Ka
ea
Mumia
•
Dufresne, PhD
Aos Imortais Mestres de
Ta-meri (Kmt)
citação de
René Schwaller de Lubicz
Em “Le Temple de L`Homme”, Ëditions Dervy, 1998 (1957)
que faço também minha
• O olho de Hr, que tudo
vê, que tudo sabe.
• Inscrição hieroglífica
arcaica e pré dinástica,
encontrada por Sir
Flinders Petrie, mostrando
a origem africana e negra
da civilização egípcia.
• Como bem observou
Champollion, a escrita
sagrada (Mdw-Ntr) ou
hieroglifos, aparece
pronta, acabada, no
coração de África desde o
período pré-dinástico,
onde e quando foi
concebida.
Ntr
• Em Kmt (Egito) chama-se “Ntr” (pronuncia-se Neter) todo princípio
vital na natureza.
• Para Kmt, cada princípio vital se concretiza na natureza, como um
fenômeno específico, como um animal ou um vegetal... como uma
forma ou uma realidade existencial.
• No Ocidente Ntr tem sido erroneamente traduzido como “Deus”.
• Existem muitos Ntr (o plural de Ntr é Ntrw) ou muitos princípios vitais
na Natureza e no Universo... no Céu e na Terra... mas todos podem ser
sempre parciais e relativos, portanto potencialmente mortais.
• Existe apenas um princípio vital absoluto, subjacente a toda ação
relativa. Esse princípio vital essencial é chamado Ntr Ntrw (traduzido
no Ocidente como Deus dos Deuses)... ou ainda melhor, o princípio
vital tão desconhecido que se desconhece seu nome e mesmo sua
realidade.
Ka
ea
Mumia
Introdução
Ntr Ntrw
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Muito pouco pode-se saber de Ntr Ntrw.
Pela teologia de Anw (Heliópolis), a ação de Ntr Ntrw pode ser reconhecida
como Twm, como o Princípio Vital que dá origem ao real... ao nosso Universo.
• Todo Universo é uma variedade, uma multiplicidade que sai da unidade.
• Portanto todo universo está relacionado ao número 2 (sen), como essência da
multiplicidade. Afinal, para haver universo, tem que haver o um e o outro,
senão não seria universo. Não existe universo sem a multiplicidade de um
outro que reconheça esse universo.
• Portanto Twm, a ação de Ntr Ntrw, foi a quebra da unidade em multiplicidade
gerando um Universo.
• Todo e qualquer Universo é gerado pela transformação da unidade em
multiplicidade, do 1 em 2.
• Neste Universo, 1 fez-se 2, através de f (Twm).
 F é um número irracional que caracteriza a harmonia com que se desenvolve
este universo humano, animal, vegetal e mineral, como é percebido pelos
humanos.
 O número f (a função f, conhecida como Ntr Twm) caracteriza este Universo,
e a geração deste Universo por Ntr Ntrw.
•
Para maiores detalhes sobre o número f veja nossas outras apresentações sobre Kmt.
f
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Pode-se entender melhor o que isso significa através de um exemplo simples:
Imagine um cavalo livre, num pasto enorme.
O cavalo tem total liberdade de caminhar na direção que quiser nesse pasto
incomensuravelmente enorme.
• Ele é livre, e pode caminhar em liberdade e caoticamente pelo pasto, como se
tudo se passasse ao acaso.
• Mas ele não pode voar, nem sair da superfície, mesmo incomensuravelmente
grande, do pasto. O pasto não tem cercas, mas é sempre uma superfície de
pasto. Existem condicionantes (o pasto) aparentemente invisíveis para a
liberdade do cavalo, mas esses condicionantes são parte da essência do cavalo
e da realidade de seu universo. Afinal, se não existisse o pasto, não existiria o
cavalo.
• O pasto é o resultado de um f do universo do cavalo, como nosso universo
também tem um f, uma limitação não necessariamente espacial, mas
certamente condicionante, e um condicionante harmônico do desenvolvimento
deste universo. Nosso universo é o resultado da ação de f.
