Profa. Me. Erika Bataglia Para que Filosofia? a) Conhece-te a ti mesmo Oráculo possui dois significados: ◦ Uma “mensagem misteriosa” enviada por um deus em resposta a uma indagação feita por algum homem; ◦ “Uma pessoa especial”, quem recebe a mensagem divina e a transmite para quem enviou a pergunta, deixando que o interrogante decifre a resposta recebida. Cidade de Delfos - santuário dedicado ao deus Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. “Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates ao consultar o oráculo de Delfos recebe a seguinte resposta: “ Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”. b) Paralelo entre a personagem Neo de Matrix e Sócrates A tarefa de Neo é destruir a falsa e aparente realidade projetada pela Matrix, vencer o poder da Matrix é destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam compreender e perceber o mundo verdadeiro e viver realmente nele. Sócrates, por sua vez, jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças estabelecidas. Ele desconfiava das aparências e procurava a realidade verdadeira de todas as coisas. b) Paralelo entre a personagem Neo de Matrix e Sócrates Perguntas aos atenienses. Maiêutica. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a bondade, a beleza, a verdade, mas um prolongado diálogo com Sócrates os fazia perceber que não sabiam o que era aquilo em que acreditavam. Sócrates perguntava “ o que é” isto ou aquilo. Com esta pergunta ele pretendia questionar a realidade essencial e profunda de uma coisa para além das aparências e contra as aparências. Assim, Sócrates levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e a verdade. Sócrates – 469-399 a.C Ateniense, de vida simples. Maiêutica / Dialética. “Conhece-te a ti mesmo”. “Sei que nada sei”. Nada escreveu. A Alegoria da Caverna Neste mito, denominado “Mito da caverna”, Platão imagina homens presos ao fundo de uma caverna de tal maneira que são capazes apenas de olhar para o fundo da caverna. Atrás dos homens acorrentados encontra-se um muro ao longo do qual passam diversos outros homens conversando e carregando figuras e imagens de todos os tipos. Um pouco atrás e acima destes homens crepita uma fogueira que ao incidir sua luz sobre os objetos que os homens carregam acaba por projetar as sombras de tais objetos no fundo da caverna. Os prisioneiros que não podem ver senão estas sombras julgam que as vozes emitidas pelas sombras são das próprias sombras, assim como acreditam que as sombras dos objetos carregados pelos homens ao longo do muro são seres reais. Entretanto, o que aconteceria se um prisioneiro se livrasse das correntes que lhe predem no fundo da caverna? Ele iniciaria um processo doloroso de mudança de perspectiva. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o ultrapassa. Ao se deparar com a fogueira, a luz desta ofusca sua visão e é então obrigado a adaptarse a ela. Prosseguindo a escalada atinge seu término quando ultrapassa a entrada da caverna e se depara com a luz do próprio sol. Neste momento o ex-prisioneiro enche-se de dor devido ao forte brilho da luz do sol Todavia, ele sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento ( ferido pela luz) por que seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas. Seu primeiro impulso é voltar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraída pela escuridão, que lhe parece mais familiar e acolhedora. Indisposto a regressar à caverna por causa das dificuldades do caminho, o ex-prisioneiro permanece no exterior e inicia um processo de adaptação que irá lhe permitir habituar-se à luz e ver o vasto mundo que agora defronta. Descobre então que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Deseja então ficar longe da caverna e nunca mais regressar. Porém, não pode evitar lastimar a sorte de quem ficou acorrentado ao fundo da caverna. Assim, toma a difícil decisão de regressar ao fundo da caverna para convencê-los a se libertarem também. O que acontece neste retorno? Primeiro, os demais prisioneiros zombam dele, e se não conseguem silenciá-lo com suas zombarias, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu, então será morto por seus ex-companheiros. Mas alguns podem lhe dar ouvidos e se libertarem também. Alegoria da Caverna Alegoria da Caverna Alegoria da Caverna Assim tanto a personagem Neo quanto Sócrates mobilizam esforços para libertar as pessoas das ilusões em que se encontram imersas. A Matrix e a caverna se equivalem, e é preciso a passagem dolorosa da consciência ingênua à filosófica para que haja liberdade de espírito. d) Nossas crenças costumeiras Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas ou situações. Fazemos perguntas como “ Que horas são?” ou “ Que dia é hoje?” Dizemos frases como “ Ele esta sonhando” ou “ Ela ficou maluca”. Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, “Esta casa é mais bonita do que a outra” e “Maria está mais jovem do que Glorinha”. Quando pergunto “Que horas são?” ou “Que dia é hoje?”, minha expectativa é de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, pode ser medido em horas e dias etc. Desse modo, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças. Por que “crenças”? Porque são coisas ou idéias em que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. Quando digo “ Ele esta sonhando” para me referir a alguém que esta acordado e diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado, que, no sonho, o impossível e improvável se apresentam como possível e provável, e também que o sonho se relaciona com o irreal etc. Enfim, para fazermos cada uma daquelas afirmações ou mesmo para respondermos cada uma daquelas perguntas mobilizamos uma série de crenças cuja validade não averiguamos rigorosamente. e) Exercendo nossa liberdade Quando dizemos que uma casa é mais bonita que a outra ou que Maria está mais jovem que Glorinha, acreditamos que as coisas, as pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados por sua qualidade(bonito, feio, ruim, jovem, velho etc.) ou por sua quantidade( muito, pouco, mais, menos, maior, menor etc.). Se dissermos, por exemplo, que o sol é maior do que o vemos, estamos acreditando que nossa percepção alcança as coisas de modos diferentes, às vezes tais como são em si mesmas, outras vezes tais como nos aparecem, dependendo da distância, de nossas condições etc. Sendo assim, acreditamos que elas e nós ocupamos lugares no espaço e, portanto, cremos que este existe, pode ser diferenciado (perto, longe, alto, baixo) e medido ( comprimento, altura e largura). O homem diferencia verdade de mentira. Mais do que isto, quando distinguimos entre verdade e mentira e diferenciamos mentiras inaceitáveis (quem mente voluntariamente com má intenção) de mentiras aceitáveis (cinema, novelas, teatro), não estamos nos referindo apenas ao conhecimento ou desconhecimento da realidade, mas também ao caráter da pessoa, à sua moral. Acreditamos, assim, que as pessoas, porque possuem vontade, podem ser morais ou imorais e, desse modo, cremos que exercer tal poder é exercer a liberdade, porque acreditamos que somos livres porque escolhemos voluntariamente nossas ações, ideias e sentimentos. f) conhecendo as coisas Acreditamos que ter objetividade é ter uma atitude imparcial que percebe e compreende as coisas tais como são verdadeiramente, enquanto a subjetividade é uma atitude parcial, pessoal. A subjetividade não percebe adequadamente a realidade e, voluntária ou involuntariamente, a deforma. Por outro lado, achamos óbvio que todos os seres humanos sigam normas e regras de conduta, possuam valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivam na companhia de outros seres humanos e procurem distanciar-se dos diferentes com os quais entram em conflitos Isso significa que acreditamos que somos seres sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio. Como ficou claro, nossa vida cotidiana é feita de crenças silenciosas, da aceitação de coisas e ideias que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Entretanto... g) E senão for bem assim? Cremos que nossa vontade é livre para escolher entre o bem e o mal Cremos também na necessidade de obedecer às normas e às regras de nossa sociedade. Ou seja, há momentos em nossa vida em que vivemos um conflito entre o que nossa liberdade deseja e o que nossa sociedade determina e impõe. Sobre o tempo: Se estamos fazendo algo que gostamos, ele “voa”, e, ao contrário, parece que ele para quando queremos que ele corra... “Vemos” o sol passando pelo céu, mas a astronomia nos diz que é aterra que está em movimento. O que é a verdade, então? É possível conhecê-la? Que acontece, porém, quando, numa situação, nossa vontade nos indica que é bom fazer ou querer algo que nossa sociedade proíbe ou condena? Ou, ao contrário, quando nossa vontade julga que será um mal e uma injustiça querer ou fazer algo que nossa sociedade exige e obriga? h) Momentos de crise. Quando uma crença contradiz outra ou parece incompatível com outra, ou quando aquilo em que sempre acreditamos é contrariado por outra forma de conhecimento, entramos em crise. Algumas pessoas não consideram estas incongruências, outras, porém, sentem-se obrigadas a indagar qual a origem, o sentido e a realidade de nossas crenças. Sou livre quando quero ou faço algo que contraria minha sociedade, ou sou livre quando domino minha vontade e a obrigo a aceitar o que minha sociedade determina? Ou seja, sou livre quando sigo a minha vontade ou quando sou capaz de controlá-la? Ora, para responder a estas questões, precisamos fazer outras perguntas, mais profundas. Temos de perguntar: “O que é a liberdade?”