ano 05 • n.º 26 • janeiro/fevereiro 2008 www.sindsegsp.org.br PUBLICAÇÃO BIMESTRAL SINDICATO DAS SEGURADORAS, PREVIDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO EDITORIAL A hora do seguro rural ano começou com indicações de que haverá novo esforço do mercado, do governo e dos produtores para alavancar o seguro rural. O Ministério da Agricultura apresentou um balanço de 2007 positivo, mas o potencial do segmento ainda está longe de ser alcançado, já que apenas 4% da área ocupada pela agropecuária no Brasil tem seguro e existem avaliações de que o mercado pode alcançar cobertura de capital de R$ 45 bilhões contra os R$ 2,7 bilhões efetivamente assegurados este ano. A consolidação deste instrumento também será extremamente importante para o setor agropecuário. Além de garantir o patrimônio dos produtores, o seguro pode se incorporar como valiosa ferramenta de política agrícola, como afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, em matéria deste jornal nas páginas 2 e 3. “É muito mais inteligente e barato do que programas de renegociação de dívidas”, garante. Em seu artigo na página 4, Antonio Penteado Mendonça aborda a abertura do resseguro e a tributação no setor, mas também oferece seu ponto de vista sobre o seguro rural e conclui que “com um seguro eficiente e moderno, com certeza o nosso agrobusiness vai fazer ainda muito mais”. Nesta edição também retomamos a discussão sobre o bioseguro com uma matéria na página 1. O assunto continua polêmico, mas especialistas concordam ser positivo ações das seguradoras, com a concordância dos clientes, no sentido de incentivar os hábitos de vida mais saudáveis. Este conceito está expresso na opinião do britânico Shaun Matisonn, executivo da Pru Health, de que as seguradoras devem “pagar pelo bem-estar em vez de pagar pela doença como acontece atualmente”. O Boa leitura! Mauro Batista Bioseguro Bioseguro aponta para parceria por uma vida mais saudável matéria “Bioseguro” publicada na edição outras situações, como o câncer, por exemplo, nº 25 do Notícias Sindsegsp (ver no site seriam importantes os testes pré-diagnósticos. www.sindseg.org.br) chamou a atenção para a Segundo o Doutor Arlindo Siqueira, possibilidade de utilização de informações presidente da Associação Brasileira de genéticas dos usuários pelas companhias de Medicina de Grupo (ABRAMGE), não há seguros. Especialistas se manifestaram sobre indícios de aprovação de leis que visem a a questão que ainda é embrionária no Brasil, utilização desses dados por empresas mas aparece como tendência em outros seguradoras, porém diz ser válido que após países. efetuado o contrato com o plano de saúde, o Um dos principais fatores de polêmica usuário possa estudar a necessidade desse para o uso dessas informações é a possi- acordo. “As empresas seguradoras não podem bilidade delas serem aplicadas de modo utilizar esse tipo de análise para vender um discriminatório, além da questão da violação plano de saúde a fim de decidir preços ou de privacidade. Segundo Cristiano Guedes, formas de atendimento, mas elas podem especialista em ciências sociais da Uni- entrar em comum acordo com o paciente e se versidade de Brasília e pesquisador do acharem necessária essa ação podem proceder Instituto de Bioética, Direitos Humanos e com o diagnóstico”, afirma. Gênero, a detecção de um determinado tipo de O presidente da associação sugere que as doença pode gerar preconceitos no meio seguradoras criem programas de medicina social. “A descoberta dessas enfermidades é preventiva e planejamento familiar, como já importante, mas o indivíduo tem o direito de acontece no Reino Unido. “É necessário que escolher se essas informações serão divul- as seguradoras invistam em educação alimengadas para não interferir no seu desenvol- tar, incentivo a esportes, e até mesmo algum vimento de vida”. tipo de bonificação para quem seguir corEle cita como caso polêmico a realização retamente o programa de educação.” Segundo do exame de traços falciformes, que