FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE- NUSAU DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA- DEF KALINE JHÚLIA LEITE RIBEIRO NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE EM ESCOLARES DE 7-11 ANOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PORTO VELHO PORTO VELHO-RO 2014 KALINE JHÚLIA LEITE RIBEIRO NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE EM ESCOLARES DE 7-11 ANOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PORTO VELHO Monografia de Graduação apresentada ao curso de Educação Física do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, para obtenção do título de Licenciatura Plena em Educação Física. Orientador: Prof.Dr. Edson Santos Farias PORTO VELHO – RO 2014 FICHA CATALOGRÁFICA BIBLIOTECA PROF. ROBERTO DUARTE PIRES R484n Ribeiro, Kaline Jhúlia Leite Níveis de flexibilidade em escolares de 7-11 anos de uma escola pública de Porto Velho / Kaline Jhúlia Leite Ribeiro. Porto Velho, Rondônia, 2014. 40f. TCC (Graduação em Educação Física) Fundação Universidade Federal de Rondônia / UNIR. Orientador: Prof. Dr. Edson Santos Farias 1. Aptidão física 2. Flexibilidade 3. Escolares I. Farias, Edson Santos II. Título. CDU: 796:37 Bibliotecária Responsável: Ozelina Saldanha CRB11/947 KALINE JHÚLIA LEITE RIBEIRO NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE EM ESCOLARES DE 7-11 ANOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PORTO VELHO Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Física para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Núcleo de Saúde e Departamento de Educação Física. Banca Examinadora: Prof. Dr. Edson Santos Farias - DEF/UNIR Presidente da Banca (Orientador) Prof. Ms. Luis Gonzaga de Oliveira Gonçalves - DEF/UNIR 1º Membro da Banca Prof. Esp. Elizângela de Souza Bernaldino - SEMED/PVH. 2º Membro da Banca Conceito: ___________________ Porto Velho, ____de_______________de 2014. DEDICATÓRIA Dedico primeiramente a Deus, que me proporcionou tudo até aqui, aos meus pais pela dedicação e força e todos que contribuíram acontecesse. para que isso AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar ao meu Deus por me sustentar e por ter me dado forças até aqui, pois nos momentos de desespero era a quem recorria. EBENÉZER! Agradeço aos meus pais Francisco Ribeiro e Idalina Leite Ribeiro, pela educação, investimento e amor dado a mim todos esses anos. Pessoas que são meus referenciais de caráter e tudo que sou devo a eles por extrema dedicação e auxílio. Agradeço ao Professor Edson Farias, pela sua orientação e importante ajuda; Ao professor Luis Gonzaga pelos incentivos e ensinamentos; a Juliana Oliveira pelo incentivo e ajuda e a todos os professores do departamento que de alguma forma me ajudaram até aqui. Não podia deixar também de agradecer aos meus colegas de curso pela convivência durante todos esses anos, em especial aqueles em que tive uma convivência maior (Não irei citar nomes), foram essenciais e importantes para minha vida durante este período. Agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram... Obrigada! Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desesperados. Temos muitos inimigos, mas não nos falta amigo. Às vezes somos gravemente feridos, mas não somos destruídos. (2º Coríntios 4:8-9) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10 2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 12 3 OBJETIVOS ................................................................................................. 13 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 14 4.1 Teste, Medidas e Avaliação ....................................................................... 14 4.4.1 Critérios para Seleção de Testes ............................................................ 14 4.4.2 Medidas e Avaliações na Educação Física ............................................. 15 4.2 Aptidão Física Relacionada à Saúde ......................................................... 16 4.3 Flexibilidade: Conceitos e Definições ......................................................... 18 4.4 Fatores Intervenientes na Flexibilidade ...................................................... 19 4.5 Métodos para Desenvolvimento da Flexibilidade ....................................... 21 4.6 Promoção de Saúde na Escola .................................................................. 23 4.7 Educação Física escolar como Fator de Aquisição e Manuntenção da Flexibilidade ..................................................................................................... 24 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................... 27 5.1. Tipo de Pesquisa ....................................................................................... 27 5.2 População e Amostra ................................................................................. 27 5.3 Procedimentos para Coleta de dados ........................................................ 27 5.4. Critérios de inclusão .................................................................................. 28 5.5. Protocolo Utilizado: Teste de Flexibilidade ................................................ 28 5.5 Tratamento Estatístico ............................................................................... 28 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 29 7. CONSIDERAÇÔES FINAIS ......................................................................... 33 8. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 34 9.ANEXOS ....................................................................................................... 38 RESUMO A flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho motor, sendo de importância tanto para as performances esportivas quanto para as tarefas do cotidiano. O estudo teve como objetivo verificar e analisar comportamento da variável flexibilidade em escolares na faixa etária de 7-11 anos de uma escola pública do município de Porto Velho no período de 2008 a 2010. A amostra foi composta de 482 alunos, sendo 250 do sexo masculino e 232 do sexo feminino. Para realização foi utilizado o teste de sentar-e-alcançar com banco de Wells. O tratamento dos dados foi utilizado a Análise de Variância one-way ANOVA que fez a comparação entre os três anos em relação a variável de desfecho a flexibilidade. Observou-se que durante o tempo ambos os sexos não apresentaram diferença significativa. Quando verificado o gênero relacionado à idade também não se percebe uma diferença significativa, Porém nota-se que os indivíduos do sexo feminino demonstram a tendência de apresentar valores relativamente menores aos 10 anos, quando comparados às demais idades e ao sexo masculino. Portanto faz-se necessário o conhecimento do desenvolvimento dessas variáveis e identificar possíveis fatores