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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A SUPERVISÃO ESCOLAR E UM NOVO OLHAR SOBRE A PRÁTICA
AVALIATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR
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I
DE
PÓS-GRADUAÇAO “LATO SENSU”.
FABÍULA ARAUJO FERREIRA ROCHA
POSSE/GOIÁS
2011
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇAO “LATO SENSU”.
A SUPERVISÃO ESCOLAR E UM NOVO OLHAR SOBRE A PRÁTICA
AVALIATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR
FABÍULA ARAUJO FERREIRA ROCHA
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre
como requisito parcial para obtenção do título de
especialista em Supervisão Escolar.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Fernandes Vieira Ney
POSSE/GOIÁS
2011
AGRADECIMENTOS
Quero aqui registrar a minha profunda gratidão a todos aqueles que me
acompanharam nesta caminhada
A Deus, meu refúgio e força, onde sempre encontrei respostas para os meus
problemas.
Aos meus queridos pais, exemplos de dedicação, carinho e sabedoria, meus
maiores incentivadores, sempre acreditando na minha capacidade de vencer.
Ao meu esposo, Abdias e aos meus filhos maravilhosos, Aécio Jordan e Alexander
pelo carinho e apoio recebido durante esse percurso e por compreender minha
ausência não deixando que o amor e o respeito que existe entre nós se
enfraquecessem.
Ao corpo docente do Curso de Supervisão Escolar, pelo conhecimento transmitido, e
por estarem sempre dispostos a nos atender.
Aos colegas do Colégio Josefa, que também contribuíram para realização desse
trabalho e por me fazerem sorrir quando o que eu queria era chorar.
À Tutoria pela dedicação prestada
Aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para que eu chegasse até aqui.
DEDICATÓRIA
A minha mãe, o meu maior e melhor exemplo
de garra, coragem e esperança.
O professor que desconhece o problema pode
acabar
concluindo
que
essa
criança
é
irresponsável ou rebelde, pois em um dia pode
estar produtiva e participante, mas no dia
seguinte simplesmente não prestar atenção em
nada e não levar à cabo os deveres. Acaba por
atrair bastante atenção do professor, mas uma
atração um tanto negativa.
Silva (2003, p. 62).
RESUMO
A Supervisão Escolar e Um Novo Olhar Sobre a Prática Avaliativa no Contexto
Escolar é um trabalho cientifico que traz a elucidação da discussão que se fecha em
torno do questionamento: Com a avaliação a transformação que ocorre diante dos
nossos olhos admirados em relação à atuação dos alunos e como a avaliação
contribui com o progresso da aprendizagem? Sob variadas vertentes, é
imprescindível que haja um elo entre todos esses fatos que veiculam o sentido
amplo do ensino e do aprendizado e são postulados em uma dinâmica efetiva de
ensino prioritário e eficaz. O verdadeiro papel da avaliação no processo educacional
não tem ocorrido como é devido. Sabe-se que é através do alcance das
perspectivas traçadas em torno do conhecimento prévio obtido pelo aluno e do
conhecimento necessário à sua inserção social que deve se orientar a prática
pedagógica, mais especificamente a avaliação. Assim, indubitavelmente tanto o
profissional educacional quanto o aluno devem se colocar diante da proposta
socioeconômica e cultural exigidas pela sociedade em que se insere ou em que se
deseja inserir. Percebe-se o que, de fato ocorre com a inversão do papel da
avaliação na vida escolar do aluno. Enquanto esta deveria se postular em permear a
aprendizagem de maneira efetiva, serve de parâmetro disciplinador, ameaçador.
ABSTRACT
The School Supervision and A New Look at the Practice School is assessed in a
scientific study that brings the elucidation of the discussion that closes around the
question: By evaluating the transformation that occurs before our eyes admired in
relation to the performance of students and how assessment contributes to the
advancement of learning? Under various aspects, it is essential that there be a link
between all these facts that convey the broad sense of teaching and learning and are
postulated in a dynamic and effective primary education effectively. The true role of
evaluation in the educational process has not occurred as it is due. It is known that
through the range of perspectives drawn around the prior knowledge obtained by the
student and the knowledge necessary for their social integration that should guide
the teaching practice, specifically the assessment. So undoubtedly both professional
education and the students must put forth the proposal required by the
socioeconomic and cultural society in which it operates or in which to insert. It is
noticed that in fact occurs with the reversal of the role of evaluation in the student's
school career. While this should be postulated to permeate the learning effectively
serves as a parameter disciplining, threatening.
METODOLOGIA
Esse trabalho será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas, de
renomados estudiosos que por seu caráter de objetividade e riqueza de dados,
poderão ajudar muito no entendimento de como se dá a prática avaliativa no âmbito
escolar e sua influência na sociedade, além de leitura de artigos de revistas,
pesquisas, em sites relacionados ao tema e consultas em literaturas especializadas.
Autores que discutem assuntos que embasam a proposta aqui abordada
darão suporte à essa pesquisa, dentre eles podemos citar: DIAS SOBRINHO,
HADJI, LUCKESI, VASCONCELLOS, PHILIPPE PERRENOUD, TELMA WEISZ e
LIBÂNEO.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9
CAPÍTULO I - AVALIAÇÃO ...................................................................... 12
1.1 – Contexto Histórico ............................................................................... 14
1.2 – O que diz a LDB sobre a Avaliação ..................................................... 17
1.3 –Os diferentes Tipos de Avaliação e suas Funções ............................... 19
CAPÍTULO II – (RE) PENSANDO A PRÁTICA AVALIATIVA..................... 22
2.1 - Avaliação no contexto escolar.............................................................. 23
2.2 - Instrumentos Avaliativos ...................................................................... 24
2.3 - Mitos que cercam a Avaliação Escolar................................................. 26
2.4 - Um olhar diferente sobre o erro do aluno ............................................. 28
2.5 - O papel do Supervisor Escolar frente à Prática Avaliativa no contexto
Escolar ................................................................................................ 29
CAPÍTULO III – A AVALIAÇÃO COMO “MEDIADORA” DO FRACASSO
ESCOLAR .................................................................................................... 30
3.1 – Fracasso Escolar e Exclusão Social ................................................... 31
3.2 – A Relação entre Escola e Sociedade .................................................. 33
3.3 – A Busca por uma Avaliação Inovadora................................................ 34
CONCLUSÃO .............................................................................................. 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 36
9
INTRODUÇÃO
Embora seja uma atividade presente na vida de todas as pessoas, a
avaliação não é uma atividade simples, não se reduz à emissão de opiniões, de
impressões, nem a ações mecanicamente inseridas num cronograma para
cumprir normas regimentais da escola.
