Artes Visuais e Música
Autoras
Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta
Isis Moura Tavares
2009
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© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos
direitos autorais.
S344
Schlichta, Consuelo Alcioni Borba Duarte. / Artes Visuais e Música / Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta. Isis Moura
Tavares. — Curitiba: IESDE Brasil, 2009.
204p.
ISBN: 85-7638-341-1
1. Artes - Ensino. 2. Música - Ensino. I. Título.
CDD 700.7
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
Todos os direitos reservados.
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Sumário
Apresentação.............................................................................................................................5
Saber ver: quais são as chaves?.................................................................................................7
Apreciar a arte é construir novos olhares......................................................................................................8
A técnica na arte:os fazeres artísticos.....................................................................................23
Das formas de expressão cotidianas às linguagens artísticas.....................................................................24
As artes visuais e suas técnicas...................................................................................................................26
As técnicas das artes visuais na escola.......................................................................................................38
Os gêneros: o que vemos e o que se esconde na imagem?.....................................................47
Retrato.........................................................................................................................................................49
Natureza-morta...........................................................................................................................................52
Cenas históricas..........................................................................................................................................55
Cenas da mitologia.....................................................................................................................................61
Cenas religiosas..........................................................................................................................................62
Cenas do cotidiano......................................................................................................................................64
Paisagem.....................................................................................................................................................67
O estudo dos gêneros na escola: o que fazer?.............................................................................................72
Alfabetização visuale códigos da linguagem..........................................................................77
Para ler uma imagem: o domínio dos códigos da linguagem visual...........................................................79
A composição visual...................................................................................................................................80
A representação das formas........................................................................................................................86
A forma e a estrutura..................................................................................................................................90
Simetria.......................................................................................................................................................91
O equilíbrio e o peso visual........................................................................................................................94
O ritmo visual.............................................................................................................................................95
O estudo da composição visual na escola: o que fazer?................................................................................97
Estilo: diferentes modos de ver e de representar..................................................................101
Fazer arte não é copiar a realidade...........................................................................................................101
A cor e a luz na arte..................................................................................................................................104
O volume na arte.......................................................................................................................................108
O estilo de Van Gogh................................................................................................................................109
O estilo na arte: diferentes maneiras de pintar..........................................................................................112
Diferentes modos de representara figura humana.....................................................................................115
O estudo da figura humana na escola: o que fazer?..................................................................................120
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A arte de ouvir......................................................................................................................125
Encaminhamento metodológico...............................................................................................................126
Organização dos conteúdos de música.....................................................................................................131
O que é música?........................................................................................................................................134
Com que fazemos música?.......................................................................................................................135
O som....................................................................................................................................139
Elementos formadores do som..................................................................................................................139
A composição musical..............................................................................................................................147
E na escola: quando e como se ouve música?..........................................................................................149
Muitos tipos de música.........................................................................................................153
Gêneros musicais......................................................................................................................................154
Princípios de composição.........................................................................................................................160
Improvisação e grafia musical: duas maneiras de trabalhar a composição musical.............167
Improvisação.............................................................................................................................................167
Grafia musical...........................................................................................................................................172
Formas musicais.......................................................................................................................................175
As coisas que fazem sons... . ................................................................................................183
Instrumentos musicais..............................................................................................................................183
A voz.........................................................................................................................................................191
Referências............................................................................................................................197
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Apresentação
E
screver sobre Educação e Arte não é tarefa simples!
Embora abranjam problemáticas interessantes, curiosas e, no caso da Arte, até divertidas, muitas
vezes é difícil compartilhar com a maioria das pessoas que o prazer advindo da apreciação da produção
artística exige estudo e muito conhecimento, ou pelo menos um esforço para conhecer um pouco sobre
arte!
Evidentemente, conhecer, longe de ser uma absorção passiva do repertório de alguém, exige
de cada um de nós um esforço de interpretação das formas simbólicas para percebê-las como a
expressão de alguém para outro alguém.
É isso que fazemos nestes quase dez anos de trabalho juntas: escrevemos e falamos sobre a Arte
e seu ensino para educadores de crianças grandes e pequenas de muitos lugares, compartilhando muito
mais dúvidas do que certezas.
De uma coisa estamos certas: o assunto é imenso e rico, e nunca cabe dentro de nossas horas
de trabalho ou nas páginas escritas. Por isso, ao abrir este livro, considere-o apenas o início de nossa
pesquisa, somente a primeira página do livro que você, como educador, poderá, a partir de agora, estar
enriquecendo e complementando em nosso lugar.
Olhos e ouvidos atentos e vontade de aprender e ensinar são as duas coisas que podemos sugerir,
pois, nessa viagem sem fim pelo mundo da Arte, sabemos por experiência própria que esta é a bagagem de que você vai precisar.
Mas que o convite não se limite a uma viagem pelos conhecimentos artísticos apresentados neste
livro, já que nada substitui o prazer provocado pelo contato com a produção dos artistas, de quaisquer
tempos e lugares, pela leitura dos seus diários, pela leitura reflexiva de suas obras: conhecer Arte é
compreender, é ser capaz de extrair dos objetos artísticos os seus sentidos ou suas razões.
Se a palavra saber – do latim sapere – significa “ter gosto”, este é o nosso objetivo: saber para
ter gosto em ver e ouvir mais para, de fato, apreciar a Arte.