intervenientes, pois podem representar um importante papel nos níveis de saúde de crianças e adolescentes na fase escolar. Palavras chaves: aptidão física, flexibilidade, escolares. ABSTRACT Flexibility is an important component of health -related physical fitness and motor performance, being of importance for both sports performances as for daily tasks. The study aimed to verify and analyze the behavior of variable flexibility in schoolchildren aged 7-11 years in a public school in the city of Porto Velho in the period 2008-2010. The sample consisted of 482 students, with 250 male and 232 female. To perform the sit - and-reach with Wells Bench test. The treatment of the data to one- way ANOVA that compared between the three years for the outcome variable flexibility ANOVA was used. It was observed that during the time both sexes showed no significant difference. Analyzing the gender associated with age also did not notice a significant difference, however it is noted that females show a tendency to have relatively lower values at 10 years, compared to other ages and males. Therefore it is necessary to know the development of these variables and identify possible intervening factors; it may play an important role in health levels of children and adolescents during school. Key words: physical fitness, flexibility, school. 10 1 INTRODUÇÃO Quando tratamos do termo flexibilidade muitos de forma imediata fazem ligação diretamente com trabalhos desenvolvidos na área de ginástica ou ballet, como se fosse uma qualidade inerente apenas a estes grupos, justamente por essa ser uma das principais características de ginastas e bailarinos. Porém a flexibilidade não se restringe apenas as performances esportivas, mas sendo de grande importância para a realização das nossas atividades cotidianas. Coledam (2012) afirma ainda que a flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde, sendo que parâmetros inadequados desta capacidade física para região dos músculos isquiotibiais e lombares estão relacionados a dores na coluna lombar. Portanto níveis de flexibilidade não adequados podem resultar em uma maior probabilidade de lesões musculoesqueléticas, ou dificultar a realização de alguns movimentos. Muito se fala da importância na manutenção de bons níveis de flexibilidade relacionada à saúde, mas não se tem o esclarecimento de forma cientifica o nível de flexibilidade necessário ao ser humano, porém é conhecida a necessidade de níveis mínimos de flexibilidade para a prevenção de algumas patologias e melhoria da qualidade de vida (KISS, 2003). Durante o desenvolvimento humano a flexibilidade sofre alterações e influencias de acordo com as fases, para Gallahue & Ozmun (2005) esse desenvolvimento tem um ritmo desde sua concepção até a idade adulta. Os níveis de flexibilidade podem ser de origem genotípica, mas também pode receber influências fenotípicas, ou seja, há a influência genética, porém esta pode sofrer estímulos externos, como a alimentação e a prática de atividades físicas (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Esses fatores interferem nos níveis de flexibilidade, que deve ser trabalhada para que os indivíduos mantenham níveis adequados, adquira melhorias e responda de forma melhor aos movimentos. A flexibilidade atua de forma diferente em crianças, adolescente e adulto, onde atinge o seu auge aos dez anos, e tende a diminuir com aumento da idade se não for devidamente trabalhada. 11 Para uma melhor qualidade de vida e manutenção de bons níveis de aptidão física e consequentemente hábitos saudáveis fazem-se necessário a promoção de atividade física desde a infância, e o melhor lugar é dentro da escola, nas aulas de educação física. Teoricamente entende-se a Educação Física Escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, capacitando-o para usufruir os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. A Lei das Diretrizes Básicas (Lei nº. 9.394/96) em seu parágrafo terceiro, artigo 26, refere-se à Educação Física como componente curricular integrado à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa em alguns aspectos. Dentro deste aspecto cabe ressaltar a importância do desenvolvimento da educação física, principalmente nas séries iniciais, que segundo pesquisas conta com a colaboração de maior interesse dos alunos, que destacam a disciplina de educação física como uma das preferidas. O que já não acontece, com os jovens ao término da educação básica, que demonstram menos interesse nas aulas de educação física. Observa-se que as aulas de educação física na escola resumem- se em apenas duas aulas por semana, no ensino fundamental e uma aula por semana no ensino médio, que não é suficiente para fazer um trabalho adequado de desenvolvimento de qualquer capacidade física. Normalmente os exercícios de alongamentos, que são importantes para o desenvolvimento da flexibilidade, são trabalhados de forma muito específica, apenas antecedendo exercícios de maior intensidade com o objetivo de evitar lesões. Diante de todos esses fatores, elaborou-se o seguinte problema de pesquisa: Qual o comportamento da variável flexibilidade em escolares na faixa etária de 7 – 11 anos de uma escola pública de Porto Velho no período de 2008-2010? 12 2 JUSTIFICATIVA Este trabalho propõe a investigar o nível de flexibilidade em escolares com idades entre 7- 11 anos, e apontar a importância de se ter uma boa flexibilidade, já que se trata de um componente da aptidão física, e consequentemente obtenção de bons níveis de saúde, componente esse que pode e deve ser desenvolvido na escola. Outra finalidade para justificar esta pesquisa é a escassez de trabalhos que verificam apenas a variável flexibilidade nesta faixa etária. Refletindo assim o desinteresse para atuar com este grupo de forma específica no desenvolvimento desta capacidade, pois na maioria das vezes a flexibilidade é abordada de forma indireta através dos alongamentos, como uma forma de anteceder e preparar para uma atividade intensa, o que acaba se tornando algo rotineiro e sem finalidade. Deve-se antes de tudo encontrar formas de conscientizar as pessoas para a importância das várias práticas corporais que podem ser vivenciadas e, com isso, efetivamente despertarem para uma prática sistematizada como parte do cotidiano, tornando esse hábito parte imprescindível para o bem-estar. De forma que é a flexibilidade é um componente fundamental na aptidão física relacionada com a saúde; ela determina a mobilidade total dos indivíduos, promove agilidade, prevenção de acidentes e melhoria da capacidade mecânica dos músculos e articulações permitindo uma economia de energia durante o esforço (DANTAS, 2005). É de grande importância o acompanhamento do desenvolvimento do estado de saúde de escolares nesta faixa etária. Sendo que a escola é o