é capaz o especialista, essas técnicas diminuiriam os de detectar uma futura anemia falciforme, gastos com saúde, tanto para as seguradoras doença também herediquanto para os pacientes. tária causada por um amiSeguradoras da Inglanoácido que substitui a terra e África do Sul, por Queremos pagar pelo cadeia da betaglobulina. A exemplo, oferecem desbem-estar em vez de pagar CBV (Confederação Bracontos aos clientes que pela doença como sileira de Vôlei) adotou o concordem em se subexame como determinação meter a exames diagnósacontece hoje para o ingresso de pessoas ticos e que adotem hábitos Shaun Matisonn, no esporte, com o argumais saudáveis. As comexecutivo da Pru Health mento de que os indivípanhias desenvolvem produos com esse tipo de jetos de atenção à saúde e doença têm inaptidão a esforços físicos. facilitam o acesso dos segurados à academias Em alguns países já é permitido o uso de de ginástica e programas de orientação testes genéticos pelas seguradoras. Para as alimentar, entre outros meios preventivos. empresas britânicas, por exemplo, o primeiro Shaun Matisonn, executivo da Pru Health, diagnóstico a ser liberado foi o da Doença de uma joint venture entre a Discovery Health Huntington para prêmios altos. As pessoas Care da África do Sul e a Prudential do Reino não são obrigadas a aceitar, mas as segura- Unido, afirma que se trata de uma mudança de doras podem recusar a cobertura. conceito que é “pagar pelo bem-estar em vez Para a Associação Brasil Huntington de pagar pela doença como acontece hoje”. (ABH) o país deve seguir essas mesmas Atualmente este modelo, consensual e regras. O presidente Walter Ribeiro afirma voltado para a busca de uma vida saudável, que a preocupação com essa doença é pe- está se demonstrando a melhor maneira para quena. “A cada 100.000 pessoas apenas dez seguradoras e segurados se beneficiarem dos possuem a DH. Até mesmo para as segura- avanços da medicina diagnóstica. doras seria inviável solicitar esses exames, já que a doença é hereditária e não há trataLeia mais em www.sindseg.org.br mento” afirma. Porém, ele acredita que em A “ ” Seguro rural Seguro rural cresceu, mas ainda não decolou COMUNICAÇÃO SRB O principal obstáculo para o seguro rural continua sendo o preço. Saída é a massificação. a segunda quinzena de janeiro o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou que a contratação de seguro rural cresceu 95% em 2007. O Secretário de Política Agrícola do Mapa, Edilson Guimarães, encarou como positivos os resultados, mas admitiu que “o nível de contratação ainda está abaixo do almejado”. Foram realizadas 31.637 operações em 2007, o que significou a cobertura de um patrimônio de mais de R$ 2,7 bilhões. Este negócio bilionário, porém, representa apenas 4% da área ocupada pela agropecuária no Brasil e existem projeções que indicam o potencial para assegurar capital da ordem de R$ 45 bilhões. O principal obstáculo para a expansão continua sendo o preço, apesar da crescente subvenção governamental que no ano passado chegou a R$ 60,9 milhões e que, segundo o orçamento de 2008, deve alcançar os R$ 200 milhões. Em muitos casos, o prêmio gira em torno de 5% do valor total da expectativa de produção. “Esta porcentagem deveria cair para cerca de 2% a 1%”, diz Ronaldo Spirlandelli, presidente da Associação Paulista dos Produtores de Algodão. As plantações de algodão vão ocupar 22 mil hectares do território paulista em 2008 e, segundo Spirlandelli, nem um metro quadrado deste patrimônio estará segurado. Os próprios produtores admitem que existe uma resistência cultural ao seguro rural no setor agropecuário. “A consciência N Entrevista notícias sindsegsp: No atual momento do seguro rural, qual o papel das seguradoras? Welington Soares de Almeida: No Brasil, apenas seis seguradoras operam, atualmente, com seguro rural e elas enfrentam os mais diversos entraves para crescerem. Além dos problemas bem conhecidos relacionados com a oferta de produtos de seguro rural, as seguradoras