GRUPO DE ESTUDOS DE PROFESSORES DE ARTE: UMA PESQUISA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DOS SABERES DOCENTES Teresa Cristina Melo da Silveira UFU - Universidade Federal de Uberlândia / FACED – Faculdade de Educação / PPGE – Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado Comunicação - Relato de Pesquisa Resumo Objetivando estudar a constituição dos saberes docentes na interface entre o individual e o social, optamos por desenvolver uma Pesquisa Qualitativa, pois na nossa opinião ela é a que melhor atende aos propósitos por nós traçados. Esta escolha deve-se principalmente pelo caráter participativo da pesquisadora na construção do conhecimento, bem como por especificar em seus métodos as características de seu objeto de estudo, reconhecendo-o como sujeito da própria pesquisa. Por conseguinte, para investigarmos as influências do grupo de estudo de Ensino de Arte da Rede Municipal de Educação de Uberlândia-MG na formação dos saberes dos professores que o compõem, torna-se relevante dar voz a tais docentes, reconhecendo neles a sua própria humanidade de sujeitos e outorgando-lhes um papel relevante na investigação. O nosso estudo têm por objetivo compreender significados e sentidos que alguns professores de Arte produzem em relação à sua participação no grupo de estudos do CEMEPE1, considerando que seus integrantes são sujeitos de uma determinada coletividade, capazes de tecer um diálogo com a pesquisadora e de participar da investigação não apenas como informantes, mas também como colaboradores na produção do conhecimento. Dessa forma, na perspectiva científica por nós escolhida trabalhamos com alguns princípios epistemológicos básicos, a partir de González Rey2, ao considerar o conhecimento como uma produção construtiva-interpretativa, sendo tecido a partir de um caráter interativo entre pesquisador e sujeitos pesquisados e tendo a significação da singularidade como nível legítimo de sua produção. O caráter construtivo-interpretativo deve-se ao fato de que na pesquisa qualitativa não há como predizer os acontecimentos partindo de princípios ou leis universais, mas, ao contrário, nela o pesquisador possui liberdade para dar sentido às expressões dos sujeitos pesquisados. Desse modo, não caberia na nossa investigação unicamente a descrição dos professores de Arte que compõem o referido grupo, ou um relatório, mesmo que minucioso, 1 Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais Julieta Diniz. GONZALEZ REY, Fernando Luis. Pesquisa Qualitativa em Psicologia: caminhos e desafios. São Paulo: Pioneira Tompson Learning, 2002. 2 2 das atividades ali realizadas, mas procuramos ir além. O que nos interessou, acima de tudo, foi buscar compreender como os saberes docentes se constituem nas relações estabelecidas naquele espaço-tempo de estudos e formação continuada, como as relações ali tecidas interferem nas atividades pedagógicas dos professores participantes do grupo, se estes percebem as influências do grupo na sua prática de sala de aula e se costumam pensar e refletir sobre isto. Sob esta ótica, a pesquisadora tem participação ativa na produção dos significados que, a partir dos indícios e das evidências encontradas, constroem o trabalho científico. Portanto, acreditamos que o estudo da subjetividade dos professores de Arte, integrantes do grupo de estudos mencionado, nos permitirá entender o modo como organizam a sua prática docente a partir de suas vivências, de sua história de vida ou de seus valores pessoais considerando-os como sujeitos históricos, cuja vida se desenvolve em sociedade, compondo determinados sistemas de relações que interferem diretamente naquilo que são e no que fazem. Para tanto, optamos por uma investigação de orientação etnográfica, principalmente por esta possuir características que julgamos imprescindíveis ao nosso estudo: a observação participante, a entrevista intensiva e a análise documental; o preceito da interação constante entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa; a ênfase no processo dos acontecimentos e não no produto final; a preocupação com o significado e a visão dos sujeitos sobre si e o mundo que os cerca; o trabalho de campo, onde o pesquisador mantém um contato direto com as pessoas, as situações e os eventos, observando-os em sua manifestação natural; a descrição densa das situações, pessoas, ambientes, depoimentos e diálogos, com transcrições literais; e, finalmente, a formulação de hipóteses, conceitos, abstrações e teorias, advindas de um trabalho aberto e flexível, onde são revistos e reavaliados, constantemente, os fundamentos teóricos, os instrumentos, as técnicas de coleta de dados e os focos da pesquisa. Tudo isto, visando a descoberta de novos conceitos, novas relações e novas formas de entendimento da realidade. Contamos também com algum apoio quantitativo neste estudo, no intuito de levantar dados referentes aos sujeitos investigados, além de uma inicial revisão bibliográfica para a obtenção de uma base teórico-conceitual, imprescindíveis à produção de conhecimento. Por estarmos imersos em um contexto histórico-político-social-cultural, intentamos fornecer os detalhes desse “lugar” onde se encontram não apenas os sujeitos da pesquisa, como também a própria pesquisadora, para que todo o processo de investigação seja uma prática social, feita por seres humanos contextualizados e não por pessoas genéricas e ahistóricas.