Nesta monografia é proposta reflexão sobre a avaliação como
ferramenta fundamental no processo de ensino aprendizagem e para
transformação da sociedade, tendo como questão central “A prática avaliativa
como forte aliada no processo de ensino aprendizagem que conseqüentemente
poderá, ou não, contribuir para perpetuação das desigualdades sociais, e
ainda, como o supervisor escolar e a equipe pedagógica podem intervir nessa
questão, quais as estratégias mais eficazes que poderão ser utilizadas para
superação das dificuldades, e o alcance dos objetivos pretendidos?” Para
tanto, faz se necessário romper com a ideologia e as práticas excludentes que
permeiam o espaço escolar, deixando para traz uma avaliação tradicional e se
constituindo num processo investigador e formativo contínuo, do qual
professores, alunos e pais participam ativamente.
O tema sugerido é de fundamental importância, pois a avaliação do
rendimento escolar é extremamente importante para melhoria da qualidade do
ensino
e
da
aprendizagem,
uma
vez
que
oferece
subsídios
para
aprimoramento da prática pedagógica dos educadores e da escola como um
todo. Para tanto, é muito importante a presença de um Supervisor Escolar
atuante, que facilite a integração e o diálogo entre todos os segmentos da
escola, que desenvolva um trabalho articulado e consistente, tendo como
prioridade a aprendizagem e o sucesso de todos os alunos.
Quando essa prática acontece de maneira eficiente, sabe se que a
escola está cumprindo com seu papel social, formando cidadãos autônomos,
atuantes e capazes de identificar, analisar e propor soluções aos problemas da
sociedade em que estão inseridos.
Entretanto, a avaliação vem sendo usada de maneira equivocada,
servindo apenas para classificar, castigar e definir o destino do educando.
Lamentavelmente, essa, ainda é uma realidade comum na maioria de nossas
escolas, e a maneira como a avaliação vem sendo utilizada pode ser uma das
10
causas dos altos índices de reprovação e evasão escolar, gerando sérios
problemas educacionais e sociais.
Sabe-se que a sociedade contemporânea exige profissionais cada vez
mais qualificados, no entanto, o mercado de trabalho não deixa de explorar
mão de obra barata, desempenhada por aqueles que foram excluídos da
escola em razão do mau uso da avaliação. Infelizmente, esses podem vir a ser
excluídos também da sociedade, comprovando que a avaliação escolar pode
ser uma ferramenta a serviço da exclusão institucional e social.
Diante desta constatação, se torna urgente e necessário mudar essa
realidade, pensarmos juntos uma nova forma de avaliar. Nesse contexto, está a
atuação do Supervisor Escolar, responsável por organizar, orientar e
assessorar todo o trabalho docente, promovendo a formação continuada do
professor, ajudando-o na compreensão de sua práxis educativa, especialmente
na avaliativa, visando melhores condições de aprendizagens para todos os
alunos, formando pessoas capacitadas para o pleno exercício da cidadania.
Este trabalho pode contribuir muito para todos que de alguma forma
participam do processo educativo, rompendo com paradigmas e construindo
uma escola mais democrática.
São, portanto objetivos dessa pesquisa, compreender a avaliação como
um processo de mediação na construção do conhecimento e também
transformador do contexto escolar e social, visando à construção de uma
educação democrática e conseqüentemente de uma sociedade mais digna e
igualitária, bem como refletir sobre o que diz a LDB (Lei de Diretrizes e Bases)
sobre a avaliação em uma escola efetivamente democrática. Além de apontar
os mitos que cercam a avaliação e caminhos para derrubá-los, indicando
alternativas nas estratégias de avaliação da aprendizagem com vistas a uma
avaliação inovadora no contexto escolar.
No capítulo I relatarei um pouco da trajetória da avaliação até os dias
atuais, abordando o que diz a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) sobre esse assunto. Essa lei permite ampla flexibilidade na condução
dos assuntos escolares e justamente por este motivo, vem provocando forte
impacto na organização dos sistemas de ensino e das escolas. A sua
pretensão é colocar a qualidade da aprendizagem e o sucesso do aluno acima
11
de toda e qualquer formalidade burocrática. Ainda nesse capítulo falarei sobre
os diferentes tipos de avaliações e de suas funções.
No capítulo II abordarei o processo de ensino aprendizagem no âmbito
escolar, tentando ser mais clara possível, dentro daquilo que me é permitida,
entender. É comum ouvirmos educadores dizerem que ensinam e as crianças
não aprendem, que os pais não participam da vida escolar dos filhos, que os
alunos estão desmotivados e indisciplinados, justificando assim, o fracasso
escolar do educando. No entanto, procurar culpados não vai solucionar o
problema. Faz-se necessário uma compreensão de como acontece todo o
processo, analisando, refletindo sobre a prática pedagógica coletivamente,
procurando propor soluções para as dificuldades. Diante do exposto, o
Supervisor Escolar exerce um papel fundamental na promoção de uma prática
avaliativa inovadora.
O terceiro capítulo mostrará como a avaliação pode se tornar
“mediadora” do fracasso escolar e da exclusão social. A relação entre
escola/sociedade e a incansável luta por uma Avaliação Inovadora.
Ser educador (a) nos dias atuais é enfrentar as barreiras e transpor a toda a
cortina que inviabiliza a boa formação do aluno, assumindo o nosso papel
enquanto cidadão e educador (a) que somos. Tendo sempre em mente que
nossas atitudes influenciam diretamente na formação social dos nossos alunos.
12
CAPÍTULO I
AVALIAÇÃO
O ato de avaliar se faz presente no cotidiano de todas as pessoas.