dependem do mercado de resseguros e estão muito expostas à seleção adversa. Sem muita chance de diversificar os riscos cobertos, as seguradoras se vêem obrigadas a ofertar produtos de seguro caros e sob condições desinteressantes para os produtores. A massificação das contratações, por- do produtor rural com relação à importância do seguro aumentou nos últimos anos, mas precisa avançar mais”, avalia Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira. Ele considera que “na agricultura moderna o seguro é uma ferramenta indispensável” e o produtor rural deve se convencer disso. “A mensagem que passamos é que o seguro tem que ser compreendido como um insumo básico do negócio rural”, diz Cesário. Nesse esforço ele também convoca as seguradoras que, em sua opinião, “precisam investir mais na divulgação dos benefícios e vantagens do seguro”. Cesário acredita que o seguro rural, mais que proteção de patrimônio privado, pode ser empregado como eficiente instrumento de gestão da política agrícola. “É muito mais inteligente e barato do que programas de renegociação de dívidas. Certamente se o seguro rural já estivesse bem desenvolvido no país, o endividamento rural seria menor ou nem existiria”, raciocina. No momento o segmento se concentra em ações que permitam diminuir os preços dos prêmios e promover a massificação. Há movimentos no sentido de oferecer mais suporte às seguradoras e melhorar a avaliação de riscos. Em breve será enviado ao Congresso um projeto de lei que cria o Fundo de Ca-tástrofes. Segundo o secretário de política agrícola do Mapa, “o objetivo do Fundo é oferecer um resseguro suplementar a ser Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira utilizado pelas seguradoras e resseguradoras no pagamento de parte dos sinistros decorrentes de eventos climáticos classificados como catastróficos”. O raciocínio é que, garantidas em relação à ocorrência de sinistros em grande escala, as seguradoras poderão oferecer produtos mais baratos. Também está em andamento uma medida que visa facilitar a avaliação atuarial com base em qualificação de informações. Existem queixas entre os produtores de que os números relativos à produtividade utilizados na formação de preço apresentam algumas divergências significativas. “Isso acarrreta em apólices que não contemplam as necessidades de cobertura daquela atividade e/ou região, além de se situarem em faixas de preços inadequadas para aquela lavoura/pastagem e/ou localidade”, afirma o presidente da Sociedade Rural Brasileira. Sobre isso, o diretor do Departamento de Gestão de Risco Rural do Mapa, Welington Soares de Almeida (ver entrevista abaixo), informa que o ministério Welington Soares de Almeida, diretor do Depto de Ges tanto, é a saída que propiciará o desenvolvimento do sistema como um todo. ns: O que prevê o fundo de catástrofes que o Mapa enviará ao Congresso? WSA: Trata-se de um sistema que oferecerá um resseguro suplementar às seguradoras para ser utilizado no pagamento de sinistros decorrentes de problemas climáticos classificados como catastróficos. Esse sistema substituirá o atual Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), que tem como principal entrave a indisponibilidade de seus recursos às épocas em que demandados. Vai contar com subvenção anual do governo e uma garantia da União, na forma de títulos do Tesouro Nacional que serão especialmente emitidos para esse fim e ficarão depositados em uma instituição financeira federal à disposição das seguradoras que participarem do sistema. Com isso, as responsabilidades das seguradoras no pagamento dos sinistros irão até um determinado percentual, a partir do qual entrará em ação a suplementação oferecida pelo sistema. ns: Em relação a isso, quais os requisitos objetivos para um evento climático ser classificado como catástrofe e o fundo ser acionado? WSA: No anteprojeto foram definidas apenas aquelas ações que requerem autorização legislativa para a sua criação, ficando para o Conselho Nacional de Seguros