O recém–nascido: novas atitudes A PRIMEIRA HORA DE VIDA Almerinda Barroso Pereira Hospital de Braga Índice de Fertilidade na Europa Portugal Mortalidade Infantil O recém–nascido: novas atitudes A PRIMEIRA HORA DE VIDA • • • • • • Diagnóstico pré – natal Aspetos psico sociais do parto A transição da vida intra uterina para extra uterina Material reanimação Técnicas de reanimação Nova terapêutica EHI Pré Natal • Consulta pré concecional • Vigilância pré natal – Norma 037/2011 DGS – Exames laboratoriais na gravidez – Norma 023/2011 DGS - Exames ecográficos na gravidez • Antecedentes Patológicos: - Maternos, Paternos, Familiares • Antecedentes Obstétricos: – Anomalias Congénitas, Abortos • • • • Doenças durante a gravidez: Medicação /drogas usada na gravidez Alergias mãe, pai, irmãos História Obstétrica: - Diabetes, Pré Eclampsia • Estudos efetuados Pré natal: Rastreios Bioquímicos 1º trimestre, Serologias, Hemograma, Analises Urina Ecografias três Trimestres – Grupo Sangue, Factor Rh, Coombs – Rastreio de estado de portadora de SGB Aspetos psicossociais • Preparação para o parto. • Suporte emocional durante trabalho de parto. • Comunicação dos profissionais de saúde com a parturiente e acompanhante durante o parto. Cochrane Database Syst Rev. 2007; • A transição com sucesso da vida intrauterina para extra uterina depende de alterações fisiológicas que ocorrem ao nascimento. • 90% RN nascem bem sem assistência. • 10% RN necessitam de alguma intervenção. • 1% RN necessitam reanimação. Circulation. 2010;122(18 Suppl 3):S909. Fatores de risco: • Maternos: – Idade, Diabetes, Hipertensão, Uso de Drogas – Antecedentes de Prematuridade, Morte Fetal, Morte Neonatal • Fetais: – Pré-termo, Pós-termo, Anomalias Congénitas, Gemelaridade • Complicações anteparto: – Anomalias placentares, oligoamnios, hidramnios • Complicações do parto: – Apresentação fetal, corioamnionite, mecónio, Alt. CTG, drogas, parto instrumentado Textbook of Neonatal Resuscitation, 5th ed, Kattwinkel, J (Ed), American Academy of Pediatrics 2006. • Fatores de Risco para Sepsis: - Febre intraparto>38ºC - Rotura Membranas ≥ 18 Horas - Gestação < 37 Sem - Corioamnionite - Mãe portadora de SGB Dificuldades neonatais • Apneia – Depressão neurológica EHI, doença neuromuscular • Obstrução da via aérea – Mecónio, muco, malformações via aérea • Alterações função pulmonar – Causas externas: pneumotórax, derrame pleural – Hipoplasia pulmonar: hérnia diafragmática, oligoamnios – Doença pulmonar: défice surfactante, pneumonia, TTRN • Hipertensão pulmonar persistente • Patologia cardíaca estrutural ou funcional American Academy of Pediatrics 2006. • Material de reanimação sempre disponível e regularmente revisto o seu funcionamento. • Pessoal com treino sempre presente no parto. • 1 profissional com treino para acolhimento RN e conhecimentos para avaliação e iniciar manobras reanimação. • Mais 1 profissional disponível, à chamada, para reanimação J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2009;38(4):443. avançada. Circulation. 2010;122(18 Suppl 3):S909. Material de Reanimação RN Sala de Partos • • • • • • • • Tubos endotraqueais específicos para aspiração de mecónio Insuflador auto-insuflável com válvula limitadora de pressão, volume de 250, 500 e 750 ml, equipado com válvula de pressão. Para administração de O2 a 90-100% deverá estar conectado a concentrador e a fonte de O2 a 5 l/min. Dispositivo para VPP de pressão controlada com peça em T Permite o controlo da PIP (25 cmH2O nos RN termo) e da PEEP (4 a 5 cmH2O). Misturadora de ar comprimido e oxigénio Capnógrafo (detetor de CO2 no ar expirado) Máscara Laríngea insuflável adaptada a um tubo onde se conecta o dispositivo de VPP. Técnica alternativa à EET e à VPP com máscara. T 1 para RN com IG>34 semanas e/ou peso > 2000g e < 5000g. Oxímetro de pulso, portátil, tolerante ao movimento, validado para condições de baixa perfusão e específicos para utilização no RN Agulhas intra-ósseas Consenso Neonatologia 2012 , Graça Oliveira, Margarida Albuquerque, Bruno Miguel Cardoso, Eurico Gaspar, Ricardo Costa, Teresa Aguiar, Joana Mesquita, Dulce Oliveira , Susana Pissara Ao nascimento: • O RN é de termo, pré termo tardio? • O RN respira ou chora? • O RN tem bom tónus? • Não aspirar vias aéreas por rotina. • Laquear cordão umbilical > 1 minuto. Pediatrics. 