Qualidade de vida- XV Fórum de
Psiquiatria da UERJ
Qualidade de vida, o novo paradigma
da saúde mental
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Dr. Silvio Saidemberg
Psiquiatra e psicoterapeuta
E-mail: [email protected]
http://www.geocities.com/ssaidemb
Dados Biográficos
• Curso de graduação em medicina: UNICAMP 1967 a 1972
• Residência em Psiquiatria Geral: WSH, programa afiliado a:
University of Pittsburgh_ Pennsylvania- 1973 a 1976
• Instrutor e Fellow em Psiquiatria Infantil e da Adolescência: The
University of Rochester_ Strong Memorial Hospital- 1976 a 1978
• Diretor da Unidade Fechada de Adolescentes do Washingotn
Psychiatric Institute (1978)
• Professor de Psiquiatria: PUC Campinas: 1989 a 2002
• Professor de psiquiatria: King’s College (WB_Pennsylvania);
NYCOM (NYC_NY) – 2003 a 2005
• Diretor Médico do Greater Binghamton Health Center (2003 a
2005)
• Diretor Médico do Behavior Health Services do Aspirus Wausau
General Hospital, Wisconsin 2005_2006.
• Pratica privada em Campinas (1979 a dez. 2002 e desde 2006)
Qualidade de vida, o novo paradigma da saúde
mental
Lacuna na formação profissional:
• A investigação clínica circunscreve
problemas, disfunções e soluções clínicas
e cirúrgicas
• Como a qualidade de vida está sendo
afetada pela doença ou transtorno?
• Como a qualidade de vida será afetada
pelas soluções que são propostas?
O velho paradigma da medicina e da saúde pública:
• Que problema é mais identificável e
controlável?
• O que fazer com práticas, hábitos e crenças
que impedem o controle da doença?
• Soluções emanavam das atitudes
autoritárias por parte do poder constituído e
dos profissionais da área de saúde.
• Essas atitudes autoritárias eram esperadas.
O que mudou?
1. As pessoas esperam ser ouvidas mais.
2. Compartilha-se a responsabilidade pelas decisões com
os pacientes/clientes/usuários/consumidores.
3. A informação prévia: para o consentimento e a
educação a respeito de alternativas de procedimentos
existentes.
4. A anuência do paciente é buscada sempre.
5. Qualidade de vida atual, a provável após tratamento e
procedimentos, com verificação e confirmação de
resultados a longo prazo.
Qualidade de vida, o novo paradigma da saúde
mental
• Objetivos:
• Como procedimentos e interações com a
área de saúde afetam a qualidade de vida
do indivíduo e da comunidade?
• Como se medir prováveis benefícios
reais?
• Verificação de pesquisas e metodologia.
• Qual é a adaptação dos profissionais e do
sistema de saúde às novas práticas?
Qualidade de vida, o novo paradigma da saúde
mental
• Algumas Referências:
1. The Economist Intelligence Unit’s quality-of-life index.
THE WORLD IN 2OO5 pages 1 through 4
2. The WHOQOL Group (1995) The World Health
Organization: Quality of Life assessment (WHOQOL):
Position paper from the World Health Organization.
Soc. Sci. Med. 41, 1403.
3. World Health Organization (1995) The World Health
Organization Quality of Life Assessment. Field Trial
Version for Adults. Administration Manual. WHO,
Geneva.
Escalas sobre qualidade de vida
relacionada à saúde
Abrangência das escalas:
• Seu desconforto, transtorno e/ou dor (HRQLS)
• Sua capacidade para trabalhar.
• Sua capacidade para manter vida familiar e
social.
• Sua capacidade para atividades físicas e se
exercitar
• Sua capacidade para executar as tarefas de
casa e da vida diária.
• Seu humor
Questões que podem ser usadas
para avaliar qualidade de vida
• Até que ponto a sua vida tem sentido?
• Você tem recursos econômicos suficientes para as
suas necessidades?
• Quão satisfatória é a sua capacidade de
desempenhar as atividades diárias de sua vida?
• Quão satisfeito você está com as oportunidades para
contato físico e manter proximidade das pessoas?
• Quão satisfeito você está com o seu nível de vida
íntima?
• Quão saudável é o seu ambiente de casa, de trabalho
e de convivência?
• Quão satisfeito você está com as condições do seu
ambiente físico?
