n+
negócios mais.
edição especial
CON FERÊN CI A
Sector avança, apesar da
crise que o País enfrenta
E N T R E V I S TA
Restrições orçamentais
não travam acção a Norte
Este suplemento é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2628,
de 14 de Novembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente
VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT
Portugal abre portas ao futuro
dos serviços partilhados
Ricardo Castelo
Portugal é um país com muito potencial na área dos serviços partilhados, mas faltam
acções de marketing que o possam dar a conhecer aos maiores investidores
internacionais. Estas ideias-chave traduzem uma das principais conclusões da
conferência “Serviços Partilhados do Futuro”, iniciativa organizada na cidade do Porto
pela Ernst & Young, em parceria com o Negócios.
Pub
II | Edição Especial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013
.
Serviços partilhados do futuro
CON F E RÊ N CI A
Serviços partilhados
ganham terreno,
apesar da crise
e da incerteza fiscal
Empresas já começaram a autonomizar certas divisões, que
funcionam como um fornecedor dentro da própria sociedade
ALEXANDRA NORONHA
[email protected]
Autonomizar serviços de apoio e
depoisprestá-losatodososdepartamentos de uma empresa. De
uma forma muito simples é esta a
definição de serviços partilhados
(SP), um negócio que movimenta
muitos milhões em todo o mundo
e que não tem fronteiras. Países
comoaÍndia,FilipinasouPolónia
são os campeões dos centros de
serviços partilhados das multinacionais de todo o mundo. EmPortugal, mesmo com a crise e com a
incertezafiscalaqueosinvestidores estão sujeitos, este mercado
estáaavançar.
Aseparação não implicaque os
SP estejam afastados do resto da
empresa.“AestratégiadosSPestá
alinhada com a estratégia do grupo. O código genético está muito
interiorizado.Queremossobretudo acompanhar os desafios internacionais. O objectivo é aliar a estratégiae sermos um parceiro nas
decisões”.TiagoCruz,director-geral da Mota-Engil Serviços Partilhados explicou, durante a conferênciadaErnst&Young(EY)“Serviços Partilhados do Futuro”, que
se realizou no Porto, que na área
porsiliderada,oprincipalobjectivo é, “mais do que tudo, alargar o
portfólio,diversificaroposicionamento e acompanhar o grupo em
desafios internacionais”.
Júlio Boim Esteves, da Solvay
BusinessServices,realçouaimportânciado centro em Portugal para
o grupo. “Desde o início decidimos
que haviaum “backoffice” em Lisboa,ondetemos300pessoas.Aevolução e a mudança não pára nem
pode parar. ASolvaytem que ser a
mudança.Em2005tínhamos30financeirosnumafábricaondeagora
háapenasum.Contamoscomcen-
A estratégia
dos serviços
partilhados está
alinhada com
a do grupo.
TIAGO CRUZ
Mota-Engil
Se o Governo
e os governantes
se calassem
era óptimo.
JÚLIO BOIM ESTEVES
Solvay
prática, foi preciso dar resposta:
“Temos mais clientes em algumas
geografiasdesde2006,masnofundocrescemosnosserviçosqueprestamos. Por exemplo, na contabilidadeinternacional,paralibertaras
estruturaslocaisdessaresponsabilidade. Além disso, temos vindo a
apostar em ‘outsourcing’ e no trabalho temporário. É isto que mercado agoraexige”.
Rosário Arnaud, Directora da
HB Fuller, afirmou por seu turno
que a estratégia da empresa conta
em grande parte com o papel dos
serviçospartilhados.“Começámos
em 2005. Transferimos o ‘Customer Service’ daHolandaparacáe,
depois, as áreas financeiras. Em
Marçocomprámosumconcorrentecomsetefábricaseanossatarefa
actualmenteéfecharetransferiros
serviços paracá”, explicou.
Estado não ajuda
tros emLisboa, Curitibae Banguecoque”, evidenciouaquele responsável, dando notade que acoordenaçãodetodososlocaiséfeitanacapital portuguesa, o que é facilitado
pelofactodeosprocessosutilizados
seremiguaiseporoinglêsseralínguacomum.“Masfalam-sesetelínguas em Lisboae quatro no Brasil.
