Seminário Metropolitano sobre Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar Porto Alegre – 19 e 20 Outubro de 2009 Construção de Mercados para Dinamização das Economias Locais: potencialidades do PNAE na reconexão de produtores e consumidores Sergio Schneider Deptº Sociologia, PPGS e PGDR - UFRGS O Esgotamento do Modelo Agroalimentar Convencional Porque o modelo produtivista não atende aos requisitos do desenvolvimento sustentável? a) Porque está assentado em uma matriz produtiva – fósseis não renováveis – que poluente (emissão de CO²) e tende ao esgotamento; b) Porque estimula um padrão alimentar baseado na opulência, no desperdício (consumerismo de Z. Baumann), que NÃO É SAUDÁVEL – obesidade e sobrepeso tornaram-se epidemia entre os pobres; c) Porque restringe e limita o direito humano universal aos alimentos – a desigualdade na distribuição dos alimentos é a razão principal da persistência da fome no mundo ! d) Porque é ambientamente insustentável: Esqueceu-se que alimentos NÃO PODEM SER tratados como quaisquer mercadorias – sua produção depende de ciclos biológicos de plantas e animais; Food miles – gasta-se quase mais energia para transportar as proteínas do que elas são capazes de produzir – cadeias longas! e) Porque é socialmente excludente: Desconsidera que alimento é cultura e identidade social; Gera dependência de povos e países a poucas empresas; Tendência de obesidade e subnutrição em adolescentes e pré-adolescentes(6 a 18 anos) no Brasil Fonte: Wang Y, Monteiro CA, Popkin BM; 2002 14,8 16 12 % 8 13,9 8,6 subnutrição 4,1 4 0 1975 sobrepeso e obesidade 1997 A relação inversa entre “produzir mais” e “ganhar mais” – os custos de produção Preços agrícolas sobem Mas, custos de produção crescem mais rápido BRASIL – PREVALÊNCIA DA SITUAÇÃO DE INSEGURANÇA ALIMENTAR EM DOMICÍLIOS PRIVADOS- 2004 26 % 18,8% 17,4% Redefinir a Produção Agroalimentar e a Relação com os Consumidores Oferta e demanda de alimentos Mercado Qualidade Vida Transporte Emprego Educação Alimento Ambiente Estado/setor público Governos locais e regionais podem ter papel ativo como atores das políticas de abastecimento e segurança alimentar Saúde Economia regional Inclusão social Sociedade Civil Consumidor torna-se cidadão – busca direitos e sabe reclamar O potencial do programa de alimentação escolar para a sustentabilidade do desenvolvimento • Um sistema de alimentação escolar sustentável deve ter: – Poucos problemas de saúde relacionados a dietas; – Promoção de formas sustentáveis de consumo; – Criação de novos mercados para produtores locais; – Promoção de benefícios ambientais Strategic procurement: How to buy from small farmers? (< 3 hectares) Two scenarios: small scale farmers in the same region; farmers in a different region Big Farmers Small Farmers Traders Small traders / cooperatives $ Communities School Governments –NGOs - WFP THE NATIONAL SCHOOL FEEDING PROGRAMME PUBLIC FOOD PROCUREMENT Benefícios da produção de alimentos para as escolas: a) Reconectar o alimento ao local – procedência é importante para CONFIANÇA! b) Maior controle sobre os mercados e capacidade de reação dos agricultores– local dá mais AUTONOMIA; c) Poder público retoma seu engajamento na segurança alimentar e nutricional – saúde alimentar é bem público; d) Contribuição para o desenvolvimento sustentável, justo e solidário Qual pode ser o papel da agricultura familiar? – Produzir de forma mais barata e sustentável – Pela otimização dos fatores de produção – terra e trabalho; – Por sua capacidade inovativa individual e cooperativa – baixo custo de transação; – Produz alimentos sem remunerar a preço de mercado a força de trabalho, o capital e a terra; – Por ser a guardiã de saberes e modos de produzir e fazer alimentos que fazem parte da DIVERSIDADE CULTURAL da sociedade brasileira – patrimônio e identidade Desafios e Perspectivas a) Dilema da Sociedade fraca X Estado forte – Nova Lei parece perfeita !! mas sua execução é complexa, vide: o A questão da regulação da qualidade – higienização (HCPP); o Responsabilização do ofertante – pessoa jurídica !!! b) Como estabilizar a capacidade da oferta dos agricultores familiares? Até hoje, os produtos da AF foram comprados e não vendidos; c) A questão da Governança entre Sociedade e Estado – qual o melhor mecanismo gestor (falta de pessoal qualificado); d) Alguns mercados locais estão longe dos agricultores – custos de transação são muito altos; e) Como contemplar os ‘invisíveis’, aqueles que estão fora das cadeias e estão mais vulneráveis entre os potenciais beneficiários; f) Os riscos da exclusão dos não-organizados e o “novo clientelismo” dos que acessam o Programa. www.ufrgs.br/pgdr Sergio Schneider – [email protected]