Questões abertas sobre qualidade
de vida
• 1- Não importa qual a idade que você tenha
agora, neste momento, o que na sua opinião
afeta a sua qualidade de vida ou a sua idéia
sobre a sua qualidade de vida?
• 2- O que tornaria você feliz agora?
• 3- Você consegue ser objetivo sobre este tema?
Comportamentos que afetam a saúde e a
qualidade de vida
Uso de tabaco...
Acidentes de carro...
Incêndios e queimaduras...
Dieta inadequada e Falta de exercício...
Morte, impacto sobre a vida e a
qualidade de vida
•
•
•
•
•
•
Numero de mortes por ano (USA):
Uso de Tabaco...
400,000
Acidentes automobilísticos... 40,000
Incêndios e queimaduras...
5,000
Dieta inadequada e
Falta de exercício...
300,000
Metodologia e classificação de 111 países
segundo. The Economist Intelligence Unit (2005)
• Índices de qualidade de vida:
GDP (gross domestic product) (Produto
doméstico bruto) por pessoa não explica
por completo a qualidade de vida em um
país. Aparentemente não ajuda tentar
corrigir o GDP com fatores negativos ou
positivos não relacionados ao mercado.
Pesquisa sobre satisfação subjetiva com a
vida é priorizada em relação a conceitos
mais abstratos sobre felicidade.
As pesquisas sobre satisfação com
a vida (The Economist).
-Quão
satisfeito você está com a sua vida em geral?
Eurobarometer studies:
“Em geral você está muito satisfeito, razoavelmente
satisfeito ou nada satisfeito com a vida que você
leva?”
As respostas são imediatas e o índice de não resposta
é baixo.
As pessoas em diferentes países escolhem critérios
semelhantes para definir a satisfação com a vida.
Diferenças estão relacionadas às circunstâncias
objetivas.
Proportion who report to be very satisfied in 15 EU countries according to Eurobarometers
(europa.eu.int/comm/public_opinion/index_en.htm)
Christensen, K. et al. BMJ 2006;333:1289-1291
Copyright ©2006 BMJ Publishing Group Ltd.
The Eurobarometer surveys
Expectativas de melhora no ano seguinte:
• Expectativas muito acima da realidade: base
para baixa satisfação com a vida e para o
desapontamento.
• Dinamarqueses: muito satisfeitos,contudo suas
expectativas para o ano seguinte são um tanto
baixas.
• Itália e Grécia se classificam no mais baixo nível
quanto à satisfação com a vida, se classificam
alto quanto às expectativas para o ano seguinte;
juntamente com os suecos e finlandeses se
classificam no topo.
The Eurobarometer surveys
• BMJ 2006;333:1289-1291 (23 December),
doi:10.1136/bmj.39028.665602.55
• Research
• Why Danes are smug: comparative study of life
satisfaction in the European Union
• Kaare Christensen, Professor1, Anne Maria Herskind,
paediatrician2, James W Vaupel, director3
• 1 Epidemiology, Institute of Public Health, University of
Southern Denmark, JB Winslowsvej 9B, DK-5000
Odense C, Denmark, 2 Paediatric Department, Odense
University Hospital, Denmark, 3 Max Planck Institute for
Demographic Research, D-18057 Rostock, Germany
• Correspondence to: K Christensen
[email protected]
Medindo propriedades de pesquisas sobre
qualidade de vida: validade, confiabilidade e
responsividade
• Validade: O grau em que um instrumento mede
o que supõe medir.
• Confiabilidade: O grau em que um instrumento
pode produzir resultados consistentes, e
resultados consistentes em diferentes ocasiões,
quando não haja evidência de mudança.
• Responsividade: a capacidade de um
instrumento de detectar mudança no decorrer
do tempo.
Uso de entrevistas estruturadas e *escalas de
classificação, incluindo avaliações funcionais.
• 1- Avaliação diagnóstica (medindo também funções
sociais e ocupacionais) e avaliação dos resultados do
tratamento (severidade de sintomas e efeitos colaterais).
• A) Pesquisa psiquiátrica
• B) Desenvolvimento da linha de questionamento clínico.
• C) Para aumentar a comunicação a respeito de sintomas,
sentimentos ou experiências.
• * Escalas: confiabilidade? Validade? Reponsividade?
• (viéses culturais,sociais, étnicos, de gênero e idade:
importantes na seleção de entrevistas e de escalas
padronizadas, ainda na interpretação de seus resultados).