O convite está feito. Só nos resta desejar uma feliz viagem pelo mundo da Arte.
Isis e Consuelo
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Alfabetização visual
e códigos da linguagem
A
leitura das obras de arte é uma forma não só de fruição de prazer estético mas também de conhecimento. Portanto, conhecer, longe de ser uma absorção passiva do repertório de alguém,
exige do apreciador um esforço de interpretação das formas simbólicas para percebê-las como
a expressão de outro sujeito e como uma mensagem a ser compreendida.
Nessa linha de raciocínio, a apreciação, enquanto uma outra produção – que chamamos de consumo –, é uma forma não só de fruição, de prazer estético, mas também de conhecimento.
O homem se constrói no interior da prática social, na qual ele educa seus sentidos e forma sua sensibilidade. Portanto, essas funções, chamadas de naturais, são inteiramente modeladas pelo contexto histórico e social. Além disso, a evolução dos gestos que definem esses “costumes” é indissociável da evolução da
sensibilidade e, nesse sentido, estão profundamente incorporadas. Esses “sentimentos levam à formação de
regras de conduta que constroem um consenso sobre os gestos que convém ou não fazer – gestos que, em
contrapartida, contribuem a modelar a sensibilidade” (HEINICH, 2001, p. 12).
Partindo-se da premissa de que a sensibilidade estética não é um atributo inato ao sujeito e nem
o senso estético é uma qualidade natural do objeto, entendemos, então, que a formação dos sentidos
humanos é tarefa do ensino de artes. Assim, cabe ao educador em arte, no âmbito da escola, uma investigação sobre as possibilidades de leitura das obras de arte como um outro fazer.
Por isso, é necessário cuidado com a visão de que basta cultivar uma atitude de contemplação
e acolhimento para captar o que a imagem revela, pois essa visão é correlata da idéia de inspiração
e genialidade, qualidades atribuídas ao artista para justificar o não-acesso da maioria das pessoas ao
conhecimento das artes. Nessa perspectiva, justifica-se que só faz arte quem nasceu com “dom” e só
consegue “saber” o que quer “dizer” uma obra de arte aquele que também nasceu com alguma “capacidade sobrenatural” de “receber” a mensagem das obras por meio da simples contemplação.
No entanto, a capacidade de “ler” uma imagem não é uma qualidade inata do ser humano e sim
uma prática humana que requer um campo de conhecimentos interdisciplinares, tanto históricos e antropológicos quanto estéticos, necessários à aprendizagem de estratégias de interpretação das imagens. Ler
uma imagem constitui-se num processo de criação de sentidos e de construção de interpretações tanto
do artista quanto do leitor. Desse modo, a apreciação pressupõe a formação dos sentidos e o domínio do
conhecimento. Assim, precisamos tanto de informações visuais obtidas de nossa experiência quanto dos
conhecimentos que armazenamos.
O artista, por meio da imagem, explicita verdades ou mentiras, mostra coisas bonitas ou feias,
significativas ou triviais, apresenta ou representa uma visão da realidade, de acordo com certa intenção. Logo, uma imagem está sempre carregada de um sentido ideológico.
Mas só o conhecimento dos elementos visuais – forma ou superfície, linha, cor, luz e sombra, volume – não nos permite compreender o significado de uma imagem, pois podemos identificar formas, linhas, cores sem apreender seu sentido naquela composição. Trata-se de compreender que não utilizamos
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Artes Visuais e Música
a língua materna, por exemplo, para simplesmente classificar morfologicamente as
palavras, pois, enquanto meio de expressão, não se reduz a um simples instrumento
de identificação de substantivos, verbos, adjetivos etc.
É claro que o conhecimento dos códigos da linguagem visual interfere diretamente na leitura de uma composição e amplia o entendimento de que uma
obra de arte representa sempre a escolha de um ponto de vista entre tantos. Nessa
direção, ler não é apenas reconhecer e distinguir as figuras do fundo, perceber
coisas grandes e pequenas, perto e longe, ver a estrutura das formas e do espaço
nas composições artísticas, mas também é, fundamentalmente, eleger visões.
Para ver como isso acontece na prática, escolhemos a obra Nupcial, de Joan Brossa.
Brosa. Nupcial. Concebido em 1984, realizado em 1988. Técnica mista,
2 x 18 x 7,5 cm.
Olhando a algema de Brossa, podemos imediatamente identificá-la, pois relacionamos sua forma – todos nós já vimos um par de algemas – com o uso que
se faz dela. Sabemos que ela serve para prender alguém, mas, no caso da arte, a
representação de um objeto não se restringe à sua função utilitária. Então, qual é
o sentido dessa algema na obra de Brossa?
Na sua opinião, a partir da função prático-utilitária das algemas no dia-adia, qual é a visão que a obra expressa sobre o casamento?
Observando a imagem, além do título Nupcial, quais outros elementos podem ser relacionados a essa temática? Podemos deduzir que os brilhantes, ajudando a compor o par de algemas, lembram uma aliança de brilhante, objeto que
representa um compromisso e uma conquista. Nesse caso, qual a intenção do artista? Por que ele enfeitou o par de algemas com brilhantes? O artista estabelece
alguma relação entre a função prática desse objeto e o ritual de conquista que
envolve um casamento?
