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AS FILOSOFIAS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO DOS SURDOS:
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE E DA INTERAÇÃO SURDO-OUVINTE
Danielle Caruline Sena da Silva1
Eurides Bomfim de Melo2
Tícia Cassiany Ferro Cavalcante3
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo principal investigar o processo comunicativo
entre alunos surdos e ouvintes, docente e intérpretes inseridos em classes
regulares, do Ensino Fundamental I, buscando relacionar as características da
interação, com as Filosofias que perpassaram a Educação dos Surdos na prática
pedagógica. Para tal, participaram do presente estudo alunos e professores de
ensino fundamental de uma escola regular da cidade de Camaragibe-PE. Na
primeira sala de aula tinham três alunos Surdos e na segunda, dois alunos
Surdos. Foram feitas videografias das situações de sala de aula, sem a
intervenção das pesquisadoras, com a proposta de analisar a prática pedagógica
das professoras. Optamos por realizar o recurso da videografia, para uma maior
fidedignidade e clareza na busca da gênese da situação retratada, no recorte da
realidade em questão. Foi possível perceber que apesar da existência da
intérprete, a prática pedagógica utilizada, não proporciona a Inclusão de fato, já
que as professoras deixam transparecer nas suas práticas, filosofias educacionais
para os Surdos que contribuem para um desenvolvimento parcial da comunicação
e aprendizagem significativa.
Palavras-Chave: educação; inclusão; Surdos; filosofias educacionais; intérprete;
língua brasileira de sinais (LIBRAS).
INTRODUÇÃO
A perspectiva de inclusão voltada para as pessoas com deficiência, inicia
seus primeiros passos, de forma significativa, por volta da década de 80 do século
XX, com a Declaração de Cuenca, cujo tema foi o direito à educação; à
participação e à plena igualdade de oportunidades para a pessoa com deficiência,
1
Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. [email protected]
Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE. [email protected]
3
Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais
[email protected]
2
da
UFPE.
2
bem como, a necessidade de relacionar o atendimento educacional adequado
com as características individuais de aprendizagem (CARVALHO, 2000).
A perspectiva inclusivista começa a ganhar mais força por volta da década
de 90 com a Declaração de Salamanca. Esta declaração é considerada um marco
no processo de inclusão, uma vez que destaca a importância de uma educação
pautada no direito e reconhecimento da língua natural do indivíduo e abre espaço
para a ampliação das políticas educacionais (SALLES, 2004).
A partir do reconhecimento da importância do respeito às diferenças, a
educação dos Surdos4 também teve uma evolução relevante. Um dos grandes
avanços consistiu na obrigatoriedade do ensino da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS5) nos cursos de formação de professores em nível médio e superior,
como podemos observar no Decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005 que
regulamenta a lei N° 10.436 de 24 de abril de 2002.
Historicamente, o reconhecimento da LIBRAS como primeira língua dos
Surdos relaciona-se a sua diferenciação da língua de sinais utilizada pelos índios
Urubu-Kaapor (LSKB), comunidade indígena do Estado do Maranhão. Assim, na
década de 80 do século XX, a professora Linguista Lucinda Ferreira Brito, para
diferenciar a LIBRAS da língua utilizada pelos índios, a denominou de Língua de
Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros (LSCB), que posteriormente viria a ser
denominada de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), tal abreviação criada pela
comunidade Surda (GOLDFELD, 2001).
Segundo Tanya A. Felipe (1997), esta língua é de modalidade gestualvisual6, diferente da Língua Portuguesa dos ouvintes, que possuem uma
compreensão oral-auditiva. Já Quadros (2004) define que a LIBRAS é uma
modalidade comunicativa visual-espacial por se basear nas experiências visuais
das comunidades surdas.
4
O termo “Surdez” designa um grupo lingüístico e cultural, já o termo “surdez” designa somente a
falta de audição, ou seja, a condição física.
5
Sigla utilizada por BRITO (1997), QUADROS (1997) e FELIPE (1997).
6
É um canal de comunicação de movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos
pela visão.
3
Apesar das diferentes nomenclaturas, as autoras acima convergem ao
conceituar que os surdos compreendem o mundo através de observações visuais,
atribuindo um valor gramatical as expressões faciais e, significam o mundo
externo
através
de gestos/sinais que, também, possuem características
gramaticais, como as configurações das mãos.
Percebemos que as interações entre os surdos e os ouvintes, e
consequentemente, a relação ensino-aprendizagem, estão sendo marcadas por
insatisfações e frustrações. Uma das causas, possivelmente, remete ao pouco
conhecimento da LIBRAS, pelo docente e pelos ouvintes, o que leva, muitas
vezes, a uma ambiguidade de significação, interferindo no processo de
socialização nas classes regulares, e consequentemente na não participação ativa
dos surdos nos processos comunicativos.
O presente estudo teve como objetivo analisar o processo comunicativo em
sala de aula entre professor, alunos surdos e ouvintes que favoreçam o processo
de ensino-aprendizagem e a acessibilidade comunicativa dos alunos surdos, ao
analisar a interação comunicativa entre professor, intérprete de LIBRAS, alunos
surdos e ouvintes, bem como se propõe a identificar os papéis desenvolvidos pelo
professor e pelo intérprete na dinâmica de sala de aula; além de identificar a
concepção filosófica para educação de surdos destacada na prática pedagógica
do professor em classes regulares.
Temos observado a existência de um descompasso entre a teoria e a
prática, que na maioria das vezes, interfere de uma forma que não contribui para o
enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem das crianças surdas. Para
uma possível minimização desse descompasso se torna relevante investigar os
processos
e
fatores
que
alimentam
práticas
educativas
excludentes
e
segregacionistas nas salas de aulas inclusivas na atualidade.
Vale salientar que, na maioria das vezes, as classes regulares que
possuem alunos surdos inseridos, os docentes responsáveis pelas mesmas
sentem-se despreparados para arcar com “todas” as responsabilidades em prol da
educação de seus educandos, e deixam a grande parte dessa responsabilidade a
4
cargo dos intérpretes, que “[...] acabam assumindo a função de professores,
utilizando a língua de sinais como língua de instrução.” (QUADROS; SCHMIEDT,
2006).
Contudo, o ensino do aluno não “é” responsabilidade do intérprete e sim da
escola como um todo. Nessa direção, Mantoan (2006) refere-se à auto imagem
dos professores de ensino regular para lidar com as pessoas com deficiência, a
saber:
Os professores do ensino regular consideram-se incompetentes para lidar
com as diferenças, especialmente para lidar com as “deficiências”,
porque os colegas especializados sempre realizam esse atendimento (p.
16).
Dessa forma, o professor acaba por reforçar a exclusão do aluno, uma vez
que, não se envolve diretamente com o processo de escolarização do mesmo.
Seja por desconhecimento de como agir frente à situação, ou por contar com a
“ajuda” do (a) interprete da língua de sinais (pessoa que traduz e/ou interpreta a
língua de sinais para a língua falada ou vice-versa em quaisquer modalidades que
se apresentar – fala ou escrita).
De acordo essa reflexão, Quadros e Schmiedt (2006), defendem que
apesar de todo o apoio técnico e pedagógico que possa contribuir na educação
dos alunos surdos, sempre será necessária a existência de professores bilíngües,
já que, estes alunos devem se integrar primeiro no universo lingüístico de sua
comunidade, para posteriormente se interessar por uma segunda língua.
No entanto, no contexto escolar, temos observado que, atualmente, a
prática docente ainda está atrelada a capacidade de incluir o aluno com técnicas
assistencialistas e/ou clínicas, que parte apenas de especialistas. A educação,
assim, restringe-se ao cuidar e não ao educar para a sociedade, contrário ao que
defende a política inclusiva. No caso dos surdos, deixa-se em segundo plano as
suas especificidades nas formas de aprendizagem, que são diferentes dos
ouvintes, ou seja, os recursos didáticos e pedagógicos para uma estimulação
diferenciada com relação aos ouvintes.
5
Para garantirmos a inclusão do aluno surdo, não só na sala de aula, como
também na sociedade, faz-se necessário compreendermos os processos
educacionais que perpassaram a educação dos surdos, até se configurar na
perspectiva atual. As filosofias educacionais da educação de surdos constituem-se
de três marcos: o Oralismo, a Comunicação Total e o Bilinguísmo, como descrito
na Figura 1 abaixo:
ORALISMO
1880
Oralidade como único
meio de comunicação
COMUNICAÇÃO TOTAL
1960
Oralidade, gestos e outras
estratégias para proporcionar a
comunicação com os Surdos
BILINGUÍSMO
1980
Língua de sinais, como língua
principal entre a comunicação
A partir do Congresso de Milão, em 1880, devido à grande presença de
Ouvintes, adotou-se o Oralismo, método que considera a voz como o único meio
de comunicação e de educação para os Surdos, desde então, foram excluídas
todas as possibilidades de uso das línguas de sinais na educação desses sujeitos.
Dessa forma, o processo educativo das pessoas Surdas passa a fazer uso de
práticas segregacionistas e excludentes que não valoriza suas especificidades que
minimizam a sua capacidade de aprendizagem.
Tal filosofia trouxe muitos retrocessos na educação dos surdos, tendo em
vista que “o Oralismo percebe a surdez como uma deficiência que deve ser
minimizada através da estimulação auditiva.” (GOLDFELD, 2001, p. 31).
Nessa proposta, a capacidade de aprendizagem é sempre relacionada,
apenas, com a oralidade. A prática educacional valoriza a questão do processo de
“normalização” destes sujeitos, para que se tornem ouvintes. O que faz prevalecer
uma visão etnocêntrica, em que há uma idéia de supremacia do Ouvinte, que
caracteriza o termo ouvintista, “como um conjunto de representações dos
ouvintes, a partir, do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se
6
fosse ouvinte.” (Skliar, 1998). Diante disso, Strobel (2006) traz uma crítica às
práticas ouvintistas:
Durante cem anos, os sujeitos surdos ficaram subjulgados as práticas
ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura e sua identidade Surda,
obrigados a se submeterem a uma “etnocentria ouvintista”, sendo
forçados a imitá-los e a se esforçarem em parecer ouvintes. (p.247)
Apesar de a estimulação para a aquisição da linguagem oral, pelos alunos
surdos impedir um melhor desenvolvimento social e intelectual, os teóricos que
defendem esta filosofia argumentam que é através da audição que as crianças
imitam e começam a ressignificar conceitos já existentes. Contudo, a surdez traz
impedimentos sensoriais a pessoa, que não permite que a aquisição da linguagem
materna, nesse caso a Língua de sinais, ocorra como a aquisição da língua
portuguesa falada pelas crianças ouvintes. Nesse sentido, Goldfeld (2001)
destaca: “A história da educação de surdos nos mostra que a língua oral não dá
conta de todas as necessidades da comunidade surda.” (p. 34).
Na década de 60 surge uma corrente filosófica denominada de corrente
filosófica Mista de educação para Surdos ou de Total Approach, ou seja,
Abordagem total, que seria hoje denominado de Comunicação Total.
A Comunicação Total foi bastante importante para estabelecer uma
comunicação mais eficaz para ambos - professor e aluno, ao propor que qualquer
tipo de comunicação é relevante, permitindo ampliar a comunicação, que
anteriormente ficava restrita ao Oralismo. Assim, os alunos mantinham uma
comunicação mais natural e conseguiam expor suas idéias e inquietações. Esta
filosofia foi sendo enriquecida com outros elementos, como: a língua de sinais, a
fala, a leitura oro-facial, o alfabeto manual e a escrita.
Por volta da década de oitenta e noventa toma espaço o Bilingüísmo, que
passa a ancorar a educação bilíngue com a concepção de uma proposta de
ensino que preconiza o acesso a duas línguas no contexto escolar, considerando
a língua de sinais como língua natural – L1 (SALLES 2004, p. 57).
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Esta filosofia considera que a língua de sinais é a única língua que
possibilita o surdo a dominá-la plenamente, abordando todos os aspectos, sejam
cognitivos ou comunicacionais, como diz Goldfeld (2001).
Dessa forma, com a Filosofia Bilinguista, a Língua de Sinais ressurge no
contexto da educação de maneira mais significativa e passa a ser mais valorizada,
retoma o seu relevante papel no processo de ensino aprendizagem nos espaços
escolares e também fora deles.
Além de compreendermos os avanços ocorridos na educação dos surdos,
Gotti (2006) cita que é de fundamental importância, o professor atuar como
mediador na educação dos alunos surdos. Ela explica que, geralmente, por os
surdos serem filhos de pais ouvintes, eles não aprendem a LIBRAS de uma forma
“vertical”, ou seja, a LIBRAS, muitas vezes, não é contemplada essencialmente
desde o início na aquisição de linguagem da criança. Por isso, faz-se necessário a
presença de surdos ou de ouvintes fluentes na língua de sinais para otimizar este
aprendizado.
Damázio (2007) concorda com Gotti (2006) ao discutir que, deve haver uma
educação bilíngüe, com professores bilíngües, instrutores de LIBRAS e uma
relação entre a primeira língua dos surdos e a segunda - a língua portuguesa.
Observamos que o caminho a ser seguido não é o de valorizar a distinção
entre a língua oral e a língua de sinais, mas sim, a compreensão de que os surdos
possuem uma identidade, uma língua própria. Assim, a inserção dos surdos no
universo da língua portuguesa se dá através da significação desta língua em sua
forma escrita e não necessariamente oral.