lugar mais adequado, para que o tema saúde seja abordado, onde o educando recebe orientação e formação, e permanece durante um longo período de sua vida. Dentro deste ambiente o profissional mais adequado para orientar e desenvolver este assunto dentro da escola é o professor de educação física, nas suas aulas, por ser único da área da saúde ativo dentro da escola, diante disto que este trabalho possa servir subsídios para outras pesquisas neste tema. 13 3 OBJETIVOS Objetivo Geral Verificar e analisar comportamento da variável flexibilidade em escolares na faixa etária de 7-11 anos de uma escola pública do município de Porto Velho no período de 2008 a 2010. Objetivos Específicos Descrever as características da amostra por frequências de sexo e idade; Comparar o comportamento da variável flexibilidade por sexo e no tempo. idade. Comparar o comportamento da variável flexibilidade por sexo e na 14 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 TESTE, MEDIDA E AVALIAÇÃO Os processos de medida e avaliação dentro da educação física são de fundamental importância, seja na área da educação física escolar, esportiva ou rendimento. Segundo Guedes (2006) Um erro muito comum de confundir ou colocar como sinônimos entre os termos medida e avaliação, sendo que medida apenas faz parte do processo de avaliação. Guedes (2006) ainda Classifica esses termos da seguinte forma: a) Medida- É uma determinação da quantidade, extensão ou grau de determinado atributo, com base em um sistema convencional. Medida refere-se sempre ao aspecto quantitativo do atributo a ser descrito. Envolve administração de um teste, como por exemplo: peso, estatura, força. b) Avaliação- Consiste na interpretação da informação coletada com bases em referenciais previamente definidos e classifica de forma qualitativa ou quantitativa, exemplo: obeso, alto, fraco, veloz. Estrela (2006) divide Avaliação em três tipos: - Avaliação diagnóstica: sendo análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo ou da turma, em relação a uma determinada característica. - Avaliação Formativa: informa sobre o progresso da performance, quando a obtida e avaliada, é feita uma retroalimentação, apontando e corrigindo os pontos fracos até ser atingido o objetivo proposto. - Avaliação Somativa: É a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução do indivíduo. c) Teste- Consiste em verificar o desempenho mediante as situações previamente organizadas e padronizadas, sendo um dos diversos processos de medida. 4.4.1 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE TESTES 15 De acordo com Kiss (2003) a seleção de testes utilizam-se alguns critérios que podem ser divididos em quatro categorias: a) Quanto aos critérios de autenticidade - Validade - Fidedignidade b) Quanto aos aspectos práticos: - Viabilidade - Economia - Padronização c) Quanto a aspectos pedagógicos: - Motivação - Facilidade de entendimento -Capacidade de proporcionar experiências de aprendizagem. d) Quanto à utilização dos resultados: - Especificidade - Discriminação - Aplicabilidade a situações práticas. Um teste precisa ser fidedigno e válido para estudos de intervenção. A fidedignidade esta associada à reprodutibilidade de informação pelo mesmo avaliador e precede ao estudo de avaliação e quando se compara os resultados de um teste com dois ou mais avaliadores, se define a fidedignidade interavaliador ou objetividade (ACHOUR, 2006). 4.4.2 MEDIDAS E AVALIAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA A avaliação é de fundamental importância para o trabalho dos profissionais de educação física. A avaliação caracteriza-se como o processo pelo qual se torna possível reunir informações que auxiliem na identificação de características individuais, associadas a pratica de atividade física (GUEDES, 2006). Os objetivos são: 16 Reunir subsídios para o acompanhamento do processo de Ensino Aprendizagem; Selecionar elementos de alto nível para integrar equipes de alto rendimento; Auxiliar o indivíduo oferecendo informações na prescrição e orientação na escolha de uma atividade física que, além de motivá-lo possa desenvolver suas aptidões; Detectar deficiências, permitindo uma orientação no sentido de superá-la; Alimentar bancos de dados, a fim de desenvolver pesquisas de finalidade cientifica. Conforme Badaro et al (2007) os métodos para a medida e avaliação da flexibilidade podem ser classificados em três tipos principais: angulares, lineares e adimensionais. Os testes angulares são aqueles que possuem resultados expressos em ângulos, a medida dos ângulos é denominada goniometria, que pode ser obtido principalmente pelo goniômetro; Os testes adimensionais têm como principal característica a interpretação dos movimentos articulares, comparando-os com uma folha de gabarito. Os testes lineares que se caracterizam por expressar os resultados em uma escala de distância, tipicamente em centímetros ou polegadas. O mais utilizado é teste de sentar alcançar de Wells. Dentro da perspectiva deste trabalho é importante avaliar a flexibilidade, pois pode se prescrever exercícios adequados para o indivíduo, independente de ser sedentário ou esportista, buscando se evitar e prevenir lesões musculoarticulares. Ainda com avaliação podem-se identificar quais os grupos musculares necessitam de mais exercícios específicos (KISS, 2003). 4.2 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE Guedes (2006) diz que aptidão física é um estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências 17 imprevistas sem fadiga excessiva, mas, também, evitar o aparecimento das funções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria de viver. Aptidão física significa, de uma forma geral, a capacidade e o estado de rendimento do ser humano, assim como a disposição atual para uma determinada área de atuação (WEINECK, 2003). A aptidão física vem sendo abordada, ao longo do tempo, por dois principais aspectos: a aptidão física relacionada à saúde e a aptidão física relacionada ao desempenho motor (PEREIRA et al 2011). O primeiro aspecto refere-se a demandas energéticas que possibilitam desenvolver as atividades do cotidiano com vigor, proporcionando um menor risco de desenvolver doenças ou condições crônico-degenerativas. Enquanto o segundo está relacionado às atividades esportivas ou performance motora que contribuem para o desempenho das tarefas especificas, seja no trabalho ou nos esportes (VERARDI, 2007). Gallahue (2008) descreve aptidão física relacionada à saúde como transitória e não esta relacionada de forma direta a habilidade atlética, mas está associada à melhoria da qualidade de vida e baixo risco de doenças. A aptidão física voltada para saúde abrange um maior número de pessoas, valorizando as variáveis fisiológicas como potência aeróbica máxima, força, flexibilidade e