2.a SÉRIE - LIVRO 3
ENSINO MÉDIO
LIVRO DO PROFESSOR
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© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.
I229
IESDE Brasil S.A. / Ensino Médio / IESDE Brasil S.A.
— Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2009.
[2.a Série –
Livro 03 – Livro do professor]
768 p.
ISBN: 978-85-387-0325-9
1. Ensino Médio. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.
CDD 370.71
Disciplinas
Autores
Língua Portuguesa
Literatura
Matemática
Física
Química
Biologia
História
Geografia
Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Produção
Projeto e
Desenvolvimento Pedagógico
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LÍNGUA PORTUGUESA
LITERATURA
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Modernismo
em Portugal
Domínio público.
Domínio público.
O Modernismo começa em Portugal, no ano de
1915, com a publicação da
revista Orpheu – Revista
Trimestral de Literatura,
produzida pelo grupo vanguardista de mesmo nome.
A revista teve publicado
apenas mais um número,
pois, em 1916, o escritor
Mário de Sá-Carneiro, patrocinador da publicação,
suicida-se, pondo de vez
Revista Orpheu número 1.
um fim à continuação da
revista.
O grupo Orpheu era
composto por Mário de
Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Ronald de Carvalho (modernista brasileiro), Luís de Montalvor e
Fernando Pessoa, um dos
maiores nomes da Literatura de Língua Portuguesa
de todos os tempos.
Não podemos esquecer que o Modernismo Revista Orpheu número 2.
português aconteceu justamente numa época histórica conturbada, quando
em outros países, como França e Alemanha, surgiam
vanguardas artísticas reinterpretando a realidade.
EM_2S_LIT_027
Contexto histórico
Em 1890 acontece o Ultimatum Inglês, momento
em que a Inglaterra exige de Portugal a retirada de
suas tropas do território africano. Incapaz de reagir,
devido ao poderio bélico dos ingleses, o país adere
à ordem, causando uma frustração nacional. Era o
neocolonialismo acontecendo na África e na Ásia,
com Portugal sendo excluído.
No início do século 20 ocorrem revoltas antimonárquicas no país. Em 1908, o rei D. Carlos e seu
filho Luís Felipe são assassinados. Em 1910 acontece
a deposição do rei D. Manuel e a Proclamação da
República.
Em 1926 acontece o golpe militar, liderado por
Gomes da Costa. Forma-se a República unitária e
corporativa portuguesa.
No ano de 1932, Antônio de Oliveira Salazar
torna-se presidente do ministério. Instaura-se o Estado Novo português. Esse é um momento em Portugal
que, à custa de um regime opressor, conquista-se a
ordem, a estabilidade econômica e a austeridade.
Os partidos e as agremiações que contestavam o
regime foram extintos. A liberdade dos portugueses
foi completamente suprimida.
Autores e obras
Fernando Pessoa
Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu no
dia 13 de junho de 1888, em Lisboa. Aos cinco anos
ficou órfão de pai. Dois anos mais tarde, sua mãe se
casou com um militar que trabalhava como cônsul em
Durban, na África. Lá, Fernando Pessoa teve toda sua
formação sob os preceitos britânicos de educação.
Foi viver definitivamente em Portugal apenas em
1905, matriculando-se no curso de Letras em Lisboa,
porém logo o abandonou. Em 1915, participou do
grupo Orpheu. Faleceu em 30 de novembro de 1935,
vitimado por uma doença no fígado.
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1
Fernando Pessoa ele-mesmo
(ortônimo)
Na obra de Fernando Pessoa ele-mesmo encontramos duas dialéticas básicas:
consciência X inconsciência
sinceridade X fingimento
Na primeira dialética, vemos o desejo de se ter
consciência sobre certos aspectos da vida que, por
vezes, não percebemos, não temos total consciência.
