Boletim IV Encontro Saúde Mental - Maio 2008
Infância e Adolescência: qual o diálogo possível
entre as instituições?
IV Encontro de Saúde Mental reúne profissionais para debater o atendimento
Possibilitar que profissionais das áreas da saúde, da assistência social, da educação, do esporte, da
cultura e do judiciário refletissem sobre os possíveis diálogos no atendimento à infância e à
adolescência foi o principal objetivo do IV Encontro de Saúde Mental. O evento, realizado no dia 7
de maio, contou com a participação de 171 pessoas no Espaço Criança Esperança – CEE Oswaldo
Brandão que valorizaram a oportunidade de estar frente a frente com pessoas de diferentes áreas
para poder ouvir e também serem ouvidos. Refletir, compartilhar, dialogar. Ao final, era unânime o
grande desafio que se colocava aos presentes: transformar o diálogo em ações concretas no
atendimento.
Uma reflexão sobre o tema
A mesa de abertura reuniu representantes do
poder público para uma breve reflexão sobre o
tema do evento. Entre eles estavam: Antonieta
Carneiro, diretora Regional de Ensino Municipal
Freguesia/Brasilândia,Milton Persoli, subprefeito
Freguesia/Brasilândia, Franscismar Lamenza,
promotor da Vara da Infância e Adolescência da
Lapa, Georgina de Sá, representante da
Coordenadoria Regional de Saúde, Michel Abou
Assal, diretor de Ensino Estadual da Região
Norte 1, Rubens Morais, Coordenadoria da
Assistência Social e Desenvolvimento da
Subprefeitura Freguesia Brasilândia.
O Conselho Tutelar também estava presente, representado por Humberto Previato ao lado de
Beatriz Miranda, coordenadora geral do Espaço Criança Esperança São Paulo – CEE Oswaldo
Brandão e Denis Mizne, diretor executivo do Instituto Sou da Paz.
Para Antonieta Carneiro, diretora regional de ensino Freguesia/Brasilândia, o evento é um
momento muito importante e o início da realização de um sonho. “Nossa capacidade de resolver
problemas juntos é o que fará a diferença. A criança não é só da saúde, da educação, ela é
responsabilidade de todos nós. Juntos, vamos caminhar para uma sociedade mais justa”, destacou.
A ação conjunta e compartilhada entre as diversas áreas de atendimento também foi ressaltada
pelo Dr. Francismar Lamenza, promotor da Vara da Infância e adolescência da Lapa. “A criança e o
adolescente são prioridade absoluta. Não podemos desempenhar nossos papéis sozinhos, a
interação é fundamental. Temos que buscar a integração sem medo.”
Para o subprefeito Milton Persoli, a presença de um público tão diverso mostra a consciência de
todos para esse diálogo. Georgina de Sá concordou e acrescentou: “quando olho para o público e
vejo pessoas que estão no dia-a-dia dispostas a ouvir e a discutir fico animada em perceber que é
possível realizar um trabalho de qualidade”.
Uma análise da realidade
Após a mesa de abertura, os participantes foram
separados em nove grupos de trabalho para
análise de um caso fictício. Um deles foi formado
por representantes técnicos do poder público - nas
áreas de saúde, educação, assistência social,
esporte, cultura, conselho tutelar e vara da infância.
Os demais mesclaram educadores, agentes
comunitários de saúde, médicos, educadores e
profissionais de organizações não-governamentais
ou seja, representantes das áreas que atuam no
atendimento.
A partir da história da família Silva, que apresentou
situações de vulnerabilidade social, de violência e
de saúde mental, cada grupo deveria responder a
quatro perguntas: Quais os desafios que o grupo
identifica neste caso? Com quais instituições vocês
dialogariam? Pensando na sua vivência com outros
casos, quais diálogos têm sido possíveis?Como
seria possível melhorar a interlocução entre os
profissionais/instituições envolvidos?
Na apresentação de resultados das discussões em
grupo, o poder público, o conselho tutelar, a
assistência social, igrejas e associações foram
citados como instituições que participam do diálogo
nas comunidades.
Foi destacado que existe precariedade em algumas áreas e potencialidade em outras,
dependendo da região onde acontece a atuação. Para melhorar a interlocução, os grupos
destacaram: realizar reuniões de vários segmentos com o poder público para troca de soluções
e idéias. Estabelecer uma relação de confiança e reconhecer os limites de cada um. Tornar o
diálogo uma ação estratégica e não apenas emergencial foram destaques na análise dos
grupos.
A opinião de quem participou
Flávia Brito, 24 anos, atua há dois anos como agente de saúde na UBS Vila Penteado. Para
ela, o evento foi uma oportunidade fundamental para a reflexão. “Você só percebe e entende o
outro quando o vê e o escuta, senão fica difícil saber qual é o limite de cada um.” Na sua
avaliação, o maior desafio agora é não deixar que isso aconteça apenas durante o evento.
“Precisamos ver a criança como criança, não como aluno ou paciente. Ela não pode ser vista
de forma isolada. Se olharmos para ela como responsabilidade de todos, melhoraremos nosso
atendimento.”
Avançar nas discussões é um ponto muito importante na análise de Rita Dalmaso, da
supervisão de assistência social Freguesia/Brasilândia. ”Integrar e fomentar a rede é um
desafio. Precisamos avançar na discussão para a efetividade das ações. Que o encontro nos
remeta a esse compromisso”, finalizou.
Balanço Geral
Na análise da comissão organizadora do IV Encontro do Fórum de Saúde Mental,o evento
atingiu seu objetivo levantando os principais desafios para o diálogo no cotidiano do
trabalho.Apontou para a necessidade de manter viva a troca entre todas as áreas envolvidas
com o atendimento à Infância e à Adolescência.
O grupo acredita que esse é um processo contínuo e está sistematizando os dados do
encontro, visando compartilhar as informações com o poder público para que se garanta
espaços de trocas e recursos necessários para a integração.
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