componentes da composição corporal, podendo voltar-se para as habilidades desportivas em que as variáveis, tais como agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e velocidade, são mais valorizadas, objetivando o desempenho desportivo (ARAUJO & ARAUJO, 2000). O treinamento da aptidão física pela prática de atividades físicas promove muitos benefícios para a saúde; entre eles, com relação à composição corporal, muitos autores citam o aumento da massa corporal livre de gordura e a diminuição da porcentagem de gordura corporal, o aumento da eficiência de trabalho, umas susceptibilidades para doenças alem da melhora da aparência física e menor incidência de problemas de autoconceito relacionados à obesidade (COSTA, 2001). Farias (2010) cita a importância de se alcançar melhorias e benefícios relacionados à aptidão física, porém tem que se partir de alguns pressupostos, como os dados referentes à condição física anterior, o conhecimento do comportamento da capacidade em relação à idade e ao gênero e a relação dos 18 níveis de aptidão física em critérios de saúde. Recomenda-se a manutenção de bons níveis de aptidão física para individuo de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, entretanto, a aquisição de hábitos saudáveis e a prática de atividade física na infância pode repercutir de forma muito positiva no estado de aptidão física durante a vida adulta. Como a aptidão física é fortemente influenciada por fatores ambientais, além dos fatores biológicos, torna-se necessário que se tenha informações de como se encontra o estado de aptidão física e desempenho motor de crianças e adolescentes em diversas regiões do mundo (PEREIRA, 2011). Desse pressuposto parte a importância de identificar níveis de aptidão física, principalmente relacionada à saúde em escolares. Neste estudo será abordada especificamente a Flexibilidade como um importante componente da aptidão física relacionada à saúde. 4.3 FLEXIBILIDADE: CONCEITOS E DEFINIÇÕES O termo flexibilidade considerada pela maioria dos autores conceituados no meio acadêmico, como um importante componente da aptidão física relacionada à saúde ou ao esporte (SILVA et al 2006). Ainda assim ela assume diversos conceitos por sua abrangência e especificidade. Destacam-se conceitos sob a visão de alguns autores: Dantas (2005) define como qualidade física responsável pela execução voluntaria de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesões. Segundo Barbanti (2003) a flexibilidade é a capacidade de realizar movimentos em certas articulações com amplitude de movimento de maneira adequada. Para Kiss (2003) define como a qualidade física responsável pela amplitude de movimentos disponível em uma articulação ou conjunto de articulações. 19 Compreende-se por flexibilidade, a máxima amplitude fisiológica de movimentos que uma articulação ou grupo de articulações conseguem executar (HEYWARD, 2004). Conforme Penha et al (2008), a flexibilidade é uma das característica do sistema muscular que promove melhor eficiência de movimento, melhora o desempenho muscular, além de influenciar na postura do individuo e prevenir algumas patologias musculoesqueléticas. Segundo Weineck (2003), os tipos de flexibilidade são vários e estão listados a seguir: Flexibilidade Geral - Compreende o maior número dos principais sistemas articulares e que depende do nível de desempenho físico de quem o pratica. Flexibilidade Específica - Refere-se à prática desportiva e a uma determinada articulação que é utilizada como um gesto desportivo próprio. Flexibilidade Ativa - É estabelecida pela contração dos músculos agonistas e relaxamento dos músculos antagonistas na realização de um movimento de maior amplitude. Flexibilidade Passiva - Apresenta-se como a maior amplitude de movimento de uma articulação com auxílio de uma pessoa ou material, pois a capacidade de extensão é bem utilizada. Flexibilidade Estática – realizada quando o corpo mantém um alongamento por um determinado tempo. A flexibilidade é importante para favorecer a mobilidade nas atividades diárias e esportivas, melhorar postura corporal, diminuir os riscos de lesões. 4.4 FATORES INTERVENIENTES NA FLEXIBILIDADE De acordo com a literatura os fatores intervenientes podem ser divididos em endógenos e exógenos. Os fatores endógenos que podem intervir na flexibilidade destacam-se a idade, o sexo e a individualidade biológica. Entre fatores exógenos, ambiente e temperatura, o nível de atividade pode interferir no potencial de flexibilidade dos indivíduos. 20 A flexibilidade se comporta de forma diferente em crianças, adolescentes e adultos, e tende a diminuir de acordo com a idade (MINATO, 2010). Portanto, quanto mais cedo começar a treinamento desta capacidade, maior a chance de desenvolver arcos de flexibilidade maiores. As mulheres possuem maior flexibilidade quando comparada aos homens (MINATO, 2010). Dantas (2005) diz que as meninas são mais privilegiadas nesse campo, em todas as fases do desenvolvimento. Isso se dá pelas diferenças hormonais, e a capacidade de estiramento da mulher é maior pela menor densidade dos tecidos. Outro fator endógeno influenciador na flexibilidade é a individualidade biológica, pois pessoas do mesmo sexo e idade podem possuir graus de flexibilidade totalmente diferentes. O genótipo da pessoa interfere, pois algumas pessoas possuem uma flexibilidade fraca e, por mais que se submetam a treinamentos, melhoram muito pouco, enquanto outras naturalmente são flexíveis (RASSILAN E GUERRA, 2006). O grau da flexibilidade depende de vários fatores, como estrutura óssea, tecido, elasticidade dos músculos, e qualquer variação que ocorrer nessas variáveis podem provocar modificações na amplitude máxima possível do movimento. Entre os fatores exógenos, destacam-se o ambiente e temperatura, sendo que no frio a uma redução na elasticidade muscular com óbvios reflexos sobre a flexibilidade. Inversamente, a temperatura ambiente alta acarreta elevação da temperatura corporal, consequente relaxamento da musculatura e aumento da flexibilidade (DANTAS, 2005). Badaro et al (2007) citam que o bom nível de flexibilidade varia com a necessidade de cada um, logo, a boa flexibilidade é aquela que permite ao individuo realizar os movimentos articulares, dentro da amplitude necessária durante a execução de suas atividades diárias, sem grandes dificuldades e lesões. Existem alguns indícios de que indivíduos que tiveram seu passado mais ativo tornaram-se mais flexíveis. Tendo em vista que a flexibilidade é uma aptidão física treinável, a manutenção de bons níveis de flexibilidade através de exercícios físicos e alongamentos podem contribuir de forma significativa na saúde e qualidade vida no decorrer das etapas da vida. Quando a flexibilidade é inadequada pode ocasionar o surgimento de lesões musculoesqueléticas, 21 impossibilitando alguns movimentos, e ocasionando um maior risco de dor lombar na fase adulta. Porém vale apena ressaltar que nem sempre altos níveis de flexibilidade significam melhor nível de desempenho físico ou sinal de saúde. Portanto, a caracterização da flexibilidade e decorrente da combinação de vários fatores e principalmente a partir das experiências vividas ou adquiridas ao longo da vida e níveis de atividade física que podem interagir na flexibilidade. 