Fernando Pessoa diz “o que em mim sente está pensando”, buscando, assim, a plenitude das sensações
e do pensamento, a sensibilidade da razão, tentando
explicar a estranheza de existir. Vamos ler um poema
que trata sobre esse tema.
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
2
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e ávida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
Na segunda dialética, percebe-se a cisão entre
o eu-lírico e o eu-empírico, já tratada anteriormente.
Pessoa diz que poesia é fingimento. Nota-se aí a
discussão sobre a emoção estética. Ou seja, uma
coisa é a emoção da vida concreta, outra a que a arte
provoca em nós, através da criação de um artista.
Leiamos dois poemas de Fernando Pessoa
ortônimo, que nos esclarecem mais essa questão.
Perceba, também, a linguagem fluida e musical da
obra desse poeta.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
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EM_2S_LIT_027
Fernando Pessoa é
o responsável na Literatura Portuguesa pela
cisão entre o eu-lírico e
o eu-empírico. Por eulírico entende-se a voz do
poema e por eu-empírico
o autor em si. Ou seja, o
eu-lírico num poema pode Fernando Pessoa, por Almaapresentar um sentimen- da Negreiros
to melancólico, mas não
necessariamente o eu-empírico (o autor em sua
vida concreta, como a nossa) seja necessariamente
uma pessoa triste.
Domínio público.
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Isto (fragmento)
“Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Heterônimos
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
[...]”
Mensagem
EM_2S_LIT_027
Domínio público.
Mensagem, de Fernando Pessoa, foi sua única
obra em Língua Portuguesa
(já havia escrito obras em
inglês) publicada em vida.
Esse livro é uma nova
epopeia portuguesa – lembremos que não é uma epopeia clássica, não segue os
preceitos clássicos de tal
gênero. Além disso, tal obra
é composta de poemas líricos – no qual encontramos Uma das últimas fotos tiradas de Fernando Pessoa.
reflexões sobre o passado
e sobre o presente, a partir de uma perspectiva
saudosista e melancólica. O que vemos é uma interpretação da história de Portugal, abordando temas
relacionados às navegações, à formação nacional e
aos heróis da pátria.
Vamos ler um de seus poemas.
Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Fernando pessoa criou em sua obra personalidades que escreviam suas próprias obras, como se
fossem outras pessoas produzindo textos literários.
A essas personalidades criadas chamamos heterônimos.
Um heterônimo é uma espécie de personagem
dramático sem contexto muito bem definido, mas
não como ocorre numa peça de teatro, em que temos
uma contextualização mais precisa do personagem.
Existem características fundamentais que identificam um personagem ser ou não um heterônimo.
Vamos ver quais são elas:
•• nome próprio;
•• biografia própria;
•• obra própria;
•• estilo literário próprio.
É importante salientar que não havendo pelo
menos uma dessas características acima, não estará
constituído um heterônimo. Somente o será, se agregar os traços mostrados no quadro. Quando um deles
não está presente, poderemos ter, no máximo, um
semi-heterônimo. Esse é o caso de Bernardo Soares,
que, dentre as características anteriores, apenas não
possui estilo próprio. Esse semi-heterônimo é autor
da obra Livro do Desassossego.
Os heterônimos pessoanos são a “procura das
visões matrizes da realidade”.
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro é o homem natural, o mestre dos
demais heterônimos, e até mesmo do ortônimo. Ele
pensa o seu objetivo de não pensar. Percebe-se em
sua poesia a busca da dissociação entre o sentir e o
pensar. Vamos ler um dos poemas que se encontram
na obra O Guardador de Rebanhos.
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3
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma
[vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração da liberdade daquele
[convento
De que os poetas dizem que as estrelas são
[as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só
[dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão
[estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas
[e flores.
Ricardo Reis
Ricardo Reis é o poeta de estilo neoclássico.
Tem como tema a transitoriedade do tempo, a brevidade da vida. É um defensor do paganismo e do
epicurismo, filosofia criada pelo grego Epicuro, que
se baseava no prazer humano. Vamos ler uma de suas
odes de estilo clássico.
