Análise do Comportamento e Autismo [Na prensa] Roosevelt R. Starling1 UFSJ/USP Este trabalho apresenta ao leigo culto alguns dos principais traços filosóficos, conceituais e metodológicos da matriz conceitual denominada Ciência do Comportamento ou Análise do Comportamento, como é mais conhecida entre nós2 e articula algumas relações entre esta matriz e o tratamento analítico-comportamental dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e quadros assemelhados, em especial o Transtorno Autista. Tendo este objetivo, a precisão e o refinamento conceitual poderão ser sacrificados em benefício da inteligibilidade e, desta maneira, um leitor já fluente neste modelo explicativo provavelmente teria pouco aprendizado a extrair deste texto. Para o leigo culto, sugestões de leitura são oferecidas ao longo do texto e nas Referências Bibliográficas, com o propósito de permitir ao leitor interessado avançar por sua própria conta na compreensão deste tema. O leitor perceberá que a definição ou explicação de certos conceitos ou temas são repetidas várias vezes ao longo do texto, nas mesmas palavras ou em palavras diferentes. Esta repetição não é acidental. Análise do Comportamento A Análise do Comportamento é um modelo explicativo ainda pouco conhecido ou, talvez mais precisamente, mal conhecido, para o estudo, compreensão e intervenção nos problemas psicológicos (Starling, 2000). De fato, e por uma série de particularidades distintivas, este modelo põe em cheque concepções arraigadas da natureza do mundo e do homem-no-mundo e esta contraposição fundamental, porque cultural, não se faz sem um preço. O preço é a desinformação e os preconceitos que a acompanharam desde o seu nascedouro (Rodrigues, 2006; Weber, 2002; Carrara, 1998; Mills, 1998). Assim, a primeira tarefa de quem quer que se proponha a tratar da aplicação deste modelo para compreensão e tratamento de uma classe de problemas ditos psicológicos ou psiquiátricos é oferecer ao exame do leitor, ainda que em caráter esquemático e rudimentar, os pressupostos orientadores e os principais traços distintivos deste quadro de referência. Apresentar os pressupostos pré-analíticos e filosóficos, bem como os conceitos fundamentais de um modelo explicativo pode ajudar a evitar muitas discussões e desentendimentos estéreis, porque os argumentos poderiam nascer de pressupostos e de visão de mundo diferentes. Por que haveria pressupostos e visão de mundo diferentes, por vezes opositivos, convivendo dentro de um mesmo domínio disciplinar, de uma mesma profissão? Para responder esta pergunta, um primeiro ponto a estabelecer é o fato de que “psicologia”, como ciência, não existe. Pelo menos não existe no mesmo sentido em que existe uma ciência biológica ou uma ciência física. Também não existiria como uma profissão no sentido em que existe uma medicina, uma engenharia ou um direito, pois são tantas as teorias e as práticas, por vezes até mesmo opositivas umas em relação às outras, que não se pode de fato saber o que faria um “psicólogo” numa dada situação ou função. Historicamente muito recente3, a psicologia vive 1 Comunicações com o autor a respeito deste trabalho podem ser feitas através de [email protected] Outra denominação que é também erroneamente usada para designar esta matriz conceitual é “behaviorismo”. Na verdade, behaviorismo ou behaviorismo radical é o nome de um dos componentes desta matriz; especificamente, é uma filosofia da ciência que critica e interroga, de uma perspectiva epistemológica, a Análise Experimental do Comportamento e a Análise do Comportamento, o corpo teórico indutivo produzido a partir da Análise Experimental do Comportamento (Starling, 2000). 3 Atribui-se a data de “fundação” da psicologia como um campo de estudos independente da filosofia à data da instalação do primeiro laboratório de psicologia experimental por Wilhelm Wundt (1832-1920), em Leipzig, Alemanha, em 1875 ou 1879, há controvérsias (Figueiredo, 1991). Assim, a psicologia contaria com meros cento e trinta e dois anos. Compare-se com a evolução milenar da engenharia, do direito e da própria medicina, por exemplo. 2 ainda o momento da sua fundação e aqueles que se interessam pela produção de um conhecimento sobre as ações humanas – Por que fazemos o que fazemos? – ainda discutem qual seria o objetivo deste empreendimento, qual seria o seu objeto de estudo, como ele deveria ser estudado e como o conhecimento produzido deveria ser avaliado. Campos científicos e profissionais mais maduros, como os acima citados, já viveram estes momentos que agora vive a psicologia e os fundamentos dos seus projetos de conhecimento já estão razoavelmente bem estabelecidos, obtiveram um grau razoável de consenso dentre a comunidade dos seus estudiosos. Para aqueles campos, o avanço agora é principalmente de refinamento conceitual, de aperfeiçoamento e pesquisa de novos métodos de análise e de observação. O que estudar, como estudar e como avaliar o que se estudou já está razoavelmente estabelecido. Como afirmado acima, os interessados no desenvolvimento de uma psicologia vivem situação totalmente diferente. É neste contexto histórico que melhor podemos examinar a matriz conceitual conhecida como Análise do Comportamento. O projeto central deste modelo explicativo é o de produzir um conhecimento psicológico segundo o modelo das ciências naturais (Skinner, 1991/1938). O modelo das ciências naturais adota como método de investigação a análise experimental e decorre desta posição epistemológica um desinteresse em considerar como causas válidas para uma possível explicação das ações humanas variáveis não-naturais ou supranaturais, ou, ainda, conceituais (Starling, 2004). Este tipo de explicação não pode ser verificado através de uma análise experimental pela singela e suficiente razão de que não existem como aspectos manipuláveis do mundo, isto é, que possam ser colocados e retirados numa dada situação para que se possa verificar a sua suposta existência e ação. Noutras palavras, por não existirem como aspectos físicos identificáveis da natureza, tais “causas” não podem ser cientificamente negadas e, assim, não podem também ser cientificamente afirmadas. Colocado nos termos da filosofia da ciência, a Análise do Comportamento adota uma visão de mundo monista naturalística ao aproximar-se do seu objeto de estudo, em oposição a uma visão de mundo dualista mentalista, dominante nos modelos explicativos psicológicos tradicionais ou convencionais (Baum, 1999; Chiesa, 1994). Por conceber o problema de conhecimento que as ações humanas propõem nos moldes das ciências naturais, a Análise do Comportamento considera que o fenômeno do seu interesse, as ações humanas, é um fenômeno natural, ou seja, dotado de propriedades espaciais e/ou temporais discerníveis pelos órgãos sensoriais de um ser humano comum. Sendo o fenômeno de interesse um fenômeno natural, sua explicação precisará ser buscada no mesmo plano fenomênico no qual o fenômeno ocorre, qual seja o plano dos fenômenos naturais e, também, suas causas imputadas precisarão igualmente ser fenômenos naturais, igualmente dotadas de dimensões espaciais e/ou temporais. Desta