PLATAFORMA DE APOIO A ^ AGRICULTURA ORGANICA ~ NA CIDADE DE SAO PAULO Boletim Informativo PLATAFORMA DE APOIO A AGRICULTURA ORGÂNICA BOLETIM INFORMATIVO 3 A ZONA RURAL DE SÃO PAULO E SUAS CARACTERÍSTICAS, PECULIARIDADES E PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO 4 COMUNICAÇÃO, A PONTE POSSÍVEL ENTRE O URBANO E O RURAL 6 CRESCIMENTO DO APOIO À PLATAFORMA E À PRODUÇÃO CULTURAL ORGÂNICA 8 DIÁLOGO PERMANENTE SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS: A CONTRIBUIÇÃO DA PLATAFORMA 9 A CIDADE E O CAMPO DANDO AS MÃOS 11 INTEGRANTES DA PLATAFORMA PARTICIPAM DA REVISÃO DO PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO 13 POR ELEIÇÕES SEM VENENO A AZONA ZONARURAL RURALDEDESÃO SÃOPAULO PAULOE SUAS E SUASCARACTERÍSTICAS, CARACTERÍSTICAS,PECULIARIDADES PECULIARIDADES E PROPOSTAS E PROPOSTASDEDEDESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO porpor Ana Ana Flávia Flávia Badue, Badue, coordenadora coordenadora dodo Instituto Instituto Kairós Kairós Poucos Poucoshabitantes habitantessabem sabemque queo omunicípio municípiodedeSão SãoPaulo Paulotem temuma umaárea áreadede1.523 1.523km2, km2,dos dos quais quais 222 399km2 km2são sãoem emzona zonarural, rural,compreendendo compreendendo14,75% 26,2% do doterritório territóriomunicipal. municipal.Nela A maior estão parte incluídos, desta além área dos encontra-se Parques Estaduais ao sul, noe território Naturais Municipais, das Subprefeituras a maior parte de Parelheiros do território (que das contempla Subprefeituras mais de Parelheiros 350 km²), Capela e Capela dodo Socorro Socorro, e M’Boi no extremo Mirim,sul onde do município, são desenvolvidas onde são atividades desenvolvidas produtivas atividades que vão produtivas desde aque horticultura vão desde (cultivo a horticultura de hortaliças, (cultivo frutas, de hortaliças, plantas ornamentais, frutas, plantas plantas ornamentais, medicinais, plantas entremedicinais, outros) e extração entre outros) mineral e extração e vegetal, mineral ao ecoturismo e vegetaleao turismo ecoturismo rural. eNaturismo região,rural. há mais Na de região, 300 agricultores há mais de 300 atuando agricultores na região atuando com ona apoio região de uma com o Casa apoio de de Agricultura uma CasaEcológica de Agricultura em Parelheiros, Ecológicainaugurada em Parelheiros, em 2008. inaugurada Na Zonaem Leste, 2008. também Na Zona existem Leste, também áreas rurais existem incrustadas áreas rurais noincrustadas cenário urbano, no cenário comurbano, valiosos com esforços valiosospara esforços o desenvolvimento para o desenvolvimento da agricultura da agricultura orgânica orgânica em pequenas em pequenas propriedades, propriedades, e cerca e cerca dede 8080 agricultores agricultorescadastrados cadastradosnanaCasa CasadedeAgricultura AgriculturaEcológica EcológicadadaZona ZonaLeste, Leste,inaugurada inauguradaem em 2011. 2011. Ali, Ali, a produção a produção ocorre ocorre principalmente principalmente nos nos bairros bairros dede São São Mateus, Mateus, Itaquera, Itaquera, Guaianazes Guaianazes e Cidade e Cidade Tiradentes, Tiradentes, focada focada basicamente basicamente nana produção produção dede hortaliças hortaliças e na e na fruticultura. fruticultura. AA Casa Casa dedeAgricultura AgriculturadadaZona ZonaLeste, Leste,também tambématende atendeagricultores agricultoresdadaZona ZonaNorte, Norte,cuja cujaprodução produção agrícola agrícola tem tem importante importante papel papel nana proteção proteção dede maciços maciços como como a Serra a Serra dada Cantareira. Cantareira. Agricultor de Parelheiros mostra sua produção na zona Sul de São Paulo. 