RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2001 www.undp.org/hdr2001 Contactos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: Nova lorque: Trygve Olfarnes (212) 906-6606 Fax (212) 906-5364 [email protected] Washington: Sarah Papineau Marshall (202) 331-9130 Fax (202) 331-9363 [email protected] Genebra: Jean Fabre (41-22) 917-8541 Fax (41-22) 979-9005 [email protected] Copenhaga: Rolf Aspestrand (45-35) 46-7000 Fax (45-35) 46-7095 [email protected] Bruxelas: Diana Moli (3-22) 505-4620 Fax (3-22) 503-4729 [email protected] EMBARGADO ATÉ ÁS 10:00 TMG, 10 DE JULHO DE 2001 Embora controversos, os organismos geneticamente modificados (OGM) poderiam ser grande avanço tecnológico para países em desenvolvimento Cidade do México, 10 de Julho de 2001 — O Relatório do Desenvolvimento Humano 2001, comissionado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e hoje lançado, conclui que muitos países em desenvolvimento poderão obter grandes benefícios dos alimentos, culturas e outros organismos geneticamente modificados (OGM). Embora reconhecendo que há riscos ambientais e de saúde que têm de ser levados em conta, o Relatório destaca o potencial singular das técnicas de modificação genética para criar culturas resistentes a vírus, tolerantes às secas e de maior valor nutritivo. Estas culturas poderão reduzir significativamente a desnutrição, que afecta ainda mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, e seriam especialmente valiosas para os agricultores pobres que trabalham em terras marginais na África Subsariana. O Relatório exorta a um investimento público muito maior nas actividades de investigação e desenvolvimento para assegurar que a biotecnologia responda às necessidades agrícolas dos pobres do mundo. "Não podemos contar apenas com o sector privado para desempenhar a tarefa", diz Sakiko Fukuda-Parr, a autora principal do Relatório, observando que a investigação com fins lucrativos atende principalmente às necessidades dos consumidores de rendimentos elevados, mas do daqueles nos países em desenvolvimento que têm pouco poder de compra. O Relatório aponta, em particular, para a necessidade urgente de desenvolver novas variedades de milho-miúdo, sorgo e mandioca, que são alimentos de primeira necessidade das pessoas pobres em muitos países em desenvolvimento. Percentagem de terras agrícolas plantadas com variedades de alto rendimento 90 1970 América Latina Asia Tóquio: Sukehiro Hasegawa (81-3) 35 467-4751 Fax (81-3) 35 367-4753 [email protected] 1998 África Subsariana Trigo 11 Arroz 2 19 Trigo Arroz 10 Sorgo 0 Milho-miúdo 0 Mandioca 0 65 86 65 26 14 18 Mark Malloch Brown, o Administrador do PNUD, concorda, salientando que tais investimentos públicos estão já a produzir resultados impressionantes. Aponta para o recente e bem sucedido esforço do PNUD, governo japonês e outros parceiros internacionais, de desenvolvimento de novas variedades de arroz. "Estas variedades têm mais 50% de rendimentos, amadurecem entre 30 e 50 dias mais cedo, são substancialmente mais ricas em proteínas; são muitíssimo mais resistentes às doenças e à seca, resistem às pragas de insectos e podem mesmo expulsar as ervas daninhas. E vão ser particularmente PORT-2-1 úteis porque podem ser criadas sem fertilizantes ou herbicidas, os quais muitos agricultores pobres também não têm meios para adquirir. Esta iniciativa mostra o enorme potencial da biotecnologia para melhorar a segurança alimentar na África, Ásia e América Latina". Durante três anos, as vendas na Europa de milho, tomate, batata e algodão geneticamente modificados — frequentemente chamados nos meios de comunicação de "alimentos Frankenstein" — foram suspensas devido aos receios sobre potenciais perigos para a saúde e ambientais. O Relatório do Desenvolvimento Humano argumenta que os riscos dos OGM podem ser geridos, mas que a maioria dos países em desenvolvimento vai precisar de ajuda para o fazer. Salienta que os problemas com a biotecnologia e a segurança alimentar são, frequentemente, consequência de políticas deficientes, regulamentação inadequada e falta de transparência. (Por exemplo, a má gestão dos regulamentos europeus conduziu à propagação da doença das vacas loucas). Estes desafios podem ser particularmente grandes nos países em desenvolvimento, onde os recursos são escassos e onde normalmente se carece de conhecimentos especializados. O Relatório aponta para a Argentina e Egipto como exemplos de países em desenvolvimento que estão a avançar na criação de linhas de orientação nacionais, procedimentos de aprovação e institutos de investigação para avaliar os riscos dos OGM. De acordo com o Relatório, os debates em curso na Europa e nos Estados Unidos sobre as novas biotecnologias ignoram, na sua maior parte, as preocupações e as necessidades do mundo em desenvolvimento. Os consumidores ocidentais preocupam-se, naturalmente, com as potenciais reacções alérgicas e outras questões de segurança alimentar. As pessoas nos países em desenvolvimento, contudo, podem estar mais interessadas em melhores rendimentos das culturas, nutrição, ou na necessidade de reduzir a pulverização de pesticidas, que podem adoecer os agricultores. Entretanto, as empresas multinacionais de biotecnologia, ávidas por vender, tendem a menosprezar as dificuldades que os países em desenvolvimento podem ter na gestão dos riscos ambientais que podem significar os OGM. "As vozes das pessoas nos países pobres — que são os que mais ganham ou perdem com estas novas tecnologias — não foram ainda ouvidas", diz Fukuda-Parr. Finalmente, o Relatório apela para mais investigação sobre os impactes de longo prazo dos OGM e promove a colocação de rótulos nos produtos geneticamente modificados, para que os consumidores façam escolhas informadas. Austrália, Brasil, Japão e Reino Unido já exigem estes rótulos e inquéritos mostram que mais de 80 por cento dos consumidores nos Estados Unidos também os querem. SOBRE ESTE RELATÓRIO: Todos os anos, desde 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento tem comissionado o Relatório do Desenvolvimento Humano, através de uma equipa independente de peritos, para explorar as principais questões de interesse mundial. O Relatório não se limita a análise do rendimento per capita enquanto medida do progresso humano, mas também o avalia em relação a factores tais como a esperança média de vida, a alfabetização e o bem-estar geral. Ele defende que o desenvolvimento humano é, em última análise, "um processo de alargamento das escolhas das pessoas". O Relatório do Desenvolvimento Humano é publicado em Português pela Trinova Editora, Rua das Salgadeiras, 36 – 2º Esq., 1200 Lisboa, Portugal. Telefone: (351) 213 242 970, Fax: (351) 213 242 979 PORT-2-2