forma, a Análise do Comportamento busca causas naturais que possam explicar o funcionamento psicológico humano, recusando considerar, por incompatíveis com o seu projeto, quaisquer causas supranaturais ou conceituais. Nisto e somente nisto consiste a radicalidade deste projeto: recusa-se, por incompatibilidade com o projeto, a raiz da psicologia convencional, que é a idéia de que as causas imputadas das ações humanas teriam uma natureza diferente destas próprias ações e estariam num plano também diferente delas. Este outro plano seria um suposto mundo “mental”, ou “psíquico” ou, ainda, “psicológico”, imaterial e inacessível à observação, somente podendo ser inferido indiretamente através das ações humanas que, nesta visão, seriam somente epifenômenos deste outro mundo e um meio para o seu conhecimento (Sturmey, 2007; Chiesa, 1994; Skinner, 1991). Sugere-nos a filosofia que, tudo indica, não existe uma verdade imanente sobre o mundo que possa ser conhecida pela razão. No limite, o que nós, humanos, podemos conhecer do mundo são as definições e os conceitos que a ele impomos e não mais do que isso (Kant, 1987/1781). Dessa maneira, uma Ciência do Comportamento naturalística não pretende esgotar as explicações sobre mundo; é somente mais uma dentre elas e, ainda assim, sujeita aos constrangimentos e limites que a ela impõem as regras de uma investigação naturalística do mundo. Por outro lado, oferece também as vantagens deste tipo de investigação, que são a possibilidade da produção de um conhecimento empiricamente fundamentado e socialmente validável - através da replicação sistemática por outros investigadores – e seu caráter prático, de vez que seus objetivos declarados são os de prever a ocorrência dos fenômenos que estuda e de influenciar a sua ocorrência e/ou o seu curso, deliberadamente alterando-os (Starling, 2004; Baum, 1999). Essencialmente, ao buscar uma explicação para as ações humanas - um fenômeno natural - que pudesse ter como agente outro fenômeno natural, a Análise do Comportamento voltou-se para o mundo natural no qual nós, humanos, vivemos e perguntou-se que relações poderiam haver entre aquilo que fazemos e o mundo natural no qual fazemos o que fazemos. Definido a natureza do plano epistemológico onde procuraria suas “causas” (ou variáveis independentes), como sendo o mundo natural, e definindo suas variáveis de interesse, suas causas, como aspectos ou eventos do mundo natural, o que a Análise do Comportamento pergunta é se existiria alguma relação fidedigna entre o estado do mundo natural antes da ação humana. A seguir, pergunta se este estado do mundo foi ou não alterado de alguma forma pela ação humana e que relações tal alteração poderia manter com a ação humana que a precedeu. Por exemplo, existiria alguma relação fidedigna entre o número de horas transcorridas após a última ingestão de alimento e a ação humana de procurar por alimento? Ou uma relação entre estar sendo molhado pela chuva e a ação humana de abrir um guarda-chuva? Se houver, seria fidedigna, ou seja, um grande número de horas após a última refeição ou o fato de estar sendo molhado pela chuva alteraria sistemática e previsivelmente a probabilidade de ocorrência das ações relacionadas a estes estados do mundo? Colocando esta relação numa forma mais geral, se...então: “Se o tempo passado desde a última refeição for grande, então aumenta a probabilidade de uma pessoa agir procurando comida?” ou “Se estiver sendo molhada pela chuva, então aumenta a probabilidade de uma pessoa abrir um guarda chuva?”. Se as respostas a estas perguntas forem positivas, chamaremos este estado do mundo que antecede fidedignamente a ação humana de condições estimuladoras iniciais ou condições antecedentes ou, mais simplesmente, de antecedentes. Fig. 1. Relações estudadas pela Análise do Comportamento Mas, observe o leitor, o acima dito somente estabelece uma relação entre dois fenômenos naturais. A pergunta essencial, por que, nesta condição (tempo sem comer, chuva molhando) alguém procuraria comida ou abriria um guarda-chuva, continua sem resposta. Uma outra maneira de perguntar a mesma coisa é indagar se os resultados das nossas ações afetam o que fazemos. Dito de outra forma: quando uma ação humana ocorre e esta ação é seguida por alguma alteração no mundo - isto é, o estado do mundo antes da ação humana é diferente do estado do mundo depois da ação humana - o que ocorre com aquela ação? Quando, estando sendo molhado pela chuva - estado do mundo antes da ação humana de interesse alguém abre um guarda-chuva, o que acontece com o estado do mundo depois desta ação? O que muda? Ora, a pessoa não se molha mais4. 4 Evidentemente, em idêntica situação, uma pessoa poderia não abrir um guarda-chuva. Quando, por exemplo, deseja exatamente degustar a chuva caindo sobre o seu corpo. Neste caso, simplesmente se estaria afirmando que outras variáveis também afetam a probabilidade desta ação humana, por vezes em direções contrárias, o que é correto: a maioria das nossas ações são multideterminadas. Neste caso, nada mudaria em função desta “não-ação”, como seria de se esperar; singelamente a pessoa continuaria a produzir as sensações que tem com a chuva caindo sobre o seu corpo. Suponha que esta pessoa passou pela primeira vez por esta experiência. Se desejar, imagine que esta pessoa é membro de uma outra cultura e que, pela primeira vez na vida, usou um guarda-chuva. Se, após esta experiência, de outras vezes em que estiver sendo molhado/a pela chuva a pessoa abrir um guarda-chuva, podemos dizer que o estado do mundo após a ação humana, ou seja, as conseqüências daquela ação afetaram a probabilidade da ocorrência desta mesma ação no futuro, sob condições semelhantes5. Verificada a fidedignidade desta relação, podemos então chamar as condições do mundo após a ação humana de conseqüências e a afirmação possível é: em circunstâncias semelhantes, as conseqüências do que fazemos afetam a probabilidade de fazermos outra vez ou não aquilo que produziu aquela conseqüência. Nesta perspectiva de análise, o objeto de interesse da Análise do Comportamento é o estudo das relações fidedignas que possam existir entre as condições estimuladoras antes da ação humana, a ação humana propriamente dita e as conseqüências delas, ou seja, como o mundo muda após a ação humana. Mas, observe bem o leitor, o Analista do Comportamento não está interessado nos aspectos ou eventos objetivos ou físicos do mundo por si mesmos. O que o Analista do Comportamento estuda são as relações entre estes aspectos ou eventos do mundo natural e as ações humanas. Fig. 2. Antecedentes, Resposta e Conseqüências Parafraseando João Guimarães Rosa (19081967), comportamento não existe. Comportamento, tal como o termo é compreendido na Análise do Comportamento, é um conceito relacional, indica a relação entre duas coisas, como o termo cachoeira. “Cachoeira não existe. Cachoeira é barranco com água passando por cima. Tira o barranco ou tira a água, cadê a cachoeira?” (Guimarães Rosa, 1978). Comportamento não existe enquanto evento físico: o que chamamos de comportamento é uma relação sistemática e