A. Isenmann 10 Princípios da Síntese Orgânica Química orgânica dos elementos representativos Este capítulo pretende dar uma vista geral sobre as reações mais importantes da química orgânica que envolvem elementos além dos “comuns”, quer dizer, elementos além de nitrogênio, oxigênio, enxofre e os halogênios. A maioria dos elementos da tabela periódica tem um pronunciado caráter metálico. Neste texto introdutório tentamos resumir a grande variedade de elementos que fazem ligação com o carbono, destacando os pontos em comum e tendências entre elementos semelhantes. As particularidades de cada tipo de ligação E-C e uma discussão da grande variedade estrutural dos seus compostos orgânicos, naturalmente, não podem ser atendidas. Isso deve ficar assunto da literatura especial 399. Também não podemos entrar no mundo colorido e diversificado dos complexos orgânicos dos metais de transição (grupos 3 a 10), onde os elétrons d do metal fazem parte essencial das ligações e determinam a reatividade e utilidade destes compostos na síntese orgânica. Mesmo sabendo que estes complexos ⇒ representam a base da catálise homogênea (mencionada brevemente na p. 727 para diante), ⇒ servem para estabilizar espécies orgânicas muito reativas (compostos organometálicos com carbonos em forma de ligante com dupla-ligação C=M, segundo Fischer e Schrock), ver p. 218. ⇒ são essenciais em processos industriais de grande escala, tais como reação de Heck, p. 306 química “oxo”, reforma e craqueamento do petróleo, p. 76 oxidação de Wacker, p. 636 hidração de Wilkinson, p. 586 a química C1 de Fischer-Tropsch 400, polimerizações de olefinos por metatese (p. 177) ou inserção de Ziegler, p. 172. carbonilação de Reppe, p. 190 para somente mencionar alguns que já foram abordados neste livro), eles devem ficar reservadas à literatura especial 399. Em resumo, abordaremos aqui os seguintes organometálicos: • • • • Do grupo 1 (Li, Na, K), Do grupo 2 (Mg), Do grupo 13 (Al, Tl), Do grupo 14 (Sn, Pb). 399 Ch. Elschenbroich, Organometallics – A concise introduction, VCH Wiley, Weinheim 2003. A. Isenmann, Química a partir de recursos renováveis, disponível no site http://www.timoteo.cefetmg.br/site/sobre/cursos/quimica/repositorio/livros/ 400 679 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Podemos desistir dos metais representativos dos grupos 15 (As, Sb, Bi) e 16 (Se, Te) que têm atualmente menos importância na síntese, ao mesmo tempo sua química é tão diversificada que o iniciante corre perigo de se perder. Sem dúvida alguma, os metais dos grupos 11 (Cu, Ag, Au) e 12 (Zn, Cd, Hg) não correspondem ao título deste capítulo, porque não são elementos representativos. No entanto, seus orbitais do tipo d são completos (10 elétrons) e se encontram em níveis energéticos relativamente baixos. Portanto, dificilmente se envolvem nas ligações com heteroátomos inclusive o carbono. Ao mesmo tempo, o nível dos seus elétrons s fica elevado – ao contrário dos demais metais de transição (onde temos o “par inerte de elétrons s”) – participando em todos seus compostos orgânicos. Portanto, a químca dos seus complexos orgânicos é muito semelhante à dos metais representativos e podemos incluir esses metais em nossa discussão, predominantemente • Cu, Zn, Cd e Hg. Devido à suma importância, não só para as técnicas avançadas na síntese orgânica, mas também sob aspectos tecnológicos e aplicados, a química dos semi e não-metais de • Boro, fósforo e silício, será discutida no final deste capítulo, de forma mais detalhada (Cap. 10.7 adiante). Este capítulo se divide em 4 partes: 1. Uma consideração geral sobre a ligação carbono-metal (polarização, estabilidade, reatividade; cap. 10.1). 2. Uma classificação das sínteses orgânicas mais importantes envolvendo um metal (cap. 10.2). 3. Estruturas típicas dos compostos organometálicos e sua utilidade no laboratório, organizados por cada metal (cap. 10.3). 4. Sínteses e reações com organoboro, organofosforados e organossilício. 10.1 O caráter da ligação carbono-metal 10.1.1 A ligação carbono-metal: covalente ou iônica? Todos os organometálicos têm em comum uma polarização, mais ou menos pronunciada, da ligação metal-carbono, no sentido Mδ+-Cδ-. Essa afirmação geral também vale para os semi e não-metais B, Si, P e As, quando ligados ao carbono de um grupo orgânico. Uma classificação grosseira dos organometálicos conforme o tipo de ligação preferencial que o elemento estabelece com o carbono, covalente ou iônica, certamente é razoável e justificada, para depois explicar aspectos da sua reatividade. Figura 35. Classificação da ligação elemento-carbono, pelos tipos deficitário, covalente simples, covalente múltiplo e iônico. 680 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tabela 33. Os organometálicos apresentam-se com as seguintes formas de ligações covalentes: Sobreposição ligante dos AOs Sigla / Notação Característica da ligação 2e3c Somente 2 elétrons sobre a grande área e três centros implica um déficit de elétrons e alta reatividade frente nucleófilos. H M ou M C M E M M Estab. termo din. Baixa Exemplo (H3C)2AlMeMeAl(H3C)2 : M σ Rotação livre em volta do Muito eixo alta B CH3 M-C π Rotação impedida; 1 plano de nó ao longo do eixo. Alta Rotação impedida; 2 planos de nó ao longo do eixo. Média (CO)5Cr=CR2 Carbeno de Schrock Μ=C δ Μ≡Μ R4Re ReR4 2- Complexos multicêntricos dos metais de transição. 681 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.1.2 Eletronegatividade e reatividade dos organometálicos O critério mais importante para caracterizar a polaridade de uma ligação certamente é a eletronegatividade dos elementos envolvidos. Pelo menos a divisão grosseira na Fig p.19, entre covalente e iônico podemos entender a base das diferenças nas eletronegatividades dos átomos vizinhos. A polarização ou o caráter iônico é provavelmente o argumento mais forte para avaliar a reatividade do composto organometálico. Ela depende da diferença em eletronegatividade, ∆EN, dos átomos, melhor falado dos grupos participantes. A primeira escala de eletronegatividade relativa foi calculada por Pauling 401. Refinamentos foram feitos por Allred e Rochow 402 cujos valores são os mais aceitos hoje (ver tabela completa, no anexo 2 deste livro). Tabela 34. Eletronegatividade (EN) dos elementos representativos mais relevantes em química orgânica. São indicados os valores médios e hibridações mais comuns. H (2,20) Li (0,97) Na (1,01) K (0,91) Mg (1,23) Ca (1,04) B (2,01) Al (1,47) Tl (1,44) C (2,50) Si (1,74) Sn (1,72) Pb (1,55) N (3,07) P (2,06) As (2,20) O (3,50) S (2,44) Se (2,40) F (4,10) Cl (2,83) Br (2,74) I (2,21) Os valores de EN dos metais de transição são muito semelhantes entre si. Observa-se uma leve tendência de aumento em EN, ao ir para a direita. Todavia, para quase todos esses elementos achamos uma EN entre 1,4 e 1,7. A tabela abaixo mostra o caráter iônico calculado a partir da diferença ∆EN de dois grupos vizinhos. Lembre-se que ∆EN é a quantificação dos efeitos indutivos (efeito +I ou –I, transmitido pela ligação direta, a ligação σ) que somente se percebe em distância atômica simples, isto é, entre átomos vizinhos (ver Figura 29 na p. 318). Tabela 35. Relação entre a diferença em eletronegatividade de dois grupos vizinhos e o caráter iônico da ligação. 0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 ∆EN Caráter 0 3 12 25 40 54 68 iônico (%) Mais importante para o químico orgânico é obter uma impressão do efeito polarizador que os metais exercem sobre o carbono do composto organometálico. Tabela 36. O caráter iônico (em %) da ligação M-C(sp³). 401 402 L. Pauling, J. Am. Chem. Soc., 54 (1932) 3570. .L. Allred, J.Inorg.Nucl.Chem. 17 (1961) 215. 682 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Metal Caráter iônico (%) da ligação C-M K Na Li Mg Zn Cd, Cu Hg Ag 51 47 43 35 18 15 9 8 Como as eletronegatividades de carbono e hidrogênio são semelhantes, podemos esperar também caráter semelhante das ligações, organometálica E-C e hidretos E-H, sendo os últimos extensamente discutidos nas obras da química inorgânica. No entanto, o cálculo de ∆EN não deve ser feito somente a base dos valores indicados na Tabela 34; uma estima confiável da polarizacão da ligação elemento-carbono requer uma avaliação mais sútil, como será mostrado a seguir. Eletronegatividade do grupo orgânico Em primeiro lugar, e ao contrário dos hidretos, temos que lembrar que a eletronegatividade do carbono depende sensivelmente do grau de hibridação. Como os elétrons s são atraídos mais fortemente pelo núcleo do que os elétrons p do mesmo período, podemos também esperar uma EN cada vez maior quanto maior o caráter s do orbital híbrido que o carbono emprega para fazer a ligação σ(E-C). Tabela 37. Os valores EN(C) na escala relativa de Pauling, em função da sua hibridação (Bent, 1961). Hibridação do carbono EN do Carbono Polaridade da ligação E-C sp³ 2,50 Mais covalente sp² 2,75 sp 3,29 Mais iônico A ligação M-C em complexos com ligante alquino (isto é, acetilídeos M-C≡CR e carbetos MC≡C-M) são mais polares e termodinamicamente mais estáveis do que complexos com grupo alquenil (= vinil; M-CH=CR2) ou alquil (M-CR3). Essa discriminação também foi o critério para a acidez C-H observada nos respectivos alquinos, alquenos e alcanos (QV). Além deste, podemos esperar uma influência dos vizinhos indiretos, à polaridade da ligação E-C. Na representação geral dos compostos organometálicos, LnM-CR3 ↔ [LnM]+ [CR3]- podemos afirmar que EN(C) é influenciada pelo grau de hibridação do carbono ligado ao M e pelos efeitos doadores/retiradores de elétrons dos grupos R. EN(M) é influenciada pela carga do íon metálico e pelos efeitos eletrônicos dos ligantes L. Um cálculo acurado de ∆EN(M-C) deve respeitar não só o tipo dos elementos químicos em R e L, mas também a sua posição relativo ao M e C, o tipo de ligação que fazem com M e C e a disposição de pares de elétrons não ligantes. 683 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Segue um exemplo que mostra a influência dos átomos vizinhos à eletronegatividade do carbono. Substituintes muito eletronegativos podem induzir uma carga parcial no carbono ligado ao metal: M-CH3 EN(CH3) = 2,31 Ligação quebra mais facilmente; complexo reativo. M-CF3 EN(CF3) = 3,47 Ligação mais estável; comparável com M-Cl. (Tendência semelhante nos ligantes –C6H5 verso –C6F5.) Eletronegatividade do grupo metálico A eletronegatividade do fragmento complexo metálico, [LnM] que faz a ligação com o carbono do grupo orgânico depende basicamente de dois fatores: 1. dos efeitos indutivos e mesomêricos dos ligantes L 2. do NOX do metal. Efeitos I e M dos ligantes no metal Os seguintes ligantes L aumentam a densidade eletrônica no metal: fortes doadores de elétrons σ (grupos alquilas; átomos de baixa eletronegatividade); este efeito é conhecido como +I. fortes doadores de elétrons π. É o caso quando o átomo ligado ao metal dispõe de par(es) de elétrons não ligantes. O efeito é conhecido como +M. Geralmente o efeito doador +M supera de longe um eventual efeito retirador –I. Espera-se a seguinte sequência na força doadora de elétrons π: Imido (NR2-) > oxo (O2-) > amido (NR2-) > alcóxido (RO-) Tais ligantes L aumentam a densidade eletrônica no metal que, por sua vez, se torna menos apto em receber mais um carbono na esfera coordenativa e atrair os elétrons da ligação M-C. Para o ligante orgânico isso significa que vai ficar com grande carga negativa quando estiver ligado a um fragmento [LnM] rico em elétrons. Do complexo como todo, LnM-CR3 ou LnMH, se espera sendo uma fonte de carbânions (CR3-) ou de hidreto (H-). Ao contrário, quando o grupo –CR3 (ou –H) for ligado a um fragmento metálico pobre em elétrons, a ligação σ de M-C (ou M-H) é menos polarizada, seu caráter covalente aumenta e sua estabilidade termodinâmica também. Ao extremo podemos até observar uma inversão da polarização, para [CR3]δ+ ou H+. Exemplo: efeito de “Umpolung” em complexos do germânio: δ+ δ− Et3Ge H δ− δ+ Cl3Ge + C O H H + C O Cl3Ge C O-GeEt 3 C OH Ligantes que são fortes aceitadores de elétrons π abaixam a densidade eletrônica no metal. São estes os ligantes CO e NO, por que têm orbitais π* vazios. Nesta situação podemos esperar a ligação do metal para um vizinho C ou H sendo cada vez mais apolar; no extremo pode até resultar uma inversão da polarização, onde atribuímos CH3δ+ ou Hδ+. 684 A. Isenmann Exemplo: δ+ H-Co(CO)4 (Ao contrário de Princípios da Síntese Orgânica δ− Ácido de Brønsted do cobalto. Η-Co(PMe3)4 Complexo de cobalto, fonte de hidreto.) Efeito do NOX do metal Quanto maior o NOX do metal, maior sua eletronegatividade. Esse aspecto é especialmente importante em tais elementos que se apresentam em vários NOX diferentes. Um valor EN maior significa que a diferença ∆EN para um ligante orgânico seja cada vez menor; a ligação se torna mais covalente e mais estável. Compare: EN(Ti+) = 1,62 EN(Ti3+) = 2,04 Nos organometálicos do 6° período temos: CsR → BaR2 → LaR3 → HfR4 → TaR5 → WR6 EN(Mn+) aumenta Caráter covalente aumenta Estabilidade M-C aumenta Resumindo as considerações sobre a eletronegatividade de grupos Podemos afirmar que a avaliação da polaridade da ligação M-C a base de eletronegatividades é um problema bastante complexo. Não é suficiente calcular ∆EN apenas a base dos valores EN tabelados para os dois átomos que fazem a ligação. Também influenciam na polarização da ligação e na sua estabilidade e reatividade, as demais particularidades da molécula. Portanto, é mais correto falar em eletronegatividade de grupos, do que em EN sendo uma propriedade atômica. Podemos generalizar sobre a polarização da ligação M-C: em organilas dos elementos representativos o critério mais pesado para a polarização Mδ+-Cδ− é o grupo do metal (grupos 1,2,13,14 ou 15) em organilas dos metais de transição a natureza do ligante orgânico domina o caráter de M-C. 10.1.3 Critério da polarizabilidade Um outro importante critério para a reatividade/estabilidade de compostos organometálicos é a polarizabilidade dos grupos participantes 403. Do ponto de vista do metal, são principalmente dois fatores que determinam a densidade eletrônica na camada de valência e, com isso, a facilidade de deslocar os elétrons: a carga do íon e sua posição vertical (período) na tabela periódica. Mais positivo um cátion, maior o 403 O método físico-químico mais sensível à polarizabilidade em átomos e moléculas é a espectroscopia Raman. 