PREVALENCIA DA DEFICIENCIA DE ANTITROMBINA III NA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA. o objetivo deste estudo foi avaliar os nfveis e a prevalencia da deficiencia de antitrombina III em pacientes com trombose venosa profunda. Forain estudados 87 pacientes com trombose venosa profunda atendidos no Hospital Escola da Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto durante 0 anos de 1996. Quarenta e oito eram do sexo feminino (55,2%) e 39 eram do sexo masculino (44,8%). A idade variou entre 26 e 67 anos com media de 42,6 anos. Todos os pacientes tiveram 0 diagn6stico de trombose confirmado por flebografia. A antitrombina III foi dosada por metoda coagulometrico, com avaliar;ao de sua atividade funcional. Foi registrada deficiencia de antitrombina III em 3 (3,4%) dos pacientes. Concluiu-se que a prevalencia da deficiencia de antitrombina III em pacientes com trombose venosa profunda, foi semelhante a observada na literatura. Jose Maria Pereira de Godoy Protdo SerV'l¢o de Angiologia VasculardaMMERP Selma R. Oliveira Raimundo Adinaldo Menezes da Silva Auxiliarde Ensino do Servi90 de Angiopogia e Cirurgia Vascularda FAMERP Luis Nagato Residenfe do Servi90 de Angiologia e Cirurgia Vascular daFAMERP Doroteia Silva Souza ProtDra do Servi90 de BioqufmicadaFAMERP Unitermos: Antitrombina III, Trombose venosa profunda A antitrombina III e urn dos principais anticoagulantes end6genos que limitam a conversao do fibrinogenio em fibrina na cascata de coagula9ao. Foi descrita por Brinkhous et al. em 1939 to, amplamente estudada por Seeger et al. em 1952 (21), abordada sob 0 aspecto hereditario por Egbert em 1965 (12) e teve sua redu9ao fUrlcional demonstrada por Sas et al em 1974 (20). Desde entao a associ a9ao da deficiencia da antitrombina ill com os quadros tromb6ticos tern sido bern estabelecida. A antitrombina III e sintetizada no figado e nas celulas endoteliais (14). Seu principal mecanismo de a9ao e a inativa9ao da trombina de forma progressiva e irreversfvel, seguindo uma cinetica de segunda ordem (1), e em menor propor9ao pelos outros fatores de coagula9ao (fatores Xa, A IXa, Xla, XIIa e calicrefna) (14). A neutraliza9ao da trombina e do fator Xa pela antitrombina ocorre por meio da intera9ao da heparina com a protease serica especffica envolvida (24). As deficiencias de antitrombina III podem ser decorrentes de causas hereditarias ou adquiridas, sendo determinadas por mecanismos que levam a redu9ao ou disfun9ao de sua sfntese e aumento do consumo ou de sua perda, via renal (12). A deficiencia hereditaria varia geograficamenteentre 1:2.000 a 1:5.000 habitantes (5). o objetivo deste estudo e avaliar a prevalencia da deficiencia de antitrombina III nos quadros de trombose venosa profunda de pacientes de urn Hospital Escola de Sao Jose do Rio Preto, estado de Sao Paulo. elR VAse ANGIOL: 14: 103-106 1998 Trabalho realizado no Servic;o de Angiologia e Cirurgia Vascular do Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto -SP Enderec;o para correspondencia Dr,Jose Maria Pereira de Godoy Av, Brigadeiro Faria Lima, 5416 15090-000 Sao Jose do Rio Preto - SP 103 Jose Maria Pereira de Godoy e Cols, TROMBOSEVENOSAPROFUNDA CAsufsTICA de fibrinogenio para 0 reativo ATIII e 0,2 ml de solu9ao de caulim, incu0 bando-se a solu9ao a 37 C por 120 segundos. Ap6s esse periodo acrescentou-se a mistura de coagula9ao 0, Iml do plasma incubado, agitandose seguido do registro do tempo de coagula9ao. Valores considerados normais pelo teste variam entre 80 e 120. Foram avaliados 87 pacientes com