EmBanguecoqueéqueémaiscomplicado...”, ironizouJúlio Esteves.
A Sonae Indústria também já
centralizou uma série de actividades de apoio. AnaSofiaHenriques,
responsável por este segmento na
empresa, explicou que este núcleo
teve início no ano 2000. “No princípio foi consolidação e conquista.
Depois teve umcrescimento enorme e suportámos isso em toda a
áreaadministrativa,financeiraede
qualidade”.AdirectoradaSonaeIndústria explicou ainda ao que, na
Os responsáveis de SP que falaram
naconferênciaforamunânimesem
considerar que o sector tem sido
prejudicadopelacrise.“SeoGovernoeosgovernantessecalassemera
óptimo. Às vezes nem é a questão
das leis, é aformacomo se diz. Não
hádianenhumemquenãohajadisparates. Que sejammais claros nas
mensagens”, exigiuJúlio Esteves.
Ana Sofia Henriques, pelo seu
lado,recordouumproblemacrónico. “A questão fiscal é um entrave
paraasempresasviremparaPortugal.Receberdosclienteséumaquestão muito complicada, e se forpara
tribunaldemoraimenso” realçoua
responsáveldaSonaeIndústria.
A Mota-Engil sofre do mesmo
problema.“Entendoquesecombataafugaao fisco, mas o tempo para
tratardeimpostoseburocraciaséassustador.Nonossocasotemumefeito negativo emtermos de custos de
oportunidade”,disseTiagoCruz.
Empresas já avançaram | Júlio Esteves, Rosário Arnaud, Ana Sofia Henriques e Tiag
S E RV I Ç O S
PA R T I L H A D O S
G AN H AM
TERREN O
“No início tivemos
que nos impor”
na Mota-Engil
A centralização de
vários serviços é no
início olhada com
alguma desconfiança
pelas empresas. Mas
depois de justificado o
investimento começam
a aparecer resultados e
deixa de ser importante
em que sítio do mundo é
que está a ser feito o
trabalho
A centralização de actividades de
apoio tem que ser “vendida” ao
resto da empresa com tempo. “Na
Mota-Engilno, no início, tivemos
que nos impor. Mostrar o retorno
do investimento”, diz Tiago Cruz. O
responsável de SP da construtora
diz que a equipa em que trabalha
destacou-se “tirando partido da
centralização de equipas orientadas
para o processo, o que permite
economias de escala e maior
produtividade”. Conforme adianta,
é preciso que exista “um equilíbrio
entre a autonomia e a centralização
do processo”, mas também que
haja “capacidade para abordar
empresas e geografias numa lógica
colaborativa com o compromisso
entre o nosso ângulo”.
Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013 | Edição Especial | III
.
Ricardo Castelo
DITO
PERGUNTAS A
Recomendo que
escolham áreas
em que têm valor
acrescentado,
como a engenharia.
Senão têm que
competir com os
serviços básicos
transaccionais
que normalmente
estão no
estrangeiro (Índia
ou Filipinas, bem
como a Polónia).
Sei que na nossa
lista está o Porto,
mas temos que ter
a certeza que está
em outras. Se não
conhecermos
a localização, ela
não aparece.
go Cruz deram conta das suas experiências no campo dos serviços partilhados.
Na Sonae, onde
o trabalho se faz
“não é relevante”
“Já demos o passo
em frente” na HB
Fuller
Na Solvay não
se perde tempo
com “ninharias”
A Sonae Indústria está presente em
vários países, mas Ana Sofia
Henriques diz que isso não
complica a actividade. “Para os
nossos clientes terem um serviço
na área de contabilidade não é
relevante saber se estamos a
trabalhar em equipas locais,
porque estamos a trabalhar em
conjunto. Uma parcela do trabalho
é feita em Portugal e o resto em
outros locais”. A responsável avisa,
porém, que “este passo não deve
ser dado logo no início. É preciso
uma grande maturidade para ter
funções bem definidas”, explica.
O próprio centro de serviços partilhados evoluiu em algumas áreas,
diz a responsável, salientando que
o ‘outsourcing’ está a crescer.
