LITERATURA
PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.
I229
IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —
Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.
ISBN: 978-85-387-0573-4
1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.
CDD 370.71
Disciplinas
Autores
Língua Portuguesa
Literatura
Matemática
Física
Química
Biologia
História
Geografia
Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Produção
Projeto e
Desenvolvimento Pedagógico
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Digital Juice.
A literatura
brasileira e seus
recortes
EM_V_LIT_004
“................................. estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem,
mas quero ficar com o que vivi. Não sei o que
fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que aconteceu.
Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato
de não saber como viver, vivi uma outra? A isso
queria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois
para onde voltar: para a organização anterior.
A isso prefiro chamar desorganização pois não
quero me confirmar no que vivi – na confirmação
de mim eu perderia o mundo como eu a tinha, e
sei que não tenho capacidade para outro.”
(LISPECTOR, Clarice. A Paixão Segundo G.H., p. 15.)
A fala inicial da personagem G. H., do romance de Clarice Lispector, dá-nos uma ideia de quão
esquartejadora pode ser a literatura brasileira. Ao
observarmos a última frase do trecho citado, “na
confirmação de mim eu perderia o mundo como eu a
tinha”, deparamo-nos com um mistério que ronda a
obra, a narradora, o leitor, o mundo: que alma é essa
que está ali, sendo “transfigurada”, se nós sabemos,
por exemplo, que o texto literário é arte e, como tal,
transfigura a realidade.
A própria Clarice Lispector, na abertura da obra,
em texto endereçado “a possíveis leitores”, afirma:
“Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria
contente se fosse lido apenas por pessoas de alma
já formada. Aquelas que sabem que a aproximação,
do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo
de que se vai aproximar”.
Nesse momento, devemos fazer, uma pergunta
sobre a natureza deste comentário. “Alma já formada”. O desejo de Clarice, inusitado e desproposital,
pode até refletir a preocupação da escritora com o
reflexo de sua obra nos tais “possíveis leitores”, mas
também deixa clara uma questão que vai nortear
o romance: A Paixão Segundo G. H. é um livro sem
tempo e espaço definidos. Na verdade, seu tempo é
o agora (e sempre), e seu espaço é o interno (do eu
de cada um).
Pode parecer muito abstrato. Mas a verdade é que é justamente essa abstração que faz de
G. H. uma personagem-símbolo do que chamamos
de “Estética do Esquartejamento” da literatura brasileira. Por mais de 500 anos, construímos perfis que
transbordaram as páginas dos livros e invadiram as
ruas das cidades, de norte a sul do país.
G. H. esquartejou a barata que teimava em
desafiá-la: “eu não havia empurrado a porta com
bastante força. Havia prendido, sim, a barata que
já não poderia mais avançar. Mas deixara-a viva”.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
1
Conversa com autores
Este módulo nos levará a uma reunião imaginária. Suponhamos que, num belo dia, algumas das
personagens mais intensas da literatura brasileira
se encontrassem para discutir a natureza de sua
existência.
Para que os propósitos relativos a esse exercício
atinjam seu objetivo, basta que nós nos deixemos levar
pelas asas da imaginação rumo a um mundo ficcional
em que se encontrem os padres e políticos corruptos
de Gregório de Matos, a Marília de Dirceu, os índios
de Alencar, os casmurros de Machado, os mulatos de
Aluísio de Azevedo, enfim, toda uma gama de seres
que nos ajudarão a dar os primeiros passos rumo à
crítica e à interpretação dessas obras.
A maioria dos críticos concorda com a ideia
de que a literatura brasileira teria sido iniciada, na
verdade, com o Barroco, pelos poemas de Gregório
de Matos. O Quinhentismo, anterior a esse estilo,
não representaria, realmente, um estilo brasileiro
pelo fato de reproduzir textos apenas condizentes
com Portugal.
De Gregório de Matos, como contribuição ao
espírito dilacerante de nossos escritos, podemos citar
as suas sátiras. É de um desses poemas que vem a
primeira personagem de nossa mágica reunião: um
padre que, devido ao seu comportamento escuso,
recebe do poeta um tratamento nada convencional:
“Do Confessor Jesuíta,
que ao ladrão do confessado
não só absorve o pecado,
mas os furtos lhe alcovita:
do Percursor da visita.
que na vanguarda marchando
vai pedindo, e vai tirando,
o demo há de ser algoz:
porém fique aqui entre nós”.
(MATOS, Gregório de. Obra Poética. 3. ed.
2
Rio de Janeiro: Record, 1992 . v 1.)
Esse ar de crítica, que soa tão natural na obra
de Gregório de Matos (e, logicamente, não vai ser
visto pelos poderosos da época), traz à tona um traço
marcante em nossa literatura: o poder de carnavalizar os nossos mitos. Trezentos anos mais tarde,
outra personagem, também se apresentando por
intermédio da crítica, mantém vivo o perfil iniciado
por Gregório:
“Quando chegaram em São Paulo, ensacou
um pouco do tesouro para comerem e barganhando
o resto na bolsa apurou perto de oitenta contos
de réis. Maanape era feiticeiro. Oitenta contos
não valia muito, mas o herói refletiu bem e falou
pros manos:
— Paciência. A gente se arruma com isso
mesmo, quem quer cavalo sem tacha anda de a
pé...
Com esses cobres é que Macunaíma viveu.”
(ANDRADE, Mário de. Macunaíma - o herói sem nenhum
caráter. 15. ed. São Paulo: Matins, 1968. p. 50.)
Macunaíma. Como a própria obra diz, “nome
que começa com ma tem má sina”. Parece que, real­
mente, o “herói de nossa gente”, tão preguiçoso que
“levou seis anos para começar a falar”, numa extensão do próprio Brasil, deixa claro que nosso país,
naquela fase de rupturas, também precisava de uma
ajuda quase sobrenatural para buscar os rumos do
progresso. Como Macunaíma, o Brasil também saía
de seu ambiente rústico (a floresta) para buscar as
ruas da cidade grande.
O século XVIII também apresenta seus momentos de crítica. Critilo, um dos pseudônimos de Tomás
Antônio Gonzaga, endereçava a Doroteu, Cláudio
Manuel da Costa, uma série de poemas que, juntos,
formavam as chamadas Cartas Chilenas. Mais uma
vez, a natureza satírica do brasileiro irrompe em
textos que abordam a figura do Fanfarrão Minésio
(alegoria de Luís da Cunha Meneses, o despótico
governador de Minas Gerais até pouco antes da
Inconfidência):
“A desordem, amigo não consiste
em formar esquadrões, mas sim no excesso.
