UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
A TRADUÇÃO COMO QUINTA HABILIDADE NO ENSINO DE LE
ROSA CHRYSTINA FERREIRA MAGALHÃES BEZERRA
Orientadora: Profª Drª Luciane Leipnitz
João Pessoa – PB
2014
ROSA CHRYSTINA FERREIRA MAGALHÃES BEZERRA
A TRADUÇÃO COMO QUINTA HABILIDADE NO ENSINO DE LE
Trabalho apresentado ao Curso de
Licenciatura em Letras da Universidade
Federal da Paraíba como requisito para
obtenção do grau de Licenciado em
Letras-Inglês.
Orientadora: Profª. Dra. Luciane Leipnitz
João Pessoa – PB
2014
B574t
Bezerra, Rosa Chrystina Ferreira Magalhães.
A tradução como quinta habilidade no ensino de
LE / Rosa Chrystina Ferreira Magalhães Bezerra.-- João
Pessoa, 2014.
60f. : il.
Orientadora: Luciane Leipnitz
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC
(Graduação) – UFPB/CCHL
1. Língua estrangeira - ensino. 2. Atividades
tradutórias.
UFPB/BC
82'243(043.2)
CDU:
Dedico a todos os professores e pesquisadores
da área de Ensino e Tradução.
“Translation is not a matter of words only:
it is a matter of making intelligible a whole culture.” –
Anthony Burgess
AGRADECIMENTOS
Ao olhar para o tempo que passou, ver que estou concluindo o curso de Letras com
habilitação na língua inglesa e vencer as dificuldades e obstáculos, a única coisa que me resta
é ter um coração grato por tudo o que passei no período da minha graduação. É neste
pensamento que quero deixar registrado o meu agradecimento aos colaboradores que direta
ou indiretamente tiveram um papel fundamental para a conclusão deste trabalho.
Agradeço:
Ao DEUS único e verdadeiro por me permitir chegar aonde eu cheguei e poder concluir este
curso.
Ao meu marido André Medeiros, que por tantas vezes foi o suporte em tempos difíceis e por
ter tanta paciência quando a minha já não era mais suficiente;
A minha mãe Rosa Maria Magalhães, que com o adágio “cumpra o seu dever suceda o que
suceder” me ensinou a cumprir o meu dever e a sempre terminar o que começo, não
importando as circunstâncias;
Aos meus muitos colegas de curso e também irmãos em CRISTO, que estiveram orando por
mim e me deram palavras de incentivo para que a conclusão do meu curso fosse uma
realidade.
Um agradecimento especial a minha amiga Danielle Carvalho, que foi o meu apoio intelectual
durante a confecção deste trabalho e a professora Jaqueline Medeiros que permitiu a
realização desta pesquisa em sua sala de aula.
A minha orientadora e professora Drª Luciane Leipnitz, que mais acreditou em mim do que eu
mesma e, por fim, a todos aqueles, que mesmo sem me conhecer, me influenciaram
positivamente e não me deixaram desistir.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar a tradução como mais uma habilidade a ser
desenvolvida em sala de aula de LE, como também demonstrar, através de atividades
tradutórias, que o uso da tradução contribui para ampliar os conhecimentos na língua
estrangeira e desenvolver a autonomia dos aprendizes na busca e melhor escolha de
significados, de modo que compreendam também os aspectos culturais, além dos linguísticos
de cada palavra e frase para o uso correto na LE (BRANCO, 2010). Para atingir esses
objetivos, a pesquisa foi organizada em duas etapas distintas, mas complementares. Em um
primeiro momento, foram aplicados questionários investigativos com a intenção de avaliar as
opiniões prévias dos professores com relação ao uso da tradução em sala de aula de LE. Na
sequência, foram aplicadas atividades tradutórias com a intenção de confirmar ou não as
opiniões expressas nos questionários. A observação dos resultados da aplicação das atividades
revela, em primeira instância, que o uso de atividades tradutórias em salas de aula de LE
promove o desenvolvimento das habilidades linguísticas do aluno, levando-o a um
conhecimento mais aprofundado sobre as questões que envolvem a segunda língua. Essas
observações se contrapõem à noção errônea e ainda presente, revelada pela análise dos
questionários aplicados aos professores, que consideram que as atividades tradutórias em sala
de aula de LE não contribuiriam para o desenvolvimento linguístico do aprendiz de LE.
Palavras-chave: Ensino, Língua Estrangeira, Atividades Tradutórias
ABSTRACT
The objective of this paper is to present translation as another skill to be developed in the FL
classroom, as well as, to demonstrate through translational activities that the use of translation
helps to expand knowledge in the foreign language and to develop the autonomy of learners
in the pursuit and choice of meaning, so that they also understand the cultural, in addition to
the linguistic, aspects of each word and phrase for proper use in FL (BRANCO, 2010). To
achieve these objectives, the research was organized into two distinct but complementary
stages. First, teachers answered an investigative questionnaire, with the intention of
evaluating preconceived notions regarding the use of translation in the FL classroom. Next,
translational activities were conducted with the intention to confirm or refute the opinions
expressed through the questionnaires. Observing the results of the implementation of the
activities, we found, in the first instance, that the use of translational activities in FL
classrooms promotes the development of the student’s language skills, bringing him to a
deeper understanding of the issues surrounding the second language. These observations are
contrary to the still present error held by teachers, as revealed through the analysis of the
questionnaires, that translational activities in the FL classroom would not enhance a FL
apprentice’s linguistic development.
Keywords : Education , Foreign Language, Translational Activities
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................11
1. LINGUA, LINGUAGEM E TRADUÇÃO..........................................................................16
2. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DAS ATIVIDADES TRADUTÓRIAS................23
2.1 Questionários ...............................................................................................................23
2.2 Atividades em sala de aula............................................................................................24
3. ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................26
3.1 Análise e resultado dos questionários..........................................................................26
3.2 Análise e resultado das atividades aplicadas em sala de aula de LE............................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................34
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................37
ANEXOS..................................................................................................................................39
Anexo 1 – TCLE
Anexo 2 – Termo de Assentimento
Anexo 3 – Atividade 1 – Unidade 11
Anexo 4 – Atividade 2 – Unidade 18 – Parte 2
Anexo 5 – Atividade 3 – Tirinha Calvin
Anexo 6 – Atividade 4 – One to one Coaching
Anexo 7 – Atividade 5 – Cloud computing
APÊNDICES............................................................................................................................49
Apêndice 1 – Questionário Tradução
Apêndice 2 – Roteiro das atividades
Apêndice 3 – Relatório de observação Unidade 11- 1º dia
Apêndice 4 – Relatório de observação Unidade 18 – 2º dia
Apêndice 5 – Relatório de observação Tirinha Calvin – 3º dia
Apêndice 6 – Relatório de observação One to one Coaching – 4º dia
Apêndice 7 – Relatório de observação Cloud computing – 5º dia
Apêndice 8 – Imagens
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Uso da tradução em sala de aula
Gráfico 2 – Modo de uso da tradução
Gráfico 3 – Uso de atividades tradutórias
Gráfico 4 – Opinião sobre o uso da tradução
Grafico 5 – Papel da tradução na aprendizagem
11
INTRODUÇÃO
Por muito tempo a tradução foi vista como pedra de tropeço pela maioria dos teóricos e
estudiosos da área de ensino de língua estrangeira (LEFFA, 1989). Porém, com o advento da
Linguística Aplicada, de novas teorias e métodos de ensino, essa visão tem se modificado e vem se
tornando fundamental ao amadurecimento do processo de ensino/aprendizagem, somando mais
opções para se atingir o objetivo comum - a aprendizagem de uma língua estrangeira (LE).
Apesar da controvérsia do uso da tradução em sala de aulas de LE, não há registro de
pesquisas que comprovem a ineficácia de seu uso ou seus malefícios. O não uso da tradução no
processo de ensino-aprendizagem tem se baseado exclusivamente no método de Gramática e
Tradução, no qual as traduções são descontextualizadas de sentido, afastadas do uso real da língua e
da cultura a qual pertencem. Após esse período, em que se fez uso indevido da tradução, houve um
ato extremista de excluir a tradução do ensino de LE não mais permitindo o seu uso em sala de aula.
Não foram permitidas nem mesmo alternativas ao seu uso, que afastasse a impressão de que a
tradução era prejudicial (BRANCO, 2010).
De acordo com Leffa (1989), quem esquece o passado está fadado a repetir os mesmos erros
e condenará o futuro, ou seja, sem aprendizado com os próprios erros, não teremos chances de
mudar o futuro. No histórico educacional do ensino de LE no Brasil, houve muito descaso no
terreno do “como fazer” para assuntos relacionados às línguas estrangeiras e toda metodologia que
tem o ensino de LE como foco. Usaram-se metodologias ultrapassadas, houve demora na mudança
de conceitos com relação à língua estrangeira, por exemplo, o conceito de língua como instrumento
da época difere do conceito atual de língua como interação social (ABAURRE, 2003), sem falar nas
línguas chamadas “mortas”, escolhidas como segunda língua a ser aprendida. Foi nesse contexto
que “cresceu” o conceito de língua no Brasil e as metodologias de ensino de LE. Ainda hoje, salvo
algumas nuances diferentes, permanece o mesmo modo de tratar a língua estrangeira, mas ainda
assim a LE não é considerada uma disciplina de importância como a Matemática e a Física, por
12
exemplo. O que aconteceu foi a cristalização no modo de ver a LE. Permaneceram os mesmos
costumes arraigados, os mesmos processos de escolha do “como fazer”. Esses conceitos precisam
ser analisados sob a ótica científica o mais rápido possível, para que essas mudanças desses
conceitos sejam mais precisas e objetivas.
Contudo, com o desenvolvimento das pesquisas linguísticas e a aplicação de atividades
tradutórias em salas de aulas de LE foi possível ampliar o caminho do processo de
ensino/aprendizagem e oferecer aos aprendizes de LE uma gama de oportunidades para o
aprendizado de uma segunda língua. Essas novas formas, as pesquisas linguísticas e o uso da
tradução em sala voltados para o processo de ensino/aprendizagem, expandiram o campo de ensino
do léxico incluindo considerações sobre a cultura, assim como também a consciência da estrutura
da língua como um todo.