fidedigna que se pode observar entre determinados aspectos ou eventos do mundo e aquilo que as pessoas fazem e é este o comportamento que estudamos, o nosso objeto de estudo6. Agora, se chamarmos as ações humanas de respostas, pois agimos em resposta a algum aspecto do ambiente natural (e quando não se faz isso ou quando se faz isso de maneira muito diferente dos demais, habitualmente se diz que a pessoa tem um problema), já temos os elementos básicos para estabelecermos uma fraseologia mais técnica: o que o Analista do Comportamento estuda são as relações entre os antecedentes, as respostas e as conseqüências. Ele deseja saber quais antecedentes e quais conseqüências estariam fidedignamente relacionadas a uma dada ação humana, a uma dada resposta, de maneira que este conhecimento ajudasse a prever quando esta resposta teria maior probabilidade de ocorrer e, também, como se poderia influenciar a probabilidade desta ocorrência. Neste sentido, pode-se dizer que o Analista do Comportamento estuda as setas representadas nas Figuras 1 e 2 e, também nesse sentido, se pode dizer que o seu objeto de interesse é propriamente psicológico. São estas relações entre os antecedentes, a resposta ou ação humana e a conseqüência que chamamos de comportamento e não à ação humana isolada, tomada por si mesma, tal como abrir ou não abrir um guarda-chuva, por exemplo, ou a qualquer aspecto físico dela. 5 Na verdade, as coisas não são tão simples assim. O leitor interessado numa descrição conceitualmente mais precisa do fenômeno que aqui está sendo abordado apenas em caráter introdutório e mesmo meramente ilustrativo, poderá encontrá-la, por exemplo, em Catania (1999). 6 Uma definição mais completa e conceitualmente mais precisa poderia ser: comportamento é a interação do repertório de um organismo com seu mundo imediato funcionalmente significativo, compreendendo-se que a história daquele organismo está presente no seu repertório. É o episódio completo que interessa ao Analista do Comportamento e isto é o que comportamento quer dizer, como termo técnico. Dessa forma, se estamos interessados em compreender porque Fulano abriu ou não o guarda-chuva e como poderíamos alterar a probabilidade da ocorrência desta ação, não iremos atribuir esta ação a obscuras e inacessíveis causas ou agências internas. Singelamente, procuraremos descobrir que antecedentes estariam fidedignamente presentes quando ele abre um guarda-chuva e que conseqüências fidedignas teria esta ação de abrir o guarda-chuva, ou seja, como muda o mundo em que aquela pessoa está vivendo naquele momento após esta ação. O Analista do Comportamento se interessa em estudar as relações entre as ações humanas, as respostas, e aspectos ou eventos ambientais que possam ter influência sobre elas. Neste ponto, é importante estabelecermos o significado técnico de dois outros termos freqüentemente usados na Análise do Comportamento, que são resposta e ambiente. Numa acepção técnica, resposta é tudo aquilo que uma pessoa faz. Resumidamente, respostas são todos e quaisquer verbos que utilizamos para falar sobre o que nós, humanos, fazemos, sentimos e percebemos. Assim, sonhar, pensar, idealizar, falar, correr, comer, alegrarse, entristecer-se, chorar, agredir, amar são exemplos de respostas e, portanto, objetos válidos para um estudo analítico-comportamental. Nos parâmetros deste modelo, o exame destas respostas não pode ser feito sem considerar as relações que elas mantêm com o ambiente, com os aspectos ou eventos naturais antecedentes e conseqüentes. Neste sentido, o objeto do estudo da Análise do Comportamento é o comportamento, entendido como o estudo das relações entre estes eventos ambientais e a resposta ou classe de respostas sobre a qual se deseja adquirir conhecimento. Em outras palavras e para fins da produção deste tipo de conhecimento, uma ação humana tomada isoladamente do seu entorno não poderia ser estudada por este projeto psicológico. Por sua vez, o conceito de ambiente não se refere ao ambiente físico e nem mesmo ao ambiente exterior ao corpo humano, o mundo fora da pele. O conceito técnico de ambiente é, naturalmente, conceitual. Ambiente pode ser definido como qualquer aspecto ou evento natural que não seja a própria resposta ou classe de respostas que se deseja estudar, independentemente dele ser um aspecto ou evento físico, social ou sensorial e de estar do lado de “dentro” ou do lado de “fora” da pele da pessoa (Skinner, 1991). Fig. 3. O conceito de ambiente Mas nem todos os aspectos ou eventos físicos, sociais ou sensoriais presentes numa dada porção do universo com a qual uma pessoa faz contato num dado instante são necessariamente partes do ambiente psicológico. Por exemplo, para um leitor interessado deste texto, a poltrona ou cadeira na qual ele esteja eventualmente sentado poderá não constituir um ambiente para ele, no sentido de que ela não estará exercendo, naquele momento, qualquer influência sobre as suas respostas, sobre as suas ações. Desta forma, pessoas diferentes podem estar em contato com a mesma porção do universo e estarem em ambientes psicológicos diferentes, como quando, por exemplo, um motorista e seu passageiro olham para a mesma carroceria de caminhão numa estrada. A influência que esta carroceria possa estar exercendo sobre as ações de um e as do outro podem ser notavelmente diferentes, como, aliás, é comum ocorrer. Num sentido técnico, estas duas pessoas não estariam no mesmo ambiente - exceto numa compreensão puramente física do termo - e poderiam, assim, apresentar respostas – agir - de maneira completamente diferentes uma da outra embora, aparentemente, estivessem na “mesma situação”. Munidos deste traçado esquemático do quadro de referência analítico-comportamental e do embrião de alguns dos conceitos fundamentais e das suas relações com o método de investigação que orienta este tipo de estudo, podemos nos arriscar a avançar para apresentar a área das aplicações deste modelo às situações e problemas práticos enfrentados por nossa espécie na sua vida cotidiana. Análise do Comportamento Aplicada – ABA Ciências naturais básicas tipicamente geram ciências aplicadas. Por exemplo, a biomedicina é uma aplicação da biologia e de outras ciências básicas afins, tal como a química, assim como a engenharia é uma aplicação da física, da química, da geologia e de outras ciências básicas afins. Estas aplicações constituem conjuntos articulados e interdependentes de processos tecnológicos desenvolvidos com base nos princípios e relações estabelecidas e validadas nas ciências básicas e seu caráter científico ou não dependerá, fundamentalmente, da consistência conceitual e metodológica que estes processos tecnológicos guardarem com a ciência ou ciências-mãe, se assim se poderia chamá-las (Bunge, 1985). Por certo o leitor atento concluirá que dificilmente algum pesquisador ou praticante de uma área aplicada poderia conseguir excelência profissional em sua área de atuação sem dominar, com igual competência e fluência, os principais conceitos e recursos metodológicos da sua ciência-mãe, que é a que fundamenta e dá validade às aplicações. A Análise do