 O f significa o que gera e o que limita este universo, harmonicamente.
• 1, f e f2..... regem e criam harmonicamente este universo.
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Para se compreender melhor esta forma de percepção egípcia do real, pode-se ler “Le Temple de
L`Homme” de René Schwaller de Lubicz
• Ptah (Twm),
preso como uma
múmia, dá vida
(existencia) a PrAha (um ato de
geração ou
criação)
O real, a temporalidade e a progressividade
• O r1 então gera o r2 através da ação de Twm;
• Assim, da unidade é gerada por Twm a multiplicidade;
• Como consequencia do fracionar de Twm, gerada a
multiplicidade de r2, naturalmente é gerada pela ação
continuada do poder germinativo dos gnomons
triangulares a progressividade do r3 e assim por diante.
Neste universo nada é instantâneo e tudo é progressivo;
• Da progressividade necessária surge a temporalidade
neste universo. Aqui o real é sempre temporal e
progressivo, seja material ou imaterial;
• Tudo precisa ser progressivamente gerado, seja a pedra ou
a planta, o animal ou o homem, a história ou a idéia.
• Assim se desenvolve harmônica e progressivamente o
feto e toda vida humana.
A magia e o real
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Assim o real, toda realidade, tem sua gênese em Twm. Isso já vimos em outros trabalhos;
Tanto a realidade material, como toda a realidade imaterial;
Toda idéia, toda ideologia, toda análise e toda dialética, toda realidade abstrata tem sua
gênese seguindo os ritmos determinados por Twm;
Como uma sinfonia, como uma polifonia, como uma música complexa e de extrema
complexidade, a realidade em seus múltiplos aspectos se desenvolve e se forma, como
se num tear alguém cheio de magia tecesse a realidade e a história, o material e o
imaterial, numa música tecida em diferentes matizes e tons, de uma complexidade
inaudita num entremear quase que infinito de fios, cheia de contrapontos e de inúmeras
possibilidades; esse alguém que tece no tear mágico da realidade é Neith;
A base da nossa música são os sons. A base da tapeçaria metafísica de Neith é o tudo, é o
físico e o imaterial, é a cor como o sofrimento, é o som, a dor e o sentimento. É a terra, a
pedra e o fogo, é o pensamento, é o tudo e o qualquer ao mesmo tempo.
Twm ou f constituem a gênese desse processo, fracionando a unidade inicial em
multiplicidade, através do contínuo fracionamento de toda unidade como
progressividade, gerando a capacidade de geração e regeneração neste universo em sua
temporalidade;
O gerar é obra do Ntr Twm.... mas o entretecer a realidade gerada é a obra mágica do Ntr
Neith.
Neith, Twm e o ser humano
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O momento presente tem então dois componentes: a ação de Neith conforme a harmonia
de Twm, e a ação de Neith consequência do livre arbítrio...
Enquanto não haviam humanos na Terra, enquanto os primatas ainda não tinham se
humanizado, a ação de entretecer o real de Neith tinha muito mais influência da ação
fracionante da unidade de Twm que qualquer outro fator derivado do livre arbítrio de
minerais (pouquíssimo livre arbítrio determinado apenas por afinidades químicas),
vegetais (algum livre arbítrio em busca de suas necessidades fundamentais), animais
(mais livre arbítrio e mobilidade, e alguma inventividade, principalmente de primatas
sub humanos).
Então a magia era devida quase que exclusivamente à ação fracionante de Twm, e muito
pouco ao livre arbítrio dos entes gerados pela ação de Twm e de Neith.
Com a humanização do primata homem isso muda, e a ação de Twm em Neith fica
menos visível, e o livre arbítrio do cavalo no pasto parece muito mais abrangente.
As duas coisas são verdadeiras. O livre arbítrio do homem constrói a história,
dialeticamente... mas sempre dentro do condicionamento mágico de Twm que mantém
sempre o entretecer da realidade por Neith envolto em magia.
A magia de Twm é complexa mas potencialmente previsível. O arbítrio do homem,
mesmo livre, historicamente é previsível, se não como indivíduo, pelo menos como
comunidade. A conjunção desses dois fatores em Neith nem sempre é previsível.