Um reino bem regido não se forma
somente de soldados. tem de tudo:
tem milícia, lavoura, e tem comércio
Se quantos forem ricos se adornarem
das golas e das bandas, não teremos
um só depositário nem os órfãos
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Numa busca desenfreada pela concretização de um
eu kafkaniano, deixamo-nos irromper por frases cada
vez mais existencialistas, que traduzem a natureza
de nossa literatura: quem sou eu? onde estou? para
onde vou?
Ao tentarmos responder essas perguntas, riscamos as linhas que vão construir o retrato da própria literatura brasileira: personagens incomuns, originais,
sempre à cota dos caminhos que as levam ao ponto
mais oculto de todos: o interior do próprio ser.
terão também tutores, quando nisto
interessa igualmente o bem do Império”.
(GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. In: LAPA, M.
Rodrigues. As Cartas Chilenas – um problema histórico e
filosófico. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1958.)
Questionar os dominantes. Parece que na literatura brasileira este sempre foi um ponto predominante. Os estilos se sobrepunham uns aos outros,
mas sempre havia um artista que se manifestava
contrário a alguma ideologia. O século XIX trouxe-nos
a Independência do Brasil, o Romantismo e, dentro
do estilo das idealizações, o Poeta dos Escravos.
Castro Alves rebelou-se contra a escravidão e, ainda que tratasse o tema com a parcimônia típica dos
românticos, pelo menos não deixou que o mesmo
passasse em branco:
“Auriverde pendão da minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do Sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos herois na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
(Castro Alves)
Brás Cubas trouxe-nos uma gama de negativas.
Machado de Assis se vestiu de pessimismo e questionou toda uma sociedade por meio das palavras e
do comportamento de sua personagem mais importante. Há críticas ao Romantismo (estilo anterior ao
Realismo de Machado), há ironia, mas há acima de
tudo, o descomprometimento do autor com a cidade
que emprestava suas ruas para servir de pano de
fundo àquela história:
EM_V_LIT_004
“Somadas umas coisas e outras, qualquer
pessoa imaginará que não houve míngua nem
sobra, e consequentemente que saí quite com a
vida. E imaginará mal. porque ao chegar a este
outro lado do mistério, achei-me com um pequeno
saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo
de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a
nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Capítulo CLX.)
A procura por novas linguagens continua. O
século XIX chega ao fim com o “filho do carbono e
do amoníaco” se deixando “roer pelos vermes do
pós-morte”. Augusto dos Anjos é mais um poeta que
quebra todos os paradigmas já erguidos até então.
Abordando temas mórbidos, fatais, ele inaugura uma
nova concepção que surge juntamente com o século
XX: uma poesia necrológica, com características
próprias e estilo inconfundível.
O século XX trouxe-nos as vanguardas, as rupturas e o amadurecimento. O Brasil atinge finalmente
uma identidade e o esquartejamento se torna mais
metalinguístico que nunca. Para entender essa viagem, é preciso que abramos nossa mente às inúmeras
possibilidades que o Modernismo nos traz. A forma,
o tema e a linguagem dos textos procuram maneiras
de, cada vez mais, erigir uma literatura verdadeiramente nacional. Muitos foram os artistas que contribuíram com este objetivo. Um deles foi responsável
pelo “esquartejamento” do que se pensava como
língua portuguesa linear e oficial: Guimarães Rosa
brincou com palavras como uma criança com cubos.
Inventou, reinventou e deixou-nos um material rico
para quem gosta de decifrar enigmas morfológicos:
“Explico ao senhor: o diabo vige dentro do
homem, os crespos do homem – ou é o homem
arruinado, ou o homem dos avessos. Soltos, por si,
cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum!
– é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo,
franco – é alta mercê que me vejam – é de minha
certa importância. Tomara não fosse... Mas, não
diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta
opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava
por ela – já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece
de ter sua aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem
diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém
devia de ver, então era eu mesmo, este vosso
servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula
seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos
homens. Até: nas crianças – eu digo. Pois não é
ditado: “menino – Trem do diabo?” E nos usos, nas
plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrume...
O diabo na rua, no meio do redemunho...”
(ROSA, Guimarães. Grande Sertão: veredas. 12. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1978. p. 11.)
O Modernismo brasileiro foi, de fato, importante.
A Arte (Literatura) tupiniquim atingiu um patamar
elevado, foi reconhecida nacional e internacionalmente, projetou o nome do país nos circuitos internacionais.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
3
“Eu
moderno poeta, e brasileiro
com a pena e pele ressequidas ao sol dos
trópicos,
quando penso em escrever poemas
- aterram-me sempre os terreais problemas.
Bem que eu gostaria
de chamar a família e amigos e todo o povo
enfim
e sair com saltério bíblico
dançando na praça como um louco David.
Mas não posso,
pois quando compelido ao gesto do poema
eu vou é pegando qualquer caneta ou lápis
e papel desembrulhado
e escrevo
escrevo entre britadeiras buzinas
sequestros salários coquetéis televisão
torturas e censuras
e os tiroteios
que cinco vezes ao dia
disparam na favela ao lado
4
metrificando assim meu verso marginal de
perseguido
que vai cair baldio num terreno
abandonado”.
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Rainer Maria Rilke e eu.
In: 100 Anos de Poesia – um panorama da poesia brasileira
no século XX. RODRIGUES, Claufe. MAIA, Alexandra. Rio de
Janeiro: O Verso Edições, 2001, v, 2, p. 102).
Pelas palavras do poeta, pode-se perceber o
poder de alcance da literatura brasileira pós-semana
de Arte Moderna. O mesmo poeta afirmou então que
“toda vez que um bom poema foi escrito e maravilhou
alguém, este foi um grande momento. A história da Literatura é um diálogo entre os textos, uma reinvenção
permanente da escrita”. Resta a nós, então, pequenos
leitores, a magia de sentimentos e emoções.
Suponhamos que estejamos em 1500, a bordo
das caravelas que trouxeram os portugueses ao
Brasil, dentre eles Cabral e Pero Vaz de Caminha,
fundamentais no período inicial de nossa história. As
naus aportaram, os europeus desceram e pisaram o
solo tupiniquim pela primeira vez, iniciando a grande
miscelânea que foi a nossa formação cultural.
De lá para cá, muita coisa aconteceu (e mudou).
Os nativos que aqui habitavam foram obrigados a
conviver com aqueles brancos ávidos de descobrir
tudo o que podiam sobre a nova terra, sobre as novas
pessoas e sobre as possíveis riquezas que aqui estavam praticamente ao dispor dos colonizadores.
O início de nossa produção literária, no entanto,
foi bem característico. Não se pode falar, realmente,
de uma literatura do Brasil, apenas de textos escritos
e produzidos no Brasil. Os relatos dos navegantes e,
mais posteriormente, os textos dos jesuítas foram
apenas uma continuação de tendências iniciadas
ainda em Portugal.