33 Também há uma extensão significativa de terras na Zona Sul com potencial produtivo e com baixo custo de manutenção. A região possui história tradição na produção agrícola convencional, sobretudo entre os imigrantes japoneses e germânicos, e uma história recente de produção orgânica e agroecológica. A área abriga as cabeceiras dos principais formadores das represas Guarapiranga e Billings, sendo responsável pelo abastecimento hídrico de 30% da cidade de São Paulo. A conversão para a produção orgânica tem papel fundamental para a conservação dos serviços ambientais, sobretudo a produção de água limpa, além de promover justiça social e geração de renda para agricultores. Contudo, a agricultura, que antigamente foi o motor da economia dessas regiões, teve sua área progressivamente diminuída, e as áreas agrícolas abandonadas são alvo fácil de invasões e loteamentos irregulares. Como estímulo à conversão agroecológica para a produção orgânica além das motivações já citadas, na outra ponta da cadeia de produção e comercialização, o município de São Paulo tem como ponto forte a curta distância com o mercado consumidor (sobretudo por meio do estimulo às feiras orgânicas, além de possuir enorme potencial para contribuir com a Segurança Alimentar e Nutricional da população, em especial da alimentação escolar do município). Tal proximidade entre produção e consumo final pode reduzir os custos de produção e as emissões dos gases do efeito estufa. Contudo, sabe-se que a criação e manutenção efetiva de uma política pública de apoio à agricultura orgânica depende de vontade política dos gestores executivos e legislativos. Nesse contexto, e tendo o objetivo de garantir as reivindicações dos agricultores que se dedicam a produzir orgânicos nas áreas rurais do município, diferentes instituições da sociedade civil somaram esforços para elaborar a Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica no município de São Paulo , em agosto de 2012, visando comprometer na época os candidatos à Prefeitura e à Câmara Municipal de São Paulo. Após a eleição e até os dias de hoje, a Plataforma vem assumindo um importante papel na articulação política para viabilizar a agricultura orgânica em São Paulo, exigindo a participação contínua de seus apoiadores e dos vereadores do município. COMUNICAÇÃO, A PONTE POSSÍVEL ENTRE O URBANO E O RURAL por Tânia Rabello, jornalista especializada em agricultura e titular do blog Alimentos Orgânicos – Sabor sem Veneno Existe, ainda, um abismo entre o meio rural e o urbano. Uma minoria tem consciência, nas grandes metrópoles, sobre como são os processos de cultivo, produção e processamento de alimentos. O agricultor, por seu lado, preocupado com as lidas diárias e com a venda da produção, também deixa de lado a divulgação do que e como produz. Não explica, por si só, seus processos produtivos, cujo conhecimento geral tão útil seria, principalmente no caso da agricultura orgânica, para reforçar a opção do consumidor por um produto ambiental e socialmente correto, além de mais saudável. Exemplo mais recente deste abismo é a descontinuidade do programa diário Globo Rural, em Outubro, sob o argumento de que este tema “não seduz o público das metrópoles”... 4 Devemos insistir, porém. Não há ponte entre o meio rural e o urbano que não passe pela comunicação. Por meio dela é dada à população a possibilidade de conhecer, comparar e fazer escolhas. Escolher, por exemplo, entre um modelo produtivo absolutamente degradador do meio ambiente, da diversidade biológica, que exclui os pequenos agricultores e não é pautado pela produção de alimentos, mas pela produção de commodities de exportação, e outro modelo mais sustentável, que privilegia a produção de alimentos de forma limpa, por meio da agricultura familiar. Feira Orgânica do Modelódromo do Ibirapuera Várias iniciativas, por isso, têm sido tomadas dentro do movimento orgânico para sedimentar esta ponte entre o rural e o urbano para, em última instância, modificar a matriz produtiva brasileira, atualmente baseada no uso intensivo de insumos industrias (leiam-se adubos químicos e agrotóxicos), mecanização intensiva e sementes geneticamente modificadas. Entre importantes atividades no campo da comunicação em 2014 estão uma campanha que incentiva o consumo de orgânicos, idealizado pela agência de publicidade Emigê, em parceria com a Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica na Cidade de São Paulo, além do filme “Produzido em São Paulo”, produzido pelo Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade e uma das entidades integrantes desta Plataforma. O curta-metragem, com 15 minutos de duração, mostra a São Paulo rural, onde estão os produtores orgânicos e como eles produzem respeitando a terra e os alimentos na metrópole paulistana. Além disso, em junho de 2014, durante a Biofach América Latina e a BioBrazil Fair – eventos 5 concomitantes e dedicados aos alimentos e produtos orgânicos e sustentáveis – outra importantíssima iniciativa, também da Plataforma, foi a coletiva de imprensa para esclarecer os jornalistas sobre a temática orgânica e sustentável. No ano anterior, 2013, também foi realizada, com sucesso, esta mesma coletiva. Em 2013 o tema central foi agricultura orgânica; em 2014, em razão da longa estiagem que afetou principalmente a Região Sudeste, a temática foi como a agricultura orgânica pode garantir não só a produção de alimentos saudáveis e ambientalmente corretos, mas também contribuir para a conservação da água. E assim, de grão em grão (não transgênicos), as iniciativas de comunicação começam a contribuir para o esclarecimento da população em relação à importância de optar por produtos orgânicos – que movimentam uma cadeia do bem, beneficiando agricultores familiares, protegendo áreas de mananciais, conservando o solo e evitando poluir o meio ambiente, a herança das novas gerações. CRESCIMENTO DO APOIO À PLATAFORMA E À PRODUÇÃO CULTURAL ORGÂNICA por Mônica Pilz Borba, gestora institucional do Instituto 5 Elementos Criada pelo Instituto 5 Elementos, Instituto Kairós e AAO – Associação de Agricultura Orgânica em setembro de 2012, a Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica na cidade de São Paulo, nasceu com o apoio de 13 instituições do 3º Setor ligadas ao fortalecimento da agricultura orgânica em nosso município, sendo elas: ABD-Associação Biodinâmica, APOSM-Associação de Produtores Orgânicos de São Mateus, AHPCE - Associação Holística de Participação Comunitária, Casa do Rosário, Centro Paulus, Cooperapas, Fundação Mokiti Okada, Instituto Pedro Matajs, Instituto Pólis e Instituto Refloresta. No início de 2013, foi retomado o contato com os candidatos que se comprometeram com a Plataforma, e que foram eleitos, sendo eles os vereadores Gilberto Natalini (PV), Nabil Bonduki (PT), Alfredinho (PT) e Goulart (PSD), além do prefeito Fernando Haddad (PT). Neste momento, o vereador eleito Ricardo Young (PPS) também abraçou a Plataforma. Foi com apoio das assessorias do Gilberto, Nabil e Ricardo, junto com a sociedade civil conseguiram realizar a 1ª Semana da Agroecologia da cidade de São Paulo que ocorreu de 21 a 24 de maio de 2013. Conheça tudo que aconteceu lendo o boletim informativo no link: http://tinyurl.com/oe7ywue Para ampliar a participação da sociedade civil e dos movimentos sociais, antes que ocorresse o evento, as lideranças da Plataforma, Mônica Borba, do Instituto 5 Elementos, Ana Flavia Badue, do Instituto Kairós, e Marcio Stanziani, da Associação de Agricultura Orgânica, articularam mais 12 novos parceiros sendo eles: o Instituto Alana, ANC – Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região, Campanha Contra Uso de Agrotóxicos, Conbrafito – Confederação Brasileira de Fitoterapia, Food Revolucion SP, Greenpeace, IDEC – Instituto em Defesa do Consumidor, MOA Internacional, Movimento Boa Praça, Vitae Civilis, Slow Food SP e a SOS Mata Atlântica. Então, desde maio de 2013, a Plataforma já soma 25 instituições parceiras. 