Privados Notas mantém entendimentos com o IBGE para alterar a apresentação dos números relativos à produtividade. “Pretendemos separar a produtividade da agricultura familiar (que não faz uso do Seguro Rural privado) da empresarial, segmentando esta por nível de utilização de tecnologia”. O meteorologista Hélber Custódio de Freitas lembra que é possível também utilizar melhor a previsão do tempo. “A meteorologia atual produz muitas informações qualificadas que devem ser melhor consideradas pelas companhias de seguros. Sabemos, por exemplo, que é alta a probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño em períodos de 4 a 7 anos”, diz. Com sua experiência na área, Hélber afirma que no lugar do agricultor de culturas de ciclo longo “procuraria viabilizar um seguro”. O secretário de política agrícola do Mapa lembra também que a abertura do mercado de resseguros certamente vai impactar positivamente no seguro rural. “Essa abertura traz perspectivas de crescimento Números do Seguro Rural em 2007 das operações de seguro rural e do ingresso, no Brasil, de novas tecnologias aplicadas ao setor securitário. Além disso, a abertura aumenta a concorrência, o que deve estimular as seguradoras a oferecerem novos produtos de seguro rural e a diminuir o valor dos prêmios para os produtores rurais”, espera. O diretor comercial da Seguradora Brasileira Rural, Geraldo Mafra, lembra que em vários países com o setor desenvolvido o seguro rural levou mais de vinte anos para se consolidar a partir do momento em que o Governo, seguradoras e produtores tomaram medidas para facilitar o crescimento do mercado. O executivo acredita que o Brasil iniciou esse ciclo, mas ainda aponta algumas questões que devem ter prioridade. “Não temos um banco de dados com o volume de produção de cada produtor, o motivo e a quantidade das perdas registradas. Também existe pouca disponibilidade de peritos devidamente treinados no mercado”, avisa. “Educar pra Proteger” m estudante de Bauru e um de Diadema foram os vencedores do concurso “Educar pra proteger”. Eles tiveram seus trabalhos escolhidos entre as mais de 1200 redações inscritas. Jaqueline Pires dos Santos, de 16 anos, escreveu uma redação com o título “Salve-se quem puder – e pode!” e Luiz Rodrigo Loureiro dos Anjos, de 18 anos, ganhou com o texto “Olha o seguro aí!”. Ambos ganharam um computador e uma impressora. As escolas estaduais freqüentadas pelos alunos também receberam equipamentos de informática. O Programa “Educar pra Proteger” é uma parceria entre o Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo (Sindseg-SP) e o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP). É dirigido aos estudantes de rede pública e privada do Estado de São Paulo e tem como objetivo levar aos jovens informações sobre os benefícios do seguro e de em um planejamento pessoal e familiar. U Leia mais em www.sindseg.org.br PSR 2007 Nº Operações 31.637 Subvenção 60.961.992,70 Prêmio Total 127.741.170,38 Área Segurada 2.276.245,33 IS 2.706.036.105,23 PR RS SP SC GO MS MT MG BA DF RJ CE ES RN PB MA PE TO AC 16.270 3.711 4.605 1.635 2.290 1.058 813 1.017 123 75 8 3 13 6 2 2 4 1 1 22.296.799,77 8.528.918,81 7.722.307,74 7.254.035,26 5.307.861,44 3.572.564,90 2.794.409,13 2.730.756,30 592.235,02 104.649,29 22.025,48 12.079,69 9.979,20 9.979,20 2.730,94 1.680,25 1.354,00 834,26 553,50 44.634.387,93 18.572.009,16 16.994.806,72 15.483.282,34 10.811.498,26 7.448.035,99 5.655.886,71 6.453.913,54 1.304.804,41 211.984,40 73.898,24 35.227,81 25.727,98 12.795,40 8.819,80 5.720,84 3.624,99 2.840,86 1.905,00 1.074.151,79 60.137,49 197.754,40 26.771,32 294.026,93 200.576,36 243.993,86 127.214,20 42.677,19 7.237,15 908,34 174,00 36,50 467,80 86,00 0,00 32,00 0,00 0,00 888.875.392,05 409.286.408,20 376.743.397,90 174.747.625,79 276.542.106,58 159.326.617,86 183.796.607,03 180.306.931,94 43.347.005,01 7.056.421,77 2.854.375,00 908.540,00 955.530,00 381.825,13 290.000,00 116.800,00 102.000,00 356.520,98 42.000,00 Leia mais em www.sindseg.org.br DIVULGAÇÃO Estado Brasil Jaqueline Pires dos Santos, recebe prêmio do “Educar pra Proteger” Fonte SPA 16/01/2008 (CNSP) o estabelecimento das demais regras que disciplinarão as operações do sistema. Essa regulamentação complementar definirá não só os eventos climáticos e respectivas intensidades, cujos sinistros que serão parcialmente cobertos, como também os requisitos para as seguradoras acessarem os recursos e utilizarem a garantia oferecida pela União. ns: Existem outras medidas em planejamento no Mapa para potencializar o seguro rural? WSA: Vamos aprofundar os entendimentos com o IBGE para alterar os dados relacionados com a produtividade. Pretendemos separar a produtividade da agricultura familiar da empresarial, segmentando esta por nível de DIVULGAÇÃO tão de Risco Rural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento utilização de tecnologia. Outra ação em andamento diz respeito ao treinamento de profissionais para atuarem na regulação de sinistros, já que esse também tem sido um gargalo que vem inibindo o crescimento do mercado segurador. Terão continuidade ainda os entendimentos com os Estados para criação de programas estaduais de subvenção. Por fim, já foram iniciados os entendimentos para montagem de um banco de dados que possa atender com dados confiáveis às demandas dos produtores, Governo e setor securitário. Leia mais em www.sindseg.org.br Welington Soares de Almeida: “Massificação das contratações é a solução” Informação Segura Por Antônio Penteado Mendonça* Muita coisa deve mudar O colunista avalia que a abertura do resseguro vai beneficiar o seguro rural Antônio Penteado Mendonça entrada em vigor das novas regras para o funcionamento da atividade resseguradora brasileira deve ir muito além de simplesmente acabar com o monopólio do IRB. Pelo menos é isso que se espera, tanto entre os políticos que não conhecem da missa a metade, como entre os dirigentes do mercado, afeitos às agruras e dificuldades de se lidar com seguro num país como o Brasil. Agora mesmo o país se vê às voltas com aumento indiscriminado do IOF para compensar as perdas com a extinção da CPMF. Sem entrar no mérito jurídico da questão, o aumento indiscriminado do imposto, como aconteceu com a elevação das alíquotas incidentes sobre as operações de seguros, expõe o absoluto desconhecimento das finalidades e da operacionalização deste tipo de atividade econômica. Seguro não é movimentação financeira, jogo ou aposta. Ao contrário, o instituto se baseia fundamentalmente em equações matemáticas e se insere entre o que há de mais conservador entre as atividades profissionais, justamente porque o seu negócio é garantir a proteção social e alavancar o desenvolvimento sustentável das nações. Pensado há mais de seis mil anos como uma ferramenta destinada a preservar a capacidade de atuação individual e a riqueza social, pela divisão por todos dos prejuízos sofridos por um, o seguro encontra amparo em institutos como o mutualismo, onde a solidariedade é fortalecida não por esperteza, mas para recuperar a capacidade operacional de seus integrantes quando atingidos pelo infortúnio. É por isso que na maioria dos países desenvolvidos as apólices são isentas de impostos indiretos e os segurados são autorizados a deduzirem de seus impostos de renda os valores pagos a título de prêmios de seguros. Todavia, enquanto nestes países os seguros são vistos como investimento em proteção, aqui, ao contrário, seguro é visto como atividade lucrativa e por isso o segurado é taxado, o que é completamente diferente da seguradora pagar imposto de renda sobre seu lucro. É neste cenário pouco amigável que a abertura do resseguro sai do papel para entrar na história. Desde o começo de janeiro as novas regras estão valendo e são elas que devem balizar boa parte das operações das seguradoras instaladas no país. Não porque a maioria dos seguros co- A mercializados no Brasil necessite de resseguros para ser viável, mas porque através de contratos desta