trombose venosa profunda em estudo prospectivo no Hospital de Base da Faculdade de Medicina de Sao Jose do Rio Preto, ao lange do ana de 1996. Destes, 48 (55,2 %) eram do sexo feminino e 39'(44,8 %) do sexo masculino A idade variou entre 26 e 60 anos com media de 42,6 anos. RESULTADOS A confirma9ao do quadro tromb6tico foi realizada por flebografia Dentre os 87pacientes com quade rotina. Foram excluidos os pacidro de trombose venosa profunda, entes politraumatizados, p6s cinirgiobservou-se deficiencia da cos e os que estavam em septiceantitrombina III em tres (3,4%), mia. Nao se levou em conta outtos cujos niveis mostraram-se inferiores fatores que pudessem interferir com a 80%. Em urn paciente foi detectaos niveis de antitrombina III e sim do valor acima de 120%, que e 0 apenas as trombose espontaneas. A valor maximo da normalidade (meavalia9ao da deficiencia da dia 100,4 +/- 17,2%, com valor maantitrombina III ocorreu entre 15 e ximo de 128% e minimo de 40%). 45 dias ap6s 0 epis6dio tromb6tico e o calculo de "odds ratio" e intervalo na vigencia de anticoagula9ao oral. de confian9a de 95% em rela9ao a Para determina9ao da atividade popula9ao normal de literatura foi de biol6gica da antitrombina III foi usa71,39 (IC 95% = 7,35 a 693,61). do 0 metodo coagulometrico. Tomou-se com uma seringa esteril uma parte de solu9ao tampao de citrato DISCUSS.AO (O,l1mol/l) e nove partes de sangue e misturou-se com cuidado para A prevalencia de deficiencia da evitar bolhas. 0 material foi coletaantitrombina III neste estudo (3,4%) do em tubo de ensaio e centrifugado encontra-se dentro dos limites obpor 10 minutos a 3.000 rpm (1500 g). • servados na literatura, cujos indices o sobrenadante foi extraido com variaram de 0,5% a 7,4 % pipeta e analisado dentro de quatro (2,4,7,9,11,13,15,16). Aumento de ruhoras em aparelho tipo Fibrintimer veis de antitrombina III foram rela(Behring), tomando-se 0 cuidado de tados em pacientes com doen9as dissolver 0 fibrinogenio com 1,5 ml coronarias (18), com transplantes rede suspensao de caulim. Para a donais e em pacientes tratados com sagem utilizou-se 0,2 ml do plasma anticoagulante oral 3, alem dos pordiluido 1:50 e 0,2ml de solu9ao do tadores de trombose venosa profunreativo ATIII (Behringwerke AG). da (23). A possibilidade dos pacieno material foi misturado e incubado tes terem aumento dos niveis de a 37°C por 240 segundos. Em uma antitrombina III em vigencia da segunda cubeta pre-aquecida a anticoagula9ao oral pode subestimar 37°C, colocou-se O,lml de solu9ao estes resultados. 104 A deficiencia da antitrombina III pode ser adquirida ou hereditaria, sendo que na hereditaria se observa maior risco tromb6tico entre 16 e 19 anos de idade, sendo que aos 35 anos dois ter90s ja apresentaram trombose (22). Nao foi objetivo deste estudo investigar a hereditariedade entretanto, a faixa etaria de 26 a 60 anos aqui estudada, reflete a investiga9ao em urn epis6dio tromb6tico especifico, nao obrigatoriamente no primeiro epis6dio. As deficiencias adquiridas de antitrombina III sao freqilentemente observadas em pacientes com trombose aguda, coagulopatias intravasculares disseminadas, doenc;as hepaticas e politraumatismos (6). Neste estudo constatou-se deficiencia de antitrombina III tambem nestes quadros, porem, foram excluidos uma vez que nos pacientes que sobreviveram elas foram normalizados. Evitou-se a avalia9ao da antitrombina III na fase aguda do quadro tromb6tico, devido a possivel redu9ao por consumo e de esporadica redu9ao de 10 a 15% do seu valor associada a administra9ao