A HB Fuller tem uma grande
experiência no processo de
transferir uma série de actividades
para Portugal. Agora, o objectivo é
outro. “Já somos mais um
‘business support’. Não somos os
serviços financeiros. Já demos o
passo em frente. Neste momento o
nosso desafio é global”, adianta
Rosário Arnaud. “Temos que
competir com a América latina.
Acho que a atitude e vontade de
vencer dos portugueses é muito
importante”, diz a responsável.
Mas nem sempre foi fácil.
“Quando falamos em transferir da
Alemanha foi complicado. Ainda é
um desafio. Acho que estamos no
bom caminho. Mas este trabalho
só vai acabar em 2014”, realça.
A Solvay tem um centro de
serviços partilhados com 300
pessoas e uma agilidade ganha
com a experiência. Júlio Esteves
diz que há coisas que não fazem
sentido e criam “ruído” no
trabalho. “Não percam tempo com
ninharias como dias de férias.
Acima de tudo temos que ser
inteligentes. Mais ou menos três
dias [de férias] não aquecem nem
arrefecem. E não queremos que as
pessoas saiam depois das 18
horas”, realça. O mesmo
responsável sublinha a sua ideia
dizendo que é preciso apostar nos
recursos humanos. “Somos todos
licenciados e damos formação.
Além disso exportamos talentos
para o grupo”, frisa Júlio Esteves.
Recomendei
Portugal à Adidas.
Não faria isso se
não fosse um bom
destino.
Têm que
promover Portugal
para centros
de 200 ou 300
pessoas.
CHRISTIAN MERTIN
Partner, Shared Services Competence
Center Leader, EY
G
CHRISTIAN
MERTIN
PARTNER, ERNST & YOUNG
“Portugal
não é bem
conhecido”
O que acha do mercado português
para os serviços partilhados? Dispõe de condições de acolhimento
para os mesmos?
Nogeral,achoquehátrêsalavancas parao sectorde serviços
partilhados. Primeiro as ‘skills’,
quetêmquesairdasuniversidades. Asegundasão as línguas. A
terceirasão os custos. Portugal
estánum nível baixo e isto temsemantidoaolongodosanos.De
qualquerformaéimportanteque
nos foquemos emáreas de valor
acrescentadoenãoemtudo.Recomendo,paraoPorto,queescolham áreas em que têm valor
acrescentado, como aengenharia.Senãotêmquecompetircom
os serviços básicos transaccionais que normalmente estão no
estrangeiro (Índiaou Filipinas,
bemcomoaPolónia).Porisso,o
enfoquetemquesernosserviços
pelosquaisPortugaléfamoso.
Portugal é pouco conhecido neste
sector? A legislação dificulta?
Nãosinto quesejaalegislação,
é mais aquestão de serconhecido.Eucomeçavapelasconsultoras, porque são elas que recomendamàsempresasoquefazer
eonde.Seiquenanossalistaestá
oPorto,mastemosqueteracertezaque estáem outras. Se não
conhecermos a localização ela
nãoaparece.Edepoistemosque
olharparaasconferências.MuitasdelassãonoReinoUnidaena
Alemanha. Tem que se iramuitasdestasconferênciasparapromoverodestino.
A imagem de Portugal poderá estar
queimada com a actual crise?
Não acho. Não temavercom
isso. As empresas olham parao
mapa, perguntam aos outros.
Têm é que saber que alocalizaçãoexiste.
As autoridades não promovem bem
o destino?
Nãopossodizerisso.MasPortugalnãoébemconhecidoneste
sector.
IV | Edição Especial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013
.
Serviços partilhados do futuro
CARLOS NEVES, VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE
COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO NORTE
“Não podemos
trabalhar de
forma isolada
no Estado”
Carlos Neves, vice-presidente
da CCDRN, diz que há muito a fazer
em articulação com as universidades
e a AICEP para atrair centros
de serviços partilhados para o Norte
ALEXANDRA NORONHA
anoronha@negocios,pt
AComissãodeCoordenaçãoeDesenvolvimento Regional do Norte
(CCDRN) está a trabalhar para
atrairprojectosdeserviçospartilhados,contandocomosfundoscomunitários que estão asernegociados
até2020.Paraovice-presidenteda
entidade é essencial aparticipação
das universidades no processo e
umaapostasignificativanomarketing.