Como aluna do curso de Letras-Inglês tive muitas dificuldades com o uso da língua
estrangeira em sala de aula. Foi através da tradução que consegui aprofundar minha compreensão
sobre os muitos significados que permeiam as palavras, os enunciados e os textos. Passei então a
me colocar no lugar daqueles que sentem essa mesma dificuldade. Através das aulas de estágio
passei a considerar o valor da tradução como ponte para o ensino de LE, pois muitas vezes precisei
utilizar o recurso da tradução para que os alunos de escolas públicas pudessem chegar ao
entendimento de um texto.
Essas experiências nos levaram a pensar sobre o processo de ensino de LE no Brasil e
sobre todas as teorias a ele relacionadas. A partir das experiências de estágio nas escolas públicas,
fomos percebendo o quanto se tornava necessária a introdução da tradução no processo de ensino de
LE, não como a tábua de salvação, mas como um importante auxílio no processo de aprendizado de
uma língua estrangeira.
13
As aulas de LE são feitas de momentos: Momentos de ouvir a língua, uma música, uma
reportagem e refletir sobre o que se está ouvindo; momentos de falar e de se comunicar, dizendo ao
outro o que pensa e o que sente, ou seja, tempo de expressar-se; momentos de ler um livro, um
jornal, uma revista e, assim, permitir-se o acesso ao conhecimento em uma outra língua. E
momentos de escrever um texto, um parágrafo, um diário, por exemplo. E por que não ter um
momento de traduzir? Traduzir uma música, sentimentos, pensamentos, um parágrafo, um texto,
fragmento de um livro, a notícia de um jornal e, a partir desses processos tradutórios, tentar
compreender uma cultura, uma expressão, um falar diferente e comparar este “como se fala” nas
duas línguas – a materna e a estrangeira.
Sabemos, como já referimos, que houve um momento em que a tradução foi vista como
um mal que precisava ser retirado da sala de aula de LE (DUFF, 1989). Mas nos perguntamos:
como retirar algo que sempre existirá na mente dos alunos, independente do controle do professor,
pois o processo tradutório é algo instintivo para aprendizes de LE (BRANCO, 2010).
Esses conceitos de que a tradução precisa ser evitada a todo custo nas salas de aula de LE
vem, como já referimos, dos primórdios da educação, quando se aplicava o método GT (Gramática
e Tradução), no qual utilizava a tradução desprovida do contexto de uso e isolada dos aspectos
culturais (LEFFA, 1989).
Então, tomando como base o argumento de que só foi considerado um pequeno período
histórico para condenar o seu uso, se faz necessária a execução de pesquisas e de estudos mais
aprofundados sobre a tradução em sala de aula de LE, para que se tenha uma visão mais ampla
sobre os resultados de sua aplicação devidamente alicerçada em dados científicos.
Também vale lembrar que, nas aulas de LE, são trabalhadas paralelamente as quatro
habilidades, sem que uma das habilidades precise ser deixada de lado ou rechaçada em favor de
outra. Ou seja, há um momento para cada habilidade. Nesse mesmo sentido, utilizar a tradução em
aulas de LE seria introduzir uma habilidade a mais a ser trabalhada em sala, devidamente encaixada
14
no momento adequado e por meio de atividades tradutórias que visem exercitar as demais
habilidades. Utilizando exercícios de tradução devidamente preparados, como mostraremos no
decorrer desta pesquisa, podemos fazer convergir as quatro habilidades em uma só atividade. Nelas,
os alunos leem, ouvem, falam e escrevem sob a supervisão do professor.
Esta pesquisa tem como objetivo geral mostrar que o uso de atividades tradutórias em
aulas de LE pode ajudar no processo de aprendizagem, assim como pode ampliar os horizontes do
aluno com relação à aquisição de conhecimentos linguísticos e culturais na língua estrangeira.
Por meio da inserção de atividades tradutórias, pretende-se apresentar aos professores de
LE uma nova perspectiva sobre o uso da tradução, buscando comprovar a eficácia de seu uso em
sala como mais uma habilidade a ser trabalhada no processo de aprendizagem de uma segunda
língua.
Busca-se promover a conscientização, por parte do professor de LE, de que uso da
tradução em sala de aula pode ser útil no processo de aprendizagem de LE e de que ele pode tornar
as atividades tradutórias parte da sua rotina em sala de aula, de modo a deixar a sombra dos
preconceitos até então existentes.
Considerando esses fatos sobre o uso da tradução em sala de aula de LE, a nossa
justificativa para o desenvolvimento desta pesquisa e os objetivos que pretendemos alcançar ao
longo do percurso, esta pesquisa está organizada da seguinte forma:

Inicialmente levantamos alguns conceitos sobre língua e linguagem, apresentando a língua
em seu aspecto sociointeracional e permeada da cultura em que está inserida.

Na sequência, apresentamos o modo de abordagem da tradução ao longo dos tempos no
ensino de LE e as perspectivas mais atuais com relação a sua inclusão como atividade de
interação dentro da abordagem comunicativa no ensino de LE.

Na metodologia, apresentamos as duas etapas e como foi realizada a pesquisa. No primeiro
15
momento aplicamos o questionário. No segundo momento, aplicamos as atividades
tradutórias em sala de aula de LE com observações devidamente anotadas para futuras
análises. Em seguida finalizamos este trabalho com os resultados das análises e algumas
considerações finais.
16
1. LÍNGUA, LINGUAGEM E TRADUÇÃO
1.1 Conceitos de Língua e Linguagem
Uma questão essencial para quaisquer discussões a respeito de ensino de LE é definir
conceitualmente o que é língua e linguagem. Com base nos estudos linguísticos de Bernadete
Abaurre (2003), apresento aqui alguns dos conceitos sobre língua e linguagem. De acordo com
Abaurre (2003, p 15), língua é um sistema organizado e tão mutável e instável como o próprio ser
humano é. A língua está dentro da linguagem, e esta é como um “trabalho de sujeitos situados
histórica, social e culturalmente”. Qualquer estudo de língua deve considerar estes três pilares
fundamentais, mesmo que o foco se restrinja a apenas alguns aspectos estruturais dos sistemas
linguísticos. Desta forma, língua e linguagem acontecem no campo social, nas relações
interpessoais, entre sujeitos inseridos numa sociedade.
De acordo com Abaurre (2003 p.14), há um vínculo muito forte entre língua, linguagem e
sociedade o qual não se pode desconsiderar. A cultura e os modos de pensamentos dos sujeitos
influenciam a linguagem e esta relação estreita é uma via de mão dupla que condiciona o nosso
modo de pensar. Tomando como ponto de partida esses princípios de língua, linguagem e cultura,
comparo aqui com o que Branco (2011, p.170) afirma: que não se pode apagar os conhecimentos
anteriores do sujeito e nem exigir que este não use a língua materna como suporte no aprendizado
de outra língua. A língua materna tem o seu papel e pode ser utilizada como recurso na elucidação
de significados, como também na comparação das estruturas das duas línguas.
Ainda de acordo com Abaurre (2003, p.15), existe também uma forte relação entre língua,
pensamento e cultura e esta relação “condiciona a nossa maneira de pensar, portanto tem reflexo no
âmbito cognitivo”. É necessário, então, que o sujeito seja preparado para pensar em outra língua
sem se desligar totalmente das suas origens linguísticas. É por aqui que se pretende refletir sobre a
17
tradução como mais uma habilidade a ser desenvolvida em sala de aula de LE. Por meio de
atividades tradutórias, tem-se o desenvolvimento cognitivo, através da transferência de
conhecimentos da língua materna para a língua estrangeira e vice-versa. Desta forma, a tradução
pode habilitar os alunos pela comparação a conhecerem duas estruturas linguísticas distintas no
momento que avançam no aprendizado da língua estrangeira. Esta comparação pode consolidar o
conhecimento da língua materna e abrir passagem para uma nova língua.
1.2 A tradução no ensino de língua
Segundo Geraldi (2011, p.13), “a língua é um produto de um trabalho social e histórico
de uma comunidade” e este mesmo produto está sempre em construção, é um produto inacabado.
Partindo desta afirmação, a tradução em sala de aula pode ser inserida como mais um fator para
ajudar na construção desse produto final – a efetiva aprendizagem da LE. Oferecidas através das
interações professor/aluno e aluno/aluno como elo comunicativo entre as duas línguas, materna e
estrangeira, a tradução transforma o aprendizado em uma via de mão dupla. Branco (2010, p.6)
afirma que:
A visão funcionalista enxerga a atividade de tradução como interação. Tal atividade
pode ser vista como uma ponte que conecta duas pessoas separadas pela barreira
linguística e/ou cultural. Os tradutores possibilitam a comunicação entre membros
de culturas distintas, transmitindo conhecimento e proporcionando comunicação.
Sendo a tradução entendida como uma habilidade que promove a interação social, cultural
e histórica de uma comunidade, como um processo comunicativo que ultrapassa as barreiras
culturais e linguísticas, deveria ser considerada uma atividade com um largo alcance nos processos
de ensino/aprendizagem de LE (DUFF, 1989, p.5). Ao ser entendida dessa forma, a tradução
passaria a ser integrada como um recurso didático de alta performance, que pode ajudar os alunos a
uma compreensão mais ampla da língua estrangeira e desenvolver a autonomia em direção ao seu
18
aprendizado. Contudo, existem algumas razões pelas quais a tradução ainda não é vista desta forma
ou é vista de forma equivocada por parte dos professores de LE. Essa falsa ideia sobre a tradução
em sala de aula tem sido diretamente relacionada a atividades com pouco ou nenhum desafio para o
aluno, ou seja, são atividades enfadonhas e desprovidas de contextos de uso, que exigem muito
tempo/empenho para serem aplicadas. Na introdução do seu livro Translation (1989), Duff
apresenta alguns dos muitos motivos expostos pelos professores para não aplicar as atividades de
tradução em suas aulas de LE. Segue abaixo as seguintes afirmativas:
[...] a) Se resume apenas a duas habilidades: Leitura e escrita e não é uma atividade comunicativa
porque não envolve nenhuma atividade oral;
b) Não cabe o seu uso nas atividades porque consome tempo da aula portanto é perda de tempo;
c) É associada a uma linguagem diferenciada de textos literários ou científicos e não cabem nas
necessidades gerais dos alunos;
d) O uso da língua materna é requerida, mas não é desejável;
e) É enfadonho tanto corrigir como o fazer da atividade (DUFF 1989, p 5-6).1
Na primeira afirmativa tem-se que as atividades tradutórias se resumem a apenas duas
habilidades: leitura e escrita. De acordo com Duff (1989, p.6-7), a tradução pode sim ser usada de
várias formas, inclusive com outras habilidades como a fala e o ouvir da língua. Ou seja, o trabalho
com atividades tradutórias em conjunto com outras habilidades treina o ouvido, a fala, melhora a
competência linguística de construir significados diferentes do texto ensinado. Mesmo apresentando
textos, o professor pode interpretar o papel de facilitador e, assim, promover discussões acerca de
significados, do uso da língua estrangeira e comparar com a língua materna do aluno.
