LITERATURA PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br © 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor] 360 p. ISBN: 978-85-387-0573-4 1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título. CDD 370.71 Disciplinas Autores Língua Portuguesa Literatura Matemática Física Química Biologia História Geografia Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima Bezerra Fábio D’Ávila Danton Pedro dos Santos Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba Costa Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. Saquette Edson Costa P. da Cruz Fernanda Barbosa Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério Fernandes Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa Silva Duarte A. R. Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Figuras de linguagem EM_V_LIT_003 Metáfora e metomínia O dicionário Aurélio afirma que “metáfora é o tropo em que a significação natural duma palavra é substituída por outra com que tem relação de semelhança”. Metafórico é o texto que assume um diálogo entre o que está sendo expresso e o significado velado que se quer representar. Com um conjunto de metáforas, cria-se uma linguagem simbólica, carregada de ícones prontos para serem desvelados pelos olhos mais atentos dos leitores. Decifrar metáforas é um exercício de descobertas e, como tal, merece total atenção por parte de quem o conduz. Numa relação bastante própria àquela que conduz o jogo metafórico, surge a “metonímia” que, como o mesmo dicionário afirma, “é o tropo que consiste em designar um objeto por palavra designativa doutro objeto que tem com o primeiro uma relação de causa e efeito (‘trabalho’ por ‘bebida’), parte pelo todo (‘asa’ por ‘avião’)”. Uma abordagem metonímica, portanto, não deixa de ser metafórica. Existe uma relação comparativa entre o símbolo e seu significado. O importante, na verdade, é perceber como e porque acontecem as imagens apresentadas. A linguagem poética é, realmente, carregada de significados. Nem sempre a referência que se tem da realidade é facilmente percebida. Quando isso acontece, é preciso que o leitor tenha disposição a realizar as mais inusitadas leituras. A literatura está repleta de expressões com sentido figurado. E não estamos falando apenas dos textos literários tradicionais. Poesias, narrativa, canções, tudo, enfim, pode apresentar seu quê de simbolismo e imagens repletas de códigos. Acima de tudo, há a preocupação com a mensagem. É ela que nos deve conduzir rumo a uma interpretação segura. Assim, vamos a tal construção de imagens. Vamos observar o que realmente acontece por trás dos textos, por trás da leitura do que é subliminar em cada enunciado. Literatura também é exercício, também é prática e conhecimento da linguagem construída. Criar o texto figurado é um dom mágico e, muitas vezes, leva-nos à beira da loucura. É lógico que a própria palavra “loucura”, aqui, está sendo usada de forma figurada. É um desassossego sadio, que nos permite construir nossos próprios enunciados, visto que, na maioria das vezes, os significados extrapolam a própria realidade das mensagens apresentadas. A palavra é, então, essencial na decodificação das imagens. Como nos diz Drummond: A palavra “Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar.” Buscar incessantemente a palavra que não existe – mas pode vir a existir, quando for descoberta. Mas quando? Será descoberta? Quando irá representar o sentido que a ela deverá ser atribuído? Para tentarmos responder a tais indagações, citamos as palavras do crítico Edward Lopes: “Num mundo como o de hoje, de raciocínios algébricos, e onde os valores supremos são a máquina e a automação; e onde o pensamento ameaça converter-se em atividade cibernética de robô, é preciso saudar tudo aquilo que contribua para destruir as unidades ideológicas, para manter o homem, no espaço dos saberes problemáticos, da dialética, da argumentação e do debate, da intuição e do sentimento, das probabilidades e Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 1 (LOPES, Edward. Metáfora – da retórica à semiótica. 2. ed. São Paulo: Atual, 1987.) Edward Lopes opõe à automação pós-moderna a criação de imagens que contribuam para que, na verdade, o homem seja, simplesmente, homem, e não um simulado de máquina, um robô, com todas as artificialidades a que toda máquina tem direito. É fácil perceber que, nas histórias mais atuais que têm alguma preocupação com o valor das relações humanas, o processo de robotização pelo qual o homem tem passado tem sido muito combatido. O cinema, por exemplo, é um fã incondicional desse questionamento. Filmes como Blade Runner, ET – O Extraterrestre e AI – Inteligência Artificial são alguns dos títulos que trabalham justamente o oposto daquilo que se tem presenciado na maioria dos casos. Assim, se a regra tem sido a mecanização (como se vê desde o Fordismo, em especial), nos títulos sugeridos, percebe-se o contrário: a humanização da máquina (ou do alienígena, símbolo de futuro, como qualquer obra de ficção-científica, em ET). A conclusão a que se pode chegar é a de que estas obras trabalham com imagens metafóricas e/ou metonímicas. A metonímia aparece quando estamos simbolizando coisas maiores (tecnologia, experimentos, futuro) ou é metáfora que passa, então, a simbolizar uma realidade que se quer modificar. A respeito dessa mesma temática podemos citar uma obra de extensão mínima, mas de valor inestimável para a literatura brasileira: Cota Zero Stop! A vida parou Ou foi o automóvel? 2 O poema “Cota Zero”, de autoria de Carlos Drummond de Andrade, expressa bem essa relação metafórica. Há toda uma subjetividade indicada na transferência do termo “vida” ao termo “automóvel”. Por outro lado, “vida” está metonimicamente associada a “homem” e “automóvel”, a “máquina”. Como consequência de toda essa situação, concluímos que o eu lírico faz uma crítica ao processo de mecanização pelo qual o ser humano vem passando no decorrer dos tempos. O termo stop, por outro lado, exprimiria uma metonímia da própria língua inglesa, representando, assim, mais uma crítica, desta vez à influência da cultura anglicana no nosso país (ou no próprio mun- do). Como resultado dessa percepção, “cota zero”, ou seja, aquilo que o ser humano receberia da vida se se deixasse levar pela dominação estrangeira. Concluindo, podemos dizer que a metáfora e a metonímia são as duas principais figuras de linguagem presentes em um enunciado literário. Como definição, repetimos, então, as palavras do mestre Mattoso Câmara Jr., que tão bem as conceituou! “Metáfora é a figura de linguagem que consiste na transferência de um termo para âmbito de significação que não é o seu e fundamenta-se numa relação toda subjetiva, criada no trabalho mental de apreensão.” Já Metonímia consiste na “ampliação do âmbito de significação de uma palavra ou expressão, partindo de uma relação objetiva entre a significação própria e a figurada. Com esta definição, a metonímia abrange a sinédoque”. (CÂMARA JUNIOR, Joaquim Matoso. Dicionário de Linguística e Gramática. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 1986.) O jogo figurado construído pela palavra, pelo pensamento, pela construção e pelo som Se pudéssemos repetir as palavras dos poetas, diríamos, parafraseando Manuel Bandeira, que “nosso texto é sangue”. Assim o mago de Pasárgada se expressava a respeito de seu verso. Visceral. Orgânica. Assim foi, na verdade, toda sua poesia. Exprimindo-se por meio de imagens inusitadas, Bandeira conseguia percorrer distâncias inimagináveis para seu corpo frágil e doente. As figuras de linguagem são, portanto, recursos de que os escritores dispõem para criar seus textos mágicos, fantásticos, originais. Talvez a palavra seja mesmo essa – originalidade. Quanto mais um escritor utiliza o sentido figurado, mais distante de tudo o que já foi feito ele se torna. Tal conceito atende, assim, uma das características fundamentais da obra-de-arte: o fato de ela ser única e irreprodutível. Há muitas maneiras de se montar um texto – e não podemos nos esquecer de que todo texto se baseia em três elementos: forma, linguagem e Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 das crenças, da ficção, do mito e do sonho; esse é o mundo humano; e esse ainda é – felizmente – o mundo das figuras, um mundo metafórico”. tema. Assim, são várias, também, as maneiras de se construírem imagens originais em um determinado enunciado. Os escritores possuem, então, a seu dispor, as chamadas figuras de linguagem, utilizado não apenas a sintaxe, mas principalmente a semântica na construção de seus textos. “De repente, não mais que de repente fez-se de triste o que se fez amante e de sozinho o que se fez contente fez-se do amigo próximo o distante fez-se da vida uma aventura errante de repente, não mais que de repente.” (Vinícius de Moraes) Os versos finais do “Soneto de separação” do poetinha Vinícius dão-nos uma ideia clara do poder expressivo de um texto artisticamente elaborado, ou seja, dotado de originalidade e unicidade. Nele, o eu lírico repete a expressão “de repente”, reforçando a ideia de que a separação foi um fato inesperado e que o marcou profundamente. No poema, portanto, a repetição não é viciosa, mas sim expressiva, e cabe ao leitor diferenciar um recurso literário de um vício de linguagem, para que não se confunda em suas interpretações. Decifrar o sentido figurado presente nas entrelinhas dos textos é um exercício admirável. Faz-nos sentir mais íntimos dos poetas, participantes de suas mensagens, muitas vezes co-autores de poemas, contos, romances. Quanto mais se lê, mais se aprende a perceber o que está oculto nas mensagens subliminares desses artistas maravilhosos. São inúmeras as figuras de linguagem que estão à disposição dos escritores para construírem textos e enunciados que fujam à normalidade. Às vezes, as imagens tornam-se tão inusitadas, que podem beirar o ridículo para alguns leitores mais desavisados, mas é importante que se diga que, num texto literário, nada é gratuito, e que toda e qualquer figura que se apresenta possui, sim, seu significado. “O meu olhar é nítido como um girassol” (Fernando Pessoa) EM_V_LIT_003 “Do relâmpago a cabeleira ruiva vem açoitar o rosto meu” (Alphonsus de Guimaraens) “A primeira vez que vi Teresa, Achei que ela tinha pernas estúpidas... Achei também que a cara parecia uma perna (...)” (Manuel Bandeira) Nos trechos citados, as figuras se sobrepõem criando imagens incomuns. O “olhar” como “girassol”, a “cabeleira ruiva do relâmpago” e a “cara” que parece “perna” trazem à tona significados que, se não são originais, pelo menos se aproximam de uma realidade possível. A decodificação das mensagens é feita, então, por meio da análise dos ícones apresentados: •• girassol: flor que gira de acordo com a luz do sol; •• cabeleira ruiva: imagem que diz respeito ao tom ígneo do relâmpago; •• açoite: imagem que diz respeito à semelhança da rapidez do relâmpago com o golpe de um chicote sobre o corpo; •• pernas/cara: cria-se uma imagem que deixa claro o fato de Teresa também ter uma cara estúpida. Bem elucidativo sobre o assunto, apresenta-se o texto do professor Francis Vanoye em seu livro Usos da Linguagem. Problemas e técnicas de expressão oral e escrita. Nele, o autor discorre sobre as múltiplas possibilidades de se usar a linguagem, criando uma verdadeira teoria sobre as diferentes formas de articular o texto. Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exigências do verso e da expressão poética. Sem se permitir verdadeiras incorreções gramaticais, eles se permitem “licenças poéticas”. Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em direções contrárias: •• seja dando a certos termos uma extensão ou uma indeterminação inusitadas; •• seja utilizando sentidos raros, em desuso ou novos; •• seja criando novas palavras. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 3 Tais liberdades aparecem mais particularmente na utilização de imagens. (...) A linguagem corrente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis” (pertinentes) do tipo “a Terra é redonda como uma laranja” (a redondeza é efetivamente uma qualidade comum à Terra e a uma laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações inusitadas, tais como: “Belo como a coisa nova / na prateleira até então vazia” (João Cabral de Melo Neto). Ou, então, estranhas como: “A Terra é azul como uma laranja” (Paul Éluard). Silepse de gênero Ocorre quando a concordância é feita com o gênero da pessoa à qual um pronome se refere, por exemplo. `` “Sua Majestade já estava morto quando os médicos chegaram ao palácio.” (VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. Problemas e técnicas de expressão oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1979.) Figuras de construção ou sintaxe Elipse Omissão de um termo da oração que pode ser identificado por marcas gramaticais presentes na frase ou pelo contexto. Exemplo: A concordância foi feita com o gênero masculino da pessoa em questão e não com o feminino do pronome de tratamento. de número `` Exemplo “A multidão ficou ansiosa com o barulho e saíram correndo para fora do recinto.” A concordância foi feita com a condição plural da palavra “multidão”. de pessoa `` “Levo uma pena leve Exemplo: Os brasileiros somos pessoas dedicadas, honestas e trabalhadoras. de não ter sido bom.” (Thiago de Mello) A concordância foi feita pelo fato de o falante se incluir no enunciado como brasileiro. No texto de Thiago de Mello, ocorre a elipse do pronome “eu”, identificado pela desinência verbal. Polissíndeto/assíndeto Zeugma O polissíndeto caracteriza-se pela repetição de conjunções (síndetos), ao passo que o assíndeto é justamente o contrário (ausência de síndetos). Também é a omissão de um termo da oração, mas, nesse caso, ele foi mencionado anteriormente. `` `` Exemplo: Exemplo: “E o olhar estaria ansioso esperando “Levo uma pena leve e a cabeça ao sabor da mágoa balançando de não ter sido bom. e o coração fugindo e o coração voltando E no coração, neve.” e os minutos passando e os minutos passando...” (Thiago de Mello) 4 No verso “E no coração, neve”, ocorre a zeugma do verbo (palavra) “levo”, mencionado no primeiro verso. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br (Vinícius de Moraes) EM_V_LIT_003 `` Exemplo: “e vamos embora ladeira abaixo Mas de tudo, terrível, fica um pouco, acho que a chuva ajuda a gente a se ver E sob as ondas ritmadas venha E sob as nuvens e os ventos deixa E sob as pontes e sob os túneis beija E sob as labaredas e sob o sarcasmo seja o que deus quiser”. E sob a gosma e sob o vômito E sob o soluço, o cárcere, o esquecido (Caetano Veloso) (...)” Iteração ou repetição Repetição de qualquer palavra (não apenas um síndeto), em qualquer posição do texto. `` Exemplo: (Carlos Drummond de Andrade) Anacoluto O anacoluto serve para ressaltar um determinado termo ou partícula, que passa a ser visto como tópico do enunciado. Ele é marcado por uma quebra da estrutura sintática da frase. Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras `` Mulheres entre laranjeiras Exemplo: “Eu, que era branca e linda, eis-me Pomar amor cantar. medonha e escura.” (Manuel Bandeira) Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. (eu, retomado em “-me”) Um burro vai devagar. Hipérbato Devagar... as janelas olham. Consiste na inversão da ordem direta dos termos da oração ou enunciado. Êta vida besta, meu Deus. (Carlos Drummond de Andrade) “Longe do estéril turbilhão da rua, (Olavo Bilac) Também é a repetição de uma ou mais palavras no texto, com a particularidade de que elas têm que vir no início de vários versos. Vale a pena lembrar que a anáfora também é um recurso que pode ser utilizado na prosa. Exemplo: “Quem há de plantar as sementes que hão de florir os campos? Quem há de nos EM_V_LIT_003 Exemplo: Beneditino, escreve.” Anáfora `` `` trazer as boas novas de sonhos e esperança? Quem há de ser luz em (ordem direta: Beneditino escreve longe do estéril turbilhão da rua) Figuras de som Aliteração É a repetição de fonemas e serve para sugerir um som ou efeito sonoro. Um campo de trevas?” Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 5 `` Paradoxo (Oxímoro) Exemplo: “Ó velho vento saudoso, Velho vento compassivo, Ó ser vulcânico e vivo, Taciturno e Tormentoso” (Cruz e Souza) Ao contrário da imagem sucessiva da antítese, que aproxima as imagens opostas, o paradoxo as mantém em posição de confronto. A questão inusitada advém do fato de um enunciado paradoxal encerrar conceitos que parecem contrários, na verdade, ao que é comum, como em Camões: `` Exemplo: Repetição do fonema / v / reflete o som do vento, objetivo do poeta. “Amor é fogo que arde sem se ver; Assonância É um contentamento descontente; É ferida que dói e não se sente; É dor que desatina sem doer.” É a presença marcante de vogais num verso de um poema ou numa frase de um texto em prosa. `` (Luís de Camões) Exemplo: “Amar é um elo Hipérbole entre o azul Exagero de uma expressão usado para dar mais realce a uma ideia. e o amarelo” (Paulo Leminski) `` Exemplo: “Pessoas até muito mais vão lhe amar Onomatopeia Até muito mais difíceis que eu pra você. Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, É a imitação de sons por meio de uma palavra escrita, criada com o intuito exato de representar o som em questão. “O tic-tic, o toc-toc, ou o puc-puc da máquina me picota a cuca.” (Mário Quintana) Figuras de pensamento Ironia Ocorre quando se diz o contrário do que se está querendo dizer. Um enunciado irônico é, muitas vezes, usado no intuito de satirizar ou mesmo ridicularizar um determinado comportamento. `` Exemplo: Poeminha à glória televisiva Antítese A antítese exprime a oposição entre duas ou mais palavras ou ideias. Serve como realce de uma ideia ao aproximar palavras ou frases de sentidos opostos, geralmente de forma sucessiva. `` (Gilberto Gil) Exemplo: Não me contem! Ele era tão famoso Antes de ontem! Exemplo: (Millôr Fernandes) “Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!” (Olavo Bilac) 6 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 `` Todos iguais” Gradação Figuras de palavras É a disposição de ideias em ordem crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax) em um enunciado. Além da metáfora e da metomínia (já comentadas) citamos: `` Catacrese Exemplo: “E a se desmanchar A catacrese foi criada com o mesmo propósito da metáfora. A diferença é que, de tanto ser usada, acabou perdendo a originalidade contida num enunciado metafórico. E foram virando peixes Virando conchas Virando seixos `` Virando areia “Vamos embarcar no trem do destino.” Prateada areia (embarcar no trem) Com lua cheia E à beira-mar” Sinestesia (Chico Buarque de Holanda) Prosopopeia É a personificação de seres inanimados, muito comum em histórias infantis. `` Exemplo: Muito usada em textos literários, tanto na poesia quanto na prosa, em especial em poemas simbolistas, a sinestesia consiste na construção de comparações acarretadas pela mistura dos sentidos humanos. `` Exemplo: Exemplo: “E as borboletas sem voz “Provisoriamente não cantaremos o amor, dançavam assim veludosamente” que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. (Cecília Meireles) Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,” (Carlos Drummond de Andrade) Eufemismo Figura que serve para atenuar o peso de uma determinada expressão. `` Perífrase Ocorre quando nos referimos a algum lugar, por exemplo, por meio de uma qualidade ou título que a ele se refere. Quando o mesmo ocorre com pessoas, damos à figura o nome de “antonomásia”. `` Exemplo: Exemplo: “Paris, a Cidade-Luz”. “Oi, poeta! “Castro Alves, o Poeta dos Escravos.” Do lado de lá, na moita, hem? Fazendo seus novent’anos...” (Carlos Drummond de Andrade) EM_V_LIT_003 Aqui Drummond refere-se ao aniversário do poeta Manuel Bandeira que morreu aos 82 anos. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 7 — Sabe o que você fez, Mário? — O quê? — Uma metáfora. — Mas não vale porque saiu só por um puro acaso. — Não há imagem que não seja casual, filho. 1. (Elite) Leia o texto abaixo e responda à questão que segue: Texto: (SKÁRMETA, Antonio. Ardente Paciência. São Paulo: Brasiliense, 1987.) 8 O trecho citado pertence ao livro de Antonio Skármeta, escritor chileno. Em sua brilhante novela, o escritor recorre ao poder da ficção para retratar os últimos anos do poeta Pablo Neruda em uma ilha chilena. A cena transcrita contanos o encontro (realidade ou imaginação?) entre Neruda e o jovem carteiro, que lhe levava as cartas, e que queria ser poeta. Após a leitura do fragmento, responda: a) As metáforas estão condicionadas ao saber intelectual? b) Ao dessacralizar a figura do poeta, aproximando-o do humilde carteiro, o narrador consegue atingir seu objetivo? `` Solução: a) Segundo o texto, é possível encontrarmos metáforas nos mais simples comportamentos e atitudes, não necessitando, portanto, do saber intelectual para exercer essa capacidade de criar imagens. b) O narrador consegue mostrar-nos que, para ser poeta, é preciso apenas que um indivíduo se lance ao mundo da sensibilidade sem medo de se envolver com as imagens que o povoam, deixando que a poesia aflore em cada frase, em cada gesto, em cada suspiro. 2. (Elite) Observe a imagem abaixo: A imagem, ainda que seja gráfica, sem texto escrito, utilizase de uma figura de linguagem. Que figura é essa, qual a razão de seu uso e o que ela expressa no texto? `` Solução: A imagem associa o Brasil a um abacaxi. A decodificação da imagem é possível devido aos ícones que utiliza: as cores verde e amarela. Ao fazer tal associação, ele tam- Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 “Ardente paciência” — É que fiquei pensando... Neruda apertou os dedos no cotovelo do carteiro e o foi conduzindo até o poste onde havia estacionado a bicicleta. — E você fica sentado para pensar? Se quer ser poeta, começa por pensar caminhando. Ou você é como John Wayne, que não podia caminhar e mascar chicletes ao mesmo tempo? Agora vai para a enseada pela praia e, enquanto você observa o movimento do mar, pode ir inventando metáforas. — Me dê um exemplo!... — Olha este poema: “Aqui na Ilha, o mar, e quanto mar. Sai de si mesmo a cada momento. Diz que sim, que não. Diz que sim, em azul, em espuma, em galope. Diz que não, que não. Não pode sossegar. Me chamo mar, repete se atirando contra uma pedra sem convencê-la. E então, com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, percorre-a, beija-a, umedece-a e golpeia-se o peito repetindo o seu nome”. Fez uma pausa satisfeita. — O que você acha? — Estranho. — “Estranho.” Mas que crítico mais severo! — Não, dom Pablo. Estranho não é o poema. Estranho é como eu me sentia quando o senhor recitava o poema. — Querido Mário, vamos ver se te desenredas um pouco porque eu não posso passar toda a manhã desfrutando o papo. — Como se explica? Quando o senhor dizia o poema, as palavras iam daqui pr’ali. — Como o mar, ora! — Pois é, moviam-se exatamente como o mar. — Isso é ritmo. — Eu me senti estranho, porque com tanto movimento, fiquei enjoado. — Você ficou enjoado... — Claro! Eu ia como um barco tremendo em suas palavras. As pálpebras do poeta se despregaram lentamente: — “Como um barco tremendo em minhas palavras.” — Claro! bém deixa claro que o Brasil é espinhoso, e que pode ser tanto doce e suculento como azedo e ressecado. É uma imagem de cunho popular do país. A figura utilizada é a metáfora. 5. (Fuvest) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou a cavalo no burro bravo”, ocorre em: a) os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo. b) última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura. 3. (Elite) Identifique a figura de linguagem presente na charge e explique-a: c) apressadamente, todos embarcaram no trem. d) ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal. e) amanheceu, a luz tem cheiro. `` (VERISSIMO, Luís Fernando. As cobras. O Estado de S. Paulo, 14 jan. 1982.) Solução: C Justifica-se pela analogia entre o verbo “embarcar” e o substantivo “trem”. 6. (Fuvest) A prosopopeia, figura que se observa no verso “Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em: Solução: a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera”. Metonímia – a figura surge quando a personagem pede às outras “nada além de sangue, suor e lágrimas”, significando esforço e empenho totais. b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, ‘Tormentório’, os portugueses apelidaram-no de ‘Boa Esperança’”. 4. (Elite) Observe o cartaz abaixo e explique como ele foi concebido segundo o sentido figurado da linguagem: c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços”. `` d) “Oh! Eu quero viver, beber perfumes. Na flor silvestre, que embalsama os ares”. e) “A felicidade é como a pluma...” `` Solução: C Observe que o texto está atribuindo aos caroços a característica de serem alegres, ou seja, personificando-os. 7. EM_V_LIT_003 `` (Elite) Discuta o sentido figurado expresso na história a seguir: Solução: O cartaz da Associação Nacional de Jornais é um bom exemplo de como podemos utilizar metáforas em outros veículos que não apenas a literatura. Há, no jogo de imagens, todo um trabalho feito a partir de ícones importantes para a significação da mensagem que se quer passar. Como texto central, a frase “A liberdade é uma conquista” norteia os demais ícones. O lápis quebrado, com o sangue escorrendo, e a gaivota de jornal rasgada no arame farpado deixam clara a ideia de que toda liberdade é dolorosa e, muitas vezes, deixa cicatrizes profundas em quem luta para obtê-la e/ou exercê-la. É um belo exemplo de metáfora visual. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 9 `` Solução: c) Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis. Deve-se observar que as figuras de linguagem não precisam, necessariamente, ser usadas em um contexto literário. A ironia, por exemplo, é muito usada por políticos em seus discursos. No texto em questão, a frase final, “Não, ele me pegou” retrata um bom exemplo de prosopopeia (personificação). d) Estou farto do lirismo namorador. e) Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. 2. Segundo a opinião do autor, ele só aceita o lirismo: a) comedido. b) bem comportado. c) funcionário público. d) namorador. Poética e) espontâneo. Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis. Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo. De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. 1. O autor, em sua Poética, apresenta um grito de rebeldia. Assinale a única expressão em que tal rebeldia não renega totalmente posições anteriores. a) Estou farto do lirismo comedido. 3. A expressão “lirismo funcionário público” lembra: a) liberdade. b) tristeza. c) alegria. d) monotonia. e) revolta. 4. “Cunho vernáculo de um vocábulo”. Com isto, Manuel Bandeira quis se referir a: a) expressões correntes. b) expressões cultas. c) qualquer significado. d) sinônimos. e) expressões ambíguas. 5. O autor faz uma série de referências a fatos da língua. Apenas uma das opções abaixo foge a esta ideia. Assinale-a. a) Protocolo. b) Purismo. c) Cunho vernáculo. d) Barbarismos universais. e) Sintaxes de exceção. 6. A sequência dos adjetivos “político, raquítico, sifilítico” apresenta identidade sonora. Possivelmente, o autor pretendeu sugerir: a) valorização. b) zombaria. c) modelo. d) indiferença. e) beleza. b) Abaixo os puristas. 10 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 Manuel Bandeira 7. Ao dizer “Estou farto (...) De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.” o Autor tenta explicar que, para ele, o Poeta a) deve obedecer a regras para fazer sua poesia. b) só deve descrever aquilo que vê. c) só deve obediência aos seus próprios sentimentos. d) só diz coisas incoerentes. e) representa um modelo que todos devem seguir. 8. Manuel Bandeira fala em “cem modelos de cartas”. Com isso, ele sugere que: a) só se deve escrever seguindo modelos prévios. b) quem não segue rigorosamente os modelos de cartas não sabe escrever. c) aproveitamento escolar. d) autodidatismo. e) desejo de projeção cultural. 11. Sabido vale, pois, como sinônimo de: a) erudito. b) diligente. c) eficiente. d) ridículo. e) incapaz. 12. Já o adjetivo bom, usado para negro e branco, tem o valor de: a) culto. c) só sabe redigir bem quem copia modelos de cartas. b) autêntico. d) os modelos de cartas acabam por padronizar o que se escreve, deixando os sentimentos de lado. c) ignorante. e) os modelos de cartas só existem para agradar às mulheres. 9. Um dos elementos que se seguem pode resumir toda a Poética de Manuel Bandeira. a) manifestações de apreço. d) certo. e) falso. 13. Na poesia, o mulato é apresentado em oposição ao bom negro e ao bom branco, como: a) altamente culto. b) de grande capacidade intelectual. b) maneiras de agradar às mulheres. c) pedante e fora da atualidade linguística. c) lirismo namorador. d) alguém que deve, linguisticamente, ser imitado por todos. d) libertação. e) amante exemplar. e) o protótipo do elemento inteligente e bem falante. Pronominais Oswald de Andrade Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da nação brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Cidadezinha Qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus., (Carlos Drummond de Andrade.) EM_V_LIT_003 10. O adjetivo sabido, empregado para o mulato, é bastante irônico e nos revela: 1. (UGF) Qual a intenção fundamental do poema? a) espírito de imitação. a) Satirizar o provincianismo. b) talento de improvisação. b) Ironizar a classe burguesa. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 11 c) Ridicularizar o romantismo. d) Revelar o desencanto do homem contemporâneo em relação às coisas simples do campo. e) Apenas caracterizar um estilo de vida. 2. (UGF) Pela ordem de apresentação, as três estrofes sucedem-se: a) do descritivo para o narrativo e para o dramático. b) do narrativo para o dramático e para o descritivo. c) do dramático para o descritivo e para o narrativo. d) do narrativo para o descritivo e para o dramático. e) do descritivo para o dramático e para o narrativo. 3. (UGF) A ausência do artigo, também na primeira estrofe, visa a acentuar na gradação um sentido de: (UGF) Como se entende principalmente a “vida besta”, referida no texto? a) Vazia. b) Triste. c) Desumana. d) Calma. e) Pobre. 8. (UGF) Podemos dizer que o texto está marcado por um forte traço de atualidade poética, que se observa especialmente: a) na formulação irregular das estrofes. b) na escolha do seu material temático. c) na sua dimensão reduzida. a) pluralidade. d) no nível vocabular e sintático da linguagem. b) irrealidade. e) na distribuição aleatória das rimas. 9. O substantivo ou adjetivo besta, com os sentidos de estúpido, tolo, ingênuo, simplório, pedante, constitui a seguinte alteração semântica: d) regularidade. e) equilíbrio. 4. (UGF) O paralelismo presente na segunda estrofe: a) favorece a identificação dos objetos. b) impõe certa unidade ao espaço cenográfico. c) demonstra a superioridade do homem. d) caracteriza apenas uma simplicidade de linguagem. a) transferência do nome por semelhança dos sentidos (metáfora). b) transferência do nome por contiguidade dos sentidos (metonímia). c) transferência do sentido por semelhança dos nomes (etimologia popular). e) nivela os homens com as coisas e os animais. d) transferência do sentido por contiguidade dos nomes (condensação semântica em virtude de elipse). 5. (UGF) O que se pode entender por “Cidadezinha Qualquer”? e) conservação do nome apesar da mudança da coisa designada (conservadorismo linguístico). a) Não se trata de uma cidade grande. 10. Em “as janelas olham” ocorre: b) Não se trata de uma cidade determinada. a) hipálage. c) Não se trata de uma cidade grande nem determinada. b) metonímia. d) Trata-se de uma cidade fictícia sem correspondência com a realidade. d) catacrese. e) Trata-se de um recurso para não revelar o nome da localidade. 6. (UGF) O último verso da poesia tem um especial destaque, constituindo toda uma estrofe: a) simplesmente porque é o último. b) por nenhuma razão de ordem poética. c) para quebrar o paralelismo dos versos anteriores. d) por sintetizar a mensagem do poeta. e) porque a estrofe anterior tem quatro versos. c) animização. e) metáfora sinestésica. “Condicionada fundamentalmente pelos veículos de massa, que a coagem a respeitar o “código” de convenções do ouvinte, a música popular não apresenta, senão em grau atenuado, o contraditório entre informação e redundância, produção e consumo. Desse modo, ela se encaminha para o que Umberto Eco denomina de música “gastronômica”: um produto indusrial que não persegue nenhum objetivo artístico, mas, ao contrário, tende a satisfazer as exigências do mercado, e que tem, Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 c) indefinição. 12 7. como característica principal, não acrescentar nada de novo, redizendo sempre aquilo que o auditório já sabe e espera ansiosamente ver repetido. Em suma: o servilismo ao “código” apriorístico – assegurando a comunicação imediata com o público – é o critério básico de sua confecção. “A mesma praça. O mesmo banco. As mesmas flores, o mesmo jardim”. O mesmismo. Todo mundo fica satisfeito. O público. A TV. Os anunciantes. As casas de disco. A crítica. E, obviamente, o autor. Alguns ganham com isso (financeiramente falando). Só o ouvinte-receptor não “ganha” nada. Seu repertório de informações permanece, mesmissimamente, o mesmo. Mas nem tudo é redundância na música popular. É possível discernir no seu percurso momentos de rebeldia contra a estandardização e o consumismo. Assim foi com o Jazz Moderno e a Bossa Nova.” 14. (Fuvest) No primeiro período do texto, observamos uma relação de: a) causa e efeito. b) efeito e fim. c) condição e fim. d) consequência e condição. e) causa e concessão. 