Para entendermos a importância da aquisição da LIBRAS pela criança
Surda desde cedo, Quadros e Schmiedt (2006, p. 20) citam que, “[...] o processo
das crianças surdas adquirindo língua de sinais ocorre em período análogo à
aquisição da linguagem em crianças adquirindo uma língua oral-auditiva”. Ou seja,
as crianças surdas possuem as mesmas potencialidades na aquisição da língua
materna, diferenciando apenas, os estímulos recebidos para que isso aconteça.
O presente trabalho traz uma reflexão acerca da prática pedagógica dos
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professores com os alunos surdos, a fim de compreendermos se realmente
conseguimos superar o Oralismo e se em nossas escolas vivenciamos o
Bilinguismo, filosofia considerada por muitos estudiosos como a filosofia adequada
que provavelmente possibilitará a aprendizagem dos alunos Surdos. Buscamos,
também, compreender qual a relação que a intérprete mantém com a professora e
com os alunos surdos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nesta pesquisa, a coleta de dados foi realizada numa Escola Municipal no
centro de Camaragibe-PE, em duas salas de aulas regulares do ensino
fundamental I, mais especificamente, nos 3° e 5° an os. A coleta de dados foi
realizada durante três aulas; duas na turma A e uma na turma B. Cada aula tinha
aproximadamente duas horas, totalizando 6 horas de registro em videografia.
A escolha das turmas deveu-se a existência de alunos surdos na instituição,
condição necessária para concretização do estudo. Escolhemos como sujeitos,
duas docentes e seus respectivos alunos, na faixa etária entre nove a quatorze
anos. Dentre eles, cinco alunos surdos, sendo três em uma sala de aula e dois em
outra.
Vale salientar que as pesquisadoras não tiveram participação efetiva na
dinâmica das turmas. As docentes não receberam nenhuma orientação, das
pesquisadoras, sobre a sua prática pedagógica. A única orientação dada às
professoras foi que as filmagens deveriam acontecer nas aulas de português, por
ser favorecedor da emergência de muitos discursos orais e assim, possibilitar uma
maior percepção da mediação do discurso realizado pela intérprete, e
consequentemente da relação desta com os alunos surdos.
Esta pesquisa, segundo Marli André (1995) é de caráter qualitativo do tipo
Estudo de caso etnográfico. Ou seja, possui uma abordagem etnográfica, que
compreende a descrição, a formulação de conceitos e hipóteses aplicadas a um
estudo de caso, o qual descreve uma situação enfatizando o conhecimento do
particular.
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O recurso de videografia permitiu a recuperação das aulas na íntegra,
mantendo, inclusive o registro do contexto comunicacional entre pessoas surdas e
ouvintes, tendo em vista, que há uma distinção linguística entre ambos: a Língua
Portuguesa se caracteriza como uma modalidade oral-auditiva, e a LIBRAS como
uma modalidade gestual-visual. Assim, foi possível preservar os dados de
interação social e não perder a fidelidade da situação retratada no recorte da
realidade em questão.
A vídeografia possibilita a preservação tal qual a situação observada.
Segundo Kurt Kreppner (2001) há um “congelamento” da situação original em sua
totalidade de aspectos comunicacionais verbal e não-verbal.
O autor, ainda defende que ao realizar observações em situações
cotidianas nos deparamos com barreiras comunicacionais devido à complexidade
do fenômeno de interação social. Para que a comunicação se estabeleça, é
necessário respeitar a condição linguística dos sujeitos e o seu direito à
expressão. Quando essas condições não são levadas em consideração é comum
nos depararmos com barreiras comunicacionais que interferem quanto ao
entendimento da informação repassada. Uma delas é a de especificidade em que
tentemos a transferir padrões de comunicação de uma sala de aula para outra, de
uma pessoa para outra. Dessa forma, como o professor está em contato com o
mundo da oralidade, muitas vezes, mesmo que involuntária e historicamente, ele
tende a homogeneizar suas práticas, desrespeitando as condições peculiares das
crianças surdas.
Para a análise, realizamos as transcrições dos vídeos segundo Felipe
(2001) e Souza (2006) apud Sousa (2009) e Marcuschi (1999), obedecendo ao
sistema de transcrição de turnos. Utilizamos as seguintes notações: (.) - pausa
existente na fala; : - alongamento da vogal e consoante;
(( )) - comentário do
analista acerca de dados do contexto; ( ) - esclarecimento de ocorrências de
expressão facial e movimentos corporais concomitantes aos enunciados; Caixa
alta – registro dos sinais em LIBRAS; Registro em linhas separadas –
ocorrência simultânea de sinais e fala; Turnos de fala – letra T (caixa alta) e
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número correspondente ao turno entre parênteses. Tais notações permitem
manter a convencionalidade dos símbolos em transcrições de situações
contextuais, que no caso deste estudo são as situações de sala de aula.
Além das notações acima, a nossa unidade de análise consistiu de
categorias, visando contribuir para a compreensão da dinâmica na comunicação
entre os diversos sujeitos, a saber: (a) uso da LIBRAS pelo aluno Surdo; (b) o
papel do Intérprete na interação com o aluno surdo; (c) a prática docente; (d) a
filosofia norteadora da prática docente; (e) a interação entre alunos ouvintes,
alunos surdos e seus pares.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As turmas investigadas foram denominadas para fins de análise de turma A
e turma B. Ressaltamos, ainda, que colocamos apenas as iniciais dos nomes dos
alunos para manter o sigilo em respeito às orientações legais. Abaixo
apresentamos, sucintamente, as turmas A e B:
Turma A
A turma A é composta de 32 alunos, a professora e a intérprete. Dos alunos
três são Surdos, sendo duas meninas (J. e C.) e um menino (W). J. tem 13 anos,
possui surdez profunda bilateral7 e não participa ativamente das atividades de sala
de aula, bem como não interage efetivamente com a intérprete e com os demais
alunos (Surdos e Ouvintes). C. tem 14 anos e apresenta peculiaridades em
relação à J. quanto à perda auditiva, pois a mesma está perdendo
progressivamente a audição. C. parece não aceitar a LIBRAS, nega a sua
condição e utiliza a linguagem oral, interagindo satisfatoriamente com os alunos
(ouvintes e Surdos). W. tem 14 anos, com surdez profunda bilateral, participa das
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Existem alguns tipos de níveis de limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade auditiva:
Audição Normal: Limiares entre 0 a 24 dB nível de audição;
Deficiência Auditiva leve: Limiares entre 25 a 40 dB nível de audição;
Deficiência Auditiva Moderada: Limiares entre 41 e 70 dB nível de audição;
Deficiência Auditiva Severa: Limiares entre 71 e 90 dB nível de audição;
Deficiência Auditiva Profunda: Limiares acima de 90 dB.
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aulas e interage satisfatoriamente, principalmente com a intérprete. A professora
desta turma demonstra interesse em facilitar a comunicação entre os alunos
ouvintes, já que faz uso de um microfone, a fim de proporcionar um maior alcance
nos direcionamentos das atividades. Com relação aos alunos surdos ela procura,
em alguns momentos, interagir com estes, por meio da orientação da intérprete,
que está sempre presente nas aulas, contribuindo assim, para uma melhor
interação com a turma.
Turma B
Na turma B há 30 alunos, a professora e uma intérprete que é bastante
ausente. Desses 30 alunos, dois são surdos, sendo uma menina (K) e um menino
(J), o qual não participou da filmagem, já que estava impossibilitado de frequentar
as aulas por motivo de doença no período da coleta de dados. A única surda
participante da filmagem nesta turma B foi K. de 14 anos, com surdez profunda
bilateral. Observa-se que o contexto desta sala de aula é um pouco diferente da
sala A quanto à questão da interação do aluno surdo com os demais sujeitos, pois
a docente enfatiza atividades com práticas orais. Tal atitude reflete numa postura
que não proporciona a interação entre a docente com os alunos surdos. Além
desses fatores, a intérprete desta turma é pouco presente, impossibilitando a
participação ativa destes alunos nas atividades cotidianas.
Abaixo apresentaremos a análise dos recortes das situações de sala de
aula a partir das categorias elaboradas previamente. Assim, os dados
apresentados em cada categoria dizem respeito às situações das Turmas A e B.
Contudo, salientamos que em algumas categorias os dados se referem a uma das
duas turmas por não aparecerem situações em ambas.
Uso da LIBRAS
Apesar do reconhecimento da língua de sinais, como uma língua natural
para os Surdos, infelizmente, na realidade, percebemos que a grande parte dos
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ouvintes e até mesmo alguns Surdos, não são conhecedores da língua de sinais,
acarretando assim, a falta de participação efetiva na cultura Surda, a qual,
deveriam já nascer imersos nela.
Essa falta de domínio e insegurança na utilização da LIBRAS é observada
no fragmento da interação entre o aluno W com a intérprete de sua turma:
Situação
(T 11)
W
(T 12)
Intérprete
(T 13)
W
(T 14)
Intérprete
Aviso da realização da filmagem, conversas e início das atividades.
(Aponta para o caderno e faz o sinal de negação)
((Como quem estivesse perguntando para a intérprete se era pra utilizar
o caderno naquele momento))
AGORA/NÃO/AGORA/OLHAR/PESSOA
((Dizendo que não teria atividade naquele momento e pediu que W.
prestasse atenção na aula)).
ESCREVER/AGORA (Com expressão interrogativa)
((Perguntou W. mostrando que não havia entendido o que a intérprete
falou)).
((Vira para frente prestando atenção na aula da professora))
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 19 de abril de 2010, com duração de duas
horas.
A utilização de gestos, que não se configuram em sinais, por W (T 11), e a
não compreensão da fala da intérprete (T 13) confirma a falta de domínio na
LIBRAS, que é um dos resultado da falta de atenção voltada para a alfabetização
dos alunos Surdos em sua língua natural.
É necessário que os alunos surdos se tornem leitores em sua língua para
que posteriormente se tornem leitores na língua portuguesa. Ou seja,
Dessa forma, estão se reproduzindo iletrados em sinais. A língua
brasileira de sinais é “a” primeira língua e merece receber esse
tratamento. Sendo assim, recuperar a produção literária da comunidade
surda é um aspecto emergente para tornar eficaz o processo de
alfabetização. (QUADROS, SCHMIEDT. 2006 p. 25)
Retomando o trecho acima, observamos que a atitude da intérprete de pedir
que o aluno olhasse para a professora (T 12), e dar as costas para o aluno (T 14),
não possibilita a inclusão do aluno na sala de aula, nem garante a ele o seu direito
de ter acesso aos conteúdos do ensino regular.
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Com isso, observamos que, infelizmente, a intérprete, nessa situação, não
está minimizando as dificuldades dos alunos surdos, que para Guarinello (2008, p:
65) é o papel do intérprete. Iremos detalhar o papel do intérprete na categoria
abaixo.
O papel do Intérprete na interação com o aluno surdo
Podemos constatar nas situações videografadas, que a inclusão dos alunos
surdos em classes regulares, ainda se depara com muitos obstáculos a serem
superados para que eles tenham uma educação com equidade. Apesar dos
avanços nas legislações específicas para um atendimento mais amplo do aluno
com deficiência, sinalizando em direção a uma mudança na perspectiva quanto à
inserção do “profissional” intérprete que de acordo com o Decreto nº 5.656/05 é a
pessoa responsável que interpreta de uma língua fonte (LP) para uma língua alvo
(LS) na sala de aula como um mediador da interação social, observamos
dificuldades na interação e comunicação entre surdo e intérprete.
Ainda nos deparamos com uma carência de profissionais na área, por isso
as mudanças acontecem de forma lenta, quanto à promoção da formação
continuada e adequada dos mesmos, gerando a falta do profissional para atuar
em ambiente educacional. Este fato tem implicações diretas quanto à formação do
sujeito integral, descrito na LDB/96, que visa à participação social e o pleno
exercício da cidadania. Sendo assim, as crianças surdas ficam desmotivadas, não
participando de vários tipos de atividades (sociais, educacionais, culturais e
políticas), e não avançam nos processos educacionais, ficando sem acesso às
discussões e informações vinculadas a língua falada. O que reflete em um
processo de exclusão social, educacional, cultural e político. O fragmento abaixo,
da sala de aula A, exemplifica um pouco, este processo de exclusão.
14
Situação
(T 1)
Intérprete
(T 2)
J
(T 3)
Intérprete
A professora explica a próxima atividade no quadro, que é fazer
um acróstico com o seu nome
A-C-R-Ó-S-T-I-C-O IGUAL/CARTAR/PAREDE ((J olha))
EXPLICAR/VOCÊ/ESCREVER/CADERNO/FALAR/ DEPOIS
TER/VERGONHA/TODOS/OLHAR
EU/TAMBÉM ((tentando naturalizar a situação))
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 20 de abri de 2010, com duração de uma hora e
meia.
No trecho anterior, percebemos a dificuldade de interação da aula surda
com relação aos demais membros da sala de aula. Há uma tendência ao
isolamento, pois o trabalho desenvolvido com ela, muitas vezes, não é socializado
com o grande grupo, por a mesma não se sentir à vontade de se expor ao grupo.
Todavia, se o intérprete fosse comprometido com o trabalho em parceria com o
docente, as dificuldades comunicacionais tenderiam a ser minimizadas e
superadas. Segundo Lacerda (2000), o intérprete pode ter um papel importante,
pois se abre a possibilidade para o aluno receber as informações na língua de
sinais por uma pessoa habilitada.