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio,
Sossegadamente fitemos o seu curso e
[aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos
[enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).
4
Depois, pensemos, crianças adultas, que a
[vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca
[regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do
[Fado,
Mais longe que os deuses
Desenlacemos as mãos, porque não vale a
[pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos,
passamos como o rio,
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que
[levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos
[olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio
[sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que
[podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e
[carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé
[um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o
momento – Este momento em que
sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrarte-ás de mim depois Sem que a minha
lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos
[beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao
barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer
ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à
memória lembrando-te assim – à beira rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
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EM_2S_LIT_027
O que nós vemos das coisas são as coisas.
Por que veríamos nós uma coisa se
[houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
Lisbon Revisited (1923)
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estáticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não
[me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das
[ciências!) – das ciências, das artes, da
[civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro
[da técnica.
Fora disso, sou doido, com todo o direito a
[sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
EM_2S_LIT_027
Queriam-me casado, fútil, cotidiano e
[tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de
[qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos,
a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Ó céu azul – o mesmo da minha infância – ,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de
[hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que
[eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu
[nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio
[quero estar sozinho.
Literatura portuguesa
contemporânea
Na década de 1940 desenvolveu-se em Portugal
uma Literatura de caráter
social, que abandonou a
subjetividade e a introspecção das gerações anteriores.
Chamamos essa fase da
literatura portuguesa de Agustina Bessa-Luís.
neo-realismo, que tem como
nome de destaque Alves Redol. A principal obra
desse autor é o romance Gaibéus, que fala sobre os
camponeses da região do Ribatejo.
Na geração posterior a de Alves Redol destacase a prosa de Agustina Bessa-Luís, um dos maiores
nomes da literatura de língua portuguesa contemporânea. Sua principal obra é o romance “A Sibila”.
Domínio público.
Álvaro de Campos é o poeta moderno dentre os
heterônimos. Rebelde, irritadiço, agressivo, niilista,
futurista, traços da personalidade desse poeta que
são revelados em sua obra. Busca a diferença num
mundo de ideias feitas. Possui poemas escritos em
inglês e português.
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero
ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de
[companhia!
José Saramago
Autor desconhecido.
Álvaro de Campos
Ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura de 1998,
José Saramago é notadamente o maior nome da Literatura Portuguesa e da Literatura de Língua Portuguesa
da contemporaneidade.
Saramago, em seus
romances, faz uma reinterpretação do passado de
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5
Portugal, com o intuito buscar explicações para o
presente. Estabelece-se, assim, uma reconstrução
da história de Portugal a partir da ficção literária,
através da visão dos desfavorecidos da população
portuguesa.
Saramago utiliza-se de uma linguagem inovadora, com uma pontuação incomum, revolucionando
o discurso direto tradicional.
Uma de suas principais obras é Memorial do
Convento, que trata sobre a história da construção do
monumental Convento de Mafra, no século 18.
“[...] Quando Baltasar entra em casa, ouve
um murmúrio que vem da cozinha, é a voz da
mãe, a voz de Blimunda, ora uma, ora outra, mal
se conhecem e têm tanto para dizer, é a grade,
interminável conversa das mulheres, parece
coisa nenhuma, isto pensam os homens, nem
eles imaginam que esta conversa é a que segura
o mundo na sua órbita, não fossem as mulheres falarem umas com as outras, já os homens
teriam perdido o sentido da casa e do planeta,
Deite-me a sua bênção, minha mãe, Deus te
abençoe, meu filho, não falou Blimunda, não lhe
falou Baltasar, apenas se olharam, olharem-se
era a casa de ambos.”
Internacional e de defesa do Estado (Pide), a
polícia do salazarismo, é extinta por completo. O
novo regime mergulha Portugal numa agitação
revolucionária.
Spínola, pelo fato de Portugal encontrar-se
num espírito de revolução, é malsucedido em
buscar o controle da força política e militar da
esquerda. Em setembro do mesmo ano, renuncia.
O Movimento das Forças Armadas (MFA), com
a influência do Partido Comunista, comanda o
governo. Obtêm a independência Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau.
(Disponível em:
<http://geocities.yahoo.com.br/fusaobr/rcravos.html>.)
1. Quais os objetivos do grupo Orpheu?
``
Chocar a sociedade e retirar Portugal do imobilismo
cultural no qual se encontrava.
2. Quais são as características que definem um heterônimo?
``
Solução:
As características definidoras de um heterônimo são:
nome próprio, biografia própria, obra própria e estilo
literário próprio.
A Revolução dos Cravos
3. Alberto Caeiro tem um objetivo em sua poesia. Qual
é?
``
Solução:
Alberto tem como fim pensar sobre seu objetivo de não
pensar, de dissociar sentido e pensamento.
1. (Vunesp) O texto a seguir pode ser tomado como
exemplo ilustrativo do estilo de um dos heterônimos de
Fernando Pessoa:
“Negue-me tudo a sorte, menos vê-la,
Que eu, stóico sem dureza,
Na sentença gravada do Destino
Quero gozar as letras.”
O heterônimo em questão é:
a) Alberto Caeiro.
b) Ricardo Reis.
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EM_2S_LIT_027
Fernanda Fiamoncin.
Por tugal, em
decadência econômica e desgastado
pela guerra colonial,
provoca nas Forças
Armadas um grande
descontentamento.
Devido a tal descontentamento, eclode,
no dia 25 de abril
de1974, a Revolução dos Cravos: o
governo de Caetano é derrubado por O cravo é a flor da nação poroficiais de média tuguesa.
patente rebelados.
Caetano acaba por se exilar no Brasil. Assume a
Presidência, em seu lugar, o general António de
Spínola. O povo português comemora a ruína da
ditadura distribuindo cravos – a flor nacional – aos
soldados rebeldes. Floresce a felicidade. Todos
os partidos políticos são legalizados e a Polícia
6
Solução:
c) Bernardo Soares.
d) junto com Mário de Sá-Carneiro, dirige a publicação do segundo número do Orpheu, em 1916.
d) Álvaro de Campos.
e) a Tabacaria, de Alberto Caeiro, mostra seu desejo
de deixar o grande centro em busca da simplicidade do campo.
e) Antônio Mora.
O texto a seguir refere-se às questões de números
2 e 3.
(Fuvest)
Epitáfio de Bartolomeu Dias
“Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim, Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.”
6. (UM-SP) Assinale a alternativa correta a respeito das
três afirmações abaixo:
I. Os heterônimos de Fernando Pessoa nascem de
um múltiplo desdobramento de sua personalidade.
II. Alberto Caeiro é o poeta que se volta para o campo,
procurando viver em simplicidade.
III. Ricardo Reis é um poeta moderno, que do desespero extrai a própria razão de ser.
(Mensagem, de Fernando Pessoa, é uma obra dividida
a) Apenas a I e a II estão corretas.
em três partes: “Brasão”, “Mar português” e “O encoberto”.)
b) Todas estão corretas.
2. A que parte da obra pertence o poema transcrito?
c) Apenas a I e a III estão corretas.
3. Que dados do poema permitem enquadrá-lo nessa
parte?
d) Nenhuma está correta.
e) Apenas a II e a III estão corretas.
4. (Fuvest)
I. “O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
II. “Sonho que sou um cavaleiro andante
Por desertos, pois sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!”
As estrofes acima são, respectivamente, dos poetas:
a) Fernando Pessoa e Barbosa du Bocage.
b) Cesário Verde e Luís de Camões.
c) Guerra Junqueiro e Antero de Quental.
d) Sá-Carneiro e Luís de Camões.
e) Fernando Pessoa e Antero de Quental.