A periodização literária brasileira prosseguia no
decorrer dos séculos. Os movimentos se sucederam
uns aos outros e novos parâmetros foram sendo atingidos. Mas uma coisa fundamental se tentava alcançar, porém sem sucesso quase sempre: um conjunto
de obras que expressasse, de forma irrevogável, um
verdadeiro sentimento de brasilidade, ou seja, uma
identidade nacional construída sobre os alicerces de
um ideal nacionalista crítico.
Após o chamado Quinhentismo, o Brasil inicia,
então, a caminhada rumo ao seu perfil real que tem
seus primeiros momentos com o Barroco de Gregório de Matos e prossegue pelos demais estilos até
atingir a dissolução total, com o Modernismo, já no
século XX.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Os escritores deixaram de se preocupar apenas
com seus escritos. As linguagens multiplicaram-se,
misturaram, se fundiram. A semana de Arte Moderna, de 1922, provou que é possível mesclar talentos,
procurar, nos saberes, os sabores, e, nos sabores, os
saberes.
O século XX mostrou-nos que a Arte (e a literatura) não precisavam ficar distantes da realidade de seu
povo. Esquartejamento total. Os manifestos da década de 20 provaram isso. E como foi bom esquartejar
tradições, sorver culturas antropofagicamente.
Para concluir (apenas este módulo, visto que o
assunto é interminável), fazemos nossas as palavras
de um poeta do século XX que soube, maravilhosamente bem, retratar seu tempo: Affonso Romano de
Sant’anna.
A estética modernista representou a perfeita
supremacia do que se chama de uma identidade nacional. E o Brasil foi, então, “redescoberto”, dessa vez não
pelos portugueses, mas sim pelos próprios brasileiros,
que passaram a, finalmente, se reconhecer nas obras.
Um dos poetas que melhor representou esse momento
foi, então, Mário de Andrade, como no poema ao qual
deu o sugestivo nome de “Descobrimento”:
``
Exemplo:
“Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da Rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que eu me lembrei que lá no norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos
olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu”.
(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. 1955.)
“Fazer uma pele com a borracha do dia”. A imagem retrata bem o que o eu lírico de Mário de Andrade quis expressar em seu poema: as primeiras luzes
do Modernismo iriam, na verdade, iluminar o trajeto
rumo ao eu verde-amarelo propriamente dito.
A literatura brasileira começou de uma forma
que não representava sua verdadeira identidade: foi
o chamado Quinhentismo ou o momento da literatura
informativa e jesuítica. Outros estilos se seguiram a
esse momento. Apenas a título de exemplo, podemos
criar uma linha cronológica da literatura brasileira
da seguinte forma.
Periodização da literatura
brasileira
EM_V_LIT_004
Literatura informativa e
jesuítica (1500-1601)
É o conjunto de relatos produzidos pelos navegantes, viajantes e religiosos que aqui estiveram nos primeiros anos da colonização. Como destaques, a Carta
de Pero Vaz de Caminha e os textos do padre José de
Anchieta, que tinham uma função catequética.
Barroco (1601-1768)
O marco inicial do Barroco brasileiro foi a publicação do poema “Prosopopeia”, de Bento Teixeira.
Os grande destaques foram o poeta baiano Gregório
de Matos e o padre Antônio Vieira, autor de belos
sermões. Em termos históricos, sociais e políticos,
o Barroco não pode ser considerado um movimento
completo porque, na verdade, o Brasil ainda era
muito dependente de Portugal (que não permitia a
publicação de livros na colônia) e possuía núcleos
urbanos muito distantes uns do outros.
Arcadismo / neoclassicismo
(1768-1836)
O marco inicial do Arcadismo foi a publicação do
livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa. Juntamente
com Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama, eles
representam os principais autores do momento. De
Gonzaga, eternizou-se a obra Marília de Dirceu e de
Gama, o poema épico “O Uraguai”, que representava
uma forma de valorizar o índio na cultura brasileira.
No contexto histórico, vale a pena lembrar que a
época era de valorização das Minas Gerais, do ouro
e das pedras preciosas, fator que condizia muito bem
com a natureza “campestre” do Arcadismo.
Romantismo (1836-1881)
O livro Suspiros Poéticos e Saudade, de Gonçalves de Magalhães foi o marco inicial do Romantismo
brasileiro. Apesar de o Romantismo ter ficado na
história como apenas uma tentativa de edificação
da identidade nacional brasileira, sua importância é
atroz, visto que foi esse o momento de consolidação
da literatura brasileira, com a abordagem de elementos nacionais ao perfil nacional. O indianismo
representa o desdobramento do sentimento nativista
– como atestam José de Alencar e Gonçalves Dias.
Além disso, é importante que a poesia, a prosa e o
teatro foram amplamente desenvolvidos na época.
Realismo / naturalismo (18811922)
O Realismo teve por marco inicial a publicação
do romance Memórias Póstuma de Brás Cubas, de Machado de Assis, enquanto o Naturalismo foi iniciado
pela publicação de O Mulato, de Aluísio Azevedo,
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
5
ambos de 1881. Foi o momento da prosa, em especial
o romance e o conto. Os escritores da época analisaram uma série de problemas da sociedade brasileira
do final do Império e do começo da República.
Estilos de retomada
clássica
Parnasianismo (1882-1922)
Características
Contemporâneo ao Realismo e ao Naturalismo,
o Parnasianismo foi o movimento poético da época.
Teve por marco inicial a publicação do livro Fanfarras,
de Teófilo Dias e os principais autores foram Olavo
Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Vicente de Carvalho.
•• antropocentrismo.
Simbolismo (1893-1922)
•• valorização das Descobertas e do Cientificismo e Concretude (Abordagem da Vida).
A publicação dos livros Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesia), ambos de 1893 e de autoria
de Cruz e Sousa, serviu de marco inicial do Simbolismo. Foi o movimento que se opôs ao objetivismo
parnasiano e representou a maneira dos estados
psicológicos mais introspectivos dos artistas da
época. Como expressão estática, rituais, religiosos,
misticismo e espiritualidade.
Modernismo (1922-?)
Em 1922, a Semana de Arte Moderna deu início
ao mais nacional de nossos movimentos literários.
Seu contexto antropofágico permitiu que as vanguardas europeias, muito comuns no final do século XIX e
início do século XX, pudessem ser aplicadas na cultura brasileira de forma mais característica e nativista.
Esta possibilidade consolidou o Modernismo como a
maior expressão de nossa cultura, introduzindo nos
vários campos da arte aspectos inovadores na Literatura, mais especificamente, a forma, a linguagem
e os temas abordados.