O que é que a CCDRN está a fazer para
atrair investimento na área dos serviços partilhados?
Não é umaestratégianossa, é da
região Norte. Nós estamos mandatadosparadesenvolverestaestratégia,queiráestarnabasedaquiloque
é o próximo quadro de fundos comunitários que tem o horizonte
2014-2020.Estaéumadasprioridadesparaaestratégiaqueterá,depois,
instrumentos de financiamento
através dos vários sistemas que estãoaserdesenhados.
Quanto é que será investido?
Neste momento, é prematuro
dizê-lo, porque se tratade um projectoqueestáemcurso.Nestesprocessos nadaestádefinido até tudo
estardefinido.Masaprioridadeestá
sinalizada, os serviços partilhados
representamumracionalmuitoem
linhacomaquiloqueéanossaestratégiaparaaregiãoqueésercapazes
devalorizarosrecursoseactivosque
temos em termos de capital humano.Ede outrascapacidadesinstaladas,istoé,emedifícios.
Refere-se concretamente a quê?
Aatrairparaas cidades, mesmo
paraalgumaszonasqueestãodevolutas, operações intensivas em
mão-de-obraqualificadae,comisso,
conseguircrescimento paraos territórios,queé,nofimdodia, aquilo
que nos move. Todo este racional
dos serviços partilhados é convergentecomanossaestratégiaeépor
causadisso que nós ainscrevemos.
Naturalmentequeestamosadesenvolverum processo que não é rápido,temoseutiming.Estánestemomento em curso e não poderei
adiantaraquiloqueéofuturo.
Estão a trabalhar em conjunto com as
universidades?
Claro que sim. As universidades
sãoumparceirofundamentalneste
processo, um parceiro que está a
montante.Maséimportanteparaas
empresasquesãotomadorasdesse
capital humano, mas que também
têm os seus núcleos de formação.
Alimentam este activo fundamen-
Os serviços
partilhados
representam
um racional
muito em linha
com aquilo
que é a nossa
estratégia
para a região.
taldegentequalificadaquenóstemos no território. Juntando isso
comoquesãoosinteressesdasempresas, nomeadamente multinacionais,temosalgocompotencial.
Qual é o papel das consultoras nesta
estratégia?
Também algumas das empresasaquipresentes[naconferência]
equesãoprescritorasdessesmesmonegóciosfazempartedaestratégia. Em fóruns internacionais,
identificamquaissãoosterritórios
em todo o mundo mais atractivos
para instalar as acções dos seus
clientes. Portanto háaqui umalógicade sinalizaraosclientesfinais
estasoportunidades,mastambém
àsempresas.
Amaior parte são consultoras
multinacionaisqueestãoelasprópriasmuitoatentasaverosterritóriosmaiscompetitivosporquetêm
estatísticas sobre isso. E portanto
oNortetemqueseposicionarnessecampeonatoefazerasuacomunicação.
São precisas mais acções de marketing por parte de Portugal para atrair
este mercado?
Sim, claro. Não faz sentido que
os organismos da administração
públicatrabalhemde formaisolada, em ilhas de actividade. A
CCDRN é um parceiro daAICEP
(AgênciaparaoInvestimentoeComércio Externo de Portugal) no
Norte e todos somos parceiros do
país,claro.Eéumaestratégiaconjunta porque nós temos instrumentos de políticaemfimde quadro, mas iremos termais no futuro.Temososenvelopesfinanceiros
paragerireaAICEPéumaparceira fundamental na gestão destes
envelopes. Em fazer chegar estes
financiamentosaosinteressadose
àsempresas.Háaquiumalógicade
Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013 | Edição Especial | V
.
Ricardo Castelo
PERFI L
UM ENGENHEIRO NA
PROMOÇÃO DO NORTE
Carlos Neves é bem conhecedor
dos méritos das universidades
do Norte, que agora quer atrair
para a rede de conhecimentos
que pode trazer investimentos à
região. É licenciado em
Engenharia Metalomecânica na
Universidade do Minho e
frequenta o mestrado de
Sistemas de Informação na
mesma instituição de ensino.