Constantemente nos submetemos às avaliações e ao mesmo tempo estamos
sempre avaliando algo ou alguém, embora muitas vezes de forma
despercebida.
Tradicionalmente, a avaliação é compreendida como instrumento de
controle para modificar as idéias, valores, crenças e moldar o comportamento
das pessoas ao que está estabelecido como certo, de modo que possa atender
às exigências de determinadas situações ou circunstâncias.
Nesse sentido, a avaliação passa a ser um instrumento de classificação
e exclusão, por essa razão as avaliações causam medo, insegurança e
sentimento de frustração na maioria dos indivíduos, que conseqüentemente
passam a ter aversão por ela.
Entretanto, temos consciência de que o problema não está na avaliação,
mas na maneira como as pessoas a utiliza. Toda e qualquer ação intencional
exige uma avaliação, pois ao traçarmos objetivos, é necessário obter
informações sobre como está ocorrendo ou ocorreu o processo, de maneira a
qualificar os resultados e fazer a tomada das decisões que possibilitem
reorientar o processo na direção daquilo que se espera e isso só pode ser feito
a partir de uma avaliação correta de nossas ações.
Sendo assim, a avaliação torna-se um instrumento essencial, na medida
em que, somente a partir do momento que tomamos conhecimentos dos
problemas é que poderemos enfrentá-los, buscando melhores estratégias para
o alcance dos objetivos pretendidos. A avaliação também faz parte do cotidiano
educacional. E foi no âmbito escolar que ela se firmou, tornando o centro das
atenções.
Como sabemos, a avaliação é parte essencial do trabalho docente. Mas
infelizmente tem servido mais para classificar, ameaçar e punir o avaliado.
Segundo Vasconcellos (2006), “enquanto o professor não mudar a forma de
trabalhar em sala de aula, dificilmente conseguirá mudar a avaliação formal,
decorativa, autoritária, repetitiva e sem sentido” (p. 67).
13
Um novo sentido precisa ser dado à avaliação. Para tanto, faz se
necessário que os profissionais da educação mudem a concepção que têm a
respeito do ato de avaliar: romper paradigmas, mudar as práticas educativas e
passar a enxergar a avaliação como uma poderosa ferramenta a serviço da
melhoria da prática pedagógica do professor, do aprimoramento da escola e
conseqüentemente da aprendizagem.
Nesse sentido, ela passa a incluir em vez de excluir, com vistas à
transformação do indivíduo e da sociedade. Enfim, como afirma LUCKESI
(2005), “terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos
e da identificação dos caminhos a serem percorridos” (p. 43).
Segundo o autor, o caminho para a reconstrução da prática educacional
na direção de um ensino democrático e de qualidade só será possível a partir
da inversão da função classificatória da prática avaliativa para uma função
diagnóstica.
14
1.1. Contexto Histórico
A avaliação tradicionalmente conhecida surgiu no final do século XIX, e
desde então sempre teve como objetivo a classificação da capacidade dos
indivíduos, na época, mais precisamente para selecionar as pessoas para o
trabalho nas indústrias.
Nesse contexto, havia uma preocupação exagerada em torno dos
instrumentos avaliativos, pois os mesmos deveriam ser precisos, verdadeiros,
objetivos e capazes de medir a aprendizagem dos indivíduos, pois ao contrário
do que se pensa hoje, julgava-se, que ela pudesse ser medida e controlada em
sua amplitude, para isso precisava de métodos confiáveis e infalíveis.
Os sentimentos, a individualidade das pessoas, o currículo, o processo
de ensino aprendizagem, a relação professor/aluno, a afetividade, dentre
outros, não eram considerados, embora hoje, compreendemos que todos
esses itens são de fundamental importância e exercem influências significantes
sobre o processo avaliativo. Dessa maneira, acreditava-se que instrumentos
padronizados pudessem medir a aprendizagem de todos os indivíduos, sem
cometer nenhum tipo de injustiça.
Percebe-se que, nesta fase, a avaliação tinha como foco principal, os
exames, os testes, a classificação e a medição. No entanto, o que se pode
constatar, é que, infelizmente, ainda hoje, esse tipo de avaliação é praticada na
maioria das instituições de ensino.
Também era comum utilizar-se dos resultados das avaliações para
responsabilizar
o
aluno
como
único
responsável
pelo
seu
péssimo
desempenho.
Apesar de inúmeras contradições, foi ainda nesse período que a
avaliação teve um pequeno avanço, embora timidamente, porém significativo.
Em 1934, a expressão “avaliação educacional” aparece pela primeira vez,
sendo assim denominada por Ralph Tyler, que acreditava que os objetivos
educacionais, em um currículo, poderiam ser definidos, tendo como foco o
comportamento dos estudantes.
Em 1963 Cronbach propõe a superação da avaliação por objetivos, pois
acredita que o mais importante são as decisões tomadas.
15
Em 1970 um novo sentido foi dado à avaliação. Aquela avaliação por
objetivos, agora dava lugar a uma avaliação para tomada de decisão,
direcionada às questões qualitativas em vez de apenas quantitativas. Desse
modo:
Ela não se restringe a somente descrever os resultados obtidos, mas
também passa a avaliar as entradas, os contextos ou circunstancias
diversos, os processos, as condições de produção e os elementos
finais. Além disso, com base no conhecimento obtido, procura
melhorar o processo enquanto ele se desenvolve, agindo sobre cada
uma de suas etapas, a fim de garantir maior efetividade educacional,
especialmente em relação ao ensino.
(DIAS SOBRINHO, 2003, p. 24-25).
Para ele, o principal objetivo da avaliação passa a ser a aprendizagem.
A maneira como se compreendia a avaliação, agora era diferente, observa-se
que ela passou a ter um caráter mais formativo e não apenas somativo, e todo
o processo de ensino e de aprendizagem, passam a ser considerados.
No entanto, esses avanços não foram suficientes para satisfazer os
estudiosos do assunto, que continuavam buscando respostas aos seus
questionamentos, principalmente o porquê dos aspectos humanos, culturais e
políticos não serem considerados na elaboração, na aplicação dos testes e nas
decisões a serem tomadas.