Ainda de acordo com Duff (1989 p.6), a competência em uma lingua é um caminho de
duas mãos e não de uma só mão. O aluno ao mesmo tempo em que aprende a ler e escrever, reflete
e faz perguntas na sala. Trata-se, portanto, de um aprendizado multifacetado. Em todas as
dimensões, o conhecimento pode ser transferido ao aluno por meio da prática em uma atividade
tradutória. De acordo com a segunda afirmativa, a maioria dos professores acredita que as
1
[...] a) it is a text-bound, and confined to only two skills, it is not a communicative activity because it involves no oral
interaction; b) it is not a suitable for classroom work because it is also time-consuming and wastful; c) It is associated
with “diferent language” with literary or scientific texts, and is not suited to the general needs of the language learners;
d) Use of the mother tongue is required, but this is not desirable; e) it is boring – both to do, and to correct (DUFF, 1989
p.5-6, minha tradução).
19
atividades tradutórias tomam muito tempo e que, por isso, sua utilização em sala de aula seja perda
de tempo. Contudo, de acordo com Harmer (1998 p.13), uma das qualidades de um bom professor é
a administração do tempo, devendo ser também capaz de ensinar e inspirar os alunos ao “tornar as
aulas mais interessantes para que os alunos não caiam no sono”. Portanto, não compete à atividade
em si a responsabilidade, mas sim ao professor de tornar o ensinar/aprender mais interessante, com
dinamismo e interação entre as partes envolvidas no processo.
Na terceira afirmativa tem-se que as atividades tradutórias são associadas a textos
literários e científicos por terem uma linguagem diferenciada, portanto, não cabem nas necessidades
gerais dos alunos. Para essa afirmativa, Duff acrescenta:
Dependendo da necessidade do aluno e do programa do curso, o professor pode
selecionar material para ilustrar aspectos específicos da língua e da sua estrutura
com os quais o estudante tenha dificuldade em ingles (por exemplo, preposições,
artigos, orações condicionais, voz passive). A partir do trabalho com essas
dificuldades na lingua mãe, os alunos podem perceber o link entre a linguagem
(gramática) e o uso (DUFF, 1989, p.7).2
O professor deve então escolher o material que leve em consideração o nível dos alunos,
como também sua posição cultural e social e, assim, fazer um trabalho direcionado com esses
materiais escolhidos por ele como profissional da área de ensino. Esse material deve provocar
discussões orais e/ou escritas, promovendo a expressão de opiniões entre alunos e professor.
Mesmo que os textos literários ou científicos apresentem linguagem diferenciada, esta faria parte da
vida do aluno, uma vez que todos almejam ingressar em algum curso acadêmico em sua vida adulta.
Dessa forma, essa linguagem diferenciada passa a fazer parte do rol de necessidades dos alunos,
como também parte das atividades tradutórias, transformando-se em mais um meio de promoção de
discussões sobre língua estrangeira, que venha a se somar ao processo de aprendizagem do aluno
em desenvolvimento.
2
Depending on the student's needs, and on the syllabus, the teacher can select material to illustrate particular
aspects of language and structure with which the students have difficulty in English (for instance, prepositions, articles,
if-clauses, the passive). By working through these difficulties in the mother tongue, the students come to see the link
between language (grammar) and usage. (DUFF, 1989, p. 7, tradução minha).
20
Na quarta afirmativa fala-se do uso da língua materna sendo esta não desejável. Mas com
base em que este uso não é desejável? De acordo com Branco (2011, p.270), não se pode apagar os
conhecimentos anteriores do sujeito e nem exigir que este não use a língua materna (LM) como
suporte no aprendizado de outra língua. A língua materna tem o seu papel e pode ser utilizada como
recurso na elucidação de significados, como também na comparação das estruturas das duas
línguas. Há, portanto, ganho de conhecimentos para o aluno em vários aspectos, dentre estes estão
a visão ampliada de dois códigos linguísticos e a compreensão de uso segundo a cultura da língua
em comparação com a língua materna.
Na quinta e última afirmativa o uso de atividades de tradução é referido como enfadonho,
tanto o corrigir como o fazer da atividade. Como dito anteriormente, para essa afirmativa Harmer
(1998, p.13) diz que ao professor cabe tornar as aulas interessantes para que os alunos mantenham o
interesse em aprender até o fim. Portanto, não é da atividade em si a responsabilidade de tornar a
aula interessante, e sim do professor. Essas e muitas outras crenças sobre o uso da tradução em
aulas de LE são mantidas até os dias de hoje pelos professores, mesmo não havendo nenhuma
pesquisa ou estudo que comprove a ineficácia do uso da tradução. Todas estas teorias e crenças são
embasadas no método GT (Gramática e Tradução). Há, portanto, ainda a necessidade de pesquisa
mais aprofundada, para que se comprove ou não a ineficácia do uso da tradução nas aulas de LE.
Para tanto, uma pergunta emerge de nossa mente: É possível para o sujeito falante de LM aprender
uma LE sem traduzir? Em sua pesquisa, Branco (2011, p.170) afirma que:
[…] é impossível exigir que o aluno não utilize sua LM, pois a vivência do aluno –
sua educação inicial, seu conhecimento de mundo, sua cultura, suas crenças, etc. –
é estabelecida em LM, portanto, pedir que o aluno pare de pensar em sua LM
significa apagar o sujeito em sua essência.
21
Aniquilar o sujeito significa deixar de lado tudo o que ele aprendeu e começar do zero,
desconsiderando inclusive toda a sua bagagem cultural. Não seria um ato imperialista suprimir a
língua materna em detrimento dessa segunda língua? Não defendemos o uso constante da tradução,
nem muito menos que seja uma aula inteira só dedicada ao traduzir, mas que as atividades
tradutórias sejam orientadas e supervisionadas pelo professor em sala de aula, de modo a promover
a fluência em língua estrangeira, acelerando o processo de aprendizagem. As atividades tradutórias
seriam apenas um dos muitos momentos da aula. Com o uso da tradução como atividade
supervisionada, esse aluno passa a compreender os fenômenos linguísticos usando a língua materna
como fator de comparação; passa a entender as particularidades de cada língua como fatores
culturais e sociais (BRANCO, 2010). Ainda de acordo com Dias Pinto (s.d., p.4), as atividades
tradutórias com seus momentos de correção em sala levam o aluno a uma análise mais objetiva e a
uma reflexão até mesmo no campo gramatical tanto da língua estrangeira como da sua própria
língua. Nesse contexto, a exigência de atenção é muito maior em relação aos elementos da língua do
que em uma atividade que envolva outra habilidade.
Para entendermos as afirmações acima sobre a relação da tradução com o ensino de LE é
necessário voltar um pouco atrás na história do ensino de línguas no Brasil.
No período inicial da história do ensino de LE no Brasil dava-se muita ênfase ao
aprendizado de outras línguas, principalmente as clássicas: o grego e o latim. Com o tempo, foram
introduzidas as chamadas línguas modernas: francês, inglês, italiano e alemão. Contudo, houve
dois fatores que influenciaram negativamente o avançar do ensino dessas línguas: a falta de
metodologia adequada e a má administração do sistema de ensino por parte dos governantes da
época da colonização (LEFFA, 1999 p.4). O uso da mesma metodologia tanto para as línguas
clássicas como para as línguas modernas demonstra que não havia pesquisas sobre o ensino de
línguas estrangeiras e as decisões eram tomadas com bases em senso comum, ou seja, permanecia o
uso da tradução e da gramática, o ato de traduzir textos descontextualizados e analisar estruturas
22
gramaticais. Quanto à administração das escolas na época, pouca ou nenhuma preocupação
demonstrava com as disciplinas de línguas estrangeiras. É nesse contexto que o conceito de
tradução se fundamentou e permanece estagnado nesta perspectiva equivocada até os dias de hoje.
Segundo Leffa (1999, p. 4),
A metodologia para o ensino das chamadas línguas vivas era a mesma das línguas
mortas: tradução de textos e análise gramatical. A administração, incluindo
decisões curriculares, por outro lado, estava centralizada nas congregações dos
colégios, aparentemente com muito poder e pouca competência para gerenciar a
crescente complexidade do ensino de línguas.
Com a ausência de uma metodologia adequada e a falência administrativa, abriu-se uma
lacuna sem precedentes no ensino de LE. Essa lacuna deixou avançar o pensamento de que a
tradução é algo negativo no processo de aprendizado de uma segunda língua durante os séculos,
sem nem sequer passar pelo crivo científico e ter a comprovação de que esse senso comum fosse ou
não verdade. Gradativamente, o prestígio de se estudar uma segunda língua foi caindo e, com o
passar dos tempos, a carga horária também sofreu modificações. Em 1892 eram quatro línguas com
76 horas ano/período de carga horária nas escolas; contudo, em 1925, a carga horária foi reduzida
para 29 horas (LEFFA, 1999, p.6). A partir desses acontecimentos é notório o descaso com os
estudos de línguas estrangeiras por parte dos líderes da época, como também notória a ausência de
um estudo de campo sobre processos de ensino/aprendizagem em LE. Só em 1931, com a Reforma
Capanema as línguas estrangeiras ganham importância, mesmo ainda limitadas ao método direto no
qual permanecia a ideia de que a tradução não deveria ser utilizada.
23
2. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DAS ATIVIDADES TRADUTÓRIAS
Esta pesquisa foi empreendida em duas etapas distintas, mas complementares:
Em um primeiro momento foi aplicado um questionário a 15 (quinze) professores de
língua inglesa de escolas de nível fundamental e médio das redes de ensino particular e pública e
escolas de idiomas.
No segundo momento foram aplicadas atividades tradutórias em 5 (cinco) turmas do
ensino médio de uma escola da rede pública da cidade de João Pessoa. Essas atividades buscam
demonstrar a possibilidade de eficácia do uso da tradução em sala e o seu benefício no processo de
aprendizagem de LE.