Joan Brossa utiliza-se desse objeto como um elemento explicativo da sua visão sobre esse tipo de relação – o casamento –, estabelecendo uma conexão entre a
função de uma algema e o sentido que atribui ao casamento. Nesse sentido, a algema
adquire, aqui, um novo significado, que supera o estritamente utilitário e, à medida
que é apreciada desse outro ângulo, leva as pessoas a uma reflexão sobre a vida, sobre o modo como vemos ou entendemos um relacionamento como o matrimônio.
Em síntese, aliando a função da algema com o título do quadro, Brossa nos
leva a entender que sua arte tem a finalidade de questionar, criticar, e que os objetos artísticos, como Nupcial, contêm significados.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Para ler uma imagem:
o domínio dos códigos da
linguagem visual
Para ler uma imagem, é preciso primeiro saber que uma obra de arte não
cumpre a função de simplesmente decorar uma parede, e que um objeto artístico
pode nos revelar muito sobre nossa própria experiência, pois é portador de diferentes significados. “Neste sentido, a arte é um meio de conhecimento da vida
humana” (PINHAIS, 2000, p. 166).
Em segundo lugar, não perder de vista que a leitura de uma obra de arte implica
também o domínio de conhecimentos referentes à técnica, ao estilo, aos movimentos
artísticos etc. Quando falamos de um objeto artístico, estamos nos referindo a um determinado momento da história. Por isso, é preciso conhecer o contexto histórico ao qual
pertence e o conjunto de técnicas e regras utilizadas pelos artistas daquele período.
Mas se nossos conhecimentos e critérios de análise nos levam a ver apenas aquelas
esculturas, como por exemplo, as renascentistas – que exigiam um profundo domínio técnico e que eram feitas, muitas vezes, com material nobre – como “verdadeiramente arte”,
todas as outras, que não se encaixam nesse modelo, não serão vistas como tal.
Como sabemos, no século XV e XVI, a arte de Leonardo da Vinci e de
Michelângelo é um exemplo do total domínio do material e da grande maestria
desses artistas. Mas na atualidade, usando como exemplo a escultura de Brossa,
podemos afirmar que a maestria técnica está na capacidade do artista para criar
um objeto que sintetize sua leitura ou visão sobre algo. Nesse caso, os materiais
usados – brilhantes e um par de algemas – completam o sentido da obra. As pedras podem representar o status ou o poder de seduzir uma mulher. Se pensarmos
no valor dessa pedra, também podemos questionar: por que, geralmente, são as
mulheres que usam jóias, alianças com brilhantes? Quem pode dar uma pedra tão
preciosa? Por que o diamante, um material que por sua resistência corta qualquer
outro, é associado ao mundo feminino?
É fundamental compreender o papel da técnica e dos materiais na realização
de uma obra. Nessa perspectiva, o domínio dos conhecimentos artísticos, partindo do contexto da criação dos objetos, é condição para o entendimento dos seus
sentidos.
Seguindo esse raciocínio, podemos afirmar que Nupcial, diferentemente de
uma escultura renascentista, não pode ser avaliada em razão da habilidade do artista.
Além disso, como vimos, os artistas nem sempre estão preocupados em fazer objetos
bonitos, mas pretendem discutir idéias, criticar a realidade, expressar suas visões. Ora,
no caso de Nupcial, podemos perceber que o artista expressa ou representa, por meio
desta escultura, sua visão sobre a figura feminina e sua posição no casamento, usando
um material como o diamante e um objeto como um par de algemas.
A função da arte adquire novas nuances em razão do contexto histórico. A
partir da análise do contexto histórico, podemos compreender por que certos gêneros
são privilegiados enquanto outros são secundarizados.
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Artes Visuais e Música
Qual é a nossa conclusão?
Não podemos analisar todos os
objetos artísticos
e a arte de qualquer tempo
sempre com os mesmos critérios!
A leitura das obras pressupõe o estudo do processo
de inovação técnica, o uso de materiais e instrumentos, pois
o domínio dos recursos e gêneros para se chegar à técnica
é um processo fundamental para a criação artística.
Dessa maneira, frente a uma obra de arte, nosso
ponto de partida é perguntar: qual é a função da arte
quando esta pintura ou esta escultura foi criada? A técnica e os materiais utilizados são inovadores, ajudam
na solução proposta pelo artista? Isso significa que não
é por acaso o uso tanto de um determinado material
quanto da cor ou da linha, por exemplo, numa pintura
ou num desenho.
Vamos analisar algumas imagens, abordando os elementos que constituem o
que podemos denominar gramática da composição visual.
A composição visual
Para ampliar o conhecimento da composição visual, das técnicas e dos elementos formais, extraímos do Currículo Básico da Secretaria Municipal da Educação de
Pinhais, no Paraná, os conteúdos fundamentais para o trabalho no Ensino Fundamental.
Nas Artes Visuais, a composição refere-se à distribuição e à organização
dos elementos formais ou partes em uma obra, ao estudo dos elementos formais
e também, dos princípios através dos quais podemos fazer um desenho, uma
pintura, uma escultura, por isso, vamos abordar os elementos formais, relacionando-os sempre à composição.
No estudo da composição, a primeira coisa a destacar é que estas podem
ser bidimensionais ou tridimensionais.