Passou por várias empresas
onde ocupou cargos com
responsabilidade na área da
engenharia. Foi engenheiro de
projecto na empresa Maquisis,
da Qualidade na BA - Fábrica de
Vidros Barbosa & Almeida,
director do estaleiro central da
Empresa J. Gomes – Sociedade
de Construções do Cávado.
Trabalhou ainda na Gasair e na
Sevenforma. Assumiu
posteriormente o cargo de
director Executivo da ordem
dos Engenheiros – Região Norte.
Natural de Vila do Conde,
assumiu depois a vice-presidência da Comissão
de Coordenação
e Desenvolvimento Regional
do Norte.
“Tentamos fazer
cada vez mais
com menos, o que
é um desafio”
Restrições orçamentais não
param estratégia para a região
ALEXANDRA NORONHA
[email protected]
A Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do
Norte (CCDRN) temapostado em
mostrar a sua estratégia para o
sectordos serviços partilhados no
Porto, apesar das dificuldades
com as restrições orçamentais.
Carlos Neves diz que as empresas
estão interessadas no ‘know-how’
que existe na cidade em tecnologias, por exemplo.
De que forma estão os constrangimentos orçamentais a afectar a vossa actividade?
parceriaóbviaqueexistiuevaivoltaraexistir.
As universidades
têm um problema
de taxa de
empregabilidade
e esse é um
indicador que
fará com que os
alunos escolham
uma instituição.
É mais difícil negociar estes assuntos
com as universidades maiores? Como
a do Porto? Como é que vocês contornam esse problema?
Não podemos forçar a que as
universidades olhemparaestaestratégiacomoumdosprincipaiscaminhospara escoarmuitosdosdiplomadosquetêmfracaempregabilidade.Asuniversidadestêmum
problemade taxade empregabilidade e esse é um dos indicadores
que não tenho dúvidas fará com
quemuitosalunosescolhamauniversidade‘x’emdetrimentoda‘y’.
Este exercício de marketing,
sensibilização e convencimento é
um que fazemos todos os dias. As
universidades mais pequenas estãoemoutrosterritóriosetêmoutraagilidadeesãomaissensíveis.A
forma como se desenrola passa
muito pelas pessoas que estão à
frente das equipas reitorais. Isso é
umpoucoadiferençaentrePMEe
outrasempresas.
Asempresasmaispequenassão
maiságeis.Estamosafazerumtrabalhojuntodosgrandespólosuniversitários (Porto, Minho, Braga,
Guimarães, Vianae Bragançaque
também tem um politécnico importante e que pode especializarse em várias temáticas como as
TecnologiasdeInformaçãoeMultimédiae pode serútil parainstalaralgumasoperaçõesfocadasnessastemáticas.Hátodoumprograma de especialização que depois
queremos fazer na óptica do
marketing territorialparaosclientes que podem olharparaaregião
do norte como um destino preferencial em detrimento de outros.
Porque estaremos sempre acompetir à escala global e nomeadamentenaEuropa.
Desde logo afectam o nosso orçamento de funcionamento, mas
isso é a vida. Tentamos fazer cada
vez mais com menos, o que é um
desafio para o Estado português
também. Não vamos deixar de fazeraquiloqueéútil,claro.Estastemáticas, que para nós são fundamentais,irãocontinuarateresforçodosrecursoshumanoseumenvelope financeiro adequado à dimensão das nossas possibilidades
de acções que são porvezes de pedagogia junto das universidades e
empresas que têm que se posicionarmaisemtermosdecomunicaçãojuntodos clientesdemercadoalvo que nós queremos atingir.
Que tipo de empresas se têm mostrado interessadas em instalar estes centros?
São empresas em torno das
Tecnologias de Informação. São
osserviçosclássicos.Porexemplo,
o conceito de teletrabalho aqui
funcionarelativamente bem. Seja
nalógicado ‘outsourcing’ puro ou
do serviço a clientes existem milhares de pessoas a trabalhar na
regiãoNortedoPaísparaessetipo
de operações.
