REALISMO / NATURALISMO Profª. Karen Olivan Origens Europa do séc XIX: • causa transformações econômicas, científicas e ideológicas • conseqüência estética anti-romântica • Nova revolução industrial - avanço tecnológico e progresso científico - estrutura econômica - população se concentra em aglomerados urbanos - a burguesia vive o luxo, goza o poder sobre o mundo MOMENTO HISTÓRICO No mundo: • Revolução industrial – o avanço definitivo da tecnologia e os progressos científicos. • A Igreja católica perdendo o poder. • Surgimento desordenado das grandes metrópoles. • Lutas proletárias. MOMENTO HISTÓRICO No mundo: • A influência das seguintes correntes de pensamento: - Determinismo (Taine) - Socialismo científico (Marx e Engels) - Positivismo (Comte) - Evolucionismo (Darwin) - Psicanálise (Freud) MOMENTO HISTÓRICO No Brasil: • Decadência e isolamento da Monarquia. • Abolição da Escravatura (1888). • Proclamação da República (1889). • A república da Espada (1889-1894). • Início da República Oligárquica do Café. Origens Europa do séc XIX: • Correntes de pensamento - Positivismo (Comte): a sociedade passa a ser entendida em sua existência concreta - Evolucionismo (Darwin): comparação das espécies, origem - Determinismo (Taine): organiza padrões objetivos para a crítica literária - Psicanálise (Freud): Psicologia associada à Fisiologia, Medicina se torna experimental “O capital atropela não apenas os limites máximos morais, mas também os puramente físicos na jornada de trabalho. Usurpa o tempo para o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção sadia do corpo. Rouba o tempo necessário para o consumo de ar puro e luz solar.” (Marx – O capital, 1867) OBSERVAÇÃO: Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo são manifestações literárias que ocorreram praticamente na mesma época. Portanto, a contextualização histórica aqui citada valerá para toda essas escolas. ASPECTOS CENTRAIS • Reação contra os exageros do Romantismo. • Objetividade e impessoalidade. • Racionalidade (preocupação com a verdade, a clareza, a correção gramatical e aos detalhes para dar verossimilhança, coerência ao texto. • Observação, análise e pesquisa da realidade. ASPECTOS CENTRAIS • Contemporaneidade: o autor realista tem o sentido do presente. Seus contemporâneos e sua época são o objeto de análise e interpretação. • Críticas ao comportamento e aos valores burgueses. Características do Realismo 1) Objetividade e impessoalidade - escritor deve manter-se neutro ante a narrativa - sua visão não pode se confundir com a das personagens - logo... domínio de narrativas em 3ª pessoa “Abandonou-nos – murmurou (o pai) – abandonou-nos. Não se sentia bem em nossa companhia. Agora estou só, completamente só! – repetiu várias vezes. Nesse momento Arina Vassilevna aproximou-se e, encostando sua cabeça alva à do marido, disse: - Que podemos fazer, Vássia? O filho é como um pedaço que se corta. É como o falcão: quis, veio; quis, foi embora.” (Romance Pais e Filhos, de Turgueniev) Características 2) Racionalismo - investigação de indivíduos como agentes da sociedade - análise psicológica e tipificação social “Tenho alguma culpa se desejo isso, se quero a glória, se quero que todos os homens me conheçam, que me estimem, se vivo apenas para isto? Sim, apenas para isso! [...] A morte, os ferimentos, a perda da família, nada me assusta. Por mais caros que me sejam meu pai, minha irmã, minha mulher e todos a quem mais estimo, e por mais terrível e antinatural que isso possa parecer, daria tudo isso por um momento de glória, de triunfo, pela estima dos homens que não conheço, que não conhecerei nunca – pensou André, ouvindo vozes no pátio.” (Guerra e Paz, de Tolstoi) Características 3) Verossimilhança - escritor deve ser fiel ao real - literatura deve ser um reflexo dos mecanismos da vida “Mesmo neste século entediado, ainda é tamanha a necessidade de divertimento que mesmo nos dias de jantares, logo que o marquês deixava o salão, todos fugiam. Contanto que não pilheriassem com Deus, nem com os pobres, nem com o Rei, nem com as pessoas de posição, nem com os artistas protegidos pela corte, nem com tudo o que está consagrado; contanto que não lhe falassem bem de Béranger, nem dos jornais de oposição, nem de Volteire, nem de Rousseau, nem de todos os que permitiam certa linguagem franca; contanto, sobretudo, que nunca falassem em política, podiam comentar tudo livremente.” (O vermelho e o negro, de Sthendal) Características 4) Contemporaneidade - Românticos no passado, Realistas no presente - universo urbano com possibilidades, horrores, realidades. “Aquilo que os homens chamam de amor é muito pequeno, muito limitado e muito frágil, comparado a essa inefável orgia, a esta sagrada prostituição da alma que se dá inteira, poesia e caridade, ao imprevisto que surge, ao desconhecido que passa.” (Baudelaire) Características 5) Pessimismo - a maioria dos artistas assume posições amarguradas - todos são críticos radicais