De acordo com o MEC/SEESP (2004), há uma questão ética que envolve a
profissão de intérprete ancorada numa perspectiva em que o profissional tradutorintérprete não pode interferir, opinar e nem deixar de repassar a informação,
mesmo que para facilitar a compreensão da mensagem. Cabe a ele a
imparcialidade no processo de comunicação, sendo apenas um mediador da
mesma. Não é o que percebemos no trecho abaixo (T 25), pois a intérprete não
traduz todos os avisos, o que resulta numa percepção fragmentada, das aulas,
pelos alunos surdos.
Situação
(T 16)
Aluno
Ouvinte 1
(T 17)
Aviso da realização da filmagem, conversas e início a atividades.
Tem prova é? ((Pergunta um aluno que não estava participando da
aula, já que, lia um livro durante o momento em que a professora
falava))
Nã:o agora não, nós teremos uma provinha mas não agora (.) pra
15
Professora
semana vai ter uma provinha (.) já ta pro:nta.
(T 18)
Intérprete
(T 19)
Aluno
Ouvinte1
OLHA ((diz para Joice)) (Apontando para a professora)
PROVA/DEPOIS
(T 20)
Professora
(T 21)
Aluno
Ouvinte 2
(T 22)
Professora
(T 23)
W
(T 24)
Intérprete
(T 25)
W
(T 26)
Intérprete
De que professora? ((O aluno pergunta sobre o assunto da prova))
Português e Matemática ((rápido)) Português num dia, no outro dia,
matemática (.) Depois eu pego a escrita e a leitura ta bom? Antes da
gente começar eu tenho alguns avisos para dar a você:s
quarta-feira não haverá aula
Não (.) não é esse aviso não.
O QUE/ELA/FAZER ((Pergunta))
ELA/FALAR/AVISO
AVISO (com expressão interrogativa)
(balança a cabeça sinalizando uma expressão positiva)
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 19 de abril de 2010, com duração de duas
horas.
A mesma postura é observada no próximo fragmento. Em que a intérprete
repassa a informação, apenas quando a professora começa a escrever no quadro,
interferindo na mensagem repassada (T 06).
Situação
(T 01)
Professora
(T 02)
Aluno
ouvinte
(T03)
Professora
(T 04)
Aluno
Ouvinte
Entrada dos alunos em sala de aula e explicação de atividades
por parte da professora.
A partir de hoje (.) voltaremos a fazer o cabeçalho é:: todo
De novo: tia (caretas)
Caprichem na letra lembrando de escrever a letra maiúscula .
é o que::: matemática é::: ?
16
(T 05)
Professora
(T 06)
Intérprete
(T 07)
As
Português. Coloquem o nome com::ple::to::
CADERNO/CANETA/PORTUGUÊS
SIM
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 20 de abril de 2010, com duração de duas
horas.
A prática docente
O quadro abaixo exemplifica um pouco da prática da professora no contexto
da sala de aula A.
Situação
(T 8)
Professora
(T 9)
Aluno
Ouvinte
(T 10)
Professora
(T 11)
Aluno
Ouvinte
(T 12)
Professora
(T 13)
Aluno
Ouvinte
(T 14)
Intérprete
Entrada dos alunos em sala de aula e explicação de atividades
por parte da professora.
Vimos na aula passada que a poesia é diferente:: dos outros
textos, por que é diferente?
Tem verso (ares de satisfação)
Po posso:: falar de qualquer assunto na poesia?
Pode. Tem rima(.) pra gente inventar
Vou dizer um verso(.) e vou ver quem é que vai rimar com esse
verso. Lá no fundo do quin::tal:: (.) tem um ta::cho de mela::do (.)
Quem não sa::be contar versos é melhor::: ficar....
Cala::do (( todos respondem euforicamente))
PROCURAR/MATERIAL/CADERNO/ORGANIZAR
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 20 de abril de 2010, com duração de uma hora
e meia.
Como se percebe no T12 a escolha do tema e a forma como foi trabalhado,
é bastante exclusiva, já que, não considera a subjetividade do tema proposto,
17
contribuindo para a construção de um pensamento fragmentado. A prática
pedagógica da docente focou apenas a comunicação oral auditiva, não
possibilitando a percepção visual espacial, que seria necessária para a
compreensão do gênero discutido.
Por a linguagem visual ser de um potencial muito rico deve ser mais
explorada e desenvolvida na escola, pois os alunos só têm a ganhar com essa
tomada de atitude. O professor que trabalha ancorado nessa perspectiva
privilegiará os alunos, pois a imagem desempenha um papel fundamental no
processo de aprendizagem, beneficiando o currículo, a interação entre todos os
envolvidos no processo dos mesmos.
Com isso observa-se que, a escola deve ser um ambiente que possua
ações [...] que tenham sentido para os alunos em geral e que esse sentido possa
ser compartilhado com os alunos com surdez. (DAMÁZIO, 2007 p. 14) Ou seja,
uma educação de Surdos inclusiva, de fato, não é direcionar toda a atenção e o
planejamento educacional para a educação destes alunos, o que seria um ato de
super proteção, de segregação; incluir estes alunos é planejar as aulas pensando
numa possibilidade de abordar os conteúdos, de forma que interesse e que
possibilite a todos um aprendizado significativo.
Nesta mesma situação, quando a professora repassa alguns avisos, a
intérprete se limita a passar orientações quanto à organização do material para a
aluna iniciar a cópia do que está sendo escrito no quadro, ela não traduz todos os
avisos, fragmenta-os, e repassa apenas quando a professora começa a escrever
no quadro (T14). Dessa forma, parece demonstrar uma postura reducionista nos
discursos, uma vez que só traduz a explicação das atividades do que pensa ser
relevante para a aluna. Ela traduz apenas quando é solicitada de acordo com o
trecho abaixo da sala de aula A.
Situação
(T 34)
Intérprete
(T 35)
A intérprete explica a As1 a atividade que consiste em fazer uma
poesia com rimas.
ELA/ESCREVE/MUITO/BOM/SABE/MUITO
Você vai ler para todos, mas não pode levar o papel
18
Professora
(T 36)
Professora
(T 37)
Intérprete
(T 38)
J
(T 39)
Intérprete
VOCÊ/LÁ. Diz a ela (gesticula)
W. vai lá para frente ler, ele participa e aprende muito
VOCÊ/FALAR ((apontando para a frente da sala)) IGUAL / W /
TODOS/ BOM/VOCÊ/FAZER/IGUAL
NÃO/VERGONHA
NÃO/PODER/VERGONA/NÃO PODER (risos)
((a aluna balança a cabeça negativamente))
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 20 de abril de 2010, com duração de uma hora
e meia.
Através da observação da relação das duas docentes com os alunos
surdos, ouvintes, e as suas respectivas intérpretes, podemos relacionar estas
práticas com as filosofias que permearam a educação dos surdos. O que iremos
analisar na categoria abaixo.
A filosofia norteadora da prática docente
Inicialmente na turma A, observamos fortes características da filosofia
comunicação total, devido às diferentes formas de se comunicar com os alunos
surdos, não focando apenas na oralidade, que caracteriza a filosofia oralista, nem
utilizando a LIBRAS como principal meio de comunicação com este aluno, o que
caracterizaria a filosofia bilinguista.
Observamos a orientação da filosofia da comunicação total na prática
docente, no momento em que a professora tenta, mesmo de forma equivocada,
instaurar uma comunicação mais elaborada, mesclando a linguagem oral, gestos e
LIBRAS, para se fazer entender. Neste momento ela pede, com frequência, a
intervenção da intérprete, usando a frase: “diz a ela” (T35). Forma-se, nesta
situação, uma comunicação “híbrida”, que segundo Lacerda (1997), é composta
por sinais, gestos e fala, devido ao domínio precário, atrelado até mesmo a falta
de conhecimento da língua brasileira de sinais que é reforçado no trecho seguinte
da sala de aula A.
Situação
A intérprete explica a As1 a atividade que consiste em fazer uma
poesia com rimas.
19
Já terminaram(.) agora esperem um minuto que eu vou ver o de J., e
(T 27)
já volto (.) aqui.
Professora ((fica de costas para a câmera e conversa com a intérprete. A aluna
As1 fica balançando a cabeça positivamente e negativamente))
Espera:: (.) que coisa fei:::a
(T 28)
((continua a conversar com a intérprete e a aluna tenta puxar e rasgar
Professora a folha de papel que esta com ela))
FALAR/VOCÊ/ESCREVER?
(T 29)
ELA ((apontando para a intérprete)) (risos)
J
(T 30)
Foi ela que escreveu:::?
Professora
(T 31)
TER/FALAR/VOCÊ/ESCREVER/VOCÊ (risos) ELAESCREVEU
Intérprete ((risos))
(T 32)
ELA ((insiste))
J
(T 33)
MENTIRA (risos) ((aluna tenta puxar a folha)) deixa eu ver::: eu vou
Professora devolver (.) ESPERAR ( risos) BOM
(T 34)
ELA/ESCREVER/MUITO/BOM (.) SABER MUITO (.)
Intérprete
(T 35)
Você vai ler para todos, mas não pode levar o papel
Professora VOCÊ/LÁ ((diz a ela))
(T 36)
W. vai lá para frente ler, ele participa e aprende muito
professora
(T 37)
VOCÊ/FALAR/FRENTE/IGUAL/W./TODOS/BOM/VOCÊ/FAZER/IGUAL
Intérprete
(T 38)
NÃO/VERGONHA
W
(T 39)
NÃO/PODER(.) VERGONA/NÃO/PODER (risos)
Intérprete ((a aluna balança a cabeça negativamente))
Situação da sala de aula A. Aula ministrada no dia 20 de abril de 2010, com duração de uma hora
e meia.
Ao observarmos a prática docente na turma B, afim de, relacionarmos esta
com uma das filosofias educacionais para a educação dos surdos, percebemos
que durante toda a aula não há interação alguma, da professora com K. Com isso,
há uma impossibilidade de relacionarmos suas práticas pedagógicas com as
filosofias, já que, ficou claro durante as observações que há uma “certa”
negligência por parte da professora em relação à existência da aluna surda em
sala de aula.
20
A interação entre alunos ouvintes, alunos surdos e seus pares
No contexto educacional, e não apenas nele, a interação se faz necessária
uma vez que, a aprendizagem se efetiva nas práticas sociais coletivas. É nesse
sentido que a escola caracteriza-se como um espaço lingüístico fundamental, e
muitas vezes, sendo o primeiro espaço onde a criança surda entra em contato
com a sua língua natural. Dessa forma, a interação passa a ter uma melhor
qualidade, implicando diretamente em uma maior riqueza do processo
educacional, que nessa perspectiva passará a ter um real valor para a criança.
(QUADROS, SCHMIEDT, 2006)
Situação
(T 13)
K
(T 14)
Aluno Ouvinte
(T 15)
K
(T 16)
Aluno Ouvinte 1
(T 17)
Aluno Ouvinte 2
(T 18)
Aluno Ouvinte 1
(T 19)
Professora
(T 20)
Aluno Ouvinte 1
(T 21)
Professora
(T 22)
Aluno Ouvinte 1
A professora inicia a atividade de contação de história
AQUI ((aponta para o caderno, uma aluna começa a tentar
explicar a atividade para ela))
Não ((aponta novamente para o caderno de K))
Para ler (vocalizações e gestos)
NÃO (expressão de desânimo) (risos)
((não se sabe se ela não sabe ler ou não entendeu a
mensagem)) ((aluna ouvinte se levanta e vai até a banca de K))
Ler tudinho T-U-D-I-N-H....(( tentando fazer datilologia))
Como é ler? ((pergunta a um colega))
Não sei ((apontando para um cartaz de datilologia na parede))
Pa::ra (risos)
Sen::ta. Já terminou. Já explicou a e::la?
Ainda não, peraí:::
Depois você vai ler para gente
((refrindo-se a aluna que estava em pé))
Espera (risos)
Situação da sala de aula B. Aula ministrada no dia 12 de maio de 2010, com duração de duas
horas.
No trecho acima, do contexto da sala de aula B, mais especificamente no
(T 15), percebemos o esforço que a aluna ouvinte faz para tentar ajudar a aluna
surda a entender o que é para ser feito na atividade, mas a falta de conhecimento
sobre a língua de sinais é notório, e acaba por confundir ainda mais a aluna surda.
21
Atitudes como essa vêm a reforçar a questão da segregação em sala de aula,
uma vez que, a instituição escolar não conseguiu adaptar os recursos
pedagógicos e tecnologias assistivas para promover a inclusão em sala de aula.
Ressaltamos, ainda, a ausência da intérprete.
Sabemos que a instituição escolar tem como pressuposto fazer com que os
alunos venham a dominar a linguagem verbal – nível oral, compreender e falar; e
nível gráfico, ler e escrever – mesmo que o acesso a este processo se dê por
outras modalidades. Ou seja, a escola valoriza a linguagem verbal em detrimento
de outras modalidades de comunicação, já que, o ato de falar e ouvir,
historicamente, possui um status perante a sociedade. É o que está exemplificado
nos dois trechos a seguir, presenciados na sala de aula B.
Situação
(T 01)
Professora
(T 02)
Professora
(T 03)
Todos:
(T 04)
Todos:
A professora inicia a atividade de contação de história
Agora vamos ouvir essa história ((mostra o livro a turma, todos
falam ao mesmo tempo)) (a aluna surda baixa a cabaça na banca)
((nesse momento a docente passa o visto nas atividades de casa,
mas não chaga até a aluna surda))
Qual é o nome da história?