685 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica efeito atrativo do núcleo sobre os elétrons. O resultado é um tamanho pequeno. O oposto é verdade para os ânions: maior sua carga, então maior é seu raio. Além disso, é trivial que um elemento quando fica mais baixo na tabela periódica é maior. A polarizabilidade é a facilidade de deslocar elétrons dentro do seu orbital; é obviamente grande com raios atômicos e iônicos grandes e baixa carga positiva. Segundo o conceito de Pearson, também conhecido como princípio HSAB (Hard and Soft Acids and Bases), o metal representa o centro ácido (= receptor de elétrons) e pode ser chamado de mole se tiver alta polarizabilidade; ele é duro se tiver baixa polarizabilidade (ver também p. 40) e alta carga positiva. A mesma classificação vale para o centro básico do complexo que é, no caso dos organometálicos, o ligante orgânico. Quanto maior a extensão dos orbitais no átomo ligado ao metal, mais mole. A polarizabilidade de um átomo/íon deve ser compatível com a polarizabilidade dos átomos/íons vizinhos, para se obter uma ligação estável. A experiência mostrou: Forma-se um complexo especialmente estável quando um ácido duro se alia a uma base dura, ou um ácido mole se liga com uma base mole 404. Com este conceito se consegue explicar as afinidades químicas entre certos elementos. Os altos rendimentos de uma série de sínteses orgânicas se explicam com a preferência das combinações duro-duro ou mole-mole, enquanto a ligação pode ser de natureza iônica, coordenativa ou covalente. Os seguintes pares representam contatos duro-duro (em parêntese um exemplo reacional típico, no qual o alto rendimento da síntese se explica com a estabilidade da ligação em destaque): • P e O (Wittig, p. 769; Michaelis-Arbusov, p. 792) • Ti e O (McMurry, p. 468; Ziegler, p. 164) • Al e O (Meerwein-Ponndorf-Verley, p. 604) • B e O (hidroboração-oxidação, pp. 160 e 764) Contatos mole-mole são: • Tl e I (taliação de aromáticos, p. 311) • Hg e arila (mercuração de aromáticos, p. 311) • Pd e arila (Sonogashira, p. 192; Heck, p. 306) • Pb/Ni/Hg e S (desenxofrimento redutivo, p. 611; remoção de S-acetais protetores, pp. 406 e 569) • Zn e Br (Reformatzky, pp. 394 e 503) Além destas combinações deve-se mencionar os pares especiais Ni/H , Pd/H e Pt/H, onde a atração mútua é extraordinariamente grande (p. 586). 404 A teoria de Pearson também diz respeito à distância entre HOMO e LUMO: a distância energética é grande em caso de átomo, íon ou agrupamento duro e pequena em grupos moles (ver também nota de rodapé 17, conceito de FERMO). 686 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.1.4 Energia e reatividade da ligação carbono-metal Na discussão das propriedades dos organometálicos, sejam estruturais ou reacionais, temos que distinguir entre aspectos termodinâmicos (estável/instável) e cinéticos (inerte/reativo). Vamos começar com a consideração termodinâmica. Ligações simples elemento-carbono, encontramos ao longo de toda tabela periódica. Exemplos: MgMe2, PMe3, MeBr, [LaMe6]2-, WMe6. Em geral, os elementos de transição dispõem de uma maior variedade de orbitais; além disso, têm a capacidade de fazer ligações múltiplas, portanto a avaliação da estabilidade da ligação E-C requer regras especiais – o que não será discutido aqui. Vamos ficar com os elementos representativos. Aqui a ligação E-C pode se estabelecer nas formas σ (grupo orgânico terminal) ou 2e3c (grupo orgânico em ponte; ver Tabela 33). Mais comum é o caso C(terminal), para o qual podemos estimar a aproximação dos átomos E e C a base dos raios covalentes. Geralmente podemos concluir: quanto mais próximos os átomos, maior a sobreposição dos orbitais ligantes, então mais estável a ligação. A seguinte tabela mostra as distâncias atômicas, r(E-C), conforme a soma dos raios covalentes dos elementos representativos, d 405. (outros valores de raios covalentes, ver Anexo 2 deste livro). Tabela 38. Raios covalentes d (em pm) dos elementos representativos e distância para o carbono em organometálicos; calculados os raios rE = d − rC ( sp3 ) = d − 77 . Grupos 2, 12 Grupo 13 E d r Be 179 102 Mg 212 Zn E Grupo 14 d r B 156 79 137 Al 197 196 119 Ga Cd 211 134 Hg 210 133 E Grupo 15 d r C 154 77 120 Si 188 198 121 Ge In 223 146 Tl 225 148 E d r N 147 70 111 P 187 110 195 118 As 196 119 Sn 217 140 Sb 212 135 Pb 224 147 Bi 226 149 Em comparação com as estabilidades encontradas em compostos com ligação E-N, E-O e EHal, podemos atribuir fraqueza à maioria das ligações E-C. Mas justamente neste fato se baseia a utilidade de reagentes organometálicas na síntese orgânica. Geralmente, as respectivas entropias-padrão da quebra da ligação E-C não se conhecem; portanto, é costume usar como medida da estabilidade termodinâmica da ligação a entalpia-padrão de formação, ∆H 0f , em vez da entalpia livre de Gibbs, ∆G 0f . (Uma tabela mais abrangente, ver Anexo 2 deste livro.) 405 Essa seleção contém valores médios medidos em vários complexos típicos organometálicos destes elementos. Fonte: Comprehensive Organometallic Chemistry 1 (1982) 10. 687 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tabela 39. Entalpias-padrão de formação ∆H 0f (em kJ/mol) e as entalpias médias de dissociação D ( M − C ) (em kJ/mol), calculadas para alguns metais metilados 406. Em comparação: as entalpias das ligações M-O e M-Hal. Grupo 12: Grupo 13: Grupo 14: Grupo 15: MMe2 M ∆H 0f MMe3 D M MMe4 ∆H 0f D B -123 365 Al -81 M MMe3 M ∆H 0f D ∆H 0f C -167 358 N -24 314 274 Si -245 311 P -101 276 D Zn 50 177 Ga -42 247 Ge -71 249 As 13 229 Cd 106 139 In 173 160 Sn -19 217 Sb 32 214 Hg 94 121 Tl - - Pb 136 152 Bi 194 141 B-O 526 Si-O 452 As-O 301 B-Cl 456 Si-Cl 381 Bi-Cl 274 Al-O 500 Si-F 565 Al-Cl 420 Sn-Cl 323 Em comparação: Representação gráfica das entalpias de formação da ligação M-CH3, da Tabela 39: 406 Dados para M-C: Comprehensive Organometallic Chemistry 1 (1982) 5. Dados para M-Hal e M-O: Holleman-Wiberg, Lehrbuch der Anorganischen Chemie, Walter de Gruyter 1985. 688 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Cuidados ao uso dos valores termodiâmicos da ligação M-C As entalpias de dissociação D , conforme apresentadas acima, somente podem ser usadas sob restrição na discussão do comportamento térmico dos organometálicos, por que geralmente a dissociação não leva aos elementos, mas levam a fragmentos maiores e mais complexos. Esses caminhos de fragmentação sejam ilustrados no chumbo tetrametil: ∆H = −307 kJ ⋅ mol −1 Pb(CH3)4 (g) → Pb (s) + 2 C2H6 (g) (1) Certamente, a energia liberada pela formação do etano contribui positivamente ao decorrer desta reação (além de diminuir a entropia, ∆S – um fator que não levamos em conta por enquanto). A quebra das ligações ocorre de maneira homolítica (geração de radicais). Além desta reação principal, no entanto, observamos também outros caminhos da decomposição térmica: Pb(CH3)4 (g) → Pb (s) + 2 CH4 (g) + C2H4 (g) ∆H = −235 kJ ⋅ mol −1 Pb(CH3)4 (g) → Pb (s) + 2 H2 (g) + 2 C2H4 (g) ∆H = −33 kJ ⋅ mol −1 (2) (3) Essa tendência de se formar etileno (ou outros alquenos) é muito mais pronunciada ainda em compostos orgânicos com grupos R mais compridos. Daí identificamos, além da quebra homolítica do tipo R3M-R → R3M• + •R, (4) uma eliminação β ; no exemplo do chumbo tetraetil podemos formular: R2C M R2HC CR2 M H R2C CHR2 CR2 + HH M H (5) Este caminho, a eliminação β de MH, será discutido mais em detalhe no capítulo a seguir. Também as médias das entalpias de dissociação, D , devem ser usadas com cautela para concluir à reatividade do composto organo-metálico. De fato, se tiver vários grupos orgânicos no complexo metálico, as energias de dissociação dos grupos orgânicos variam bastante e desviam largamente do valor médio D . Isso seja mostrado no dimetil mercúrio: (CH3)2Hg → CH3Hg + CH3; CH3Hg → D1 = 214 kJ/mol Hg + CH3; D2 = 29 kJ/mol Média: D = 121 kJ/mol Generalizações termodinâmicas dos organometálicos Em resumo, podemos afirmar para as organilas dos elementos representativos: 1) As energias da ligação E-C não são uniformes, mas variam numa larga faixa. 689 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Exemplos: Composto D (M-C) em kJ/mol Classificação (CH3)3B (CH3)3As (CH3)3Bi 365 229 141 Ligação forte Ligação média Ligação fraca Regra grosseira: D (M-Cl) ≈ 1,5. D (M-C). 2) A energia média da ligação D (M-C) diminui dentro de um grupo da tabela periódica, de cima para baixo 407. Essa tendência também vale para ligações de M com outros elementos do segundo período. Isso se deve à crescente diferença nos tamanhos dos orbitais atômicos envolvidos: quanto mais desiguais, pior a sobreposição dos lobos e mais fraca a ligação. 3) Podemos contar com ligações iônicas quando M é especialmente eletropositivo e/ou o carbânion é especialmente estável. Exemplos: Na+[C5H5]-, K+[CPh3]-, Na+[C≡CH]-. 4) Todos os organometálicos são termodinamicamente instáveis frente ao oxigênio da atmosfera e à água; a primeira reação se conhece como combustão, a segunda como hidrólise. As duas liberam energia. MRn + O2 MOm MRn + H 2O M(OH)n + CO2 + + n R-H H2O ∆H0 negativo ∆H0 negativo No entanto, muitas destas reações são cineticamente impedidas (assunto do capítulo a seguir). 5) Ligações multicêntricas (geralmente 2e3c) podem formar-se quando a camada de valência de M contém menos que a metade dos elétrons e quando o cátion Mn+ exerce grande efeito de polarização. Último critério é dado em cátions duros, quer dizer, relação raio/carga pequena. Exemplos: Li[CH3]4, [Be(CH3)2]n, [Al(CH3)3]2, e todos os boranos; mas não em: K+[CnH2n+1]- 10.1.5 Inércia ou reação rápida? A estabilidade termodinâmica da ligação M-C, conforme discutida acima, é somente um critério a ser relevante para a reatividade do composto. Outro argumento importante é a altura 407 Atenção: a tendência oposta se observa nos homólogos dos organometálicos dos metais de transição! 690 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica da barreira de ativação (EA), a ser superada para quebrar a ligação M-C. Este é o critério da cinética, predizendo reação rápida ou inércia do composto organometálico. Organometálicos cineticamente inertes Os complexos inertes têm como característica um ou mais dos seguintes critérios satisfeitos: 1) Camada de elétrons de valência (E.V.) completa. A saturação de E.V. está atingida, no caso de metais representativos com 8 E.V., no caso de metais de transição com 18 E.V. Exemplos: SnMe4 8 E.V. CpRu(CO)2-Me ; CpMo(O)2-Me 18 E.V. 2) Esfera coordenativa em volta do metal está fechada. Essa situação se tem com altos números de coordenação, por exemplo em (bipy)BeEt2 , [WMe8]2- , TaMe5(dmpe). bipy = bipiridila (ver fórmula mais em baixo); dmpe = 1,2-dimetilfosfinoetano. 3) Ligantes volumosos, contribuem à inércia do complexo, desde que estes ligantes não deixam vagas na esfera coordantiva do metal e satisfazem o metal com suficientes E.V. (= citérios 1 e 2). Especialmente volumosos são Cp* ([C5Me5]- = pentametil-ciclopentadienila), mais ainda o Mes (= mesitila, C6Me3); os dois fazem complexos π através de todos os carbonos do anel. Reação com água e alcoóis Quase todos os compostos organometálicos se decompõem ao entrar em contato com umidade, ou seja, fazem hidrólise. O tipo de reação que ocorre é ácido-base, onde a parte orgânica do organometálico sempre representa a base. Os mais reativos reagem com tanta exotermia que a parte orgânica liberada ao ar pega fogo instantaneamente. Famosos são os casos de incêndio em fábricas de poliolefinas onde se aplicam compostos organo-alumínio, para preparar o catalisador de Ziegler-Natta (ver p. 169). R M + H OH R H + M + OH- Entre os poucos compostos organometálicos resistentes à água devem-se mencionar as organilas de Hg, Pb, Tl e Ag. São mais os impedimentos cinéticos, do que os critérios de estabilidade de reagentes e produtos, que deixam resistir estes organometálicos frente à água. Esta propriedade confere alto valor preparativo a estes reagentes, porque não precisam ser manuseados sob condições anidro (que é caro e mais demorado); até o trabalho em ambiente aquoso é possível em algumas sínteses! Já a tolerância frente aos alcoóis é maior do que frente à água. A escolha dos reagentes organometálicos que podem ser manuseados em álcool é bem maior. Isso tem a ver com a acidez de Brønsted destes solventes: quanto maior o pKa, maior a tolerância frente ao organometálico. As organilas dos metais dos grupos 1,2 e 13, no entanto, reagem todos com metanol, etanol e i-propanol formando os respectivos alcóxidos e hidrocarbonetos, em analogia à reação mostrada acima. 