8A política A GAZETA CUIABÁ, QUINTA-FEIRA, 28 DE MARÇO DE 2013 ALERTA Queda nos repasses é de 5% em GERAL relação a 2012. Tendência é de piora FPM tem queda e aponta para crise nos municípios SONIA FIORI DA REDAÇÃO Levantamento realizado pelo Confederação Nacional dos Municípios (CNM), mostra uma quadro desolador para os municípios, com valores projetados sobre o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), em queda vertiginosa, se comparado ao mesmo período de 2012. A 3ª parcela do FPM, que estará nas contas das prefeituras hoje (28), somou no país R$ 1,417 bilhões. O repasse é 5% menor, em análise ao ano passado, e representa 14,5% menos do que o estimado pela Receita Federal do Brasil, no dia 10 de março. Mato Grosso receberá a parcela de R$ 40.437.153,76, totalizando no mês, R$ 108.374.449,99, segundo equipe técnica da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM). Presidente da entidade, Valdecir Luiz Colle (PSD), classifica o panorama como desastroso para a maioria dos Executivos municipais, face a inércia do governo federal em ceder aos direitos constitucionais de revisão sobre o bolo de distribuição dos recursos. “A maioria dos municípios do Estado não tem outra fonte forte de receita e enfrenta dificuldades extremas para conseguir trabalhar com o atual repasse de recursos. As remessas do FPM não traduzem a realidade das gestões públicas e nesse patamar, a situação pode ficar muito pior, com prefeitos que não vão conseguir nem mesmo honrar com os principais compromissos”, avisou em tom de alerta. O FPM é apenas um dos itens que preocupam os gestores. As discussões são engrossadas com outros pedidos, como o Pacto Federativo, tendo raiz sobre o Fundo de Participação dos Estados (FPE); Emenda 29, que destina recursos à saúde; royalties do pré-sal, em embate de ações junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) além de outras questões pertinentes aos municípios, que entram em campo estadual, como defesa de novo formato de distribuição do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab). A CNM deverá promover mais um enfrentamento com o governo federal, e deverá contar com respaldo do Congresso Nacional. A XVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios deve ser realizada em julho. Na AMM, existe temor sobre os próximos meses quando o assunto é FPM. A previsão nada otimista é de que, a partir de junho, o quadro se agrave. No período, devem começar as restituições sobre o Imposto de Renda (IR), que junto com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formam a composição do FPM. Os valores descritos pela CNM consideraram o desconto sobre a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em relação aos municípios de todo o país, o montante sobre o repasse, sem o desconto do Fundeb, é de R$ 1.771.607.221,34. Os dados nacionais destacam que o mês de março será fechado com FPM total de R$ 4.703.601.441,96. No acumulado do trimestre, o fundo somou R$ 19.492.987.982,26. O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, lembra aos gestores municipais que o FPM tem uma sazonalidade típica, “a partir do mês de maio os valores tendem a cair”. Chico Ferreira Presidente da AMM, Valdecir Colle que faz previsões preocupantes para os municípios em geral BUSCA DE SOLUÇÃO MPE e SAD discutem MT Saúde SONIA FIORI DA REDAÇÃO Promotor de Justiça, Miguel Slhessarenko Júnior, e o secretário de Estado de Administração, Francisco Faiad, se reúnem nos próximos dias para discutir o novo formato delineado pelo Executivo para reestruturação do MT Saúde, plano de saúde dos servidores públicos. Miguel ressalta a importância de todos os procedimentos seguirem os critérios legais para serem postos em prática, com o necessário acompanhamento do Ministério Público. Faiad, que articula apoio na Assembleia Legislativa para validação da proposta, disse que “é importante o MP conhecer o processo”, dando a deixa para esperada colaboração em relação aos trabalhos. Tramita no MP ações que investigam o MT Saúde, por irregularidades checadas ainda pela CPI da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Walter Rabello (PSD), com relatoria de Emanuel Pinheiro (PR). As ações passam ainda pelo crivo do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que em dezembro de 2012 determinou tomada de contas do plano, com supostas irregularidades em saldo negativo de aproximadamente R$ 21 milhões. O promotor Miguel Slhessarenko lembrou que é preciso estabelecer uma linha de trabalho, para garantir os direitos dos usuários, e ainda o formato do sistema. A intenção é reconhecer o novo campo de ação do MT Saúde, como propõe o Estado, mapeando os procedimentos prometidos para restabelecer o atendimento aos usuários do sistema. No Poder Legislativo, parlamentares questionam a série de fatos que levaram o plano à beira da falência. O MT Saúde foi criado em 2003, na gestão do exgovernador e senador Blairo Maggi (PR). Funciona com injeção de recursos públicos, que subsidiam o funcionamento. O sistema chegou a atender cerca de 55 mil pessoas, até 2011, quando teve início o desmonte do sistema após apontamentos de inconstitucionalidade pelo TCE. A teoria da inconstitucionalidade é questionada, com se- gurança jurídica dada por deputados como Emanuel Pinheiro. A má gestão do plano é um dos pontos, apresentados até agora pela CPI, que contribuíram para o quadro de instabilidade gerado no sistema, provocando descredenciamento em hospitais e de profissionais da área da saúde. Faiad analisa vias para resgatar a credibilidade do plano em Mato Grosso. Marcus Vaillant Miguel Slhessarenko Jr pede solução para o impasse