•• valorização do homem.
•• valorização da Razão.
•• objetividade.
•• valorização do Pensamento.
Estilos comuns à abordagem
clássica
•• Quinhentismo. Arcadismo (Neoclassicismo).
•• Realismo. Naturalismo. Parnasianismo.
Estilos de retomada
medieval
Características
•• teocentrismo.
•• valorização de Deus.
•• valorização da Emoção.
•• subjetividade.
•• valorização do Sentimento.
A cronologia dos estilos de época à literatura
brasileira apresentou um movimento cíclico de culminância no Modernismo. A origem de tudo foi a
Antiguidade Clássica. Em oposição àquele momento,
a Idade Média. No Brasil só foi descoberto à época
do Renascimento e, a sucessão de movimentos foi se
manifestando, ora retomando os ideais clássicos, ora
os ideais medievais, como se vê a seguir.
6
•• valorização da expressão da individualidade
e abstração (abordagem de temas ligados à
morte).
Estilos comuns à abordagem
medieval
•• Barroco. Romantismo. Simbolismo.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Características comuns aos
estilos literários
Conclusões
composição, não há desde logo vê-la surgir perfeita,
como na trilhada citação mitológica, a deusa da
sabedoria da cabeça do deus pai dos deuses”.
(Oliveira, Alberto de. O culto da forma na poesia
brasileira. In: COUTINHO, Afrânio (Org). Caminhos
do pensamento crítico. Rio de Janeiro: Pallas, 1980.
v. 1, p. 583.)
Domínio público.
Antes de concluirmos nosso módulo, gostaríamos de apresentar as palavras de Tarsila do Amaral
sobre uma de suas obras:
Texto II
“A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e
de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são
estéticos.
O carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça.
Pau-brasil. Wagner submerge antes os cordões de
Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica.
Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro
e a dança”.
Tarsila do Amaral.
“Eu quis fazer um quadro que assustasse o
Oswald (de Andrade), uma coisa que ele não esperava. Aí é que vamos chegar no Abaporu. O “Abaporu”
era figura monstruosa, a cabecinha, o bracinho fino,
aquelas pernas compridas, enormes, e junto tinha um
cacto, que dava a impressão de um sol, como se fosse
também uma flor. (...) Oswald disse: Isso é como se
fosse selvagem, uma coisa do mato”. Eu quis dar um
nome selvagem também ao quadro e dei “Abaporu”,
palavra que encontrei no dicionário de Montoya, da
língua dos índios. Quer dizer “antropófago”.
(ANDRADE, Oswald de. Manifesto da poesia pau-Brasil.
In: COUTINHO, 1980, v. 1, p. 369).
Após a leitura dos dois textos, responda: podemos
perceber diferenças entre a teoria de Alberto de Oliveira
(parnasiano, séc. XIX) e a de Oswald de Andrade
(modernista, séc. XX)? Quais? Qual a importância de
serem observadas tais diferenças no decorrer dos
tempos da literatura brasileira?
(Tarsila do Amaral)
Tarsila deixou-nos o retrato fiel da época, não só
pelas tintas, mas também pelas palavras. Seu texto,
numa verdadeira essência metalinguística, representa perfeitamente a culminância modernista.
A Semana de Arte Moderna permitiu que as
obras pós-1922 apresentassem tantas influências,
que nelas se vêem aspectos medievais. Acima de
tudo, o Modernismo foi um estilo próprio, único e
incomparável. Após esse início, tudo mudou e a
identidade nacional foi, finalmente, atingida.
``
Solução:
Segundo Oswald de Andrade, a poesia está nas coisas
mais simples e cotidianas, acontecendo de forma natural
(como natural é a própria vida). Ao contrário, Alberto
de Oliveira se apresenta como alguém que programa o
fazer poético, edificando versos da mesma forma que um
prédio ou uma construção. A importância de observarmos
tais diferenças diz respeito ao fato de provarmos o caráter
evolutivo da Arte (e da literatura) ao acompanharem as
transformações do mundo e da sociedade.
2. (Elite) Às vezes, um texto reflete muito mais imagens
visuais do que sentimentais. Isso ocorre, principalmente,
com poemas concretos, por exemplo.
a) Leia o texto abaixo e responda à questão que segue:
1. (Elite)
Nordeste
Texto I
EM_V_LIT_004
ser tão sem
“O escultor, desbastada a pedra, moldada a estátua,
então trata de escodear e brunir. o pintor, dispostas as
figuras, distribuídas as cores, feito o seu quadro, então
lhe dá a última demão, o retoca e aprimora.
Não pode ser outro o processo do escritor: poesia
ou prosa, o poema ou o romance, a ode, a elegia ou
o soneto, ou a novela e o conto, qualquer que seja a
sem ser tão
tão sem ser
(Félix de Athayde)
O poema de Felix de Athayde se expressa por meio de
uma “economia vocabular” que beira a pobreza. Explique
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
7
com suas próprias palavras uma possível razão para a
escolha de tal processo poético, visto que já sabemos
que, num texto literário, nada é gratuito (tudo tem um
propósito de ser).
``
4. (Elite) Leia o texto abaixo e responda à questão que
segue:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Solução:
A pobreza vocabular está associada à própria pobreza do
sertão. Assim, o texto passa a remeter metaforicamente
ao próprio espaço físico do sertão. Se, na realidade,
tem-se o homem nordestino como aquele que está no
centro de um espaço que se perde em todas as direções,
no poema, o nordestino pode ser representado pelo
leitor que tem, a sua frente, um texto que pode ser lido
em várias direções. O ícone mais marcante do texto é
realmente, o vocábulo “ser” que, inclusive, aparece nos
três versos e nos leva a pensar no objeto final de análise
de qualquer obra de arte: o Homem.
3. (Elite) Observe a obra a seguir. Seu autor, o artista
americano Tom Wesselmann quis retratar a sensualidade
da mulher. Como você explicaria o quadro se pedissem
para que você tecesse comentários que dialogassem
com aspectos literários ou com a Literatura? Em outras
palavras, como você interpretaria o quadro se ele fosse
um texto poético?
(Oswald de Andrade)
O que se pode dizer da nova visão linguística expressa
pelo Modernismo, tomando-se por base o poema
“Pronominais”, de Oswald de Andrade?
``
Solução:
O poema de Oswald de Andrade, “Pronominais”, reflete
bem as novas concepções linguísticas do Modernismo
brasileiro. Nele, a crítica a uma gramática purista e preconceituosa, que não reflete a realidade do povo brasileiro, pode ser verificada pela oposição marcada entre
primeiro e último versos. O poema é, então, um dos texto
que abordou a brasilidade da língua falada no país.