691 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Influência de outros solvente polares Pelo dito acima se impede o uso de solventes próticos (água, alcoóis), na grande maioria dos compostos organometálicos. Solventes polares e apróticos, por outro lado, são bastante apropriados porque sustentam a ionização do composto organometálico, melhor do que solventes apolares. Eles conseguem solvatizar os cátions, porque são doadores de elétrons σ. Isso pode até levar ao abandono dos ligantes do antigo complexo do metal e a troca por solventes: Rn M + n S SnM + n R Lembre-se que nestes solventes apenas os cátions estão fixados em complexos de solvente, enquanto os ânions liberados podem ser considerados “nus” o que lhes confere uma nucleofilia extraordinariamente alta (ver p. 29). A sequência de solventes nos quais a solubilidade dos organometálicos aumenta é: Éter de petróleo; hidrocarbonetos < éter dietílico < THF < H3CO CH2 CH2 OCH3 Glicoldimetiléter "glime" Assim, os éteres do tipo “glime”, melhor ainda aminas rerciárias do tipo TMEDA 409 ganham a preferência em muitas sínteses. Observa-se um aumento na solubilidade e também um aumento drástico na velocidade das reações com o organometálico. Motivos para os organometálicos reagirem espontaneamente Podemos esperar reação imediata do organometálico quando o complexo tem as seguintes características: 1) Número de E.V. incompleto Um complexo metálico fica eletronicamente incompleto quando oferece acesso livre num MO aceitador (= LUMO de baixo nível energético). Daí nucleófilos (tais como água, alcoóis, carboxilatos, éteres,...) e radicais (O2 tripleto) do ambiente podem ligar-se ao metal e induzir reações. Um indicativo de falta de E.V. é a presença de pontes do tipo 2e3c. Exemplos de organometálicos reativos com falta de elétrons: Al2Me6, TlMe3, TiMe4, WMe6, VMes3. 2) Camada de E.V. completa e um para de elétrons não ligantes. Neste caso o complexo tem qualidade de base de Lewis; o HOMO do complexo recebe eletrófilos (na maioria das vezes H+) ou radicais (3O2). Exemplo: SbMe3. 3) O grupo alquila do organometálico tem um hidrogênio em posição β, ao mesmo tempo o metal dispõe de um orbital aceitador (LUMO) de baixo nível energético. Esta é uma das reações mais típicos dos organometálicos! Reação reversa: hidrometalação; isto é, a inserção de M-H num alqueno ou alquino. 692 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Ao assumirmos um mecanismo sincronizado, conforme esboçado acima, a energia de ativação dessa reação fica especialmente baixa. Como esse caminho fica restrito à moléculas com β-H, achamos a explicação porque a temperatura de decomposição do PbEt4 fica bem mais baixa do que do PbMe4, embora sua massa molecular ser maior. Outro exemplo: os seguintes complexos têm temperaturas de decomposição bem diferentes – o que se deve à possibilidade ou não de fazer eliminação β. [TiMe4] Decomposição > -40 °C; bimolecular via abstração de α-H. Decomposição > -80 °C; intramolecular via abstração de β-H. [TiEt4] [Ti(CH2-t-Bu)4] Não há β-H e a esfera coordenativa está fechada; estável, fusão a +90 °C. Note que a estabilidade termodinâmica da ligação M-C é praticamente a mesma em cada um destes complexos! Outra condição para o decorrer da eliminação β é a presença de um orbital de valência vazio no metal. Este orbital recebe o elétron do β-H. Portanto, concluímos que o caminho da eliminação β é é mais fácil para os organometálicos com metais dos grupos 1, 2 e 13 (configuração eletrônica s1, s2, s2p1, respectivamente), do que para os elementos dos grupos 14, 15 e 16 (configuração eletrônica s2p2, s2p3 e s2p4, respectivamente), por sua vez mais repletos de elétrons próprios. Caso um complexo organometálico disponha de espaço livre na esfera de coordenação, seria possível estabiliza-lo por adição de uma base de Lewis. Nesta forma a eliminação β é bastante prejudicada ou até inibida. A estabilidade térmica do complexo (bipy)Be(C2H5)2 , bipy = di-piridila Base de Lewis Ligante bidentado , N N por exemplo, aumentou muito. Todos os compostos organometálicos são sujeitos ao ataque por oxigênio (oxidação para MOn), água e gás carbônico da atmosfera. Podemos afirmar uma instabilidade termodinâmica frente estes reagentes. Mesmo assim, constatamos grandes diferenças na facilidade de manuseio dos organometálicos, desde a durabilidade no ar e sob água, até a ignição imediata ou até explosão quando submetidos a essas condições. Essas diferenças não se explicam com a termodinâmica, mas com o grau de inércia cinética. A seguinte comparação mostra claramente essa argumentação diferenciada: Composto Entalpia de Critério Propriedade combustão termodinâmico Critério cinético Zn(C2H5)2 -1920 kJ/mol Reativo Instável Pirofórico 693 A. Isenmann Sn(CH3)4 Princípios da Síntese Orgânica -3590 kJ/mol Instável Estável no ar Inerte Especialmente reativo frente H2O e O2 são aqueles compostos onde o metal dispõe de pares de elétrons não ligantes ou AOs vazios de baixo nível energético. Além disso, uma alta polaridade M-C aumenta a vulnerabilidade do complexo. São muitos argumentos que contribuem na espontaneidade das reações dos organometálicos; a seguinte tabela deve mostrar a maneira de argumentação, enquanto os argumentos devem ser ponderados de caso em caso. Afinal é difícil predizer a durabilidade de um novo composto. Tabela 40. Tab. Reatividade de diversos compostos organometálicos na atmosfera Composto No ar Na água Explicação Me3In Pirofórico Hidrolisa Vaga nos AOs do In (6 E.V.); alta polaridade M-C. Me4Sn Inerte Inerte Boa blindagem do Sn; baixa polaridade MC. Me3Sb Pirofórico Inerte Par de elétrons livre no Sb, alta densidade eletrônica e não blindada. Me3B Pirofórico Inerte Vaga no AO do B fica fechada por hiperconjugação; baixa polaridade. (Me3Al)2 Pirofórico Hidrolisa Vaga aberta no AO do Al (no monômero); ataque nucleofílico via Al(3d) no dímero; alta polaridade M-C. SiH4 Pirofórico Hidrolisa Blindagem estérica insuficiente do Si; metal relat. rico em elétrons. SiCl4 Inerte Hidrolisa Alta polaridade Si-Cl; Si é pobre em elétrons; ataque nucleofílico via Si(3d). SiMe4 Inerte Inerte Boa blindagem do Si; baixa polaridade SiC. 10.2 Classificação das sínteses dos metais representativos Os 15 métodos esboçados a seguir são aprovados para a criação da nova ligação metalcarbono. Para obter uma vista geral sobre esse número elevado de métodos é conveniente agrupá-los em quatro categorias, lembrando que essa não é a única classificação possível. Também pode criticar que essas classes não se excluem, quer dizer, dada síntese pode ser encaixada em uma ou outra categoria. Todavia, as sínteses a seguir são dadas na ordem de simplicidade e também conforme sua importância prática. 1. Adição oxidante: Criação da ligação M-C, ao mesmo tempo o NOX do metal aumenta. Deste tipo são as sínteses 1 a 5, descritas a seguir. 694 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 2. Troca de ligantes: requer dois metais diferentes que trocam entre si os ligantes. Nesta categoria encaixam as sínteses 6 a 10, descritas a seguir. 3. Inserção: requer um composto orgânico insaturado (alqueno, alquino, aromático; também carbeno) que é formalmente inserido entre uma ligação metálica: M-X + C → M-C-X Deste tipo são as sínteses 11 a 13, descritas a seguir. 4. Eliminação: decomposição térmica ou fotoquímica de um composto organometálico, sob expulsão de uma molécula volátil e a criação da ligação metal-carbono: M-X-C → M-C + X↑ Nesta categoria encaixam as sínteses 14 e 15, descritas a seguir. Vamos amarrar essas formulações abstratas em exemplos e analisar os critérios estruturais que facilitam um ou outro tipo de reação. A notação curta dos reagentes destas reações (que na maioria são óxidos ou haletos de metais) é bem unánime na literatura: primeiro o metal e depois a contraparte negativada. Para os organometálicos, no entanto, a posição do metal não segue uma convenção rígida: pode-se escrever RnM ou MRn. Aqui escolhemos, por fins didáticos, a primeira opção. 10.2.1 Adição oxidante no metal 1 Síntese direta. Metal + haleto orgânico 2 M + n RX → RnM + MXn ou 2 M + n RX → RnMXn Exemplos: 2 Li + C4H9Br → C4H9Li + LiBr Mg + C6H5Br → C6H5MgBr (Síntese do reagente de Grignard) A alta exotermia da formação do sal MXn sobrecompensa a energia desfavorável da formação do composto RnM, na soma proporciona neste tipo de reação um caráter exotérmico. Além desta, têm-se outras contribuições que influenciam na posição do equilíbrio: • Energia de rede cristalina, caso um dos produtos se precipite (geralmente o sal MXn ; LiCl, LiBr,...) • Energia de solvatação do produto organometálico, p.ex. PhMgBr(THF)2. Esse tipo de reação é de natureza radicalar. Um elétron é solto da superfície do metal e transferido ao haleto orgânico RX, que por sua vez é eletrofílico. Forma-se um radical ânion de energia elevada, [RX]•-, que se fragmenta em um radical orgânico e um íon haleto. O 695 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica radical orgânico migra à superfície do metal onde é mais uma vez reduzido, formando um carbânion. Aqui trata-se então de uma reação heterogênea decorrendo na superfície do metal sólido. O que sempre acelera reações heterogêneas é a incidência de ultrassom. Além disso, a barreira energética das etapas descritas pode ser abaixada pela presença de um metal, por exemplo, cobre: Catal.: Cu Me 2SiCl 2 (+ Me3SiCl + MSiCl3) Si + 2 MeCl (via formação de R• + CuCl e cloração do radical intermediário R2SiCl•) Reatividade dos haletos: R-F (muito estável; geralmente não funciona) < R-Cl < R-Br < R-I. No entanto, justamente o iodeto pode ser afetado por uma série de reações paralelas: Síntese direta H3C CH2I + 2 Li Eliminação β Acoplamento de Wurtz Li CH2 CH3 LiI + LiI + LiH + etileno 2 LiI + Além disso, os haletos Br e especialmente o iodeto costuma ser implementados na estrutura cristalina do produto organometálico: OR2 R2O Me Li Li X Li Me R2O Me Li OR2 Estrutura heterocubano; Reagente organometálico contém sal (por exemplo, [(MeLi]3(LiI)]. Geralmente a “síntese direta” decorre sob consumo completo do metal. Isso não vale mais para os metais mais pesados (M = Tl, Pb, Bi, Hg), onde a ligação M-C é especialmente fraca (Tabela 39); a formação do organometálico é bastante desfavorável, ∆H 0f (RnM) > 0, e sua endotermia não é mais compensada pela exotermia da formação do sal inorgânico. Para favorecer o balanço termodinâmico e assim a posição do equilíbrio se oferece o seguinte truque: 1´ Liga metálica + haleto orgânico A liga pode ser com um metal mais reativo (Na, na ativação de Hg ou Pb) ou menos reativo (Cu, na ativação do Zn-metal). Exemplos: 2 Na + Hg + 2 MeBr → Me2Hg + 2 NaBr ↓ ∆H = −530 kJ ⋅ mol −1 696 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 4 NaPb + 4 EtCl → Et4Pb + 3 Pb + 4 NaCl A força termodinâmica que leva essas reações para frente é a formação do sal que libera tanto calor que compensa as etapas endotérmicas, ∆H 0f (NaX) << 0. Em cada uma destes métodos o metal que ganha um vizinho orgânico aumenta seu NOX por duas unidades. Isso não é diferente na seguinte síntese: 2 Adição oxidante 1,1 de R-X. Haleto de metal + haleto orgânico MXn + RX → RMXn+1 ou MLn + RX → RMLn Exemplos: +2 PbI2 + Me-I +1 Me-Tl + Me-I +4 Me-PbI3 . +3 Me 2Tl-I Dois radicais, R• e X•, ou então um eletrófilo R+ e um nucleófilo X- adicionam-se ao mesmo metal. Este metal deve estar disponível em forma de um complexo de baixo número de coordenação, isto é, com bastante espaço livre na esfera dos ligantes. O resultado desta adição 1,1 é o aumento do NOX do metal e uma inversão da polarização no eletrófilo (“Umpolung”). A adição 1,1 é típica para os complexos dos metais de transição (que envolvem os elétrons d para as novas ligações), mas também se conhecem exemplos com complexos subvalentes de metais representativos. 3 Transferência de elétrons (SET) Metal não nobre + hidrocarboneto aceitador de elétrons x M + CnHm → Mx[CnHm] (M = alcalino, alcalino terroso; Solvente: THF, NH3(l)) Exemplos: 697 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 2- 2 K THF + 2 K+ . THF 10π THF Mg THF THF Mg + THF THF Mg + Mg 2 Cp-Na+ 2 Na + + n H2 Diciclopentadieno O campo de aplicações desta reação, naturalmente, é limitado. 4 Metal nucleofílico + carbono eletrofílico (raro) a) Geração do metal nucleofílico via clivagem redutora de ligações intermetálicas (M-M, SiSi) ou P-C. δ+ R3Si-SiR3 C 6F6 2 NaSiR3 + 2 Na R3Si-C6F5 δ+ PPh3 NaPh + 2 Na + NaPPh2 MeI tolueno + Me-PPh2 + 2 NaI O (CO)5Mn-Mn(CO)5 + 2 K+ H3C 2- 2 K[Mn(CO)5]- δ+ Cl O C CH 3 (OC)5 Mn b) Desprotonação de hidretos com bases muito fortes. δ+ Ph3Sn-H + KH - H2 K[SnPh3] Et-Br δ+ CO OC Fe Ph3Sn-Et H + n-BuLi - n-BuH Li[CpFe(CO)2] Br Brometo de alila CO OC Fe 10.2.2 Reações de troca de ligantes Todas as reações de troca de ligantes apresentadas a seguir têm em comum o uso de reagentes de dois metais diferentes. Elas representam estratégias que permite ao químico uma ampliação 698 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica da lista de reagentes organometálicos comercialmente disponíveis. A estabilidade termodinâmica do produto organometálico destas reações é maior do que a do material de partida. Isso geralmente significa que a reatividade do produto é inferior à do material de partida – desde que não seja impedida cineticamente. Esta estratégia abre então caminho para ajustar a reatividade (caráter carbaniônico, dureza ou moleza do grupo R) dos organometálicos, sob medida. 5 Transmetalação Metal + organometálico M + RM + M´ RM´ Exemplo: Zn + (CH3)2Hg → (CH3)2Zn + Hg ∆H = −35 kJ ⋅ mol −1 Este método se aplica com sucesso com uma grande variedade de metais: M = álcali, álcali terroso, Al, Ga, Sn, Pb, Bi, Se, Te. Condição para bom rendimento em cada caso é o caráter endotérmico do reagente organometálico RM´. Em nosso exemplo dado ∆H 0f (Me2Hg) = +94 kJ.mol-1. Enfim, o que determina a posição deste equilíbrio é a desigualdade ∆G 0f (RM ) < ∆G 0f (RM ´) . Outros exemplos: 4 Li + Pb HC CH2 2 4 Li HC CH2 2 + Pb igualmente: Sn 2 Na + SnPh4 2 Na + SbPh3 NH3(l) NH3(l) NaPh + NaSnPh3 igualmente: Pb NaPh + NaSnPh2 igualmente: P 6 Troca de metal Organometálico + organometálico RM + R´M´ R´M + RM´ Exemplo: 4 PhLi + (H2C=CH)4Sn → 4 (H2C=CH)Li + Ph4Sn ↓ Neste, a insolubilidade e precipitação do Ph4Sn desloca o equilíbrio para o lado direito e proporciona bom rendimento em vinilítio. Outros motivos para um rendimento satisfatório são elevada volatilidade dos produtos ou a formação de carbânions mais estáveis. Outros exemplos: n-BuLi + Bu3Sn-CH2-OR → Li-CH2-OR ↓ + Bu4Sn associado com contatos Li-O (estável) P(SiMe3)3 + MeLi (dme) → (dme)Li-P-(SiMe3)2 + SiMe4 ↑ destilação do produto volátil. 