Estimulando os escritores de amanhã Alexandre Lobão [email protected] www.AlexandreLobao.com www.alexandrelobao.com 1 Quem sou eu? www.AlexandreLobao.com www.alexandrelobao.com 2 Quem somos nós? α Como professor e escritor, posso dizer que os professores: Δ Têm muita intimidade com livros Δ Têm uma rotina sobrecarregada de atividades Δ Precisam se esforçar para conseguir algum tempo para: Ω Leitura = formação pessoal = melhoria como pessoa e como profissional Δ Se preocupam com a formação de leitores… α Ou seja, professores e escritores têm MUITO em comum! www.AlexandreLobao.com www.alexandrelobao.com 3 α Por que lemos? α Como lemos? Agenda Δ Leitura em 4 dimensões Δ Leitura em 3 níveis α A relação entre ler e escrever α O que escrever? α Como escrever histórias? α Proposta de trabalho: Criação coletiva de histórias α O professor como pesquisador α Proposta de trabalho: Analisando uma história α Conclusão Por que lemos? α Nos manter informados α Para consulta α Realizar trabalhos acadêmicos α Por prazer α etc Por que lemos? α A leitura é requisito básico para sucesso social Δ Muitos anúncios de emprego pedem “escrita própria” Δ Há profissões onde saber escrever BEM é essencial (advogados, professores, jornalistas, etc) Como lemos? α Ensinar uma gramática! língua é diferente de ensinar Δ Saber regras é diferente de saber se expressar! α Alunos devem ser leiturizados, e não alfabetizados (Foucambert) α Ler é mais importante que estudar (Ziraldo) α A leitura transcende o texto Δ É muito mais do que decodificar ou treinar o aluno na estrutura da língua! Δ Envolve ajudar a compreender a relação língua/pensamento Por que lemos? α A leitura transcende o texto Δ É muito mais do que decodificar ou treinar o aluno na estrutura da língua! Δ Envolve ajudar a compreender a relação língua/pensamento α Alunos devem ser leiturizados, e não alfabetizados (Foucambert) α Ler é mais importante α Ensinar uma gramática! que estudar (Ziraldo) língua é diferente de ensinar Δ Saber regras é diferente de saber se expressar! Leitura em 4 dimensões α Contexto: situa a texto no ambiente onde ele ocorre α Texto: Coesão (termos de ligação), vocabulário e coerência (desenvolvimento) α Infratexto: informações implícitas α Intertexto: conexão com outros textos Leitura em 3 níveis α Leitura objetiva: decodificação Δ Mais simples, elementos explícitos α Leitura inferencial: dedução Δ Elementos implícitos α Leitura avaliativa: impressão Δ Opinião do leitor sobre o texto A relação entre ler e escrever α Ao se estimular a criação de histórias, amplia-se também a capacidade de leitura Δ Exercício das dimensões inferencial e avaliativa α Toda criança já tem competência comunicativa ao entrar na escola Δ O que falta é estabelecer a ligação entre pensamento e escrita / leitura Como escrever? α Escrever é fácil! Ω“Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não.” José Saramago Ω“Escrever é fácil: Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias.” Pablo Neruda www.alexandrelobao.com 12 O que escrever? α Há diversos tipos de textos Δ Cartas Δ Redação oficial Δ Artigo jornalístico Δ Correio eletrônico Δ Manual de instruções Δ Receitas… α Vamos aqui falar sobre estimular as crianças a produzir histórias Como produzir histórias? α É possível fazer redações orais! Δ São “mundos diferentes”, mas com diversas características em comum α Vamos falar sobre criação de histórias Δ Exercícios podem ser realizados oralmente, por escrito ou ambos Δ A idéia é estimular o estudante a organizar suas idéias para entender as dimensões e níveis da escrita Δ Este entendimento reflete-se em melhoria na leitura Proposta de trabalho: Criação coletiva de histórias α Idéia geral: α Antes da atividade Δ Explicar aos alunos elementos gerais sobre criação de histórias e personagens Δ Dividir a turma em grupos Δ Cada grupo cria sua história (oralmente ou por escrito) e a apresenta à turma Δ A turma deve conhecer o livro “O Menino Maluquinho” Fase de Motivação α “Quem acha que desenhar é mais divertido que escrever?” Δ Normalmente, os alunos preferem desenhar α “Pois hoje vamos descobrir que escrever é mais divertido!” α “Para provar isso, desenho” vou fazer um Fase de Motivação α “Quem acha que desenhar é mais divertido que escrever?” Δ Normalmente, os alunos preferem desenhar α “Pois hoje vamos descobrir que escrever é mais divertido!” α “Para provar isso, desenho” vou fazer um Fase de Motivação (desenhar um menino) α O que é este desenho? α “é um menino”, “um garoto careca”, etc Fase de Motivação (Completar o desenho com uma panela) α E agora? α “É o Menino Maluquinho” α Se a turma não conhece o livro e não responder, apresentar o livro à turma Fase de Motivação α Quando falamos que ele é o “Menino Maluquinho”, não estamos falando do desenho – estamos falando de uma história! α O desenho é apenas um menino com uma panela na cabeça Δ O que faz ele ser divertido é que conhecemos sua história! α “Já pensaram se a gente pudesse criar nossas próprias histórias?” Δ Por isso é que escrever é mais divertido que desenhar, porque ao escrever inventamos histórias! Fase de Preparação α Para criarmos histórias, precisamos entender dois elementos principais: Δ A organização das histórias Δ A criação dos personagens α Se os estudantes entenderem bem estes dois elementos, a história é criada “naturalmente” Fase de Preparação α A organização das histórias Δ Uma história, para ser uma história, precisa ter: ΩComeço ΩMeio ΩFim Fase de Preparação α Explicando mais Δ Começo é onde temos a APRESENTAÇÃO dos personagens e de como eles vivem. Δ Meio é onde sabemos o que aconteceu na vida destes personagens e o que eles fizeram para resolver seus problemas. É o DESENVOLVIMENTO da história. Δ Fim é onde descobrimos o que eles aprenderam com tudo isso, e como viveram depois. É a CONCLUSÃO da aventura! Fase de Preparação α “Status Quo” é um termo em latim, que significa algo como o “Estado das coisas”. Como é a vida do personagem, o que ele faz, quem ele conhece, onde mora... enfim, a vida normal, no dia-a-dia, sem problemas. α Toda história precisa ter uma mudança do status quo para ser interessante. Fase de Preparação Vamos ver com mais detalhes as partes que toda história precisa ter, falando agora sobre o status quo e o conflito, com um exemplo bem conhecido! α Começo (ou apresentação): Era uma vez 3 porquinhos, que saíram da casa da mãe e construíram suas casas para viver em paz (este é o status quo deles!) α Mudança: Certo dia, aparece um lobo que quer comê-los! α Meio (ou desenvolvimento): O lobo derruba as casas de palha e de madeira, dos porquinhos preguiçosos, que fogem para a casa de tijolos de seu irmão trabalhador. α Resolução da mudança: Quando o lobo tenta entrar na casa de tijolos pela chaminé, os porquinhos acendem o fogo com uma panela de água, que fica bem quente... e o lobo cai na água, foge e nunca mais volta! α Fim (ou conclusão): Os porquinhos preguiçosos aprendem a lição, e todos se tornam trabalhadores e felizes para sempre! Fase de Preparação α A criação dos personagens Δ Além de entender a história, definir bem os personagens ajuda a tornar a história interessante ΩVeja os exemplos: Porquinhos, Menino Maluquinho, etc – bons personagens sempre vivem boas histórias Fase de Preparação α O personagem deve ter: Características físicas, Gostos, objetivos (“o que quer da vida”), família, amigos, etc – seu status quo Fase de Execução α Dividir a turma em grupos de 5 alunos α Cada grupo vai executar as atividades em 3 passos Δ Apresente um passo de cada vez! α Passo 1: Δ Definir (oralmente) um personagem e suas características Ω Pode criança, adulto, animal, etc Ω Dê um limite de tempo ou a conversa não termina! Fase de Execução α Passo 2: Δ Sorteie em cada grupo papéis numerados, com cada “trecho” da história: 1. 2. 3. 4. 5. Começo (ou apresentação) Mudança Meio (ou desenvolvimento) Resolução da mudança Fim (ou conclusão) Fase de Execução α Passo 2: Δ O aluno que tirou o “1.Começo” inventa, em voz alta, o início da história, apresentando o personagem que o grupo definiu Δ O aluno que tirou o “2.Mudança” fará o mesmo, indicando o que mudou na rotina (“status quo”) do personagem Fase de Execução α Passo 2: Δ O aluno que tirou o “3.Meio” conta como o personagem reagiu à mudança Δ O aluno que tirou o “4.Resolução” contará como o personagem resolveu o problema Δ O aluno que tirou o “5. Conclusão” contará o que o personagem aprendeu da história Fase de Execução α Passo 3: Δ Dependendo da série e da quantidade de