Serviço de Endoscopia Gastrointestinal Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo TRATAMENTO DE CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE EM PACIENTES IDOSOS: RESULTADOS DE MUCOSECTOMIA E GASTRECTOMIA NO CENTRO DE REFERÊNCIA NACIONAL JAPONÊS Gastrointestinal Endoscopy Vol 62, nº 6: 2005 Etoh T, Katai H, Fukagawa T, Sano T, Oda I, Gotoda T, Yoshimura K, Sasako M Fábio S. Kawaguti 22/03/2006 INTRODUÇÃO O atual número de pacientes com câncer gástrico precoce está crescendo na população idosa japonesa Gastrectomia com linfadenectomia é o tratamento padronizado Baixa incidência de metástases em linfonodos: qual a melhor conduta para pacientes idosos acometidos? Mucosectomia: tratamento alternativo INTRODUÇÃO Idosos: Expectativa de vida limitada e cirurgias, como gastrectomia total, estão associadas à qualidade de vida ruim Fatores de risco, como doenças cardiovasculares ou respiratórias, também podem prejudicar a recuperação. Portanto a avaliação da qualidade de vida é mais importante nos idosos que nos jovens O objetivo desta análise retrospectiva foi descrever os resultados de gastrectomia e mucosectomia em idosos com CA gástrico precoce PACIENTES E MÉTODOS Total de 2519 casos de CA gástrico precoce foram tratados no serviço entre julho de 1985 e junho de 1999 Gastrectomia: 1773 pacientes (70%) Mucosectomia: 746 pacientes (30%) Destes 2519 pacientes, 93 (3,7%) eram idosos (80 anos ou mais), os quais tiveram seus casos selecionados e revisados no presente estudo. PACIENTES E MÉTODOS Os pacientes foram divididos em 2 grupos: Gastrectomizados (44 pacientes) Mucosectomia (49 pacientes) A mucosectomia foi realizada visando ressecção local em bloco com margem de segurança curativa (R0) A maioria dos pacientes satisfez Gastric Cancer Treatment Guideline of the Japanese Gastric Cancer Association PACIENTES E MÉTODOS Produtos das Gastrectomias e Mucosectomias: classificadas conforme Japanese Classification for Gastric Carcinoma Seguimento: Mucosectomia: EDA 3 e 6 meses após, e anualmente Gastrectomia: USG ou TC, e EDA, anualmente Média de seguimento: 57 meses (4-168). Os dados de seguimento de 5 anos foram recuperados para todos os pacientes RESULTADOS Aspectos clínico-patológicos: Não houve diferença estatisticamente significativa na idade ou sexo Houve diferença estatisticamente significativa no tamanho do tumor, tipo histológico e no grau de invasão tecidual. RESULTADOS RESULTADOS RESULTADOS Aspectos clínico-patológicos: Cinco pacientes com adenocarcinoma pouco diferenciado foram submetidos à mucosectomia devido ao risco cirúrgico, apesar de não possuírem critérios para o procedimento Todos os pacientes cirúrgicos foram submetidos à ressecção gástrica curativa Gastrectomia distal: 29 Gastrectomia total: 5 Gastrectomia proximal: 4 Gastrectomia com preservação pilórica: 2 Ressecção em cunha: 4 RESULTADOS Aspectos clínico-patológicos Dos operados, 6 (13,6%) apresentaram metástases linfonodais N1 Dos pacientes submetidos à mucosectomia, uma margem curativa de segurança não foi obtida em 11 pacientes (22,4%) RESULTADOS Morbidade e Mortalidade: Não houve diferença estatisticamente significante na incidência de morbidades entre os dois grupos A taxa de morbidade pós-operatória foi de 22% e a complicação mais comum foi doença respiratória (11,3%). Mortalidade de 0% Não foram registrados casos de morbidade ou mortalidade pós-mucosectomia. RESULTADOS RESULTADOS Resultados clínicos: Uma margem cirúrgica de segurança não foi alcançada em 11 pacientes pós-mucosectomia, porém tal feito foi atingido em 4 deles após mucosectomia adicional ou gastrectomia. Os outros 7 recusaram-se a outros procedimentos Em 2 destes 7 pacientes foram diagnosticados recorrência local e foram à óbito por doença avançada. RESULTADOS Resultados clínicos: Nenhum dos pacientes operados morreu pela reincidência da neoplasia Dois pacientes morreram durante o seguimento, porém por outras causas. A causa mais comum foi doença cardiovascular RESULTADOS RESULTADOS Sobrevida: Em 3 anos: Em 5 anos: Cirurgia: 73,5% Mucosectomia: 82,5% Cirurgia: 55,0% Mucosectomia: 62,5% Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos DISCUSSÃO Escolher o melhor tratamento para CA gástrico precoce em pacientes idosos depende do estadio e de suas condições gerais Expectativa de vida curta: dificulta a escolha pela gastrectomia O estudo visou esclarecer a necessidade de gastrectomia para CA gástrico precoce em pacientes idosos DISCUSSÃO Estudos recentes afirmam que a mucosectomia pode ser realizada em lesões extensas (maiores que as recomendadas pelos consensos) com uma alta taxa de margens cirúrgicas livre A sobrevida a longo prazo após mucosectomia ainda está sendo estudada Extendendo os critérios para mucosectomia como tratamento em tumores maiores, pode-se beneficiar pacientes idosos. DISCUSSÃO Ressecção cirúrgica é recomendada na falha curativa da mucosectomia no Serviço. Entretanto uma posição conservadora é frequentemente adotada para pacientes idosos ao invés de cirurgia adicional, devido ao risco cirúrgico Condição geral e deterioração mental não são fatores prognósticos para CA gástrico O estudo também demonstrou que o tratamento cirúrgico pode ser realizado de modo seguro DISCUSSÃO Gastrectomia: Piora da qualidade de vida (sintomas digestivos, queda do apetite e desnutrição) Sujeito a complicações: pneumonia aspirativa, deiscência da anastomose, infecção de ferida. Diminuição da sobrevida No trabalho, não houve diferenças significativas entre os grupos. DISCUSSÃO Muitos estudos tem mostrado a evolução para CA gástrico avançado e óbito em 2 ou 3 anos naqueles pacientes que não tiveram a forma precoce tratada. Para aqueles tratados, bons resultados No estudo, 2 de 7 pacientes em que houve fracasso na mucosectomia foram à óbito Quando a margem cirúrgica não é satisfatória na mucosectomia, tratamento cirúrgico adicional pode ser recomendado CONCLUSÕES Mucosectomia realizada com sucesso em idosos; resultados excelentes e o procedimento pode ser recomendado Mucosectomia sem sucesso: gastrectomia mostrou-se também com excelentes resultados Os resultados obtidos são de um centro altamente especializado e padronizado, com trabalho conjunto entre endoscopistas e cirurgiões. Generalizar requer cuidados.