Agora o grande questionamento desses estudiosos era a questão do
desempenho dos alunos oriundos da classe proletária, que freqüentavam
escolas da periferia, comparado com o desempenho dos alunos de classe alta,
que tinham melhores condições de aprendizagem. Será que o desempenho
desses alunos seria o mesmo? Seria justo compará-los?
Neste contexto, que a avaliação abriu espaço para discussões em torno
do seu processo, discussões essas que levaram a conclusão de que as áreas
humanas e sociais e a participação dos envolvidos no processo deveriam ser
consideradas.
O que se pode perceber é que muitas contradições ainda giram em torno
da avaliação, há quem defende a avaliação para medição e controle e outros
que defendem a avaliação voltada para o sentido educativo. Infelizmente, o que
se pode observar é que a prática avaliativa que vem sendo desenvolvida na
grande maioria das escolas hoje, nada, ou pouco tem contribuído para auxiliar
alunos e professores no processo de ensino aprendizagem.
16
Mas, estamos caminhando, em busca de uma nova concepção de
avaliação, contrapondo a uma concepção classificatória e autoritária, que
exclui, precocemente, um número exorbitante de educandos da escola. Isso
acontece muitas vezes por as instituições de ensino não darem conta de
oferecer um ensino de qualidade para todos e por insistirem em práticas
avaliativas tradicionais.
17
1.2. O que diz a LDB sobre a Avaliação
Em 1996 foi aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) Nº. 9394/96, contrapondo a anterior (Lei nº 5.692/71) ela é mais
abrangente e permite maior flexibilidade. Com essa flexibilidade busca-se
maior qualidade de ensino com vistas ao sucesso do aluno e menores
formalidades burocráticas.
Nesse sentido, a LDB concede a escola maior autonomia pedagógica,
assim, transfere a ela a responsabilidade na condução dos processos
educativas, dentre eles, o de definir parâmetros e normas de avaliação.
Entretanto, isso só será viável, se houver uma reflexão significativa
sobre as práticas pedagógicas, especialmente sobre as concepções de ensino,
aprendizagem e principalmente sobre a avaliação da aprendizagem.
Com a nova LDB, a avaliação assume dimensões mais abrangentes e
passa a ter algumas características mais importantes, é vista como um meio de
diagnosticar os avanços e as dificuldades dos alunos, ao mesmo tempo em
que oferece informações significativas que ajudam os professores a
aprimorarem sua prática, a fim de criar possibilidades de intervenção e
melhoria da qualidade do ensino.
De acordo com o disposto no art.24, inciso V, segundo o qual a
verificação do rendimento escolar deve observar os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
18
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
As orientações trazidas pela LDB são fundamentais, pois permite
vislumbrar um novo sentido para o processo avaliativo em nossas escolas.
Sendo assim, é preciso construir novos parâmetros e normas para o
processo avaliativo, considerando práticas concretas e efetivas, que
possibilitem a promoção de aprendizagens significativas.
19
1.3. Os diferentes Tipos de Avaliação e suas Funções
A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho
docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e
aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer
do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os
objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o
trabalho do professor e da escola como um todo para as correções
necessárias.
O processo de avaliação consiste, antes de mais nada, em que o
professor estabeleça onde quer chegar, em seguida determine o que vai ser
avaliado, defina os critérios e as condições para a avaliação e então escolha as
técnicas e os instrumentos de coleta de dados, ou seja, os de avaliação, para
que os resultados sejam utilizados em benefício do aluno.
A avaliação exerce três funções básicas: a diagnóstica, a formativa e a
somativa que devem funcionar como orientadoras do desenvolvimento do
aluno. Entretanto, na prática atual, vale ressaltar que essas funções ainda não
têm desempenhado as suas verdadeiras funções.
A avaliação diagnóstica é um instrumento de investigação do professor,
em
relação
à
aprendizagem
do
aluno,
determinar
a
existência
de
conhecimentos e comportamentos de entrada do aluno, ou seja, os prérequisitos para o alcance dos objetivos formulados, analisarem o que o aluno já
sabe e o que ainda precisa saber o que ele faz sozinho, e o que só faz com a
ajuda de outro colega ou do professor.
Tal conhecimento prévio é fundamental, não apenas para o professor
conhecer
melhor
seus
alunos,
mas,
sobretudo,
para
realização
do
planejamento, que envolve a escolha dos objetivos, a seleção dos conceitos e
a metodologia a ser utilizada.
Através dessa avaliação é possível perceber também as características
individuais dos alunos, seus gostos, hábitos e preferências, mas é preciso
acontecer de maneira natural, como forma de um diálogo afetivo, motivando o
aluno a participar das atividades e do processo que irá acontecer em seguida.
É importante que todas as informações obtidas sejam registradas em um
portfólio para análise posterior do professor.
20
Normalmente é feita no início do ano. Entretanto, pode e deve ser refeita
em diferentes momentos do processo de ensino-aprendizagem, sempre que o
professor ou a escola detectarem as causas das deficiências verificadas ao
longo da aprendizagem. Essas causas podem estar relacionadas aos
conteúdos, aos métodos, aos materiais didáticos, como também estar ligadas a
problemas físicos, emocionais, culturais e outros. É importante ressaltar que
não é preciso ter uma doença para procurar um diagnóstico, às vezes basta
uma forte suspeita.
A avaliação diagnóstica é também um processo pedagógico que deve
ser compartilhado pelo aluno, permitindo-lhe a identificação das suas
possibilidades e dificuldades, relacionadas aos objetivos do curso, do projeto
educativo proposto pela escola para o seu desenvolvimento.
Isso pressupõe que os objetivos e os critérios de avaliação sejam
absolutamente esclarecidos, transparentes para o aluno e que este seja capaz
de avaliar a si mesmo.
O aluno tem autonomia para refletir sobre si mesmo, sem a tutela do
professor. É um procedimento didático adequado e faz parte da avaliação
como um todo.
A auto-avaliação pode ser usada como complementação para as outras
avaliações já realizadas pelo professor, no sentido de aprofundar seus
conhecimentos a respeito da aprendizagem do aluno. Para Pinto:
(...) avaliar a aprendizagem do aluno na perspectiva de sua
formação, é uma tarefa complexa que exige não só olhar para os
resultados objetivos das provas, sobretudo para os processos
utilizados pelos alunos na resolução das situações – problema
(PINTO, 2004, p.121).