É a nota de:z
Ziraldo ((desânimo por parte da aluna surda)) (boceja) (( enquanto
todos estão atentos a história ))
Situação da sala de aula B. Aula ministrada no dia 12 de abril de 2010, com duração de duas
horas.
Situação
(T 01)
Professora
(T 02)
Aluno
Ouvinte
(T 03)
Professora
Professora propõe um ditado oral
Va::mos turma, fazer um ditado da história
Peraí::: (assovios)
Deixa eu ver:: ((olha atividade de K, mas não faz comentários e
nem se esforça para estabelecer nenhum tipo de comunicação))
(aluna olha para a professora na expectativa)
((todos conversam ao mesmo tempo))
22
(T 04)
Aluno
Ouvinte
(T 05)
Professora
(T 06)
Todos
T(07)
Professora
(T 08)
Aluno
Ouvinte
(T 09)
todos:
(T 10)
Prof
(T 11)
Professora
(T 12)
Aluno
Ouvinte
T(13)
Professora
Tá certo?
Já pegaram o material:: Prestem atenção
((todos se preparam para o ditado oral)) Posso começar o ditado?
Peraí
Va::mos começar::
(( As1 guarda o texto e fecha o caderno)) (boceja)
Tia::? Bora logo:: (( todos conversam))
Pode professora
Peguem o caderno agora?
(falatórios e assovios) ((professora fica em frente ao quadro))
Peixe
É com X (.) tia?
In:se:to, não é para olhar
((K abre o caderno e fica olhando os outros copiarem))
Gos:ta, me:ni:na, be:sou:ro, pes:so:a
Situação da sala de aula B. Aula ministrada no dia 12 de abril de 2010, com duração de duas
horas.
Como percebemos na primeira e segunda situação da sala de aula B, é
necessário que o professor tenha a cautela e não torne homogemônica às práticas
pedagógicas. Ele deve planejar suas aulas, visando atender as necessidades e as
especificidades da sua turma, atento para não segregar os alunos por meio da sua
prática pedagógica, preocupando-se em ampliar os recursos disponíveis para
atender a diversidade existente. Dessa forma, o docente estará contribuindo para
minimizar as dificuldades na comunicação presente nesse contexto.
Com isso observamos que é fundamental abordar a língua de sinais no
contexto escolar, ampliando assim, a curiosidade, por parte dos ouvintes, sobre
esta língua e consequentemente na forma de se comunicar com os surdos. Desta
forma, o incentivo, da relação de interação entre os sujeitos surdos e ouvintes, só
trará contribuições positivas para uma aprendizagem significativa, colaborando
23
para a efetivação da proposta de inclusão escolar, que é não deixar ninguém à
margem do processo de aprendizagem.
CONCLUSÕES
Neste trabalho caracterizado como um estudo de caso etnográfico,
envolvendo pessoas ouvintes e surdas, percebemos a grande contribuição do
recurso videográfico, o qual foi essencial para a execução desse trabalho, pois
nos possibilitou a percepção da utilização da LIBRAS pelos alunos surdos, pela
intérprete, como também as interações entre surdos e ouvintes.
Durante a coleta de dados, deparamos-nos com alguns imprevistos, como a
falta de um aluno surdo e da intérprete na turma B, que resultou na limitação da
comunicação e na fragmentação do entendimento das propostas das atividades
pela aluna K. durante a aula observada. Apesar disso, com as informações
coletadas podemos compreender melhor o processo de interação entre os alunos
surdos, ouvintes, intérprete e docente.
Observamos que a prática pedagógica, bem como os recursos utilizados,
na maioria das vezes, não atendem de forma adequada as especificidades dos
sujeitos em questão. A ação mediadora e facilitadora do processo de
aprendizagem significativa, de acordo com as discussões ao longo do trabalho,
trás à tona as dificuldades de inclusão nas classes regulares de ensino, que ainda
permeiam a educação dos surdos.
Este trabalho ainda, alerta os docentes sobre a importância de resignificar
seus conhecimentos acerca da educação das pessoas surdas para que não haja
risco de permear filosofias que, teoricamente, já estejam ultrapassadas e que,
serviram e ainda servem para impossibilitar a participação ativa desses alunos.
De uma forma geral, observamos que, infelizmente, em alguns contextos,
como o observado, nas nossas salas de aula não conseguimos superar vestígios
24
do Oralismo e a Comunicação Total, o que, não contribui para a inclusão efetiva e
nem para a formação dos alunos surdos na sociedade.
Com isso, consideramos relevante que o planejamento do trabalho
pedagógico seja realizado em conjunto, equipe gestora, equipe pedagógica,
docentes e familiares. Ressaltando, assim, a responsabilidade da escola, na sua
coletividade, em proporcionar a acessibilidade adequada aos alunos.
Outra contribuição relevante para a educação dos surdos é a valorização e
incentivo ao ensino da LIBRAS dentro da escola regular, proporcionando o acesso
e o aprendizado contínuo em sua língua natural.
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25
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LACERDA, Cristina B. F. PANHOLA, Ivone. É tempo de fonoaudiologia. Taubaté,
São Paulo: Cabral Editora, 1996/97.
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_______________________. O Tradutor e Interprete da Língua Brasileira de
Sinais e Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional
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SALLES, Heloísa Maria Moreira Lima. Et all. Ensino da Língua Portuguesa para
Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. V2.
SOUZA, Wilma Pastor de Andrade. A construção da argumentação na língua de
sinais: divergência e convergência com a língua portuguesa. Tese de Doutorado
em Educação. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa: 2009.
STROBEL, Karin Lílian.
Campinas: ETD, 2006.
A visão da in(ex)clusão dos surdos nas escolas.
26
ANEXOS
TRANSCRIÇÃO DA AULA DO DIA 19.04.10 – PROFESSORA S.
Participantes: Alunos ouvintes da turma, Professora, Intérprete e dois alunos
surdos, J. e W.
Situação: Aviso da realização da filmagem, conversas e início a atividades.
((A professora inicia a aula utilizando um aparelho de microfone))
(T 01)
As meninas que estão aqui vão participar da nossa aula: / ((rápido)) é
Professora
a tarde toda ou é até o final? ((Perguntando à pesquisadora))
(T 02)
Até as duas horas até, o recreio ((Falando um pouco baixo))
Pesquisadora
(T 03)
Oi?
Professora
(T 04)
Até o recreio
Pesquisadora
A sim. Então ela vai ficar conosco até o recre:io / ((rápido)) é que eu
(T 05)
vou ter que adiantar uma atividade que eu tinha colocado trocada
Professora
(Com entonação mais baixa e se dirigindo a pesquisadora)
É: vai participar (.) por que Danielle está fazendo um trabalho na
(T 06)
faculdade (.) como trabalhar com os alunos surdos (.) inclusive ela já
Professora
trabalhou / ((rápido)) foi tu que trabalhasse com ele? ((Perguntando a
pesquisadora))
(T 07)
Foi
Pesquisadora
Foi pronto (.) Ela já trabalhou com W. (.) já conhece W. certo? (.) E a
(T 08)
aula vai se dar normalmente (.) não se preocupem com aquilo ali
Professora
(apontando para a câmera) que ela apenas está filmando para a aula
dela, ela dá lá na faculdade.
Dima:s (Chamando a atenção de um aluno que estava de pé)
(T 09)
Pro seu lugar vamos (.) pronto (.) cada um no seu lugarzinho.
Professora
(Na sala muito barulho dos alunos conversando)
(T 10)
ELA/DIFERENTE/COISA/EXPLICAR. ((Fala se referindo a
Intérprete
professora, mas de costas para ela))
(Aponta para o caderno e faz o sinal de negação) ((Como quem
(T 11)
estivesse perguntando para a intérprete se era pra utilizar o caderno
W.
naquele momento))
AGORA/NÃO/AGORA/OLHA/PESSOA ((Dizendo que não teria
(T 12)
atividade naquele momento e pediu que W. prestasse atenção na
Intérprete
aula)).
ESCREVER/NÃO/DEPOIS (Com expressão interrogativa)
(T 13)
((Perguntou W., mostrando que não havia entendido o que a
W.
intérprete falou)).
27
(T 14)
Intérprete
(T 15)
Professora
(T 16)
Aluno
Ouvinte 1
(T 17)
Professora
(T 18)
Intérprete
(T 19)
(T 20)
Professora
(T 21)
Aluno
Ouvinte 2
(T 22)
Professora
(T 23)
W.
(T 24)
Intérprete
(T 25)
W.
(T 26)
Intérprete
(T 27)
Intérprete
(T 28)
W.
(T 29)
Professora
(T 30)
Intérprete
(T 31)
Professora
(T 32)
((Vira para frente prestando atenção na aula da professora))
Vocês não devem se preocupar com que Danielle está fazendo, por
que ela está fazendo o trabalho dele (.) Viu Lucas?
Participem, por que o foco delas, não são / não é vocês, são os
meninos de LIBRAS certo? Que vai acontecer normalmente, vocês
vão se comportar normalmente (Se movimentando na sala e em
alguns momento até ficando de costas para os alunos Surdos)
Tem prova é? ((Pergunta um aluno que não estava participando da
aula, já que, lia um livro durante o momento em que a professora
falava))
Nã:o agora não, nós teremos uma provinha mas não agora (.) pra
semana vai ter uma provinha (.) já ta pro:nta.
OLHA ((diz para J.)) (Apontando para a professora)
PROVA/DEPOIS
De que professora? ((O aluno pergunta sobre o assunto da prova))
Português e Matemática ((rápido)) Português num dia, no outro dia,
matemática (.) Depois eu pego a escrita e a leitura ta bom? Antes da
gente começar eu tenho alguns avisos para dar a você:s
Quarta-feira não haverá aula
Não (.) não é esse aviso não.
O QUE/ELA/FAZER ((Pergunta))
ELA/FALAR/AVISO
AVISO (com expressão interrogativa)
(balança a cabeça sinalizando uma expressão positiva)
((chega um funcionário da escola na sala))
OLHA/CHEGAR/PESSOA
(expressão de surpresa)
A partir de ho:je eu vou colocar ali atrás da: da porta certo? Que eu
acho que o lugar mais apropriado que tem muita coisa aqui. Colocar
o nome da escola / Escola Imaculada Conceiçã:o
ALI/ESCREVER/NOME/ESCOLA (apontando para a porta)
colocar o nome de você:s comple:to os 28 alunos que estão
freqüentando a sala de a:ula
NOME/VOCÊ/TODOS ((sentada e passando a mão no cabelo))
28
Intérprete
(T 33)
Professora
(T 34)
Intérprete
(T 35)
(T 36)
Intérprete
(T 37)
W.
(T 38)
Professora
(T 39)
Intérprete
(T 39)
Professora
(T 40)
Intérprete
(T 41)
Professora
Prestem atenção. Por que a professora colocar aqui? É: houve
queixas, certo? Em que alu:nos não são todos, mas muitos alunos
daqui do Imaculada não estão sabendo escrever o nome comple:to.
VOCÊ/SABER/ESCREVER/NOME/TODO
((Perguntou a J.)) (vira novamente para a professora (.) o passa
várias vezes a mão no rosto)
Estão escrevendo com letras minúsculas / mas que eu diga assim (.)
não escreva com letras minúsculas seu nome é com letra maiú:scula
APRENDER/PAPEL/APRENDER/ESCREVER/NOME/CERTO ((fala
se dirigindo apenas a J.))
(com as mãos no queixo, olhando fixamente para a professora)
((neste momento ao seu lado estava a intérprete que se dirigia
apenas para a J.))
Quando eu pego o livro / com letra minúscula, quando eu pego o livro
/ sem no:me.
(aponta) APRENDER/PAPEL/ESCREVER/NOME/TODO
Então parta não acontecer mais i:sso / e outra coisa a diretora disse
que quando foi preencher lá o papel de vocês, perguntou quem é a
sua professora / sei nã:o e que série/ que não você é, sei na:o (.)
((Enquanto isso)) (fica o tempo todo sentada olhando para a
professora, passando a mão no cabelo e no rosto)
Minha gente (.) agente tem que sabe:r, qual a série, qual a
professo:ra, qual o nome comple:to (.) então todas nossas atividades
(.) nós vamos colocar o cabeçário do colégio, porque tem gente que
não sabe ainda (.) certo? Cabeçário do colégio e colocar o nome
com:ple:to
(T 42)
Intérprete
(T 43) W.
(T 44)
Intérprete
ESCREVER/NOME/ESCRVER (pergunta)
(T 45)
Professora
Porque é um documento, inclusive foi dito na reunião esta questão
de esquecer o livro, o livro sem no:me e sem identificação do aluno e
ninguém sabia de quem era aquele livro. Qual foi a primeira coisa
que eu pedi para vocês? Quando recebeu o livro?Colocar o nome só
que o nome escola imaculada conceição / escola imaculada
conceição é o seu nome?
(T 46)
Intérprete
SÉRIE/SUA (pergunta para W.)
(T 47) W.
AGORA/5a SÉRIE
(T 48)
Intérprete
AGORA/5a SÉRIE/ANO (futuro) / 6 a SÉRIE
(chama a atenção de W.) (aponta) VOCÊ/ENTENDER (pergunta)
ESCREVER/APRENDER/NOME/SÉRIE
29
(T 49)
Professora
(T 50)
Intérprete
(T 51)
W.