Comportamento é uma ciência natural básica e gerou inúmeras aplicações que, coletivamente, são chamadas de Análise do Comportamento Aplicada (ABA é o acrônimo de Applied Behavior Analysis, literalmente, Análise do Comportamento Aplicada). São aplicações cujo escopo atinge hoje praticamente todos os campos de interesse psicológico explorados pela psicologia convencional, desde os mais tradicionais, como a clínica psicológica típica, a outros menos conhecidos, como o chamado e-commerce, as relações de consumo através da internet. Interessa-se pelo estudo das relações organizacionais ou institucionais, da psicologia em contextos médicos e hospitalares, da psicologia escolar ou da educação, pela segurança do trabalho, pelas relações sociais em comunidades humanas, etc.7 Limitando-nos, nesta apresentação, às aplicações em contextos clínicos, ou seja, aos contextos organizados para estudar as causas e interferir terapeuticamente nos comportamentos humanos considerados problemáticos - ou, numa palavra, no sofrimento humano - a Análise do Comportamento Aplicada – ABA pode hoje oferecer uma extraordinária opção para a ação em contextos clínicos; extraordinária pelo sólido caráter científico e pelas evidências empíricas das suas contribuições. Esta opção está materializada nas inúmeras publicações especializadas sobre o tema, mas, de maneira mais concisa, no prestigioso Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), periódico científico com quarenta anos de edição ininterrupta8. Seu exame e estudo, onde for de interesse do leitor, por certo proporcionará uma visão extensiva e intensiva das contribuições da ABA para a área. O Analista do Comportamento aplicado abordará o fenômeno clínico com o mesmo quadro referencial com o qual a Análise do Comportamento estuda seus fenômenos de interesse 7 Aos interessados em conhecer melhor esta abrangência, indica-se uma visita aos sites do Cambridge Centre for Behavioral Studies – CCBS (www.behavior.org), da Association for Behavior Analysis – ABA (www.abainternational.org) e da Divisão 25 da American Psychological Association (www.apa.org/about/division/div25.html). Em português, pode-se visitar o site da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental – ABPMC (www.abpmc.org.br). Em todos estes sites podem ser encontrados inúmeros links para sites analítico-comportamentais e de disciplinas afins relacionados aos temas que possam ser de interesse do leitor, além de farta indicação de bibliografia. 8 A virtual totalidade dos artigos publicados neste periódico ao longo da sua existência está disponível online, em www.pubmedcentral.nih.gov mais básico. O que o cliente faz são suas respostas, suas ações ou, na linguagem da psiquiatria, seus sintomas. O leitor já sabe que não são as respostas, por si mesmas, ou os sintomas, por si mesmos, o objeto de interesse de uma análise do comportamento, mas sim o episódio comportamental completo, ou seja, as relações entre estas respostas ou sintomas com seus antecedentes e seus conseqüentes ambientais. Estas respostas podem ser consideradas problemáticas no sentido de dificultar ao cliente o pleno e desimpedido acesso às possibilidades interativas disponíveis no seu ambiente, as quais podem ser necessárias para seu pleno funcionamento em nossa sociedade, para seu estado de bem-estar emocional e até mesmo para a sua sobrevivência física. Quando este impedimento ultrapassa certo limiar, o resultado emocional é sofrimento para ele mesmo, para o seu grupo social de referência ou para ambos. Caberá ao Analista do Comportamento ajudar a pessoa que sofre a mudar suas respostas problemáticas, os seus sintomas, no sentido de obter uma maior liberdade e autonomia nas suas interações com o mundo físico e social. Quando isso acontece, a resposta emocional concomitante é a ampliação dos estados chamados de bem-estar, alegria ou prazer. O Analista do Comportamento fará isso analisando, com o propósito de alterá-las, as relações entre estas respostas problemáticas - os sintomas - e os aspectos ou eventos antecedentes e conseqüentes a eles relacionados. Fig. 4. O paradigma da análise aplicada Assim como qualquer outro clínico, ele não tentará agir sobre os sintomas em si mesmos. Neste modelo, os sintomas ou classes de respostas problemáticas são entendidos como uma função das relações que elas mantêm com o ambiente, sendo estas relações o problema de interesse sobre o qual incidirá a ação clínica e não sobre os sintomas em si mesmos. Porém, ao contrário da prática psicológica clínica convencional, o Analista do Comportamento não procurará variáveis explicativas ou causais num outro mundo, digamos, mas no mesmo mundo natural em que estas ações problemáticas ocorrem. Ora, sendo estas variáveis eventos naturais, são, por sua natureza, aquiescentes à ação direta e observável e, desta maneira, ambos, terapeuta e cliente, poderão apreciar objetivamente os resultados das ações clínicas e eventuais desvios de curso poderão ser explicitados e corrigidos a bom tempo. Fig. 5. Relações entre os sintomas e as variáveis ambientais que os instalaram e que os mantêm. Dito de outra maneira, o Analista do Comportamento estará interessado em alterar as relações entre o que o cliente faz e os eventos antecedentes e conseqüentes que exercem influência neste fazer. Ele procurará ajudar o seu cliente a modificar os parâmetros das classes de respostas problemáticas, tais como a sua freqüência, duração, intensidade e outros aspectos dinâmicos delas na direção que poderá ampliar e facilitar a sobrevivência e o bem-estar daquela pessoa como ser biológico, social e cultural. Fará isso ajudando o seu cliente a mudar de maneira tal que ele, assim mudado, poderá subseqüentemente ele mesmo mudar as relações entre as suas ações e o ambiente (Sturmey, 1997; Skinner, 1974). Algumas vezes a ação direta nos eventos antecedentes ou nas conseqüências é possível ou mesmo indicada e, nestes casos, uma intervenção mais eficaz, mais rápida e menos invasiva se torna potencialmente possível9. No entanto, existem algumas poucas circunstâncias nas quais as possibilidades de ação da própria pessoa estão de tal modo limitadas ou impedidas que restará quase que somente a opção de atuar na alteração dos antecedentes e conseqüentes, até mesmo para ampliar as possibilidades interativas da pessoa de maneiras tais que, num momento futuro, esta pessoa possa, ela mesma, produzir ações eficazes para alterar o seu ambiente no sentido de ampliar o seu bem-estar e reduzir ou eliminar o mal-estar. Este é o caso das pessoas que apresentam os padrões comportamentais vistos nos chamados Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – TID e quadros assemelhados, situação que será tratada na sessão a seguir com ênfase no Transtorno Autista. Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no Transtorno Autista Poderá ser útil considerar um ponto importante ponto já na abertura desta sessão: não existe um “método” ABA para o tratamento do autismo, pelo menos não no sentido estrito do termo, como se poderia dizer que existe, por exemplo, um método fônico ou um método global para a alfabetização. O sentido do termo método, como aplicado para os últimos exemplos, o método fônico ou global, refere-se a um conjunto de passos pré-determinados que, se seguidos de maneira sistemática e conforme uma programação, supostamente conduzirá a um resultado igualmente pré-determinado. Felizmente, a plasticidade do comportamento humano, o caráter absolutamente singular da história de cada pessoa e a dinâmica das interações organismo-ambiente impede a construção de um “método” terapêutico seja lá para que transtorno for, considerado o termo no seu sentido estrito. Humanos não são programáveis porque o ambiente no qual se desenvolveram e no qual vivem e agem não é programável. Na natureza, variação é a regra e não a exceção. De fato, “métodos”, como os exemplificados acima, funcionarão para algumas pessoas e não funcionarão para outras pessoas. Ou funcionarão melhor para certas pessoas do que para outras. Ou, ainda, funcionarão melhor para certas pessoas num dado momento e não funcionarão tão bem para aquelas mesmas pessoas num outro momento. Ou, mais uma vez, algumas pessoas poderão ter dificuldades extras exatamente por causa do “método” utilizado. Uma pergunta mais parcimoniosa – e, portanto, mais científica – para orientar o debate sobre qual método de alfabetização, o fônico ou o global – seria o melhor (debate que de fato ocorre na área da educação) poderia ser: qual seria o melhor método para esta pessoa, com estas características, neste momento da sua vida? Tal pergunta não é comumente feita porque a escola é organizada para atender a média dos alunos e se com o método de alfabetização tal ou qual a média daqueles alunos aprende a ler melhor e mais rapidamente com o método tal do que com o método qual, pode-se dizer que o método tal é melhor. Na clínica, entretanto, não atuamos nem podemos atuar sobre os problemas de um cliente médio, pela simples razão de que tal cliente não existe: é uma ficção estatística. Na clínica atuamos sobre problemas reais de pessoas reais e o artifício de incluí-las numa mesma categoria, como, por exemplo, “autistas” ou qualquer outra categoria que se queira, é exatamente isso: um artifício. Serve bem a propósitos classificatórios, mas não serve aos propósitos clínicos. Já se disse que é mais importante saber que doente tem a doença do que saber que doença tem o doente (frase atribuída a Hipócrates, 460 a.C.-377 a.C.). 9 Em português, o leitor interessado em maiores detalhes e exemplos de aplicação, poderá consultar os vinte volumes da coletânea Sobre Comportamento e Cognição, publicada pela ESETec (www.esetec.com.br) sob os auspícios da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, ABPMC e também exemplares da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, RBTCC, ISSN 1517-5545. Para ilustrar este ponto, leigos cultos podem compreender imediatamente os mecanismos biológicos básicos envolvidos num processo infeccioso assim que estes lhes forem explicados. No entanto, esta compreensão dificilmente os qualificaria para diagnosticar e tratar processos infecciosos, porque nenhum processo infeccioso se dará exatamente da forma essencial em que são apresentados. Eles se darão não em abstrato, mas sim como o resultado da interação entre um conjunto particular de microorganismos, únicos em suas características históricas e correntes e outro organismo igualmente único em suas características históricas e correntes. Em cada um destes organismos, esta interação estará também sob a influência de vários outros sistemas do organismo além das porções imediatamente envolvidas e esta interação se dará, necessariamente, numa configuração ambiental igualmente única. Como arremate, todas estas singularidades estarão em constante transformação, até mesmo como resultado da sua própria interação. A aparente simplicidade dos princípios básicos comportamentais poderia conduzir espíritos mais açodados a acreditar que tudo se resumiria a uma “técnica”, um “método”, que poderia ser apreendido e aplicado com relativa facilidade e homogeneidade de procedimentos e de resultados. Lamentavelmente, ciência funciona mais ou menos como funciona a mágica: compreendemos imediatamente como o mágico faz para tirar o coelho da cartola, assim que o truque nos é demonstrado. Contudo, esta compreensão imediata não nos permite tirar o coelho da cartola como o mágico o faz, exceto através de anos e anos de estudo e de prática. Ciência tipicamente funciona e, portanto, pode ser uma coisa perigosa. Ciência, ou se domina inteiramente ou não se domina. Não é seguro saber “mais ou menos” como operar uma central nuclear, fazer uma cirurgia cardíaca ou pilotar um avião. Estas são situações nas quais “ter uma idéia do que fazer” ou “ter uma opinião” pode ser perigoso. Não seria prudente, igualmente, atrever-se a pilotar um avião ou realizar uma cirurgia cardíaca lendo o manual: o mapa não é o território. Não é da melhor prática discutir, num artigo de apresentação de um modelo, limitações e fragilidades de outros modelos e práticas. Mas neste território, o do autismo, o intenso sofrimento do grupo primário desta pessoa comumente induz respostas emocionais poderosas, cuja primeira vítima é por vezes a racionalidade e, em casos extremos, até mesmo a sensatez. No entorno destes dramas humanos, quase sempre se forma um Mercado da Esperança. Nele, mais uma vez é a pessoa acometida a vitima indefesa que estará em risco de sofrer, além dos incômodos e dores da doença ou transtorno, também os incômodos e dores de “tratamentos” inócuos ou de eficácia não estabelecida, alguns deles extremamente penosos para a pessoa e para seus cuidadores (Veja-se, por exemplo, Wachelke, Natividade, Faggiani, & Andrade, 2004, sobre o método Doman-Delacato). Doenças e transtornos de grande impacto pessoal e social, de etiologia desconhecida ou múltipla e de tratamento difícil e lento, como o autismo e quadros assemelhados, habitualmente estimulam uma cornucópia de ofertas de “tratamento” que variam desde concepções folclóricas e provenientes de “ciências pessoais” até tratamentos plausíveis, mas ainda experimentais, que são equivocadamente oferecidos sob a chancela da ciência. Neste contexto, não é fácil esquivarse da responsabilidade profissional de oferecer aos interessados referências que possam ajudálos a se orientar neste território acidentado, cujas trilhas se entrecruzam e se confundem. Esta preocupação pode ser vista, por exemplo, em trabalho de Raspin (1997), publicado no New England Journal of Medicine, em tradução do presente autor, quando escreve: Pais desesperados podem necessitar de aconselhamento sobre o valor questionável de terapias médicas e dietárias não-convencionais e outras terapias, freqüentemente caras e que, a despeito de não terem eficácia comprovada, são amplamente utilizadas (pp. 102, tradução do presente autor). De fato, pouco se conhece com precisão sobre os fatores anatômicos e de função biológica atuantes no autismo (Kallen, 2001; Belmonte & Carper, 1998; Raspin, 1997) e, sobre as possibilidades dos tratamentos biológicos e farmacológicos para o autismo10, escrevem, em nosso país, os psiquiatras e pesquisadores Klin & Mercadante (2006): Ainda estamos muito longe de possuirmos os agentes farmacológicos que possam alterar eficazmente os sintomas nucleares do autismo, tais como os déficits de interação social e de comunicação. (p. 2). A Análise do Comportamento Aplicada, na qualidade de uma prática terapêutica fundamentada na ciência, por certo não oferece soluções rápidas e garantidas. Não há mágica e, sim, trabalho e dedicação. Assim, o que existe de fato não é um “método” ABA, mas uma longa e feliz história de adequação entre as ações terapêuticas que o modelo explicativo da Análise do Comportamento possibilita e as características especiais do autismo, que tornam especialmente indicados os procedimentos terapêuticos analítico-comportamentais quando aplicados para o tratamento deste transtorno. Esta história começa oficialmente, pode-se dizer, em 1973, quando Lovaas e alguns colegas publicam um artigo intitulado “Some generalization and follow-up measures on autistic children in behavior therapy” (Lovaas, O.I., Koegel, R., Simmons, J.Q., & Long, J.S.; 1973) no já acima citado Journal of Applied Behavior Analysis e, desde então, o interesse e a investigação rigorosa de procedimentos eficazes para o tratamento analítico-comportamental desta síndrome não parou mais. Hoje, contam-se às centenas os artigos científicos e livros publicados sobre o tratamento do autismo em todo o mundo utilizando o quadro conceitual derivado da Análise do Comportamento11. Um estudo destes artigos e livros, mesmo que superficial, demonstrará que não existe propriamente um “método” ABA. O que se verá é um conjunto de achados proveniente de pesquisas controladas e aplicadas e de ensaios clínicos elucidando, progressivamente, os padrões de respostas tipicamente encontradas no autismo - como função das relações entre estes padrões e as variáveis ambientais - e de procedimentos que demonstraram eficácia para sua alteração no sentido ética e socialmente desejável. Hoje, é difícil encontrar uma expressão comportamental desta síndrome que já não tenha sido objeto de algum estudo e para a qual algum procedimento terapêutico já não tenha sido testado. Eventualmente e a luz destes achados, alguns estudiosos organizaram estes procedimentos em propostas mais ou menos sistematizadas de tratamento. Assim fizeram, por exemplo, Sundberg & Partington (1998), Maurice, Green & Luce (1996). No nosso país, procedimentos reconhecidamente eficazes para a instalação de um grupo especial de habilidades chamadas de Atividades da Vida Diária ou AVD, tipicamente prejudicadas na síndrome autista, foram organizados e descritos por Windholz (1988). A disponibilidade deste material tem levado alguns leigos bem intencionados (e até mesmo alguns profissionais presumivelmente bem formados e bem intencionados, mas com um domínio ainda incipiente da Análise do Comportamento em sua completude 12) a utilizarem, eles mesmos, estas propostas terapêuticas no tratamento dos seus filhos ou parentes. Infelizmente, a 10 Neste particular, o das possibilidades da ação biomédica, nelas incluindo as chamadas “dietas especiais”, uma fonte de informações seguras é a exaustiva revisão de literatura conduzida por Menéndez, Willians & Peréz-González (2003), que pode ser recuperada em www.aplicarciencia.com.br. O já citado site do CCBS (www.behavior.org/autism) também traz orientações confiáveis sobre este tipo de tratamento, sob a respeitável chancela da Universidade de Cambridge. 11 Uma extensa relação destes artigos e livros em língua inglesa, todos eles fundamentados em evidências empíricas e publicados durante o período de 1973 a 2001, podem ser recuperados em www.aplicarciencia.com.br, sob o título Selected Bibliography (Larsson, E. V.,S/D). Neste mesmo site podem também ser encontrados outros artigos científicos que completam satisfatoriamente a lacuna temporal entre 2001 e a presente data. 12 No site da Universidade de Cambridge, sob o título Autism and ABA, pode ser encontrada uma orientação para pais interessados em contratar serviços profissionais analítico-comportamentais para o tratamento dos seus filhos. Pode valer a pena uma visita. O link é www.behavior.org/autism/ autism_select_ba.cfm literatura científica da área não registrou ainda um único caso de sucesso nestas tentativas e, mais infelizmente ainda, acaba por ser a pessoa especial o sujeito indefeso destes experimentos, se assim podemos chamá-los. Publicações como as acima citadas são guias de orientação (guidelines) e de fato podem auxiliar os leigos interessados a participar ativa e produtivamente do tratamento sob orientação competente, participação essencial e bem-vinda, sobretudo quando se dá através da família do autista13. Ao longo destes anos, o conhecimento analítico-comportamental disponível para o tratamento do autismo vem sendo continuadamente ampliado através do exame da eficácia terapêutica de procedimentos decorrentes de revisões e inovações conceituais produzidas na ciência-mãe, bem como se beneficiando de achados das pesquisas básicas e aplicadas na área. O dinamismo de uma se traduz no dinamismo da outra e, desta maneira, o conhecimento científico disponível e os procedimentos terapêuticos dele decorrentes estão em constante evolução. Esta busca continuada de tratamentos eficazes para esta síndrome, amparados em evidências empíricas dos resultados obtidos, tem merecido o reconhecimento de autoridades médicas que não mantêm qualquer vinculação com o projeto analítico-comportamental. “O transtorno autista é um transtorno evolutivo-comportamental.” Esta afirmação é feita à página 984 pelos médicos psiquiatras Kaplan, Sadock & Grebb (1997), autores do “Compêndio de Psiquiatria”, obra de referência mundial para a prática psiquiátrica contemporânea e adotada como texto básico em praticamente todas as melhores escolas de medicina do nosso país. É também dos mesmos autores e na mesma página da obra citada a seguinte afirmação no que diz respeito ao tratamento do transtorno autista: A psicoterapia individual orientada para o insight [psicanálise] provou ser ineficaz. Métodos educativos e comportamentais são considerados, atualmente, o tratamento de escolha. (adendo entre chaves do presente autor). Esta é também a afirmação da maior autoridade médica norte-americana, o Surgeon General (The Surgeon General Guidelines, 2003), aceito mundialmente como uma das principais referências para assuntos de saúde, que reconheceu que os procedimentos mais investigados provêem da Análise do Comportamento Aplicada e reconheceu a Análise do Comportamento como um tratamento eficaz para o autismo: Thirty years of research demonstrated the efficacy of applied behavioral methods in reducing inappropriate behavior and in increasing communication, learning, and appropriate social behavior. [Trinta anos de pesquisas demonstraram a eficácia dos métodos comportamentais aplicados na redução de comportamentos inadequados e no aumento da comunicação, aprendizagem e comportamentos sociais adequados. (tradução do presente autor)] Vários estudos rigorosamente controlados demonstraram empiricamente a eficácia do tratamento analítico-comportamental e, por