. “O que é a vontade?”, “O que é a sociedade?”, “O que são o bem e o mal. O justo e o injusto?” “Como é possível que haja duas realidades temporais diferentes, a marcada pelo relógio e a vivida por nós?”, “Qual é o tempo real e verdadeiro”? Mas para responder a essas perguntas, novamente é preciso fazer uma pergunta mais profunda e indagar: “O que é o tempo”? Se não percebemos os movimentos da terra e se nossos olhos se enganam tão profundamente, será que poderemos sempre confiar em nossas percepções visuais ou devemos sempre desconfiar delas? Para responder a essas perguntas, precisamos fazer duas outras, mais profundas: “O que é perceber?” e “O que é realidade?” O que esta por trás de tais perguntas? O fato de que estamos mudando de atitude. Quando o que era objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando da atitude costumeira à atitude filosófica. Esta mudança de atitude indica algo bastante preciso: quem não se contenta com as crenças ou opiniões pré-estabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas, quem procura compreender o que elas são e porque são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo de saber. E é exatamente isso o que, na origem, a palavra filosofia significa, pois, em grego, philosophía que dizer “amor à sabedoria”. i) Buscando a saída da caverna ou a atitude filosófica. Alguém que tomasse a decisão de não aceitar como óbvias as “verdades” impostas, tomando distância e questionando a si mesmo estaria desejando o conhecimento. “Conhece-te a ti mesmo” Começaria assim a atitude filosófica. Em uma primeira tentativa, pode-se dizer que Filosofia é: A decisão de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-las sem antes havê-los investigado e compreendido. Filosofar para não dar aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações. Ela surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas. A postura filosófica Ações são motivadas por conhecimentos acerca do mundo. Esses conhecimentos são de caráter prático – legado da tradição – cultura. Não reflexiva Reflexão: indica o ato da razão de voltar-se sobre si mesma para avaliar seu próprio conhecimento, sua validade. A postura filosófica Atitude filosófica: ◦ Questionamento crítico das nossas “certezas”, pergunta pela real natureza das coisas. Postura filosófica: ◦ Negativa – Expressa pela interrogação, pelo questionamento do que se apresenta como verdadeiro. ◦ Positiva – expressa pela busca de se descobrir o que as coisas verdadeiramente são. Para que Filosofia? Mas para que serve a Filosofia? Qual a utilidade do conhecimento filosófico? O que nos traz os questionamentos sobre o que, o como, o porquê das coisas? O que é Filosofia? O que podemos dizer é que a Filosofia é um tipo de saber (conhecimento) que se coloca numa posição anterior àquela em que estão os conhecimentos que visam a realizações técnico-materiais. Ela situa-se exatamente no espaço em que podem ser levantadas de forma legítima as perguntas pelo limite e finalidade de nossos conhecimentos e de nossas ações (no mundo e sobre o mundo). Tentativas de Definição do que é Filosofia 1) Visão de Mundo : visão caracterizada pelas concepções gerais de um povo sobre o que seja o mundo, a vida e o seu sentido; 2) Sabedoria de Vida : Expressa por um conjunto de ações que visam construir uma vida na qual a justiça, a sabedoria e a felicidade sejam alcançadas; Tentativas de Definição do que é Filosofia 3) Tentativa racional de compreender o universo como um todo ordenado e pleno de sentido. Aqui busca-se de forma racional e reflexiva uma explicação totalizante do sentido e do fundamento do universo, ou seja, busca-se saber quais são os princípios fundamentais que sustentam a ordem e dão ao mundo o seu sentido; 4) Fundamentação teórica e crítica do conhecimento e das práticas: Nesta definição a Filosofia é encarada como a realização da própria postura reflexiva que a engendra: a crítica ao estabelecido. Nesse sentido a Filosofia seria análise e crítica da arte, da ciência, da cultura, da política, da história etc. Não se confundiria com nenhum de seus objetos, mas estaria sempre relacionada com eles por meio de seu questionamento ao conhecimento que cada um deles apresenta. A origem grega da Filosofia Do grego : philia, que significa “amizade”, “amor” e sophia que significa “sabedoria”.Atribui-se a Pitágoras. Portanto, Filosofia que dizer amor à sabedoria. Nesse sentido, a Filosofia indica uma busca por algo que se deseja, mas não se tem. Buscar o saber, desejar o saber é a tarefa da Filosofia. Assim, no sentido etimológico do termo, o filósofo não é necessariamente alguém que detenha o conhecimento, mas sempre indica aquele que o deseja. A relação entre mito e filosofia As indagações que motivaram o surgimento da Filosofia (e que motivaram também o