A memória do homem
• Com o advento do homem, Neith sofre a influência da ação do homem
e de sua história. Novos princípios vitais entram em ação como Wsr, o
homem primordial ou o arquétipo do homem.
• Assim o livre arbítrio do homem passa a se inter-relacionar com a
magia do momento e do lugar, e a interferir no entretecer de Neith.
• Não só a ação de Twm fracionando a unidade e criando o real, mas
também outros Ntrw passam a participar desse processo de magia de
entretecer a realidade de Neith.
• A ação de Wsr marca a história e o entretecer mágico de Neith através
da memória do homem na história, que é o fruto do arbítrio do homem
que caminha no universo de Twm como o cavalo caminha no pasto.
• É à partir daí que no Céu (Nwt) se tornam mais importantes os 12
sinais dos tempos (sinais precessionais), e na Terra (Gb) suas nove
regências dos Ntrw (que regem os tempos precessionais na história).
• O cavalo deixa marcas no pasto... pisoteia, deixa suas fezes, deixa sua
urina e seus odores... o homem deixa suas marcas ... seu Ka.
• Neste universo de Twm tudo deixa seu Ka, seu Ba... sejam pisoteios,
fezes, urina, odores.... ou.... sinais que são alguns voláteis (como o Ba),
e outros mais fixos como o Ka.
Ka, passado e presente
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Precisamos sintonizar em como a realidade se forma, e como ela se manifesta
no presente, derivada do passado.
Precisamos perceber os componentes do passado, como a ação condicionante e
a ação do livre arbítrio;
O passado é constantemente marcado pela vida de tudo que existe. O real
deixa marcas e deixa sinais, que quando o presente se torna passado, se
transforma em memória;
O passado, ou a memória, são as marcas do que ficou como resto de vida
vivida que se fez passado, por tudo o que existe e já existiu.
Assim tudo deixa memória;
Toda a memória gera o presente;
Twm gera o real, que Neith entretece e assim atualiza os sinais de memória no
presente, dando sempre espaço para o livre arbítrio;
Em Kmt essa memória que fica no presente, preservada como marca do
passado, que atua no presente, se chama Ka.
Ka é o sinal, a marca que um dia algo que foi vivo e existente no presente,
deixou no passado como memória.
Tudo que existe ou existiu tem seu Ka, fruto da ação de entretecer de Neith.
O Ka do ser humano é fruto de Neith e do livre arbítrio.
Ka
ea
Mumia
O Ka e o Ba
• Tudo o que existe no tempo e no espaço, um dia deixa de
existir;
• Tudo que vive neste universo, morre;
• Tudo o que deixa de existir, deixa de existir como
existente, mas continua a viver no seu Ba e no seu Ka.
• Assim existe vida após a morte como Ba e como Ka.
• Por isso Kmt sempre soube que o morrer, ou deixar de
existir, não é propriamente um fim, mas uma passagem
para um novo modo de existência, onde o indivíduo como
era, seja quem for, deixa de existir, mas continua existindo
no seu Ba e no seu Ka
• Em outras palavras, o existente morre e fica no passado,
mas seu Ka e seu Ba permanecem no eterno presente
• Como?
Kmt e a morte
• Com uma visão tão completa do real, Kmt se
preocupou muito com a morte.
• Porque os palácios dos reis eram feitos de tijolos
que ruíam facilmente, mas suas tumbas eram em
construções mais do que sólidas em pedra?
• Porque mumificar os cadáveres?
• Porque tantos escritos nas tumbas e tantos
amuletos nos sarcófagos e múmias?
• Porque?
• Superstição e ignorância?
• Ou conhecimento e sabedoria?
Mais um equívoco Ocidental
• Ingenuamente os sábios de nosso tempo, ou
pretensos sábios, aprendem e ensinam (e escrevem
em enciclopédias e dicionários!) que os egípcios
eram absolutamente primitivos e ignorantes, e
imaginavam que preservariam seus corpos os
mumificando para terem uma ressurreição
corpórea futura, e armazenariam mantimentos,
armas e apetrechos para comerem e se defenderem
além túmulo;
• Estatuetas mágicas ou “ídolos” derivados da
“superstição” (wshabti) responderiam a
questionamentos espirituais no “além”...