699 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 7 Metatese Organometálico + Haleto de metal RM + M´X RM´ + MX (X = Cl, OR, OAc, OTf) A metatese pode ser vista como alquilação nucleofílica de M´X. A posição do equilíbrio fica ao lado direito quando M, o metal no reagente, é mais eletropositivo do que M´, o metal no produto organometálico. Para RM com metal alcalino esse método fornece excelentes rendimentos, devido à alta exotermia de ∆H 0f (MX). Portanto, essa reação é uma das sínteses mais aplicadas dos organometálicos com metais pesados. Os organometálicos produzidos por este método mostram reatividades inferiores aos compostos de partida. Isso se mostra tanto na nucleofilia do grupo R como no seu poder redutor. Exemplos: 3 Me3Li 2 KCH2Ph 3 Me6Al2 + + + SbCl3 → Me3Sb + 3 LiCl . BaCl2 THF → (PhCH2)2Ba(THF)2 + 2 KCl WCl6 → Me6W + 3 (Me2AlCl)2 Reatividade dos organometálicos de metal eletropositivo, RM: RK > RNa > RLi(puro) > RLi(+LiX) > RMgX > R3Al > R2Zn > R3Sn-R ≈ R3Sb > R3Si-R. Outras sínteses de reagentes organometálicos mencionados neste livro: • Reagente de Corey-House, onde o cobre marca caráter mole ao grupo orgânico (pp. 521 e 750); • Preparo de compostos organo-silício e organo-fósforo (p. 808 e 777, respectivamente). Restrição: Muitos haletos e óxidos, M´X, especialmente os de metais de transição, reagem com os mais reativos compostos organometálicos de maneira indesejada: o grupo carbaniônico R, em vez de ser transferido ao metal M´, efetua a redução do mesmo. Portanto, é essencial para o bom funcionamento da metatese, balancear cuidadosamente a nucleofilia e o poder redutor do reagente RM, conforme as necessidades do sal M´X. Me3Si(C5Me5) + NbCl5 → (C5Me5)NbCl4 C5Me5 = pentametil ciclopentadienil ânion. Me4Sn + O3Re-O-ReO3 → + Me3SiCl Mas: redução do Nb5+ usando (C5Me5)Li Me-ReO3 + Me3Sn-O-ReO3 Mas: redução do Re7+ usando ZnMe2 8 Troca halogênio-metal Organometálico + haleto de arila RM + R´X (M = Li) (X = Br, I) RX + R´M 700 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Essa reação nos surpreende sob vários aspectos: • Um organometálico RM, onde o grupo orgânico tem δ-, se transforma em um haleto RX onde R tem δ+. • E o haleto R´X (com δ+R´) se transforma diretamente num organometálico (com δ+R´). • Um haleto orgânico R´X se transforma em um organometálico R´M, embora a estabilidade termodinâmica do organometálico R´M é apenas moderada. A explicação do funcionamento desta troca é a maior estabilidade carbaniônica de R´, em comparação ao R. Sendo assim, a importância prática desta síntese se restringe basicamente aos haletos aromáticos, ArX (onde X = I, Br, às vezes Cl, nunca F!). O metal M é quase sempre lítio. O mecanismo desta reação é interessante: o reagente R´X dispõe de uma ligação C-Hal bastante polarizável. Em termos de Pearson (conceito HSAB, ver pp. 40 e 685) é uma ligação mole. Isso implica que o desdobramento dos MOs, σ e σ*, é pequeno (ver nota de rodapé 404). Sendo assim, o LUMO desta ligação, σ*, é de fácil acesso. Isso facilita o ataque pelo metal nucleofílico. A aproximação do metal ao grupo R´ é relativamente rápida – o que será importante, como se vê logo abaixo. Exemplo padrão: n-BuLi + PhI n-BuI → + PhLi Essa síntese não está livre de reações paralelas. Suas concorrentes são a alquilação e a metalação do aromático. No entanto, a troca halogênio-metal é uma reação comparavelmente rápida, portanto se obtém um bom resultado no sentido da troca Hal-M, ao efetuar esta síntese a temperaturas baixas (“controle cinético”; ver Figura 12, p. 133). Novos estudos mecanísticos desta reação apontam num mecanismo radicalar, onde o início é um SET: RLi + ArX → [ R• , Li+ , X- , Ar• ] → RX + ArLi Gaiola de solvente Fatores que aceleram e favorecem a reação de troca Hal-M: Grupo X: Br < I Solvente: Hex << Et2O < THF < HMPT (aumento em polaridade) Outros exemplos desta síntese extraordinária: 1) Ar-I + Bu-Li THF [Ar-I-Bu]- [Li(THF)4]+ decompos. Li-Ar + Bu-I A decomposição do complexo iodato é induzido pelo ataque do íon Li+ ao carbânion estabilizado. 2) BuLi + (Me3Si)2CH-Br Essa também é Bu-CH(SiMe3)2. feita a → Bu-Br temperatura + baixa; (Me3Si)2CH-Li o “produto termodinâmico” seria 701 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica F F + n-BuLi n-BuBr + Li Br - LiF Arina 3) Na primeira etapa, conforme esperado, Br e Li trocam os lugares. O produto aromático, no entanto, pode ser decomposto termicamente e fornece uma arina (p. 332), um intermediário muito reativo que faz inúmeras reações de adição. 4) R2C=CBr2 + n-BuLi → n-BuBr + R2C=C(Li)Br Reagente útil em vinilações. 5) CH2Br2 + n-BuLi n-BuBr + [Li-CH2Br] Carbenóide elimin. α - LiBr [CH2] O produto da primeira etapa é escrito em colchetes porque geralmente não é o destino final. Ele sofre eliminação α de LiCl, formando um carbeno que por sua vez é muito reativo e insere-se em diversas ligações C-H e C-C (ver p. 216). Atenção desvio mecanístico: CH2Cl2 n-BuH + [Li-CHCl2] + n-BuLi Aqui não é o haleto que é trocado pelo metal, mas o hidrogênio! A explicação deste desvio é a menor polarizabilidade da ligação C-Cl, em comparação a C-Br. O orbital σ* (= LUMO) fica mais alto e então menos acessível para o metal. Por isso ocorre preferencialmente a desprotonação do cloreto de metileno. A reação consecutiva, no entanto, é em toda analogia à reaçao do brometo de metileno mostrado acima: elimin. α [Li-CHCl2] [CHCl] - LiCl clorocarbeno 9 Metalação Desprotonação de substratos orgânicos com elevada acidez C-H (ver diagrama no anexo 2 deste livro). Reagente: metal, organometálico, amideto de metal ou hidreto de metal. RM + R´H RH + R´M A grande variabilidade no reagente já indica um número elevado de sínteses que encaixam esta classe. Em casos de o reagente ser um organometálico podemos afirmar que o equilíbrio ácido-base fica ao lado direito quando o carbânion formado (R´ө) é mais estável. Compostos 702 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica orgânicos de acidez C-H muito elevada, tais como os acetilenos ou ciclopentadieno, também podem ser metalados de maneira direta, quer dizer, sob oxidação do metal maciço: C5H6 (= Cp-H) + Na C5H5Na → + Mais exemplos: PhNa + PhCH3 n-BuLi / hexano + C5Me5H Et-MgCl + Ph-C≡CH KH / THF + C5Me5H NaNH2 / NH3 (l) + C5Me5H Hg[N(SiMe3)2]2 + acetona Ti(NMe2)4 + C5H6 (= Cp-H) → H-NMe2 Na / THF + Cp-H → ½ H2 Li / NH3 + HC≡CH → H2 PhH → [TMEDA] + ½ H2. PhCH2Na Bu-H + LiC5Me5 → Et-H + Ph-C≡C-MgCl → H2 + KC5Me5 NH3 + NaC5Me5 → → 2 H-N(SiMe3)2 + Hg(CH2-CO-CH3)2 + CpTi(NMe2)3 + NaCp + Li-C≡C-Li Esperamos um deslocamento à direita do equilíbrio R- + R´H RH + R´- quando o reagente R´H tem elevada acidez. A seguinte tabela mostra os valores pKa de alguns dos possíveis substratos e reagentes. Me3C-H 47 H2C=CH-CH2-H 36,5 Me2CH-H 44 HC≡C-H 24 MeCH2-H 42 C5H5-H (= Cp-H) 16 CH4 40 H-CCl3 15 C6H6 39 H-C≡N 9,5 Ph-CH3 37 H-CBr3 9 Podemos até construir uma sequência hipotética de reações ácido-base, onde a posição de todas etapas fica ao lado direito: Et-Na C6H6 C6H5-Na Na+ HC CH CH2 HC C- Na + Cp-Na + Mas: 703 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Esses valores termodinâmicos da acidez surgem de experimentos perfeitamente equilibrados. No entanto, na prática eles podem desviar bastante porque não se levou em consideração a velocidade das desprotonações. O que finalmente decide sobre o sucesso das metalações é a “acidez cinética C-H”. Um alto impedimento cinético da metalação pode-se esperar em casos onde o reagente básico dispõe de uma ligação M-C de elevado caráter covalente. O funcionamento como base implica o rompimento desta ligação. Alto caráter covalente M-C, por sua vez, podemos esperar onde o metal cátion é duro (isto é, pequeno e de alta carga); especialmente o íon Li+ tem um forte efeito polarizante ao carbânion. Solução do problema da inibição cinética: Efeito do solvente: quando o Li+ ganha molécula(s) de solvente, a ligação Li-C do reagente básico fica mais frouxa. Isso aumenta a polaridade da ligação e também a basicidade do composto, já que o carbânion fica mais à disposição para receber o próton. Enquanto benzeno puro e tolueno não solvatizam o n-BuLi, o acréscimo de pouco solvente quelatizante, TMEDA = tetrametil etileno diamina, solubiliza o Li+ e aumenta a “basicidade cinética” do reagente. A metalação se torna viável, quer dizer, a reação ácido-base decorre como a termodinâmica prediz. Aminas terciárias têm uma vantagem frente aos éteres quando usadas para solubilizar o reagente organolítio: eles não reagem de maneira irreversível. Como se vê da Tabela 42 (p. 715), os éteres são atacados pelo reagente organolítio, mais ou menos lentamente. O resultado desta quebra do éter é sempre um composto com ligação Li-O-R (alcóxido de lítio) que é bastante estável e pouco reativo em qualquer sentido. O caráter polar da ligação M-C (que é sinônimo para a basicidade do grupo orgânico deste organometálico), pode ser realçado drasticamente ao trocar Li+ por K+. Essa, aliás, é a estratégia que se segue na preparação das superbases de Lochmann-Schlosser, as bases mais fortes que se conhecem hoje(!): t-BuO-K+ + t-BuO-Li + n-BuLi + n-BuK Complexo superbase (Li + é mais duro) t-BuO-Li+ + n-BuK Ph-CH3 rápido t-BuO-Li+ + n-BuK rápido Ph-CH2 K+ K+ 10 Mercuração e taliação Hg ou Tl eletrofílico + nucleófilo orgânico MXn + RH → RMXn-1 + HX A princípio as reações dos sais de mercúrio(II) e do tálio(III) são também metalações. A facilidade da sua execução e os rendimentos superiores às descritas acima, no entanto, justificam sua referência aparte. 704 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Exemplos: Hg[N(SiMe3)2]2 + H3C-CO-CH3 → (H3C-CO-CH2)2Hg + 2 HN(SiMe3)2 A síntese funciona, como já visto acima, somente com substratos de elevada acidez C-H: alquinos, compostos carbonilas e 1,3-dicarbonilados, compostos nitro, halogeno, ciano, etc. O principal campo de aplicação destes reagentes organometálicos (cuja elevada toxicidade é inegável), no entanto, são substratos RH aromáticos, de preferência os que são ricos em elétrons. Sequência em reatividade: benzeno < tiofeno < furano, etc. HgX2 + Ar-H Aromático rico em e- - HX Ar-Hg-X + R-H R2Hg - HX Mais convencional é o reagente de mercuração Hg(OAc)2. Com o acetato de mercúrio a segunda etapa da mercuração, como está mostrada no esquema acima, é difícil e somente pode ser forçada sob condições mais drásticas. Hg(OAc)2 + Ar-H Solv. MeOH Ar-Hg-OAc Cat. HClO4 + AcOH A taliação ocorre seletivamente em posição para ao substituinte fornecedor de elétrons neste aromático ArH. Do ponto de vista do substrato aromático, essas sínteses são do tipo SE (compare cap. 4.4, p. 311). Tl(TFA)3 + Ar-H → Ar-Tl(TFA)2 + TFA-H ; TFA = trifluoroacetato 10.2.3 Inserções de carbono na ligação metálica A inserção já foi apresentada no contexto das reações de “Aufbau” e “Verdrängung” (p. 165). 11 Hidrometalação Hidreto + Alqueno (ou alquino) MH + C C C C M H Trata- se de uma adição 1,2 do hidreto metálico ao alqueno (ou em um alquino) – o que representa a reação inversa da α-H-eliminação em alquilas metalizadas. Exemplo: (C2H5)2AlH + H2C=CH2 → (C2H5)3Al Essa reação é o início da famosa reação de “Aufbau” de Ziegler (ver p. 165). 705 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Existem dois mecanismos concorrentes para esta síntese: um dipolar e sincronizada, outro radicalar e em etapas. Critério Mecanismo sincronizado Mecanismo em etapas Caráter do estado transitório Cδ- e Cδ+ radicalar Hidreto de metal representativo 6 elétrons de valência (E.V.): X2B-H, X2Al-H. 8 E.V. = completo: Hidreto de metal de transiçao ≤16 E.V.: 18 E.V.: LnZr-H, LnPd-H,... (CO)4CoH, CpFe(CO)2H,... Estereosseletividade da adição cis sem seletividade Regiosseletividade Metal em antiMarkovnikov. anti-Markovnikov (= C menos substituído). Adição em 1,3-dienos Adição 1,2. Adição 1,4 Adição em alquinos cis trans Solvente polar apolar Exemplos: ver abaixo, reação 1 a 3. ver abaixo, reação 4 a 6. hidretos de Si, Ge, Sn, Pb, P. Explicações: A regiosseletividade, no caso da adição sincronizada, é via intermediário dipolar e percorre o seguinte estado de transição: δδ+ R2Al R H Neste observamos que no local da dupla-ligação C=C se estabelecem dois carbonos de polarização oposta. O carbono menos substituído é atacado pelo metal positivo, por três motivos: 1. O reagente M-H é deficitário em elétrons, ou seja, bom eletrófilo 2. Motivo eletrônico: o carbono menos substituído é o local preferido da carga negativa. 3. Motivo estérico: o menos substituído é de acesso mais fácil. Embora afirmamos um mecanismo sincronizado, a formação da nova ligação M-C geralmente é adiantada. Os detalhes e as conclusões são apresentados na hidroboração (p. 763). Quem atrai o hidreto é o carbono mais substituído do alqueno, onde se formou uma polarização positiva. A reação radicalar requer uma ativação em forma de um radical iniciador ou luz UV. Aqui forma-se aquele intermediário onde o radical percebe a maior estabilização (por mesomeria, deslocalização, etc.). A facilidade de o hidreto adicionar-se à ligação C=C ou C≡C, aumenta na sequência: 706 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Si-H < Ge-H < Sn-H < Pb-H. Exemplos: 1) R R MH + C C C R C + M H Produto principal C C H M 2) + [H-BR2]n BR2 Adição 1,2 (cis) 3) Ph-C H BR2 C-Ph + [H-BR2]n Adição cis Ph 4) Ph3Sn-H + Ini Ph3Sn Ph + Ini-H Excesso Ph3Sn-CH2-CH-Ph CH2 Ph3Sn + Ph-HC estireno Intermediário estabilizado Ph3Sn-H Ph3Sn-CH2-CH 2-Ph + Ph3Sn Radical sustentador Excesso estireno Polimerização 5) CH3 Ini Ph3Sn-H + SnEt3 SnEt3 6) Ph-C Adição 1,4 H C-Ph + H-SiR3 Ini Adição trans Ph 12 Carbometalação Organometálico + Ph SiR3 Alqueno (alquino) 707 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Muito semelhante à hidrometalação, descrita acima, é a carbometalação. No entanto, o mecanismo radicalar é pouco observado. Então vale o que foi dito acima para o mecanismo polar da adição 1,2 em alquenos e alquinos: • é sincronizado, • esterosseletividade cis, • regiosseletividade anti-Markovnikov, • reagente são os organometálicos com falta de elétrons, • ao contrário da hidrometalação, a carbometalação somente funciona com os metais representativos mais eletropositivo (Li, Al, Mg). • com organometálicos dos metais de transição a eletronegativida é menos importante do que a situação deficitária de elétrons de valência (complexos de Ti, Zr, Ni, Pd,...) Exemplos: R´ R´ M-R + C C C R´ C + C C M R R M Produto principal M = metal alcalino, Al ou complexo de metal de transição com 14 ou 16 E.V. Li n-Bu n-BuLi + Ph-C C-Ph n-Bu H Ph Ph Ph Adição cis + H + Ph Bu n-BuLi Li De suma importância industrial é a polimerização coordenativa com catalisadores de Ziegler (p. 169); também desta categoria é a polimerização do butadieno ou isopreno, formando borrachas sintéticas. A etapa de propagação da reação “Aufbau” de Ziegler (p. 165), síntese de 1-alquenos lineares, com 10 a 30 carbonos de comprimento, é outro famoso representante desta categoria. Note que a reação reversa da carbometalação não se observa – muito pelo contrário da reversa da hidrometalação. 13 Inserção de carbenos (menos importante) Organometálico + Gerador de carbeno O carbeno pode ser facilmente inserido na ligaçao M-H ou M-X, enquanto a inserção na ligação M-C é rara. Exemplos: 708 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Cl Me 2SnCl2 + CH2N2 Me - N2 Sn CH2 Cl Me Ph3Ge-CBr 2H + PhHgBr Ph3GeH + PhHg-CBr 3 Geração do dibromocarbeno por 1,1-eliminação (= α-abstração de Br por Hg) RHg-Cl + CR´2N2 OC CO OC Mo H + PhSiH3 CH2N2 + CH2N2 RHg-CR´ 2-Cl - N2 OC CO OC Mo CH - N2 3 H hν - N2 Ph Si CH3 H No último exemplo tem-se um complexo com um elemento menos eletropositivo, o que dificulta a carbometalação. Ativador neste caso deve ser luz UV, então temos o mecanismo radicalar (ver hidrometalação). Este caminho, no entanto, é muito raro. 10.2.4 Eliminações e decomposição térmica de organometálicos 14 Arilação com sal de diazônio (menos importante) É uma síntese pouca aplicada na química organometálica – devido ao perigo de explosão. [ArN2]+Cl- + HgCl2 → [ArN2]+[HgCl3]- → Ar-HgCl, Ar2Hg, Ar-Cl + N2 (depende de temperatura e/ou catalisador) [ArN2]+Cl- + As(OH)3 → Ar-AsO(OH)2 + Ácido arilarsônico N2 + HX (Reação de Bart, p. 864) 15 Decarboxilação / inserção de CO2 na ligação M-H ou M-C (menos importante) Método especial, restrito aos metais pesados, de preferência Hg: ∆T HgCl 2 + RCOO- Na+ R2Hg + 2 CO2 Hg(OOCR)2 [(AcO)2As-O-As(OAc)2] ∆T [Me2As-O-AsMe2] + 2 CO2 709 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Para a pirólise de carboxilatos é favorável um grupo R com substituintes retiradores de elétrons, tais como R = C6F5, CF3, CCl3, etc. Para a sua reversa, a inserção de CO2 no complexo metálico, será favorável um sistema repleto de elétrons (com metais dos grupos 11 e 12). Como caso especial pode ser vista a decomposição térmica de formiatos, pois fornece um hidreto organometálico (caminho alternativo!): O (n-Bu) 3Sn ∆T C-H (n-Bu) 3Sn-H + O 2 CO2 O LnRh [LnRh-H] + CO2 C-H O 10.3 Reações dos organometálicos, organizadas por tipo de metal. Neste caítulo serão apresentados, para cada metal separado: • As sínteses mais importantes dos organometálicos; serão referidos os números das categorias, conforme usados na p. 694. • Informações estruturais dos compostos organometálicos mais usados, desvios do esperado, curiosidades. • Sínteses orgânicas onde estes organometálicos são úteis. 10.3.1 Compostos organolítio Preparo de reagente organolítio Os organometálicos do Li podem ser preparados pelos métodos 1, 5, 6, 8, 9 e 12. No entanto, os mais convenientes são 1 (por ser a partir do Li metal; barato) e 9 (por ser com o n-BuLi, prontamente disponível no comércio): 1 R-X + 2 Li 9 R-H + n-BuLi 1/n [R-Li]n → → 1/n [R-Li]n + LiX + n-butano O produto técnico mais importante é o n-BuLi, do qual 80% é consumido na polimerização aniônica de isopreno, formando o cis-poliisopreno com alta seletividade (estrutura idêntica à da borracha natural): EtLi Pentano n-BuLi TMEDA RnLi R Complexos intermediários Li-alila (ligações σ e π) LnLi x R 710 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica (Sob condições ideais se evita as adições (1,2), (3,4) e (trans-1,4); a única forma de implementar o isopreno na cadeia polimérica é (cis-1,4), igual na borracha natural). Todos os compostos com ligação M-C, M = metal alcalino, são altamente sensíveis frente o contato com o oxigênio atmosférico. Portanto, devem ser manuseados sempre sob atmosfera inerte (N2, Ar). Ao contrário dos reagentes clássicos de Grignard cuja difícil solubilidade requer o uso do solvente éter, a maioria das sínteses com compostos RLi pode ser feita em solventes mais baratos e inertes, tais como hexano. Analítica Típico para a maioria dos reagentes organo-lítio é uma porcentagem variável de sal, LiCl, onde o cloreto substitui uma parte do ligante orgânico. Portanto, é importante na prática laboratorial, estar ciente da concentração efetiva de lítio que realmente está ligado ao carbono. A determinação da concentração dos reagentes em solução representou por muito tempo um problema, já que a titulação direta com um ácido fornece valores muito acima da concentração verdadeira. Isso se deve à presença de alcóxidos, RO-Li+, que resultam da reação do reagente R-Li com o oxigênio do ar ou da decomposição do solvente etérico (ver Tabela 42). A seguinte titulação, no entanto, proporciona uma nítida virada de cor no ponto de equivalência 408: O-Li+ O Ph N Ph H N-benzilbenzamida BuLi THF Ph N incolor O-Li+ Ph Li BuLi Ph N Ph azul Concentrações de [RLi] > 0,1 mol.L-1 também podem ser determinadas por meio de 1H-rmn, usando um padrão interno; os respectivos sinais se esperam entre -1,0 < δ < -1,3 ppm. Estruturas e caráter das ligações em compostos RLi A natureza da ligação Li-C é principalmente covalente (!), enquanto a polarização Cδ−—Liδ+ é considerável. Praticamente todos os compostos organolítio são deficitários em elétrons de valência (E.V.). Ao extremo temos apenas 2 E.V. no complexo todo; isto é realizado no composto monomêrico puro, [R-Li]1 (que somente existe a temperaturas altas em fase gasosa). O que melhora a situação eletrônica dos complexos organolítio são ligações multicêntricas (ver Tabela 33) e a associação ou o empilhamento das unidades oligoméricas, [R-Li]n. Essas ligações, embora não sejam tão estáveis como uma ligação clássica de 2e2c, aumenta o número de E.V. disponível em cada átomo de Li. Figura 36. 408 Representação dos MOs acerca da ligação multicêntrica 2e4c no metilítio. A.F. Burchat, J.Organomet. Chem. 542 (1997) 281-3. 711 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O que plenamente satisfaz o complexo, com 8 E.V., certamente é a complexação de ligantes doadores de elétrons σ – este geralmente é o papel do solvente, um éter (Et2O, THF, DME 409) ou uma amina terciária (TMEDA 409). Mais marcante é a propriedade dos compostos RLi de formar unidades oligoméricas – tanto no estado sólido como em solução. Isso está mostrado explicitamente no exemplo do metilítio, a seguir. O metilítio como sólido apresenta-se cúbico de corpo centrado das unidades [CH3Li]4, onde as faces dos tetraedros de Li4 são cobertas por 4 grupos CH3. Figura 37. 409 Unidade estrutural de [CH3Li] 4 em solução e o arrajo no estado sólido. DME = glime = Dimetil etilenoglicol = Me-O-CH2-CH2-O-Me; TMEDA = Tetrametil etileno diamina = Me2N-CH2-CH2-NMe2. Os dois são ligantes quelatizantes, doadores de elétrons σ. 712 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A curta distância entre as unidades [CH3Li]4 mostra que os grupos metilas também interagem com tetraedros vizinhos de Li4. Essas forças intermoleculares são responsáveis para a baixa valatilidade e a difícil dissolução do MeLi. No caso da unidade [MeLi]4 identificamos ligações 2e4c, entre os grupos metilas e os átomos de lítio. O grupo metila não é o único exemplo que pode fazer este tipo de ligação com metais (ver Figura 35) – na verdade existem para a maioria dos ligantes exemplos de ligações multicêntricos. As ligações 2e3c são as mais frequentes; a facilidade de estabelecer essas pontes, no entanto, varia com o tipo de ligante: geralmente achamos a seguinte sequência (a carga negativa foi deixada, pois neste tipo de ligação o caráter aniônico do ligante é bastante atenuado): R2N > RO > Cl > Br > H > I > Ph-C≡C > Ph > Me > Et > i-Pr > t-Bu Uma estrutura semelhante ao MeLi tem o t-BuLi. Aqui as forças intermoeleculares são mais fracas, portanto o t-BuLi se dissolve em hidrocarbonetos (o que o MeLi não faz) e também pode ser purificado por sublimação (a 70° C/ 1 mbar). O grau de associação depende largamente do tipo de solvente: Tabela 41. Formas de associações dos compostos organolítio, em dependência do solvente. RLi Solvente Grau de agregação CH3 Li Hidrocarboneto Hexâmero (octaedros Li6) THF, Et2O Tetrâmero (tetraedros Li4) TMEDA 409 Monômero Cicloexano Hexâmero Et2O Tetrâmero (t-C4H9) Li Hidrocarbonetos Tetrâmero C6H5 Li THF, Et2O Dimero C6H5CH2 Li (benzila) THF, Et2O Monômero C3H5 Li (alila) Et2O alta massa molar THF Monômero THF Monômero puro, sem solvente Polímero columnares) (n-C4H9) Li CpLi (litioceno) (estruturas Ao mesmo tempo, essas associações em solução não são fixas, mas podem ser observadas complexas flutuações intermoleculares entre os grupos orgânicos, parecidas com os reagentes clássicos de Grignard e descritas lá como “equilíbrio de Schlenk” (ver p. 719). 713 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Sínteses orgânicas e reações típicas dos compostos organolítio As reações de auto-agregação, conforme descritas acima, certamente influenciam na reatividade dos compostos organolítio. Em geral afirmamos que a unidade R-Li quando mais solta, mais disponível ela é para uma síntese química. Portanto, vamos incluir as autoagregações na lista das reações químicas de importância: Solvente R´M [R-Li]n KO-tBu Monomerização hexano < benzeno < Et 2O < THF < DME < TMEDA < HMPT Complexos "metalatos" (= ânion complexo), onde o metal mais eletropositivo é o cátion. Alguns exemplos: [NaTMEDA]3[LiPh4]; Na[BPh4]; Li[CuMe2] litiato borato cuprato Base de Schlosser a partir de [Et-Li]6: H3C C H máxima basiciadade! Li O-tBu Et-K mascarado K H n Reação com éteres A quebra de éteres ocorre somente com os compostos organometálicos mais polares (≥ 40%). O motivo principal desta reatividade é a alta basicidade do composto R-M, mais do que a sua nucleofilia. Ocorre a desprotonação do éter em posição β, na medida que o grupo R-O- está sendo abandonado. Segue uma eliminação β, na maioria dos casos uma E2 com tendência à E1cB. H R - M+ + ´R CH α O β C H2 Eliminação β R-H + R´-CH=CH2 R´´ + R´´O- M+ Também existe a possibilidade de a base carbaniônica desprotonar a posição α do éter, mostrado no exemplo do THF: O n-BuLi - n-BuH O CH Li OLi > -60 °C lento H2C=CH2 + Rearranjo de W ittig H Como se vê nesta reação, um dos produtos é o enolato do acetaldeído, que por sua vez é dificil ser feito de maneira limpa por desprotonação direta do acetaldeído. Os compostos R-Na+ e R-K+ reagem rapidamente neste sentido, mas também e infelizmente os compostos organolítio, por sua vez os reagentes organometálicos mais versáteis. Isso 714 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica certamente restringe a escolha do solvente nas sínteses com compostos RLi, que na maioria das reações do tipo Grignard (cap. 5.6.1) é de preferência dietiléter ou THF. No entanto, o ataque dos éteres pelos compostos RLi é devagar. Para a prática isso significa que esse reagente organometálico pode ser usado em combinação com o solvente etérico, mas não tem vida de prateleira. A solução deve ser preparada na hora da síntese e a reação desejada não deve demorar mais do que os tempos indicados na Tabela 42, se não há perdas em organometálico e demasiada produção de sujeira. Para dar idéia, seguem os tempos de meia-vida, para alguns sistemas típicos (siglas usadas, ver nota de rodapé 409). Observa-se reatividade do n-BuLi frente aos éteres mais comumente usados nas seguintes velocidades relativas (fatores ~ 100 vezes): DME > THF > Et2O. Tabela 42. Tempos de meia-vida do reagente organolítio, em solventes típicos para reações do tipo Grignard. Solvente/temp. THF/-20 °C THF/+20 °C THF/+35 °C THF/TMEDA/-20 °C THF/TMEDA/ 0 °C THF/TMEDA/+20 °C Éter/-20 °C Éter/0 °C Éter/+20 °C Éter/+35 °C Éter/TMEDA/+20 °C DME/-70 °C DME/-20 °C DME/0 °C n-BuLi sec-BuLi 20 min 10 min 55 h 340 min 40 min t-BuLi 360 min 40 min 480 min 61 min < 30 min 153 h 31 h 603 min 120 min 2 min 110 min 6 min H2C=C(OEt)-Li H2C=C(SiMe3)-Li > 15 h 17 h 17 dias 11 min << 2 min De qualquer maneira, seria mais barato e mais seguro usar os reagentes organolítio, sempre que for possível, em solventes hidrocarbonetos inertes (hexano, ciclohexano, tolueno, etc.). Com o metilítio, por sua vez menos básico e reativo frente aos éteres do que os demais reagentes organolítio, não ocorre a decomposição do éter. Em vez disso, o organometálico recebe estabilização do oxigênio que tem o papel de ligante doador de elétrons σ. Portanto, MeLi forma com Et2O a 25 °C um complexo estável com estrutura de heterocubano: OEt2 Et 2O Me Li Et2O Me Li Me Li Li Me OEt 2 Desprotonação da amônia A amônia muitas vezes repõe outros solventes polares quando se pretende executar uma síntese a baixas temperaturas. Neste caso deve-se levar em consideração a acidez da NH3 – 715 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica mesmo ser baixa (pKa = 33), dá espaço a reações ácido-base com os seguintes reagentes