Aspectos clínicos do Trauma Rebecca Melo Tayane Miranda Salvador Agosto de 2015 Trauma é uma doença evitável • Pandemia : 2009-1,3 milhões de mortes • 20 a 50 milhões sobrevivem com alguma lesão • 3ª Causa de morte 30 a 44 anos • 2ª Causa de morte5 a 14 anos • 1ª Causa de morte15 a 29 anos • Brasil: 2\3(66,6%)Vitimas vulneráveis Conceitos 1º Tratar primeiro a ameaça maior a vida 2º A falta de um diagnóstico definitivo nunca deveria impedir a aplicação do tratamento indicado 3º Uma história detalhada não era essencial para iniciar a avaliação de um traumatizado Atendimento 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Preparação Triagem Exame primário (ABCDE) Reanimação Medida auxiliares ao exame primário e à reanimação Exame secundário (da cabeça ao dedo do pé) Medida auxiliares ao exame secundário Reavaliação e monitorização contínua Cuidados definitivos 1-Preparação • Fase pré-hospitalar -Manutenção das vias aéreas; -Controle dos sangramentos externos e do choque -Imobilização do doente -Transporte imediato ao PS • Fase Hospitalar -Planejamento antecipado da equipe médica -Equipamentos organizados e testados -Cristalóides aquecidos (RL) -Laboratório e radiologia -Equipe médica protegida 2-Triagem Tratamento X Recurso 1. Múltiplas vitimas Maior gravidade 2. Vitimas em massas Maior possibilidade de sobrevivência. 3-Exame primário O trauma mata com uma cronologia... 1. Obstrução de VAs; 2. Redução de volume; 3. Lesão de massa expansiva, intracraniana Vias aéreas com controle da coluna cervical • Desobstruir boca e laringe com estabilização da Coluna cervical • Corpo estranho, fraturas faciais, mandibulares ou tráqueo-laríngeas Se esta falando é pouco provável que tenha obstrução. Manobras de permeabilidade da VA Vias aéreas com controle da coluna cervical • Aspiração com cateter de ponta rígida e curva; • Manter VA aberta: Cânula orofaríngea, nasofaringea e Mascara laríngea. • Suplemento de O2 -Mascara de Venturi; -Mascara reinalante; -Mascara Não reinalante; -Bolsa Válvula Mascara(AMBU) Via aérea definitiva Intubação Orotraqueal Intubação Nasotraqueal • fratura de coluna cervical • impossibilidade de Rx coluna cervical • Contra indicação : fraturas de base de crânio e médio – faciais; Via aérea cirúrgica • Cicotireoidostomia por punção; • Cricotireoidostomia cirúrgica e • Traqueostomia. Suspeita de trauma cervical • Toda vítima inconsciente é portadora de TRM até que se prove o contrário; • Qualquer lesão acima da clavícula deve ser investigada para possível lesão de coluna cervical; • Trauma Multissistêmico. Imobilização Respiração e ventilação tórax do paciente • Via aérea pérvia não significa uma ventilação adequada • Boa Ventilação: Pulmão+ Parede torácica+ Diafragma • Exame físico(Despir o paciente) • Não há necessidade de exame complementar para diagnosticar lesões potencialmente fatais Respiração e ventilação tórax do paciente 1. Tórax tem incursões adequadas; 2. Ausculte ambos os hemotórax e 3. Use o oximetro de pulso • Observar presença de lesões graves implicam em risco imediato à vida como: • • • • • 1. Pneumotórax hipertensivo 2. Pneumotórax aberto 3. Hemotórax maciço 4. Tórax instável 5. Tamponamento Cardíaco que Pneumotórax Hipertensivo - Escape de ar do pulmão ou pela parede torácica para dentro do tórax, causando colapso pulmonar (válvula unidirecional). - Deslocamento do mediastino para o lado oposto, diminuindo o retorno venoso e causando compressão pulmonar contralateral. Dispneia; Ausência de MV Hipertimpanismo Turgência a Jugular Desvio do mediastino Taquicardia Cianose Hipotensão Condulta • Punção- 2º espaço intercostal na LMC • Drenagem intercostal em selo d’água: - Inserir dreno entre o 4º e 5º espaços intercostais, anteriormente à linha axilar média Pneumotórax aberto - Ferimentos extensos de parede torácica (> 2/3 do diâmetro da traquéia). - O ar entra preferencialmente