(T 52)
Professora
(T 53)
Alunos
Ouvintes
(T 54)
Intérprete
(T 55)
J.
(T 56)
Intérprete
(T 57)
Professora
(T 58)
Intérprete
(T 59)
J.
(T 60)
Intérprete
(T 61) W.
(T 62)
Professora
(T 63)
Jaime
Então, vamos nos corrigir, certo? Todos deverão colocar quando for
iniciada a atividade cabeçário, meu nome / qual é o meu nome? E o
seu nome completo / qual é o nosso quinto ano? C.
(Chama a atenção de Wesleu tocando em seu braço) ((Não se dirige
a J.))
AQUI/5a SÉRIE C
((repete o sinal)) (sorrindo um pouco, como quem achou
interessante)
Outra coisa / saber quem é que trabalha na escola (.) então depois
na aula de: história vou trazer dados da escola e agente vai ver quem
é o diretor / quem é o diretor da escola?
Fá:tima
(toca em Aluna surda)
(balança a cabeça com o movimento de negação)
(também balança a cabeça com o movimento de negação)
(perguntando)
Quem são os secretários? Jaime (.) e tem outro rapaz que chegou
agora / Felipe.
SABER/NOME/PROFESSORA/VOCÊ/SABER/NOME/NÃO
(perguntando a J.)
(balança a cabeça com o movimento de negação)
(aponta) PROFESSORA/S-I-L-V-A-N-I-A
((enquanto fala com aluna surda W. fica olhando para a professora))
Quem são / quem é o serviço geral? Everaldo? Dulce não. Dulce
parece que faz parte da: da: cozinha. Lia também não, esqueci o
nome dele aquele rapaz que fica aqui, que fica no estrelinha também
/ então agente vai colocar o nome de cada um, é Sergio, muito bem
lembrado, Sérgio / ainda tem Wellington e Patrícia que são da
cozinha, os cozinheiros / Então agente tem que saber as pessoas
certas pra falar as coisas certas na hora certa. para não depois dizer
assim/ não foi o diretor que disse, sim. Aqui na escola é diretor ou
diretora? Então saber se foi o secretario Já:ime/ secretario Feli:pe foi
o serviço geral sér:gio/ as pessoas pelo nome para agente
indentificar quem é quem, certo? Depois eu vou dar tudo escrito pra
vocês.
((fala sempre andando de um lado para o outro e sempre distante da
intérprete, a qual fica sentada junto dos alunos surdos))
((Entra um funcionário da escola))
30
(T 64)
Professora
(T 63)
Alunos
Ouvintes
(T 64)
Professora
(T 65)
Alunos
Ouvintes
(T 66)
Funcionário
da escola
(T 67)
Alunos
Ouvintes
(T 68)
Intérprete
(T 69)
Professora
Quem é esse daqui:?
Ja:IME
Ele é o que da esco:la?
Secret:ário
Obrigado (.) Boa ta:rde
Boa tarde (.) ((Risos dos alunos))
SABER/NOME (aponta para o funcionário) ((perguntando a J.))
SABER/NOME (aponta para o funcionário novamente) J-A-I-M-E
Aqui a direção do colégio pediu para entregar a vocês/ convidamos
vossa senhoria para participar da inauguração do projeto
Camaragibe em rede educando com tecnologi:a
(T 70)
Intérprete
(aponta) AVISO (aponta)
(T 71)
Professora
A realizar-se em 22 de abril de 2010, ou seja quinta feira né ? local
prédio, projeto educando em tempo integral na escola municipal
imaculada da conceição, ou seja, aqui. Alias/ é integrada da
imaculada da conceição, no clube estrelinha/ estrela rua das jatóbas/
jatobás 150 bairro novo é: horário 19 horas, então isso aqui não é pra
vocês/ vocês já fazem parte do estrelinha/ são pros alunos da
noite/os pais de vocês, que queiram aprender,é: nova tecnologia
questão de informática, certo? Deixa eu ver que não tem pra todo
mundo não ((se referindo aos folhetos que tinha em sua mãos))
dois, quatro,seis, oito, dez, doze, quatorze, dezesseis, dezoito, vinte
((contando ao folhetos))
(T 72)
Alunos
Surdos
(T 73)
Professora
(T 74)
Aluno
Ouvinte
(T 75)
Professora
(Passam as mãos nos olhos e no rosto com aparência de sonolência)
É para vocês entregar a seus pais ou ao vizinho pra vim conhecer a:/
centro de tecnologia para aprender informática.
Quando é:? Quando é:?
Vai inaugurar dia 22, quinta feira/as 22 horas,ou seja/ a:s / as 19
horas perdão/ as 19 horas dia 22/ as 7 horas da noite/ mas não é pra
vocês é pra adulto/ os alunos da noite também.
31
(T 76)
Aluno
Ouvinte
(T 77)
Professora
(T 78)
Intérprete
(T 79) W.
(T 80)
Professora
(T 81)
Aluno
Ouvinte
(T 82)
Professora
(T 83)
Aluno
Ouvinte
(T 84)
Professora
(T 85)
Intérprete
(T 86)
Aluno
Ouvinte
(T 87)
Professora
(T 88) W.
(T 89)
Intérprete
(T 90)
Professora
(T 91)
Aluno
Ouvinte
(T 92)
Intérprete
(T 93)
Aluno
Ouvinte
(T 94)
Intérprete
O meu tio é é aluno da noite / meu tio
Pro:nto (distribui os folhetos aos alunos)
(toca em J.) SEU/DAR/PAI/MÃE
(Com a cabeça baixa olhando para o folheto)
Depois do recreio eu pego/ eu vou dar baixa nos livros viu?
Ei professora vai ter recreio hoje?
Vai depender de que?
Do comportamento
Posso continuar a atividade num é? Antes da gente começar a
poesi:a quem trouxe poesia então o projeto é poesia não é não?
(Olha para os dois alunos surdos e sorri)
Eu trouxe professo:ra
Depo:is do recre:io veja
ONTEM/RASGAR/ELA ((falando com a intérprete))
(balançou a cabeça com um movimento de negação)
Antes de eu ver as tarefas de casa das poesias quem fez, quem
pesquisou eu vou fazer uma leitura que agente vai chamar de leitura
deleite certo? É aquela leitura que agente faz com prazer: pra ter
conhecimen:to
((um aluno que estava sentado atrás dos alunos surdos olha para a
intérprete fazendo gestos))
(balançou a cabeça com um movimento de afirmação)
Sério?
(balançou a cabeça com um movimento de afirmação)
32
(T 95)
Professora
Depois eu dou o Diarinho pra vocês fazerem as cruzadinha/ veja hoje
vocês devem ter assistido repó:rter/ ter ouvido falar que hoje é o dia
de que?
(T 96)
Alunos
Ouvintes
Dos Ín:dios
(T 97) W.
(apontou para o folheto que tinha em mãos com uma expressão
interrogativa)
(T 98)
Intérprete
(T 99) W.
(T 100)
Professora
(T 101)
Alunos
Ouvintes
(T 102)
Professora
(T 103)
Aluno
Ouvinte
(T 104)
Professora
(T 105)
Intérprete
(T 106) W.
(T 107)
Intérprete
(T 108) W.
LUGAR/LUGAR (com expressão afirmativa)
LUGAR (repetindo o sinal feito pela Intérprete)
E os índios são importantes pra gente?
É:::: É sim:
É por que são?
Por que são os primeiros (.) é: habitantes da face da:::
São os primeiros habitantes do: Brasil:, não é isso?
(apontou para o folheto que estava nas mãos de W.)
19.00 AQUI (Com expressão interrogativa)
AQUI/NOITE/DIA/22/DEPOIS
(balançando a cabeça num movimento de afirmação)
DEPOIS (balançando a cabeça com um movimento de afirmação)
EU/ESTUDAR/NOITE (com expressão interrogativa)
(T 109)
Intérprete
(aponta para o folheto) NÃO
(T 110)
Professora
E o que mais? Só por causa disso ele é importante? Por que? Um
minutinho só, porque nós seguimos a cultura dele/ e que cultura é
essa?
(T 111)
Aluno
Ouvinte
(T 112)
Professora
(T 113)
Aluno
Ouvinte
(T 114)
Professora
Temos o sangue deles
Temos o sangue deles, muito bem lembrado Cleber/ e que cultura é
essa indígena?
É: dia dos índios professora
O que é que nos seguimos dos índios?
33
(T 115)
Aluno
Ouvinte
(T 116)
Professora
(T 117)
Alunos
Ouvintes
(T 118)
Professora
(T 119)
Aluno
Ouvinte
(T 120)
Professora
(T 121)
Aluno
Ouvinte
(T 122)
Professora
(T 123)
Alunos
Ouvintes
(T 124)
Intérprete
(T 125)
Professora
(T 126)
Intérprete
(T 127)
J.
(T 128)
Professora
(T 129)
Aluno
Ouvinte
(T 130)
Professora
(T 131)
Intérprete
(T 132)
J.
Nós sigui:um
Não é seguimu não / é se:gui:mos:
A capoeira
É a capoeira? Não: que ma:is?
A caça professora
A caça (.) o que mais?
As comidas
As comidas, o remédio, as danças, a agricultura, né isso? Falando
em comida (.) quem poderia me citar uma comida que os índios
gostam de comer?
((Muitos alunos levantam as mãos juntos)) Macaxe:ira
(parada prestando atenção na professora)
Macaxeira, mandioca, peixe, frutas e verduras (.) não é?
COMER/ÍNDIO/O QUE (Perguntando a J.)
(balançou a cabeça com um movimento de negação)
Dormir em rede/ quem é que já dormiu na rede?
Eu /Eu já dormi em rede
Muito bem: O Diarinho (.) que é: um jornal de/ das crianças, das
crianças não / é um jornal feito para criança que vem no diário de
Pernambuco: to:do sábado
(Pega no braço de J. para que ela retirasse o cotovelo da mesa)
((se recusou a tirar o cotovelo))
(balançando a cabeça no movimento de negação)
34
(T 133)
Professora
(T 134) W.
(T 135)
Intérprete
(T 136)
Professora
(T 137)
Intérprete
(T 138)
Professora
(T 139)
Intérprete
(T 140) W.
(T 141)
Intérprete
Esse ano/ esse sábado aqui o, diário/ então veja, esse sábado ele/
entre outras coisa que, a manchete principal foi sobre Alice no pais
das maravilhas sendo que Alice já é uma mocinha né? não é mais
criancinha, /mas entre as: as reportagens veio uma falando sobre o
índio ((mostrando uma imagem de índio))
(olha para a intérprete sorrindo) ÍNDIO
(também balança a cabeça com movimento de afirmação) ((aponta
para a professora)) ÍNDIO/ESTUDAR/SÁBADO/ESTUDAR
Então vou ler pra vocês prestem atenção, /eu tenho alguns que eu to
juntando para trazer pra vocês (.) é porque num deu ainda para
trabalhar de dois em do:is (.) por que tem pouquinho/ presta atenção:
OLHAR/IMAGINAR/ÍNDIO/OLHAR (apontando para a professora)
Um mergulho na cultura indígena, escutem viu, é a cultura dos
índios/ nessa segunda feira será comemorado o dia do índio
SEGUNDA/AGORA/DIA/ÍNDIO/PERNAMBUCO
PERNAMBUCO (com expressão de interrogação)
(Balança a cabeça com movimento de afirmação)
(T 142)
Professora
E você sabia que Pernambuco possui a quinta maior população
indígena do Brasil? São mais de quarenta mil índios distribuídos em
11 etnias
(T 143)
Intérprete
ÍNDIO/MAIS/40.000/ÍNDIO
(T 144)
Professora
E mesmo assim nem todo mundo já teve de cara com uma tribo para
conhecer através dela mesma a sua historia e cultura, veja são
quarenta mil índios/ quem aqui já viu um índio de verdade?
(T 145)
Intérprete
VOCÊS/VER/ÍNDIO/VERDADE (perguntando a W. e para J.)
(T 146) W.
VER/NÃO (com expressão de lamentação)
(T 147)
Intérprete
(T 148) W.
(T 149)
Professora
TELEVISÃO/NÃO (com expressão interrogativa)
NÃO
Já foi numa tribo? veja, preste atenção, é: uma oportunidade então é
ir ao parque estadual dois irmãos ate o próximo dia 25 para conhecer
melhor essas história (.) ainda esta lá o grupo de índios Funiôs (.)
habitantes de águas belas do agreste do esta:do (.) para se
apresentar durante a semana do índio (.) uma oportunidade para
você e toda a sua escola, para conhecer o toré (.) dança típica
indígena e ainda comemorar algumas peças do artesanato
tradicional/ ainda comprar/ no prédio ao lado, centro Vasconcelos
sobrinhos de educação ambiental (.) você ainda pode conferir uma
amostra com instrumentos armas e outros objetos indígenas da
35
(T 150) W.
cultura Funiô
(lendo a noticio do jornal para a turma)
ÍNDIO/TINTA/MISTURAR/PINTAR/OLHO
(balança a cabeça com movimento de afirmação)
(T 151)
Intérprete
(balança a cabeça com movimento de afirmação)
(T 152) W.
ÍNDIO/AMASSAR (como se referisse a um índio utilizando uma
madeira para bater no chão)
(T 153)
Intérprete
(T 154)
Professora
(T 155)
Aluno
Ouvinte
(T 156)
Intérprete
(T 157)
Professora
(T 158)
Intérprete
(T 159) W.
