RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 2001
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EMBARGADO ATÉ ÁS 10:00 TMG, 10 DE JULHO DE 2001
Embora controversos, os organismos
geneticamente modificados (OGM)
poderiam ser grande avanço tecnológico
para países em desenvolvimento
Cidade do México, 10 de Julho de 2001 — O Relatório do Desenvolvimento
Humano 2001, comissionado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
e hoje lançado, conclui que muitos países em desenvolvimento poderão obter grandes benefícios dos
alimentos, culturas e outros organismos geneticamente modificados (OGM). Embora reconhecendo
que há riscos ambientais e de saúde que têm de ser levados em conta, o Relatório destaca o potencial singular das técnicas de modificação genética para criar culturas resistentes a vírus, tolerantes às
secas e de maior valor nutritivo. Estas culturas poderão reduzir significativamente a desnutrição, que
afecta ainda mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, e seriam especialmente valiosas para
os agricultores pobres que trabalham em terras marginais na África Subsariana.
O Relatório exorta a um investimento público muito maior nas actividades de investigação e
desenvolvimento para assegurar que a biotecnologia responda às necessidades agrícolas dos pobres
do mundo. "Não podemos contar apenas com o sector privado para desempenhar a tarefa", diz
Sakiko Fukuda-Parr, a autora principal do Relatório, observando que a investigação com fins lucrativos
atende principalmente às necessidades dos consumidores de rendimentos elevados, mas do daqueles
nos países em desenvolvimento que têm pouco poder de compra. O Relatório aponta, em particular,
para a necessidade urgente de desenvolver novas variedades de milho-miúdo, sorgo e mandioca, que
são alimentos de primeira necessidade das pessoas pobres em muitos países em desenvolvimento.
Percentagem de terras agrícolas
plantadas com variedades de
alto rendimento
90
1970
América
Latina
Asia
Tóquio:
Sukehiro Hasegawa
(81-3) 35 467-4751
Fax (81-3) 35 367-4753
[email protected]
1998
África
Subsariana
Trigo
11
Arroz
2
19
Trigo
Arroz
10
Sorgo
0
Milho-miúdo
0
Mandioca
0
65
86
65
26
14
18
Mark Malloch Brown, o Administrador do PNUD, concorda, salientando que tais investimentos públicos estão
já a produzir resultados impressionantes. Aponta para o
recente e bem sucedido esforço do PNUD, governo
japonês e outros parceiros internacionais, de desenvolvimento de novas variedades de arroz. "Estas variedades
têm mais 50% de rendimentos, amadurecem entre 30 e
50 dias mais cedo, são substancialmente mais ricas em
proteínas; são muitíssimo mais resistentes às doenças e à
seca, resistem às pragas de insectos e podem mesmo
expulsar as ervas daninhas. E vão ser particularmente
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úteis porque podem ser criadas sem fertilizantes ou herbicidas, os quais muitos agricultores pobres também não têm
meios para adquirir. Esta iniciativa mostra o enorme potencial da biotecnologia para melhorar a segurança alimentar
na África, Ásia e América Latina".
Durante três anos, as vendas na Europa de milho, tomate, batata e algodão geneticamente modificados —
frequentemente chamados nos meios de comunicação de "alimentos Frankenstein" — foram suspensas devido aos
receios sobre potenciais perigos para a saúde e ambientais. O Relatório do Desenvolvimento Humano argumenta que
os riscos dos OGM podem ser geridos, mas que a maioria dos países em desenvolvimento vai precisar de ajuda para
o fazer. Salienta que os problemas com a biotecnologia e a segurança alimentar são, frequentemente, consequência
de políticas deficientes, regulamentação inadequada e falta de transparência. (Por exemplo, a má gestão dos regulamentos europeus conduziu à propagação da doença das vacas loucas). Estes desafios podem ser particularmente
grandes nos países em desenvolvimento, onde os recursos são escassos e onde normalmente se carece de conhecimentos especializados. O Relatório aponta para a Argentina e Egipto como exemplos de países em desenvolvimento
que estão a avançar na criação de linhas de orientação nacionais, procedimentos de aprovação e institutos de investigação para avaliar os riscos dos OGM.
De acordo com o Relatório, os debates em curso na Europa e nos Estados Unidos sobre as novas biotecnologias
ignoram, na sua maior parte, as preocupações e as necessidades do mundo em desenvolvimento. Os consumidores
ocidentais preocupam-se, naturalmente, com as potenciais reacções alérgicas e outras questões de segurança
alimentar. As pessoas nos países em desenvolvimento, contudo, podem estar mais interessadas em melhores rendimentos das culturas, nutrição, ou na necessidade de reduzir a pulverização de pesticidas, que podem adoecer
os agricultores. Entretanto, as empresas multinacionais de biotecnologia, ávidas por vender, tendem a menosprezar
as dificuldades que os países em desenvolvimento podem ter na gestão dos riscos ambientais que podem significar
os OGM. "As vozes das pessoas nos países pobres — que são os que mais ganham ou perdem com estas novas
tecnologias — não foram ainda ouvidas", diz Fukuda-Parr.
Finalmente, o Relatório apela para mais investigação sobre os impactes de longo prazo dos OGM e promove a
colocação de rótulos nos produtos geneticamente modificados, para que os consumidores façam escolhas informadas.
Austrália, Brasil, Japão e Reino Unido já exigem estes rótulos e inquéritos mostram que mais de 80 por cento dos
consumidores nos Estados Unidos também os querem.
SOBRE ESTE RELATÓRIO: Todos os anos, desde 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
tem comissionado o Relatório do Desenvolvimento Humano, através de uma equipa independente de
peritos, para explorar as principais questões de interesse mundial. O Relatório não se limita a análise do rendimento per
capita enquanto medida do progresso humano, mas também o avalia em relação a factores tais como a esperança média
de vida, a alfabetização e o bem-estar geral. Ele defende que o desenvolvimento humano é, em última análise, "um
processo de alargamento das escolhas das pessoas".
O Relatório do Desenvolvimento Humano é publicado em Português pela Trinova Editora, Rua das
Salgadeiras, 36 – 2º Esq., 1200 Lisboa, Portugal. Telefone: (351) 213 242 970, Fax: (351) 213 242 979
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Embora controversos, os OMG poderiam ser tecnologia de