A avaliação formativa trata se de uma análise de todo o processo de
ensino aprendizagem, permite que professor e aluno verifiquem se a
aprendizagem está realmente acontecendo. Mais qualitativa e menos
quantitativa, considera mais as descrições do que os números.
Por meio dessa avaliação, toma-se conhecimento do percurso do aluno,
onde está como está e para onde se quer levá-lo com uma prática pedagógica
eficiente. Serve também para corrigir os rumos do ensino, melhorar, reformar,
adequar o ensino, de forma que o aluno atinja os objetivos de aprendizagem.
21
Nesse sentido, ela não avalia apenas o aluno, mas usa o desempenho
do aluno para avaliar também a adequação e eficácia do ensino. Já a avaliação
somativa é usada tipicamente, para tomar decisões a respeito da promoção,
reprovação ou reenturmação dos alunos. É utilizada, em geral, para classificar
os alunos, expressando os resultados através de notas ou conceitos, com a
finalidade de registro para o histórico escolar, para o dossiê do aluno, para os
boletins e conhecimento dos pais, para que estes possam acompanhar o
desempenho e os progressos dos filhos.
A avaliação somativa tem uma função importante, pois visa verificar se o
produto foi alcançado. Entretanto, se usada única e exclusivamente, será de
pouca utilidade, pois não produz as informações no decorrer do processo, ou
seja, não detecta as deficiências de percurso para permitir a adoção de
medidas para corrigi-las ou neutralizá-las. Portanto ela só terá sentido quando
utilizada em consonância com as outras funções (diagnóstica e formativa).
22
CAPÍTULO II
(RE) PENSANDO A PRÁTICA AVALIATIVA
Com o surgimento dos testes nacionais para os alunos da Educação
Básica e Superior, a educação brasileira se tornou alvo de fortes críticas e
discussões. Pesquisas revelam que os dados obtidos com os testes do SAEB
(Sistema de Avaliação da Educação Básica) indicam um cenário longe do ideal,
retratando uma escola em crise que não tem conseguido formar pessoas
autônomas e cidadãs.
Isso nos faz questionar o tipo de avaliação e de ensino que está sendo
desenvolvido nas escolas brasileiras e também nos permite emitir dúvidas
sobre a qualidade de intervenções educativas, ou seja, a avaliação nada, ou
pouco tem contribuído para redirecionar aprendizagens e melhorar a qualidade
do ensino.
Nesse contexto, o aluno é o único responsável pelo seu desempenho e
a avaliação tem servido apenas para selecionar pessoas, separar quem sabe
de quem não sabe, por meio de notas, o que tem contribuído sobremaneira
com a evasão escolar.
Nesse tipo de escola a realidade e as necessidades do aluno não são
levadas em consideração, o erro encontra mais destaque do que as medidas
de superação das dificuldades.
É necessário considerar e questionar, principalmente, a prática de
ensino, as condições de aprendizagem, as dificuldades do aluno, sua realidade
social, o currículo da escola, os instrumentos de avaliação e a competência do
professor.
23
2.1. Avaliação no contexto escolar
A avaliação
que a escola
brasileira vem realizando acaba por
transformar a evasão escolar em exclusão social, e a repetência e o fracasso
escolar como preparo de uma mão-de-obra barata, que é fácilmente absorvida
pelo mercado de trabalho.
É
através dessa prática
que os alunos vem sendo rotulados como
fracassados, alunos esses, pertencentes às camadas populares, o que mostra
o fracasso como situação de classe
social dos indivíduos. A avaliação
comumente praticada hoje em nossas escolas
necessita ser revista, para
superar a sua visão parcializada, focalista, que impossibilita a percepção da
realidade educativa como um todo.
“Uma resposta errada é apenas um dado bruto que precisa ser
analisado e interpretado pelo professor” (PINTO, p. 121). De acordo com a
citação é muito importante identificar a naturaza do erro cometido, afinal, ele
também faz parte da aprendizagem. Por que o aluno errou? Errou porque a
tarefa era maçante, ele se desmotivou e com isso não a terminou a contento?
Ou porque queria acabar logo e não controlou a impulsividade? Ele errou
porque usou uma
habilidade que não era requerida? O que ocasionou a
confusão? Será que o aluno errou porque não foi capaz de pôr em prática sua
ideia
ou porque não entendeu o que tinha de ser feito, por falta de
concentração ou excesso de ansiedade? A questão era muito difícil (ou mal
formulada) ou não houve tempo suficiente, antes da avaliação, para praticar e
solidificar os conhecimentos solicitados?
A análise da naturaza dos erros cometidos pelos alunos deve ser feitas
pelos professores, não só para lhes informar a respeito
de como podem
superar os problemas encontrados, mas, sobretudo para ajustar o ensino às
peculiaridades da classe.
Atender as necesidades de cada aluno, preservando o sentimento
positivo que ele mantém a respeito de si mesmo, é algo que o professor
competente faz diariamente. O erro não é necessário, mas se ele ocorre
então se faz necessário saber qual a sua origem e como ele foi cometido,
para reorientar o aluno, pois é nessa tarefa que o professor se faz
educador.
24
2.2. Instrumentos Avaliativos
Existem várias técnicas e vários instrumentos de avaliação. Fichas
individuais, testes, provas, relatório, portfólio, auto-avaliação, entrevistas, são
exemplos de instrumentos de avaliação que poderão ser utilizados pelos
professores.
Ao fazer uso de determinados instrumentos, o professor poderá ampliar
a sua capacidade de observação, podendo, assim, melhorar a sua prática e
contribuir para aprendizagem dos alunos.
Além dos testes objetivos e das provas dissertativas, mais conhecidos e
utilizados, existem muitos instrumentos de avaliação: questionários, deveres
de casa, trabalhos em grupo e portfólios –
um arquivo individual, com
informações sobre o aluno e coleções de seus trabalhos, que evidenciam
seus progressos ao longo do ano escolar, nele são
armazenados: textos,
relatórios, redações, desenhos, auto-avaliações.