(T 160)
Professora
(T 161)
Aluno
Ouvinte
(T 162)
Professsora
(T 163)
Intérprete
(T 164)
J.
(T 165)
Professora
((repete o movimento realizado por W.))
Se preferir ainda pode agendar uma visita monitorada
Chama a atenção da intérprete
OLHA (pedindo para que o aluno olhasse para a professora)
Que parte da exposição e segue a uma trilha da mata de dois irmãos,
terminado com uma apresentação dos Funiôs
OLHA/ATENÇÃO/PROFESSORA
(pedindo para que W. prestasse atenção na aula, sorrindo para ele)
(sorri para a intérprete)
Custa um real, mais um quilo de alimento não perecível por pessoa/
você sabe o que são alimentos não perecíveis?
Alimentos que não servem pra agente
Não serve? Sim mais exemplo, quais são os alimentos não perecível,
macarrão não:, feijão:, arroz: né isso? São alimentos que eles
passam muitos: dias:, né isso?
VER/ÍNDIO/NÃO/VER/TELEVISÃO/NUNCA
(com expressão interrogativa)
NÃO
E não ficam ruins, por que se você compra uma fruta, no outro dia já
ta apodrecendo, mas o feijão, o arroz, o macarrão não ele vai ficar lá
o tempo todo pra você cozinhar certo? Então os alimentos não
perecíveis,é: / o agendamentos das escolas interessadas podem ser
feito pelo telefone, aqui tem o telefone, já o ingresso ao parque custa
dois por pessoas/ dois reais por pessoa/ é gratuito pra idosos,
crianças com até um metro de altura, e portadores de necessidades
especiais(.) então esta aqui, quem poder ir ta certo? É ate o dia 25 o
grupo esta lá só basta apenas ligar agendar ou ir visitar pra conhecer
in:dios de verdade, certo?
36
(T 166)
Aluno
Ouvinte
(T 167)
Professora
(T 168)
Alunos
Ouvinte
(T 169)
Professora
(T 170)
Alunos
Ouvintes
(T 171)
Professora
(T 172)
Intérprete
(T 173)
Professora
(T 174)
Intérprete
(T 175)
Professora
(T 176)
Alunos
Ouvintes
(T 177)
Professora
(T 178)
Aluno
Ouvinte
(T 179)
Professora
É onde isso?
Lá no dois irmãos, parque estadual, é bem pertinho aqui.é: quarta
feira pron:to: quarta feira é um dia bom de ir porque e: feriado.
Alguém quer/ tem mais alguma informação que escutou hoje na
televisão sobre os índios? Deveria assistir os repórter né? passando
essa homenagem aos índios depois agente vai retornar de novo esse
texto (.) hoje tem várias apresentações, inclusive alguns colégios que
eu trabalhei, tem apresentação/ certo?
Eu não vi isso não professora
((alguns alunos falam juntos))
É que vocês só querem assistir ronda é: bronca pesada, então veja
(.) olha NE TV (.) NE TV meio dia, quem for levar câmera tirar foto (.)
no celular, trás: agente salva pra colocar no mural. Agora presta
atenção, quem: pesquisou: a: poesia: com os parentes e amigos
levante a mão
Eu, Eu ((fala muitos de uma só vez))
Um, dois, três (.) é: Emilia pergunte se ele pesquisou?
Ele não veio não
É ele não veio não (.) Então pergunta se Joyce pesquisou
(Balança a cabeça com movimento de negação)
Há (.) ela também não veio não (.) foi na sexta. Eu: vou ouvir:
((barulho na sala))
Pron:to (.) Eu vou ouvir quem trouxe (.) é: as poesias é: vai dizer aqui
ta certo? E vai ganhar um ponto porque se esforçou e pesquisou. Ou
seja (.) quem não se esforçou na próxima vez vai se esforçar pra
pesquisar (.) ta certo?
Eu num pesquisei não
Tá cer:to (.) vamos ver quem conseguiu (.) quem mais conseguiu?
Vamos começar desse lado daqui: Michele lê o seu ai bem boni:to
37
(T 180)
Aluna
Ouvinte
(T 181)
Intérprete
(T 182)
J.
(T 183)
Professora
(T 184)
Professora
(T 185)
Aluno
Ouvinte
(T 186)
Professora
(T 187)
Aluno
Ouvinte
(T 188)
Professora
(T 189)
Aluno
Ouvinte
(T 190)
Professora
(T 191)
Intérprete
(T 192)
Professora
(T 193)
Intérprete
((a aluna começa a ler sua poesia sentada de costas para os alunos
surdos)) (W. e J. abrem os cadernos)
LAPIS/SEU/ONDE (pergunta para J.)
((pega o lápis na bolsa))
Lê a poesia escrita por outra aluna
Prestem atenção (.) Nós iríamos fazer um mural com notícias da
cidade / ninguém trouxe ne? Mas vai ficar pra fazer ainda essa
semana esse mural certo? Outra co:isa (.) no nosso livro de
geografia (.) nós vimos duas cida:des em via aérea / quem foi? Qual
foi a cidade? Quem lem:bra?
Olin:da
Olinda não
Recife
Reci:fe (.) Jaboatão: Nós vimos Recife e Jaboatão em via aérea / O
que é visão em via aérea?
É de baixo::
De cima pra ba:ixo (.) então agora você vai fechar seus olhos / feche
seus o:lhos (.) ninguém vai falar nada agora.
Só quem não vai fechar os olhos agora (.) São os meninos que estão
com Emília (.) Que eles vão ter que prestar atenção (.) Feche seus
olhos e você agora vai fazer de conta que está dentro de um avião /
ninguém fala nada
OLHA/PENSAR/AVIÃO (se dirigindo a W. e a J.) PENSAR/AVIÃO
Fechem os o:lhos e pensem (.) Você está dentro de um avião
sobrevoando o centro de Camaragibe
CIDADE/AVIÃO/CAMARAGIBE
((Faz os dois sinais simultâneos sinalizando o sobrevôo))
(T 194) W.
(Repete os sinais simultâneos que a intérprete fez anteriormente)
((mostrando eu tinha entendido)) LONGE/PEQUENO
(T 195)
Professora
Você vai sobrevoan:do bem: devagarzinho / ninguém vai falar nada
só vai imaginar / Como é que você vê o centro de Camaragibe
38
(T 196)
Alunos
Ouvintes
(T 197)
Professora
(T 198) W.
(T 199)
Professora
(T 200)
Intérprete
(T 201)
Professora
((Barulho))
Não estou pedindo pra falar: (.) Estou pedindo pra pensar
PERNAMBUCO/CAMARAGIBE/OLHAR
Vá filmando todos os detalhes do centro de Camaragi:be (.) Vá
filmando bem devagarzi:nho / Um lado o o:utro (.) pode ser a pi:sta /
Ver como a pista está: Se tem pessoas (.) se não tem: Aproveita da
uma olhadinha aqui no colégio na parte de ci:ma
VOCÊ/PENSAR/PESSOAS/AVIÃO (com expressão interrogativa)
((perguntando a J.))
Você vai olhan:do (.) vai até a maternida:de (.) e agora vocês
seguem seu caminho certo? Pra: fazer a sua reportagem / agora
podem abrir os cadernos (.) Só vai falar que eu pedir: cer:to? Por
enquanto.
Situação: A professora divide os grupos para fazer as atividades.
Equipe de cinco(.) sendo que duas equipes fica com seis(.) certo?
(T 01)
Essa aqui é um grupo só ((dizendo o nome dos alunos ))
Professora
Cadê esse aqui?
(T 02)
JUNTAR ((pedindo para que os demais alunos da equipe juntem as
W.
mesas. A intérprete se levanta))
É só juntar a cadeira aqui: ficar um de frente para o outro. Esse aqui
(T 03)
junta e bota a cadeira perto do outro. ((os alunos se locomovem na
Professora
sala para se organizarem)) Você vem pra cá M. junto de K. ô M. bota
a cadeira
((bate com a mão na mesa indicando que M. sente perto dele. W. e J.
(T 04)
esperam que os alunos formem o grupo)) ( gesticulam apontando o
W
lugar onde elas devem colocar as cadeiras)
Agora não é hora de fazer só (.) é hora de juntar. Bora:: rapidinho(.)
(T 05)
Essa equipe vou dizer qual é o nome. ((os alunos conversam e se
Professora
organizam))
Olha(.) vira a cadeira: nem olhando você sabe fazer: pelo aor de
(T 06)
Deus:: ((demonstrando impaciência Enquanto isso, W. e J. ficam com
Professora
o queixo apoiado na mão, esperando o inicio da atividade))
(T 07)
(( Durante a explicação fica com os braços cruzados. Os demais
W.
alunos conversam entre si, e a intérprete não repassa a informação))
(T 08)
((entrega a cartolina ao grupo de W. e J.))
Professora
(T 09)
((Bate com a mão na mesa para chamar a atenção de W.))
Intérprete
VOCE/DESENHAR/FAZER/CAMARAGIBE
(T 10)
((questiona gesticulando e fazendo expressão interrogativa))
W.
39
(T 11)
Intérprete
(T 12)
W.
(T 13 )
Intérprete
(T 14)
J.
(T 15)
Professora
(T 16)
W.
(T 17)
J.
(T18)
Aluno
ouvinte
(T 19)
Professora
(T 20)
W.
SIM ((balançando a cabeça))
NÃO ((questionando)) COMO/NÃO/ELE ((apontando para o aluno
M.)) MORAR/CMARAGBE ((balançando a cabeça positivamente,
cruzando os braços sobre a mesa))
((toca no braço de J. paa chamar a atenção dela))
LEMBRA/AVIÃO/OLHAR/CIMA/LEMBRA/SIM/
NÃO
Sen:ta F. trabalho em equipe, vou ver como você está se saindo
((folheia o caderno))
((Enrola o cabelo))
Professora(.) vou fazer tudo sozinho é?
Cada equipe vai começar dizendo que viu, depois em uma folha de
cartolina só (.) se borrar, se errar (.) é essa cartolina só. Antes de
desenhar é para pensar. Vai discutir com o colega como vai
desenhar o centro de Camaragibe, de cima para baixo. Na visão de
cima para baixo.
((olha para a câmera pensativo))
Situação: A intérprete explica a atividade a W. e J.
(T 01)
VOCÊ/CONHECER/CAMARAGIBE?
Intérprete
(T 02)
CONHECE ((expressão interrogativa)) DESENHAR
W.
(T 03)
CONHECE? ((insistindo))
Intérprete
(T 04)
CASA/VER/CIMA/TUDO ((olhando para o lado, a intérprete bate no
W.
braço de W. para chamar a atenção dele)
(T 05)
EU/CONHECER ((estabelecendo uma comunicação com W. (risos),
Aluna
desiste da tentativa de falar com J.))
ouvinte
(T 06)
Por que você não quer fazer? ((dirigindo-se a W. que gesticula
Professora dizendo que não quer fazer e cruza os braços))
(T 07)
((dirigindo-se a interprete)) coloque ele para desenhar, ela desenha
Professora muito bem, e essa mocinha também ((referindo-se a J.))
(T 08)
((Balança a cabeça na negativa e cruza os braços))
W.
40
(T 09)
Intérprete
(T 10)
W.
( T 11)
Intérprete
(T 12)
W.
(T 13)
Intérprete
(T 14)
W.
(T 15)
Intérprete
(T 16)
W.
(T 17)
Intérprete
(T 18)
W.
(T 19)
Intérprete
(T 20)
W.
(T 21)
Intérprete
(T 22)
W.
(T 23)
Intérprete
(T 24)
Intérprete
((bate com a mão na mesa para chamar atenção de W. que olha com
ares de deboche)) VOCÊ/VER/TUDO/COMO?
ESREVER/NÃO ((gesticulando com as mãos e balançando com a
cabeça se isentando de participar e J. continua enrolando o cabeo
sem participar da conversa))
FAZER/LÁPIS/SIM
((Balança a cabeça negativamente, depois pegao láps e abre o
caderno)) PARTE/CAMARAGIBE/DESENHAR/OUTRO/LADO
NÃO/JUNTO ((explicando que o desenho é para ser feito junto com os
colegas e não cada um uma parte))
NÃO ((balança a cabeça negativamente e fecha o caderno))
DESENHAR/SIM
PEDAÇO/PARTE/ELA ((apontando para J.)) FAZR/UM.
JUNTO/ELA/VOCÊ/PENSAR/VOCÊ/OLHAR/AVIÃO/ALTO/VOCÊ/FAZ
ER.
DESENHAR/NÃO ((cruza os braços em cima do caderno))
SIM ((insistindo))
DESENHAR/GRANDE/NÃO
PROFESSORA/DIZER/FAZER (( gesticulando e apontando para a
professora dizendo que ela mandou fazer a atividade))
((Balança a cabeça negativamente e olha para o outro lado))
Vai começa:: ((falando com os demais membro do grupo e W.
continua apoiada com os braços em cima do caderno fechado ))
((Bate com a mão na mesa para chamar atenção de W.))
LÁPIS/FAZER/DESENHAR/OLHAR/DESENHAR/RUA/ÔNIBUS/
LOJA/TUDO. ((o aluno encontra-se desmotivado para realizar a
atividade
Situação: A professora explica os critérios avaliativos da atividade
(T 01)
Professora
(T 02)
Aluno
ouvinte
Eu vou observar (.) A organização, a vista aérea, a participação e por
fim a apresentação. Eu vou colocar equipe A,B,C,D,E,F
((escrevendo no quadro))
Bota B aqui::
41
(T 03)
Professora
(T 04)
W.