Health literacy
skills of
American
adults in
different
ethnic/racial
groups. From:
Kutner M,
Greenberg E,
Jin Y, Paulsen
C. The Health
Literacy of
America's
Adults: Results
from the 2003
National
Assessment of
Adult Literacy
(NCES 2006483).
Washington,
DC: National
Center for
Education
Statistics, US
Department of
Education;
2006.
Nos EUA a Investigação da população para dados
de saúde física e mental.
•
•
•
•
1- Segue tendências populacionais.
2- Identifica disparidades nos dados de saúde.
3- Monitora o progresso em obter dois objetivos:
A) aumento de anos e qualidade de vida de anos
vividos com saúde.
• B) elimina disparidades na saúde
•
CDC padrões de qualidade de vida relacionadas à
saúde (HRQOL) (CDC HRQOL-4) usada no Behavioral
Risk Factor Surveillance System (BRFSS- início na
década de 80) de forma mais abrangente desde 1993 (a
saúde mental e física percebidas através dos tempos)
Health related quality of life
• Centers for Disease Control and Prevention HealthRelated Quality-of-Life 14-Item Measure
• CDC HRQOL-14
•
•
•
•
•
"Healthy Days Measure"
Healthy Days Core Module (4 questions)
Activity Limitations Module (5 questions)
Healthy Days Symptoms Module (5 questions)
Division of Adult and Community Health
National Center for Chronic Disease Prevention and
Health Promotion
Behavior Risk Factor Surveillance
System (BRFSS)
Em torno da metade de todas as mortes nos EUA
são causadas por comportamentos de risco
(McGinnis and Foege, 1993).
1.
2.
3.
4.
5.
Comportamentos de alto risco incluem:
Ter hipertensão ou diabete e não tomar os
medicamentos para controlá-la.
Não se exercitar o suficiente.
Ter uma dieta inadequada.
Beber em excesso bebidas alcoólicas.
Ter sexo com múltiplos parceiros(as) e não usar
condoms
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
1. In each year, at least 49 states used this measure—
except in 2002, when only 22 states used it.
A qualidade de sono em pacientes com esquizofrenia está
associada à qualidade de vida e à capacidade de lidar com
os eventos diários.
• 1- O sono insuficiente ou de má qualidade gera
problemas adaptativos no paciente
esquizofrênico?
• 2- Insuficiente manutenção medicamentosa,
psicoterápica e/ou insuficiente apoio social
associam-se a problemas adaptativos e má
qualidade de sono que por sua vez contribuem
para uma maior indisposição física e mental do
paciente?
The quality of life after partial penectomy for
penile carcinoma Urology, 50:593-6, 1997
• 14 patientes: idade média 50.5 years, período
médio de seguimento pós cirúrgico: 11.5 meses.
• Qualidade de vida em 3 dimensões:
ajustamento social, ajustamento sexual e do
estado emocional.
• Entrevista Semi-estruturada, Overall Sexual
Functioning Questionnaire, the Social Problem
Questionnaire, General Health Questionnaire,
The Hospital Anxiety and Depression Scale.
• Authors: D’Ancona, C.A.L.; Neury José Botega,
de Morais, C; Lavoura Jr., N; Santos, J.K.;
Rodrigues Netto Jr, N. / UNICAMP
A qualidade de vida após a penectomia
parcial devida ao carcinoma do pênis.
Urology, 50:593-6, 1997
• 9 pacientes (64%): função sexual normal or levemente
reduzida.
• 2 patientes (14%): função sexual precária ou ausente.
• Interesse Sexual: normal or ligeiramente reduzido em 9
patientes.
• Satisfação Sexual: normal ou ligeiramente reduzida em
12 patientes.
• Frequência de atos sexuais: sem alterações ou
levemente reduzida em 9 patientes.
• 3 patientes não tiveram relações sexuais pós cirurgia.
• Níveis não significativos de ansiedade ou depressão.
• Nenhuma alteração nas condições de vida, na vida
familiar e nas interações sociais.
Why don’t patients take their medicine?