6 É importante destacar que foi com apoio financeiro de todas estas instituições que foi feito o vídeo Produzido em São Paulo, que teve mais de 3.715 visualizações no Youtube até setembro de 2014, e foi selecionado no Programa Tela Verde do Ministério do Meio Ambiente em 2014, sendo exibido no FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental na cidade de Goiás Velho/GO, dando visibilidade as ações pelo Brasil e demais países interessados no tema. Aldo Demarchi (DEM) durante a Semana de Agroecologia, realizada na Câmara Municipal em 2013. Após a realização da 1ª Semana da Agroecologia da cidade de São Paulo, a Plataforma recebeu mais algumas adesões dos vereadores Andrea Matarazzo (PSDB), Aurélio Nomura (PSDB), Mario Covas Neto (PSDB), Toninho Vespoli (PSOL) e Vitor Kobayashi (PSDB), comprometendo assim 10 vereadores com a temática da agricultura orgânica na cidade. Além destas adesões, as ações da Plataforma são apoiadas pela Frente Parlamentar pela Sustentabilidade da Câmara Municipal de São Paulo e pela Frente Parlamentar do Estado de São Paulo em defesa da produção orgânica e pelo desenvolvimento da agroecologia. No início de 2014, quando foi feito o planejamento estratégico da Plataforma, tivemos uma nova adesão da ONG Ação e Cidadania, e atualmente são 26 instituições e movimentos sociais que somam esforços para promover a Cultura dos Orgânicos na cidade de São Paulo e que lutam para que esta cultura faça parte das políticas públicas municipais. 7 DIÁLOGO PERMANENTE SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS: A CONTRIBUIÇÃO DA PLATAFORMA por André Biazoti, coordenador de projetos do Instituto 5 Elementos O principal objetivo da Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica na cidade de São Paulo é articular e promover políticas públicas voltadas aos agricultores da região metropolitana, de forma a impulsionar a transição agroecológica das propriedades com cultivo convencional e fortalecer os produtores que já aderiram à nova forma de cultivo. Essa transformação no modelo de produção agrícola requer políticas públicas consistentes que valorizem o modelo orgânico de produção e que fortaleça todo o ciclo do alimento, considerando também seu transporte, comercialização e consumo final. Mobilização da sociedade civil pela permanência da Feira Orgânica do Modelódromo do Ibirapuera. Nessa perspectiva, foram realizadas, durante a 1ª Semana de Agroecologia da cidade de São Paulo realizada na Câmara Municipal em maio de 2013, duas oficinas com temas específicos para o desenvolvimento das políticas públicas para a agricultura na cidade. Em uma delas, discutiu-se a relação entre o rural e o urbano, que amadureceu em uma proposta de alteração do Plano Diretor Estratégico da cidade para retomar a Zona Rural do município. Na outra oficina, formou-se um grupo de trabalho que abordaria os desafios e entraves para a 8 comercialização de produtos orgânicos na merenda escolar. Alguns integrantes da segunda oficina citada compuseram um grupo de trabalho que, desde então, se debruçaram sobre a questão das compras públicas para a merenda escolar. Um Projeto de Lei (PL) do vereador Gilberto Natalini (PV), que obrigava a Prefeitura a comprar certa porcentagem de produtos orgânicos para a merenda escolar, foi vetado pelo prefeito Fernando Haddad. Após o veto, o PL 451/2013 foi reescrito pelo grupo de trabalho, envolvendo o esforço conjunto de apoiadores da Plataforma, do Departamento de Alimentação Escolar (DAE), vinculado à Secretaria Municipal de Educação (SME), e da Supervisão Geral de Abastecimento (ABAST), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo. A proposta é construir um projeto de lei que possibilite a priorização de produtos orgânicos nas compras públicas para a merenda escolar, complementando o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que prevê que no mínimo 30% dos produtos da merenda sejam oriundos de agricultores familiares. De acordo com a nova redação do PL, a Prefeitura poderá investir recursos a mais para a compra de produtos que sejam orgânicos, priorizando a aquisição de produtos locais e da agricultura familiar. O PL ainda está em construção e deverá ser apresentado à plenária da Câmara Municipal para sua segunda votação ainda esse ano. Além do PL da Merenda Orgânica, a Plataforma também contribuiu para a aprovação do PL 198/2014, que revogou a exigência de registro das cooperativas junto à Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), registro esse que impossibilitava a consolidação das chamadas públicas para a compra de agricultores orgânicos. Por meio da articulação da Plataforma, o PL tramitou de forma rápida pela Câmara e possibilitou a compra de 1.000 toneladas de arroz orgânico e de cerca de 40 toneladas de banana orgânica, referentes às chamadas que haviam sido publicadas pelo DAE/SME e que tinham possibilidade de ser revogadas devido ao referido registro. Outro PL que será debatido em audiências públicas e que conta com o apoio da Plataforma se refere à proibição da comercialização de agrotóxicos no município de São Paulo (PL 891/2013). Se aprovado, o PL será um marco simbólico para a segurança alimentar e nutricional, proibindo que venenos agrícolas sejam comercializados na metrópole. A CIDADE E O CAMPO DANDO AS MÃOS por Susana Prizendt, arquiteta-urbanista e ativista ambiental, é a coordenadora do comitê paulista da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida Foi com o desejo de inserir no cotidiano dos habitantes de uma imensa metrópole, a cidade de São Paulo, os elementos naturais pertencentes ao mundo rural, que um conjunto de pessoas idealizou uma ação inovadora. Nascia o MUDA_SP, sigla que abrevia Movimento Urbano de Agroecologia de São Paulo. Seu desenvolvimento, iniciado em 2009, a partir de encontros em um curso de permacultura, foi lento, sujeito aos ciclos dos acontecimentos, oscilando à entrada de novos integrantes... um processo orgânico que apenas tomou forma para ser lançado ao público há um ano atrás, em outubro de 2013. 9 A data foi cuidadosamente escolhida por ser a semana em que é comemorado o Dia Mundial da Alimentação, dia 16 de outubro. Naquela ocasião, foi realizado o primeiro grande evento promovido pelo movimento. Um encontro de vários dias em um local que é símbolo da urbanidade paulistana, o Centro Cultural São Paulo, próximo à avenida mais famosa da cidade, a Avenida Paulista. Prefeito Fernando Haddad e secretários visitam a Feira Orgânica do Modelódromo do Ibirapuera. Mas, quais são as propostas dessa iniciativa que, a partir desse momento, seguiu promovendo atividades para os habitantes da maior cidade do país? Resumidamente, o MUDA_SP busca uma nova maneira de viver no espaço urbano para que ele se reintegre harmonicamente com o campo. A criação de uma cidade mais verde, a reconexão com os ciclos da natureza, o estabelecimento de relações solidárias entre aqueles que produzem e aqueles que se nutrem dos alimentos extraídos da terra e a conquista de uma vida com mais qualidade para todos os seres humanos são objetivos que norteiam todas as ações realizadas pelo movimento. Para que o alcance desses objetivos seja possível, o MUDA_SP dedica-se com toda a intensidade a promover a integração de todos aqueles que compartilham o desejo de uma sociedade saudável e fraterna, plena de vitalidade. Agora, que está completando um ano de seu lançamento oficial, o MUDA_SP mais uma vez revela sua vocação para unir pessoas e organizações e acaba de celebrar a data, unindo-se com vários parceiros de caminhada, no Festival de Gastronomia Orgânica de São Paulo, evento realizado desde 2010 no Parque da Água Branca. O 2o. Encontro Anual do MUDA_SP 10 contou com rodas de conversa sobre combate aos agrotóxicos, consumo responsável, nutrição funcional, valorização da apicultura, proteção de sementes, compostagem e reaproveitamento de alimentos. Também foram realizadas oficinas de plantio de ervas medicinais e aromáticas e de criação de ecoprodutos de limpeza e de brinquedos, que completaram a programação. Além de uma exposição de fotos sobre hortas urbanas no mundo. O evento se encerrou com uma linda Feira de Trocas, em parceria com CineClube Socioambiental Crisantempo. Cada vez mais, o MUDA-SP está se ampliando e mobilizando as pessoas para promoverem uma transformação no dia a dia da cidade e já começa a espalhar sua sementes para outros municípios. A cidade e o campo podem dar