(T 04)
Aluno
ouvinte
(T 05)
Professora
(T 06)
Intérprete
Eu vou dar (.) uma nota de organização para cada grupo. Eu vou dar
uma volta e já vou dar a nota de organização. Aluno que na está
participando, tá (.) presta atenção se encostar no outro, se aproveitar e
deixar o companheiro sozinho, tá (.) Tudo isso eu to observando.
((todos se agitam e falam ao mesmo tempo))
((escreve ou desenha na mesa))
((tenta estabelecer uma comunicação com W. mas ele não expressa
entendimento quanto a tentativa do aluno ouvinte))
É pequenininho não é grande não ((referindo-se ao desenho))
FAZER ((insiste com W. que continua com os braços cruzados e os
alunos conversão entre si))
Situação: A professora chega a grupo de W. e J. para explicar a atividade
(T 01)
((explicando a W.)) VOCÊ/OLHAR/ DECIMA (( pergunta a intérprete))
Professora Como é avião?
(T 02)
AVIÃO ((mostrando o sinal))
Intérprete
(T 03)
OLHAR/DESENHAR ((mostrando o livro a W. para que ele faça igual))
professora
VOCÊ ((referindo-se a J.)) OLHAR/PROFESSORA ((apontando para a
explicação da professora)) OLHAR/ALI/NÃO ((apontando com o dedo
(T 04)
para a câmera)) OLHAR/LI ((apontando para a professora))
Intérprete
VOCÊ/OLHAR/AVIÃO/ALTO/DESENHAR/IGUAL/ALI ((apontando
para o livro))
(T 05) J.
NÃO (expressão de riso)
(T 06)
IMAGINAR/VOCÊ/AVIÃO/NÃO/BAIXO/OLHAR/ALTO ((desinteresse
Intérprete de J. pela atividade))
(explicando a W falando e gesticulando)) Veja aqui. (apontando para o
(T 07)
livro)) você vai fazer assim, tá vendo aqui(.) ruas, casas, e a vista
Professora
vendo de cima. Tá vendo qui(.) é pequenininho.
(T 08)
((bate no braço de W. para chamar a atenção dele, mas ele olha para
Intérprete a professora que explica
(T 09)
((depois da professora se retirar ela aponta para o livro))
Intérprete VER/AVIÃO/CASA/PRÉDIO/RUA
(T 10) W.
AQUI? (( apontando para o livro)
(T 11)
OK?AQI/FAZER/GAUL/DEPOIS/PINTAR
Intérprete
(T 12) W.
NÃO ((ares de negação quanto à pintura))
(T 13)
FAZER/LEGAL ((negação e ela insiste))
Intérprete
42
(T 14) W.
(T 15) W.
(T 16)
Intérprete
(T 17) J.
(T 18) W.
(T 19)
Professora
(T 20) W.
((fecha o caderno e olha para o lado observando os demais alunos
que interagem, falando simultaneamente e fazendo a atividade))
((olha para a intérprete) LEGAL ((ela responde)) LEGAL ((W.
expressão de não saber se está tudo bem))
((insistindo para que J. realize a atividade)) FAZER/TAMBÉM
NÃO ((os demais alunos ouvintes do grupo continuam a fazer a
atividade))
((Começa a desenhar ou a escrever no caderno))
O que eu vou cobrar está ali no quadro.
((A caba de desenhar ou escrever no caderno e fecha-o, não
socializando o seu trabalho))
TRANSCRIÇÃO DA AULA DO DIA 20.04.10 – PROFESSORA S.
Participantes: alunos ouvintes da turma, Professora, Intérprete e os três aluno
surdos, C. J. e W.
Situação: Entrada dos alunos em sala de aula e explicação de atividades por
parte da professora.
(T 01)
A partir de hoje voltaremos a fazer o cabeçalho é:: todo
Professora
(T 02)
Aluno
de novo:: tia (caretas)
Ouvinte
(T 03)
Caprichem na letra(.) lembrando(.) e escrever a letra maiúscula
Professora
(T 04)
Aluno
é o que::: matemática é::: ?
Ouvinte
(T 05)
Português’’ (.) coloquem o nome com::ple::to::
Professora
(T 06)
CADERNO/CANETA/PORTUGUÊS
Intérprete
(T 07) W.
SIM
(T 08)
Vimos na aula passada que a poesia é diferente:: dos outros
Professora textos (.), porque? É diferente ?
(T 09)
Aluno
Tem verso (ares de satisfação)
Ouvinte
(T 10)
Po posso:: falar de qualquer assunto(.) na poesia?
Professora
(T 11)
Aluno
tem rima pra gente inventar
Ouvinte
43
(T 12)
Professora
(T 13)
Alunos
Ouvintes
(T 14)
Intérprete
(T 15)
Professora
(T 16)
Aluno
Ouvinte
(T 17)
Professora
(T 18)
Aluno
Ouvinte
(T 19)
Intérprete
(T 20) J.
(T 21)
Professora
(T 22) Todos
(T 23)
Intérprete
(T 24)
J.
(T 25)
Intérprete
(T 26)
J.
vou dizer um verso (.) e vou ver quem’’ é que vai rimar com
esseVerso. Lá no fundo do quin::tal:: (.) tem um ta::cho de
mela::do (.) Quem não sa::be contar versos é melhor::: ficar:::
Cala:do: ((todos respondem euforicamente))
PROCURAR/ MATERIAL/CADERNO/ORGANIZAR
Exem::plo de rima, va::mos, quem sa::be ?
eu gos::to de andar de bicicleta (.) quando eu ando ne::la
Quem completa?
Eu guardo ela (( a professora questiona será que rimou?))
Rimou:: ((aluna surda se comunica com a intérprete))
PALAVRA/PARECER/FÁCIL
NÃO/SABER
Quais são as ri::mas?
Nelas e elas
ESCREVER/MUITO/PALAVRA/IGUAL/PALAVRA/IGUAL/GATO/
CACHORRO
NÃO (ares de desmotivação)
ESPERAR/ESCOLA/ ESTUDAR (( risos))
VOCÊ/GOSTA/ESCOLA? ESCREVE
APAGAR/RUIM/FAZER/MAIS ((a aluna quer apagar o que
escreveu no caderno e a intérprete balança a cabeça com
movimento de negação. Nesse momento a professora escreve
no quadro e os alunos ouvintes conversam entre si))
Situação: A aluna C. pede material emprestado a W.
(T 01) C.
Tem duas canetas?
(T 02)
POR QUE? ( expressão interrogativa)
Intérprete
(T 03) C.
esqueci minha em casa
(T 04)
ESQUECEU/CANETA/CASA ? TEM/DUAS/ELA? ((J. procura
Intérprete
no estojo))
(T 05)
LÀPIS ?
Intérprete
(T 06) J.
((entrega um lápis a J. que recusa))
44
(T 07) C.
(T 08)
Intérprete
Sem pon::ta .
Vá fazer ((e ela pede para a professora))
Situação: A intérprete explica a As1 a atividade que consiste em fazer uma
poesia com rimas.
(T 01)
Professora
Vamos terminar:: de copia::r ?
(T 02) C.
Bo: borracha:: ela não escuta:: ? ((referindo-se que não atendia
o seu chamado))
(T 03)
Intérprete
SURDO/ESCUTA/NADA/ NÃO
(T 04) C.
(T 05)
Intérprete
(T 06)
Professora
(T 07) C.
(T 08)
Professora
(T 09) C.
(T 10)
Intérprete
(T 11) J.
(T 12)
Intérprete
(T 13)
Intérprete:
(T 14) J.
(T 15)
Intérprete
(T 16)
Professora
(T 17) Aluno
Ouvinte
(T 18)
Professora
(T 19) Aluno
Ouvinte
Isso é o quê? ((pergunta sobre o cartaz do alfabeto datilológico,
mudando de assunto))
ALFABETO ((a aluna C. se levanta e vai até o cartaz e mostra a
letra K a aluna J.)) (risos)
Pense numa coisa que você gosta ((explicando a atividade do
acróstico para a aluna As2))
Eu gosto de chocolate (expressão de felicidade )
Só de chocolate? (expressão interrogativa)
Aquele GRANDE.
((a intérprete pede o papel da atividade a C. para mostrar a
As1)) VOCÊ/GOSTA/CHOCOLATE?
NÃO/PODER ((referindo-se que não pode usar o mesmo
exemplo da amiga de classe))
PODE/SIM ((a aluna começa a escrever. Muito falatório na sala
de aula))
LEMBRA/QUE::(.) LEMBRA/PESSOA/ TV./LEMBRA/
TRABALHO/COMO/FOI?
SIM
ESCREVE/BOM (.) LEM: LEMBRA? (expressão de reflexão),
((depois escreve)) TAMBÉM/BOM (.) LEMBRA/BRINCADEIRA?
((a aluna balança positivamente a cabeça demonstrando que
entendeu ?))
Atenção minha gente::: (.) olha(.) C. sem:ta:
Olha o meu como tá
Aquele aí é a sua (.) senta Caroli::ne . O que você gosta de
fazer? De comer? Pensa para poder fazer
Ô tia:: ô tia:: ô professo::ra
45
(T 20)
Professora
(T 21)
Professora
(T 22) Aluno
Ouvinte
(T 23)
Professora
(T 24)
Intérprete
(T 25)
Professora
(T 26)
Intérprete
(T 27)
Professora
(T 28)
Professora
(T 29) As:
(T 30)
Professora
(T 31)
Intérprete
(T 32) J.
(T 33)
Professora
(T 34)
Intérprete
(T 35)
Professora
(T 36)
Professora
(T 37)
Intérprete
(T 38) J.
(T 39)
Intérprete
(T 40) J.
Peraí:: (.) deixa eu ajudar Caroline aqui.
(( todos falam ao mesmo tempo)) ( incompreensível)
Olha (.) depois vou ver de cada um::
Carol você gosta de que? De brincar, de comer? De que?
(incompreensível)
Professo:::ra
Peraí::: (.) deixa eu ajudar C. aqui.
O QUE/O QUE ? ((aponta para o caderno de J.))
Vou contar até dois para sentar. Um::::: dois:::::
AGORA/FÁCIL
Já terminaram(.) agora esperem um minuto que eu vou ver o de
As1, e já volto (.) aqui. (( fica de costas para a câmera e
conversa com a intérprete. A aluna As1 fica balançando a
cabeça positivamente e negativamente))
Espera:: (.) que coisa fei:::a ((continua a conversar com a
intérprete e a aluna tenta puxar e rasgar a folha de papel que
esta com ela )) FALA/ TU/QUE/ ESCREVEU?
ELA (( apontando para a intérprete)) (risos)
ELA/ESCREVER? QUEM/FALAR/VOCÊ/ESCREVEU (risos)
ELA/ESCREVER ((risos))
ELA ((insiste)) MENTIRA ( risos) ((aluna tenta puxar a folha ))
Deixa eu ver::: eu vou devolver(.) ESPERAR (risos) BOM
ELA/ESCREVE/MUITO/BOM (.) SABE/MUITO (.)
Você vai ler para todos, nas não pode levar o papel
VOCÊ/LÁ ((diz a ela))
W. vai lá para frente ler, ele participa e aprende muito
VOCÊ/FALAR/IGUAL/W./MOSTRAR/TODOS/BOM/VOCÊ/FAZ
ER/ IGUAL
NÃO/VERGONHA
NÃO/PODER? VERGONA/NÃO/PODER? (risos)
((balança a cabeça negativamente ))
46
Situação: A professora explica a próxima atividade no quadro, que é fazer
um acróstico com o seu nome
(T 01)
Intérprete
(T 02) J.
(T 03)
Intérprete
(T 04) J.
(T 05) C.
(T 06)
Intérprete
(T 07) J.
(T 08)
Intérprete
(T 09) C.
(T 10)
Intérprete
(T 11) C.
A-C-R-Ó-S-T-I-C-O IGUAL/CARTAR/PAREDE (( ela olha))
EXPLICAR/VOCÊ/SCREVER/CADERNO/
FALAR/ DEPOIS
TER/VERGONHA/TODOS/OLHAR
EU/TAMBÉM/COPIAR/O QUE/FAZER/PODER
((ponta para o caderno))
CASA/ÁGUA/AMIGO(.)PODER?
Qual é o sinal de lápis e caneta ?
APRENDER/LÁPIS/CANETA
Ta erra::do ((aponta para o caderno de As1))
NÃO (irritação)
Tá errado sim:::
MENTIRA/VOU/CHAMAR/ELA ((aponta para a professora)) (com
cara de brava)) CERTO ((aponta par ao caderno de As1))
Ta: errado ((insiste))
Situação: A professora explica o que escreve o que esta no quadro.
(T 01)
Depois da leitura (.) o que vocês percebem?
Professora
(T 02)
Aluno
Tá riman::do
Ouvinte
(T 03)
quem fez ? quem é o autor?
professora
(T 04)
Aluno
Patativa do Assaré (( As1 conversa co a intérprete))
Ouvinte
(T 05)
Preste atenção::: o desafio é agora:: vai fa:zer com o seu nome
Professora
FAZER LÁ (( a aluna balança a abeca na negativa))
(T 06)
TRABALHO/AGORA/AQUI (( aponta para o caderno de As1 que
Intérprete
começa a escrever))
(T 07)
Vai pegar o seu nome::: e escrever com suas características o
Professora que você gosta o que você não gosta, e eu vou
(T 08)
Aluno
Professo:ra
Ouvinte
(T 09)
Vou dar uma nota / um parabéns
Professora
47
(T 10)
Aluno
Ouvinte
(T 11)
Professora
(T 12)
Intérprete
(T 13) J.
