Perspectivas
Econômicas do Mercado
de Seguros no Brasil
Francisco Galiza
Março/2008
Antes de perspectivas, é
preciso falar de história...
1a. fase histórica (1808 a 1939)
• Da primeira seguradora à fundação do IRB.
• Este período de mais de 100 anos se caracteriza
pelos seguintes pontos:
– Pouca significância das seguradoras nacionais
– Seguradoras estrangeiras atuavam sem
capacitação técnica, se tornando somente
repassadoras de prêmios
2a. fase histórica (1939 a 1970)
• Da fundação do IRB ao aumento de
concentração.
• A criação do IRB está inserida em um processo de
incentivo à indústria nacional, dentro da política do
Governo Vargas. Uma das medidas principais foi a
definição de baixos limites de retenção por parte das
seguradoras que, assim, passavam boa parte dos seus
prêmios para o IRB. Esta receita era redirecionada
de volta ao mercado, segundo critérios definidos
pelo IRB.
Conseqüências das medidas do
IRB
• O IRB se torna o órgão mais importante do
setor e um centro de excelência técnica.
• Diminuem as vantagens comparativas das
seguradoras estrangeiras.
• Houve o incentivo para o aparecimento de
seguradoras
nacionais,
muitas
sem
capacitação técnica, vivendo, na prática, só do
repasse de resseguro.
Quantidade de Seguradoras
Anos
Média 1905-1935
Média 1935-1970
Quantidade
74
143
3a. fase histórica (1970 a 1994)
• Da desconcentração ao Plano Real
• Ampliação do leque de produtos oferecidos pelas seguradoras (pelo
crescimento do segmento).
• Tal como no setor bancário, o governo estimula a concentração, visando
aumentar a solvência e a qualificação técnica.
• Penetração dos bancos na atividade seguradora. Inicialmente, só
operavam em cobrança.
• As taxas inflacionárias deformam os resultados das companhias.
• Festa com o início do seguro-saúde!! Já o seguro de vida...
• Mercado, como um todo, com taxas de crescimento bastante baixas.
• Acidentes de trabalho saem do mercado.
• Seguradoras estrangeiras perdem o interesse.
Quantidade de Seguradoras
Anos
1970
1972
1974
1976
1978
1980
Quantidade
157
144
100
95
94
93
Participação dos Bancos em
Seguros - Brasil
Anos
1973
1994
Participação (%)
28%
67%
Em 1992. Estrangeiras não
têm interesse...
Empresas
Nacionais
Estrangeiras
Mercado
Participação
92%
8%
100%
Em 1990. O setor não
cresce...
Países
Chile
Venezuela
Colômbia
Brasil
Participação % no PIB
3,0%
1,9%
1,8%
1,3%
4a. fase histórica (1994 a 2007)
• Do Plano Real aos dias de hoje...
• Fim da inflação!!!!!
• De início, inflação, novos produtos e crise na
previdência estimulam a área de vida. Com isso, a
presença dos bancos em seguros fica mais forte. Em
outros setores, a recuperação é mais lenta.
• Algumas seguradoras começam a buscar nichos de
mercado.
• Mercado tem um crescimento expressivo, chegando
a um patamar estável de 3,0 a 3,5%.
Outros números e
fatos...
Entrada das estrangeiras
• Em 1992, apenas 8% do faturamento
das seguradoras brasileiras pertenciam a
grupos estrangeiros.
• Estimativas indicam que este número
está em torno de 40%.
• O ganho se deu em vários ramos de
seguros, mas, em particular, pode-se
destacar as áreas de previdência e de
vida.
Mudança nos Canais de
Distribuição
• Três fatos:
– Canais novos, sobretudo para distribuir
produtos massificados.
– Queda nas taxas de comissionamento de
alguns ramos, fazendo com que o setor
sofresse ajustes.
– Crescimento do segmento feminino.
Recuperação do ramo Auto
Receita Indexada à Inflação (IGP-DI) - Base: 1995 =
100 - Seguro de Auto
130
125
120
Índice
115
110
105
100
95
90
85
80
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Anos
Rentabilidade Assimétrica Menor
Taxas de Rentabilidade - LL/PL - Média e Mediana - Seguradoras
Brasileiras
25%
20%
15%
(%)
Mediana
Média
10%
5%
0%
2000
2001
2002
2003
2004
Anos
2005
2006
2007
Proporção – LL/PL Seguradoras
Faixas
2000
2001
2002
2003
LL/PL < 0%
31%
29%
27%
21%
0% < LL/PL < 15%
39%
46%
39%
45%
LL/PL > 15%
30%
25%
34%
34%
Total
100%
100%
100%
100%
Faixas
2004
2005
2006
2007
LL/PL < 0%
27%
18%
17%
10%
0% < LL/PL < 15%
40%
43%
35%
43%
LL/PL > 15%
33%
39%
48%
47%
Total
100%
100%
100%
100%
• E o futuro???