4.5 MÉTODOS PARA DESENVOLVIMENTO DA FLEXIBILIDADE Há alguns métodos para o desenvolvimento da flexibilidade, porém há necessidade de se verificar vários aspectos, de forma não escolher apenas o método mais rápido para desenvolver essa variável, mas que atenda os objetivos do praticante, respeitando alguns aspectos físicos, idade e analise de adaptação ao tipo de método a serem utilizados. Segundo Varejão et al (2007) a flexibilidade pode ser trabalhada pelo método de alongamento, que visa à manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos e a realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrições físicas. Outro método que trabalha a flexibilidade é o flexionamento, que visa obter uma melhora no nível flexibilidade através da viabilidade de amplitudes de arco de movimentos articular superiores as originais. Os termos alongamento e flexibilidade ás vezes são confundidos ou tidos como sinônimos, porém apesar de se relacionarem possuem conceitos distintos. Contudo flexibilidade está relacionada com a amplitude de movimento da articulação, o alongamento refere-se à elasticidade muscular (BADARO et al. 2007). Os alongamentos podem ser classificados em: Estático, passivo dinâmico, balístico. O alongamento estático é determinado pelo alcance de uma amplitude de movimento do grupo musculoarticular. A amplitude do movimento é atingida de forma lenta, mantendo a postura com tensão muscular. (ACHOUR, 2006). Já o alongamento passivo é feito com a ajuda de forças externas, estando o praticante numa posição passiva, isto é, com descontração muscular 22 e uma boa posição do sistema musculoarticular. Para ter um bom desenvolvimento da flexibilidade, deve-se manter o alongamento por um tempo de aproximadamente trinta segundos ou mais, para que se forneça um bom relaxamento muscular até aumentar um pouco a amplitude do movimento. (ACHOUR, 2006). Segundo Weineck (2003) na infância e início da puberdade, devem-se evitar os exercícios de alongamento de forma passiva realizados com ajuda de companheiros, pois a sobrecarga empregada pode lesionar as crianças. O alongamento dinâmico pode proporcionar menor risco de lesões, por ser determinado pelo maior alcance do movimento voluntário, utilizando-se a força dos músculos agonistas e o relaxamento dos músculos antagonistas, mas isso se feito com suavidade na amplitude final do movimento (ACHOUR, 2006). No alongamento Balístico o músculo é levado a se contrair e relaxar de forma rápida e repetida, levando a deflagração de estímulos que mandam o músculo contraírem ao invés de relaxar, aumentando a possibilidade de causar micro lesões que posteriormente podem interferir no bom funcionamento do músculo (CONCEIÇÃO & DIAS, 2004). Sempre lembrando em não ultrapassar o limite do tecido, pois pode haver micro lesões que não são ideais para essa finalidade, portanto é recomendado aquecer antes de realizar o alongamento balístico. (ACHOUR, 2006). Os alongamentos são estímulos que agem na musculatura, dando elasticidade. Os alongamentos devem ser permanecidos por determinado tempo, para obtenção de algum ganho significativo ou estabilização. Os alongamentos se baseiam na ativação de fusos em órgãos musculares e tendinosos sensíveis a esses estímulos que quando impulsionados e ativados provocam respostas reflexas induzindo a adaptações musculares e promovendo assim o ganho de flexibilidade (ALTER, 1999). Há muitos relatos na literatura que defendem a permanência dos exercícios de alongamento durante 30 segundos, isso acarreta uma adaptação muscular nos fusos musculares, um reconhecimento do estímulo provocado, que responde com um aumento da flexibilidade após o relaxamento provocado pelo estímulo do (OTG) Órgão Tendinoso de Golgi (CHEBEL et al., 2007). A flexibilidade obtida através de exercícios de alongamento será permanecida se o individuo der progressividade no treinamento, se ele parar de 23 realizar os exercícios ele tende a ter um encurtamento muscular que pode implicar na biomecânica e na postura, prejudicando algumas unidades musculotendíneas e acarretando a dor aguda (ACHOUR, 2004). 4.6 PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ESCOLA De acordo com a carta de Ottawa 1986, através do ministério de saúde 1996, cita que a promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. A promoção da saúde trabalha através de ações comunitárias concretas e efetivas no desenvolvimento das prioridades, na tomada de decisão, na definição de estratégias e na sua implementação, visando à melhoria das condições de saúde. Na literatura é recomendado focalizar ações preventivas e educativas no espaço escolar e também os cuidados primários utilizando-se da educação para a saúde na conscientização da comunidade, na direção de estimular mudanças de comportamentos e contribuir para a melhoria dos indicadores da qualidade de vida (RAMOS & FALSSARELA 2008). O ministério da saúde compreende que o período escolar é de fundamental importância para se trabalhar saúde na perspectiva de sua promoção desenvolvendo ações que atuem na prevenção de doenças. A promoção de saúde na escola visa o ser humano de uma forma integral e considera pessoas e principalmente crianças e adolescentes dentro do contexto escolar, comunitário e social. Dentro dessas iniciativas existe as Escolas Promotoras de Saúde que ganhou força a partir dos anos 90, visando um ambiente saudável para se viver, aprender e trabalhar, de forma que se preocupa com a saúde de todos que se integram no meio, desde professores e alunos até as pessoas que se relacionam com o ambiente escolar. De acordo com Vilarta e Bocaletto (2007) os objetivos das escolas promotoras de saúde são Colaborar com as escolas na promoção da saúde e da qualidade de vida dos estudantes, professores, funcionários, pais e comunidade através da: 24 Estruturação de ambientes saudáveis para criar e melhorar a qualidade de vida nas escolas e nos locais onde ela está situada, realizando: Avaliação das condições do ambiente físico psicossocial da escola conforme as diretrizes da OMS para Escolas Saudáveis, referente à alimentação e atividade física. Elaboração de um plano de Ação. Fortalecimento da colaboração entre os serviços de saúde e de educação visando à promoção integrada da saúde, alimentação, nutrição, lazer, atividade física e formação do profissional. Educação para saúde e ensino de habilidades para vida, visando aquisição de conhecimentos sobre adoção e manutenção de comportamentos e estilos de vida saudável. Dentro dessa perspectiva e a partir da resolução 218/97 o conselho nacional de saúde reconhece o profissional de educação física como profissional da saúde, e a resolução n° 046/02 do CONFEF (Conselho Federal da Educação Física) delega a atuação desses profissionais em um campo integrado, não apenas na área da educação, mas também da saúde. 