Estas temáticas,
que para nós são
fundamentais,
irão continuar
a ter esforço dos
recursos humanos
e um envelope
financeiro
adequado.
Trabalham em centros de engenharia, serviços intensivos de
conhecimento e especializado. Há
outras operações para serviços
que as próprias empresas podem
concentrar ou seja, não são para
foramas dentro das próprias empresas, do mesmo grupo para os
serviços partilhados, apoio administrativo, financeiro. Lógicas um
pouco diversas.
Mas há grandes centros como o da Adidas..
Sim,temfeitoodesenvolvimentodeprodutonoNorte,engenharia
de produto e de processo. O desenvolvimento de ‘software’ ou BPO
(externalização de finanças). Não
existeumapanópliagrandeporque
ainda estamos a construir a nossa
massacrítica.Aáreados‘contact’e
‘call centers’ é também uma área
clássica. E existem muitas operaçõesdessasaNorteeemtodooPaís.
VI | Edição Especial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013
.
Serviços partilhados do futuro
Ricardo Castelo
SECTOR PÚ BLI CO
Somos ou não
competitivos
nos serviços
partilhados?
Estilo de vida no País é
importante para atrair
investimentos de multinacionais
ALEXANDRA NORONHA
[email protected]
Seráqueasentidadespúblicasestão a fazer o que podem para
atrair centros de serviços partilhados(SP)paraPortugal?Opresidente da Câmara do Fundão,
Paulo Fernandes acredita que a
suaautarquiaéumexemplo.“Colocamos no acordo de empresaa
criaçãodeum‘hub’.Umabolsade
casas durante um contrato de fidelização comasociedade. Mostramosquantocusta.Equeosvalores em causa são mais competitivosnoFundãoqueemMarrocos, Roménia, Polónia. E tratamos da formação avançada, que
montamos em quatro meses”,
disse o responsável daautarquia
que foi notícia este ano por captar um investimento de milhões
damultinacional Altran.
A atracção de investimentos
neste sector é a especialidade da
plataforma‘Atlantic Nearshore’.
LuísSottomayor,fundadordainiciativaexplicou,duranteaconferência da Ernst & Young (EY)
“ServiçosPartilhadosdoFuturo”.
“Oquefizemosfoireuniracaptaçãodeoperaçõesinternacionais
deserviços.Umdelessãoasáreas
de BPO (serviços financeiros) as
outras são fábricas de software e
outrasoscentrosdeengenharia”,
explicouoresponsável.“Hámuitos recursos potenciais que não
estão aserusados”, adiantou.
Do lado da AICEP (Agência
paraoInvestimentoeComércio
Externo de Portugal) Luís Reis
explica como é que é apresentado a país a potenciais investidores no sector dos SP. “No dia a
dia, os processos começam por
pedirinformaçãosobrerecursos
humanoseoutrasquestões. Etemosumainformaçãoquedisponibilizamosasempresas.Tentamos assim colocar Portugal no
mapaparairmospassandonaselecçãoeestarna‘shortlist’doinvestimento emcausa. Claro que
fazemosonossomarketing,tiramos as coisas más e pomos as
boas”, admitiu o ‘Key Account
Manager’ daAICEP.
Luís Sottomayorcontouainda que “já tivemos reuniões em
universidadeseempresas.Secalhar as instituições de ensino
mais pequenas são as mais abertas e ágeis. As maiores porvezes
são mais resistentes”. O mesmo
responsáveldisse aindaque “estamos também a casar o sector
público com o privado. Muitas
vezes não sabem a linguagem
uns dos outros. Por exemplo, as
empresas devem participar em
módulos de formação. Se calhar
temos um professor licenciado
emengenhariadesempregado e
podemos integrá-lo”, explicou
Luís Sottomayor.
Trazê-los cá é importante
Osresponsáveisdosorganismos
públicos realçam que trazer a
Portugalos futuros investidores
é um passo importante. “Um
dos factores de atracção de Portugal é o estilo de vida”, salientou Paulo Fernandes. Luís Reis
diz que “quando conseguimos
chegar ao ponto de os trazer cá,
depois é mais fácil”, realçou o
responsável da AICEP.