Bidimensional: quando utilizamos duas dimensões (altura e largura).
Neste caso, podemos destacar: o desenho com grafite, com lápis de cor, com
giz de cera, com carvão. A pintura a óleo, com aquarela, com giz de cera, com acrílica. A gravura em metal, o linóleo, a xilogravura, a litografia, a serigrafia.
A fotografia na técnica conhecida como fotorrealismo ou hiper-realismo,
na qual se reproduz uma fotografia em pintura com o máximo de fidelidade.
Também destacamos as técnicas da colagem e da fotomontagem que são feitas
a partir da composição com partes de várias fotografias, por meio de recorte e
colagem ou sobreposição de negativos.
Na realidade, esta divisão, como em qualquer estudo no campo das artes, não
é nada rígida. Por isso temos uma série de obras nas quais vemos indicado técnica
mista, porque muitos artistas trabalham duas ou mais técnicas ao mesmo tempo.
Por exemplo: desenho e pintura, pintura e gravura, até mesmo peças tridimensionais são colocadas na parede, espaço tradicionalmente destinado à pintura.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Tridimensional: quando utilizamos as três dimensões (altura, largura
e profundidade). Podemos destacar as esculturas feitas sobre um plano de
fundo, de modo que as figuras estão em parte entalhadas: o baixo-relevo, o
alto-relevo e o relevo escavado. E as esculturas volto redondo, que podem ser
vistas de todos os lados.
Além disso, as composições tridimensionais podem ser fixas ou móveis. O
móbile, por exemplo, é uma forma de escultura móvel criada por Alexander Calder em 1932, construída com vários materiais acoplados, suspensos por arames.
Outra modalidade é a escultura mole criada na década de 1960, pelo
artista Claes Oldenburg, que é feita com materiais flexíveis, tais como borracha, tecidos e cordas.
Em cada uma destas formas artísticas geralmente predomina um elemento
da linguagem: no desenho, a linha; na pintura, a cor; na escultura, o volume; na
arquitetura, o espaço.
(PINHAIS, 2000, p. 170, 175)
O formato da composição visual
Uma composição visual é como um
texto e exige uma organização dos elementos ou partes para dar visibilidade às idéias,
dar expressão às escolhas do artista. Nesse
sentido, é um recorte da realidade ou uma
janela através da qual vemos e repre­­­sen­
tamos o mundo, é uma moldura. Essas
molduras são, primeiro, recursos estratégicos – “óculos sociais” –, modos de ver o
mundo, por meio dos quais interpretamos
a realidade, são ângulos de visão. E, em
segundo lugar, são recursos técnicos, que
podem nos auxiliar na escolha de um formato para esse recorte: um suporte retangular, quadrado, circular, triangular, que é
um espaço ou uma superfície – papel, tela,
madeira ou outro material – sobre o qual
desenhamos, por exemplo.
Observe a composição de Mondrian.
Os lados oblíquos do formato cortam a rede
Mondrian. Victory Boogie-Woogie. 1943-1944 (inacabado).
Óleo e papel sobre tela, 177,5 cm em diagonal.
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Artes Visuais e Música
de quadrados e retângulos, e a trama linear,
em várias cores, transmite inquietação e um
ritmo dinâmico.
Na sua Composição com vermelho,
amarelo, azul e preto, ele explora as superfícies vermelhas e azuis e a ilusão do movimento vertical e horizontal das cores.
Mondrian. Composição com Vermelho, Amarelo, Azul e
Preto. 1921 (inacabado). Óleo sobre tela, 59,5 x 59,5 cm.
É claro que, dependendo do formato
do recorte, passamos uma determinada
idéia. Ao enfatizar a horizontalidade na
composição, Diego Rivera, no mural
União pan-americana, composto por dez
quadros nos quais representa cenas da história do México e dos Estados Unidos, dá destaque ao processo de desenvolvimento das
artes nesses países.
Diego Rivera. União Pan-americana. 1940. Afresco em dez murais transportáveis, altura
total: 6,74m, largura total: 22,5m, área total pintada: 151,88 m².
A horizontalidade dá idéia da amplitude de sua visão.
Frente à baía de São Francisco, no centro desse políptico, dá-se a junção das duas culturas. A deusa asteca Coatlicue, que num dos lados é representada por uma figura antropomórfica, como na escultura de pedra monumental mexicana, e no outro lado se
transforma numa máquina metálica parecida com um robô, simboliza o dualismo. (KATTENMANN, 1997, p. 71)
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Observe que, neste outro mural, a temática – visão política do povo mexicano –
foi representada numa visão de profundidade com ênfase numa estrutura vertical.
O artista vai sobrepondo, vai narrando a
história do México, numa visão de longo
alcance.
De fato, ao começar um desenho ou
uma pintura, é preciso saber o que se pretende dizer para depois eleger o formato mais
adequado à idéia que se quer comunicar.
Diego Rivera. Sexta-feira Santa no Canal de Santa Anita,
do ciclo Visão Política do Povo Mexicano (pátio das Festas).
1923-1924. 4,56 m x 3,56 m.
Observe como Escher, em Liberação, explora a verticalidade no formato da composição para
sugerir o movimento do vôo dos pássaros.