4.7 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COMO FATOR DE AQUISIÇÂO E MANUNTENÇÃO DA FLEXIBILIDADE Após a regulamentação da profissão e o reconhecimento do profissional de educação física como agente de saúde, o exercício físico se tornou uma ferramenta importante para o desenvolvimento da aptidão física relacionada à promoção de saúde e qualidade de vida. A flexibilidade como a capacidade da aptidão é o enfoque neste estudo. Nessa perspectiva, a flexibilidade é um elemento essencial para funcionalidade do aparelho locomotor humano, à medida que se considera como uma das variáveis da aptidão física relacionada à saúde e qualidade de vida, sendo esta responsável pela realização de movimentos voluntários em uma ou mais articulações, sem exposição a lesões do sistema musculoesquelética (ALTER, 1999). Sendo assim importante 25 atribuição de desenvolvimento desta capacidade dentro da escola como promoção de estilos de vida ativa. De acordo com Dantas (2005) primeira infância, que se caracteriza do nascimento até os três anos de idade, o trabalho de flexibilidade deve ser o mais natural e menos forçado possível, devido à fragilidade dos componentes envolvidos, não é adequado impor à criança posturas ou movimentos visando aumentar seus arcos articulares. Na segunda infância, que se prolonga dos três até os seis, já se pode falar em treinamento de flexibilidade e a forma mais conveniente de realizar o trabalho é inserir exercícios de flexionamento em pequenos jogos ou sessões de ginástica utilitária com alto componente lúdico. Já na terceira infância, fase que vai dos seis, sete anos ao início da puberdade, pode-se iniciar o treinamento de flexibilidade com finalidade esportiva, exigindo elevado grau de desenvolvimento dessa qualidade física. No final desta fase, ocorrerá normalmente o início do surto pubertário, acarretando inúmeras alterações a nível hormonal, fisiológico e morfológico que irão provocar profundas modificações na biomecânica dos movimentos e na capacidade de estiramento dos músculos. Nessa perspectiva, segundo Ramos & Falsarella (2008) o ambiente escolar deve desenvolver programas preventivos focados nas capacidades físicas sendo umas delas a flexibilidade para um desenvolvimento corporal global, induzindo os indivíduos à vida ativa que ao passar dos tempos acabam se acomodando com situações do cotidiano e tornando-se crianças sedentárias. Ferreira & Ledesma (2008) entendem que para aplicar exercícios com os objetivos de desenvolver flexibilidade, faz-se necessário buscar e ampliar conhecimentos sobre cinesiologia, biomecânica, anatomia humana e saber avaliar quantitativamente e qualitativamente a individualidade biológica sem perder o objetivo desta prática. Levando em consideração o papel de orientação da escola, neste sentido feita principalmente pelo professor de educação física na aula, se torna importante salientar as questões relacionadas aos hábitos posturais. Ramos & Falssarela (2008) apontam período escolar como a fase precursora para inúmeros problemas degenerativos da coluna vertebral dos indivíduos na fase adulta, e afirma que a alta incidência desses distúrbios é decorrente da manutenção de posturas inadequadas no espaço escolar e ainda, o principal 26 fator etiológico de processos dolorosos e restritivos quanto à capacidade funcional do educando. Considerando os aspectos pedagógicos, a escola também deve enfatizar ações promotoras da saúde de forma preventiva, além de ampliar a capacidade de lidar com as limitações advindas do sedentarismo. As medidas adotadas devem ser diretas sobre as condições determinantes da saúde, para alcançar um estado de bem-estar físico, mental e social (VILARTA, 2008). A carência de flexibilidade da musculatura da região inferior da coluna lombar e posterior da coxa está associada ao risco aumentado para surgimento de dores lombares, das quais 80% são causadas pelos níveis de flexibilidade articular reduzido (ACMS, 2003). Por meio da manutenção de boa flexibilidade nas principais articulações verifica-se melhoria nas dores, pois, quanto mais flexível for, menor terá propensão à incidência de dores musculares, principalmente nas regiões dorsal e lombar (DANTAS, 2005). Dessa forma o profissional de Educação Física deve orientar e instrui a criança sobre os benefícios do alongamento que ajudará o individuo na realização da prática corporal sendo autônomo na sua ação e definindo os objetivos dos movimentos de alongamento, dos níveis de flexibilidade e da manutenção da aptidão física, tendo em vista que a idade escolar favorece na melhora da flexibilidade em crianças e por serem biologicamente mais flexíveis do que os adultos. (RAMOS & FALSARELLA, 2008). Diante deste fato o profissional de Educação física deve se posicionar de forma contundente dentro do ambiente escolar, por ser o agente de saúde atuante, pois está envolvido diretamente dentro da escola, desenvolvendo ações e estratégias de promoção e prevenção de saúde no ambiente que está inserido. Então de incumbência do mesmo em suas aulas desenvolver intervir de forma pedagógica, levando os alunos à consciência corporal de forma que ele conheça os limites do seu corpo, de forma promover educação para saúde. 27 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1. Tipo de Pesquisa Trata-se de um estudo de coorte longitudinal misto que foi realizado na escola municipal Saul Bennesby com 482 crianças matriculadas de 2008 a 2010 na cidade de Porto Velho, RO. 5.2 População e Amostra A população deste estudo foram crianças escolares do ensino fundamental I (1ª a 5ª ano) de ambos os gêneros. A amostra foi conveniência, sendo que no grupo masculino teve no ano 2008 = 09, 2009=202, 2010=39 alunos e no grupo feminino 2008=12, 2009=185 e 2010=35, totalizando no final do estudo 250 e 232 alunos em cada grupo. O estudo foi retrospectivo, pois acompanhou o comportamento da variável de desfecho a flexibilidade durante esses três períodos. A limitação do estudo ocorreu uma viés, sendo que não foi acompanhado o mesmo sujeito nos três anos de estudo, somente a variável que foi testada. 5.3 Procedimentos para Coleta de dados Para a realização da pesquisa, efetuou-se a apresentação de uma carta à Diretora da Escola, solicitando autorização para consulta e uso dos dados que faz parte das fichas de avaliação física dos alunos da faixa etária, alvo da pesquisa arquivados no setor de Educação Física da Escola. 