isso, o Departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos o reconheceu como o tratamento de escolha para o autismo (United States Public Health Service, 1999). Devido às evidências empíricas de eficácia produzidas por estes estudos e frente à exigência das famílias de uma educação comportamental para seus filhos com autismo, entidades governamentais norte-americanas decidiram voltar a estudar estes resultados. Uma das entidades que levou a cabo um acompanhamento de vários anos foi o National Research Concil, um grupo oficial do Congresso norte-americano responsável por avaliar a credibilidade 13 Um tratamento ABA não somente incentiva como considera fundamental para o sucesso do tratamento a co-participação da família do autista. Veja-se esta ênfase, por exemplo, no site do The New England Center for Children (www.necc.org). O que se adverte aqui é dos riscos da tentativa de se proceder a um “tratamento ABA” sem a orientação e supervisão profissional planejada, sistemática e contínua. dos relatos de sucesso divulgados por instituições ou organizações que oferecem bens e serviços à população daquele país. Após um exaustivo estudo de três anos sobre a eficácia de diferentes intervenções para o tratamento do autismo, o National Resarch Council concluiu que os procedimentos baseados na Análise do Comportamento são os únicos que, até o momento, apresentaram claras evidências de sua efetividade (Lord, C. e McGee, J. P., 2001). Outro organismo governamental norte-americano, o Departamento de Educação, na lei denominada Individuals with Disabilities Educational Act –IDEA, reconheceu a Análise do Comportamento e, em particular, a sua tecnologia de Avaliação e Análise Funcional, como uma metodologia importante para o manejo dos transtornos do comportamento (United States Department of Education, 1997). O Departamento de Saúde do Estado de New York (New York State Department of Health, 2003) é ainda mais taxativo no relatório onde apresenta as suas recomendações e orientações para a prática clínica em saúde. No tópico sobre autismo, lê-se: It is recommend that principles of applied behavior analysis (ABA) and behavior intervention strategies be included as an important element of any intervention program for young children with autism – Evidence rating: A (strong). [Recomenda-se que os princípios da Analise do Comportamento Aplicada (ABA) e estratégias de intervenção comportamentais sejam incluídas como uma parte importante de qualquer programa para crianças autistas – Classificação da evidência: A (forte) – (tradução do presente autor)] A mesma avaliação e conclusões semelhantes então incluídos nos parâmetros de tratamento para o autismo, estabelecidos pela Academia Americana de Psiquiatria Infantil e da Adolescência. (American Academy of Child and Adolescent Psychiatry Official Action, 1999). A conclusão que o exame desta literatura traz é que, na avaliação médica e médicopsiquiátrica de referência mundial, o tratamento analítico-comportamental baseado nos princípios da Análise do Comportamento é o único que já apresentou evidências empíricas consistentes da sua eficácia e é o tratamento de escolha para o autismo. Terminaremos este trabalho apresentando um exemplo para ilustrar a aplicação terapêutica dos princípios derivados da Análise do Comportamento num caso real de tratamento conduzido por nosso grupo de trabalho14. Um exemplo da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no Transtorno Autista O objetivo deste trabalho, conforme apresentado no seu parágrafo inicial, não é o de apresentar ou discutir o autismo, mas sim o de apresentar uma articulação das relações históricas entre esta síndrome e a Análise do Comportamento Aplicada - ABA. O autismo ou transtorno autista é uma síndrome já bastante descrita na literatura e está suficientemente descrita na maior parte das obras indicadas nas Referências Bibliográficas deste trabalho. Sua descrição pode ser encontrada até mesmo com refinamentos distintivos (Por exemplo, em Waterhouse, L & cols., 2005). Seja suficiente, portanto, reproduzir aqui a descrição concisa oferecida pela já citada Raspin (1997), em tradução do presente autor: Os principais sintomas do autismo são déficits na sociabilidade, na comunicação verbal e não-verbal recíproca e na extensão dos interesses e atividades da criança. Contrariamente à crença popular, crianças com autismo podem ser afetivas, mas somente nos seus próprios termos e sem a esperada alegria e reciprocidade. Pais destas crianças podem descrevê-las como independentes ao invés de como indiferentes e podem se mostrar orgulhosos da sua suposta autosuficiência. A timidez, receio ou ansiedade ou, ainda, a labilidade afetiva da criança autista pode ser substituída por indiferença ou depressão na adolescência. Agressividade não-provocada pode se transformar num problema grave e conduzir à necessidade de medicação forte ou institucionalização, se não receber cuidados precoces. (pp. 97). 14 O leitor interessado em examinar mais relatos de tratamentos com evidências empíricas conduzidos por nosso grupo pode encontrá-los em Starling, Carvalho, Santos & Campos (2007). Os interessados em obter uma visão resumida das principais características de uma intervenção ABA, em sua concepção mais ampla, poderão obtê-la no texto de Braga-Kenyon, Kenyon, & Miguel15 (2002), que tem o mérito de explicar, em termos relativamente simples e plenamente acessíveis ao leigo culto, os elementos básicos deste tratamento. Já uma particularização das características principais do que poderia ser ou não um tratamento ABA pode ser lido em Green (2007), em inglês ou em português16, ambos disponíveis na Internet. A intervenção relatada a seguir17 insere-se num programa terapêutico que visa suprir os principais déficits observados nesta síndrome e teve por finalidade ensinar a um jovem autista os conceitos de “igual” e “diferente”, numa fase relativamente avançada da aquisição destes conceitos18. Trata-se, portanto, de uma intervenção construtiva, que busca uma ampliação do repertório pró-social da pessoa especial, ao invés dirigir-se somente para a redução ou eliminação de um comportamento negativo. O planejamento para a aquisição ou refinamento do repertório deficitário visa, em primeiro lugar, a utilidade daquela habilidade para a vida prática do autista. Uma vez aprendido este conceito o treinando poderá, por exemplo, organizar os seus pertences nos locais apropriados a cada um deles, como gavetas, caixa de brinquedos, materiais de higiene e outros. Poderá também incluir novos itens nas categorias conceituais já formadas como, por exemplo, incluindo novas frutas na categoria “coisas para comer”, remédios e artigos de limpeza na categoria “coisas perigosas”, etc. O relato registra uma etapa do processo utilizado para a aquisição final do comportamento conceitual alvo desta intervenção. Pede-se ao leitor que releve o relativo rigor formal e terminológico com o qual o relato está redigido. Produzir o mesmo relato numa linguagem coloquial seria uma tarefa de difícil exeqüibilidade, porque os termos técnicos não se traduzem bem para a linguagem comum e