Sobre uma superfície retangular em nuance
cinza, uma tira de papel desenrola-se dando idéia
de movimento. O tema apresenta uma evolução de
baixo para cima, sugerindo que os pássaros saem
do papel numa revoada. Os triângulos da base
transformam-se em figuras complexas. No centro
da composição, as aves brancas e pretas aparecem
completas e, conforme vão subindo, libertam-se
umas das outras, voando em direção ao mundo.
Conseqüentemente, a tira retangular, que caracteriza o formato da composição, desaparece, dando
idéia de infinito.
Observe também que na base da composição
– a tira de papel – o artista desenhou triângulos
que vão se deformando até se transformarem em
pássaros que parecem se descolar do papel. O artifício do volume das figuras sugerido com a técnica
do claro-escuro faz parecerem pássaros de verdade
e não desenhos.
Escher. Liberação. 1955. Litografia, 43,5 x
20 cm.
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Artes Visuais e Música
A estrutura do campo visual
Além dos diferentes formatos citados, uma composição pode ter seu campo
visual organizado numa divisão diagonal contrastada em “éle” (L), em círculo, em
“ésse” (S), em seta, radial etc.
Observe abaixo alguns esquemas de organização do campo visual ou da
composição do recorte escolhido pelo artista.
1 – Composição com divisão diagonal contrastada
2 – Composição organizada em L
3 – Composição organizada em círculo
4 – Composição organizada em seta
5 – Composição organizada em S
6 – Composição radial
7 – Composição organizada em L e massa diagonal
8 – Composição organizada em V ou diagonais opostas
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
A estrutura e o centro
geométrico e o perceptivo da
composição
A divisão interna do campo visual – plano básico – pode apresentar um esquema bem
tradicional: dividido em duas outras partes,
com centro geométrico ou centro perceptivo.
Observe a divisão em três partes do retrato
de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
Da Vinci. Esquema de proporções da composição do retrato de Mona Lisa.
Vejamos o centro geométrico e o perceptivo no esquema de A última ceia,
de Leonardo da Vinci. Nessa composição, a cabeça do Cristo está exatamente no
centro geométrico e no perceptivo, e sua silhueta escura contrasta com o fundo
claro da janela, que se localiza na área do centro visual perceptivo.
Como podemos ver, uma composição pode apresentar uma estrutura geométrica com centro e eixos centrais fixos e com uma estrutura simétrica: distribuição equilibrada de pesos entre os lados.
Da Vinci. Centro geométrico e perceptivo de A Última Ceia.
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Artes Visuais e Música
Além da estrutura geométrica, uma composição apresenta uma estrutura visual-perceptiva,
pois percebemos o centro, mas os eixos centrais
são relativos. O núcleo perceptivo tem uma posição
relativa.
Essa estrutura é assimétrica, pois, cada lado tem um
valor diferente: o lado esquerdo funciona como entrada, dando início a um desenvolvimento; o lado de
cima confere leveza; o lado direito, ação e energia, o
lado de baixo, peso visual. Os dois últimos, em conjunto, sustentam o clímax do desenvolvimento formal. (OSTROWER, 1987, p. 54)
Resumindo a análise de Fayga Ostrower, podemos dizer que
no contexto geométrico – com o centro indicando a subdivisão do plano em partes justapostas e rigorosamente
iguais, vemos o equilíbrio mecânico da forma;
Estrutura do plano pictórico: centros perceptivos
e centro geométrico. Esquema geométrico e perceptivo.
no contexto visual-perceptivo – pelas áreas que ocupam no plano, as partes não são iguais, fisicamente
até são desiguais; no centro perceptivo, essas partes
não iguais mas equivalentes se compensam; assim,
sendo de ordem funcional, o equilíbrio adquire caráter orgânico. (OSTROWER, 1987, p. 54)
A representação
das formas
Nessas composições, as representações podem
ser figurativas ou abstratas. Nas figurativas, mantém-se uma certa fidelidade ao objeto real e, mesmo
quando modificamos ou deformamos, ainda assim
temos o predomínio da figuração. Uma imagem figurativa é aquela que permite identificar os objetos
representados. No caso da abstração, temos uma representação independente do mundo real.
Magritte. Isto Não É uma Maçã. 1964.
Óleo sobre tela, 62,2 x 81cm.
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Podemos considerar a deformação como um
outro recurso para a representação das formas e, tal
como indica, esse recurso permite deformar objetos tendo em vista o aspecto para o qual se queira
chamar atenção.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
A representação figurativa
Muitas pessoas ainda associam o que julgam “verdadeira” arte com mímesis: representação fiel dos objetos ou seres do nosso entorno. Nesse caso, o artista
tem por objetivo copiar, por meio da linguagem plástica, os aspectos visíveis do
mundo. No entanto, não podemos perder de vista que nem mesmo a cópia é um
exercício passivo, mas fruto de uma escolha do artista.
Ora, a fruta pintada por Magritte em Isto não é uma maçã,
embora ilusoriamente tão realista, continua sendo apenas uma pintura, assim como a palavra maçã também não constitui a fruta.
Observe este outro quadro de Magritte.
Na sua opinião, por
que Magritte deu o
título Isto não é uma
maçã para um de
seus quadros?
Magritte. A Condição Humana. 1935. Óleo sobre tela,
100 x 81 cm.