da classe burguesa “Depois Carlos, outra vez sério, deu a sua teoria da vida, a teoria definitiva que ele deduzira da experiência e que agora o governava. Era o fatalismo muçulmano. Nada desejar e nada recear... Não se abandonar a uma esperança – nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranqüilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes, e de dias suaves. E, nesta placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada, que se chama o EU, ir deteriorando-se e decompondo até reentrar e se perder no infinito Universo. Sobretudo, não ter apetites. E, mais que tudo, não ter contrariedades.” (Os Maias, de Eça de Queirós) Características 6) Perfeição formal - estabelece-se uma nova linguagem, fruto do trabalho e não da inspiração - o realista luta com as palavras, é torturado pela forma, obcecado pela adequação entre pensamento, idéia, assunto e linguagem “O padre ergueu-se para pegar no crucifixo, então ela (Ema) estendeu o pescoço, como quem tem sede, e, colando os lábios ao corpo de Cristo, depôs bele, com toda a sua força expirante, o maior beijo de amor que jamais dera.” (Madame Bovary, de Gustave Flaubert) REALISMO Ênfase na realidade Predomínio da razão objetividade Distanciamento racional entre o autor e os temas Atitude de engajamento (literatura como forma de transformar a realidade) Retrato fiel das personagens e da realidade Mulher não idealizada, com virtudes e imperfeições Personagens normalmente redondos (grande densidade psicológica) Linguagem predominantemente objetiva Narrativa mais lenta, que privilegia a reflexão Universalismo Valorização do presente Amor subordinado às conveniências sociais Machado de Assis • Poeta,romancista, novelista, contista, cronista, dramaturgo, ensaísta e crítico. • Nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro, respectivamente, em 21/06/1839 e 29/09/1908. • Filho de um pintor de casas mestiço de negro e português, após a morte da mãe foi criado pela madrasta, também mestiça. • Adoentado, epiléptico, gago e de figura trivial. • Trabalhou de aprendiz de tipógrafo aos 17 anos de idade, começando a escrever durante seu tempo livre. Em breve, começou a publicar obras românticas. Colaborou regularmente na imprensa carioca. • Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra realista. • O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. • O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão, fazem com que se afaste de seus contemporâneos. Machado de Assis • As várias personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. • Em 1869, Machado era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e num feliz casamento com uma culta senhora, Carolina Augusta Xavier de Novais. • Naquele ano, a doença fê-lo afastar-se temporariamente de suas atividades e, na sua volta, publica um livro extremamente original, pouco convencional para o estilo da época — "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) —, que, juntamente com "O Mulato" (de Aluísio de Azevedo), constitui o marco do realismo na literatura brasileira. • Das "Memórias" provém aquele pensamento do personagem que julga-se feliz por não ter deixado descendentes que perpetuassem o legado da miséria humana. Machado de Assis • Publicou ainda mais dois romances de sua famosa tríade, "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899). Estes livros, ao lado de suas histórias curtas ("Histórias da Meia Noite", "Papéis Avulsos", "Histórias Românticas", "Histórias sem Data", "Várias Histórias", "Páginas Recolhidas", "Relíquias de Casa Velha", "Contos Fluminenses", "Crônicas") fizeram sua fama como escritor. • Urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. • Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. • O mundo natural virtualmente inexiste em seu trabalho. • Escreve com profundo pessimismo e desilusão que seriam insuportáveis se não estivessem disfarçados sob o manto da ironia e do humor inteligente. • Foi o principal responsável pela fundação da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente; permaneceu nesta qualidade até sua morte. Machado de Assis • O Machado poeta é menos conhecido e apreciado, apesar de sua primeira manifestação literária ter sido feita justamente com uma poesia ("Ela", publicado na "Marmota Fluminense"), aos 16 anos de idade. • Publicou quatro livros de poesia. "Crisálidas" (1864) e "Falenas" (1870) mostram nítida influência de Castro Alves, com alguma pregação dos ideais de liberdade. Em "Americanas" (1875) as influências alencarinas são patentes, e o próprio Machado vale-se do recurso da metalinguagem externa em uma importante advertência inicial de que o assunto do livro não era unicamente os aborígenes brasileiros. "Ocidentais" (1901) já mostra elementos do realismo: ironia, niilismo, recuperação do tempo perdido. • É a referência clássica da literatura brasileira, considerado o maior escritor do país e um mestre da língua. REALISMO / NATURALISMO Profª. Karen