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Brasília, sábado,
12 de setembro de 2015
JORNAL DE BRASÍLIA
19
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ENTREVISTA – GIOVANNA ANTONELLI
Uma adorável golpista
JOÃO MIGUEL JÚNIOR/DIVULGAÇÃO
Atriz fala sobre sua personagem,
uma estelionatária que apronta
todas na novela A Regra do Jogo
Um dos pares do protagonista Romero Rômulo (Alexandre Nero) em A
Regra do Jogo, novela global das 21h, Giovanna Antonelli é candidata da
vez à condição de vilã que o público ama odiar. Não que ela espere por isso,
mas as chamadas que anunciaram sua Atena, estelionatária de primeira
grandeza, já dizem a que vem essa figura.
Além da expectativa em torno dos créditos de Avenida Brasil pelo texto
de João Emanuel Carneiro, a direção de Amora Mautner inaugura agora
uma tal "caixa cênica", criação sua que promete multiplicar os efeitos realistas em cena. A diretora fechou todos os cenários, do teto às paredes, infiltrando câmeras robô e cameramen por trás de janelas e espelhos. É nesse
contexto de reality show que Atena - originalmente chamada Francineide
- trará Giovanna de volta ao horário nobre.
Você volta a fazer par com o Nero.
Até que ponto a já testada boa
química entre vocês conspira a
favor desse casal?
Eu falo que ganhei vários presentes nessa novela, um deles foi o
Nero como parceiro. A gente fez
uma dupla maravilhosa lá em Salve Jorge, da delegada Helô e do Stênio. Deixamos vários fãs órfãos. A
gente tem uma troca muito bacana,
somos apaixonados pela profissão,
e a gente se ouve, um joga a bola
para o outro. Às vezes, eu estou com
uma ideia e ele vem com uma mais
interessante e é imediatamente
aceita. Nosso trabalho de ator só
vale a pena quando é assim. Então,
é um prazer estar fazendo essa dobradinha.
Qual o interesse dela nele?
Num primeiro momento, quando eles se conhecem, lá pelo capítulo 10, ela acha interessante um
homem que provocou um ataque
numa mulher num restaurante. Ela
fica curiosa em relação àquele homem A partir dali, quando ela invade a vida dele, já fica com segundas intenções, de olho no prestígio
dele, na grana, que faz parte da essência dela.
Ela se inspira em alguém, nesses
dias de tanto desvio de dinheiro
visto em Brasília?
Eu acho que a Atena já se apresenta dessa forma. Isso já faz parte
da essência dela, ela não se transformou nisso. Eu fiz com base no
texto do João. É muito difícil errar,
ele é tão claro com as palavras, não
precisa inventar, tudo o que é fundamental para o ator está escrito ali.
É ler, observar, entender aquele
texto e só brincar em cima dele.
Todo mundo sabe que ela dá
truque?
Desde o primeiro capítulo, ela
realmente se mostra o que é. Ela vai
enganando pessoas por alguns capítulos, e logo ela se autodesmascara. Ela não tem muito problema
com isso, é uma mulher livre, uma
mulher amoral. Talvez, coisas de
alguma gravidade ela nem perceba
que sejam tão graves.
Você consegue não julgá-la? Todo
ator tem necessidade de defender
o personagem...
Eu não defendo personagem,
nunca deixo meus personagens em
cima do muro. Isso é uma premissa
básica para mim. Se tem que ser
mau, será mau, se tem que ser bom,
será bom. Eu respeito exatamente a
genialidade do autor. Se o cara escreveu dessa forma é porque ele está pensando em alguma coisa ali na
frente. Não sou uma atriz racional,
sou completamente intuitiva, eu
me jogo. Se a diretora mandar eu
botar um abacaxi na cabeça, farei
Ela tem uma escama vulgar. Isso
já é do texto também?
A verdadeira identidade da Atena é a Francineide. A Francineide
mora num quarto de pensão de
uma amiga, em Santa Teresa. Ela
tem uma vida pública diferente da
Se tem que ser
mau, será mau,
se tem que ser
bom, será bom.
Eu respeito
exatamente a
genialidade do
autor. Se o cara
escreveu dessa
forma é porque
ele está
pensando em
alguma coisa ali
na frente.
vida que ela leva. O personagem se
funde em Atena e volta e meia a
Atena também se funde com a
Francineide porque só existe uma
mulher se passando por outra em
alguns momentos. Nesse momento em que a novela se apresenta ela
está vivendo o personagem Atena,
só que ela já foi outras mulheres. O
público entende isso, no momento
em que entra um perseguidor dela,
acho que no capítulo 3, 4, que é o
João Baldasserini, e conta um pouco
da história pregressa dela. E eu nem
diria vulgaridade. Ela é muito mais
um ser livre. E como Francineide,
ela tem uma simplicidade maior,
que acaba quebrando aquele requinte de Atena e das roupas de
marca que ela veste, acaba trazendo
mais para o pé no chão mesmo. E é
legal ter essa dualidade. Para mim,
como atriz, é maravilhoso poder
brincar com essas tintas todas. Te
contei tudo, abri a regra do jogo.
Acha que ela será o tipo que o
público ama odiar?
A expectativa, sempre que a gente começa um trabalho, é a maior e
melhor, mas a novela é uma caixinha de surpresas, é uma obra aberta, a gente nunca sabe o que vai
acontecer. Eu dou a minha dedicação, minha paixão, minha entrega,
para que, assim como eu estou me
divertindo, o público se divirta
também.
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12/09/2015 1a. Caderno A_19_Tb