as mãos e recriar uma forma mais harmônica de relacionamento entre os habitantes urbanos e os habitantes rurais e também entre os seres humanos e os demais seres da natureza. Se depender do MUDA-SP, esse novo modelo tem tudo para brotar com força, crescer com vigor e dar frutos saudáveis para serem compartilhados com alegria. INTEGRANTES DA PLATAFORMA PARTICIPAM DA REVISÃO DO PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO DE SÃO PAULO por André Biazoti, coordenador de projetos do Instituto 5 Elementos Ao longo de 61 audiências públicas, ocorridas desde o final de 2013, integrantes da Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica participaram intensamente do processo de revisão participativa do Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo, política pública que regerá o desenvolvimento da cidade pelos próximos 16 anos. Além da articulação para o PDE, a Plataforma também marcou presença nas audiências públicas do Programa de Metas do prefeito Fernando Haddad (PT) para a Prefeitura de São Paulo. A participação da população nas audiências públicas relativas às políticas públicas da cidade é determinante para o efetivo controle social da implantação dessas metas e diretrizes ao longo dos anos. Em relação ao Plano de Metas, a Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica reivindicou a inclusão dos pontos referentes ao desenvolvimento da agricultura orgânica e urbana no município, além de exigir a ampliação dos equipamentos voltados à segurança alimentar e nutricional. A participação se deu em 5 audiências públicas das 35 realizadas. Essa articulação possibilitou a inclusão de duas metas importantes, como a implantação de 4 Centros de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional e o desenvolvimento de ações para a agricultura urbana e periurbana. A participação intensa dos integrantes da Plataforma nas audiências públicas de revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo também foi crucial para a incorporação de itens essenciais para o desenvolvimento da agricultura orgânica no município. Nas audiências, diversas vezes foram destacadas a importância do retorno da Zona Rural do município de São Paulo, que possibilitará o acesso a linhas de crédito aos mais de 300 agricultores registra11 dos na zona sul da cidade. Além do acesso ao crédito, o retorno da área rural também é importante para proteger os mananciais que produzem água para boa parte da população de São Paulo e para garantir que o desenvolvimento da região esteja alinhado à sua vocação voltada ao turismo rural e à agricultura orgânica e não à ocupação ostensiva e desordenada das margens das represas Billings e Guarapiranga. Agricultor Ernesto Oyama participando de audiência pública para revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo. Também foi reivindicada pela Plataforma a incorporação de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) como um instrumento auto aplicável para viabilizar a conservação de florestas e de água, remunerando produtores que continuarem a conservar as áreas verdes e a proteger os corpos hídricos. Esses dois pontos, mais caros ao desenvolvimento e ampliação da agricultura orgânica em São Paulo, foram inseridos no texto do Plano Diretor Estratégico graças à intensa mobilização promovida pelos integrantes da Plataforma ao longo das audiências públicas, tanto as realizadas pelo Poder Executivo nas 32 subprefeituras da cidade, quanto aquelas realizadas pela Câmara Municipal. A Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica na cidade de São Paulo acredita que todas as ações de promoção e incentivo à agricultura orgânica devem ser pautadas pelas políticas públicas municipais, de forma a garantir sustentabilidade para as ações no tempo. A participação nas audiências do Plano Diretor e do Programa de Metas foi crucial para fortalecer os incentivos à agricultura orgânica na cidade. 