• Quanta ignorância.
Outro equívoco Ocidental
• Os mesmos pretensos sábios imaginam que as estátuas
enormes de Ra-messes II (sempre sorrindo com o mesmo
sorriso da Gioconda de Leonardo... coincidência?) eram
erigidas, provavelmente por escravos famintos a
chibatadas, por um incomensurável orgulho e ostentação
de um monarca africano megalomaníaco;
• Quanta ignorância!
• Os Ocidentais, como todos nós temos essa tendência,
julgam e mesmo condenam seus semelhantes levando
sempre em consideração seus próprios valores e atitudes
que lhes são próprias.Medimos o outro de acordo com
nossas medidas.
O Livro Egípcio dos Mortos
• Na realidade o Livro de Sair à Luz;
• Esse livro é uma compilação, de escritos
das pirâmides do Antigo Império, e mesmo
de memórias muito antes disso, compiladas
no Novo Império;
• O que diz o livro?
• Muitas coisas.... mas a mais essencial
delas, é o julgamento do Ab.
• O Ab de Ani é levado diante do tribunal de Wsr
• Ab... que significa o
coração, que é julgado
diante de Wsr (Osiris) no
tribunal após a
morte.Nosso julgamento
pela história... que a todos
julga, para o bem ou para
o mal
• Participam com Wsr desse
julgamento, os 42 Ntrw
dos 42 nomos do Egito, ou
seja, quem julga é o povo,
ou seja, a história, a
opinião pública.
• O coração Ab é a nossa
história de vida... em Kmt
o homem vale o que vale a
sua memória.
O julgamento do Ab
• Quem julga o Ab?
• Wsr, ou Osíris é o Ntr que julga o Ab, mas em
comum acordo com os Ntrw do povo;
• Hoje em dia podemos dizer que quem julga o Ab
somos nós, é a opinião pública, infelizmente
muitas vezes manipulada por poderosos poderes
nem sempre honestos, principalmente os da
imprensa e da mídia no Brasil;
• Todo ser humano é julgado pelo seu povo, por
seus parentes, por sua família, por sua cultura, por
sua nação ou pelo mundo, dependendo de sua área
de atuação.
O fiel da balança: Ntr Maat
• Em Kmt o Ntr Anwbis leva o Ab para a balança de
Maat, onde o Ab (coração) é pesado, tendo como
contrapartida a pena leve de Maat. Quem anota o
resultado é Toth, e tudo é feito na presença dos
Ntrw do povo e de Wsr;
• Encontrado leve o coração Ab, o existente é
“justificado” e entra em paz no além, ou seja,
deixa uma memória “justificável”;
• Encontrado pesado o coração Ab, o existente vai
para o extermínio, para a destruição de sua
memória, ou para a execração de sua memória.
A nossa balança
• Hoje em dia, as grandes personalidades são julgadas pelo
que viveram, pelo que fizeram ou deixaram de fazer, pela
opinião pública, e as pessoas comuns por seus amigos,
famílias e conhecidos;
• A grande maioria de nós logo cai no esquecimento;
• Quem foram os avós de meus avós?
• Eu não faço a mínima idéia.
• Mas o Mahatma Ghandi eu sei quem foi, assim como
Madre Thereza de Calcutá e Martin Luther King;
• Assim como também sei quem foram Stalin, Mussolini,
Franco e Hitler...
• Hoje eu vejo o que fazem os Bush, Sharon, e muitos
outros... que nada contribuem para a paz entre os povos e
o respeito entre as nações...
A balança de Maat
• A vida julga as pessoas, em sua morte.
• Na maioria das vezes logo o Ba bate as asas e se
esvai, sem deixar lembranças;
• O que fica é o Ka;
• Quando se tem um Ka suficiente para que seja
lembrado de alguma forma, o Ka fica e marca a
história, seja de uma família, de uma vila, de uma
cidade, uma nação ou toda a humanidade...