5. (UM-SP) A respeito de Fernando Pessoa, é incorreto
afirmar que:
a) não só assimilou o passado lírico de seu povo, como
refletiu em si as grandes inquietações humanas do
começo do século.
EM_2S_LIT_027
b) os heterônimos são meios de conhecer a complexidade cósmica impossível para uma só pessoa.
c) Ricardo Reis simboliza uma forma humanística de
ver o mundo através do espírito da Antiguidade
Clássica.
7.
(Fuvest) Do programa estético da Geração de Orpheu
constava a:
a) restauração dos temas clássicos.
b) vinculação da obra de arte ao quadro social.
c) instalação das vanguardas futuristas.
d) originalidade em arte.
e) implantação do movimento surrealista.
8. (Fuvest)
“Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?”
O poema acima transcrito é de Fernando Pessoa, e pode
ser considerado como um dos melhores exemplos do
processo poético de seu autor. Qual das alternativas
abaixo indicadas corresponde a esse processo utilizado
no poema?
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7
a) A descrição perfeita dos vincos na água adormecida do lago.
b) A relação entre o ver, o sentir e o pensar.
c) A certeza de que a vida é feita de sonhos.
d) O colorido das imagens e a riqueza das metáforas.
e) A animização do lago como motivação poética.
9. (Fuvest) O movimento estético que inaugura o Modernismo em Portugal, e cujos poetas buscaram viver a
“aventura do espírito”, foi o:
Por meio da leitura dos versos acima, pode-se concluir
que:
a) constituem uma redondilha em que Camões divaga
sobre o amor.
b) pertencem à parte lírica da obra de Bocage, pois se
volta ao modelo clássico.
c) formam um típico soneto camoniano, devido à estrutura formal apresentada.
a) Saudosismo.
b) Surrealismo.
d) foram escritos por Ricardo Reis, o heterônimo de
Fernando Pessoa que mais se ligou aos moldes
clássicos.
d) Orfismo.
e) Neo-Realismo.
10. (Fuvest) Participaram da primeira geração do movimento
modernista português:
a) Eugênio de Castro, Mário de Sá-Carneiro, João de
Deus.
b) Camilo Pessanha, Antônio Nobre, Guerra Junqueiro.
c) Antero de Quental, Fernando Pessoa, Cesário Verde.
d) Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada
Negreiros.
e) Almada Negreiros, Eugênio de Castro, Fernando
Pessoa.
1. (UM-SP)
“Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como um acidente em seu sujeito,
Assim coa alma minha se conforma,
e) sua proposta neoclássica permite que os situemos
na obra de Camilo Pessanha.
Texto para as questões 2 e 3.
(UM-SP)
“O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os
homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
E elas não terem sentido oculto nenhum,
E mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam
sozinhos:
— As cousas não têm significação: têm existência
As cousas são o único sentido oculto das cousas.”
2. O texto, extraído de O Guardador de Rebanhos, mostra
a forma simples e natural de sentir e dizer do seu autor,
voltado para a natureza e para as coisas puras. A leitura
do texto mais as informações acima permitem que se
conheça o poeta a quem tais versos são creditados.
Assinale a alternativa em que se encontra seu nome:
a) Fernando Pessoa ele-mesmo.
b) Álvaro de Campos.
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EM_2S_LIT_027
c) Presencismo.
8
Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.”
c) Ricardo Reis.
d) Alberto Caeiro.
e) Camilo Pessanha.
3. O autor do texto é considerado um dos maiores fenômenos da literatura portuguesa, tendo sido representante e porta-voz de um grande movimento literário.
Assinale a alternativa em que se encontre o nome de
tal movimento:
5. (Vunesp) O que significa ser um heterônimo de Fernando
Pessoa?
6. (Vunesp – adap.– Elite) Que outros heterônimos e semiheterônimos de Fernando Pessoa você conhece?
Os textos referem-se às questões de números
7 e 8.
(Fuvest)
I. “Eis aqui se descobre a nobre Espanha,
Como cabeça ali de Europa toda”
a) Modernismo.
II. “Eis aqui quase cume da cabeça
b) Arcadismo.
c) Simbolismo.
De Europa toda, o reino Lusitano,
d) Romantismo.
Onde a terra se acaba e o mar começa”
III. “A Europa jaz, posta nos cotovelos:
e) Humanismo.
De Oriente a Ocidente jaz fitando,
Texto para as questões 4, 5 e 6.
E toldam-lhe românticos cabelos
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Leia com atenção:
“Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel últimomodelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de
[tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me
[passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrêmuos.
Da faina transportadora-de-cargas dos navios.
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias
[de transmissão!”
O texto acima transcrito pertence ao poema de Álvaro
de Campos, “Ode triunfal”. Álvaro de Campos, como se
sabe, é um heterônimo de Fernando Pessoa, e a “Ode
triunfal” constitui um dos poucos textos do efêmero
futurismo na literatura portuguesa. No entanto, a “Ode
triunfal” torna-se muito importante, na medida em que
nela se reflete o Manifesto do Futurismo, de Marinetti.
Assim sendo, responda às seguintes questões:
4. (Vunesp) Quais os segmentos do trecho transcrito da
“Ode triunfal”que justificam que o chamemos de poema
futurista?
Olhos gregos lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado,
O direito é em ângulo disposto
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra, onde afastado,
A mão sustenta, em que se apóia o rosto.
Fita com olhar sphyngico e fatal.
O Ocidente futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.”
7.
Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias
17 e 20 do canto III d’ Os Lusíadas, de Luís Vaz de
Camões, e o texto III é um poema do livro Mensagem,
de Fernando Pessoa.
A que movimento literário pertence cada um dos autores?
8. De que recurso comum aos dois textos se valem os
autores para elaborar a descrição da Europa?
9. (Vunesp) Leia a poesia a seguir:
Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
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Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
A poesia de Fernando Pessoa expressa uma certa
melancolia sobre a era portuguesa enquanto império
forte. Hoje, o pequeno país da Península Ibérica
não possui mais a pujança político-econômica de
outrora. Entretanto, os portugueses – saudosos de
seu tempo de ouro, do império com suas colônias,
que não volta mais – visam tentar reviver sua época
de hegemonia com a promoção daquilo que está
sendo conhecido como o “império cultural”: a
valorização da língua portuguesa enquanto difusão
da lusitanidade.
Com relação ao que foi dito anteriormente,
responda:
a) Quais acontecimentos vividos no século 20 demonstram a decadência total do império e do
colonialismo português?
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b) Cite um exemplo atual de tentativa de construção do império cultural.
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1. B
1. C
O poema trata dos prazeres da vida.
2. Mar Português
2. D
3. Nessa parte, Pessoa trata da história de grandes navegações.
4. A rigor, todo o fragmento apresentado (destacara exaltação da máquina, do motor, das fábricas: é o mundo
moderno, o século 20).
4. E
5. Destacar todo o processo de criação dos heterônimos;
as diferentes visões de mundo.
5. E
6. A
7.
III. Álvaro de Campos é o poeta moderno.
C
8. B
9. D
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10. D
3. A
6. Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
7.
Camões: Classicismo
Pessoa: Modernismo
8. Prosopopeia ou personificação.
9.
a) O movimento de independência das colônias africanas, como Angola, ocorrido após a Revolução dos
Cravos (1974). Ela foi o ponto final nas pretensões
lusas de afirmação de um império.
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b) Preocupação portuguesa na formação da comunidade dos países de língua portuguesa – pesando
na língua o fator de força e orgulho de Portugal,
país muito apagado da cena política e do plano
econômico internacional no século 20.
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2.a SÉRIE - LIVRO 3