12 A ZONA POR ELEIÇÕES RURAL DESEM SÃOVENENO PAULO E SUAS CARACTERÍSTICAS, PECULIARIDADES E PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO por Susana Prizendt, arquiteta-urbanista e ativista ambiental, é a coordenadora do comitê paulista Campanha Permanente Contra do os Agrotóxicos e Pela Vida pordaAna Flávia Badue, coordenadora Instituto Kairós Poucos habitantes sabem que o município de São Paulo tem uma área de 1.523 km2, dos A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, iniciativa que foi criada há mais quais 222 km2 são em zona rural, compreendendo 14,75% do território municipal. A maior de 3 anos para promover a reflexão e o combate ao envenenamento praticado nos campos, parte desta área encontra-se ao sul, no território das Subprefeituras de Parelheiros (que é um dos movimentos apoiadores da Plataforma de Apoio à Agricultura Orgânica. Formada contempla mais de 350 km²), Capela do Socorro e M’Boi Mirim, onde são desenvolvidas por mais de 100 instituições do setor ambiental, nutricional, de saúde, de camponeses e de atividades produtivas que vão desde a horticultura (cultivo de hortaliças, frutas, plantas direitos humanos, entre outros, a Campanha realiza ações constantes junto ao poder público ornamentais, plantas medicinais, entre outros) e extração mineral e vegetal, ao ecoturismo e e nas comunidades. turismo rural. Na região, há mais de 300 agricultores atuando na região com o apoio de uma Casa de Agricultura Ecológica em Parelheiros, inaugurada em 2008. Na Zona Leste, também existem áreas rurais incrustadas no cenário urbano, com valiosos esforços para o desenvolvimento da agricultura orgânica em pequenas propriedades, e cerca de 80 agricultores cadastrados na Casa de Agricultura Ecológica da Zona Leste, inaugurada em 2011. Ali, a produção ocorre principalmente nos bairros de São Mateus, Itaquera, Guaianazes e Cidade Tiradentes, focada basicamente na produção de hortaliças e na fruticultura. A Casa de Agricultura da Zona Leste, também atende agricultores da Zona Norte, cuja produção agrícola tem importante papel na proteção de maciços como a Serra da Cantareira. Participantes da Semana de Agroecologia, realizada na Câmara Municipal em 2013. O ano de 2014 foi estratégico por ser um ano de eleições a nível federal e estadual e trouxe ao povo brasileiro a possibilidade de escolher representantes dignos da imensa responsabilidade de tomar as decisões que ditam as diretrizes da produção, da distribuição e do consumo de alimentos no país. Para comprometer os candidatos aos cargos do legislativo e executivo com as medidas necessárias para a Agricultor conquista de umamostra sociedade maisnasaudável, justa e solidária, a Campanha de Parelheiros sua produção zona Sul de São Paulo. 13 Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida criou mais uma vez sua carta de compromissos, documento elaborado com a participação de muitos parceiros do ativismo nesse setor. Trata-se de uma ação prioritária, pois foi com a carta assinada pelos eleitos nas eleições municipais que a Campanha em São Paulo conseguiu cobrar os compromissos e promover algumas boas mudanças no panorama paulistano. Independentemente de partidarismos, a carta foi amplamente divulgada para que os candidatos realmente dispostos a agir pelas causas defendidas pela Campanha assinassem. Como resultado, a Campanha reuniu os signatários numa lista de nomes, divulgada para que os eleitores pudessem refletir e votar com consciência. Após o primeiro turno, foi constatada a eleição de alguns dos signatários e a missão poderá prosseguir com os integrantes da Campanha trabalhando com os eleitos a partir de suas posses em 2015. Todos podem conhecer a carta, a lista dos candidatos que a assinaram e ver quais deles se elegeram, ajudando-os a caminharem na promoção das ações que se comprometeram a realizar. Para mais informações, é só acessar o site www.muda.org.br ou escrever para [email protected] e seguir com vigor na construção de uma vida com alimentos livres de contaminação química por agrotóxicos. 14 COO R D E N AÇ ÃO : AP O I O O N GS E SO CIEDADE CIVIL: