Prefeitura Municipal de Porto Alegre Hospital Materno Infantil Presidente Vargas SÍNDROME DA BANDA AMNIÓTICA – RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Caye LM, Dutra BP,Cunha AC, Telles JAB, Medeiros ED Objetivos Materiais e Método Descrever um caso Síndrome da Banda Amniótica diagnosticado durante cesárea de urgência e relacioná-lo à revisão atualizada da literatura. Revisão de prontuário médico e análise de artigos de interesse. Relato de Caso SMV, 35 anos, feminino, branca, G6 P5, idade gestacional de 28 semanas + 5 dias avaliada por US de 13 semanas, consultou em pronto atendimento por contrações esporádicas e perda de líquido iniciada há 3 horas. Tabagista há 20 anos (20 cigarros/dia), havia realizado seis consultas de pré-natal até o momento, tendo história de vaginite durante a gestação e uso de Tinidazol e Metronidazol. Ao exame, apresentava TA 120/60 mmHg; Tax 36,5°C; AU 28 cm; BCF 130 bpm; TV médio, centrado, 1-2 cm de dilatação, bolsa protrusa; dinâmica ausente. Ecografia realizada demonstrou feto único, pélvico, com BCF e MF presentes e líquido amniótico aparentemente diminuído. Internada, paciente recebeu Ampicilina 2g EV de 6 em 6 horas e a primeira dose de Betametasona 12mg IM. Avaliação laboratorial solicitada evidenciou presença de Trichomonas vaginalis no EQU, ausência de germes na urocultura e leucocitose com desvio à esquerda no hemograma. Três horas após a internação, gestante passa a apresentar dinâmica (2/10’) e inicia-se Terbutalina 15 gotas/ minuto. Cinco horas depois, verificou-se, ao toque vaginal, colo médio, centrado, dilatação de 3 cm, bolsa íntegra e prolapsada com presença do membro inferior esquerdo do feto. O líquido amniótico estava claro e sem grumos. Foi indicada cesárea de urgência. Durante o trans-operatório foi realizado diagnóstico da Síndrome de Banda Amniótica, com anel de constrição acima das órbitas, causando impressão na pele de aproximadamente 5 mm de profundidade e malformação nasal e de membros inferiores. RN nasceu com 1120g, hipotônico e hipoativo, em regular estado geral, com índice de Apgar 3 e 7 (1’ e 5’) e Capurro de 33 +1, foi ao óbito 5 horas após o nascimento. Discussão A Síndrome da Banda Amniótica (SBA) é uma condição esporádica com prevalência de 1:1200 a 1:15000 nascidos vivos, sendo mais alta em natimortos1. Trata-se de uma patologia de origem não genética, de ocorrência ocasional na natureza, que pode ocasionar um amplo espectro deformidades nas extremidades, no corpo e na região craniofacial fetal 2,3. Associações comumente descritas na literatura incluem amputações de dedos e artelhos, sindactilia, acrosindactilia, atrofia distal, deformidades de tronco, anencefalia, encefalocele, hidrocele e lábio leporino 2,4. Em relação à etiopatogenia, a maioria dos autores relaciona esta síndrome à ruptura precoce do âmnio e oligodramnia, permitindo a formação de bandas mesodérmicas entre o cório e o feto5. O diagnóstico pré-natal é difícil e pode ser realizado através da ultra-sonografia no final do primeiro trimestre da gravidez2. O grau de deformidade e o prognóstico da doença dependem da extensão das bandas e da idade gestacional da ocorrência. Nos casos compatíveis com a vida, a liberação dos anéis constritivos constitui a base do tratamento. Bibliografia: 1. Bodamer AO, Popek EJ, Bacino C. Atypical presentation of amniotic band sequence. Am J Med Genet 2001; 100(2):100-2. 2. Pardini Jr AG, Santos MA, Freitas AD. Bandas de Constrição Congênitas. Acta Ortop Bras 2001; 9(2): 3-10. 3. Sentilhes L et al. Amniotic band syndrome: pathogegesis, prenatal diagnosis and neonatal management. J Gynecol Obstet Biol Reprod 2003; 32 (8 Pt 1): 693-704. 4. Ben Salah M, Boujellabia H, Tiss M, Amri A et al. Amniotic band syndrome. Case report. Tunis Med 2000; 78(12): 743-5. 5. Morovic CG, Berwart F, Varas J. Craniofacial anomalies of the amniotic band syndrome in serial clinical cases. Plast Reconstr Surg 2004 May;113(6): 1556-62.