• Maat julga o Ab, e o Ba se esvai... e fica o Ka...
quando fica alguma coisa.
O volátil e o fixo
• Em alquimia, que teve sua origem em Kmt,
quando alguma coisa morre, ou é
consumida de alguma maneira, ficam duas
parcelas: o fixo (Ka) e o volátil (Ba);
• O volátil bate as asas e se esvai, mas o Ka é
a parcela que fica;
• O Ka é a memória que fica;
• Porque o Ka fica e o Ba vai embora?
• Ba.... a alma ou vida
individual do indivíduo, que
se desliga do corpo após a
morte. Essa alma é
individual e encaminha o
coração para o julgamento
moral da história diante de
Wsr e dos Ntrw do povo.
• Esse é o julgamento da
memória de todo ser humano
na balança de Maat, que
justifica a existência diante
da história, ou condena
como coisa ruim, ou é
ignorada de tão
insignificante.
• A função do Ba é levar o Ab
ao julgamento da história;
terminada sua função o Ba
se volatiliza como uma ave;
• A função do Ka é o de
permanecer como marca na
história.
O Ba, o Ab e o Ka
• Como vemos o Ba é um pássaro;
• Um volátil;
• É o aspecto da nossa vida que pode voar, que pode passar,
que pode logo ser esquecida, que pode nunca mais ser
lembrada, ou dificilmente ser lembrada;
• Somos lembrados, e marcamos a história pelo que somos,
pelo que fazemos, pelo que deixamos, pela angústia e o
sofrimento que causamos, pela dor que promovemos, pelo
descaso que tivemos com o outro, quem quer que seja esse
outro;
• Marcamos a história pelo bem e pelo mal que cometemos,
ou que deveríamos ter feito e não tivemos a coragem de
fazer;
• Os sábios de Kmt sempre souberam que todo Ba é volátil e
se esvai e todo Ka permanece após o julgamento do Ab.
• Ka.... ou o abraço dado pelo Ntr
Ntrw em todo o vivente
(existente), para que tenha vida e
que a Ntr Neith entreteça seu
destino. Esse abraço envolve e
carrega o ser para a existência e
para seu destino, que deixará
marcas na história.
• Quando um egípcio morria, se
dizia que tinha ido para seu Ka, ou
seja, foi encontrar seu destino.
Passou de uma existência orgânica
e individual para deixar marcas na
história humana e transpessoal. Se
deixou uma memória justificável,
seu Ka caminharia com o Ka de
Ra, como bem aventurança de
deixar um Ka luminoso e
benfazejo. Se não, seu destino
seria a memória como coisa ruim,
ou como existência a ser ignorada.
O Ka
• O Ka é o que é fixo, o que resiste ao tempo,
é a memória que deixamos sobre nossa
existência, seja boa ou seja má, que fica e
dura como memória;
• Cada fotografia, cada livro escrito, cada
obra de arte, ou cada atitude ou cada
realidade que vivemos, sua parte volátil se
esvai como um pássaro, e a parte que fica
como marca do passado, fica como Ka,
como um abraço do destino.
A Mumia
• Porque mumificar os cadáveres? Para que
se levantassem como um monstro criado
por Hollywood?
• Não, mas que ficassem como memória,
como uma fotografia, como uma realidade
do passado que fala ao presente;
• Assim como os escritos, os sarcófagos, as
estátuas, as figuras.
A mumia ou a foto?
• Kmt não conhecia a tecnologia da fotografia ou da web e redes
digitais;
• Mas sabia como mumificar cadáveres;
• O que informa mais a posteridade... a foto ou a múmia?
• Sem dúvida a múmia. A múmia fala de vestimentas e costumes como a
foto. Mas fala de crânio e de ossos, fala de doenças e forma da morte.
A múmia fala muito mais que uma foto;
• A múmia, em conjunto com as estátuas falam da vida e da morte
daquele Ab, daquele coração.