Magritte, na obra acima, funde realidade e representação. Descreva como
ele faz essa fusão.
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Artes Visuais e Música
A deformação na arte
Já o princípio da deformação está presente nas obras dos artistas expressionistas. Seu objetivo:
representar as coisas não como as viam e sim como as sentiam, plasmando as angústias do ser humano e a força das suas emoções por meio da distorção das formas e das cores.
A obra expressionista O grito é considerada um símbolo da fragmentação social e do isolamento das pessoas nos tempos modernos. Apesar de
representar uma figura humana, Munch não pretende fazer uma simples cópia. O próprio título do
quadro revela que a intenção do autor era outra.
Seu trabalho expressa dor, solidão, angústia, elementos da subjetividade humana.
Munch, numa anotação em seu diário, esclarece a finalidade da pintura: “Não devemos pintar
interiores com pessoas lendo e mulheres tricotando; devemos pintar pessoas que vivem, respiram,
sentem, sofrem e amam” (23.ª BIENAL, 1996, p.
120).
Sua obra dá visibilidade à subjetividade e
aos sentimentos mais íntimos, captando, no
comporta­mento humano fundamentado no individualismo, o que caracteriza o mundo moderno.
Edvard Munch. O Grito. 1883. Têmpera sobre prancha,
83,5 x 66 cm.
Observe a xilogravura de Käthe
Kollwitz e marque com V (verdadeiro) os elementos de organização da
com­posição e os procedimentos técnicos e estilísticos corretos e F (falso) os
incorretos.
Käthe Kollwitz. Mortalidade Infantil. 1925.
Xilogravura.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
( ) Composição em preto-e-branco que intensifica a sensação de frieza.
( ) Serigrafia realizada em cores quentes.
( ) Artista expressionista na técnica, também revelando preocupação com o
contexto humano e social.
( ) Composição com formas rígidas, cruas e sintéticas, além de linhas ásperas e quebradas, expressando a tragédia da existência humana.
( ) Revela, por meio do contraste entre o branco e o preto, e por meio da
intensidade deste último, toda a angústia humana diante da morte.
( ) Composição com fundo em perspectiva, dando idéia de profundidade por
meio do uso da técnica do claro-escuro, ao estilo de Leonardo da Vinci.
( ) Quanto ao gênero, é uma cena de pintura histórica.
A estilização e a abstração
Outro recurso usado pelos artistas é a estilização, que requer uma simplificação, uma redução de detalhes visuais.
Ora, quanto mais realista é uma imagem, mais icônica ela é. A iconicidade
constitui-se no grau de fidelidade da imagem em relação ao objeto real. Nesse sentido, a fotografia de um objeto qualquer reproduz esse objeto com maior fidelidade
do que um desenho, que é, portanto, menos icônico do que uma foto.
A série de árvores, de Mondrian, por exemplo, revela uma escala de iconicidade, desde a pintura quase realista de uma árvore até a sua abstração. Há uma
abstração da temática por meio da redução de seus elementos (formas, cores, linhas) a representações independentes do mundo real.
Piet Mondrian. A Árvore Vermelha. 1908. Óleo sobre tela,
70 x 99 cm.
Piet Mondrian. Composição Oval (Árvores).
1913. Óleo sobre tela, 94 x 78 cm.
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Artes Visuais e Música
Observe a série de árvores de Mondrian e numere de 1 a 4, seguindo uma escala da maior à
menor iconicidade.
A (
)
B (
)
C (
)
D (
)
Piet Mondrian. Série de Árvores. 1907-13. Óleo sobre tela.
A forma e a estrutura
A forma constitui-se no aspecto exterior das
coisas e define-se visualmente por seus limites,
que são dados por linhas (contornos) e superfícies, configurando, em alguns casos, um volume
por meio da técnica do claro-escuro. Todos os
elementos visuais apresentam uma forma. Assim,
se nos referimos à forma de um sofá como um
objeto tridimensional, estamos falando de volume,
ou seja, a propriedade que o objeto tem de ocupar
o espaço. Mas se nos reportamos à representação
bidimensional, chamamos de forma a porção de superfície plana delimitada pela linha de contorno.
Matisse. Nu Azul IV. 1952. Guache recortado,
103 x 74 cm.
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Tanto os objetos como os seres vivos apresentam uma estrutura. Observe como Matisse chega a uma síntese da figura humana, na obra Nu azul
IV, por meio de recortes.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Carlo Pezzoni. Publicidade de uma Cola. 1990.
Um rosto também tem
uma determinada estrutura: uma
forma oval cortada por um eixo
vertical, dois riscos marcando o
lugar dos olhos e um outro risco
marcando a boca. Quando vemos
um esquema como esse, automa­­
ticamente associamos com um
rosto, tendo em vista a semelhança de estruturas. Pezzoni cria um
rosto com materiais inusitados.
Contudo, sua intenção é vender
um produto.
Simetria
Uma composição tem um formato e uma estrutura. Se traçamos linhas diagonais e eixos horizontal e vertical imaginários sobre uma composição, podemos
perceber que ela apresenta um certo esquema estrutural. Um elemento colocado,
por exemplo, bem no centro da composição sugere um efeito de equilíbrio, estabilidade e repouso. Quando colocado no alto, embaixo, na direita, na esquerda,
sugere maior dinamismo e uma idéia de movimento.