da heparina que retorna a niveis normais em 24 horas, embora esta redu9ao nao tenha significado trombogenico. Em torno de 70% dos pacientes com trombose venosa profunda e embolia pulmonar apresentam niveis reduzidos de antitrombina III no inicio do tratamento. Isto provavelmente por consumo e nao como causa tromb6tica com tendencia a retornar aos niveis normais em 24 horas (6). Existe correla9ao geral entre a gravidade do fenomeno tromb6tico e a redu9ao dos niveis de antitrombina III, sendo mais significante quanto maior a extensao do quadro tromb6tico (8). Novos estudos para avaliar a interferencia dos anticoagulantes orais elR VASe ANGIOL: 14: 103-106,1998 Jose Maria Pereira de Godoy e Cols. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA na prevalencia dessa deficiencia devern ser realizados. tratamento para os pacientes com deficiencia de antitrombina III e trombose aguda a heparina. Os concentrados de antitrombina III sao reservados para os casos de deficiencia congenita ou adquirida. o e CONCLUS.A.O A prevalencia da deficiencia da antitrombina III em pacientes com trombose aqui estudados foi semeIhante ao observado na literatura. A interferencia dos anticoagulantes orais sobre os nfveis dessa protefna deve ser melhor definida. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. Abildgaard U. Binding of thrombin to antitrombin III. Scan J Clin Lab Invest 24:23-26, 19692. Awidi AS, Abu-khalaf M, Salvi. Hereditary thrombophilia among 217 consecutive patients with thrombolitic disease in Jordan. Am J Hematol 44: 95-97,1993. 3. Barrowcliff TW, Johnson EA, Duncan T. Antitrombin III and heparin in plasma. Thromb Diath Haemorr 24:224-229, 1970. 4. Ben-Tal 0, Zivelin A, Seigsohn U. The relative frequency of hereditary thrombotic disorders. Thrombs Haemost 61: 50-56, 1989. 5. Bick RL. Clinical relevance of antithrombin III. 6. Bick RL Hipercoagulabilidade e tro bose. 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Briet E, Jakway J, Baker WE Deep vein thrombosis: prevalence of etiologic factors and results of management in 100 consecutive patients. Thromb Hemost 12: 267273, 1992. 10. Brinkhous KM, Smith HP, Warner ED. Inhibition of clotting and unidentified substance which act in conjunction with heparin to prevent the conversion of prothrombin to thrombin. Am J Physiol 125: 683187, 1939. 11. Candrina R, Goppini A, Salvi A. Arterial thrombosis in antithrombin III deficiency. Clin Lab Haematol 8: 267-272, 1986. 12. Egbert O. Inherited antithrombin deficiency causing thrombophilia. Thromb Diath Hemorrh 13: 516521, 1965. 13. Engesser L, Brommer EJP, Kluft C. Elevated plasminogen activador inhibitor (PAl), a cause of thrombophilia A study of 203 patients with familial or sporadic venous thrombophilia. Thromb Haemost 62: 673-677, 1989. 14. Ghan V, Chan TF Antithrombin III in CIR VASC ANGIOL: 14: 103-106, 1998 years). The clinical diagnosis ofDVT was confirmed by flebography. Antithrombin III was determined by the coagulometer method and by determination of its biological activity. It was found that the prevalence of antithrombin III deficiency was 3.4%. In conclusion, the prevalence of deficiency of antithrombin III in patients with DVP was similar to that observed in the literature among patients with DVf. Key words: Antithrombin III, deep venous thrombosis fresh and cultured human endothelial cells - a natural anticoagulant from the endothelium. Thromb Res.J5: 209-215, 1979. 15.Gladson CL, Scharrer I, Hach. The frequency of type 1 heterogenous protein S and protein C deficiency in 141 unrelated young patients with venous thrombosis. T/zromb Haemost 59: 18-23, 1988 16. Heijboer H, Brandjes PM, Buller HR. Deficiences of coagulation - inhibiting and fibroliytic proteins in outpatients with deep vein thrombosis. N Engl J Med 323: 1512-1517, 1990. 17. Kurachi K, Schmer G, Hermodson M. Inhibition of bovine factor Xa by antithrombin III. 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CIR VASC ANGIOL: 14: 103-106, VENALOT 23. Thomasini JA, Maffei FHA, Doering LC, Luan FC, Pellegrino Jr J, Curti PRo Antitrombina III am doentes com trombose venosa profunda. Rev Pat Clin 24:93-97, 1988 106 ® Informa~oes para Prescri~ao VENALOT ®-Composic;ao: Gada dragea contem: Gumarina (Benzopirona) 15mg I Troxerrutina 90mg I Excipiente q.s.p. 1 dragea. Indicac;6es: Sfndromes varicosas. varizes. hemorroidas. ulceras das pernas. Flebites. tromboflebites. periflebites. sfndrome pos-flebfticas. Estases linfaticas. Iinfangites, linfadenite. linfedemas. Estases venosas. edemas. arterite. Profilaxia da trombose pre e pos-operatoria e na gravidez. Profilaxia e tratamento de edemas e estases linfaticas pos-operatorias e pos-traumaticas. Braquialgias. cervicalgias. lombalgias. Contra-lndicac;6es: Hipersensibilidade conhecida aos componentes da formula. Hepatopatias graves. Precauc;6es: No 10 trimestre da gravidez. Venalot deve ser administrado sob acompanhamento medico. 0 uso de doses altas (mais de 3 drageas ao dial de Venalot. em tratamentos proJongados (mais de 1 mes de duragao), deve ser acompanhado de avaliagao da fungao hepatica, bem como do acompanhamento medico. Interac;6es Medicamentosas: Ate 0 momenta nao foram relatados casos de interagao medicamentosa com 0 usa do produto. Reac;6es Adversas: Podem ocorrer rubor (vermelhidao). disturbios gastrointestinais. cefaleia. Posologia: Os estudos c1fnicos recentes tem demonstrado a eficacia do produto com doses diarias que variam entre 1 a 6 drageas (2 drageas. tres vezes ao dial. A posologia media recomendada e de 1 dragea tres vezes ao dia; qualquer mudanga nesta posologia ficara a criterio medico. Conduta na Superdosagem: Na eventualidade de ingestao acidental de doses muito acima das preconizadas. recomenda-se adotar as medidas habituas de controle das fungoes vitais. Apresentac;ao: Embalagem com 20 drageas. VENALOT ®H Creme. Composic;ao: Gada 40 ml contem: Gumarina 200 mg; Heparina 2000 U. Indicac;6es: Tratamento local de afecgoes venosas e linfaticas: sfndrome varicosa. varizes. hemorroidas. ulceras das pernas. flebites. tromboflebites. sfndrome pos-flebftica. linfangite. Infiltragoes inflamatorias. hematomas e demais seqOelas de contusoes e entorses. Afecgoes articulares inflamatorias. Tratamento auxiliar das afecgoes venosas e linfaticas. ContraIndicac;6es: Nao deve ser usado em lesoes abertas ou em pacientes com hipersensibilidade conhecida aos componentes da formula. Precauc;6es: Nao utilizar proximo a mucosa para evitar irritagao local ou absorgao em excesso dos dos princfpios ativos. Interac;6es Medicamentosas: Ate 0 momenta nao foram relatados casos de interagao medicamentosa com 0 usa do produto. Reac;6es Adversas: Ate 0 momenta nao foram relatados casos de reagoes adversas com 0 usa do produto. Posologia: Aplicar 2 ou 3 vezes ao dia fina camada na regiao afetada. Tratamento concomitante com Venalot drageas a criterio medico. Conduta na Superdosagem: Na eventualidade de ingestao acidental de doses muito acima das preconizadas. recomenda-se adotar as medidas habituas de controle das fungoes vitais. Apresentac;ao: Frasco com 40 ml.