2.1 Questionário
De cunho quantitativo, o questionário é composto de cinco (05) questões objetivas e com
opção de comentários e justificativas por parte do entrevistado ao final de cada questão. As questões
são investigativas com o intuito de averiguar as opiniões prévias dos professores atuantes com
relação ao uso da tradução em salas de aula de LE, antes da aplicação das atividades tradutórias. A
intenção é apresentar as respostas, para discussões posteriores, para fins de comparação do que foi
dito previamente, confrontando a visão desses profissionais com as teorias e práticas em salas de
aula de LE.
O questionário contém duas partes: a primeira parte é a inserção de dados do pesquisado,
como nome, escola onde ensina, tempo de serviço. A segunda contém as perguntas propriamente
ditas. As perguntas são sequenciadas e diretas, não deixando margem para dupla interpretação.
Foram elaboradas a partir de leituras de textos teóricos e de exemplos de questionários apresentados
nestes textos.
Os questionários foram enviados aos participantes via e-mail ou entregue em mãos, para
24
que respondessem e reenviassem. Foi dado um prazo de duas semanas para a devida reflexão e
resposta às perguntas. O cabeçalho continha instruções sobre como proceder para responder
corretamente ao questionário (vide apêndices).
As respostas colhidas foram lidas e analisadas individualmente levando-se em
consideração o contexto de campo de trabalho de cada professor, se pertencente a rede pública ou
particular. Essas respostas foram confrontadas com as opiniões contrárias ao uso da tradução em
sala de aula de LE como também com as práticas tradutórias, com o objetivo de averiguar se essas
opiniões contrárias tem fundamento, analisando a provável falta de argumentos com relação ao não
uso da tradução em sala de aulas de LE.
2.2 Atividades tradutórias em sala de aula
As atividades tradutórias consistiram em textos previamente escolhidos pela professora
regente e pela pesquisadora. Duas atividades foram adaptadas do livro Inglês.com.textos para
informática (TORRES, SILVA e ROSAS, 2001), e as outras três atividades foram folhetos de
propagandas retiradas da internet (vide anexos). Para a escolha das atividades foram considerados
alguns aspectos gramaticais (concordância verbal, uso dos pronomes, superlativos e comparativos,
palavras e frases com falsos cognatos) com o intuito de provocar comparações de uso entre a LE e a
LM e consequentemente discussões em sala. As atividades foram adaptadas com base no livro
Translation (DUFF, 1989) que oferece uma gama de atividades para alunos com níveis
intermediários-avançados de inglês. Como os alunos participantes da pesquisa apresentaram um
nível inferior ao indicado pelo livro, houve a imediata necessidade de adaptar as atividades
propostas pelo livro àquelas realizadas pelos alunos.
As atividades tradutórias seguiram o roteiro proposto (vide apêndices). Adotamos este
roteiro padrão para facilitar a leitura dos dados coletados. Assim, os exercícios de tradução foram
25
aplicados seguindo esse roteiro em cada uma das cinco turmas, com alteração apenas do
tema/assunto tratado. Há um texto a ser traduzido pelos alunos com o auxílio do dicionário. Nesse
processo, os alunos usaram caneta e papel para anotar as frases traduzidas para futuras discussões,
ao final das atividades tradutórias.
Os textos usados apresentam três formatos distintos: parágrafo retirado do livro didático
utilizado na escola; propagandas, retiradas da internet, e entrevistas, retiradas do livro didático. Os
alunos foram divididos em pequenos grupos e para cada grupo foi providenciado um dicionário. A
professora regente apresentou o texto a ser traduzido e fez a leitura do mesmo. Em seguida foi dado
tempo para a execução da tarefa e foi solicitada a leitura de sua tradução/produção textual. A
medida que foram detectados erros e inadequações, a professora regente propôs discussões em sala
para dirimir dúvidas dos alunos. Nesse processo, foram trabalhadas as atividades orais, auditivas, de
leitura e escrita. Ao final propôs-se aos alunos que fizessem frases em inglês com palavras do texto,
que apresentassem o mesmo sentido quando traduzidas.
26
3. ANÁLISE DOS DADOS
Nesse capítulo procederemos uma análise do corpus deste trabalho: através dos resultados
obtidos com os questionários aplicados com professores de língua inglesa e
as atividades
tradutórias aplicadas com estudantes.
3.1 Análise dos Resultados dos Questionários
Os questionários foram utilizados com o propósito de revelar previamente o que pensam
os professores sobre o uso da tradução em aulas de LE. Para tanto, foram enviados questionários
por e-mail a quinze professores. Da quantidade enviada, apenas nove professores deram retorno a
nossa pesquisa, enviando as suas respostas. Esses questionários foram destinados a professores das
redes pública e particular de ensino, como também a professores de escolas de idiomas. Os
profissionais entrevistados tinham experiências de ensino entre um e dez anos, sendo a maioria de
escolas públicas. Eles tiveram que responder às perguntas sem consultar qualquer material e tomar
como base apenas suas próprias experiências em sala de aula. Para uma coleta de informações mais
ampla, foi selecionada pelo menos uma escola de cada rede de ensino. Dessa forma, poderíamos ter
uma noção mais consistente das opiniões desses profissionais sobre o uso da tradução em aulas de
LE.
No momento da aplicação dos questionários, houve por parte de algumas escolas da rede
privada, a proibição à aplicação, por não acreditarem que o uso da tradução traga benefícios ao
método do ensino comunicativo. Assim, tivemos algumas dificuldades de acesso, principalmente
em escolas bilíngues ou de idiomas. No entanto acreditamos que a negativa à nossa entrada nessas
escolas para a aplicação das atividades tradutórias seja resposta à nossa investigação no sentido de
que há ainda muito preconceito sobre o uso da tradução em sala de aulas de LE.
27
As perguntas elaboradas eram sequenciadas, iniciando com dados sobre o entrevistado tais
como tempo de ensino e graduação, nome completo e escola onde trabalha. Em seguida, foi
verificado se o professor utiliza alguma forma a tradução em sala de aula. A intenção era avaliar se
a tradução foi ou não abolida das práticas de ensino nessas escolas. A segunda pergunta revela a
maneira como o professor utiliza a tradução em suas práticas em sala de aula. Na terceira questão, é
observado se os professores costumam usar atividades tradutórias em sala. As duas últimas questões
revelam as opiniões pessoais dos professores com relação ao uso da tradução em aulas de LE.
Os resultados revelaram que a maioria absoluta dos professores participantes utiliza a
tradução em aulas de LE como recurso para ajudar os alunos na compreensão de significados.
Contudo, verificou-se também que essa mesma maioria, embora utilizando a tradução, defende a
ideia de que o seu uso é prejudicial ou desnecessário. Nesse ponto, percebemos que houve uma
marcante contradição por parte dos pesquisados. Se a maioria acredita que traduzir não é bom,
então por que usar a tradução em sala de aula? Fica claro aqui que as opiniões entre os professores
de LE divergem com relação ao uso da tradução em sala e que carecem de mais pesquisas das áreas
de ensino de LE. A primeira pergunta se refere à frequência do uso da tradução em sala de aula.
Como mostra o gráfico a seguir, embora a maioria dos professores se posicione contra o uso da
tradução, há uma intensa atividade na sala com relação ao seu uso. Contudo, este uso é feito de
forma equivocada, pois os professores oferecem o significado diretamente, sem que haja uma
atividade supervisionada e que conduza o aluno à reflexão sobre a língua. No gráfico, temos o
resultado das respostas da primeira pergunta:
28
Gráfico 1- Resultado das respostas à primeira pergunta do questionário
Com relação à segunda pergunta, a qual se refere ao modo como os professores recorrem à
tradução, o gráfico revela que a tradução é uma realidade na sala de aula. Contudo, como dito
anteriormente, seu uso é equivocado, pois os professores oferecem o significado diretamente, sem
que haja uma atividade supervisionada que conduza o aluno à reflexão sobre a língua.
Ao recorrer ao uso da tradução, 3 (três) participantes responderam que oferecem o
significado imediatamente; 3 (três) propõem atividades e o restante pede ao aluno que procure
sozinho. Apenas 3 (três) afirmaram nunca fazer uso de atividades tradutórias em sala. Como
podemos observar no gráfico a seguir, a maioria dos entrevistados faz uso da tradução em algum
momento da aula.
Gráfico 2 – Resultados das respostas à segunda pergunta do questionário
29
Oferecer o significado imediatamente ao aluno questionador podemos dizer que é o “erro
mais grave” do uso da tradução em sala de aula de LE. Entendemos que a tradução não é o
problema em si, mas como é utilizada em sala. Como atividade tradutória direcionada e
devidamente preparada pelo professor é possível trabalhar significados de uma forma mais objetiva
e efetiva, facilitando o processo de aprendizagem do aluno, sem prejuízos para ele. Ainda sobre o
gráfico acima, a diferença de 1% (um por cento) entre os dados apresentados se deve ao fato de
alguns entrevistados, mesmo tendo sido previamente orientados a escolherem apenas uma resposta,
marcaram mais de uma opção, justificando o motivo das suas escolhas em seguida.
A terceira pergunta está relacionada à quantidade de vezes que os professores, ao usarem a
tradução em sala, propuseram algum tipo de atividade tradutória. Como revela o gráfico, a maioria
dos professores aplica atividades tradutórias com os alunos. Contudo, como foi dito anteriormente,
essas atividades são realizadas sem controle. Podemos verificar esses dados no gráfico a seguir:
Gráfico 3 – Resultados das respostas à terceira pergunta do questionário
Na quarta pergunta é avaliado quantos professores são contra e quantos professores são à
favor ao uso da tradução em sala de aula de LE. Como o gráfico 4 revela, 2 (dois) dos entrevistados
são totalmente contra o uso da tradução e apenas 1 é totalmente à favor. Enquanto que os 6 (seis)
participantes restantes, ao escolherem a opção “depende”, revelam a possibilidade do uso da
tradução em aulas de LE. Ou seja, depende das necessidades dos alunos e do grau de dificuldade de
30
entendimento. As respostas revelam possibilidade de trabalho com as atividades tradutórias em sala
de aula de LE.
Gráfico 4 – Resultados das respostas à quarta pergunta do questionário
Embora as opiniões dos professores ainda sejam contraditórias, apenas um se posicionou
efetivamente contra o uso da tradução. Os demais revelaram uma disposição pelo uso, condicionada
pelo modo como serão conduzidas as atividades.