Simetria significa “justa proporção”: harmonia resultante de certas combinações e proporções regulares ou correspondência, em grandeza, forma e posição
relativa de partes situadas em lados opostos de uma linha ou plano médio, ou
ainda que se acham distribuídas em volta de um centro ou eixo.
Simetria axial
A forma mais comum de simetria é a axial, que apresenta um eixo vertical
ou horizontal que divide a composição em duas partes iguais.
Podemos perceber que Modigliani, na página seguinte, além da simetria
axial, recorre a outros procedimentos, como, por exemplo, as formas simplificaEsse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A,
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Artes Visuais e Música
das e alongadas das máscaras africanas, criando figuras de pescoço alongado, bem ao seu estilo. As formas
são representadas com contornos
bem definidos, e dão às suas figuras
muita estabilidade por meio do uso
da simetria nas suas composições.
A simetria axial é o tipo mais
óbvio de organização espacial, mas
isso não significa maior facilidade
para organizar uma composição. É
um recurso especialmente útil em
compo­sições em que a intenção do artista é transmitir uma determinada
sensação, como monotonia ou equilíbrio ­perfei­to, por exemplo.
Amedeo Modigliani. Busto Vermelho.
1913. Óleo sobre tela, 81 x 46 cm.
Simetria radial
Kenneth Noland. Luz Sombria. 1965. Acrílico sobre tela, 259 x 264,2 cm.
Observe, agora, a obra de Kenneth Noland. Esse tipo de simetria,
chamada radial, pressupõe um movimento que se dá a partir de um
eixo, enfatizando-se, dessa forma,
uma direção. Dividindo essa imagem com um eixo central (vertical
ou horizontal), obtemos lados iguais
que apontam para fora como se fossem setas.
A simetria e o recurso da translação,
da rotação e da reflexão com escorregamento
Os desenhos simétricos mostram como uma
superfície pode ser dividida regularmente em figuras iguais, respectivamente preenchidas, ajustando-se
umas com as outras de forma contínua.
Escher. Cisnes. 1956. Entalhe em madeira,
20 x 32 cm.
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Escher utilizou o recurso da simetria explorando a
translação, a rotação e a reflexão com escorregamento.
Na sua obra Cisnes, as aves são um exemplo de reflexão (sua imagem refletida) por escorregamento. Eles
voam tanto para a direita (cisnes brancos) quanto para
a esquerda (cisnes cinza). Para se converter na sua
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
imagem refletida, cada ave tem de se levantar do plano. No meio, onde as aves se cruzam, a fileira branca e a preta preenchem
reciprocamente os espaços intermediários.
O lado direito e o seu avesso (o lado
esquerdo) estão entrelaçados no meio.
Vejamos, agora, um exemplo de simetria por rotação. Na xilogravura Limite
circular I, de Escher, há vários eixos de simetria de rotação. Num ponto, encontramse as cabeças de três animais; num segundo
ponto, a cauda de outros três.
Na rotação, pode-se fazer uma forma girar sobre um eixo que pode ser interior ou exterior à forma.
Escher. Limite Circular I. 1958. Xilogravura, com diâmetro de 42 cm.
Escher. Cavaleiros. 1946. Xilogravura, prova de três matrizes, 24 x 45 cm.
Nesta outra gravura, Cavaleiros, também de Escher, a reflexão por escorregamento pode ser denominada também de translação: movimento de um corpo
que desliza numa determinada distância e em uma direção prescrita.
Todas as repetições de um corpo qualquer ou conjunto de seus pontos formam
uma rede que, por sua vez, forma um mosaico de elementos simples, iguais entre si.
Outra forma de simetria, conhecida como reflexo especular, nada mais é do
que uma simetria bilateral, que se obtém pondo algo à frente de um espelho. Nas
folhas, nos insetos, encontramos um reflexo especular.
Um aspecto também importante em relação à simetria é entendê-la como
qualidade estética: a sensação de estabilidade conseguida por meio da devida
compensação de peso dos seus elementos.
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Artes Visuais e Música
O equilíbrio e o peso visual
Nas composições, podemos utilizar tanto o equilíbrio simétrico quanto o assimétrico. Uma composição em que ambos
os lados são iguais se constitui numa composição simétrica,
que é a forma mais simples de arranjar as figuras.
1
O equilíbrio assimétrico é um modo mais dinâmico de
compor, pois podemos compensar as partes de uma composição sem que os elementos sejam iguais em ambos os lados
do eixo visual.
2
1 – Equilíbrio simétrico
2 – Equilíbrio assimétrico
Na composição, o equilíbrio depende também da distribuição do peso visual,
que se constitui na capacidade de um elemento atrair a atenção dentro da composição. Além disso, qualquer elemento influencia e tem peso por causa da sua cor,
forma, tamanho e posição.
Observe A família do pintor, de Matisse. O artista “compensa” o peso das
figuras em vermelho e amarelo com uma única figura em preto.