• 3 perguntas importantes:
• O mercado cresce?
• Conseqüências das abertura do
resseguro?
• Solvência (situação mais equilibrada)
O mercado ainda cresce
ou atingiu um patamar?
Evolução do Segmento
Receita (R$ bi)
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007e
Vida + Previdência
9,3
11,8
13,9
20,5
25,3
27,3
31,5
38,3
Não Vida
19,1
21,0
22,9
24,2
27,4
31,0
34,6
37,9
Capitalização
4,4
4,8
5,2
6,0
6,6
6,9
7,1
7,8
Total
32,8
37,6
42,0
50,7
59,3
65,2
73,2
84,0
Indicadores
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007e
PIB (R$ bi)
1.101,3
1.198,7
1.346,0
1.556,2
1.766,6
1.937,6
2.332,9
2.760,0
Câmbio Médio (R$)
1,83
2,35
2,92
3,08
2,93
2,41
2,17
1,93
Participação PIB
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007e
Vida + Previdência
0,84%
0,98%
1,03%
1,32%
1,43%
1,41%
1,35%
1,39%
Não Vida
1,73%
1,75%
1,70%
1,56%
1,55%
1,60%
1,48%
1,37%
Capitalização
0,40%
0,40%
0,39%
0,39%
0,37%
0,36%
0,30%
0,28%
Total
2,98%
3,14%
3,12%
3,26%
3,36%
3,37%
3,14%
3,04%
Receita (US$ bi)
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007e
Vida + Previdência
5,1
5,0
4,8
6,7
8,6
11,3
14,5
19,8
Não Vida
10,4
8,9
7,8
7,9
9,4
12,9
15,9
19,6
Capitalização
2,4
2,0
1,8
1,9
2,3
2,9
3,3
4,0
Total
17,9
16,0
14,4
16,5
20,2
27,1
33,7
43,5
E o resseguro??
Haverá aumento da receita de
resseguro?
• Em 2007, o IRB faturou R$ 2,7 bilhões.
• Setor de Seguros (com saúde, sem VGBL, sem
Previdência) = R$ 48,5 bilhões. Ou seja, 5,5%.
• Em outros países da América Latina, a média chega
a 20 a 25%.
• Mesmo considerando que muitos desses países
estão sujeitos a catástrofes naturais (como o
México), há uma boa margem de crescimento no
segmento no curto e médio prazo.
As seguradoras deverão fazer
ajustes?
• Haverá dois fatos a serem mencionados:
– Primeiro, as seguradoras terão que se adaptar a
um padrão internacional de resseguro (como
novos controles, etc). Ou seja, não mais apenas
a contabilização dos processos.
– Segundo, pelo seu menor volume de negócios,
algumas seguradoras, teoricamente, podem ter
mais dificuldades de subscrever riscos. Isto pode
estimular algumas fusões, pelo menos em um
período de ajustes.
Haverá maior risco de solvência
pela abertura do mercado?
• Os grandes resseguradores globais
possuem uma classificação de risco
acima do grau do IRB.
• Logo, se as seguradoras brasileiras
operarem com grandes companhias, a
possibilidade de haver mais risco com
o resseguro é pequena.
Haverá novos produtos de
resseguro?
• É muito provável.
• As novas resseguradoras devem
apoiar as seguradoras no
desenvolvimento de novos produtos e
contratos.
• Pelos conhecimentos globais, podem
gerar informações na área de pessoas,
um mercado pouco explorado no
Brasil.
O setor poderá ser mais atraente
para as empresas estrangeiras?
• Sim.
• Com
uma
maior
transparência
nas
operações das seguradoras e uma maior
possibilidade
de
negócios,
novos
investimentos poderão vir, mesmo na área
das seguradoras.
Haverá perda de divisas com a
abertura?
• Atualmente, o Brasil não tem mais problemas de divisas,
como no passado. Podemos mesmo dizer a situação agora é
contrária, com o Banco Central quase que diariamente indo ao
mercado comprar moeda estrangeira.
• Atualmente, em média, 50% dos prêmios já é repassado pelo
IRB ao exterior, o que sobraria, aproximadamente, US$ 700
milhões no país. Mesmo que este valor fosse repassado, em
uma hipótese pouco provável, integralmente ao exterior,
teríamos que considerar o efeito de outras variáveis, como os
sinistros que voltariam. Na prática, haveria um efeito líquido
de 20% a 30%.
• Ou seja, nas circunstâncias atuais, teríamos uma perda de, no
máximo, US$ 300 milhões/ano, pequena diante das
circunstâncias do país.
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