Entendemos que esse receio é proveniente da antiga crença de que o uso da tradução pode
tomar muito tempo das aulas transformando em uma atividade que gera desconforto e falta de
engajamento por parte dos alunos (DUFF, 1989).
Percebe-se portanto existir um campo amplo e promissor a ser explorado pelas atividades
tradutórias em sala de aula, desde que os professores sejam orientados ao como proceder para um
melhor aproveitamento por parte dos alunos.
Na quinta pergunta, buscamos verificar qual a visão dos professores com relação ao uso
da tradução em sala de aula de LE. Elaboramos essa questão com a intenção de verificar a opinião
dos professores sobre a visão que eles tem do uso da tradução em sala de aula e percebemos uma
contradição com relação à pergunta anterior. Apesar da grande parte dos entrevistados ser contra o
uso da tradução, essa maioria é a mesma que também admite usa-la em algum momento da aula.
Mesmo com a maioria contra o uso da tradução em sala de aula de LE, em contrapartida
há também um grande número que vê como possibilidade o seu uso. Como mostra o gráfico a
31
seguir, a maioria dos professores vê a tradução como ponte no ensino de LE. Analisamos as
respostas e verificamos que a maioria 67% (sessenta e sete por cento) dos entrevistados percebem a
tradução como um modo de ligação entre aprendiz e língua estrangeira. Apenas 11% (onze por
cento) veem o uso da tradução em sala de aula de LE como muro. O restante 22% (vinte e dois por
cento) consideram as necessidades dos alunos, o tipo de atividade e o nível como fatores que podem
possibilitar o uso das atividades tradutórias. Dessa forma, constatamos que as opiniões são, em sua
maioria, favoráveis ao uso da tradução em sala de aula, porém os conceitos arraigados pelo senso
comum ainda são muito fortes para a permissão do uso da tradução em sala de aula de LE.
Gráfico 5 – Resultado das respostas à quinta pergunta do questionário
Os resultados das análises dos questionários comprovam que a maioria dos professores,
mesmo se posicionando contra a tradução em sala de aula, faz uso dela de alguma forma, seja por
meio de uma tradução direta ou através de uma atividade de busca por significado.
3.2 Análise e resultados das Atividades Tradutórias aplicadas nas aulas de LE
As análises das atividades tradutórias tomaram como base os relatórios de observação
(apêndices).
32
A primeira atividade foi aplicada em uma turma do segundo ano do ensino médio de
informática em uma escola pública de João Pessoa. Esta atividade contém dois textos intitulados
entrevista I e entrevista II. Após a aplicação da atividade tradutória, foi observado que os alunos
gostaram da experiência de traduzir sozinhos ou em grupo. Essa constatação é proveniente do fato
de que todos os alunos, em um total de 30 (trinta), se envolveram na atividade quando divididos em
grupos de 5 (cinco). Também observou-se que os alunos traduziram a segunda entrevista com mais
autonomia, o que possibilitou discussões entre eles sobre a escolha do melhor significado como
consta no relatório de observação do dia 12 (doze) de novembro de 2013.
No primeiro momento da atividade os alunos discutiram o uso da expressão “Excuse me”
que constava como exemplo no primeiro texto. A expressão foi traduzida primeiramente por “Me
desculpe”. Após as discussões na sala de aula, promovidas pela professora, os alunos observaram
que a forma mais usual em português seria “Com licença” já que se trata de frase introdutória para
uma entrevista. Nessa parte da atividade, a tradução funcionou como ferramenta intralingual,
estando de acordo com o que Branco (2011, p. 169) apontou em suas pesquisas sobre tradução em
sala de aula. Os alunos pesquisaram, então, sobre a tradução mais adequada a sua língua materna.
Na segunda atividade, os alunos já discutiram entre si as possibilidades de significados e os usos da
língua de acordo com o “como é falado” na língua materna.
A interação entre os alunos foi incentivada pela promoção de discussões sobre uso da língua
e as culturas da LM e da LE. De acordo com Branco (2010, p.6), a atividade é uma ponte que
conecta duas ou mais pessoas “separadas pela barreira linguística e/ou cultural”, fazendo com que,
através das discussões de uso, cheguem a um denominador comum em relação ao significado na
LM.
As atividades foram aplicadas em 5 (cinco) turmas diferentes e, durante a aplicação, em
todas elas foi observado que o índice de participação dos alunos foi de 100% (cem por cento). Isto
demonstra que a forma de apresentação e condução da atividade é a responsável pela aderência à
33
proposta e, consequentemente, pela obtenção de resultados positivos com relação à aprendizagem.
Em todas as atividades foram trabalhadas as 4 (quatro) habilidades. A professora leu a
atividade, providenciando o “listening” aos alunos, ou seja, eles tiveram contato com o ouvir
primeiro na LE. As outras habilidades, tais como: leitura, escrita e a oralidade, foram trabalhadas ao
longo da atividade, pois cada aluno leu e ao traduzir, escreveu nas duas línguas. Ao final da
atividade, eles leram suas traduções a partir do texto original.
Em seguida os alunos foram conduzidos a refletir sobre o uso das expressões contidas nos
textos originais em sua própria língua, de modo que tomassem consciência das formas e estruturas
tanto na LM como na LE. Essa reflexão levou os alunos à conscientização sobre os aspectos dos
dois sistemas linguísticos – português e inglês.
Buscamos utilizar materiais autênticos, pois, ao ter contato com textos autênticos o aluno
tem a oportunidade de ser exposto ao uso real da LE de modo que pode ter uma noção real, através
da atividade tradutória, de como pode ser usada tal expressão na língua materna. Trabalhando com
materiais autênticos, as atividades tradutórias cumprem com os objetivos comunicativos, levando os
alunos a ampliar seus conhecimentos linguísticos em ambas as línguas (DIAS PINTO, 2010).
Através das atividades tradutórias e das discussões em sala, os alunos podem interiorizar a
língua e este processo ajuda na memorização das expressões, facilitando o processo de aquisição da
LE.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho objetivou apresentar a contribuição das atividades tradutórias no
aprendizado de uma segunda língua, aqui especificamente da língua inglesa. Também buscou
apresentar a tradução como a quinta habilidade a ser treinada e desenvolvida em sala de aula,
devidamente controlada pelo professor.
A partir da aplicação das atividades tradutórias foi possível perceber que a tradução
influencia a percepção de língua do aluno na comparação com a LM, e como a noção de contexto e
de estruturas linguísticas é ampliada através do uso dessas atividades tradutórias. Se devidamente
controlado, o uso da tradução em sala de aula de LE promove a interação do professor/aluno e
aluno/aluno.
Com a aplicação dos questionários objetivamos conhecer as opiniões prévias dos
professores, assim como avaliar se a tradução estaria sendo usada em sala por esses profissionais da
educação. Constatou-se que mesmo com a opinião contrária ao uso, os professores recorrem à
tradução em sala. Verifica-se assim, que a tradução está presente nas aulas, apesar de o discurso ser
a favor de sua retirada do ambiente. Percebemos também que existe uma contradição em relação às
repostas às primeiras perguntas e às respostas das últimas perguntas do questionário. As primeiras
perguntas estavam relacionadas ao uso e as últimas perguntas estavam relacionadas às opiniões dos
professores. Os professores afirmaram fazer uso da tradução ao mesmo tempo em que se
posicionam contra esta atividade nas aulas de LE
Com a aplicação das atividades tradutórias foi possível revelar os mitos descritos por Duff
(1989) que envolvem o uso da tradução em aulas de LE. Como exemplo, tem-se a afirmação de que
a aplicação dessas atividades é chata e trabalhosa. Como dito anteriormente, cabe ao professor, e
não a atividade, de forma isolada, tornar o aprendizado interessante.
35
Estamos cientes de que esta pesquisa, os questionários e as atividades aplicadas são ainda
incipientes para a efetivação da proposta deste trabalho – qual seja a inclusão da tradução como
quinta habilidade no ensino/aprendizagem de LE.
Ao longo da pesquisa, diferentes percalços fizeram com que não pudéssemos alcançar
nossos objetivos em sua plenitude. Cabe salientar, por exemplo, o fato de que algumas escolas da
rede particular e de idiomas não permitiram a aplicação das pesquisas com as atividades tradutórias
por não fazerem parte da sua metodologia. Mesmo com esses problemas, foi possível realizar a
pesquisa na rede pública sem a perda da qualidade.
Entretanto, não foram estas pedras de tropeço que nos fizeram desistir da empreitada.
Algumas contribuições foram essenciais e se sobrepuseram positivamente, levando à realização das
atividades em sala de aula.
Entendemos que esta pesquisa se constitui como uma alavanca inicial à proposta de
incluir a tradução como quinta habilidade no ensino/aprendizagem de LE. Outras atividades
precisam ser realizadas, outros questionários aplicados, para que nossa proposta se efetive como
uma nova prática, passando a ser adotada posteriormente pelos professores, incluída em seus planos
de aula e, nos manuais de ensino de LE.
Entretanto, entendemos também que as análises aqui desenvolvidas e os resultados
apresentados durante a aplicação das atividades tradutórias mostram que nossa hipótese pôde ser
confirmada – a tradução pode sim ser considerada como uma quinta habilidade no ensino de LE.
A tradução, diferente do que se perpetuou ao longo da história do ensino de LE no Brasil,
pode sim ser considerada como uma quinta habilidade a ser explorada em sala de aula para o
desenvolvimento da competência linguística do aprendiz.
Sua efetiva aplicação depende apenas da forma de preparo e condução das atividades
tradutórias por parte do professor. As atividades devem ser integradas aos conteúdos, inseridas em
conjunto com as demais habilidades a serem desenvolvidas, estarem de acordo com o nível de
36
conhecimento dos alunos, integrando não apenas diferentes modos de aprendizagem, mas jeitos de
dizer diferentes a partir de culturas diferentes, de aspectos sócio-históricos distintos, e de processos
cognitivos também diferenciados.
O fazer ver e refletir sobre o uso real da língua inserido em um contexto em que se busca
a finalidade da aprendizagem, o porquê de aprender – aprender para falar e escrever como se fala e
escreve na outra língua – a língua estrangeira – mas utilizando as experiências da língua materna.
37
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38
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XAVIER, Antônio Carlos; CORTEZ, Suzana (Orgs). Conversas com Linguistas. São Paulo,
Parábola, 2003.
