SINCRONICIDADE E INCONSCIENTE COLETIVO, COMO FATORES
DE RESTRIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS
MILITARES E POLÍTICAS DE DEFESA NO BRASIL.
Prof. Dr. Jorge Carlos Corrêa Guerra - UTFPR
Sincronicidade,Inconsciente Coletivo,
Análise Social e relações civis-militares
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Carl Gustav Jung
Inconsciente
Inconsciente coletivo
Wolfgang Ernest Pauli e Erna
Rosenbaum
Sincronicidade - “coincidência
significativa”
Pisicossociologia
Análise Social
Relações civis-militares .
Eu militar tenho a Força, mas eu
civil tenho a chave do cofre
(orçamento) !!!
Assuntos mal resolvidos entre parte
dos militares e políticos “de
esquerda”, prejudicam o acesso do
Brasil à tecnologias militares,
geralmente muito mais que
restrições externas
Ministério da Defesa no Brasil,
sincronicidades e inconsciente coletivo.
• Lima (2008) e McNamara (civil) – um caso do MD americano na
década de 60, do século passado.Geralmente , desconexão e
insensibilidade política nas Forças dos USA.
• Svartman (2008): a forte influência doutrinária e operacional norteamericana pós Segunda Guerra Mundial sobre as Forças Armadas
brasileiras; a participação dos militares no Golpe de 1964 e na ditadura
que foi implantada;e principalmente a ascensão recente ao poder de
autoridades civis “de esquerda”, até relativamente pouco tempo
consideradas como “subversivas” e não raramente “inimigas” pelo
Golpe de 1964.
• Silva (2011) cita Clausewitz “A guerra é extensão da Política por outros
meios”.
• Zaverucha (2011) e a declaração do deputado Benito Gomes, relator do
Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de criação do MD, “que o novo
ministro da Defesa civil seria uma espécie de rainha da Inglaterra”
Mitos sobre a Defesa no Brasil I
• Alsina Jr. (2010), trabalhando o conceito de mito, como sentido
adquirido no senso comum ou “argumentação falaciosa que possui
relevância pela ampla aceitação de parte significativa da sociedade”,
elencou dez mitos sobre a Defesa brasileira, entre os quais se destacam:
• O Brasil não precisa de Forças Armadas;
• O Brasil não precisa de Forças Armadas, com alta prontidão
operacional e apreciável poder combatente;
• O Brasil não deve incrementar seu poder militar, sob pena de provocar
desequilíbrio estratégico na América do Sul e fomentar corridas
armamentistas;
• As Forças Armadas brasileiras possuem poder de dissuasão adequada;
• As Forças armadas devem visar o desenvolvimento da Nação, aceitando
trocar poder combatente imediato por projetos de desenvolvimento
científico-tecnológico de prazo incerto;
Mitos sobre a Defesa no Brasil II
• A política externa de um país periférico como o Brasil não precisa
estar respaldada por poder militar apreciável – sendo este útil no
que concerne às operações de manutenção da paz;
• As questões de defesa não são prioritárias e, portanto, não há
necessidade de maior integração entre as Forças Armadas. por meio
de um Ministério da Defesa forte e atuante.
• Estas idéias estão presentes no inconsciente coletivo dos civis
brasileiros e de parte significativa dos políticos, independente de seu
matiz ideológico, influenciando fortemente as relações civismilitares. Excetuando os dois primeiros itens, os demais mitos estão
também presentes no imaginário de parte dos militares.
Defesa no Brasil: mais sincronicidades I
• Zaverucha (2011) coloca que o controle Legislativo sobre as Forças Armadas é
mínima. Para ele o montante orçamentário é, “praticamente fruto de decisão
direta entre o Presidente da República, o ministro da Defesa e os comandantes
militares”. As verbas chegam “carimbadas” ao Congresso Nacional. Se a
definição orçamentária, em tese, é quase direta e com poucos interlocutores,
porque a penúria? Relacionamentos?