(T 14)
Intérprete
(T 15)
Aluno
Ouvinte
(T 16)
Professora
(T 17)
Intérprete
(T 18) C.
(T 19)
Intérprete
(T 20)
Aluno
Ouvinte
(T 21)
Professora
(T 22)
Aluno
Ouvinte
(T 23)
Intérprete
(T 14) W.
(T 15)
Intérprete
(T 16)
Professora
(T 17)
Aluno
Ouvinte
(T 18)
Intérprete
(T 19)
Aluno
Ouvinte
Professo:ra ((continua explicando))
Vou dar um tempo,(.) vu:: (.) quem não conseguir...
SABE/NOME/PAI? ((perguntando a J.))
[SIM] ((balança a cabeça afirmativamente))
AQUI/NOME/TUA/MÃE/CASA/ONDE? ((perguntando a J.))
Ô ti::::a (.) (.) só João ?
é::::: (( As1 continua enrolando o cabelo))
FAZER/AQUI /APAGAR/NÃO/COMEÇAR/ESCREVER/FRASE
Assim? ((aponta para o caderno)) ((escreve seu nome utilizando
a datilologia))
NOME/COMEÇA/COMO? CERTO. QUAL/NOME/COMEÇA/
LETRA “O”? (aponta para o caderno))
Eu já fiz::: já(.) ó aqui
Vá melhorar(.) VÁ (.) tá certo ?
Que foi que eu botei? Terminei
EXEMPLO/EU/GOSTAR/PASSEAR/ENTENDEU? ((aponta para
o caderno))
AMIGO/PODER
PODER/AMIGO/PODER/ESCREVER/ CERTO? ( risos )
QUAL/NOME/COMEÇA/J.? ESCREVER.
Vou passar de banca em banca para ver as produções
Tô quase terminando
ESPERA ((a interprete é chamada por uma pessoa da secretaria
e pede autorização a professora para sair da sala))
Só falta uma frase (ares de felicidade)
48
(T 20)
É para falar sobre vo:::cê (se dirige a W.)
Professora ((a intérprete ainda não voltou))
(T 21)
C. sen::ta(.) voçê já fez? Vem cá?
Professora
(T 22)
Há:::
As2:
Preste atenção ::: (( lê o que ela escreve)) Gosto muito de / Vem
(T 23)
cá ? Você não completou aqui não. Preste atenção:: Qual é a
Professora palavra que começa com ”C”que você conhece? Se concentre:::
((pedido de motivação))
(T 24)
Aluno
E ago::ra ( caretas )
Ouvinte
(T 25)
Não é que esteja errado não::: (.) mas, você tem que fazer com o
Professora seu nome. ((e segue olhando as atividades))
(T 26)
Aluno
Ô tia(.) ti::a vem cá::? (.) chama ela aí:::
Ouvinte
(T 27) C. Como é a palavra ((fala com dificuldade))
(T 28)
Vamos (.) você é carinhosa / comelona? ((faz as correções))
Professora
(T 29)
Aluno
Ti::a num sei não
Ouvinte
(T 30)
Vamos pensar ((J. demonstra interação))
Professora
(T 31)
Vamos (.) olha o tempo:::
Professora
(T 32)
Aluno
Vem pra cá
Ouvinte
(T 33) C. Peraê::
(T 34) C. TAMBÉM/LÁ (.) ((demonstrando que aprendeu o sinal))
(T 35)
Apresentar o acróstico um de cada vez
Professora
Situação: Uma aluna ouvinte oferece ajuda para realizar a tarefa com C.
(T 01)
Aluno
Senta mais perto. Assim:::: ó: ((reivindicando))
Ouvinte
(T 02) C. Cadê:::? Como é:::?
(T 03)
Aluno
Tem que escrever ((impaciente))
Ouvinte
(T 04) C. Há.... (expressão de deboche)
49
TRANSCRIÇÃO DA AULA DO DIA 12.05.10 – PROFESSORA R.
Participantes: alunos ouvintes da turma, Professora e K, aluna surda.
Situação: Início da aula e explicação da atividade
(T 01)
((a aluna surda chega e senta na ultima cadeira)) Vamos
Professora
corrigir a tarefa de casa? ((chama um aluno para o quadro))
(T 02) Aluno
Vai começar de onde?
Ouvinte
(T 03)
Vamos ajudar e::lê?. Sete mais zero (( o aluno escreve no
Professora
quadro)) Três mais quatro?
(T 04) Aluno
Professora (.) e agora?
Ouvinte
(T 05)
Vamos ver::: trinta e sete reais... Bo::ra complete
Professora
(T 06) Aluno
Eu ti::a
Ouvinte
(T 07)
O que é a dezena? ((expressão de desentendimento por parte
Professora
da aluna surda))
(T 08) Aluno
É doze
Ouvinte
(T 09)
Preste atenção::: ((pedindo para que o aluno identifique a
Professora
operação a ser realizada)) É de somar ou de diminuir? (risos)
(T 10) Todos
É de diminuir::::
os Ouvintes
(T 11)
I:sso
Professora
Situação: A professora inicia a atividade de contação de história
Agora vamos ouvir essa história ((mostra o livro a turma, todos
falam ao mesmo tempo)) (a aluna surda baixa a cabaça na
(T 01)
banca) ((nesse momento a docente passa o visto nas
Professora
atividades de casa, mas não chaga até a aluna surda))
Qual é o nome da história?
(T 02) Todos
os alunos
É a nota de:z
Ouvintes
(T 03)
Quem escreveu?
Professora
(T 04) Todos
Ziraldo (desânimo por parte da aluna surda, boceja) ((enquanto
os alunos
todos estão atentos a história))
Ouvintes
E ele então olha to::do com cuidado: dessa vez acontece:u
(T 05)
((depois da leitura a professora entrega um texto aos alunos))
Professora
Pronto gen::te?
50
(T 06) Todos
os alunos
Ouvintes
(T 07)
Professora
(T 08)
Professora
(T 09) Aluno
Ouvinte
(T 10)
Professora
(T 11) Aluno
Ouvinte
(T 12)
Professora
(T 13) K.
(T 14) Aluno
Ouvinte
(T 15) K.
(T 16) Aluno
Ouvinte 1
(T 17) Aluno
Ouvinte 2
(T 18)
Professora
(T 19) Aluno
Ouvinte
(T 20)
Professora
(T 21) Aluno
Ouvinte
pron:::to
Todo mundo já tem o papelzinho? Prestem aten::cão o nome
de É com::pleto:: deixa eu ver. Cadê? Já fez o seu? ((a aluna
surda copia o seu nome da ficha no caderno))
Vá senta. O tempo to::dinho conversan::do. Você não sabe
fazer.
Eu sei.
Só sabe conversar::: além de olhar ainda fa::z errado ((aluna
surda fica com a ficha na mão e com expressão séria)) Gen::te
presta aten::cão:: que coi::sa ((todos escrevem)) Vamos ler. (.)
Ler:: ((desloca-se até a aluna surda, aponta para o texto dela
explicando oralmente o que ela deve fazer))
Já fiz o nome.
Isso é Danilo è:::, mas tão sa::bidos (risos)
AQUI (.) ((aponta para ao caderno, uma aluna começa a tentar
explicar a atividade para ela))
Não ((aponta novamente para o caderno de As1)) Para ler
(vocalizações e gestos)
NÃO (.) (expressão de desânimo) (risos) (( não se sabe se ela
não sabe ler ou não entendeu a mensagem)) (( aluna se
levanta e vai até a banca de As1))
Ler tudinho (( tentando fazer datilologia)) Como é ler?
((pergunta a um colega))
Não sei ((apontando para um cartaz de datilologia na
parede))
Pa::ra (risos)
Sen::ta. Já terminou. Já explicou a e::la ?
Ainda não, peraí:::
Depois você vai ler para gente ((refrindo-se a aluna que estava
em pé))
Espera (risos)
Situação: A professora realiza a leitura de um segundo texto
(T 01)
Gosta de brinquedo, até de sapo não tem medo na casa de
Professora
sua avó: A história fala de que? (K. deita a cabeça na banca)
(T 02) Todos Da menina que não tem medo de sapo
51
os alunos
Ouvintes
(T 03)
Professora
(T 04) Todos
os alunos
Ouvintes
(T 05)
Professora
Qual é o nome dela?
É Juliana
Va::mos ler todos juntos? ((leitura coletiva)) (aluna surda fica
brincando com o cabelo))
Situação: Professora escreve a resposta no quadro e alunos conversão entre
si.
(T 01)
Va::mos responder:: tá. Como é o nome do poema?
Professora
(T 02) Aluno
Professora:: sapo faz mal a pessoa
Ouvinte
(T 03)
Nã::o
Professora
(T 04) Aluno
Eu tenho medo de sapo.
Ouvinte
(T 05)
Gente:: aqui ó:: é pra escrever
Professora
(T 06) Aluno
Ô: profess::ora, hoje nem marcou o calendário
Ouvinte
(T 07)
Vá marcar o calendário ((a aluna pega o piloto e marcar o
Professora
calendário)) (assovios)
(T 08) Aluno
Professora (.) posso fazer no caderno
Ouvinte
(T 09)
Pode
Professora
(T 10) Aluno
Professora vê o meu?
Ouvinte
Vá terminando que eu vou olhar. ((K. continua escrevendo))
(T 11)
((K. se interessa pela atividade do colega ao lado - um
Professora
desenho))
(T 12)
É assim::
Professora
(T 13) Aluno
Cadê?
Ouvinte
(T 14) Aluno Burro (aponta para o outro aluno) (risos) ((todos falam
Ouvinte
simultaneamente)) ((incompreensível))
SAI (gesticulando) ((pedindo para que a aluna saia de sua
(T 15) K.
frente)) (irritada)
52
(T 16) Aluno
Ouvinte
(T 17)
Professora
(T 18) Todos
os Alunos
Ouvintes
(T 19)
Professora
(T 20) Aluno
Ouvinte
(T 21) Aluno
Ouvinte
(T 22) K.
Sai da frente (grita) ((K. escreve a resposta e continua isolada
do contexto, e demais alunos em pé se locomovendo))
O que é que a história mostra?
Animais, sapo, casa da avó
De que é que ela gosta? ((segue perguntando e escrevendo no
quadro, e todos os aluno ouvintes respondem))
Terminei professora ((K. passa a mão no rosto e olha
pensativa para a câmera))
VOCÊ FAZER R-E---- (incompreensível) ((tenta fazer
datilologia para explicar a colega))
NÃO (inquieta) ((demonstrando que não compreendeu o que
ela Queria dizer))
Situação: A Professora propõe um ditado oral
(T 01)
Va::mos turma, fazer um ditado da história
Professora
(T 02) Aluno
Peraí::: (assovios)
Ouvinte
Deixa eu ver:: ((olha atividade de K. mas não faz comentários
(T 03)
e nem realiza nenhum tipo de comunicação)) ( aluna lha para a
Professora
professora na expectativa) ((todos conversam ao mesmo
tempo))
(T 04) Aluno
Tá certo?
Ouvinte
(T 05)
Já pegaram o material:: Prestem atenção (( todos se preparam
Professora
para o ditado oral)) Posso começar o ditado?
(T 06) Todos
os Alunos
Peraí
Ouvintes
(T 07)
Va::mos começar:: ((K. guarda o texto e fecha o caderno))
Professora
(boceja)
(T 08) Aluno
Tia::? Bora logo:: ((todos conversam))
Ouvinte
(T 09) Todos
os Alunos
Pode professora
Ouvintes
(T 10)
Peguem o caderno agora? (falatórios e assovios) ((professora
Professora
fica em frente ao quadro))
(T 11)
Pei:xe
Professora
53
(T 12) Aluno
Ouvinte
(T 13)
Professora
É com X (.) tia?
((Não responde a pergunta do aluno))
n:se:to / não é para olhar ((K. abre o caderno e fica olhando os
outros copiarem)) Gos:ta, me:ni:na, be:sou:ro, pés:so:a.
Situação: A professora corrige o ditado
(T 01)
Vamos: corrigir as palavras
Professora
(T 02) Aluno
Deixa eu ir ?
Ouvinte
(T 03) Todos
os alunos
Eu também::
ouvintes
(T 04) Aluno
Ô tia::?
ouvinte
Gos:tei ((soletrando a palavra e escrevendo no quadro))
(T 05)
Be:sou:ro, olhem:: besouro é com S ((todos escrevem no
Professora
caderno))
(T 06) Aluno
Vai ter mais tarefa no quadro?
ouvinte
Não porque eu vou sair mais cedo. Va::mos ler::?
(T 07)
Pei:xe, Brin:que:do, mos:qui:to, gos:ta, me:ni:na, avó,
Professora
per:ni:lon:go, pei:to, ar, bo:la, pés:so:a, ca:sa. ((leitura
coletiva))
(T 08)
Leia a palavra ((pergunta a alguns alunos, apontando para o
Professora
quadro)) (K. olha para o quadro)
(T 09) Aluno Eu:: professora? ((chega uma pessoa na porta da sala
ouvinte
avisando que é a hora da merenda)) (a turma sai)
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as filosofias educacionais na educação dos surdos