39
ANEXOS
40
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
Prezado (a) Senhor (a)
Esta pesquisa é sobre o Uso de atividades tradutórias em salas de aula de LE e está sendo
desenvolvida pela pesquisadora Rosa Chrystina Ferreira Magalhães Bezerra aluna do Curso de Letras com
habilitação em Língua Inglesa da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação da Profa. Dra. Luciane
Leipnitz.Os objetivos do estudo são 1) Comprovar que o uso das atividades tradutórias em aulas de LE ajuda
como também amplia os conhecimentos dos alunos de LE no campo linguístico e cultural.
A finalidade deste trabalho é contribuir para o conhecimento cultural e linguístico do aluno de LE,
tornar as aulas mais interessantes e desafiadoras com o uso das atividades tradutórias e levar esse aluno a um
conhecimento mais amplo sobre a cultura e estrutura da língua inglesa tornando-os conscientes das várias
esferas que compõe o processo de ensino-aprendizagem.
Solicitamos a sua colaboração para responder esses questionários e aplicação dessas atividades,
como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de saúde e
publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo.
Informamos que essa pesquisa não oferece riscos, previsíveis, para a sua saúde. Ou algum tipo de
constrangimento pela citação do nome pessoal e da escola.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é
obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso
decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum
dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição. Os pesquisadores estarão a
sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento para
participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse
documento.
______________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
ou Responsável Legal
41
Contato com a Pesquisadora Responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para a pesquisadora
Profa. Dra. Luciane Leipnitz
Endereço (Setor de Trabalho): Coordenação do Curso de Bacharelo em Tradução, Bloco A – 2º andar
do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (DLEM) no Centro de Ciências Humanas Letras e
Artes (CCHLA),
Endereço: Cidade Universitária - Campus I - Conjunto Humanístico - Bloco 04
Bairro Castelo Branco – CEP 58051-900 - João Pessoa - Paraíba - Brasil
Telefones: (83) 32168816 - (083) 96685458
Contato com a Pesquisadora Participante3:
Rosa Chrystina Ferreira Magalhães Bezerra
Endereço: Rua Joaquim Pereira da Silva, 423 Ed. Michele Lima 2 – Apartamento 204
Jardim Cidade Universitária – CEP 58052-410 – João Pessoa – Paraíba – Brasil
Telefones: (83) 30218259 - (83) 96431743
Comitê de Ética em Pesquisa do CCS/UFPB – Cidade Universitária / Campus I
Bloco Arnaldo Tavares, sala 812 – Fone: (83) 3216-7791
Atenciosamente,
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Participante
Obs.: O sujeito da pesquisa ou seu representante e o pesquisador responsável deverão rubricar todas
as folhas do TCLE apondo suas assinaturas na última página do referido Termo.
42
TERMO DE ASSENTIMENTO
Eu,__________________________________________________________________,
portador da ID nº _____________________, CPF nº___________________________,
aluno da Escola Estadual Presidente Médici, venho por meio deste confirmar que estou
de acordo em participar da pesquisa relativa ao Trabalho de Conclusão do Curso de
Letras-Inglês da UFPB da aluna Rosa Chrystina Ferreira Magalhães Bezerra, intitulada A
tradução como quinta habilidade no ensino de LE, realizada em sala de aula de inglês
por meio da aplicação de atividades tradutórias. Informo também que meus pais e/ou
responsáveis foram devidamente avisados da pesquisa e deram consentimento para
minha participação, tendo recebido uma cópia deste Termo.
João Pessoa, ____/____/____.
____________________________
(Assinatura do aluno)
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47
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APÊNDICES
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QUESTIONÁRIO SOBRE O USO DA TRADUÇÃO EM SALA DE AULA DE LE
Este questionário tem por objetivo obter algumas informações sobre o uso da
tradução nas aulas de LE. Por favor, não consulte ninguém para responder às perguntas, a
sua opinião é muito importante para esta pesquisa. Muito obrigado pela sua colaboração!
Respostas em VERMELHO.
* Sua idendificação não é obrigatória
Nome: ________________________________________________________________
Formação:
( ) não graduado em Letras
( ) graduado em Letras
( ) pós-graduado em Letras
( ) graduado em ____________
( ) pós-graduado em _________
Nível de inglês da turma:
( ) Básico
( ) Intermediário
( ) Intermed – avançado
( ) Avançado
Tempo de ensino de línguas:
( ) 0 a 5 anos
( ) 6 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
Escola: ____________________________
( ) Particular
( ) Pública
( ) Idiomas
- Por favor, marque um X na opção que mais corresponder à sua resposta
A) Quantas vezes você recorre ao uso da tradução em aulas de LE
( ) Com frequência
( ) Algumas vezes
( ) Raramente
( ) Nunca
( ) Outro
Comente a sua resposta
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
B) Nas situações em que recorreu ao uso da tradução em sala, na maioria das vezes você
( ) Propôs uma atividade para a elicitação do significado, com discussões sobre o uso desta
palavra.
( ) Pediu ao aluno que procurasse o significado no dicionário por conta própria.
( ) Ofereceu o significado imediatamente ao questionamento do aluno sem maiores explicações
( ) Outro ______________________________________
Comente a sua resposta
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
50
C) Quantas vezes nas aulas de LE são promovidas atividades tradutórias em que os alunos tem
contato com traduções feitas por eles mesmos?
( ) Com frequência
( ) Algumas vezes
( ) Raramente
( ) Nunca
( ) Outro ____________________________________________
Comente a sua resposta
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
D) Por favor, exponha aqui o seu ponto de vista sobre o uso da tradução e das atividades tradutórias
em aulas de LE.
( ) Contra
Depende
( ) Á favor
( ) Totalmente contra ( ) Totalmente à favor
( )
Justifique a sua resposta:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
E) Qual a sua visão sobre Tradução no ensino de LE? Você vê a tradução como ponte ou como
muro?
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RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
ATIVIDADE DE TRADUÇÃO UNIDADE 11
(adaptada do Livro Didático: Inglês.com.textos para informática)
Escola: Presidente Medici
Turma: 2º ano informática (30 alunos)
Turno: Manhã
Tempo: 2hrs (aulas geminadas)
Professora: Jaqueline Medeiros
Data: 12/11/2013 (Terça-feira)
Descrição da atividade:
O tempo total para a aplicação desta atividade foi de duas aulas de 50 minutos cada. Sendo que 25
minutos para a tradução propriamente dita e 25 minutos para a leitura e discussão das traduções.
Para cada aula foi utilizado um texto da unidade 11: Entrevista I e Entrevista II. A atividade foi
dividida em dois momentos distintos: O primeiro com a entrega do primeiro texto (Entrevista I) aos
grupos previamente divididos. Aos alunos foi dada a tarefa de traduzir. No segundo momento cada
grupo leria a sua tradução em sala, abrindo espaço para discussões sobre os possíveis significados
em cada frase/palavra como também para discussões sobre o uso em contexto de cada
trecho/frase/palavra dos textos. A professora regente não fez uso dos dicionários no primeiro
momento na intenção de suscitar o conhecimento prévio dos alunos em cada texto distribuído. Os
dicionários foram usados no segundo momento para fins de comparação de significados.
Execução da atividade: textos Entrevista I e Entrevista II
1 – A professora regente dividiu a turma de 30 alunos em pequenos grupos e a cada grupo entregou
o primeiro texto (Entrevista I). Foi dado o tempo de 25 minutos para a execução desta parte da
tarefa, ou seja, a tradução do texto propriamente dita. Os outros 25 minutos seriam usados para
apresentação e discussão das atividades. Neste primeiro momento a professora regente optou pelo
não uso de dicionários com o objetivo fazer com que os alunos pudessem ter a oportunidade de
trabalhar o conhecimento prévio dos vocabulários adquiridos ao longo dos anos.
2 – Ao término da primeira parte(tradução do texto) a professora regente iniciou a segunda parte da
atividade e abriu espaço para a leitura e discussão das traduções. Após leitura das traduções de cada
grupo a professora regente distribuiu os dicionários para que os alunos comparassem os significados
ditos por eles com os do dicionário.
3 – Com os mesmos grupos, a professora entregou aos alunos o segundo texto intitulado de
Entrevista II. Os mesmos procedimentos e passos foram seguidos nesta fase com o segundo texto.
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Discussões em sala
fonte: Livro Didático Inglês.com.textos para informática
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Entrevista I
Neste momento, pós leitura das traduções por parte dos grupos, pude perceber que a
maioria das traduções precisava ser revisada para adequação de termos e seu uso devido. Deste
modo sugeri a professora regente que selecionasse do texto as frases ou palavras que apresentaram
mais problemas em sua tradução para discutir em sala com os alunos.
O primeiro termo: “Excuse me, sir!” na frase “Excuse me, sir! I'm doing some market
research on visitors to the InfoPlanet exhibition.” foi traduzido por dois grupos como “me desculpe,
senhor!” enquanto que os outros grupos haviam traduzido como “Com licença, Senhor!” A
professora regente escreve no quadro a expressão em inglês junto com as duas definições em
português e pergunta qual das duas se encaixam no contexto e como dizemos em português. Deste
modo a discussão foi conduzida para o objetivo de apresentar o uso real da frase na língua materna,
deixando os alunos conscientes de que o ato de traduzir implica em considerar o “como se diz” na
nossa língua após a compreensão da idéia central.
Outra frase que precisou ser explicada foi “what is your occupation?” Aqui todos foram
unanimes em traduzir como “Qual a sua ocupação?”. A discussão mais uma vez foi sobre o uso
desta expressão na língua materna. Será que falamos assim? A professora regente deixou claro que o
significado corresponde, porém o uso da palavra “ocupação” nesta frase em português significa
“profissão”, desta forma, ela escreveu no quadro as duas definições em português “Qual a sua
ocupação” e “Qual a sua profissão?” perguntando em seguida aos alunos qual das duas formas era
a mais usada na sua língua materna. Logo após, os alunos concordaram que o uso mais comum é a
segunda tradução, no caso, “Qual a sua profissão?”. Novamente os alunos tiveram a oportunidade
de comparar significados e uso da língua estrangeira para a língua materna.
A terceira frase traduzida pelos grupos que chamou a nossa atenção foi “ok! If it doesn't
take too long.”. Cada grupo, depois das discussões anteriores sobre contexto e uso, colocou a sua
interpretação considerando o uso mais comum em língua portuguesa. Tiveram duas mais
recorrentes “Tudo bem! Contanto que não demore muito” , “Certo! Se não for demorar muito” e
“Ok! Se não tomar muito o meu tempo.”