28 5.4. Critérios de inclusão Estar regulamente matriculado durante esses três períodos na escola no turno matutino e vespertino; Ter entre 07 a 11 anos de idade; 5.5. Protocolo Utilizado: Teste de Flexibilidade Material: Utilizou-se um banco de Wells. Procedimentos: Os alunos ficaram descalços. Sentaram de frente para a base da caixa, com as pernas estendidas e unidas. Colocaram uma das mãos sobre a outra elevando os braços à vertical. Em seguida, inclinarão o corpo para frente e alcançando com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar as pernas e sem utilizar movimentos de balanço (insistências). Cada aluno realizará duas tentativas. O avaliador permanecerá ao lado do aluno, mantendo-lhe as pernas em extensão. O resultado foi medido a partir da posição mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com as pontas dos dedos. Foi registrado o melhor resultado entre as duas execuções com anotação em uma casa decimal. 5.5 Tratamento Estatístico Foi realizada uma análise descritiva através da distribuição de frequência e para estatística inferencial foi utilizada a Análise de Variância oneway ANOVA *p < 0,05 Bonferroni (Post-Hoc) que fez a comparação entre os três anos em relação a variável de desfecho a flexibilidade, teste “t” de Student para amostras independentes **p < 0,05 para comparação dos sexos. 29 6. RESULTADOS Neste capitulo serão apresentado os resultados encontrados na pesquisa e discutidos através de estudos semelhantes de âmbito local ou de qualquer outra localidade. Este procedimento se faz necessário para ter uma visão geral da flexibilidade dos escolares analisados. Inicialmente na tabela 1 é apresentada a caracterização do grupo com relação ao número de crianças da amostra, distribuídas por sexo e idade. Tabela 1 Distribuição de frequências por sexo e idade. Idade Sexo Masculino % Feminino % 7 anos 56 22,4 49 21,1 8 anos 40 16 54 23,3 9 anos 55 22 61 26,3 10 anos 57 22,8 36 15,5 11 anos 42 16,8 32 13,8 Total 250 100 232 100 Na tabela 2 podemos verificar a comparação da variação da flexibilidade por sexo durante o tempo. Analisa-se que durante o tempo ambos os sexos não apresentam diferença significativa, porém percebe-se que durante os anos os indivíduos do sexo masculino têm um pequeno aumento na variação da flexibilidade, enquanto o sexo feminino tem um pequeno decréscimo, mas como citado acima sem diferença significativa. Tabela 2 Valores de média, desvio padrão e variação da flexibilidade por sexo durante o tempo. Sexo Ano Masculino Feminino n Média DP Variação N Média DP Variação 2008 9 26,8 2,52 24,0 - 30,0 12 28,0 4,0 23,0 - 36,0 2009 202 26,5 6,36 10,0 - 44,0 185 25,8 6,0 8,0 - 40,0 2010 39 27,5 4,45 16,0 - 35,0 35 26,5 6,2 8,0 - 40,0 Total 250 232 “Teste ‘t” de Student para amostras independentes ** p<0,05; Análise de Variância one-way ANOVA *p < 0,05 Bonferroni (Post-Hoc) na variável sexo, tempo. 30 Na tabela 3 faz-se a comparação da idade e sexo. Pode verificar que quando relacionados com os sexos não houve diferenças significativas. Porém ao observar a tabela nota-se que os indivíduos do sexo feminino demonstram a tendência de apresentar valores relativamente menores aos 10 anos, quando comparados às demais idades e ao sexo masculino. Enquanto os meninos mantêm a média até os 10 anos, com um decréscimo aos 11 anos. Tabela 3 Valores de média, desvio padrão e variação da flexibilidade por sexo de acordo com a idade. Sexo Idade Masculino Feminino n Média DP Variação N Média DP Variação 7anos 56 *27,0 5,56 14 - 37 49 *27,4 5,06 15 - 36 8anos 40 25,4 5,68 12 - 33 54 25,5 6,64 08 - 40 9anos 55 27,3 5,82 15 - 44 61 26,5 5,11 16 - 40 10anos 57 27,3 6,46 10 - 40 36 *23,9** 7,10 12 - 37 11anos 42 25,6 6,38 14 - 41 32 26,12 6,00 36 - 40 Total 250 232 Teste "t" de Student para amostras independentes **p<0,05; Análise de Variância one-way ANOVA *p < 0,05 Bonferroni (Post-Hoc) na variável idade e sexo. DISCUSSÕES: Observando os aspectos para ambos os gêneros observa-se que não houve uma diferença significativa dos níveis de flexibilidade, envolvendo a variável tempo. Este fato pode está relacionado com a falta de um trabalho especifico de flexibilidade, porém na maioria das vezes os alongamentos que é a melhor forma de desenvolver flexibilidade são trabalhados de forma muito especifica antecedendo a atividade a ser aplicada, com objetivo apenas de prevenir lesões. No estudo de Narezzi et al (2007) realizou um estudo com crianças de 911 anos, submetidas a um teste e reteste com banco de Wells. Entre o teste e o reteste, os participantes da pesquisa participaram por um período de 45 dias aula de alongamento para os principais grupamentos musculares, 3 vezes por semana. Conclui-se que houve mudanças significativas na flexibilidade de ambos os sexos, após a prática regular dos exercícios de alongamentos 31 durante esse período. Ainda com base nos resultados obtidos por Silva e Martins (2010) pode-se observar que o alongamento pode contribuir para a manutenção ou mesmo o aumento da flexibilidade em crianças. Outros estudos relacionados a este assunto também obtiveram resultados satisfatórios. No estudo de Ferreira e Ledesma (2008) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de avaliar o nível de flexibilidade de escolares de 11 anos de idade, da rede privada da cidade de Campo grande. Após as análises dos dados concluí-se que os níveis de flexibilidade para referida população foram baixos, o que pode está acontecendo por estímulos insuficientes ou uma prática ineficaz. Silva (2010), as meninas são mais flexíveis que os meninos em todas as idades, sendo que esta diferença é maior durante o surto de crescimento e maturação sexual. Pereira (2011) também diz que geralmente as meninas são mais flexíveis que os meninos em todas as idades, em parte é devido à diferença hormonal e a estrutura anatômica da pelve, ainda ressalta que as meninas possuem maior densidade dos tecidos, além de ligamentos e músculos flexíveis, porém não se afirma com certeza se essa situação seja mais influenciada anatomo-fisiológicas do que pelas influências ambientais. A literatura afirma que em geral o sexo feminino é mais flexível que o sexo masculino, porém este estudo não mostrou diferenças significativas, sendo houve algumas oscilações de níveis entre os sexos, onde os meninos apresentaram um nível de flexibilidade maior do que das meninas nas idades de 9 e 10 anos. O estudo de Rassilan e Guerra (2006) verificam que as meninas têm a tendência de apresentar valores relativamente menores de 9-10 anos e na sequência aumenta variavelmente, fato que foi apresentado também no presente estudo. Entretanto, Minato (2010) não observaram diferenças na flexibilidade