• A múmia, mais as estátuas, mais os escritos e a arquitetura em pedra
contam tudo, enquanto a foto não conta quase nada;
• Alguém pode duvidar da quantidade extrema de informações deixadas
para sempre em uma múmia como Ka?
Ra-mss I
• A múmia de Ra-mss I foi vendida por um ladrão
de tumbas no início do século XX para um turista
norte americano, que a levou para um pequeno
museu perto de Niagara Falls.
• Lá ela ficou como uma “mumia egípcia” por
algumas dezenas de anos, ignorada pela quase
totalidade das pessoas;
• Mas ela era uma mumia diferente... tinha seus
braços cruzados sobre o peito, como Twt-ankhAmn.... seria a múmia de um Pr-Aha (faraó)?
• Depois de pesquisarem bastante, descobriram que sim, que
aquela era a múmia de Ra-mss I, ou Ramsés I, o faraó que
deu início à grande décima nona dinastia.
• A múmia de Ra-mss I foi levada daquele sombrio pequeno
museu de horrores e “antiguidades”e excentricidades, para
o Museu do Cairo.
• Ra-mss I chegou no Cairo de avião fretado, com uma
grande comitiva de autoridades Egípcias e uma comitiva
de museus norte americanos, e com pompa e circunstância,
entrou no Museu do Cairo, onde foi recebido como um rei,
com tocar triunfante de trombetas;
• Ra-mss I, o grande Pr-Aha, o grande faraó, voltara a Kmt;
• A memória, o Ka de Ra-mss I, na forma de sua múmia,
voltava como rei ao Egito.
• Vemos portanto que a mumificação dos cadáveres NÃO TINHA A
INTENÇÃO DE RESSURREIÇÃO DO CADAVER como vida
orgânica futura, mas como técnica enormemente eficiente de preservar
a memória ou Ka do indivíduo, de forma extremamente rica em
informação, e durante tempos incomensuravelmente longos;
• Um filme ou uma foto duram um século, ou pouco mais, e traz pouca
informação;
• A múmia traz muito mais informação e se preserva por milhares ou
dezenas de milhares de anos, ou mais!!!
• A Web passa, se não houverem fontes de energia elétrica próprias e
componentes adequados;
• Em centenas de anos películas de filmes e fotos desaparecem;
• As múmias, com sua infinidade de informações sobre o organismo, sua
vida e sua morte subsiste por uma infinidade de milhares de anos;
• Seremos superiores a Kmt? Hahaha
• Em nossa ignorância achamos que sim!!!
• As pirâmides, os templos, os sarcófagos, as
múmias, as estátuas, as inscrições, os cartuchos
reais, os obeliscos, tinham como finalidade
PRESERVAR O KA DE KMT;
• O Ka de cada Pr-Aha, assim como o Ka de toda
Kmt;
• Por isso em Kmt, destruir o nome, o cartucho, a
estátua, a múmia ou o sarcófago de alguém, era o
que de pior se podia fazer para alguém;
• Destruindo os sinais, se estaria destruindo o Ka,
ou a vida após a morte de alguém, ou seja, tudo o
que esse alguém fizera ou deixara seria esquecido
para sempre.
Vida após a Morte em Kmt
• Kmt é o exemplo de que muitas vidas são mais
importantes depois de sua morte, ou seja, sua vida
após a morte é mais importante e significativa
que antes de sua morte;
• Isso era uma característica de muitos Pr-Aha.
• Porque nesse sentido, quando se escreve a história,
muitas vidas realmente começam seu trabalho,
após a sua morte;
• Muitos trabalham muito mais após a morte, do que
em vida.
• Isso os sábios de Kmt sabiam como ninguém.
Twth-ankh-Amn
• O Faraó (Pr-Aha) Tut (Twth-ankh-Amn), é um
exemplo disso;
• Como Pr-Aha ele foi bastante insignificante;
• Pouco acrescentou à sabedoria em Kmt;
• Mas muito acrescentou à egiptologia, com a
descoberta de sua tumba ainda (quase) intacta nos
anos 20 do século passado!
• Hoje ele é mais famoso que Ra-mss I e Ra-mss II
pelo ouro encontrado em sua tumba, com sua
múmia ...