Reasons and solutions in psychiatry
• Advances in Psychiatric Treatment (2007) 13: 336-346.
doi: 10.1192/apt.bp.106.003194
© 2007 The Royal College of Psychiatrists
Alex J. Mitchell and Thomas Selmes
• Alex Mitchell is Consultant and Honorary Senior Lecturer
in Liaison Psychiatry at University Hospitals Leicester
(Department of Liaison Psychiatry, Brandon Unit,
Leicester General Hospital, Gwendolen Road, Leicester
LE5 4PW, UK. Email: [email protected] )
and author of the prize-winning book Neuropsychiatry
and Behavioural Neurology Explained: : Diseases,
Diagnosis, and Management (2003). Thomas Selmes is
a senior house officer on the York psychiatry scheme
and was previously a medical student at Leicester
University.
Why don’t patients take their medicine?
Reasons and solutions in psychiatry
• Advances in Psychiatric Treatment (2007) 13: 336-346.
doi: 10.1192/apt.bp.106.003194
© 2007 The Royal College of Psychiatrists
Alex J. Mitchell and Thomas Selmes
• Over the course of a year, about three-quarters of
patients prescribed psychotropic medication will
discontinue, often coming to the decision themselves and
without informing a health professional. Costs associated
with unplanned discontinuation may be substantial if left
uncorrected. Partial non-adherence (much more common
than full discontinuation) can also be detrimental,
although some patients rationally adjust their medication
regimen without ill-effect. This article reviews the
literature on non-adherence, whether intentional or not,
and discusses patients’ reasons for failure to concord
with medical advice, and predictors of and solutions to
the problem of non-adherence.
A tendência ao suicídio em pacientes
portadores de esquizofrenia com sintomas
depressivos.
Suicidality in middle aged and older patients with
schizophrenia and depressive symptoms:
146 outpatients
At least 40 years old: diagnosed with schizophrenia or
schizoaffective disorder with two or more depressive
symptoms based on DSM-IV criteria for major
depression.
Suicidality: InterSept Suicide Scale (ISS)
Functioning: UCSD Performance-based Skills
Assessment (UPSA),
Social Skills Performance Assessment (SSPA),
Medication Management Ability Assessment
(MMAA).
Quality of life: Heinrichs Quality of Life Scale (QLS).
A tendência ao suicídio em pacientes
portadores de esquizofrenia com sintomas
depressivos.
Suicidality in middle aged and older patients with
schizophrenia and depressive symptoms:
• Results: The mean age of patients was 52.4+ 6.9 years. Subjects
with suicidality (ISS scores > 0) had lower QLS scores
compared to those without suicidality.
• However, there were no differences in UPSA, SSPA nor MMAA
scores between the two groups. In addition, based on
Spearman's rho correlational analysis, there were significant
associations of QLS scores with ISS scores (r = - 0.236) and
with MMAA total errors scores (r = 0.174).
• Logistic regression demonstrated that only QLS scores
predicted suicidality.
• Conclusion: Thirty-six percent of our sample had at least mild
degrees of suicidality. Lower quality of life appears to be an
important predictor of suicidality. Copyright © 2007 John Wiley
& Sons, Ltd. Received: 26 May 2006; Accepted: 12 March 2007
A tendência ao suicídio em pacientes
portadores de esquizofrenia com sintomas
depressivos.
Suicidality in middle aged and older patients with
schizophrenia and depressive symptoms:
• J. Kasckow 1 *, L. Montross 2, S. Golshan 2, S. Mohamed
3, T. Patterson 2, E. Sollanzano 2, S. Zisook 21
• VA Pittsburgh Health Care System, Pittsburgh, PA and
Western Psychiatric Institute and Clinics, University of
Pittsburgh Department of Psychiatry, Pittsburgh, PA, USA
• 2VA San Diego Healthcare System and University of
California San Diego Department of Psychiatry, CA, USA
3Central Texas Veterans Health Care System, Temple, TX,
USA
email: J. Kasckow ([email protected])
Conclusão:
1- Qualidade de vida pode ser investigada através de
algumas questões desde a entrevista inicial do paciente.
2- No passado, evitavam-se equivocadamente questões
que implicitamente invadiam a privacidade do paciente
além do que era “estritamente” necessário, o difícil era o
se advinhar o que é “estritamente” necessário.
3- Psiquiatras e demais profissionais da área de saúde
precisam incentivar os seus pacientes a melhorar a
qualidade de vida, desenvolvendo atitudes que promovam
a autonomia, a livre escolha e a resiliência.
4- Em princípio, o paciente informado deve participar de
todas as etapas do tratamento como parceiro de seus
cuidadores.
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Qualidade de vida- XV Fórum de Psiquiatria da UFRJ