para ambos os sexos com o avanço da idade (10 a 14 anos), sugerindo, assim, que a idade não se correlaciona com a flexibilidade na infância e adolescência. No estudo de Verardi (2007) foi observado que os meninos tiveram desempenho superior aos das meninas, o que pode ter sido influenciado pelo fato dos meninos apresentarem nível de atividade física maior, o que proporciona melhoria na flexibilidade. Pesquisa semelhante à de Verardi, foi a 32 apresentado por Silva, Santos e Oliveira (2006) que concluíram que o grupo das meninas não foram mais flexíveis que o grupo dos meninos, o que contraria a maioria das informações dadas pela literatura. Gallahue e Ozmun (2006) relatam ainda, em uma pesquisa realizada com crianças de 6 a12 anos de idade, que a flexibilidade estática aumentou com a idade para o grupo estudado, e concluem que a flexibilidade começa a declinar em meninos por volta da idade de 10 anos e, em meninas, por volta dos 12 anos. Contudo este estudo demonstrou que a media para meninos manteve-se praticamente a mesma até os 10 anos, enquanto as meninas sofreram um decréscimo significativo nesta idade com um aumento posterior. No estudo de Palma e Medeiros (2011) verificou que não houve diferenças estatisticamente na comparação do nível de flexibilidade dos grupos analisados, mas houve uma diminuição da flexibilidade com o aumento da idade em ambos os sexos. Na pesquisa de Noll & Sá (2008) com 292 escolares com idades entre 7 e 15 anos, desenvolvimento da flexibilidade em ambos os gêneros parece acontecer de forma semelhante, ou seja, níveis maiores entre 7 e 8 anos decrescendo, com pequenas oscilações, até os 15 anos de idade. Verifica-se a importância de incentivar professores de educação física inserirem como programas nos currículo escolares a realização de teste de aptidão física relacionado à saúde. Principalmente estudo de características longitudinais, pois na maioria são realizados estudos transversais. 33 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo utilizou-se de apenas uma variável, neste caso, a flexibilidade, considerando os aspectos que permearam este estudo verificamos, que nas variáveis relacionadas à flexibilidade tanto de gênero feminino, quanto do gênero masculino não houve um valor representativo de significância, indicando que nesta faixa etária o desenvolvimento da flexibilidade de ambos os gêneros é similar. Quando relacionada à variável do estudo no tempo, apesar de também não apresentar diferença significativa, percebe-se que durante os anos os indivíduos do sexo masculino têm um sensível aumento na variação da flexibilidade, enquanto o sexo feminino tem um decréscimo, porém diferença não muito significativa. Quando comparados à idade e o sexo, as meninas apresentam uma tendência de níveis de flexibilidade menor aos dez anos, com um aumento posterior e os meninos mantém a média até os dez anos com declínio na sequencia. Como visto neste trabalho os fatores influenciadores da flexibilidade podem ser diversos de acordo com sua natureza, porém a redução ou estabilidade da mesma por vezes associa-se à diminuição e a intensidade dos exercícios físicos realizados. Neste sentido é importante ressaltar a importância de se desenvolver trabalhos que melhorem os índices não somente da flexibilidade, mas dos outros componentes relacionados à aptidão física dentro do ambiente, o que é de competência do profissional de educação física, que deve contar com ajuda da escola. 34 8. REFERÊNCIAS ACHOUR JUNIOR, Abdallah. Flexibilidade e alongamento: saúde e bemestar. Barueri: Manole, 2004. 364 p. ACHOUR JUNIOR, Abdallah. Exercícios de alongamento: anatomia e fisiologia, ed. Manole, SP, 2006. ACHOUR JUNIOR, Abdallah. Validação para Testes da Coluna Lombar. Universidade de São Paulo Escola de Educação Física e Esporte. Tese de doutorado, São Paulo, 2006. ALTER, M.J. Ciência da Flexibilidade. Porto Alegre: Artmed, 1999. 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Para isso, fui informado que não receberei nenhum tipo de remuneração. Também, fui devidamente esclarecido sobre os procedimentos a serem utilizados na coleta dos dados e respectivos objetivos. A coleta de dados será realizada nas fichas de avaliação física dos alunos na faixa etária de 07 a 11, do período de 2008 a 2012, arquivadas no setor de Educação Física da escola. Depois da retirada do dado necessário (medida da flexibilidade), será realizado a organização e tabulação, a fim de responder o objetivo geral da pesquisa. Todos os procedimentos para este trabalho de pesquisa serão desenvolvidos pelo pesquisador responsável, sob orientação do professor Tutor; além de obedecerem às normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde (RES. 196 de 10/10/96). Os resultados obtidos poderão fornecer subsídios para auxiliar para implementação de intervenções preventivas e terapêuticas inerentes com a aptidão física relacionada com a saúde desta população. Certos de contarmos com sua colaboração para a concretização desta investigação agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer esclarecimentos pelos contatos: Kaline Jhúlia Leite Ribeiro ([email protected] – cel – 9254-6906) e Prof. Dr. Edson dos Santos Farias. Certifico de que tive a oportunidade de ler e entender o conteúdo das palavras contidas neste termo. E que, a qualquer momento posso interromper os trabalhos de coleta de dados, sem qualquer prejuízo de ordem pessoal ou institucional. Porto Velho,______ de março de 2013 ___________________________________ Marlúcia dos Santos Rocha 40 NÚCLEO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA OFÍCIO S/Nº Porto Velho, 19 de Março de 2013. DO: Prof. Dr. Edson dos Santos Farias – DEF/UNIR PARA: Marlúcia dos Santos Rocha. ASSUNTO: Autorização para realização de pesquisa científica. Prezada Diretora, Venho pelo presente solicitar autorização para a realização do projeto de pesquisa intitulado “NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE EM ESCOLARES DE 7-11 ANOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PORTO VELHO", que subsidiará a monografia de conclusão do Curso de Educação Física da acadêmica Kaline Jhúlia Leite Ribeiro, sob minha orientação. O referido projeto tem como objetivo geral verificar o comportamento da variável flexibilidade em escolares na faixa etária de 7-11anos de uma escola pública do município de Porto Velho-RO, no período de 2008-2012. Todos os procedimentos para este trabalho de pesquisa serão desenvolvidos pela pesquisadora responsável. Em anexo, um termo de declaração de ciência institucional. Certos de contarmos com vossa colaboração agradecemos antecipadamente. Atenciosamente, ___________________________________ Dr. Edson dos Santos Farias Professor Orientador _______________________ Kaline Jhúlia Leite Ribeiro Acadêmica/Pesquisadora