pela lesão (menor resistência). - Ventilação ineficiente -> hipóxia. Conduta Hemotórax maciço - Acumulo rápido de mais de 1500 ml ou um terço ou mais do volume sanguíneo do paciente na cavidade torácica. - Causado geralmente por traumas penetrantes que acometem vasos sistêmicos ou hilares. - Pode ser causado por trauma torácico fechado. Conduta • Toracotomia com drenagem torácica em selo d’agua • Reposição volêmica Tórax instável (Retalho costal móvel) • 01 segmento da parede torácica perde continuidade com o restante da caixa torácica. • Fratura de dois ou mais arcos costais consecutivos em dois pontos. • Consequência imediata: Respiração Paradoxal. • A dor intensa restrição dos movimentos respiratórios hipóxia. Conduta • Via aérea definitiva • Ventilação assistida com O2 suplementar • analgésicos e • Hidratação Tamponamento cardíaco Acúmulo de sangue no saco pericárdico que restringe a atividade cardíaca interferindo no seu enchimento. Sinais clínicos: confusão mental e agitação inicialmente. Conduta distensão jugular • Pericardiocentese Tríade de Beck Abafamento de bulhas Hipotensão Circulação • Hemorragia: principal causa de óbito no trauma • Avaliar perda do volume sanguíneo e débito cardíaco; • Nível de consciência (Diminuição da circulação cerebral); • Cor da pele(cianose – perda 30% volemia) • Pulso (Taquicardia, filiforme e ausente) • Diurese (50ml/h) 3 parâmetros rápidos: nível de consciência, cor de pele e pulso Hemorragia • Controle do sangramento ativo com compressão local •A reanimação volêmica agressiva e contínua não substitui o controle definitivo da hemorragia Disfunção neurológica Nível de consciência Pupilas Avaliado através do Glasgow e AVDI* Tamanho (iso ou anisocóricas) ↓ oxigenação e/ou perfusão cerebral ou TCE Reação (fotorreagentes) Diag. de exclusão: hipoglicemia, álcool e/ou outras drogas A (Alerta) V ( resposta ao estímulo Verbal ) D ( só responde a Dor ) I ( Inconsciente ) Escala de Coma de Glasgow Avaliação Pontuação 1. Abertura ocular Espontânea Por Estimulo Verbal Por Estimulo A Dor Sem Resposta 4 pontos 3 pontos 2 pontos 1 ponto 2. Resposta verbal Orientado Confuso (Mas ainda responde) Resposta Inapropriada Sons Incompreensíveis Sem Resposta Obedece Ordens Localiza Dor Reage a dor mas não localiza Flexão anormal – Decorticação Extensão anormal - Decerebração Sem Resposta 5 pontos 4 pontos 3 pontos 2 pontos 1 ponto 6 pontos 5 pontos 4 pontos 3 pontos 2 pontos 1 ponto 3. Resposta motora Glasgow <8 = intubação!! Avaliação neurológica Exames complementares Rx crânio: pouca utilidade TC crânio: exame de escolha Fraturas de base de crânio otorréia rinorréia sinal de Battle (equimose reg. Mastóidea) sinal de guaxinim (equimose periorbitária) Exposição Deve-se despir totalmente o paciente para exame completo Após avaliação, cobrir o paciente para prevenir hipotermia Usar cobertores e fluidos aquecidos Manter ambiente aquecido 4. Reanimação A adoção de medidas agressivas de reanimação e o tratamento de todas as lesões potencialmente fatais, à medida que são identificadas, são essenciais para maximizar a sobrevivência do doente. Sequência de reanimação: A Vias aéreas B Respiração/ Ventilação/ Oxigenação C Circulação 5. Medidas auxiliares ao Exame Primário e à Reanimação Monitorização Sinais vitais Eletrocardiografia Oximetria Gasometria Cateter nasogástrico Deve ser evitada nos casos de suspeita de fratura de base de crânio. Cateter vesical Contra-indicada em suspeita de lesão de uretra (sangue no meato uretral, equimose perineal, sangue no escroto, deslocamento cranial da próstata, fratura pélvica. 