2010;126(5):e1400. • O RN é seco com uma toalha aquecida. • Colocar RN em contacto pele a pele com a mãe logo após o nascimento. • Amamentar na primeira hora de vida. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2005;45(5):453. Gynecol Obstet Invest. 2006;61(1):9. Não aspirar vias aéreas por rotina • Há evidência de que a aspiração das vias aéreas no RN com choro vigoroso Sat tc. • Aspirar no RN: – Com obstrução evidente das vias aéreas. – Com necessidade de pressão positiva. – 1º Boca e depois narinas. – Evitar aspirar a faringe posterior. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2005;45(5):453. Gynecol Obstet Invest. 2006;61(1):9. Liquido Amniótico com Mecónio • Na presença de liquido amniótico com mecónio, não está indicada a aspiração das vias aéreas do RN `a vulva. • Não está indicada a aspiração das vias aéreas no RN vigoroso. • O RN deprimido deve ser aspirado sob laringoscopia, antes de iniciar pressão positiva. – Se sinais de dificuldade respiratória – UCIN – Sem mecónio nas vias aéreas e Apgar ≥ 9 aos 5´ – vigilância clinica. Pediatrics. 2006;117(5):e989. J Obstet Gynaecol Can. 2009;31(4):353. Laquear Cordão Umbilical > 1 minuto • RN Termo: • Hb RN, Feritina aos 6 meses, anemia aos 2 e 6 meses. • Risco de policitemia e icterícia • Não efetuar laqueação tardia nas RCIU • RN pré termo (30´ - 120`): Transfusões, NEC, HIV JAMA. 2007;297(11):1241. Cochrane Database Syst Rev. 2008; Cochrane Database Syst Rev. 2012;8:CD003248. Prematuridade Pré – Termo Tardio (IG 34 sem a 36 sem 6 dias) • Risco Acrescido: – Hipotermia – menos tecido adiposo – Hipoglicemia – resposta metabólica insuficiente – Dificuldade respiratória – imaturidade pulmonar: Menor IG Parto por cesariana Diabetes materna TTRN HPP – Dificuldade iniciar mamada Pediatrics. 2007;120(6):1390. Acta Paediatr. 2012;101(1):e6. Reanimação RN Sala de Partos • No RN de termo é preferível iniciar a reanimação com ar ambiente (FiO2 21%) do que com FiO2 a 100%. • A concentração de O2 a administrar deve ser regulada por misturadora de O2 e ar comprimido e orientada por oximetria de pulso avaliada no membro superior direito. • A FC é o sinal vital mais importante e condicionador de toda a reanimação. O melhor método de avaliação da FC é a auscultação cardíaca. • A hipotermia induzida deve ser considerada, nos RN de termo ou quase termo (IG ≥ 36 semanas), com encefalopatia hipóxicoisquémica moderada ou grave. Consenso Neonatologia 2012 Graça Oliveira, Margarida Albuquerque, Bruno Miguel Cardoso, Eurico Gaspar, Ricardo Costa, Teresa Aguiar, Joana Mesquita, Dulce Oliveira , Susana Pissara CONSENSOS Neonatalogia 2012 REANIMAÇÃO DO RECÉMNASCIDO DE TERMO NA SALA DE PARTOS • Aquecimento • Permeabilização da via aérea: – boca e nariz, com pressão máxima de 100 mmHg • Estimulação • Ventilação Pressão Positiva – 40 - 60 cl/mto pressão mínima para expansão torácica – dispositivo pressão controlada com peça em T PIP de 25 cmH2O com limitação de pressão a 30 cmH2O PEEP de 4 a 5 cmH2O. 5 primeiras insuflações Tin de 2 a 3` • Entubação Endo Traqueal – Posição adequada do TET deve ser confirmada: melhoria clínica com aumento da FC expansão pulmonar auscultação pulmonar simétrica utilização do capnógrafo • Compressões Torácicas – Se a FC se mantiver <60 bt/mto após 30` de VPP eficaz • Fármacos – Se a FC < 60 bt/mto compressões torácicas e VPP eficaz Adrenalina Expansor de Volume (NACL 0,9%, Lactato de Ringer, Sangue 0 Rh negativo) Naloxona ( não ad. no filho de mãe toxicodependente ) Glicose Se após 10 minutos de reanimação adequada não houver resposta (assistolia) Devem ser interrompidas