organometálicos: RNa, RK e também R-Li. Com estes ocorre a desprotonação da amônia, formando os amidetos, M+NH2-. Embora esta seja uma reação da química inorgânica, os amidetos são muito versáteis na síntese orgânica: todos agem como bases fortes, enquanto a maioria dos alquilamidetos, M+NR2-, representa um nucleófilo moderado ou até ruim. Uma base frequentemente usada na síntese é diisopropilamideto de lítio (LDA), comercializada em solução de THF ou em aromáticos (ver nota de rodapé 307, na p. 484). Um exemplo onde se faz essa reação ácido-base de propósito é a preparação do LDA: R Li + HN(C3H7)2 R H Li N(C3H7)2 + LDA Base forte (pKa = 38) Nucleófilo ruim. Reações estereosseletivas: A maioria das reações com organolítio decorre regio e estereosseletiva. Um exemplo já vimos com a síntese da borracha poli-cis-1,4-isopreno (pp. 176 e 710). Ph Ph H R-Li; THF Adição cis-1,2 Ph H Li R Ph H H Velocidade da adição varia com o grupo orgânico: Me-Li vs. n-Bu-Li = 1 : 3600 Quanto ao tipo de metal, podemos afirmar sobre a reatividade em adições na ligação C=C (e C≡C): R-MgX < R-Li < (R3Al)2. O emprego do ligante quelatizante ,(-)-sparteína, proporciona quiralidade ao reagente organolítio. Com este complexo, [R1-Li(-)-sparteína], uma carbolitiação (reação 12 ) pode ser feita com alta enanciosseletividade: N Ph N (-)-sparteína R´ R-Li Ph Li H R H R´ H2O, H+ Ph H R H2C R´ Rendimento: 92% ee 95% Com sucesso o organolítio é usado na confecção de novos catalisadores homogêneos: 716 A. Isenmann 2 n-BuLi Princípios da Síntese Orgânica + Li Catalisador: TMEDA Fe Fe + 2 n-BuH Li (igualmente: cromo dibenzeno) Interessante também aqui é a complexação prévia com (-)-sparteína. Com o reagente R-Li quiral se consegue então complexos de ferroceno quirais. Em geral: A MLn A B B MLn Complexos sandwich enancioméricos Exemplo: NR2 Fe Li N N n-BuLi Et2O -78 °C O NR2 Fe O Ph2P-Cl PPh2 NR2 Fe O Rendimento: 82% ee 90% Criação seletiva de nova ligação C-C: A utilidade dos reagentes organolítio em reações do tipo Grignard já foi apresentada em outro lugar (cap. 5.6). Vale relembrar que as duas sínteses a seguir, formando aldeídos e cetonas, são entre as mais importantes estratégias de ampliar o esqueleto carbônico: 1) H R-Li O NMe2 2) H2O / H+ 1) R´-CN 2) H2O / H+ H ´R O R Alternativa à reação de Grignard com o ortoéster do ácido f órmico. O R Os reagentes organolítio são bastante reativos – portanto pouco seletivos em algumas aplicações. A quimosseletividade e a diastereosseletividade das reações, ambas podem ser aumentadas ao trocar o lítio por um metal menos eletropositivo (metatese, reação 7). Essa transmetalação de Li para Ti, Cu, Mn, Zn, Pd, Ni, etc. foi desenvolvida, principalmente por Reetz e Seebach (>1980), 717 A. Isenmann • • • Princípios da Síntese Orgânica Aumenta a tolerância frente outros grupos funcionais no substrato (organo-Ti tolera – CN, -NO2, -Br). Diferencia a reatividade entre grupos funcionais semelhantes (-CHO e –C(O)R, por exemplo). Diferencia por meio de controle cinético. Isso pode incluir o controle de estados de transição diastereotópicos, ao se usar um ligante quelatizante quiral. 10.3.2 Compostos organomagnésio Entre os elementos da tabela periódica achamos pares cujas propriedades atômicas e também a reatividade química são muito semelhantes. Esses elementos tipicamente se encontram em grupos vizinhos e períodos vizinhos e o parentesco é conhecido na química inorgânica como semelhança diagonal. Evidentemente, temos dois efeitos contrários que se compensam: 1) De cima para baixo o raio iônico aumenta. 2) Do esquerdo para direito a carga iônica aumenta, portanto o raio do íon diminui. Li Be B C Na Mg Al Si O que constatamos aqui é uma química semelhante entre Li e Mg: • Potenciais iônicos comparáveis, • Forte caráter covalente nas suas ligações • Solubilidade em éteres e aminas terciárias • Preferência do número de coordenação 4 em seus complexos orgânicos R-Li(S)3 e RMgX(S)2 (S = Et2O: eteratos estáveis). • Tetraedros ligados através das arestas • Sem solvente: formação de ligações multicêntricas. Apesar da grande semelhança entre esses íons, em muitos sentidos os compostos do magnésio são um pouco menos reativos (e mais seletivos) do que sua contraparte do Li. Preparo de reagente organomagnésio O preparo dos reagentes de Grignard, R-MgX, é uma das tarefas mais comuns no laboratório, desde mais de 100 anos. No preparo em escala maior se trabalha em líquidos inertes (hidrocarbonetos; barato), na presença de pouco solvente S = éteres ou aminas terciárias. A formação do reagente de Grignard engloba uma cascata de reações que, até hoje, não estão estudados em todos os detalhes. Isso se deve à grande dificuldade de estudos (cinéticos) em reações heterogêneas, isto é, reações que acontecem somente na superfície de um sólido. As medidas de se ativar a superfície do Mg metal para a reação seguem abaixo. O que parece certo é uma fase inicial radicalar, onde há SET, do metal para o reagente R-X. O produto primário da reação a seguir é um radical orgânico, R•, que pode ser comprovado por meio de sequestradores HALS, 718 A. Isenmann N O Princípios da Síntese Orgânica (compare p. 85): R-X Mg Mg R-X SET e- Mg Mg Mg solv. R ~ XMg Mg MgX solv. Mg Em seguida a dessorção dos radicais que ocorre, provavelmente, em sincronia com a recombinação dos radicais e a acomodação de moléculas do solvente (éter, amina terciária). A complexação de doadores de elétrons σ é essencial para a mobilização do reagente R-MgX, o complexo mobilizado é tetraédrico (em analogia aos reagnetes R-Li), contendo duas moléculas de solvente. Drasticamente falado: sem esse solvente não há reagente de Grignard! Uma vez em solução, o complexo R-MgX(S)2 é submetido a agregações reversíveis que pode ter por consequência a troca de ligantes intermoleculares. Este equilíbrio é conhecido como “Equilíbrio de Schlenk”: R 2 X S S Equilíbrio de Schlenk (1929) Mg Mg S S -S Mg + X R S X HS R +S R X Mg S S Mg X +S R S+ S S Mg R X Mg S R - S -S X Mg S X R Mg X R O complexo misto se transforma em complexos uniformes de MgX2 e MgR2; dos quais o último pode ser concentrado. Na medida que se perde os ligantes de solvente se estabelecem ligações 2e3c – o resultado é um polímero [MgR2]n: S n X Mg S S + X insolúvel caso S = dioxano (polímero) n R -S R Mg Mg S R R R R Mg Mg R R n Tetraedros ligados pelas arestas (estrutura do SiS2) A reatividade de R-X no preparo do reagente de Grignard depende do grupo X, pelo fato de se ter diferenças em transferir o elétron no SET: I > Br > Cl >> F, OR. 719 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Em segundo plano também do grupo R, principalmente por razões estéricas: Alquila > arila, vinila. Os iodetos orgânicos, apesar de serem os mais reativos, tendem a mostrar certas reações paralelas, das quais a eliminação β é a mais prominente (= reversa da síntese 11): t-Bu-I + + [H-MgI] Mg Em comparação: o t-Bu-Cl reage sem problemas na forma desejada e fornece [t-Bu-MgCl] em bom rendimento. Métodos alternativos para os compostos organomagnésio são menos usados: 1) 7 1 Dioxano [R2Mg]n + MgX2(dioxano) 2 2 RMgX(S)2 2 Mg + 2 R-X (estequiom.) pontes de dioxano insolúvel; precipita. 2) RMgX(S)2 7 R-Li R2Mg(S) 2 + LiCl 3) EtMgX + CpH 9 CpMgX(S) 220 °C vácuo [(η5-Cp) 2Mg] + MgX2 volátil destilação A síntese industrial é via hidrometalação de 1-olefinos, na presença de quantidades catalíticas de antraceno / TiCl4: 11 100 °C Mg + H2 + 1-buteno n-Bu2Mg pressão A hidração do magnésio se consegue, sob condições brandas, na presença dos ativadores e catalisadores, {Mg-antraceno + haleto de metal de transição (TiCl4, CrCl3, FeCl2)}: Mg + H2 {catal.} 20 a 65 °C MgH2 excesso H2 {MgH2 (H2) n} O hidreto MgH2 pode-se tornar importante no próximo futuro, como tanque de hidrogênio. Podemos notar como curiosidade que nos entremeios do cristal deste hidreto pode-se acomodar (= solubilizar) mais hidrogênio, do que no mesmo volume de hidrogênio líquido! No entanto, o armazém reversível de H2 requer, até hoje, temperaturas bastante altas. 720 A. Isenmann Mg Princípios da Síntese Orgânica + n H2 esponjoso ativado {MgH2 (H2) n-1} + energia 7,7% m/m de H2 Temperatura de decomposição a 1 atm de H2: 284 °C Formas especialmente reativas do metal Mg A maioria das reações de Grignard tem um período de indução indeterminado, quer dizer, a reação não adianta – até o momento de ferir a película protetora de óxido, em cima do metal. Isso pode ser feito ao oferecer uma quantidade catalítica de reagentes bons para o magnésio ou via ativação mecânica, no banho de ultrasom. Típicos métodos são: Mg + um grão de I2; Mg + uma gota de Br2; uma gota de MeI em cima do metal seco e esquentar; igualmente funciona BrCH2-CH2Br ou CCl4. Magnésio pirofórico: 300 °C MgH2 atmosf era: Ar Mg + H2 Método de Rieke: MgCl 2 + 2 K / THF Mg (reage também com éteres e até com R-F) Método de Fürstner: MgCl 2 + 2 C8K Mg depositado em cima de carvo ativado Método de Bogdanovic: Mg + Mg-(antraceno) + TiCl4 (catalítico) + H2 (só em preparados para hidromagnesização) Estruturas dos compostos organomagnésio Também nas estruturas os compostos organomagnésio são semelhantes aos organolítio. Somente em alta diluição (< 0,1 M) temos monômeros da fórmula R-MgX(S)2, número de coordenação 4. Já em concentrações elevadas ocorre dimerização que, sem limite nítido, finalmente leva a cadeias poliméricas. Nos compostos agregados temos grupos de pontes que são de preferência os haletos, alcóxidos ou amidetos. Observamos a seguinte sequência em facilidade de formar pontes: heteroátomos X (= Hal, O, N) > hidogênio > carbono. As pontes de H e C são ligações policêntricas, aqui do tipo 2e3c; sua característica é um déficit de elétrons. Por outro lado, as pontes feitas pelos heteroátomos (haletos) têm outra qualidade: X- ainda tem pares de elétrons não ligantes que podem ser emprestados para o metal. Sendo assim, ele pode ser visto como ligante de 4 ou até 6 elétrons que faz exclusivamente ligações clássicas de 2e2c. 721 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Figura 38. Exemplos estruturais de compostos organomagnésio. Ambiente preferido do Mg é a coordenação tetraédrica. Como já vimos nos compostos organolítio, os reagentes organomagnésio têm na sua maioria dois tipos de ânions. A parte valiosa na síntese certamente é o carbânion (ou o hidreto). Portanto, é necessário determinar com um método adequado a concentração de R- (H-) no reagente. Mais adequada é uma titulação com ditelureto de difenila: Ph2Te-TePh2 vermelho + R-MgX R-Te-Ph + Ph-Te-MgX amarelo pálido Reações dos compostos organomagnésio Os reagentes R-MgX são um pouco menos reativos do que os correspondentes R-Li. Portanto são mais seletivos e mais tolerantes frente outros grupos funcionais dentro do substrato. Mais típicas são sínteses com o objetivo de criar uma nova ligação C-C. As reações do tipo Grignard podem ser vistas, sendo o método principal de construção do esqueleto carbônico da molécula alvo. Ao mesmo tempo, os grupos funcionais que reagem com os carbânions do organomagnésio são formalmente reduzidos. A reatividade dos organomagnésio pode ser atenuada, em analogia aos R-Li, por transmetalações onde um metal menos eletropositivo entra no lugar do magnésio. Formação de complexos ~ato Com outros organometálicos, de preferência LiR ou AlR3, formam-se organometálicos mistos, onde o complexo contém dois metais diferentes. As ligações nestes complexos têm alto caráter covalente. Mesmo assim, podemos atribuir uma polarização positiva em um metal (o mais eletropositivo) e a carga negativa no complexo do outro metal (o menos eletropositivo). Esse último é denominado de maneira típica de ânions, acrescentando a sílaba ~ato. No exemplo a seguir consideramos as seguintes eletronegatividades: 722 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Li (1,0) < Mg (1,3) < Al (1,6) < Sb (2,0). Os reagentes de Grignard comuns também podem ser modificados pela reação de troca de iodo-magnésio (síntese 8, cap. 10.2.2). Isso deve acontecer a temperatura bastante baixa: i-PrMgCl + Ar-Br + 40 °C (em comparação: BuLi + Ar-I i-Pr-Br + - 80 °C! Ar-MgCl Bu-I + Ar-Li ) Os magnesiatos, por sua vez mais nucleofílicos do que R-MgX, essa reação ocorre já em -30 °C. 10.3.3 A química dos compostos organoalumínio Os compostos organoalumínio se destacam por • Eletrofilia muito alta: os complexos “AlR3” têm apenas 6 E.V. – desde que não haja complexação por moléculas doadoras de elétrons, tais como éteres. • Esses compostos mostram altíssima reatividade frente oxigênio e água. Os padrões de segurança no seu manuseio devem ser muito altos, todas as reações ocorrem sob atmosfera inerte de Ar. • Isso deixa concluir que a hidroaluminação (11) e a carbaluminação (12) de alquenos e alquinos ocorra com mais facilidade do que com qualquer outro organometálico. • A produção técnica destes compostos aproveita do baixo custo do metal Al – o metal ativo mais barato e disponível em maiores toneladas hoje. Sínteses técnicas Conforme sua importância técnica existem métodos especiais para a síntese dos compostos organoalumínio. Uma rota patenteada pela Hüls AG (Alemanha) leva aos compostos [(CH3)3Al]2 e [(C2H5)3Al]2. O metal que entra neste processo deve ser preativado, isto é, removida sua superfície protetora de óxidos. Isso pode ser feito por cominuação com Et3Al. 723 A. Isenmann 4 Al + Princípios da Síntese Orgânica 1 6 MeCl 2 Me 3Al2Cl 3 "Sesqui-cloreto" Me 4Al2Cl 2 + Me2Al 2Cl 4 2 NaCl Me 4Al2Cl 2 (l) + 2 Na[MeAlCl3] (s) Complexo aluminato x3 6 Na 2 Me 6Al2 + 2 Al + 6 NaCl O sesquicloreto formado em primeira instância é instável e forma o cloreto e o dicloreto. O último pode ser removido da mistura ao adicionar sal de cozinha (seco!) que tem o papel de base de Lewis e precipita o sal de aluminato. O cloreto que se mantém em solução é tratado com sódio metálico. Ocorre sua redução e os produtos instáveis desproporcionam, liberando alumínio trialquila e alumínio metálico (o último é reutilizado em ciclo fechado). Neste processo, o que mais chama nossa atenção é a formação e o desproporcionamento do cloreto de metilalumínio. A redução deste composto com sódio produz dois radicais que dimerizam formando um complexo com íons de Al(II) subvalentes, do tipo “Me2Al-AlMe2”. Este complexo, sem proteção estérica ou eletrônica (por hiperconjugação) é instável, ele reage com outro complexo do mesmo tipo, formando um composto oxidado, ½ [AlMe3]2, e um reduzido, Al(0). Somente com grupos R mais ramificados o composto subvalente, R2Al-AlR2, pode ser isolado. O segundo método de importância industrial é conhecido como “processo direto de Ziegler”: Etapa 1: adição oxidante de H2 no organoalumínio leva ao alquilhidreto de alumínio. A reatividade do metal nesta etapa aumenta quando se usa uma liga com 0,01 a 2% de Ti. 80 a 160 °C Al + 1,5 H2 + 2 [Et3Al]2 100 a 200 bar 3/n [Et2AlH]n Etapa 2: hidroaluminação de um alqueno (11) leva ao composto alquilalumínio. Essa etapa é reversível (a reversa é a eliminação β do hidreto) 80 a 110 °C 1 a 10 bar 3/n [Et2AlH]n + 3 H2C=CH2 3/2 [Et3Al] 2 Na soma: 2 Al + 3 H2 + 3 H2C=CH2 [Et 3Al]2 O alumínio metal não reage com H2 formando o hidreto AlH3, mas ele reage na presença de Et3Al para o composto misto [Et2AlH]3 que é solúvel; estrutura: H Et 2Al AlEt 2 H Al Et 2 H pontes 2e3c de H 724 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Este hidreto misto adiciona na segunda etapa alquenos no sentido anti-Markovnikov. No que diz respeito ao alqueno, podemos afirmar quando menor e menos ramificado, mais estável é o produto de trialquilalumínio. Deste fato se aproveita na seguinte maneira: o isobutileno é o alqueno mais ramificado que ainda pode ser hidroaluminado. Em grande escala se produz assim o triisobutilalumínio, a partir do qual muitos outros compostos R3Al são acessíveis, onde R é menos ramificado. Em uma reação reversível esses alquenos (por exemplo, 1-dodeceno, propileno, etileno, etc.) deslocam o isobutileno do complexo metálico. O triisobutilalumínio é monomérico, enquanto os compostos alquilalumínio com grupos menores e dimérico, através de duas ligações Al-C-Al do tipo 2e3c. [i-Bu3Al] + [n-dodecil 3Al] 3 1-dodeceno + 3 Também essa troca de ligantes não ocorre via composto alquilalumínio puro, mas de preferência através do hidreto misto, [i-Bu2Al-H], conhecido como DIBAL: i-Bu3Al β-elimin. de H - i-butileno Al H Al Alternativa: comproporcionamento de i-Bu3Al com [AlH 3]n H Olefina Al H "DIBAL" H R C H R = alquila R = fenila CH2 Al-iBu2 97% 75% + R H C CH2 (iBu)2Al H 3% 25% Outras sínteses dos compostos organoalumínio AlR3 com R = vinil, benzil ou t-butil não podem ser feitos com os dois métodos industriais descritos acima. Para estes casos deve-se usar um dos métodos de laboratório: 3 Ph2Hg 3 RLi + + 5 2 Al AlCl3 8 2 Ph3Al R3Al + + 3 Hg 3 LiCl A última é feita em heptano, daí o sal LiCl se precipita e desolca o equilíbrio ao lado direito. O maior problema na prática é, no entanto, a formação de aluminatos do tipo Li+[R4Al]- que neste solvente também são insolúveis. Aplicações técnicas dos compostos organoalumínio. A grande maioria do Et3Al produzido no mundo é usada na reação de Aufbau de Ziegler (p. 165), quer dizer, na produção de 1-alquenos, alcoóis graxos e sulfatos lineares cujo destino principal são formulações de detergentes. Os 1-alquenos são importantes intermediários para produzir PE-LLD (= polietileno linear de baixa densidade), um material avançado que reune as vantagens mecânicas do PE-HD, com a baixa densidade do PE-LD. Note que os alquenos que resultam deste processo não têm ramificações. Isso é uma clara vantagem quando comparados aos alquenos que saiem do craqueamento e reforming do 725 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica petróleo. Além disso, a dupla-ligação C=C sempre fica em posição 1. O tamanho das cadeias, no entanto, não é uniforme, mas obedece às leis da estatística. Identificamos uma concorrência entre a carbaluminação e a eliminação β do alqueno do organometálico, sendo as contrapartes que definem o comprimento da cadeia carbônica. Para a maioria das finalidades industriais se mira um comprimento entre C12 e C18 (o que corresponde ao tamanho dos ácidos graxos naturais), o que pode ser com a regulagem fina das condições reacionais (pressão do etileno e temperatura). Et 3Al H 2C=CH2 110 °C "Auf bau" = carbometalação, 12 100 bar (CH2)m Et Al (CH2)nEt (CH2)oEt O2 R Al O O R H2C=CH2 1. Eliminação β do hidreto de alumínio 2. Hidrometalação de etileno 11 Hidrólise O(CH2) nEt - Al(OH)3 O(CH2)oEt Et3Al + 3 H2C=CH-(C2H4)m,n,o-H "Deslocamento de 1-alquenos" = O(CH2) mEt Al 250 °C ∆ Sulfatação: 1. Óleum 2. NaOH 3 H-(C2H4)m,n,o-OH Alcoóis graxos saturados 3 H-(C2H4) m,n,o-O-SO3- Na+ Sulf atos do álcool graxo (Tensoativos biodegradáveis) Al2O3 Alox puro, com grande superf ície (serve como suporte para catalisadores ou como adsorvente) Figura 39. Reação de “Aufbau” a partir do trietilalumínio e os produtos consecutivos. O segundo exemplo é a síntese de isopreno, monômero da borracha natural. Neste processo, patenteado pela Goodyear, o composto organoalumínio catalisa a dimerização de propileno. Note que com o propileno (e com alquenos maiores), ao contrário do etileno, não se conseguem polímeros, mas apenas dimeros. Borracha sintética idêntica à natural n-Pr 3Al Carbometalação, 12 n-BuLi Hidrometalação, 11 n-Pr n-Pr Craqueamento Catal.: zeólitos n-Pr 2Al 2-metilpent-1-eno - CH4 Isopreno n-Pr 2Al-H 726 A. Isenmann Figura 40. Princípios da Síntese Orgânica Ciclo catalítico da dimerização do propileno A maior produção de insumos, no entanto, representa a polimerização de Ziegler-Natta. São processos de baixa pressão para produzir os plásticos mais utilizados hoje, o polietileno PEHD e o PP estereorregular (isotático ou sindiotático, ver p. 172). Podemos classificar os métodos de polimerização, conforme a aparência do centro organometálico que cataliza essa polirreação: heterogêneo (mais antigo) ou homogêneo (> 1980). Na catálise heterogênea tem-se os olefinos, em estado gasoso ou líquido, em cima de catalisadores sólidos. Esses são os sistemas mistos, os clássicos catalisadores de Ziegler, contendo AlR3 e um haleto de metal de transição do lado esquerdo da tabela. A química acerca deste catalisador, suas vantagens práticas e as dificuldades de estudar os mecanismos, já foram apresentados na p. 171. O que será apresentado neste lugar é a técnica da catálise homogênea 410. O coração deste catalisador é um metal de transição complexado por grupos orgânicos que proporcionam sua solubilidade em hidrocarbonetos inertes, usados como solvente neste processo. Esse complexo deve ser deficitário em elétrons de valência (típico são 16 E.V.), então representa um centro ácido de Lewis. Além disso, deve dispor de uma vaga na esfera coordenativa ao redor do metal. O que atrasou o sucesso destes catalisadores por muitos anos é a necessidade da ativação do centro catalítico, por meio de um ácido de Lewis forte. Somente com a invenção dos MAO (= metilaluminoxano) se conseguiu catalisadores ativos que permitem a polimerização sob condições brandas.O MAO, feito por hidrólise parcial de Me3Al, representa um ácido de Lewis que prende ligantes do tipo Cl- e CH3- em forma de aluminatos soltos (W. Kaminsky, 1980): Al CH3 O n Esses complexos têm uma papel ambivalente: receptor de elétrons, excercido pelo metal, e doador de elétrons, um efeito do oxigênio. A contraparte, os complexos do metal de transição, se destacam por ter falta de elétrons (tipicamente 16 E.V.), enquanto o ligante orgânico tem uma configuração fixa através de ligações covalentes. Sua forma física de uma alça lhes forneceu a expressão (do latim) “ligantes ansa”: 410 Artigos de revisão abrangentes em: Chem.Rev., volume 100 (= revista 4, do abril de 2000), a revista completa (= páginas 8 a 1682). 727 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O exemplo acima indica um sistema capaz a catalisar a polimerização do propileno de maneira sindiotática. Já o seguinte ligante aromático, quando ligado ao zircônio, catalisa a polimerização do PP isotático: Note que esse último mecanismo requer, após cada inserção de propileno na ligação Zr-C, uma troca das posições, do ligante carbono com o cloreto. Somete assim o próximo monômero propileno pode ser acomodado de maneira idêntica ao anterior – o pré-requisito para a formação do PP isotático. A etapa central neste mecanismo merece uma olhada mais perto. A primeira etapa das sequências esboçadas acima é a complexação do zircônio pelo ligante ansa e a transferência de ligantes metilas pelo composto trimetilalumínio – o que por si não fornece ainda um catalisador ativo (complexo no meio, do esquema a seguir). Somente depois, no tratamento com o MAO, uma posição na esfera de coordenação do Zr fica vaga; isso ativa o centro catalítico (última fórmula no esquema a seguir), pois somente assim consegue receber um novo ligante π – o propileno. Mais corretamente: o LUMO do complexo metálico de Zr está pronto a receber os elétrons π do propileno, submetendo-se à reação de carbometalação, 12.Como o ligante ansa cria um ambiente quiral, então a acomodação do propileno acontece de maneira estereo-controlada: Cl LnZr Me 3Al CH3 LnZr CH3 MAO CH3 Cl Al LnZr CH3 Centro catalítico ativo O CH3 n Macroligante A suma importância econômica da reação esboçada acima justifica uma olhada mais perto dos compostos de MAO (= alumoxanos). Evidências mais recentes sobre a estrutura e as maneiras de condensação destes compostos revelam arquiteturas em forma de gaiola. 2 t-Bu3Al + H2O [(t-Bu) 2Al-O-Al(t-Bu)2]2 + 2 butano 728 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica E em seguida, pela reação com o complexo do zircônio: A altíssima reatividade frente o oxigênio, quer em forma de água quer como oxigênio moecular, requer reagentes especiais para oxidar os compostos organoalumínio de forma controlada e segura. Os reagentes mais usados são o sulfato de cobre, CuSO4 . 5 H2O e o sulfato de alumínio, Al2(SO4)3 . 18 H2O, em tolueno. Além disso, deve-se levar em conta a instabilidade termodinâmica do MAO. Facilmente é sujeito ao desproporcionamento do tipo: 3 [Me-Al-O] Me 3Al(solvente) + Al2O3 Estruturas e ligações em alanos Os alanos mostram uma forte preferência de dimerização da unidade R3Al. Sendo assim, no estado sólido se conhece dimeros estáveis de quase todos compostos organoalumínio. Em solução – e isso depende da concentração – podemos esperar um equilíbrio monômero dimero. Na fase gasosa, finalmente, os compostos se apresentam monomêricos e agem como fortes ácidos de Lewis (falta inerente de elétrons). 729 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Seguem alguns modelos dos MOs, olhando especialmente aos grupos orgânicos com função de ponte. Note que nem todas as pontes são deficitárias em elétrons. Quanto maior a participação de ligações π, mais estável é a ligação e menor a acidez de Lewis do Al. E em analogia aos compostos organomagnésio (equilíbrio de Schlenk, ver p. 719), não podemos confiar em composições definidas dos organometálicos quando os restos R estiverem variados: A facilidade dos ligantes em fazer ligações multicêntricas decresce na seguinte sequência (as cargas negativas foram deixado embora, porque o caráter aniônico destes ligantes é bastante atenuado): R2N > RO > H > Cl > Br > PhC Ligação 2e2c Critério: Basicidade de Lewis C > Ph > Me > Et > i-Pr > n-Bu > i-Bu > t-Bu Ligação 2e3c Critérios: interações σ e π Ligação 2e3c Critérios: ocupação do espaço Alguns valores para a estabilidade das pontes: X= ∆HR: H 150 Cl 124 CH3 84 kJ.mol-1 730 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações típicas dos compostos organoalimínio. As reaçoes mais típicas dos compostos R3Al são a hidroaluminação 11 e a carbaluminação 12. Hidroaluminação: Um ótimo exemplo já foi dado com as reações do DIBAL (ver p. 591 e 725 ), um reagente universal neste sentido e comercialmente disponível. Carbaluminação: A carbaluminação ocorre também em agrupamentos de C=C e C≡C isolados e completamente não polarizados – isso é em contrário aos compostos R-Li e R-MgX, que somente se andicionam a estes grupos quando estiverem em conjugação com outra dupla ou quando estiverem sujeito à forte polarização (sistemas de Michael). Por outro lado, a reatividade frente às ligações polarizadas, -C≡N e –C=O, decresce na seguinte sequência: R-Li > R-MgX > R3Al. Formação de aductos: Os seguintes fatos promovem a formação de aductos entre doadores de elétrons (que pode ser o próprio solvente ou um substrato com qualidades básicas) e o composto R3Al: • Me3Al é o ácido de Lewis mais forte dentro dos compostos Me3M do grupo 13 • Me3Al se evidencia, ao contrário dos compostos com grupos alquilas maiores do grupo 13, em forma do dimero, [Me3Al]2. • Me3Al é um ácido de Lewis duro. Por isso, podemos afirmar a seguinte sequência em estabilidade com os doadores de elétrons (que é nesta sequência cada vez mais mole): Me2N > M3P > M2O > M2S. Formação de compostos organoalumínio subvalentes, de Al(II) e Al(I): A classe dos compostos organoalumínio subvalentes é relativamente recém estudada e por enquanto somente achou o interesse acadêmico. Sejam apenas mencionadas as seguintes sínteses: 731 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.3.4 Compostos organotálio Os compostos organoalumínio são de longe os mais importantes para a síntese orgânica, dentro das organilas do grupo 13. Podemos generalizar as seguintes tendências dentro das organilas dos compostos homólogos: • A acidez de Lewis dos compostos R3M é máxima no alumínio, e podemos classificar os homólogos como segue: B < Al > Ga > In > Tl • A estabilidade da ligação