Outra fonte importante para avaliar alunos é a observação dos
professores sobre como as crianças e os jovens agem no dia-a-dia da sala de
aula: estão aprendendo o que deles espera? Em que ritmo? Nossos métodos
de ensino têm se mostrado eficazes? Em que sentido é preciso mudar?
Para cumprir as funções da avaliação da aprendizagem, importa
estarmos atentos a alguns cuidados com os instrumentos utilizados para
operacionalizá-la:
•
Ter consciência de que, por meio dos instrumentos de avaliação
da
aprendizagem,
estamos
solicitando
ao
educando
que
manifeste a sua intimidade (seu modo de aprender, sua
aprendizagem, sua capacidade de
raciocinar, de poetizar, de
criar estórias, seu modo de entender e de viver, etc).
•
Construir os instrumentos de coleta de dados para a avaliação
(sejam eles quais forem), com atenção aos seguintes pontos:
•
Articular o instrumento com os conteúdos planejados, ensinados e
aprendidos pelos educandos, no decorrer do período escolar que
25
se toma para avaliar. Não se pode
querer que o educando
manifeste uma aprendizagem que não foi proposta nem realizada.
•
Um instrumento de avaliação da aprendizagem não tem que ser
mais fácil nem mais difícil do que aquilo que foi ensinado
e
aprendido. O instrumento debe ser compatível, em termos de
dificultades com o ensinado.
•
Usar uma linguagem clara e compreensível para salientar o que
se deseja pedir: Sem confundir a compreensão do educando no
instrumento
de avaliação. Para responder ao que pedimos, o
educando necessita saber com clareza o que estamos solicitando.
•
Por último, construir instrumentos que auxiliem a aprendizagem
dos educandos, seja pela demonstração da essencialidade dos
conteúdos,
seja
pelos
exercícios
inteligentes,
ou
pelos
aprofundamentos cognitivos propostos.
Assim avaliar o processo de ensino, que é um processo complexo e ao
mesmo tempo dinâmico, pois acompanha, ou deveria acompanhar o
desenvolvimento do aluno, requer autonomia, convicção, democratização de
consciência, ampliação do potencial democratizante dessas práticas dentro da
escola.
Em suma, medidas como essas servem para efetivar o ensino de
qualidade. Por fim, a adaptação do espaço escolar em relação á infra-estrutura
promove respeito aos direitos humanos e exclusão de qualquer tipo de
discriminação, nas relações interpessoais e na vida cotidiana; Igualdade de
direitos, de forma a garantir a equidade em todos os níveis; Coresponsabilidade pela vida social como compromisso individual e coletivo.
26
2.3. Mitos que cercam a Avaliação Escolar
Há muitas crenças falsas cercando a avaliação
e, por este motivo,
nunca é fácil falar sobre ela. São muitas as posições neste campo, desde as
que acreditam
na avaliação
como um instrumento últil para melhoria
da
qualidade da educação até as que nela vêem apenas uma forma de selecionar
quem fica ou não na escola. Neste sentido:
(_) deve-se avaliar aquilo que é fundamental no ensino, como por
exemplo, o estabelecimento de relações, a comparação de
situações, a capacidade de resolver problemas, a compreensão
crítica, etc. A dificuldade da avaliação deve estar centrada na
solução do problema e não no enunciado muito longo ou confuso.
(VASCONCELLOS, 1995, p.65).
Alguns mitos podem ser considerados positivos quando criam uma
alternativa para que os alunos possam aprender a perceber, interpretar e
criticar o mundo. Porém muitos deles também podem ser considerados
negativos, quando esses impedem que o aluno pense por si próprio e
limitam sua fala quando ela é contrária ao que está estabelecido como
certo, quando não permitem que o aluno opine com criticidade.
Existem vários mitos negativos que cercam a avaliação escolar e que
precisam ser derrubados:
•
O diagnóstico escolar como ritual que segrega e estigmatiza: normais e
deficientes, aptos e inaptos, adiantados e atrasados, fortes e fracos, etc.;
•
O planejamento curricular, como ritual de massificação, que ignora a
diversidade, as diferenças e utiliza um processo de homogeneização
dos alunos;
•
A relação professor-aluno, como ritual de domesticação, por colocar o
professor no centro, com o controle do processo de ensino e
aprendizagem através da avaliação;
•
A avaliação do rendimento escolar, como ritual de seletividade, que
identifica os estudantes competentes para excluir os demais;
•
Os alunos não podem serem aprovados, caso não dominem a matéria
que foi dada;
27
•
Se todos os alunos forem promovidos, acaba o estímulo dos
mais
esforçados e aumenta o desinteresse dos menos estudiosos;
•
A qualidade do ensino diminui se todos os alunos são promovidos;
•
O aluno, obrigado a repetir a série ou ano escolar, acaba tendo
benefícios, pois aprende a valorizar a escola, ganha em maturidade e
passa a se esforçar mais;
•
Turmas heterogêneas, em que uns sabem mais e outros poucos,
impossibilitam um trabalho pedagógico de qualidade;
•
Quando todos os alunos sabem que vão passar, o professor perde a
autoridade.
Enquanto esses mitos se reproduzem, os índices de reprovação se
avolumam, e os alunos continuam sendo responsabilizados pelo próprio
fracasso.
28
2.4. Um olhar diferente sobre o erro do aluno
É preciso passar de uma avaliação que privilegia a nota e o erro do
aluno para uma que utiliza critérios mais justos, verificando o quanto o aluno
realmente aprende e como remediar o que ainda não sabe. Para tanto faz-se
necessário que haja uma verdadeira mudança nas práticas avaliativas e na
maneira como o professor compreende o processo avaliativo, tendo como foco
mais importante a aprendizagem e o sucesso do aluno.
Avaliações sempre devem ser cuidadosas, e uma de suas preocupações
principias está no processo de correção das respostas obtidas e na maneira
como informamos aqueles que foram avaliados sobre os resultados
alcançados sem ferir a auto-estima de ninguém.
Em primeiro lugar, não convém riscar os trabalhos do aluno, chamando
a atenção para o erro. Esta é uma prática velha, que pretende deliberadamente
fazer com que os estudantes fiquem envergonhados, quando não, culpados,
por terem errado.