5. (Elite) Relacione as duas estrofes abaixo, a primeira
de Gonçalves Dias, do poema “Canção do exílio”, e a
segunda de Oswald de Andrade, poeta modernista, do
poema “Canto de regresso à pátria”:
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá”.
e
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá”.
``
``
Solução:
Se a obra de Tom Wesselmann fosse um texto poético,
ele seria analisado como um texto em que houvesse
metonímia. No caso, a representação da sensualidade
da mulher é apresentada por apenas um parte de seu
corpo (os seios).
8
Solução:
Enquanto o texto de Gonçalves Dias é ufanista e idealiza
o Brasil como espaço de perfeição e saudade, Oswald
de Andrade ironiza certos aspectos da cultura brasileira e
desnuda sua realidade, nem tão perfeita assim, marcada
principalmente pelo vocábulo “palmares”.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Obra de Tom Wesselmann.
6. (FCC) Considerados os acontecimentos da semana de
Arte Moderna e a atitude de seus principais integrantes,
é correto dizer que o primeiro momento do Modernismo
brasileiro visava:
a) atualizar nossa produção literária, fazendo com que
reproduzisse a estética e a temática euramericanas,
em vigência desde o início do século.
b) instaurar uma literatura politicamente empenhada e
combativa, inspirada no Neo-Realismo e no Neo-naturalismo.
c) propor um conjunto de normas e de regras literárias, pautadas nos ensinamentos clássicos, que
orientassem nossa produção literária.
d) reavivar nossa produção literária, que desde fins
do século XIX, com a decadência do Simbolismo,
escasseava.
e) combater remanescentes literários retrógrados, representados sobretudo pelo Parnasianismo, a fim
de renovar o curso da literatura que se fazia entre
nós.
``
Solução: E
A Semana de Arte Moderna pode ser representada por
dois temas: ruptura e valorização do nacionalismo. É com
essa imagem que devemos nos remeter ao Modernismo
brasileiro.
Imagem do filme Olga.
EM_V_LIT_004
7.
(Elite) Leia o texto abaixo, extraído do artigo da professora Anita Leocádia Prestes, publicado na revista Nossa
História, ano I, nº 9, julho 2004, p. 20, sobre o lançamento
do filme Olga, baseado no livro de Fernando Morais, a
respeito dos últimos momentos de vida de Olga Benário
Preste, e comente como podemos tecer relações entre o
filme e a miscigenação cultural tão característica do Brasil
desde o início de sua colonização, a partir do momento
de que a obra de Jayme Monjardim valoriza o Brasil em
todos os seus aspectos, principalmente pela presença de
cenários montados no Brasil para personificar a Europa,
fugindo a recursos mais universalizados de retratação
de pessoas, línguas e lugares.
O dia em que nevou no Rio de Janeiro
A história de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes chegou
aos cinemas de todo o país no dia 20 de agosto, numa
bem cuidada produção que mistura ficção e história. O
filme Olga, baseado no best-seller de Fernando Morais
e dirigido por Jayme Monjardim, mobilizou durante
três meses uma numerosa equipe de artistas e técnico,
unidos em torno de um projeto ambicioso: recriar
acontecimentos passados há quase setenta anos – e
não apenas no Brasil. Como isso foi possível?
“Reconstruir momentos históricos é sempre uma tarefa
difícil para uma produção, tanto no Brasil como no
exterior”, responde Rita Buzzar, responsável pelo roteiro
e produção de Olga. “No filme, existiram duas dificuldade
centrais. A primeira era recriar cenários da Alemanha
e da Rússia no Brasil. A outra, a grande quantidade de
locações externas – que eram quase cinquenta!”
O ponto de partida foi uma criteriosa pesquisa, iniciada
três meses antes de começarem as filmagens. Graças
a uma bolsa de três semanas do Instituto Goethe,
da Alemanha, ela pôde visitar locais por onde Olga
Benário pas­sou, incluindo o campo de concentração
de Ravensbruck. Teve acesso aos arquivos da Gestapo,
a polícia de Hitler, e do Partido Comunista Alemão,
e conversou com antigos militantes comunistas,
contemporâneos de Olga.
Enquanto isso, no Brasil, Tiza de Oliveira, diretora de
arte, e Myriam Mendes, pesquisadora, levantavam infor­
mações no Arquivo Público do Estado do Rio de janeiro,
na Biblioteca Nacional e no arquivo da Polícia Militar do
Rio. Conversas com a filha e a irmã de Prestes, Anita
Leocádia e Lygia Prestes, também ajudaram muito na
recom­posição da época.
Pela Internet, o Museu do Holocausto, de Washington,
deu às pesquisadoras uma ideia precisa de como os ale­
mães se vestiam na época retratada. Colaboradores, na
Alemanha e na Rússia, pesquisaram os tipos de placas de
rua e de carros, a arquitetura, os cartazes e os jornais que
circulavam naqueles países. Tudo isso foi reproduzido
no filme, na busca de maior verossimilhança.
O grande desafio foi, sem dúvida, trazer ambientes de
Moscou e Berlim para o Brasil. Tiza de Oliveira passou
três finais de semana escolhendo locações. Foi assim
que o prédio do Ministério da Fazenda, no centro do Rio
de janeiro, se transformou na sede da III Internacional
Comunista, o Komintern, e a antiga Fábrica Bangu,
na Zona Oeste do Rio, foi convertida num campo de
concentração. Aí, mais uma dificuldade, segundo Tiza de
Oliveira: con­vencer trinta magras figurantes a abdicarem
de sua vaidade e raspar as cabeças, como os nazistas
faziam com as prisioneiras judias. Num calor de quarenta
graus, os atores tiveram de fingir que tremiam de frio.
“Nessa cena”. diz a diretora de arte, “usamos quarenta
toneladas de neve artificial. O chão foi coberto de sal
grosso. No alto, uma máquina jogava raspas de isopor
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
9
e xampu sobre os atores, enquanto uma cobertura
escondia o sol escaldante.”
Foi a primeira vez que nevou em Bangu, um dos Bairros
mais quentes do Rio de Janeiro.­
``
Solução:
O filme de Jayme Monjardim é um exemplo típico do
que o Modernismo representou em nossa cultura. Aliada
a uma cultura antropofágica, as obras pós-22 puderam
demonstrar aspectos mais nativistas, de valorização dos
elementos que poderiam representar o que havia de mais
brasileiro, isso no que tivesse a ver com relação à forma,
à linguagem e aos temas.