alunos, é possível realizar diferentes tarefas: Ω Cada grupo apresenta sua história à turma, na forma de jogral. – Na segunda vez, a história muda um pouco, mas não tem problema; isso faz parte da dinâmica de criação de uma história! Ω Cada grupo escreve sua história – Cada um escreve sua parte, começando pelo primeiro e passando adiante OU – Todos escrevem a mesma história que criaram – neste caso, outra dinâmica interessante é deixar que leiam os textos uns dos outros Fase de Avaliação α Caso seja necessária uma avaliação é possível Δ Avaliar o trabalho do grupo (nota coletiva pelo trabalho) Δ Avaliar a parte escrita, focando apenas nos erros gramaticais que envolvam assuntos sendo estudados no momento Ω Apontar erros demais desestimula e atrapalha a absorção das informações! Δ Pedir que os alunos sigam as idéias da atividade e produzam histórias individuais, para serem avaliadas Fase de Avaliação α Esta atividade não é necessariamente avaliada Δ O ideal é que os alunos se sintam em um ambiente onde: ΩEle possam errar à vontade, sem serem culpados de nada, para se sentirem à vontade para arriscar ΩOs pontos fortes (imaginação, estruturação da história, etc) sejam elogiados, para estimulá-los a gostar de escrever O professor como pesquisador α Fazer perguntas sobre as histórias criadas pelos alunos, envolvendo os três níveis de leitura Δ Leitura objetiva: pergunte sobre elementos objetivos da história criada pelos alunos: “O que o personagem foi fazer em…?” Δ Leitura inferencial: pergunte sobre elementos implícitos na história: “Por que o personagem fez …?” Δ Leitura avaliativa: pergunte qual a opinião sobre algo da história: “O vocês acharam do personagem ter feito…? O que vocês fariam no lugar dele?” α As perguntas podem ser feita para a turma ou para o grupo que contou a história Δ Não deve parecer “sabatina”, mas sim uma curiosidade sobre a criação do grupo! Δ O grupo deve se sentir importante por ter criado uma história que é interessante! O professor como pesquisador α Explicar as diferenças dos níveis de leitura à turma, com linguagem apropriada α Propor à turma fazerem estudo dos níveis também em histórias que eles irão ler α Avaliar o nível de leitura / escrita de cada aluno através da atividade para poder dar assistência de acordo com a necessidade de cada um Proposta de trabalho: Analisando uma história ΔFase de Motivação ΔFase de Preparação ΔFase de Execução ΔFase de Avaliação Fase de Motivação α Propor texto (mostrar livro), fazer perguntas inferenciais Δ Avaliar antecipações e hipóteses dos alunos α Exemplo: Δ “Qual será a verdadeira história do Papai Noel?” Δ Quando esta história se passa? Δ Quem deve ser o personagem principal? (uma criança, um adulto… características) α Fase de Preparação Pedir aos alunos que leiam, em voz baixa, o livro Δ α Pedir que prestem atenção nos elementos estudados: Partes da história, características dos personagens, etc Exemplo: 1. 2. 3. 4. 5. Começo: Menina em casa, na época do Natal Mudança: Ela quer descobrir se Papai Noel existe Meio: Pai conta a história do Papai Noel Resolução: Satisfeita, ela vai dormir Fim: Ela descobre a história no Natal, do Papai Noel, e o verdadeiro “espírito natalino” Fase de Execução α Após a leitura, pedir que alunos avaliem o texto α Exemplo: Δ Oralmente ou por escrito, abrangendo os três níveis de leitura Δ Leitura objetiva: Segundo o pai de Aninha, como era o nome do Papai Noel? Onde ele vivia? Δ Leitura inferencial: O que você acha que os pais das crianças descobriram ao entrar na casa do Papai Noel? Quem deu os presentes para as crianças naquele Natal? Que idade deve ter Aninha? Δ Leitura avaliativa: Como deve ser viver na terra onde vivia o Papai Noel, onde neva no inverno? Explique com suas palavras o que você acha que é o “espírito de Natal”? Fase de Avaliação α Avaliar o nível de leitura / escrita de cada aluno através das respostas Δ Dar destaque aos pontos sendo estudados na sala de aula Conclusão α Para meditar e responder α O professor não precisa ser escritor Δ Mas precisa ser leitor! Δ Qual o último livro que você leu? α É papel do professor de formar leitores (e não “alfabetizados”)? Ou formar escritores? Ou ser um escritor? Δ Qual o limite entre estas coisas? [email protected] ‘