É necessário frisar que a qualidade da escola se evidencia por meio de
aprendizagens efetivas, programas como correção de fluxo, em que os alunos
são aprovados sem a devida formação, não resolve, isso só agravaria mais a
situação, uma vez que ocasionaria consequências futuras ao aluno, por ter
perdido a oportunidade de aprender.
É preciso levar os professores a mudarem o seu olhar , na ótica de
grande parte deles , os alunos são os principias culpados pelo fracasso
escolar: desnutridos, mal amados, repletos de problemas emocionais, com
déficits cognitivos cada vez mais acentuados, constituem um grupo que melhor
seria se fosse retirado da escola, quando na verdade os principias problemas
são os de ensino, e não os de aprendizagens.
29
2.5. O papel do Supervisor Escolar frente à Prática Avaliativa no contexto
Escolar
O trabalho do Supervisor escolar poderá influenciar decisivamente para
o sucesso ou insucesso da prática avaliativa no contexto escolar. Já que este
ocupa a função de mediador da prática avaliativa na escola.
A ele compete monitorar e analisar sistematicamente todo o processo
educativo e não mais apenas controlar os professores, como outrora. Em seu
agir, o supervisor buscará sempre mobilizar a equipe em torno da reflexão, do
planejamento e da execução das ações necessárias para garantir uma
educação de qualidade, buscando através do diálogo caminhos próprios na
intervenção da qualidade do trabalho realizado pelo professor em sala de aula.
Estimular a troca de experiências entre os docentes, provocar a
discussão e a sistematização de práticas pedagógicas e negociações de idéias,
promovendo uma reflexão em equipe, para que possa organizar o pensamento
e a ação do coletivo, conduzindo-os a uma reflexão crítica da realidade e do
mundo e ajudar na construção da conscientização necessária da luta para uma
educação libertadora. Considerando as características próprias do professor, o
supervisor desenvolve com ele as formas possíveis de controlar o processo de
ensinar e do aprender.
Ao abdicar do seu poder e controle sobre a prática docente, o supervisor
é capaz de assumir uma postura de problematizador do desempenho docente,
tornando-se um parceiro político-pedagógico do professor que contribui para
integrar e desintegrar, organizar e desorganizar o pensamento do professor
num movimento de participação contínua, no qual os saberes e conhecimentos
se confrontam.
30
CAPÍTULO III
A AVALIAÇÃO COMO “MEDIADORA” DO FRACASSO ESCOLAR E DA
EXCLUSÃO SOCIAL
Muitos estudiosos têm-se dedicado à compreensão das causas do
fracasso escolar da criança ao longo dos tempos. Dentre as causas apontadas
nos estudos em geral, estes têm demonstrado a influência da origem social, da
prática pedagógica, do professor e da linguagem sobre o padrão de
estimulação intelectual das crianças. O fracasso escolar é visto como uma
questão individual, próprio de cada aluno e seus problemas. Entretanto, não se
pode remeter a culpa do fracasso escolar do aluno nele mesmo, nem na família
ou na escola, mas, sobretudo refletir criticamente sobre o problema buscando
explicações e possíveis soluções para o problema.
Sabe-se que o desenvolvimento afetivo não tem recebido a devida
importância por parte da educação, e por isso temos encontrado crianças e
jovens com sérios problemas de comportamento, desinteresse e problemas de
aprendizagens, resultantes de famílias desestruturadas e de uma sociedade
desequilibrada. Os pais, na grande maioria, delegam as escolas, a educação
familiar dos seus filhos, uma vez que, precisam trabalhar para ter de onde tirar
o sustento da família. Contudo, as instituições de ensino não têm dado conta
de suprir essa necessidade, o que tem resultado em carências afetivas e
cognitivas, gerando sintomas que comprometem a aprendizagem dessas
crianças, mesmo antes de freqüentarem a escola.
Alguns profissionais que não vêem a avaliação como uma importante
ferramenta a favor da aprendizagem, que a utiliza apenas como meio para
aprovar ou reprovar, acabam afastando o aluno da instituição escolar,
contribuindo também pela diminuição da auto-estima, o que acaba por
ocasionar conflitos pessoais e o comprometimento do seu emocional.
Essas emoções interferem diretamente no desenvolvimento cognitivo e
afetivo. Além do que, a escola ainda apresenta uma dualidade sobre a
aprendizagem, valorizando os aspectos racionais em detrimento dos
emocionais, o que fortalece a exclusão e fortifica o fracasso.
31
3.1. Fracasso Escolar e Exclusão Social
O modelo classificatório de avaliação, onde os alunos são considerados
aprovados ou reprovados, comprova a concepção de sociedade excludente
adotada pela escola. O resultado da avaliação é considerado, portanto, como
uma sentença, que marca o aluno para o resto da sua vida. Mas não é só a
família que contribui para o fracasso escolar, a grande maioria das escolas
também é responsável por essa triste realidade, uma vez que, embora
disfarçado, também seja um meio de exclusão social.
É necessário, portanto, elaborar um Projeto pedagógico que contemple
valores e princípios voltados para a formação de cidadãos. Somente assim, a
avaliação será vista como função diagnóstica e transformadora da realidade,
em vez de uma das causadoras do fracasso escolar e conseqüentemente da
exclusão social.
A superação da avaliação classificatória, seletiva e excludente é
uma questão de compromisso da gestão da escola com o aluno e com a
sociedade. Este compromisso virá em decorrência de estudos e reflexões
compartilhadas em torno das concepções de sociedade, educação, ensino,
aprendizagem que contribuirão para a elaboração de uma nova concepção de
avaliação para dar conta de uma nova escola mais comprometida com os
processos educativos e com o destino de tantas crianças e jovens que por ela
passam.
Para acabar com a exclusão, portanto, é necessário que se
restabeleçam as bases de uma economia, uma política e uma educação que
permita que as relações humanas se dêem a partir dos princípios de equidade,
justiça social e participação cidadã nas diferentes instâncias de decisões, e a
educação cidadã será a principal ferramenta para a construção dessa
sociedade.
