Conclusões da secção PAC e Agricultura Familiar Amigos Delegados: A secção I, sobre a PAC e a Agricultura Familiar, foi muito participada. O debate confirmou as posições que a CNA tem defendido publicamente e cujo essencial se encontra reflectido na Carta da Agricultura Familiar Portuguesa que está em debate neste congresso e que deverá ser aprovada. Foi de enorme oportunidade que a CNA – no ano (2014) em que a ONU declarou como Ano Internacional da Agricultura Familiar – tivesse realizado este seminário no seu 7º Congresso. A UE tem transformado os agricultores em meros produtores de matéria-prima ao mais baixo preço para o grande agro-negócio, para a indústria e para a distribuição. As “ajudas públicas” da PAC são mal distribuídas e, no essencial, vão parar ao bolso dos grandes proprietários, sem a obrigatoriedade de produzirem. A PAC tem esmagado a Agricultura Familiar e o Mundo Rural Português e defende modos de produção super-intensivos, que degradam o ambiente e os recursos naturais. Sempre que se conclui uma negociação da PAC, o Ministro da Agricultura e o Governo apressam-se a anunciar “grande vitória” da diplomacia portuguesa, mas reforma após reforma Portugal e os agricultores ficam sempre a perder. A mais recente reforma da PAC não foge à regra e vai agravar a situação. É uma reforma má para Portugal e para a Agricultura Familiar. É má para Portugal porque: 1/4 • Não aponta para a garantia da segurança e da soberania alimentares do nosso povo. • É contra preços justos à produção, prevendo menor poder de intervenção pública nos mercados, como é o exemplo da abolição do sistema de quotas no leite, que conduzirá a uma baixa de preços na produção e a um agravamento no rendimento dos agricultores, nomeadamente dos pequenos e médios. • Não assenta numa justa distribuição das ajudas entre países, produções e produtores, garantindo os apoios à pequena e média agricultura, e agrava as assimetrias. • Continua um processo de desligamento de ajudas com a atribuição de apoios sem obrigatoriedade de produzir, que tem como objectivo a diminuição da produção fazendo aumentar o défice na balança de pagamentos agro-alimentares. • Aumenta a complexidade do sistema, nomeadamente no primeiro pilar, com o objectivo de também nesta matéria fazer uso do poder discricionário, já que limita a própria tomada de posição por parte dos agricultores e dos cidadãos. Ao contrário da mensagem que o Governo quer fazer passar para a opinião pública, a agricultura nacional e os agricultores passam por tempos muito difíceis. Há falta de escoamento de muitos produtos da nossa agricultura, mantendo-se, assim, em baixa os rendimentos das Explorações Agrícolas Familiares. Em Portugal, mais de metade dos agricultores têm mais de 65 anos. Com estes números é todo o futuro do sector que está comprometido. A instalação de jovens e as medidas de apoio a essa instalação têm sido sucessivamente usadas como propaganda, que atira muitos jovens agricultores para o investimento dirigido a certas produções, na miragem dos anúncios de lucros garantidos a partir da exportação de produtos, sem assegurar o seu futuro, na base de escoamento a preço justo da produção. Os ataques à agricultura familiar têm sido muitos nestes 36 anos. O grande agro-negócio multinacional que hoje representa interesses que vão desde o sector financeiro e as suas actividades altamente especulativas, até ao sector da indústria química e biológica, tem montado um autêntico cerco aos pequenos e médios produtores. 2/4 Viva a Agricultura Portuguesa Viva CNA Penafiel, 23 de Novembro de 2014 7º Congresso da CNA e da Agricultura Familiar Portuguesa 3/4