• Uma sincronicidade significativa e de nível global é atual crise econômica e
financeira na Europa, fruto da Crise Econômica e Financeira Mundial de 2008 e
que afeta diretamente os orçamentos de Defesa da França e Suécia, potenciais
parceiros do Brasil no desenvolvimento de tecnologias militares.
• Os dois países optaram pelo desenvolvimento independente de seus
complexos industriais de Defesa e agora sem alguém confiável para dividir
riscos e investimentos ficam numa situação difícil. Como o Brasil sem
superar os “traumas” internos no MD e deste com as Forças e autoridades
civis, bem como indefinições de sua própria Defesa, pode transmitir tal
confiança?
Defesa no Brasil:mais sincronicidades II
• É inegável que o grande impulso para a modernização e re-aparelhamento
das Forças, foi dado pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva (um político
“de esquerda”), em dois movimentos: liberando recursos financeiros para
compras e modernização de equipamentos e nomeando um ministro da
defesa, pós José de Alencar, que apesar das críticas, é pró-ativo e disposto a
não ser uma “rainha da Inglaterra”.
• Somado a isto, há oficiais de alta patentes nas Forças singulares, que
percebem que é o momento para um salto qualitativo e quantitativo do
poder bélico brasileiro.
• Fernando Henrique e Lula perceberam a janela de oportunidade para o
Brasil, como um novo player político global de peso. O Brasil, porém, é o
mais fraco componente militar dos BRICs, dificultando o pleito por um
lugar definitivo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Compra dos aviões caças para a Força
Aérea – a Defesa no divã.
• Para Siqueira (2009), o poder aéreo tem uma força dissuatória e coercitiva
significativa e fundamental na estratégia política e de Defesa. Para o autor
uma Força Aérea forte, leva potenciais adversários, principalmente a nível
regional, a pensarem quais os “custos aceitáveis” de suas decisões.
• Na visão de Siqueira (2009), “desafortunadamente, a realidade enfrentada
pelas Forças Armadas brasileiras pode não condizer com a estatura políticoestratégica e econômica que o Brasil começa angariar no alvorecer do século
XXI. Possuir uma capacidade dissuatória, no campo do poder militar,
torna-se mandatório a uma potencia regional como se constitui hoje o
Estado brasileiro”.
• Breve histórico da “novela” FX e FX2
• Porque não comprar as tecnologias do Rafale e do Gripen NG ? Brasil,
França e Suécia podem desenvolver um avião comum de 5º geração. Nossos
investimentos em poder aéreo comparado a Índia é dissuatoriamente
insuficiente
• Até agora, tudo é desculpa para não decidir.
Considerações Finais I
• A superação dos conflitos de relacionamento civil-militar (principalmente
no MD, Forças e Executivo), provocados pelos mitos e inconsciente coletivo,
é fundamental para alavancar o acesso e desenvolvimento de tecnologias
militares no Brasil.
• Sem combater ou reverter os problemas provocados pelos mitos e
ressentimentos conscientes ou inconscientes, entre autoridades civis
oriundas principalmente “das esquerdas” e parte dos militares, o MD
continuará crescendo lentamente.
• Os militares não têm competência plena, para cuidar sozinhos de todos os
aspectos tecnológicos, políticos e de businees envolvidos na implantação de
um complexo industrial e tecnológico de Defesa no Brasil.
• Um dos principais danos da não consolidação e estruturação do MD é a
perda para outras áreas, de cérebros e talentos com vontade ou vocação
para a área de Defesa.
Considerações Finais II
• A superação ou minimização dos mitos, passa pela aproximação do MD
com a sociedade, em todos os níveis, explicando a exaustão a importância
da Defesa com a ascensão do Brasil na geopolítica mundial e evidenciando
que sem a possibilidade do Brasil “dizer não” as pressões externas, as
conquistas sociais podem virar pó.
• Por fim, não aproveitar as sincronicidades globais que oportunizam
alianças estratégicas e tecnológicas entre os complexos industriais militares
do Brasil, França e Suécia (simultaneamente – no melhor cenário) é no
mínimo insensato e perpetua o Brasil como potência militar medíocre e
incapaz de concretizar a médio prazo suas aspirações regionais e globais de
liderança.
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