Por diversas razões, principalmente, pelos condicionantes da evolução
histórica do sistema escolar brasileiro, escola-família-sociedade sempre foram
marcadas pela frieza e pelo distanciamento, não se conseguiu, até o momento,
desenvolver junto às escolas um programa abrangente de relacionamento com
a sociedade. A centralização exagerada que até recentemente caracterizou a
administração educacional e a falta de tradição de participação da sociedade
32
na solução dos problemas educacionais inibia a inserção da escola nos grupos
sociais a que serve.
Por outro lado, ainda não se deu a compreensão exata do papel da
educação fundamental e média, de suas fraquezas e de suas forças e ainda
não está claro se a escola é, na verdade, uma instituição aberta, desejosa de
ouvir as vozes quer coletiva, quer individuais que se levantam na sociedade.
Observa-se a cada dia o quanto é preciso reconstruir o papel da escola
perante sua clientela e perante a sociedade, na qual está inserida, uma vez
que para sobreviver e se transformar a sociedade depende, e muito, da escola
e dos seus indivíduos.
33
3.2. A Relação entre Escola e Sociedade
A função social da escola é introduzir o educando no mundo da cultura e
do trabalho, de acordo com as perspectiva traçadas pela sociedade. Nesse
sentido, a escola deve trabalhar a favor do aluno, para que ele aprenda, e se
torne um cidadão competente, feliz e bem sucedido.
A melhor escola é aquela que procura valorizar a cultura de sua própria
comunidade e ampliar seus conhecimentos, abrindo as portas para o mundo e,
ao mesmo tempo, busca ultrapassar seus limites, propiciando as crianças
pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber.
A relação entre a escola e a sociedade deve ser alargada dentro das
possibilidades, trazendo os pais para dentro da escola, que não devem ser
convocados somente para tomar conhecimento de como anda seu filho na
escola, mas também, para contribuir com suas experiências para o
melhoramento da escola. Essa relação deve ser vista como um processo de
melhoria para a instituição educacional.
34
3.3. A Busca por uma Avaliação Inovadora
A viabilização de projetos que promovam a parceria da escola com a
sociedade deve ser sempre observada. Através destes projetos é que a
sociedade toma conhecimento e responsabilidade por um patrimônio que não é
só do estado ou do município, mas é de todos e é obrigação de todos zelar
para o bom andamento das atividades desta instituição que tem por principal
objetivo ajudar a sociedade a ser mais digna e batalhadora por seus direitos.
Nessa perspectiva a avaliação deve estar voltada para a aprendizagem
do aluno e para a sua inclusão nos processos escolares e na sociedade como
ser ativo, autônomo, ético, informado, participante dos processos de produção
e de melhoria social.
Assim,
somente
tendo
clareza
sobre
as
práticas
pedagógicas
desenvolvidas na escola, poderão todos – gestores, professores, alunos e pais
dar um novo significado ao processo de avaliação, contribuindo, assim, para o
cumprimento da função social da escola pública.
Essa é a nossa busca, é o momento de todos juntos, de mãos dadas,
fazer uma reflexão crítica e coletiva, buscando subsídios que tragam
informações importantes que resulte numa atuação transformadora.
Enquanto a avaliação estiver voltada apenas para o aluno, sem haver
um despertamento, uma conscientização para as necessidades de uma nova
metodologia e uma inclusão da própria escola neste processo, a qualidade do
ensino permanecerá comprometida.
A escola precisa inovar suas práticas pedagógicas. A avaliação que tem
sido realizada nas escolas tem servido mais para legitimar o fracasso escolar
do que para melhorar a qualidade de ensino. Se utilizarmos uma postura
inovadora, a avaliação tem dimensões mais abrangentes, pois leva em
consideração não apenas o desempenho do aluno, mas, sobretudo, o conjunto
de fatores que estão atuando para que a aprendizagem ocorra ou não,
inclusive as práticas pedagógicas que estão sendo desenvolvidas e o contexto
de vida e de escola em que o educando está situado.
35
CONCLUSÃO
Os questionamentos lançados sobre a prática avaliativa são instigantes,
pois nos remetem a problematizar a questão dos educadores enquanto
formadoradores de cidadãos, no sentido mais específico da palavra, sob a ótica
do próprio professor e da familia, em cumprimento com seu papel de
profissional pedagógico, lançando esse olhar de forma dinâmica e eficaz para
dentro e fora do contexto escolar ao mesmo passo em que construa acerca
desse novo olhar mecanismos de evolução do ensino e da aprendizagem, por
meio da avaliação.
Assim recai não só sobre o profissional da educação (o professor) toda a
responsabilidade de buscar abranger seus saberes e adequá-los à medida da
necessidade da sociedade que anseia formar, mas de todos os envolvidos no
processo avaliativo. A rotina da vida cotidiana impõe ao indivíduo a
necessidade de
ações
e
atitudes
baseadas
na
espontaneidade,
no
pragmatismo, na economia e em ultrageneralizações.
O processo diretivo da instituição requer uma atenção especial no que
diz respeito à primazia do ensino com o feedback tão requerido hoje. Por isso,
entender a escola como espaço participativo, no qual o ingresso às salas de
aula serve como passaporte para o futuro, é compreender o fortalecimento de
uma política educacional de sucesso. Por meio da construção do espaço
participativo, onde todos os olhares motivam uma avaliação condizente, é
possível formar a sociedade que se almeja:
“A construção do espaço participativo” no cotidiano da escola e da
sala de aula, é o caminho possível para a conscientização de que
uma “sociedade democrática para se desenvolver e fortalecer-se
politicamente, a fim de solucionar os seus problemas, necessita
contar com a ação consciente e conjunta de seus cidadãos”.
PARO, (2000, p. 25).
Paro afirma no texto citado acima que a participação de todos e por
todos em uma mesma dimensão, ou em dimensões diferentes com propósito
igual, promove uma gestão participativa e, por sua vez, adere ao fortalecimento
da formação da sociedade democrática visada em metas/ ações d (re) flexão
socioeducativas. É importante garantir a (re) criação do conceito do espaço
escolar dentro de um constante zelo ao aspecto que deve assumir os autores
do processo educacional.
36
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