• Mas quando vivo jamais foi importante como
eles...
Já Ra-mss II ....
• Ra-mss II foi tão importante vivo, que não podia
ser mais importante após a morte;
• Mas seu Ka, com sua múmia, suas estátuas, os
templos que construiu, o Rammesseum, o templo
de Abu-Simbel, e o que construiu em Luxor e
Karnac, são tão importantes quanto sua vida;
• Ele valeu enormemente tanto na vida antes da
morte, como em sua vida após a morte.
Os sábios de Kmt sabiam disso como ninguém
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Os Pr-Aha foram muito mais importantes para a história do homem, depois de mortos do que em vida orgânica.
A vida deles “após sua morte” foi muito mais relevante, luminosa e superior que em sua vida física. No “além
depois da morte” eles efetivamente reinaram com Ra, como estava escrito e profetizado nos textos das pirâmides
da sexta dinastia, porque se tornaram como Ra (como um sol) para nosso conhecimento e sabedoria;
Como Ra (o Sol) é importante e fundamental para nossa existência orgânica, Kmt através de seus Pr-Aha, por seu
Ka se fez importante para nós em nossa existência espiritual, científica e filosófica;
Sua vida no “além após sua morte” foi ainda mais importante que sua vida enquanto organismos;
O mesmo depois aconteceu com Pitágoras, Sócrates e Platão;
Depois com o Buda e Aristóteles; Confúcio e Lao-Tzu;
Depois com Jesus de Nazareth;
Depois com os grandes cientistas como Galileo Galilei, Kepler e Copérnico;
Depois com Charles Darwin e Jean François Champollion;
Depois com Freud, Einstein, Heizemberg e Henri Poincaré;
E com Vivaldi, Mozart, Bach, Beethoven, Wagner, Brahms, Gustav Mahler;
Villa Lobos, Carlos Gomes, Camargo Guarnieri, Heckel Tavares e Guerra Peixe;
Com Ésquilo, Sófocles e Eurípides; com Shakespeare, Hugo, Tolstoi, Goethe, Dante e Camões; com Fernando
Pessoa, com ...;
Leonardo, Picasso, Rembrandt, Vincent Van Gogh, Monet...
........
Muitas vidas são mais vivas após a morte biológica, através de seu Ka, do que em vida como entidade orgânica...
Em vida, todos comem, bebem, respiram e defecam como organismos;
Na vida após a morte alguns reinam como Ra, enquanto outros não deixam marcas de sua existência, ou deixam
marcas que ninguém gostaria de lembrar...
O Ka, Kmt e Akh-n-Athn
• Esse conhecimento, que nasceu no interior da África negra e desabrochou em Kmt,
não foi compreendido por Akh-n-Athn e depois por Tis-Athn (Moisés);
• Eles eram de Kmt, se formaram em Kmt, Akh-n-Ath era Pr-Aha em Kmt, e não teve
a sabedoria de Kmt...;
• A preservação do Ka, eles equivocadamente entenderam (ou deturparam consciente
ou inconscientemente) como “adoração do Ka”, e alegaram que preservar o Ka de
Kmt era “idolatria”, que procuraram destruir;
• Despreparados, em sua ignorância tudo fizeram para destruir Kmt e todo seu Ka, e
toda sua memória;destruiram os cartuchos dos Pr-Aha que haviam sido a sabedoria
de Kmt; procuraram destruir o Ka de Amn, como se isso fosse possível...
• Por isso foram inapelavelmente derrotados em Kmt, e expulsos para sempre;
• Em contrapartida criaram uma “divindade” lógica, vazia, iconoclasta, agressiva,
“única” em sua ignorância, e achavam, como muitos hoje acham, que após a morte
não haveria vida (como Moisés deixou como doutrina para o Judaísmo atual*).
• Para o Athn, de Akh-n-Athn e Moises, após a morte nada restaria, nem mesmo um
Ka deveria ser preservado!Só as idéias de Moisés deveriam ser preservadas e seus
“escritos” fossem verdadeiros ou manipulados “a posteriori”.