Apesar do barulho, os alunos estavam todos envolvidos com a atividade e cada grupo fez
uso correto do dicionário, isto é, comparando os significados do dicionário com os significados
usados no modo de falar real.
Outras frases e termos foram discutidos em sala como:
- computer consultant (Técnico em computação) – a maioria dos alunos traduziu como consultor de
informática, porém a professora regente perguntou se esse termo era comum de se ouvir e, como a
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resposta foi na maioria negativa, escolheram a definição entre parênteses como a mais aceitável.
- it isn't that simple! (Isto não é tão simples) – A presença do THAT foi o que confundiu os alunos
para achar o significado mais aceitável para a tradução. Só com o uso do dicionário e com a
explicação da professora, foi possível aos alunos o entendimento do que seja traduzir idéias e não
palavras.
- Thank you very much (Muitíssimo obrigado) – A redundância gerou na nossa língua o português o
superlativo de muito. Aqui foi falado sobre o uso da adaptação na tradução.
- Don't mention it. (não tem de que) – Os alunos traduziram como “não mencione isto!” então se
fez necessário a intervenção mais uma vez da professora para explicitar que o dizer na língua
estrangeira difere do dizer na língua materna. Deste modo os alunos perceberam as diferenças
estruturais e gramaticais entre a língua estrangeira e a língua materna.
Entrevista II
Neste segundo texto, as atividades tradutórias já foram feitas com maior autonomia pelos
alunos. Eles já estavam mais alertas ao uso e contexto das palavras e frases para traduzir e as
inadequações foram em menor número do que no texto anterior.
As traduções que mais tiveram problemas foram as seguintes frases do texto:
- Computer programming – os alunos traduziram como “programa em computador”. A professora
regente mais uma vez apontou para o uso em português, ou seja, como se diz da pessoa que é
especialista em programar computadores. Os alunos chegaram ao entendimento que seria
“programação em computadores” a tradução mais usada.
- Set up – Os alunos traduziram como “configuração” devido ao termo estar relacionado com essa
função em informática.
- I'm used to the Mac – nesta frase os alunos ficaram confusos com o “to the”, ou seja, a maioria das
traduções ficou: Estou acostumado para o mac. A professora regente salientou que o uso to “to the”
muitas vezes pode ser traduzida como “com o” no qual se enquadra neste caso.
- One last question, did you buy it yourself? - Aqui a maioria traduziu como “você comprou por
você mesmo?” A professora regente mais uma vez chamou a atenção para o uso em Português, ou
seja, como é falado aqui no Brasil. Ela argumentou com os alunos que o uso tem uma grande
importância na hora de traduzir uma sentença e, neste caso, a melhor tradução seria “Foi você
mesmo quem comprou?” Pois a primeira tradução, apesar de não estar errada, não é usada pelos
falantes, no caso, nós brasileiros. Desta forma, a professora regente deixou claro que não está errada
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a tradução feita por eles, está sim inadequada para o momento.
- It's my pleasure. - nesta última frase do segundo texto os alunos compararam com a resposta dada
no primeiro texto e conseguiram traduzir como “o prazer é meu”, “pois é assim que falamos na
língua materna” disseram eles para justificar o uso da inversão da frase.
Neste segundo texto, após discussões do primeiro texto e o direcionamento da professora regente
sobre o uso da tradução considerando o contexto e o “como se diz em português”, percebeu-se que
as traduções foram mais fluentes do que no primeiro o que parece corroborar com a nossa hipótese
de que o uso da tradução ajuda ao aluno a desenvolver habilidades de percepção estrutural, cultural
e de uso das línguas materna e estrangeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TORRES, Décio. SILVA, Alba Valéria. ROSAS, Marta. Inglês.com.textos para informática. São
Paulo, 2003
DUFF, Alan. Translation. Oxford Press, 1989
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RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
ATIVIDADE DE TRADUÇÃO UNIDADE 18
(adaptada do Livro Didático: Inglês.com.textos para informática)
Escola: Presidente Medici
Turma: 3º ano informática (13 alunos)
Turno: Manhã
Tempo: 1hr
Professora: Jaqueline Medeiros
Data: 21/11/2013 (Terça-feira)
Descrição da atividade:
Essa atividade foi adaptada do livro Inglês.com.textos para informática dos autores Décio Torres
Cruz, Alba Valéria Silva e Marta Rosas como consta nas referências bibliográficas no final deste
relatório. Devido ao tempo da aula a professora regente pediu aos alunos que traduzissem o texto
em casa e trouxessem as traduções para discutir em sala. Para tanto, deveriam usar dicionários e a
internet como recursos para auxiliar na tradução. As correções foram feitas em sala em forma de
discussão sobre os significados encontrados pelos alunos.
Execução da atividade: textos Entrevista I e Entrevista II
1 – Cada aluno leu a sua tradução, salientando o que mais sentiu dificuldades em traduzir.
2 – Em seguida, a professora regente escreveu no quadro as palavras e frases que os alunos tiveram
dificuldades em traduzir.
3 – Depois de escrever as palavras e frases, a professora pediu aos alunos para lerem em voz alta as
definições que haviam dado.
4 – Após a leitura feita por eles, a professora regente deu início às discussões em sala.
Discussões em sala
As frase que mais geraram problemas tradutórios foram:
FONTE: Livro didático Inglês.com.textos para informática Unidade 18
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- These days: Foi traduzido pela maioria como “Nestes dias”, porém a professora regente ressaltou
mais uma vez que o uso comum para o português, considerando o contexto, seria a expressão
“atualmente”, muito embora a expressão traduzida por eles, em relação ao sentido, está correta. A
professora apenas alertou ao fato do uso mais comum no português. Desta forma, eles
compreenderam que a tradução apesar de correta necessitou de uma adaptação devido ao uso na
língua materna.
- Take microsoft, the world leader in software sales, for instance: A maioria dos alunos traduziu
como “tomando em conta a microsoft...”. Nesta primeira parte da frase, mais uma vez, a professora
regente escreveu no quadro e pediu para que os alunos lessem a tradução. A professora então
perguntou: “É assim que nós falamos em português? Lembram que em inglês as frases para o
português se invertem? Depois destes comentários, os alunos, oralmente, corrigiram a frase e
mudaram a tradução para: “Tomando a microsoft como exemplo, a líder mundial em vendas de
softwares...”. Chegaram à conclusão de que essa tradução seria mais aceitável considerando o
contexto e o uso em português.
- Throwing domestic products over the wall: Nesta frase, foi necessária a intervenção da professora
regente para alertar sobre frases figuradas que existem tanto em inglês como em português, assim
também como em todas as línguas. Frases com sentido figurado ou com expressões idiomáticas
também são comuns. Desta forma a professora regente explicitou aos alunos a ideia de contexto
desta frase em que “Lançar os produtos nacionais por cima do muro” no sentido mercadológico dá
uma ideia de não valorização dos mesmos, ou que a exportação está sendo feita de qualquer jeito. E
a pergunta foi: Como passar essa tradução para o leitor de uma forma compreensível? Após
discussões em sala, os alunos entenderam que não existe uma tradução fiel ou perfeita, mas que
existe aquela que discerne bem os significados e ideias da língua estrangeira para a língua materna.
- shipped its business graphic application: Os alunos traduziram como “enviou/lançou/embarcou
seu aplicativo gráfico para negócios”. Como houve muita variação na tradução a professora regente
escreveu a frase no quadro em inglês e pediu para os alunos olharem no dicionário a palavra SHIP
como VERBO. Eles disseram que o significado poderia ser “embarcar, enviar, mandar ou carregar
por navio, trem ou viatura”. Para não confundi-los a professora regente perguntou qual o sentido, a
ideia que a frase passa? Os alunos responderam que a empresa mandou o software para o Japão com
algumas modificações. Assim, os alunos decidiram que a melhor tradução, para esta frase seria:
“Lançou seu aplicativo gráfico para negócios”. As discussões, nesta frase, giraram em torno do
contexto, ou seja, qual a ideia central aqui, o uso na língua materna, ou seja, como é falado aqui.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TORRES, Décio. SILVA, Alba Valéria. ROSAS, Marta. Inglês.com.textos para informática. São
Paulo, 2003
DUFF, Alan. Translation. Oxford Press, 1989
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RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
ATIVIDADE DE TRADUÇÃO TIRINHA DO CALVIN
Escola: Presidente Medici
Turma: 3º ano A (15 alunos)
Turno: Tarde Duração: 1hr
Professora: Jaqueline Medeiros
Data: 27/11/2013 (Quarta-feira)
Descrição da Atividade
A duração desta aula é de 50 minutos, portanto a atividade teria que ser desenvolvida nos
primeiros 20 minutos para que o tempo restante fosse separado para discussão dos dados. A
intenção foi de dividir os alunos em pequenos grupos de 3 (três) e entregar partes da tirinha para
cada grupo. Em seguida, teriam o tempo de 10 minutos para executarem a tradução. Após a
tradução os alunos seriam desafiados a lerem suas traduções e compararem com a dos outros grupos
para, em seguida, recontar a estória já na língua materna e fazer os devidos ajustes, considerando o
uso, cultura e contexto da língua materna. Também seria aberto um espaço para discussão entre
alunos e professor sobre outros possíveis significados.
Execução da atividade: texto Tirinha do Calvin
1- A professora regente dividiu a turma de 13 (treze) alunos em pequenos grupos de 3 (três)
enquanto dava instruções de como seria o procedimento para a tradução da tirinha. A professora
escreveu no quadro o que seria necessário fazer para o início da atividade, como um passo a passo.
2- Foram distribuídos 2 (dois) quadrinhos para cada grupo (a tirinha continha 4 quadrinhos). Assim
que os alunos receberam os quadrinhos, começaram a se organizar para o inicio da tradução.
3- A cada grupo foi entregue 1(um) dicionário. Alguns alunos abriram o dicionário primeiro em
busca das palavras e termos estranhos e outros tentavam descobrir por conta própria do que o texto
tratava, suscitando o conhecimento prévio.
4- Foi dado o tempo de 10 (dez) minutos para a tradução. Nos primeiros 5 (cinco) minutos alguns já
haviam concluído a tarefa e aproveitaram para discutir qual a melhor tradução.
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Discussões em sala
FONTE: http://reallifebh.com/wp-content/uploads/2012/10/Screen-shot-2012-10-31-at-2.50.50-PM.png
No primeiro quadrinho os alunos não sentiram dificuldade em traduzir a vontade de
Calvin em por fogo na cama dele. Apenas discutiram qual seria o melhor uso da palavra SET, se
traduziriam como “colocar, botar” ou “pôr”. Então um aluno disse: “Nós falamos “pôr fogo” e não
“colocar fogo”.
No segundo quadrinho a tradução fluiu porque os alunos já tinham conhecimento prévio
das palavras em questão.
No terceiro quadrinho o problema foi com a expressão “can I have a cookie”, pois a
maioria dos alunos traduziram como “posso ter um biscoito”. Nesta parte houve a interferência da
professora regente que questionou os alunos sobre como falamos em português e pediu para que
eles lessem em voz alta a tradução feita. Ao lerem a frase “posso ter um biscoito”, perceberam que
algo soou estranho. Então a professora regente alertou-os que nem sempre a tradução pode ser feita
ao “pé da letra”, ou seja, nem sempre as palavras corresponderão às ideias. A professora regente
deixou claro para os alunos que o que se traduz de uma língua para a outra é a ideia e não as
palavras em si.
No quarto e último quadrinho o problema foi com a frase “she is on to me”. A maioria
traduziu a frase como “ela não liga pra mim” levando, em consideração a reação da mãe que
continuou a tomar o café sem aparentemente ligar para o garoto. Deste modo, a professora recorreu
ao recurso do dicionário e leu junto com a turma os significados das palavras para se chegar à ideia
central. Com as discussões em sala e as buscas nos dicionários os alunos e a professora chegaram ao
acordo de que a melhor tradução para esta frase seria “Ela me conhece” ou “Ela está ligada em
mim”, ou seja, a mãe do garoto tem a ideia de que tudo o que aconteceu não é bem o que parece e o
garoto teve esse entendimento.
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RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
ATIVIDADE DE TRADUÇÃO: FOLDER ONE TO ONE COACHING
Escola: Presidente Medici
Turma: 3º ano Informática (13 alunos)
Turno: Manhã - Duração: 1hr e 30 min
Professora: Jaqueline Medeiros
Data: 28/11/2013 (Quarta-feira)
Descrição da atividade
Nesta atividade foi utilizado um folder de propaganda sobre uma escola de informática. Os alunos
teriam que traduzir adaptando a linguagem do folder para o português do Brasil. Durante as
traduções seriam promovidas discussões. Após a tradução os alunos seriam desafiados a lerem e
compararem as traduções com o intuito de promover discussões acerca da melhor tradução segundo
os critérios de contexto e uso.
Execução da atividade
1- A professora regente separou os alunos em grupos de 3.
2- Para cada grupo foi dado um folder para traduziram
3- Também para cada grupo foram providenciados dicionários
4- Foi dado o tempo de 15 minutos para a execução da tarefa
5- Tempo restante foi reservado para leitura, discussão e correção
Discussões em sala
FONTE: https://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi&ei=e_2uUpnzC4igkQftxoDYBA&ved=0CAQQqi4oAg:
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Após a professora regente distribuir o folder e um dicionário para cada grupo os alunos
logo iniciaram a atividade tradutória. Foi dado o tempo de 15 minutos para a execução da tradução.
Logo em seguida cada grupo leu, em voz alta, a sua tradução. A professora esperou que todos os
grupos lessem suas traduções para iniciar a discussão em sala.
A seguir as frases e palavras que apresentaram divergências quando traduzidas:
- One to one coaching: alguns grupos traduziram como “treinamento individual”. A professora
regente fez os alunos relerem esta parte e perguntou se essa frase é comum nos folders de
propaganda no Brasil. Eles ficaram em dúvida, mas ao relerem o folder perceberam que poderiam
traduzir como “um técnico para cada aluno”, pois a expressão – one to one coaching – não tem um
correspondente na nossa língua. Então decidiram fazer uma adaptação e inseriram a palavra
“técnico”. A professora regente deixou claro que a tradução como “treinamento individual” é uma
tradução aceitável, porém, em português houve a necessidade de se fazer uma adaptação de acordo
com o uso da língua.
- introductory promo: A maioria dos grupos traduziu como “Promoção introdutória” levando em
consideração a similaridade na escrita da palavra introductory com a palavra introdutória em
português . Ao escrever a tradução no quadro a professora regente pediu aos alunos para lerem a
frase. Todos foram unânimes em dizer que soava estranho. Deste modo, a professora regente
desafiou os alunos a pensarem em como é dito em português para uma promoção que acaba de
iniciar. Após discussão, chegaram ao acordo de que a melhor tradução seria “Promoção de
inauguração” uma vez que a promoção, segundo o contexto, sugere que está começando naquele
momento. Apenas um grupo teria escolhido essa definição. A professora regente acrescentou
também que poderiam ter traduzido esta frase como “promoção de lançamento” havendo, assim,
duas possibilidades de tradução para a mesma ideia.
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RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
ATIVIDADE DE TRADUÇÃO: CLOUD COMPUTING (folder)
Escola: Presidente Medici
Turma: 3º ano informática (13 alunos)
Turno: Manhã
Tempo: 1hr 30 min
Professora: Jaqueline Medeiros
Data: 03/12/2013 (Terça-feira)
Descrição da atividade:
A turma de treze alunos foi divida em grupos de 3 e 2 alunos. Para esta atividade foram
utilizados flyer sobre computação em nuvens distribuídos igualmente um para cada grupo. Os
alunos teriam que traduzir usando dicionários e apresentar as suas traduções com leitura em voz alta
para futuras discussões e correções. A professora regente providenciou também os dicionários sendo
um para cada grupo, pois não havia dicionários disponíveis para todos os alunos. Após tradução e
discussão das atividades os alunos foram desafiados a construir frases com palavras do texto
escolhidas pela professora, como meio de avaliação da compreensão, considerando o contexto e uso
das palavras. O nível de inglês desta turma é básico-intermediário.
Execução da atividade:
1- A professora regente dividiu a turma em pequenos grupos de três e dois alunos. Como a turma
era pequena, apenas 13 alunos, a professora optou por deixar grupos pequenos com uma
probabilidade maior de se fazer um bom trabalho de tradução.
2- Foi dado um tempo de 20 minutos para que os alunos executassem a tarefa tradutória. Neste
momento da aula, todos os alunos ficaram envolvidos.
3- Em seguida cada grupo leu em voz alta a sua tradução.
4- Seguiu-se uma discussão sobre a atividade e a correção das traduções
5- Os alunos formaram frases com palavras e termos do texto escolhidos pela professora regente
como parte da avaliação da atividade aplicada. Avaliação essa que envolve compreensão de uso e
contexto.
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Discussões em sala
FONTE: https://www.google.com.br/imagens
Após leitura das traduções a professora regente escreveu no quadro as frases do texto e
iniciou a correção com discussão.
As seguintes frases foram as que obtiveram maior divergência nos significados:
- Making everything easier: Apesar de parecer fácil essa frase foi traduzida como “fazendo tudo
fácilmente” e “facilitando tudo” dificultando a compreensão e a fluência no português. Deste modo
a professora regente interveio e leu a frase traduzida em voz alta para a turma e perguntou: “vocês
acham que os folders de cursos de informática soariam bem com essas frases? Como ficaria
melhor?” Com essas perguntas a professora abriu o leque de possibilidades para os alunos
pensarem em como dizer em português de uma forma mais apropriada e fluente. Após reflexão e de
novamente consultarem os dicionários os alunos decidiram reformular a frase para: “tornando tudo
mais fácil”. Desta forma os alunos perceberam a palavra easier que se tratava do superlativo da
palavra fácil em inglês. A professora regente também alertou sobre os problemas de significados
que podem ocorrer com uso da tradução palavra por palavra. A tradução palavra por palavra pode
ser uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que pode ajudar em algum ponto, no contexto
geral, poderá comprometer o sentido da frase quando traduzida para o português. Para tanto. quando
toda a frase fica coerente em português e o uso na língua materna confirma a tradução, esta pode ser
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considerada como válida. Como nesta frase que poderia também, em outro contexto e uso, ser
traduzida como “Fazendo tudo mais fácil”.
- Cloud computing for dummies: Nesta frase a maioria traduziu como “computação nas nuvens
para iniciantes”. Está correto, porém a professora regente explicitou que a palavra “dummies” tem
um significado diferente. Alguém que tenha um conhecimento mínimo previamente é um iniciante,
ou seja, é uma pessoa que tem uma base de conhecimentos mas que não domina o assunto. A
palavra em inglês para essa descrição é beginner. Desta forma, dummy é mais usado para alguém
que não tem nenhum conhecimento prévio, ou seja, é completamente leigo. Contudo, não existe
neste contexto e uso em português outra palavra que designe uma pessoa que não tem nenhum
conhecimento a não ser “iniciantes”. E a professora regente complementou informando que a
palavra “leigo”, que em português define alguém que não tem conhecimentos prévios ou
aprofundados sobre qualquer assunto, apesar de existir, não é comumente usada para este contexto.
Desta forma os alunos perceberam que nem tudo pode ser realmente traduzido, mas pode ser
adaptado para que a ideia central não se perca. Em seguida, solicitou-se aos alunos que
formulassem frases com palavras previamente selecionadas pela professora regente: dummies,
develop. Alguns alunos se arriscaram na tarefa e produziram as seguintes frases:
Grupo 1: This book is for dummies – Dummies
Grupo 2: Brazil is a developing country – Develop
Grupo 3: Companies have developed new softwares – Develop
A professora regente pediu também para que os alunos traduzissem suas frases para o
português e comparassem as duas formas. Na primeira frase eles traduziram como “Este livro é
para leigos”. Aqui eles aplicaram o conceito ao qual a professora se referiu anteriormente, ou seja,
o conceito da palavra iniciante com a ideia de leigo, que não sabe nada a respeito. Na segunda e
terceira frase os alunos escolheram verbos com os quais ele se sentiram mais seguros em formar
frases após as aulas de tradução. A aula foi finalizada com a professora enfatizando a importância
de estar alerta aos significados, ao contexto e ao uso das palavras e frases na hora de traduzir para a
língua materna e que é muito interessante ler as frases/textos após a tradução e ligar o
“desconfiômetro” em caso de notar algo que destoe do uso e contexto. Usar recursos como
dicionários e gramáticas, também ajuda a promover o desenvolvimento do conhecimento da língua
estrangeira por meio das atividades tradutórias.
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ATIVIDADE TRADUTÓRIA – APLICAÇÃO EM SALA
Download

A tradução como quinta habilidade. - CCHLA