15. (Fuvest) A expressão “código apriorístico” significa: a) regra indiscutível. b) preceito a ser cumprido. c) solução predeterminada. d) censura prévia. e) norma preestabelecida. (CAMPOS, Augusto de. O balanço da bossa.) 11. (Fuvest) O texto discute: 16. (Fuvest) Segundo o autor, a boa música popular deve: a) garantir a sobrevivência de seu autor. a) a nulidade da ação dos veículos de massa sobre a música popular. b) privilegiar a redundância. b) a invariabilidade da mensagem transmitida pela música popular. c) assegurar a comunicação imediata com o público. c) o entusiasmo do auditório em relação à música popular. e) apresentar o contraditório entre informação e redundância. d) a adesão ao consumismo representado pelo Jazz Moderno e à Bossa Nova. 17. (Fuvest) O “Mas” que inicia o segundo parágrafo indica: e) o objetivo artístico a que se propõe a música popular. a) que o leitor pode não concordar com as ideias do autor. d) voltar-se contra o consumismo. 12. (Fuvest) De acordo com o texto, a música popular: b) a não-concordância do autor com as afirmações do primeiro parágrafo. a) não persegue nenhum objetivo artístico. b) oferece um repertório de informações sempre igual. c) o acréscimo de mais alguns argumentos que comprovam as afirmações anteriores. c) nem sempre se curva às pressões consumistas. d) uma crítica às ideias apresentadas no parágrafo anterior. d) tem que ser servil ao “código” apriorístico. e) é sempre uma música “gastronômica”. 13. (Fuvest) De acordo com o texto, o autor produz a música “gastronômica” porque: e) a apresentação de uma ideia contraposta ao que já foi dito. 18. a) gosta de progredir, volta-se para o futuro. b) sente-se inseguro diante do novo. c) é rebelde, contrário à estandardização. d) quer satisfazer os veículos de massa. EM_V_LIT_003 e) tem espírito crítico muito desenvolvido. Tarsila do Amaral, Operários. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 13 Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora. (GOTLIB, Nádia. Tarsila do Amaral - a modernista.) O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em: a) “Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas” (Vinícius de Moraes) Texto para as questões de 19 a 21 É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou. Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se pensaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia nenhuma. E tímido o que torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto para definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom. b) “Somos muitos severinos (ANDRADE, Mário de. Meu engraxate. In: Os Filhos da Candinha.) iguais em tudo e na sina: 19. (Fuvest) Um dos traços estilísticos de Mário de Andrade é o aproveitamento do coloquial. Transcreva, do texto, dois exemplos dessa característica. a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto) 20. (Fuvest) Explique a concordância das palavras grifadas: “...o que torna instintivamente a gente muito combinado....” 21. (Fuvest) Explique o sentido das palavras grifadas: c) “O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome “Levei seguramente um minuto pra definir que...” “...podia ficar engraxate bom.” sua vida fechada em arquivos.” d) “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa) e) “Os inocentes do Leblon Não viram o navio entrar (...) Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignoravam, que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade) 14 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br EM_V_LIT_003 mas a areia é quente, e há um óleo suave EM_V_LIT_003 1. C 1. A 2. E 2. A 3. D 3. C 4. B 4. E 5. A 5. C 6. B 6. D 7. 7. C A 8. D 8. D 9. D 9. A 10. A 10. C 11. D 11. B 12. B 12. C 13. C 13. D 14. A 15. E Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 15 16. E 17. E 18. As condições hostis que os severinos encontram na vida acabam por torná-los iguais, pulverizando a individualidade e transformando-os em rostos perdidos na multidão. É a própria despersonalização do ser humano. 19. “...que mudança pra outras portas se pensaram em mim...” “...respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima...” “...a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.” 20. O artigo “a” concorda normalmente com o substantivo feminino gente. A expressão “a gente” está tomada como pronome indefinido. Então, combinado (no masculino) é um caso de silepse de gênero: a concordância se faz, não por razão gramatical, mas por um dado situacional: concorda com o emissor. 21. a) definir significa, no contexto, perceber claramente, tomar consciência clara, conscientizar-se de que. 16 EM_V_LIT_003 b) ficar, no caso, significa tornar-se, vir a ser. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br