•
*Nota: Doutrina esta que depois não foi corroborada por Jesus de Nazareth, e daí o conflito entre Jesus e
os seguidores de Moisés e nele de Akh-n-Athn
Ra-mss I e Tis-Athn (Moises)
• No passado distante, Ra-mss I, com seus exércitos, colocou Moisés e
seu grupo para correr, fugindo de Kmt para o deserto;
• Hoje, Ra-mssI, ainda vivo por seu Ka, renova a esperança de que a
verdade da história desse episódio um dia venha a ser reconhecida;
• Ra-mss I e sua múmia, no século XXI mostram que Akh-n-Athn e
Moisés estavam errados.... Ra-mss I e sua múmia, com seu Ka, são
hoje tão ou mais importantes do que há uns 3350 anos atrás, quando
Ra-mss I estava vivo como ser humano;
• Ntr Ntrw jamais “endureceu o coração de Ra-mss I” como os
seguidores de Moisés dizem que aconteceu, como obra da “divindade”
de Moisés;
• A vida de Ra-mss I após sua morte é tão importante hoje, como sua
vida foi importante outrora. Tem a mesma grandeza e dignidade hoje,
como sempre teve durante sua realidade histórica;
• O mesmo se pode falar de Kmt e de todo Pr-Aha, não só pelas obras de
arte que deixaram, por suas múmias e seus sarcófagos, por seus
escritos e toda sua cultura, mas depois de Champollion, pelo Ka de
toda sua sabedoria.
Ntr Ntrw
Dele nada se sabe
Nem o nome se conhece
Apenas se sabe que Ntr Ntrw age
Como age a harmonia de Twm (Ptah) neste Universo
Como Neith entretece o real material e imaterial neste Universo
Como tudo o que existe ou existiu passa, e deixa seu Ka neste Universo
• Como o Ibis, ou Twth,
não podemos conhecer
nem o nome do Ntr Ntrw;
mas podemos, através de
suas manifestações e pelo
existir nosso e do
universo, resultado de suas
ações, podemos
indiretamente tentar
conhecê-lo por suas obras,
pouco a pouco... de grão
em grão como o Ibis...
como o Ntr Twth o pode
conhecer... e ensinar...
sempre de grão em grão,
como o Ibis...
• Agradeço meus “insights” sobre estes assuntos, em primeiro lugar ao momento,
gerado por Twm, entretecido por Neith, e hoje conhecido graças ao Ka de Kmt;
• Depois a alguns grandes mestres:
• Jean François Champollion, que deu vida a Kmt, que estava morta e não podia ser
reconhecida. Seu trabalho é eterno;
• René Schwaller de Lubicz, um dos maiores egiptólogos depois de Champollion, que
viveu com sua esposa Isha durante 12 anos estudando o templo de Luxor, e que
aprendeu como ninguém sobre a mente e o coração de Kmt;
• Isha Schwaller de Lubicz, por seus extraordinários trabalhos, “Her-Bak”, tanto o
“Pois Chiche” como “O Discípulo”, e o seu amor por Ta-meri e pelos Mdw-Ntr;
• Matila Ghyka, que me abriu os olhos para uma série de aspectos do número que ele
definiu como f ainda no início do século passado.
• A todos que amam e amaram Ta-meri, de coração, como eu amo.
• E acima de todos os outros, eu agradeço aos Antigos, aos Imortais Sábios de Ta-meri
(terra amada), ou Kmt (terra negra), àqueles a quem todos nós devemos quase tudo;
sem suas pirâmides, sem seus templos, sem seus escritos nas pirâmides, nada
teríamos e permaneceríamos em terrível ignorância, não só sobre eles e sua cultura,
mas principalmente sobre nós mesmos, e a realidade que nos cerca, até os confins do
universo, no ontem, no agora e no sempre.
• A todos meu muito obrigada
• O Templo ou
Universidade da
Sabedoria, de
Karnac em Kmt.
• A ciência e os
ofícios são para
muitos;
• A sabedoria e o
conhecimento do
real são para
poucos.
• Fim
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Ka - Belas Palavras