“Desde Agosto que temos um
projecto que pode chegara1.500
engenheiros.Econseguimosque
as universidades recebessem a
empresa”, explicouLuís Reis.
JúlioEsteves,daSolvay,interveio daplateiaparasalientarque
acredita “estamos no centro do
mundo”,deacordocomosmapas
que foram feitos pelos europeus.
“Enãopodemostrataraspessoas
como se fossem atrasados mentais”, concluiu o responsável dos
SPdamultinacionalquímica.
Instituições públicas promovem país | Mas ainda há muito a fazer para captar investimento.
Já tivemos
reuniões em
universidades
e empresas. Se
calhar as mais
pequenas são
as mais abertas
e ágeis.
LUÍS SOTTOMAYOR
Fundador, Atlantic Nearshore
Claro que fazemos
o nosso
marketing,
tiramos as coisas
más e pomos
as boas.
LUÍS CARMO REIS
Key Account Manager, AICEP
Os valores em
causa são mais
competitivos no
Fundão que em
Marrocos,
Roménia e
Polónia.
PAULO FERNANDES
Presidente da Câmara do Fundão
Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 14 de Novembro de 2013 | Edição Especial | VII
.
I N STI TU I ÇÕE S
PÚ BLI CAS
À CAÇA DE SP
Fundão delineou
estratégia
sem apoio
Paulo Fernandes, presidente da
Câmara do Fundão, explicou que o
município não contou com grandes
apoios. “Esta questão do marketing,
de tornar as coisas mais ‘sexy’ é
interessante. Nós não fomos através
do AICEP. Lançamos um desafio de
virem programar em “open source”
para um palácio na região. E depois
veio o investidor. O “open source”
hoje está em locais de decisão, com
gurus que o promovem. Atrás
desses centros de investigação e
desenvolvimento vieram os Serviços
Partilhados”, adiantou.
CONFERÊNCIA DA ERNEST & YOUNG TEVE O PORTO COMO ANFITRIÃO
Durante uma manhã, no Porto, vários especialistas, empresários e representantes de entidades
públicas debateram o estado dos serviços partilhados em Portugal. Concluiu-se que o País tem
muito potencial, mas também que faltam acções de marketing para o dar a conhecer aos maiores
investidores. A organização, em parceria com o Negócios, foi da Ernst & Young em Portugal, uma
consultora que pode ajudar as multinacionais a escolher o nosso país para instalar os seus centros.
Fotos: Ricardo Castelo
Carlos Neves da CCDRN
e Christian Mertin da EY|
Especialista deu dicas à
instituição para captar
investimento.
AICEP “vende”
desempregados
às empresas
Christian Mertin | O ‘partner’
da Ernst & Young tem uma
experiência de vários anos na
área dos serviços partilhados.
Luís Carmo Reis, da AICEP, diz que o
país tem os recursos de base para
atrair mais investimentos em SP.
“Nos últimos 20 anos tivemos
muitas mudanças. Mais pessoas a
estudar engenharia. Temos muitas
parcerias institucionais temos uma
taxa de desemprego elevada. 126
mil têm curso universitário e que
podem ser força de trabalho para
os SP”, explicou. “Se falarmos de
salários e custos somos
competitivos” adiantou. E concluiu
que os preços dos escritórios são
competitivos”.
Recursos por usar,
diz a ‘Atlantic
Nearshore’
A ‘Atlantic Nearshore’, à imagem da
AICEP diz que há muito potencial
por explorar no país. “Há muitos
recursos que não estão a ser
usados. O suporte legal tem um
papel muito importante, mas ao
nível de sistemas fiscais nunca
vamos mudar se calhar a
necessidade dos nossos
governantes serem alteradores
compulsivos disso”. O responsável
salinetou ainda que “Queremos
trazer grandes eventos para o norte
e sobretudo consultoras”, explicou
Sottomayor.
Luís Carmo Reis |
A AICEP mostra a
estratégia para vender a
região e o País lá fora.
Conferência no Porto |
Empresários e representantes de
instituições públicas discutiram
captação de investimento.
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Portugal abre portas ao futuro dos serviços partilhados