surgimento dos mitos e das religiões, mas cujas respostas já não mais satisfaziam àqueles que indagavam filosoficamente) estavam relacionadas à compreensão do que se constituía a natureza e às mudanças constantes que nela eram verificadas: ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ como surgiu o mundo? do que é que é feito o mundo? por que o dia torna-se noite? por que aquilo que está frio torna-se quente e o quente frio? por que aquilo que outrora era doce agora me parece amargo? por que as estações sucedem-se continuamente? Mito X Filosofia Qual é a relação entre Mito e o surgimento da Filosofia? Seria a Filosofia uma ruptura radical com o Mito ou uma continuação deste? Mito Uma narrativa sobre a origem dos astros, da Terra, dos homens, da morte, da saúde, das raças, das guerras, enfim, de todas as coisas existentes no mundo. Do grego mythos: contar, falar, narrar, designar. Poeta-rapsodo: Autoridade Podemos apresentar a diferença entre Mito e Filosofia dizendo que o Mito centra suas explicações em forças sobrenaturais, ao passo que a Filosofia procura basear suas explicações em causas naturais, impessoais e racionais. Importante: Ambos tentavam explicar as coisas do mundo, como veremos: Genealogia -Eros Os apaixonados estão sempre entre a ansiedade e a plenitude. Penúria: miserável e faminta. Póros: astuto, engenhoso. Eros, sempre miserável e sedento de amor, cria artimanhas para estar perto do ser amado. A Filosofia surge como uma Cosmologia, ou seja, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas. Século VII a.C em Mileto (Turquia). Dentre as principais características dessa nova forma de pensamento podemos destacar: ◦ a) a idéia de que a Natureza é regida por leis necessárias e universais ◦ b) a idéia de que o homem por seus próprios meios pode conhecer essas leis ◦ c) a idéia de que também o pensamento humano opera seguindo leis universais e necessárias, as quais permitem distinguir entre o verdadeiro e o falso ◦ d) a idéia de que as ações humanas podem ser regidas pela vontade livre ◦ e) a idéia de que mesmo em um mundo em que imperam leis necessárias e universais há espaço para o contingente,em especial quando há a interferência da vontade livre dos seres humanos nas causas dos fenômenos Filósofo Elemento Tales Água Anaximandro Ápeiron Anaxímenes Ar ou frio Pitágoras Número Heráclito Fogo Empédocles 4 qualidades Anaxágoras 4 sementes (4 elementos) Átomo Leucipo e Demócrito Escola de Atenas (Causarum Cognitio), de Rafael Sanzio afresco, pintado de 1509 a 1510 Stanza della Segnatura (Vaticano) ALCIBÍADES OU ALEXANDRE ANTÍSTENES OU PLATÃO E XENOFONTES ARISTÓTOTELES AGATON SÓCRATES HYPATIA EPICURO AVERRÓIS PLOTINO PERIPATÉTICOS ZOROASTRO,PTOLOMEU PARMÊNIDES OU XENÓCRATES DIÓGENES ANAXÁGORAS ANAXIMANDRO RAFAEL HERÁCLITO PITÁGORAS EUCLIDES Heráclito - 540-470 a.C. Somente a mudança é real, a permanência é ilusória. O mundo é fluxo perpétuo (devir) onde nada permanece igual a si mesmo, mas se transforma no seu contrário. Parmênides – 530-460 a.C. O que é, é. O que é não pode não ser. Dizer que o ser “é” implica que ele só pode ser ele mesmo e não “outro”. É a identidade ontológica. Somente a identidade e a permanência são reais e a mudança é ilusória. Parmênides O ser é sempre idêntico a si mesmo, sem contradições, imutável e imperecível. O ordenamento cósmico é estático. O devir (fluxo dos contrários) é a aparência sensível, mera opinião. A mudança é o não-ser, o nada, o indizível. Sofistas A solução platônica para o conflito Heráclito X Parmênides A fundação da metafísica A segunda navegação, portanto, leva ao reconhecimento da existência de dois planos do ser: ◦ Um, fenomênico e visível. ◦ Outro, invisível e metafenomênico, captável apenas com a mente, puramente inteligível. O verdadeiro ser é constituído pela “realidade inteligível”. O Demiurgo Por que o Demiurgo quis gerar o mundo? Por “bondade” e por “amor” ao bem. Mundo Sensível Mundo inteligível Diferença Identidade Aparência Essência Particular Universal Contingente Necessário Relativo Absoluto Corpo (soma) Alma (psiqué) Corpóreo Incorpóreo Finito Infinito Dóxa (opinião) Epistéme (ciência) Assim, temos o mundo sensível da matéria, o mundo inteligível das puras formas imateriais, e, acima desses dois mundos, uma realidade suprema, separada de todo o resto, inalcançável pelo intelecto humano, luz pura e esplendor imaterial, o Uno ou o Bem. Se o mundo sensível é imperfeito, como passar para o inteligível? Antes de continuarmos, é importante usar uma alegoria criada por Platão: A alegoria da Caverna Como é possível o acesso ao inteligível? Dialética . Diagrama da Linha dividida MUNDO INTELIGÍVEL nóesis ou episteme intuição intelectual diánoia raciocínio ou pensamento matemático pístis e doxa crença e opinião eikasía imagens MUNDO SENSÍVEL