vice-versa. Apresentam-se aqui os resultados de uma das etapas intermediárias num processo que visa a aquisição, pelo participante, de um item de repertório bastante complexo e, nesta etapa, o procedimento é de fato eminentemente técnico. Em função disto, poderá não ser fácil para o leitor culto, porém pouco familiarizado com esta linguagem e forma, divisar, no relato técnico, como esta intervenção poderia conduzir aos resultados finais declarados no parágrafo acima. De qualquer forma, o objetivo da inclusão deste exemplo é principalmente o de permitir ao leitor tomar contato com alguns aspectos técnicos e conceituais apresentados ao longo deste texto, materializados num exemplo real de intervenção ABA no autismo. Deseja-se também enfatizar o cuidado metodológico continuado na produção de evidências públicas da intervenção. Este aspecto metodológico, inerente aos procedimentos ABA, é que permitirá ao terapeuta manter-se informado, momento a momento, do andamento preciso do seu trabalho. Os gráficos são produzidos imediatamente após cada sessão de treinamento e, de posse de informação precisa, direta e imediata dos resultados do tratamento, desvios do curso terapêutico pretendido podem ser imediatamente detectados e as correções e/ou revisões indicadas podem ser implementadas em tempo hábil. O arranjo dos procedimentos utilizados nesta intervenção envolveu algumas técnicas comportamentais complexas denominadas, na área, de “Tentativas discretas” (DTT) e “Aprendizagem sem erros”, além de reforçamento positivo através da liberação contingente de reforçadores sociais, simbólicos e tangíveis. O participante foi um jovem de 13 anos de idade, portador de Transtorno Autista que, além de déficits importantes em várias áreas do 15 Texto disponível em www.aplicarciencia.com.br. O texto em inglês pode ser recuperado em www.behavior.org/autism/ e a versão em português em www.aplicarciencia.com.br. 17 O exemplo de tratamento apresentado foi conduzido por Silvana C. S. Santos, Coordenadora Clínica da HELIANTO-APLICAR, conforme planejamento terapêutico deste Centro. Silvana C. S. Santos também organizou os dados da intervenção para esta publicação. 18 Tecnicamente o procedimento básico é chamado de “Emparelhamento com o modelo, identidade” e “Emparelhamento com o modelo, singularidade”. “Igual”, “diferente” e “conceito” são termos aqui utilizados livremente para descrever, em linguagem coloquial, o resultado final destes processos comportamentais complexos. 16 desenvolvimento, apresentava também episódios de excessos comportamentais caracterizados por autolesões (morder as mãos, dar tapas e socos na cabeça e outros) e hetero-lesivos (puxar cabelos, morder, dar tapas e empurrar terceiros). As sessões foram conduzidas por Analistas do Comportamento em uma sala utilizada para trabalhos individuais com duas cadeiras, uma mesa e contendo os materiais utilizados no treinamento. O objetivo de longo prazo deste programa era o de que treinando continuasse um padrão irregular com pelo menos três estímulos diferentes e peças irrelevantes presentes, dado um modelo. Dentro dos objetivos de curto prazo, os prompts de ajuda eram esvanecidos até que o participante estivesse respondendo dentro de cada objetivo de forma independente. O critério de fluência (sucesso) adotado para que o participante passasse para o próximo objetivo de curto prazo foi de 100% de respostas corretas (com ou sem ajuda) em três sessões consecutivas. Os dados abaixo apresentados mostram que os procedimentos adotados foram eficazes para a aquisição de uma das habilidades faltantes no repertório de entrada de um jovem autista. Após 31 sessões de treinamento, o participante adquiriu o comportamento conceitual desejado. O Gráfico 1 mostra os resultados obtidos durante as fases iniciais do treinamento. FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS COM AJUDA E INDEPENDENTES EM TREINO DE DESEMPENHO VISUAL ITEM B 17: EXTENSÃO DA SEQÜÊNCIA DE UM PADRÃO OCP 1 FIXO 6 OCP 3 ALTERNADA OCP 5 FIXO OCP 7 ALTERNADA OCP 9 FIXO OCP 13 FIXO OCP 11 ALTERNADA OCP 15 ALTERNADA FR3 5 FREQÜÊNCIA 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 18 19 20 27 28 29 30 31 SESSÕES RESPOSTAS INDEPENDENTES RESPOSTAS COM AJUDA Gráfico1: Freqüência de respostas independentes e com prompts de ajuda obtidas a cada sessão. FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS (COM AJUDA E INDEPENDENTES) EM TREINO DE EXTENSÃO DE UMA SEQÜÊNCIA OCP 13 OCP 3 OCP 1 (G) ALTER. (G) FIXO OCP 4 (I) ALT. OCP 5 OCP 7 (G) FIXO (G) ALT. OCP 9 (G) FIXO OCP 10 (I) FIXO OCP 11 (G) ALT. OCP 12 (I) ALT. (G) FIXO OCP 15 (G) ALT. 6 FREQÜENCIA DE RESPOSTAS 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 SESSÕES RESPOSTAS INDEPENDENTES RESPOSTAS COM AJUDA Gráfico 2: Freqüência de respostas com ajuda do terapeuta em cada sessão. 31 O Gráfico 2 destaca as respostas obtidas dentro dos objetivos de curto prazo, nos quais estavam previstos prompts de ajuda. Nota-se que, mesmo em tais objetivos, o treinando já apresentava respostas independentes. O Gráfico 3 mostra os resultados obtidos nos objetivos no curto prazo onde somente as respostas independentes eram reforçadas. As quedas observadas são explicadas pela ocorrência de episódios de excessos comportamentais ocorridos durante as sessões. OCP 4 ALT. FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS INDEPENDENTES EM TREINO DO ITEM B 17: EXTENSÃO DA SEQÜÊNCIA DE UM PADRÃO OCP 12 ALTERNADA OCP 10 FIXO 6 FR4 5 FR6 VR3 FREQÜÊNCIA 4 3 2 1 0 6 12 13 14 15 16 17 21 22 23 24 25 26 SESSÕES RESPOSTAS INDEPENDENTES Gráfico 3: Freqüência de respostas independentes por sessão. Após a aquisição da habilidade em treino, o participante passa por revisões semanais a fim de avaliar se tal habilidade se mantém em seu repertório (follow-up). O Gráfico 4 mostra as revisões semanais realizadas, iniciadas uma semana após o objetivo ter sido alcançado. Os dados apresentados neste gráfico indicam que o objetivo de longo prazo desta etapa foi alcançado: houve a aquisição da habilidade de estender a seqüência de um padrão e esta se manteve no repertório do treinando. REVISÃO SEMANAL DE TREINO DE DESEMPENHO VISUAL ITEM B 17: EXTENSÃO DA SEQÜÊNCIA DE UM PADRÃO FREQÜÊNCIA DE RESPOSTAS INDEPENDENTES 3 2 1 0 17.08 21.08 28.08 04.09 11.09 17.09 DIAS RESPOSTAS INDEPENDENTES Gráfico 4: Freqüência de respostas obtidas durante sessões de revisão semanal (follow-up) (follow-up) da habilidade adquirida. Referências Bibliográficas American Academy of Child and Adolescent Psychiatry Official Action (1999). Summary of the practice parameters for the assessment and treatment of children, adolescents, and adults with autism and other pervasive developmental disorders. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 38, 1611-1616. Baum, W. (1999). Compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Artes Médicas. Belmonte, M. & Carper, R. (1998). Neuroanatomical and Neurophysiological Clues to the Nature of Autism, Neuroimaging in Child Neuropsychiatric Disorders, April, 157-171. Braga-Kenyon, P.; Kenyon, S. & Miguel, C. (2002). 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