o
debate político no país. Mas ainda mantinha as cassações dos
parlamentares que ousavam questionar suas decisões.
Em 1977, a crise política se intensificou, e usando o AI-5, o
presidente fechou novamente o congresso e determinou que os
senadores seriam escolhidos pelo governo. Nasciam assim os
“Senadores Biônicos”, que evidentemente sempre votavam a favor
do governo.
No âmbito econômico, o déficit e a balança comercial
estavam em crise, graças aos empréstimos brasileiros no exterior. E
a divida externa passou a consumir quase toda a riqueza produzida
no país.
Apesar desta situação, o governo insistia na construção de
grandes obras que quase sempre resultavam em desperdício e
agressões ao meio ambiente.
A recessão aumentava a cada dia, e a imprensa começava
a revelar casos de corrupção e desvio de dinheiro. E os escândalos
promoveram agitações sociais nos anos 70.
João Figueiredo
João Batista Figueiredo, assumiu em 1979, com a
disposição de promover abertura política no rumo da
democracia. Mas logo teve que enfrentar uma greve de 160
000 metalúrgicos do ABC, que pediam melhores salários.
Mesmo dizendo que iria devolver o país à
democracia, Figueiredo mandou prender os líderes da greve.
E imediatamente houve reação dos sindicalistas, da Igreja e
dos estudantes.
Figueiredo, pressionado, mandou em junho de
1979 um projeto de anistia aos presos políticos, que garantiu
a libertação de presos e o retorno dos exilados, como Leonel
Brizola, Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes e Fernando
Gabeira (militante do MR-8), e mais uma centena de outros
exilados.
Em novembro, o governo extinguiu o MBB e a
ARENA, e criou o PMDB (de oposição), o PDS (governista) e
outros partidos, como o PDT, o PTB e o PT.
Em 1980, a recessão chegou ao limite, e a classe
média iniciou seus protestos. Quando 330 000 metalúrgicos
pararam por 41 dias em São Paulo. E este fato fez com que
houvesse choques com a polícia e a prisão de Luiz Inácio da
Silva (LULA) e mais onze dirigentes sindicais acusados pela
lei de segurança nacional.
A cultura brasileira na década de 1970
Os principais fatos culturais da década de 70 foram:
-
A legalização do divórcio
A utilização de novos métodos anticoncepcionais
As mulheres passaram a trabalhar fora de casa
Difundiu-se o uso de drogas e práticas orientais
Iniciou o movimento de defesa do meio ambiente
A televisão tornou-se o principal meio de comunicação popular
A Rede Globo de Televisão, com apoio do governo e da agência Americana
Time-Life, tornou-se a líder de audiência e a principal fonte de controle
ideológico do povo brasileiro, até os dias de hoje.
Questões de Vestibular
1Sobre o fim do período militar no Brasil (1964-1985), pode-se afirmar que
ocorreu de forma
a) conflituosa, resultando em um rompimento entre as forças armadas e os partidos
políticos.
b) abrupta e inesperada, como na Argentina do General Galtieri.
c) negociada, como no Chile, entre o ditador e os partidos na ilegalidade.
d) lenta e gradual, como desejavam setores das forças armadas.
e) sigilosa, entre o presidente Geisel e Tancredo Neves, à revelia do exército e dos
partidos.
Resposta
D
2No período em que o Brasil foi dirigido por governos militares a decretação
do AI 5 (Ato Institucional número 5) representou um "endurecimento" do regime
instalado em 1964, que pode ser explicado pela(s):
a) inquietação dos setores militares favoráveis à redemocratização.
b) ação dos grupos de oposição, que trocaram a luta armada pela oposição
parlamentar ao regime.
c) crise decorrente do impedimento do Presidente Costa e Silva.
d) crise econômica resultante do esgotamento do milagre brasileiro.
e) crescentes manifestações oposicionistas de líderes políticos, estudantes e
intelectuais contra o regime.
Resposta
E
3O Ato Institucional nŽ 5, editado durante o governo do General Costa e
Silva, permitiu a esse presidente da República, entre outras medidas:
a) convocar uma Assembléia Nacional Constituinte
b) criar novos ministérios e empresas estatais
c) decretar o recesso parlamentar e promover cassações de mandatos e de direitos
políticos
d) contratar maiores empréstimos no exterior
e) promover uma reformulação do sistema partidário
Resposta
C
4- Associe, corretamente, numa
única alternativa, as duas colunas a
seguir:
a) I - 1, II - 2, III - 3, IV - 4, V - 5.
b) I - 2, II - 3, III - 4, IV - 5, V - 1.
c) I - 3, II - 4, III - 5, IV - 1, V - 2.
d) I - 4, II - 5, III - 1, IV - 2, V - 3.
e) I - 5, II - 1, III - 2, IV - 3, V - 4.
Resposta
C
5- Leia o texto.
"A situação brasileira apresenta assim perspectiva de agravamento das principais
contradições entre o povo e o governo, entre a esmagadora maioria da nação e
o imperialismo norte-americano, tendendo a adquirir caráter mais agudo.
Qualquer das saídas presentemente tentadas pelas classes dominantes não
amainará as divergências entre os grupos políticos em choque e muito menos o
descontentamento e a luta popular. Os imperialistas ianques, aliados à reação
interna, se esforçarão para consolidar o que obtiveram a 1Ž de abril e
intensificarão sua atividade neocolonialista no Brasil."
(Extrato de documento do Partido Comunista do Brasil, 1966)
Todas as afirmativas traduzem corretamente as idéias contidas no texto, EXCETO
a) A constatação de que o imperialismo americano é aliado das forças da reação.
b) A percepção de que o povo está desencantado e disposto a lutar contra a
ditadura.
c) A preocupação da esquerda brasileira com a situação política do país no pós-64.
d) O entendimento de que à crise interna deve se somar a pressão dos interesses
externos.
e) O entendimento de que só as classes dominantes serão capazes de pôr fim à
crise.
Resposta
E
6- A reforma partidária, que implantou o pluripartidarismo no Brasil, no governo
Figueiredo, tinha por objetivo
a) consolidar os resultados das eleições de 1974 que deram ampla vitória ao
partido do governo, o PDS.
b) levar os liberais, concentrados no PP, para engrossar as fileiras do PRS e
fortalecer o apoio ao governo.
c) quebrar o monopólio que o MDB exercia na oposição fragmentando-o em
inúmeros partidos e evitando a sua ascensão ao poder.
d) revigorar o PDT para que esse pudesse enfrentar o PT nas eleições majoritárias.
e) utilizar os antigos militantes da UDN nos quadros da ARENA para que essa,
fundindo-se com o PDS, vencesse as eleições para governadores.
Resposta
C
7- Em 1968, Caetano Veloso, ao defender num festival a sua composição "É Proibido Proibir",
assim respondeu às vaias do público: "Mas é isso que é a juventude que quer tomar o
poder. Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música que vocês não teriam
coragem de aplaudir o ano passado! São a mesma juventude que vai sempre, sempre
matar o velhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, nada
Absolutamente nada (...) O problema é o seguinte: estão querendo policiar a música
brasileira. Mas eu e o Gil já abrimos o caminho (...). Nós, eu e ele tivemos coragem de
enfrentar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês? E vocês? Se vocês em política
forem como estética estamos feitos."
(HOLLANDA, Heloisa Buarque e GONÇALVES, Marcos A. Cultura e Participação. Anos
Sessenta, COLEÇÃO TUDO É HISTÓRIA, vol.41, Brasiliense, são Paulo, 1982, p.6)
Quando Caetano fala sobre o policiamento da música brasileira ele se refere a um conjunto de
medidas repressivas tomadas pelos governos militares, que culminaria:
a) na promulgação do Ato Institucional nŽ 05 (AI-5).
b) na criação do Departamento de Censura.
c) no fechamento da UNE.
d) na criação do Departamento de Ordem Política Social.
e) na extinção dos partidos políticos.
Resposta
A
8- Os governos militares (1964-1985) adotaram algumas diretrizes políticas e
econômicas responsáveis pela(o):
a) liberdade sindical e Nacionalismo.
b) arrocho salarial e subordinação ao capital estrangeiro.
c) não endividamento externo e estatização das empresas.
d) redistribuição de renda a maior liberdade às pequenas empresas.
e) não intervencionismo do Estado na economia.
Resposta
B
9- (UFSC-2003) Assinale a(s) proposição(ões) VERDADEI-RA(S) referente(s)
a acontecimentos históricos ocorridos entre 1960 e 1985.
01. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade reuniu aproximadamente 500
mil pessoas que saíram às ruas de São Paulo manifestando-se contra o
governo de João Goulart (Jango).
02. Em resposta às manifestações operárias e estudantis, o presidente Costa
e Silva decretou o Ato Institucional no 5 e ordenou o fechamento do Congresso
Nacional.
04. Parte da população descontente com a atuação dos presidentes militares
organizou passeatas, bem como guerrilhas rurais e urbanas.
08. A eleição de Tancredo Neves para a presidência da República, em 1985,
marcou o fim do regime militar. Ao concluir seu mandato, Tancredo Neves
promulgou a Constituição Cidadã.
16. Foi fundado o Partido dos Trabalhadores, um dos símbolos do movimento
operário do Brasil, com a participação do líder Luís Inácio da Silva.
Resposta
01+02+04+16= 23
Acafe 2006/2. Em 1964 um golpe militar mergulhou o Brasil em uma época
de cerceamento das liberdades individuais e repressão às formas de
contestação ao regime, culminando com prisões, torturas e desaparecimentos
de pessoas.
Assinale a alternativa incorreta.
a) Os grandes festivais da canção que aconteciam então eram formas
possíveis de contestação, consolidando estilos musicais como a MPB – Música
Popular Brasileira.
b) Na época dura do regime militar, o nacionalismo brasileiro impedia
qualquer aproximação com outros países da América Latina e com os Estados
Unidos, havendo uma política de isolacionismo.
c) O Ato Inconstitucional Número 5 (AI 5), instalado em 13 de dezembro de
1968, foi uma amarga derrota para as esquerdas, endurecendo ainda mais o
regime.
d) Paralelamente à repressão, realizou-se o que se chamou de “milagre
econômico”, que viria consolidar a modernização nos moldes conservadores,
com a concentração de riqueza, sem a ampliação dos direitos sociais e
democráticos.
e) As formas de contestação ao regime foram reprimidas de forma violenta,
levando intelectuais, artistas, membros do clero contrários ao regime,
estudantes, dentre outros, para a prisão, sofrendo torturas, e muitos foram
exilados.
Resposta
B
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