manobras de reanimação. Na sala de partos não está recomendada a administração: bicarbonato aminas vasoactivas Reanimação RN <32 Semanas • Necessidade equipamento e pessoal com treino • Estratégia para: – manutenção da temperatura corporal – diminuir o risco de lesão cerebral – otimizar a reanimação respiratória Material Específico < 32 sem • • • • • Saco térmico/colchão térmico Oxímetro de pulso Misturadora de ar comprimido e oxigénio Dispositivo de pressão controlada com peça em T Incubadora de transporte com: – ventilação invasiva (VI) – ventilação não invasiva (nCPAP). Manutenção da Temperatura Corporal • Manter a temperatura ambiente sala a 26ºC • Ligar o irradiador com antecedência • No RN com IG <28 semanas recomendada a sua colocação, sem secar, em saco de polietileno ou uso de colchão térmico • Colocar touca Diminuir o Risco de Lesão Cerebral • • • • Evitar manobras bruscas, manipulação mínima Mesa de reanimação em posição horizontal Evitar ad. solutos hipertónicos e infusões EV rápidas Evitar pressões inspiratórias elevadas Otimizar a Reanimação Respiratória • • • • Ventilação por pressão positiva Aporte de oxigénio Utilização do surfactante Estratégia de ventilação Ventilação por Pressão Positiva • Dispositivo de pressão controlada com peça em T – PIP 20 cmH2O. PEEP 4 e 6 cmH2O. – Pode efetuar nCPAP na sala de partos. OXIGÉNIO • Usar misturadora de ar comprimido com O2. Regular FiO2 administrado. • O2 mínimo para SpO2 pré - ductal (sensor no membro superior direito) entre 85-93% após os 10 primeiros minutos de vida. SURFACTANTE • 200 mg/kg por via ET • IG (semanas) Surfactante • < 26 sem Profilático (30`) • 26-32 sem Profilático se entubação Tratamento precoce (FiO2 30%) nCPAP/VI • ≥ 32 sem Tratamento precoce Ventilação VI/nCPAP nCPAP/VI (SOS) Estratégia de Ventilação • RN com autonomia respiratória (respiração regular, FC>100 bt/mto): na incubadora de transporte colocá-lo em nCPAP (pressão de 4-6 cmH2O) com interface adequada e bem adaptada. • RN sem autonomia respiratória (respiração irregular, apneia, dificuldade respiratória, com IG <26 sem?): o RN deve ser entubado, e transportado em ventilação invasiva. HIPOTERMIA INDUZIDA Tratamento da Encefalopatia Hipoxico - Isquémica • Terapêutica disponível 4 Centros Portugueses • • A evidência atual demonstra ser uma técnica segura e eficaz na redução do risco de morte ou sequelas na EHI moderada a grave, em RN de termo sujeito a asfixia perinatal aguda. Os mecanismos envolvidos incluem a diminuição do metabolismo cerebral, a redução do edema cerebral citotóxico e da pressão intracraniana e a inibição da apoptose. • INCLUSÃO DE UM RN – Deve preencher 1 critério A + 1 critério B CONSENSO NACIONAL: André Graça, Filomena Pinto, Ana Vilan, Alexandra Dinis, Isabel Sampaio, Cristina Matos, Manuela Rodrigues, Farela Neves • A. Critérios sugestivos de asfixia: – Índice de Apgar ≤ 5 aos 10 minutos de vida – Necessidade mantida de manobras de reanimação aos 10 minutos de vida – Acidose com pH < 7.0 nos primeiros 60 minutos de vida (incluindo gases do cordão) – Défice de bases igual ou superior a 16 mmol/L nos primeiros 60 minutos de vida • B. – Convulsões – Encefalopatia moderada a grave (definida por alteração do estado de consciência, tónus, reflexos ou autonomia respiratória) CUIDADOS NO HOSPITAL DE ORIGEM • • • • • Contatar centro de referência para propor transferência RN Pedir consentimento informado aos pais Desligar todas as fontes de calor. Temperatura retal entre 34 e 35ºC Devem ser colocados cateter umbilical venoso duplo lúmen e arterial Acesso venoso periférico • Líquidos 40 ml/kg/dia • Hematócrito <40% - concentrado de eritrócitos 15 ml/kg • • • • Evitar a hipocapnia, manter pCO2 > a 45 mmHg. FC 100 a 110 bt /mto (temp.34ºC e 35ºC ) Se convulsões dose inicial de fenobarbital. Se sinais de desconforto iniciar morfina 100 mcg/kg, seguida de perfusão contínua 10-20 mcg/kg/h A primeira hora de vida – Novas atitudes Para um final feliz.