Quando uma obra-de-arte é criada, buscam-se, em sua
realização, as influências que vêm de fora de seu país, de
sua cultura. O filme “Olga” é um bom exemplo disso. Ele
alia a uma história “multinacional” o poder de concretizála totalmente dentro dos parâmetros de ruptura com a
influência europeia na cultura brasileira. Acima de tudo,
Olga é uma mostra real do talento de um povo, do talento
dos brasileiros.
2. (Fuvest) De acordo com o texto:
a) a Rosa pelejou para ensinar o papagaio a falar o
nome dela.
b) o papagaio não conseguia falar nome algum porque estava doente.
c) o Dito tinha um jeito para ensinar o papagaio a falar.
d) a Rosa tinha inveja do Miguilim porque o papagaio
falava o nome dele.
e) o Dito e o Miguilim pediram à Rosa que ensinasse
o papagaio a falar o nome do Dito.
3. (Fuvest) O texto reproduz uma cena de convívio familiar,
onde se evidencia:
a) indiferença do Miguilim.
b) remorso do Dito.
c) docilidade do Papaco-o-Paco.
d) preguiça da Rosa.
e) insensibilidade do Autor.
O ovo de galinha
(fragmento)
a) descuidada.
b) lógica.
c) erudita.
d) afetiva.
e) enxuta.
10
João Cabral de Melo Neto
O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia,
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda a vida.
E que se encontra também noutras
que entretanto mão não fabrica:
nos corais, nos seixos rolados
e em tantas coisas esculpidas
cujas formas simples são obra
de mil inacabáveis lixas
usadas por mãos escultoras
escondidas na água, na brisa.
No entretanto, o ovo, e apesar
de pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
A presença de qualquer ovo,
até se a mão não lhe faz nada,
possui o dom de provocar
certa reserva em qualquer sala.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Texto para as questões de 01 a 03.
(...) “– Escuta, Miguilim, uma coisa você me perdoa?
Eu tive inveja de você, porque o Papaco-o-Paco fala
Miguilim me dá um beijim... e não aprendeu a falar
meu nome... “O Dito estava com jeito: as pernas duras,
dobradas nos joelhos, a cabeça dura na nuca, só para
cima ele olhava. O pior era que o corte do pé ainda
estava doente, mesmo pondo cataplasma doía muito
demorado, mas o papagaio tinha de aprender a falar o
nome do Dito!” – Rosa, Rosa, você ensina o Papaco-oPaco a chamar alto o nome do Dito? “ “– Eu já pelejei,
Miguilim, porque o dito mesmo me pediu. Mas ele não
quer falar, não fala nenhum, tem certos nomes assim eles
teimam em não entender...” (Guimarães Rosa)
1. (Fuvest) Os diminutivos e a pontuação, no texto de Guimarães Rosa, contribuem para criar uma linguagem:
4. O Poeta considera o ovo:
a) ridículo, grotesco.
a) a coloração da obra.
b) uma escultura da natureza.
b) a porosidade da obra.
c) um saboroso alimento.
c) o burilamento da obra.
d) complexo na sua estrutura.
d) a obra inacabada.
e) áspero na sua superfície.
e) a obra grosseira.
5. Para o Poeta, o ovo impressiona, sobremaneira, dois dos
nossos sentidos. Quais?
b) Olfato e Paladar.
c) Visão e Audição.
b) do abastecimento.
d) Tato e Visão.
c) estético.
e) Olfato e Tato.
d) bíblico.
6. O verbo usado no 2.° verso da 1.ª estrofe.
a) Ironiza os pueris sentimentos do agente.
b) Realça o aspecto disforme e ridículo do ovo.
c) Enfatiza a delicadeza, o respeito e o cuidado do
agente.
e) didático.
11. A palavra que justifica a correta resposta ao item anterior é:
a) nascimento.
b) morte.
d) Demonstra a repugnância do agente.
c) alimento.
e) Ridiculariza o desnecessário cuidado do agente.
d) perfeição.
“...coisas torneadas num trabalho de toda a vida.”
e) reserva.
Assinale a coisa que não estaria classificada entre as
sugeridas pelo Poeta nos versos.
a) Sala.
12. Quando afirma que “O ovo (...) está no ponto de partida”
o Poeta está lançando mão de um argumento:
a) estético.
b) Rosa.
b) biológico.
c) Folha.
c) bíblico.
d) Coral.
d) poético.
e) Concha.
e) matemático.
8. Os leitores do poema de João Cabral de Melo Neto
podem ser levados a admitir a existência de um agente
divino, em razão da seguinte passagem:
a) “O ovo revela o acabamento, / a toda mão que o
acaricia...”
b) “...possui o dom de provocar / certa reserva em
qualquer sala.”
c) “...não se situa no final: / está no ponto de partida.”
d) “...usadas por mãos escultoras / escondidas na
água, na brisa.”
EM_V_LIT_004
10. “O ovo (...) não se situa no final...”
Para o Poeta, alguém poderia pensar que o ovo estivesse
no final, levando em conta o ponto de vista:
a) médico.
a) Tato e Paladar.
7.
9. A palavra lixas, do poema, serve para realçar:
e) “...coisas torneadas / num trabalho de toda a vida.”
13. Justifica-se a correta resposta à pergunta anterior.
a) Porque o ovo simboliza o pecado original.
b) Pela simplicidade estrutural do ovo.
c) Porque o ovo sugere beleza e simplicidade.
d) Porque o ovo é a célula-mater.
e) Pela forma geométrica do ovo.
14. Lendo o poema, conclui-se que:
a) só o que é simples pode ser artístico.
b) o homem nunca poderá competir com a natureza.
c) a perfeição é inatingível.
d) o homem jamais será artisticamente simples.
e) o estilo é o homem.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
11
12
Eu vim do mar! Sou filho da procela.
Trago uma cruz de sangue em cada vela.
Para sentir a glória de te amar,
lobo do oceano acostumado a tudo,
épico só no mar, lírico em terra,
estenderei o couro de um jaguar
sobre este chão que ficará um veludo
mais verde, mais macio do que o mar...
No mar, o bravo peito lusitano.
Em terra o amor em primeiro lugar.
E tão grande há de ser a nossa luta
sobre o leito trançado de cipós,
que a Noite cairá, pesada e bruta,
suando pingos de estrelas sobre nós!
(RICARDO, Cassiano. Martim Cererê. 12. ed. Rio de Janeiro:
José Olímpio; Instituto Nacional do Livro, 1972. p. 30-31.)
15. (UFRJ) O eu do poema é:
a) o poeta.
b) a terra brasileira.
c) o nauta.
d) o indígena.
e) a Uiara.
16. (UFRJ) Esse eu se situa numa posição de:
a) homem.
b) Deus.
c) herói.
d) anti-herói.
e) covarde.
17. (UFRJ) Um dos versos abaixo estaria mais compatível
com a resposta anterior.
a) A ambição pode mais do que a saudade...”
b) “Trago uma cruz de sangue em cada vela!”
c) “Épico só no mar, lírico em terra”
d) “E agora, ó Uiara, eu sou um rouxinol”
e) “quanta vez me afundei no inferno d´água”
18. (UFRJ) Em “A saudade abraçou-me, tão sincera,/ soluçando, no adeus do nunca-mais./ A ambição de olhar
verde, junto ao cais,/ me disse: vai que eu fico à tua
espera!” – temos um exemplo de:
a) sinestesia.
b) hipálage.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Declaração de amor
Eu vim do mar! Sou filho de outra raça.
Para servir meu rei andei à caça
de mundos nunca vistos nem sonhados,
por mares nunca de outrem navegados.
Ora de braço dado coma procela,
ora a brigar com ventos malcriados.
Trago uma cruz de sangue em cada vela!
Na crista da onda, em meio do escarcéu,
na solidão encrespada e redonda,
quanta vez me afundei no inferno d´água
ou com a cabeça fui bater no céu!
Simples brinquedo em mãos da tempestade
fabulosa ambição me trouxe aqui.
A ambição pode mais do que a saudade...
Ambas me foram ver, quando eu parti.
A saudade abraçou-me, tão sincera,
soluçando, no adeus do nunca-mais.
A ambição de olhar verde, junto ao cais,
me disse: vai que eu fico à tua espera!
E agora, ó Uiara, eu sou um rouxinol.
Épico só no mar, lírico em terra,
quero gorjear à beira do regato
e o teu beijo colher, fruta do mato,
no teu corpo pagão, quente de sol.
E agarra-me aos teus seios matutinos,
nauta que amou centenas e centenas
de ondas em fúria e veio naufragar,
depois de tudo, em duas ondas morenas,
que valem mais, em sendo duas apenas,
do que todas as ondas que há no mar.
Que importa a nós as brejaúvas más,
na virgindade insólita onde fechas
o teu supremo bem – ínvio tesouro,
vigiado pelas onças de olhos de ouro –
guardem seus cachos roxos entre flechas
e eu beba a água que o sertão me traz
nas folhas grossas dos caraguatás?
Que importa, no ar, papagaios em bando,
ou araras pintadas, deem risadas,
por nos verem assim, falando a sós,
tu da cor da manhã, eu cor do dia,
se os pássaros do amor e da alegria
a todo instante pousarão cantando
nas coisas que te digo, em minha voz?
c) personificação.
d) hipérbole.
e) metonímia.
19. (UFRJ) O quarto verso da primeira estrofe:
a) nos lembra um famoso romance brasileiro.
b) nos lembra um famoso poema lírico.
c) nos lembra um famoso poema dramático.
d) nos lembra um famoso poema épico.
e) é uma criação original do poeta.
20. (UFRJ) Na segunda estrofe, o eu se coloca numa
situação de:
a) segurança.
24. (UFRJ) Comparando: “E agora, ó Uiara, eu sou um rouxinol. / Épico só no mar, lírico em terra,/ quero gorjear
à beira do regato” e “Minha terra tem palmeiras/ Onde
canta o Sabiá./ As aves, que aqui gorjeiam,/Não gorjeiam
como lá.” (G. Dias) – chegamos à conclusão de que:
a) não há diferença no emprego da palavra “gorjear”
num e noutro poema.
b) “Gorjear”, no primeiro caso, se encadeia na totalidade de uma imagem poética, tendo, portanto, um
sentido mais figurado.
c) em ambos se destaca, através do verbo “gorjear”, a
fauna brasileira.
d) em ambos, o verbo “gorjear” destaca a atividade do
poeta lírico.
e) o verbo “gorjear”, no primeiro caso, tem um valor
mais denotativo que no segundo.
b) domínio.
c) apreensão.
25. (UFRJ) Nos dois últimos versos da penúltima estrofe (v.
53 e 54), encontramos uma figura de construção:
d) onipotência.
a) anástrofe.
e) insegurança.
21. (UFRJ) Na mesma estrofe, o verso que melhor justificaria
a resposta anterior seria:
b) pleonasmo.
c) assíndeto.
a) primeiro verso.
d) silepse.
b) segundo verso.
e) elipse.
c) quarto verso.
d) quinto verso.
e) sexto verso.
22. (UFRJ) Imagisticamente, o termo da 5.ª estrofe que
corresponderia ao verso “E agarrar-me aos teus seios
matutinos”, seria:
a) virgindade insólita.
b) ínvio tesouro.
c) ondas em fúria.
d) os pássaros do amor e da alegria.
e) duas ondas morenas.
EM_V_LIT_004
23. (UFRJ) No verso “Trago uma cruz de sangue em cada
vela”, destacam-se duas ideias fundamentais:
1. (FUCMT)
“E horas sem conta passo, mudo,
A olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.”
Conforme lembra o excerto, a preocupação com
exprimir ideias e pensamentos, o cuidado com o rigor
da expressão e o abandono da visão sentimentalista
do mundo são características mais tipicamente visíveis
na poesia:
a) dos ultrarromânticos.
a) cristianismo – expansionismo.
b) simbolista.
b) cristianismo – tragédia.
c) religiosa do barroco.
c) cristianismo – vitória.
d) parnasiana.
d) cristianismo – derrota.
e) experimental dos primeiros modernistas.
e) dor – derrota.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
13
2. (FUCMT)
a) simbolista.
“Foi no mar de um cuidado
meu coração pescado.
anzóis os olhos belos.
são linhas teus cabelos
com solta gentileza,
cupido pescador, isca a beleza.”
A forma fixa do madrigal, o virtuosismo técnico, o
sentimento amoroso expresso numa linguagem
metafórica, com jogos de analogia que obscurecem
o pensamento, caracterizam os versos acima como
exemplo da poesia:
a) condoreira.
c) arcádica.
d) parnasiana.
e) barroca.
5. (FCC–BA)
c) barroca.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
A musicalidade da linguagem, a profusão de imagens,
a específica concepção do trabalho poético, permitem
classificar o texto anterior como:
a) romântico.
d) byroniana.
b) simbolista.
e) simbolista.
c) arcádico.
b) parnasiana.
3. (FUCMT) “Porém tinha uma hora em que a voz de Zé
Camarão era mais cheia e os seus olhos mais doces. Era
quanto cantava a letra U:
U é letra vogal
Como a, e, i, o, também
Adeus caldeirão da Feira,
adeus também mais alguém...”