5. Medidas auxiliares ao Exame Primário e à Reanimação Radiografias e procedimentos diagnósticos 6. Exame secundário História clínica Exame físico completo de todas as regiões do corpo Exame neurológico completo Só deve ser iniciado depois do exame primário completo (ABCDEs) e quando as medidas indicadas para a reanimação tiverem sido adotadas e o doente demonstrar tendênda para normalização de suas funções vitais. História clínica A (Alergia) M (Medicação) P (Passado médico) L (Líquidos e alimentos ingeridos) A (Ambiente e eventos relacionados ao trauma) •Trauma fechado •Trauma Penetrante •Lesões devido a queimaduras e ao frio •Ambientes de riscos Exame físico Crânio e face Examinar e palpar toda a cabeça e a face Reavaliar as pupilas e Glasgow Examinar olhos Examinar as orelhas e o nariz para ver se há perda de líquor Examinar a boca: sangramento ou perda de liquor, dentes soltos Conduta Manter a via aérea pérvea, continuar a ventilação e oxigenação Controlar a hemorragia Prevenir lesões cerebrais secundárias Remover lentes de contato, próteses Exame físico Coluna Cervical e Pescoço Lesões Penetrantes e contusas, desvio da traquéia e de uso de músculos acessórios da respiração Pesquisar hipersensibilidade e dor, deformidade, edema, enfisema subcutâneo, desvio da traquéia e simetria de pulsos; Auscultar as artérias carótidas (sopros) Conduta • Manter imobilização e alinhamento adequados • Realizar uma radiografia de coluna cervical Exame físico Tórax Examinar a parede torácica em suas face anterior, lateral e posterior Auscultar o torax, palpar e percutir Tratamento Descomprimir o espaço pleural por punção com agulha ou drenagem de tórax Realizar curativos adequados com feridas abertas Pericardiocentese quando indicado Exame físico Abdome Examinar as paredes (feridas penetrantes, contusões, sangramento interno) Auscultar RHA, percutir Palpar o abdome para pesquisar dor, defesa muscular involuntária e sinais de dor a descompressão ou a presença de útero gravídico Conduta Realizar radiografia de pelve , CT de abdome Realizar lavagem peritoneal/ ultra-som Transferir o doente para sala de operações, se indicado Aplicar a calça de compressão pneumática, ou enrolar um lençol ao redor da pelve para reduzir o volume da pelve. Exame físico Avaliação Perineal Contusões e hematomas Lacerações Sangramento uretral Avaliação Retal Sangramento retal Tônus do esfíncter anal Integridade da parede intestinal Posição da próstata Avaliação Vaginal: Presença de sangue na vagina Lacerações vaginais Exame físico Músculo-esquelético Procurar lesões penetrantes, examinar contusões, ferimentos e deformidades Palpar: dor, crepitação, movimentos anormais e alterações de sensibilidade Verificar pulsos periféricos Avaliar a pelve Examinar a coluna lombar Tratamento Colocar e/ou reajustar talas de imobilização para fraturas de extremidades Administrar imunização antitetânica Exame físico Neurológico Reavaliar as pupilas e nível de consciênciaGlasglow Avaliar as extremidades para verificar a resposta motora e sensitiva Observar sinais de localização; 7. Medidas Auxiliares ao Exame Secundário Radiografias adicionais da coluna Tomografia computadorizada Urografia excretora Angiografia Estudo radiológico das extremidades Ultra-som Broncoscopia Esofagoscopia 8. Reavaliação contínua Deve haver reavaliações constantes do paciente Monitorização contínua dos sinais vitais, débito urinário, e da resposta do doente ao tratamento. 9. Cuidados definitivos Paciente evolui estável Paciente instável : alta : cirurgia Lesões que excedem a capacidade da instituição : transferência Vamos discutir Paciente sexo masculino, desacompanhado, aparentado ter entre 20 e 30 anos, acaba de sofrer acidente automobilístico. Ao exame físico inicial: encontra-se responsivo apenas a estímulo doloroso. Respiração presente, porém taquipneico e com movimentos torácicos assimétricos. Pulso presente, porém fraco. Abdome distendido com presença de equimose em hipocôndrio D e flanco D. Extremidades pálidas, enchimento capilar de 5 segundos. Paciente apresenta fratura exposta de rádio e ulna D e fratura fechada de fêmur D. Obrigada!!!