Matisse. A Família do Pintor. 1911. Óleo sobre tela, 143 x 194 cm.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
O ritmo visual
O ritmo visual possibilita a criação de composições mais ou menos dinâmicas e pode ser classificado nas seguintes categorias: uniforme, variável, alternado, crescente, decrescente e concêntrico. O ritmo pode ser uniforme quando
repetimos uma forma regularmente e variável quando mudamos a forma, a cor
ou a seqüência. Por exemplo: quadrados um ao lado do outro, com a mesma distância, aumentando de tamanho, mudando de cor etc. Também podemos utilizar
o ritmo alternado, quando duas ou mais formas se repetem regularmente. As
formas podem também apresentar um ritmo crescente e decrescente para cima,
para baixo, para a direita ou para a esquerda. Quando utilizamos uma forma que
muda de tamanho sem modificar a posição do seu centro, conseguimos ritmos
concêntricos.
Ritmo uniforme: Escher. Ar e Água I. 1938. Xilogravura,
62 x 40,5 cm.
Ritmo alternado binário.
Ritmo
crescente.
Ritmo
uniforme.
Ritmo
decrescente.
Ritmo
concêntrico.
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Artes Visuais e Música
1.
Com base na gravura ao lado, de Escher, marque as
alternativas corretas.
( ) O equilíbrio da composição é radial, pois os
elementos distribuem-se repetidamente ao redor de um centro geométrico.
( ) Representa a realidade de modo preciso e quase
fotográfico, evitando reduzir as figuras às suas
formas básicas.
( ) Composição com repetição das formas em ritmo
crescente e concêntrico.
Ritmo concêntrico: Escher. Limite Circular
III. 1959. Xilogravura, prova de cinco matrizes, com diâmetro de 41,5 cm.
( ) O fundo, em perspectiva, dá idéia de profundidade, já que o artista utilizou a técnica do claroescuro.
( ) O artista chega a uma representação que resulta de um processo de redução das figuras à sua
forma básica.
2.
Observe atentamente a imagem Bloom e aponte os
elementos de organização e os procedimentos técnicos e estilísticos empregados na composição.
( ) Composição com sobreposição das figuras humanas, repetição das formas em ritmo uniforme
e monocromático.
( ) O equilíbrio da composição é radial, pois os
elementos distribuem-se repetidamente ao redor de um centro geométrico.
Kenneth Noland. Bloom (Floração). 1960.
Acrílico sobre tela, 170 x 171cm.
( ) Composição em ritmo concêntrico.
( ) Composição com fundo em perspectiva,
dando idéia de profundidade por meio do uso
da técnica do claro-escuro.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Andy Warhol também utilizou a repetição de imagens ou objetos nos seus
trabalhos. Como procedimento artístico, a repetição simétrica pode dar
idéia de reprodução em série, chamando a atenção do observador para uma
seqüência uniforme.
3.
Observe com atenção a imagem e escolha a alternativa que indica os elementos de organização e os procedimentos técnicos e estilísticos empregados na composição.
( ) Composição com repetição das formas
em ritmo uniforme.
( ) O equilíbrio é simétrico com alternância
de cor.
( ) Seguindo uma escala de iconicidade,
essa imagem foi construída em perspectiva muito detalhada.
( ) Composição com repetição das formas
em ritmo crescente e monocromático
(uma única cor).
Warhol. Papéis de Parede com Vacas. 1966. Serigrafia
sobre papel, 112 x 76 cm.
O estudo da composição visual na escola: o que fazer?
Para aprofundar o estudo sobre a composição visual e seus elementos formais – linha, forma, figura e fundo, simetria, equilíbrio etc. –, além das atividades
de apreciação ou leitura de imagens, é fundamental que os alunos também explorem esses elementos por meio de exercícios como abaixo:
criar uma máscara com simetria axial, isto é, com um eixo dividindo a
máscara ao meio, com lados iguais;
criar uma máscara com simetria axial, utilizando cores diferentes para
pintar cada um dos lados;
escolher duas formas e criar uma composição com ritmo alternado;
escolher uma figura e criar uma composição com ritmo crescente;
pesquisar diferentes máscaras utilizadas no Carnaval em nosso país;
criar uma máscara utilizando simetria radial, isto é, dando idéia de movimento em uma direção (para baixo, para cima, para a esquerda, para a direita).
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Artes Visuais e Música
Resumindo
Não podemos analisar todos os objetos artísticos e a arte de qualquer tempo sempre com os mesmos critérios, pelos motivos abaixo.
Em primeiro lugar porque a função da arte muda em razão do contexto
histórico.
Em segundo lugar porque a compreensão dos significados das obras
pressupõe o estudo do processo de inovação técnica, o uso de materiais
e instrumentos, pois o domínio dos recursos e gêneros para chegar à
técnica (o singular é importante!) é um processo fundamental para a
criação artística.
Em terceiro lugar porque frente a uma obra de arte podemos analisar
os procedimentos de composição: simetria, figura e fundo ambíguo,
perspectiva etc. Isso porque não é por acaso tanto o uso de um determinado material quanto da cor ou da linha, por exemplo, numa
pintura ou num desenho.
Concluindo: para analisar as imagens, precisamos conhecer também a
“gramática da composição visual”.
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Alfabetização visual e códigos da linguagem
Para aprofundar seu conhecimento sobre composição nas artes visuais, sugerimos a leitura de
Universos da arte, de Fayga Ostrower (Campus, 1983). Depois da leitura, faça um levantamento
dos pontos mais importantes que você encontrou no livro.
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