Esse trecho de Jubiabá, de Jorge Amado, revela um dos
traços do regionalismo da década de 1930:
a) o uso do folclore musical brasileiro como forma de
divulgar as manifestações artísticas das diversas
regiões do país.
b) o emprego dos á-bê-cês populares, em lugar do
discurso narrativo tradicional, para narrar a ação
principal.
c) a ênfase dada à linguagem das camadas cultas, em
contraposição ao descuido da linguagem popular.
d) o aproveitamento da cultura popular como fonte
inspiradora da literatura culta.
e) a utilização da literatura de cordel como recurso
das falas das personagens do povo.
4. (UFPR)
d) barroco.
e) parnasiano.
6. (UFPR) numere a segunda coluna de acordo com a
caracterização presente nas estrofes.
Assinale a alternativa que corresponde à sequência
obtida:
1) “Ai! Se eu visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas!...”
2) “Sonho Profundo, ó Sonho doloroso,
doloroso e profundo sentimento!
Vai, vai nas harpas trêmulas do vento
chorar o teu mistério tenebroso.”
3) “Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”
(( ) poesia romântica.
“Não achei na terra amores
Que merecessem os meus.
Não tenho um ente no mundo
A quem diga o meu – adeus.”
A consciência da solidão, o sentimento da proximidade da
morte, o culto do eu, características presentes nos versos
acima, indicam-nos como pertencente à poesia:
(( ) poesia parnasiana.
(( ) poesia simbolista.
a) 1 – 2 – 3
b) 2 – 3 – 1
c) 3 – 2 – 1
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
14
b) romântica.
A brevidade dos gostos da vida em contemplação
dos mais objetos
d) 1 – 3 – 2
e) 2 –1 – 3
Os textos abaixo constituem o conjunto de alternativas
para as questões 07 a 11.
a) “Brando e meigo sorriso se deslizava em seus lábios. os negros caracóis de suas belas madeixas
brincavam, mercê do zéfiro, sobre suas faces...e ela
também suspirava.”
b) “Estiadas amáveis iluminavam instantes de céus
sobre ruas molhadas de pipilos nos arbustos dos
squares. Mas a abóbada de garoa desabava os
quarteirões.”
c) “Os sinos repicavam numa impaciência alegre.
Padre Antônio continuou a caminhar lentamente,
pensando que cem vezes estivera a cair, cedendo à
fatalidade de herança e à influência do meio que o
arrastava para o pecado.”
d) “De súbito, porém, as lancinantes incertezas, as brumosas noites pesadas de tanta agonia, de tanto pavor de morte, desfaziam-se, desapareciam completamente como os tênues vapores de um letargo...”
e) “Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! ...A vossa bruteza é melhor
quer o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis
a Deus com as palavras: eu lembro-me, mas vós
não ofendeis a Deus com a memória: eu discorro,
mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento. eu quero, mas vós não ofendeis a Deus com a
vontade.”
7.
(FCC–BA) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas
ideias, pode ser considerado representante da corrente
naturalista.
8. (FCC–BA) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas
ideias, pode ser considerado representante da corrente
barroca.
Gregório de Matos
Nasce o Sol. e não dura mais que um dia.
Depois da Luz, se segue a noite escura.
Em tristes sombras morre a Formosura.
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto, da pena assim se fala?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza.
Na Formosura, não se dê constância.
E na alegria, sinta-se a tristeza.
Comece o Mundo, enfim, pela ignorância.
Pois tem qualquer dos bens, por natureza,
A firmeza somente na inconstância.
12. O soneto aborda, basicamente:
a) a importância da presença do Sol, na natureza.
b) o tempo de duração da luz solar.
c) a efemeridade das coisas do mundo.
d) a continuidade das coisas da natureza.
e) o respeito pela grandisiodade do Sol.
13. A mesma ideia que aparece em: “Nasce o Sol. e não
dura mais que um dia!”, repete-se claramente em outros
versos. Cite dois outros em que isto acontece.
14. “Em tristes sombras morre a Formosura”. Neste verso, a
expressão tristes sombras significa:
a) a tristeza do dia que passa.
b) a reflexão diante da beleza.
9. (FCC–BA) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas
ideias, pode ser considerado representante da corrente
modernista.
c) as causas do desaparecimento da Formosura.
10. (FCC–BA) Assinale o texto que, pela linguagem pe pelas
ideias, pode ser considerado como representante da
corrente simbolista.
e) o destino de todas as coisas vivas.
11. (FCC–BA) Um poeta francês afirmou, em verso famoso,
que os poemas mais belos eram desesperados, os que
chegavam ao extremo de se despojar da consciência estética para surgirem como pura expressão psicológica.
d) a essência de qualquer coisa bela.
15. “Em contínuas tritezas a alegria”. O adjetivo contínuas,
neste verso, sugere que:
a) a vida só é feita de tristezas.
b) a tristeza é uma alternativa constante na vida do
homem.
EM_V_LIT_004
c) só a tristeza marca a existência humana.
d) só a alegria existe.
e) existem poucas alegrias na vida do homem.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
15
16. Na segunda estrofe, há uma sequência de perguntas.
Esta sequência pode levar-nos a deduzir que o autor
retrata:
a) angústia diante das coisas do mundo.
b) curiosidade pela evolução do mundo.
c) aguçado espírito de pesquisa.
d) piedade pela transformação das coisas.
e) comprovação de que tudo se transfigura.
17. “Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza”. Nesta passagem,
podemos considerar Sol e Luz como equivalentes.
Destaque outra passagem do soneto que comprova
tal afirmação.
18. O texto de Gregório de Matos apresenta nítidas características barrocas. Assinale o único item que não se possa
considerar como pertencendo ao Barroco.
a) Uso acentuado de antíteses.
b) Espírito de dúvida / interrogação diante das instabilidades das coisas do mundo.
c) Desejo de isolamento.
d) Estado de conflito e tensão.
16
EM_V_LIT_004
e) Tendência para o pessimismo / descontentamento.
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
16. C
17. C
1. D
2. E
3. B
4. B
5. D
6. C
7.
A
8. D
9. C
10. C
11. D
12. B
EM_V_LIT_004
13. D
18. C
19. D
20. E
21. D
22. E
23. B
24. B
25. E
26. E
27. A
28. B
29. D
30. A
14. B
15. C
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
17
1. D
2. C
3. D
4. B
5. B
6. D
7.
C
8. E
9. B
10. D
11. C
12. C
13. 1. Depois da Luz se segue a noite escura.
2. Em tristes sombras morre a Formosura.
14. E
15. B
16. A
17. Na 2.ª estrofe: 1.° e 2.° versos.
18
EM_V_LIT_004
18. C
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_004
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
19
EM_V_LIT_004
20
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Download

LITERATURA - Vestibular UERJ