natureza as seguradoras podem se proteger contra uma série de situações que as deixariam vulneráveis a riscos mais elevados, além de alavancar sua capacidade operacional, oferecendo produtos mais abrangentes e mais baratos para seus segurados. Além disso, os contratos de resseguros podem também oferecer a possibilidade do desenvolvimento de coberturas para atividades de risco que até o presente momento não encontram proteção no Brasil. É o caso típico dos seguros para o agronegócio. Até agora estes seguros nunca deslancharam, exceto por alguns tipos de apólices mais ou menos rudimentares comercializadas em sua maioria no Estado de São Paulo. Há uma razão e ela é simples. Até aqui as seguradoras não contavam com proteções modernas, oferecidas num mercado competitivo por empresas internacionais interessadas em abrir novos espaços, concorrendo com o IRB, disposto a manter sua condição de maior ressegurador brasileiro. No exterior, os seguros para o agronegócio estão na rotina dos produtores rurais e dos demais envolvidos faz muito tempo. Inclusive, parte importante dos subsídios norteamericanos chega para os fazendeiros na forma de apólices de seguros, com a finalidade específica de protegê-los da concorrência internacional pelo repasse, a título de indenização, de valores que de outra forma seriam proibidos pelas regras internacionais de comércio. Não há razão para o país não implantar a mesma política de proteção para os verdadeiros geradores de riquezas, os produtores em geral, entre os quais os produtores rurais assumem importância capital, especialmente na pauta das exportações. Com o mercado de resseguros aberto, seguradoras que jamais imaginaram entrar numa atividade como esta, passam a ter uma nova opção de crescimento, através de parcerias com gente com o know-how que lhes habilitem atuar em mercados, produtos e negócios nos quais elas atualmente não têm qualquer prática. Hoje a agricultura nacional é responsável por bilhões de dólares em faturamento, por centenas de milhares de empregos e por novos mercados para o país. Com um seguro eficiente e moderno, com certeza o nosso agrobusiness vai fazer ainda muito mais. * O advogado e consultor escreve bimestralmente ao notícias sindsegsp Leia também os artigos semanais de Antônio Penteado Mendonça no site: www.sindsegsp.org.br Susep Vergílio: “Em quatro anos, mercado vai representar 6% do PIB” Superintendente da Susep, Armando Vergílio, começa o ano otimista, tanto em relação ao mercado como sobre a eficácia do órgão que, segundo ele, vai adotar uma postura mais pró-ativa nos próximos anos. “Queremos deixar de ser apenas o ‘xerife’ do setor e evoluir para uma agência de fomento, com ações preventivas e propositivas”, afirma. A condução da regulamentação da abertura do mercado de resseguros recebeu elogios do setor. Mauro César Batista, presidente do Sindseg SP, elogiou a integração com o mercado neste processo. “Todos os interessados foram ouvidos e as sugestões viáveis foram consideradas. Este sistema participativo foi um grande avanço para o setor e contribuiu para a qualidade das regras,” avaliou. Vergílio também espera um futuro de bons negócios. “Nosso desempenho é 200% maior do que a média da economia. Em quatro anos vamos dobrar de 3% para 6% a participação no PIB”, calcula. O Superintendente aposta na criação de novos produtos, como o microsseguro e planos de previdência para cobrir gastos com saúde e educação. Nesses casos ele também enxerga espaço para negociações com o Governo para uma tributação diferenciada. “Como se tratam de novos produtos não haveria renúncia fiscal e acredito que uma conversa sobre desoneração pode prosperar”, finaliza. O Leia mais em www.sindseg.org.br Sindicato das Seguradoras, Previdência e Capitalização do Estado de São Paulo Presidente: Mauro C. Batista Secretário Executivo: Fernando Simões Produção Editorial e Diagramação: Fundamento Comunicação Empresarial Fotos: Divulgação Jornalista Responsável: José Eduardo Gonçalves MTb 12.120