M-C decresce, do B ao Tl. • A estabilidade do NOX máximo (+3) do metal decresce, do B ao Tl. Isso tem a ver com o efeito do par de elétrons inerte que se observa com o s elementos mais pesados da tabela. Sendo assim, podemos esperar compostos estáveis de In(I) e Tl(I). Mas somente para a química organotálio a mudança do NOX (I) ↔ (III) tem importância prática. Este fato nem sempre é de vantagem preparativa. Por exemplo, o rendimento em composto organotálio, feito por transmetalação de compostos Grignard ou organolítio, é minguado pelo efeito oxidante do íon Tl(III). Por outro lado, a facilidade do Tl(I) de se oxidar facilita a adição oxidante de MeI e a formação de novos compostos organotálio (III): TlI + 2 MeLi + MeI MeTl + MeI Me 3Tl + 2 LiI Me 2TlI Todos os compostos organotálio são sensíveis frente ao oxigênio atmosférico e à água, sua decomposição pode ocorrer até de forma explosiva! Isso indica a fraqueza da ligação Tl-C, que é sublinhada pela alquilação de mercúrio elementar por meio de R3Tl: 732 A. Isenmann 2 R3Tl Princípios da Síntese Orgânica + 3 Hg 3 R2Hg + 2 Tl A quebra da ligação Tl-C em R3Tl por meio de halogênios leva aos haletos de organotálio; estes reagentes são bastante solúveis em solventes polares, onde formam cátions complexos estáveis: R3Tl + X2 - RX [R2Tl]+ aq R2TlX TlCl3 + 2 R-MgX - MgCl 2 O cátion [R2Tl]+ é isoeletrônico com os complexos R2Hg e R2Sn2+, e como eles é de estrutura linear e de alta toxicidade. Seu sal, R2TlOH, reage fortemente básico em solução aquosa: R2TlOH [R2Tl]+ aq + OH- Utilidade de organotálio na síntese orgânica Sais de Tl(III) atacam alquenos. Forma-se uma ligação Tl-C e no carbono vizinho entra uma molécula de solvente. Na maioria dos casos esse solvente é água, daí a síntese é chamada de oxi-taliação. Os compostos organotálio por si não têm grande valor preparativo, mas representam os intermediários reativos. Sua decomposição é mais fácil do que a dos compostos correspontentes da oximercuração (ver p. 160 e 758). O metal é expulso em forma de Tl(I): CH(OAc)2 OAc Tl(OAc)3 AcOH, 25 °C + - Tl(OAc) 40 a 50% OAc H2O, H+ OH 30 a 40% H2O, H+ CHO OH A distribuição dos produtos nesta oxidação da olefina depende fortemente do meio da reação, mais ainda do contra-íon do Tl3+. Por exemplo, a oxitaliação de cicloexeno por Tl(NO3)3 em MeOH fornece quase exclusivamente o ciclopentilcarbaldeído. Sobre o mecanismo deste estreitamento do anel existe a seguinte opinião: 733 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tl(NO3) 3 MeOH HC ONO2 - HNO3 CH(OMe)2 CHOMe OMe Tl MeOH - TlNO3 - NO3- MeOH - H+ ONO2 H 2O, H + CHO Um processo de alta regiosseletividade é a taliação eletrofílica aromática (cap. 4.4). O reagente é o trifluoroacetato de tálio em ácido trifluoracético, Tl(TFA)3 / TFAH. Em uma etapa consecutiva o metal é expulso do aromático e o novo substituinte entra no lugar. Essa quebra da ligação Tl-C vai em paralelo com a mudança do NOX, de Tl(III) → Tl(I). Através desta rota se consegue a introução de iodo no anel aromático, sob condições especialmente brandas. Outra utilidade do composto Ar-Tl a formação de bifenilas não simétricas, o que requer a irradiação com luz UV: KI + H2O - Tl(TFA) - K(TFA) Tl(TFA) 3 TFAH NOX +3 hν Tl(TFA)2 I + Ar-H Ph 10.4 Compostos orgânicos dos elementos do grupo 14 Os compostos onde o carbono é ligado em um dos seus homólogos, Silício, Germânio, Estanho ou Chumbo, são provavelmente aquela parte da química organometálica que achou as maiores aplicações técnicas e também é a mais bem estudada. Os exemplos mais prominentes: • Os silicones, materiais com qualidades variadas e sob muitos aspectos superiores aos demais óleos, plásticos, e borrachas, 734 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Os compostos organoestanho, largamente usados como estabilizantes em PVC e em agrotóxicos • As alquilas do chumbo, a serem mencionadas por motivos históricos: nestes foram estudados os primeiros radicais e este foi o organometálico mais produzido no mundo até 1990, porque Et4Pb era aditivo na gasolina (~ 0,1%), fato que causou inúmeros problemas ambientais. Embora os conhecimentos sobre reatividade e estruturas das organilas do grupo 14 são vastas, vamos tentar não entrar em detalhes, mas obter uma vista geral e entender as tendências dentro desta classe de reagentes. Ao compararmos com as organilas do grupo 13 (B e Al, especialmente), notamos que os C menos polares. Além disso, os compostos do grupo 14 geralmente têm ligações E compostos R4E não têm nenhuma deficiência eletrônica, fato que domina a química dos compostos RLi, R2Mg, R3B e R3Al. Isso tem por consequência que os compostos R4E não mostram tendência para estabelecer as “ligações covalentes da 2ª divisão”, a dizer as ligações multicêntricas, tais como pontes de hidrogênio, alquila ou arila de 2e3c. Como não temos essa forma de associação nas organilas do grupo 14, podemos esperar • um ponto de fusão mais baixo (muitos destes reagentes são líquidos), • uma reatividade atenuada ou nenhuma frente nucleófilos, • muitos destes compostos são estáveis frente o ar e até frente à umidade, o que lhes forneceu a expressão “organometálicos suaves” (bons exemplos são SiMe4 e SnPh4). • Vamos olhar nas tendências dentro do grupo 14. Tabela 43. Qualidades da ligação E-C dos elementos do grupo 14. E Estabilidade térmica Polaridade da ligação Eletronegatividade Energia da ligação E-C Comprimento da ligação em kJ.mol-1 E-C em pm C 358 154 2,5 Si 311 188 1,9 Ge 249 195 2,0 Sn 217 217 1,8 Pb 152 224 1,9 δ+ δ− E C Com estes valores podemos explicar as diferentes reatividades, tanto em reações homolíticas (radicais), como em reações heterolíticas (logo abaixo). Cloração homolítica: Et4C Et4Si Cl2 Cl2 Et3C-C2ClnH5-n etc. Et3Si-C2Cl nH5-n Cloração ocorre dentro do grupo orgânico, enquanto as ligações C-C e C-Si não são atacadas. Mas: 735 A. Isenmann Et4Ge Et4Sn Et4Pb Cl2 Cl2 Cl2 Princípios da Síntese Orgânica Et3Ge-Cl + EtCl EtnSnCl4-n + (4-n) EtCl PbCl4 + A cloração provoca a quebra da ligação Se-C, Sn-C e Pb-C. 4 EtCl Reações heterolíticas: M = Si, Ge, Sn, Pb δ+ M δ− C Nu- C C E+ A presença de orbitais d vazios em M abre o caminho para mecanismos associativos da substituição. Daí o estado de transição tem número de coordenação 5. Não há orbitais d no carbono. Mecanismos associativos no carbono saturado são impedidos; o composto não é reativo. Exemplo: hidrólise de R3SiCl. A reposição dos grupos R por elementos mais eletronegativos X nos compostos RnMX4-n aumenta a sua reatividade frente nucleófilos. Por exemplo, Me4Sn não reage ao estiver em contato com água e um íon [Me6Sn]2- é desconhecido, mas SnCl4 hidrolisa rapidamente e o íon SnCl62- existe. Diferenças características também temos nas estruturas dos compostos agregados do grupo 14. Formam-se cadeias de estruturas diferentes: E = C, Si, (Ge) E E E = (Ge), Sn, Pb E X n n Exemplo: [Me3SnCN]n E C n E X X E O n Nos elos da cadeia permanece NC 4 n Exemplo: [Me2PbCl 2]n Aumento do NC para 5 ou até 6. 736 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.4.1 Química dos compostos organo-estanho Em comparação aos compostos organossilício, os estananos são mais variados ainda – tanto em suas estruturas como na sua reatividade. O melhor exemplo para mostrar isso pode ser dado no hidroestananos, R3Sn-H. Eles podem transferir a uma molécula (orgânica) um próton, um hidreto ou um hidrogênio radical – dependendo das condições reacionais. Hidrostanólise: Transferência de um próton. Isso é bem plausível quando entrar em contato com uma base forte, tal como hidreto ou amideto. R3Sn-H + 4 R3Sn-H KH + K+[R3Sn]- Ti(NMe2)4 + H2 Ti(SnR3) 4 + 4 HNMe2 Mas parece estranho quando o reagente é um sal ou complexo ácido-base: R3Sn-H + A-B R3Sn-A + BH R3Sn-H como fonte de hidreto: Também é uma reatividade inesperada, já que o reagente é um ácido de Brønsted: R3Sn-H + AcOH R3Sn-OAc + H2 R3Sn-H como fonte do hidrogênio radical: Esse caminho é até o mais valioso, para a síntese orgânica. Como iniciadores servem AIBN, luz UV – às vezes basta somente um aquecimento. A síntese mais aplicada é ao deshalogenamento de haletos de alquila (ver cap. 8.6): Iniciação: AIBN R3Sn + H R3Sn-H sustentador Propagação: R3Sn + Alquil-X Alquil R3Sn-H + R3Sn-X Alquil-H + Alquil + R3Sn E o espectro das reações dos organoestananos não acabou aqui. A adição de Sn-H em alquenos (ou alquinos) identificamos como hidroestanamento. Protótipo: R3Sn-H + A=B R3Sn-A=B-H Como já podemos esperar, a reatividade do estanano fica muito abaixo da reatividade dos boranos, R2B-H, e jamais pode ser comparada com a dos alanos, R2Al-H. Isso se deve ao fato que os últimos dois são compostos com falta de elétrons (apenas 6 E.V.), enquanto o estanano tem 8 E.V. Também temos dificuldade de encaixar o hidroestanamento na categoria da hidrometalação (reação 11, no cap. 10.2.3), porque o mecanismo aqui é outro. O 737 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica hidroestanamento é em etapas e radicalar, enquanto a hidrometalação clássica é uma reação sincronizada. Embora todas essas diferenças, um tratamento com estananos pode ser uma alternativa valiosa à hidroboração (p. 763). A iniciação é geralmente por fontes de radicais usuais (ver p. 55), mas mencionamos como alternativas a catálise por ácidos de Lewis ou por complexos de metais de transição, (Pd0, Pt0, principalmente). Importante é saber que duplas e triplas ligações polares (C=O, C≡N) não são atacadas por estananos. Quimosseletividade, regiosseletividade, estereosseletividade nas reações dos estananos. As seguintes sínteses demonstram a quimosseletividade do hidroestanamento: CHO CHO 1. Pd(PPh3)4 + n-Bu3Sn-H 2. H2O cinamaldeído O mecanismo desta síntese é, provavelmente, via adição oxidante (compare cap. 4.3.7, na p. 306) do estanano no Pd0, formando L2Pd(H)(SnR3), depois a inserção da dupla-ligação C=C do substrato entre Pd e H, depois a eliminação redutora (= inversa da primeira etapa), e no final a hidrólise do complexo organometálico. Ao contrário desta, a reação com boranos (9-BBN, de preferência) fornece com alta seletividade o produto de redução do grupo C=O, então o álcool cinâmico. AIBN + n-Bu3Sn-H n-Bu3Sn H adição 1,4 . A questão da regiosseletividade, no entanto, depende das condições reacionais, o que pode ser mostrado na reação com a acrilonitrila: AIBN n-Bu3Sn-CH 2-CH 2-CN R3Sn se adicionou primeiro CN + n-Bu3Sn-H Snn-Bu3 sem catal. Orientação do metal? H3C CH CN H - se adicionou primeiro Por outro lado, não há estereosseletividade nestes complexos. Ao redor do estanho não se observa quiralidade, apesar que 4, 5 ou 6 ligantes diferentes podem ser introduzidos. Mas, em analogia ao equilíbrio de Schlenk (p. 719) nos alanos e compostos de Grignard, observa-se fácil troca de ligantes intermoleculares: R *Sn Cl ~ R´ R´´ R´ ´´R RR Sn ´´R Cl Cl Sn R ~ R´ ´R ´´R Sn* Cl 738 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Portanto, os estananos não são reagentes adequados em sínteses quirais (muito pelo contrário dos seus homólogos do C e Si). Comportamento frente à água e outros solventes com qualidades doadoras A polaridade da ligação Sn-C não é muito alta. Ela se mostra bastante resistente frente ao ataque por água 411. Por outro lado, uma ligação Sn-Hal pode sofrer hidrólise facilmente: Cl R3Sn-Cl L R Sn L L = H2O; Py + H 2O R NaBPh4 R L = H 2O R Sn H 2O R BPh4- R Não podemos esquecer que a eletronegatividade do carbono varia bastante com o grau de hibridação, e junto à EN(C) aumenta também a polaridade da ligação Sn-C e a reatividade dos organoestananos (em toda analogia aos compostos organossilício): Sn-C(sp³) << Sn-C(sp²) < Sn-C(sp). Por exemplo, a seguinte troca de metal (reação 6, no cap. 10.2.2) funciona sem problemas somente com o carbono mais eletronegativo do grupo vinil: Sn(vinil)4 + 4 PhLi SnPh4 + 4 (vinil)Li Os complexos aquosos do estanho mostram anfoteria (comparável: aluminatos, ferritos). Eles são usados em escala industrial, como eficientes catalisadores (heterogêneos) para esterificações / saponificações de ésteres: R2SnCl2 H 2O / OH - R2 Sn O R2Sn(OH) 2 n Polistanoxano (anf ótero) H 2SO4 [R2SnSO 4]n organo-sulfato de estanho OH[R2Sn(OH)4]n organoestanato Aplicações industriais dos compostos organo-estanho Os estananos são hoje os organometálicos com o terceiro maior volume de produção 412. Cerca de 30% são usados como biocidas (inseticida, fungicida, desinfectante). Os representantes principais são: 411 A inércia contra hidrólise é um dos argumentos para a alta toxicidade dos compostos organoestanho, ver mais em baixo. 412 Nos primeiros lugares são as organilas de Si e Al; já o Pb fica longe atrás do Sn – o que nem sempre foi assim. 739 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica n-Bu3Sn-O-Snn-Bu3, n-Bu3Sn(OOC-undecil), Ph3SnOAc, cycl.Hex3SnOH. Note que a toxicidade dos estananos para mamíferos aumenta junto ao grau de alquilação; e quanto menores os grupos alquilas. Sendo assim, compostos que podem liberar o íon Me3Sn+ são muito tóxicos! Por outro lado, os compostos mencionados acima têm a vantagem de decompor-se após poucos dias, liberando o inofensivo SnO2 (aq). Mas 60% dos estananos são usados como estabilizantes na transformação térmica do PVC (toxicidade bastante baixa): n-Bu2Sn(S-CH2-COO-i-octil)2, Sn-tioglicolato, n-Bu2Sn(OOC-undecil)2. Acima de 180 °C, temperaturas que facilmente são atingidas nas extrusoras e injetoras do PVC, esse polímero sofre notavelmente degradação. Isso se percebe em forma de eliminação de HCl. Resulta em primeira instância uma dupla-ligação C=C na cadeia polimêrica, bem antes de se perceber uma degradação do grau de polimerização (= quebra das macromoléculas; isso somente ocorre a temperaturas > 250 °C). O problema desta duplaligação é que agora um outro cloro fica em posição alílica, por sua vez uma posição de reatividade extraordinária (compare pp. 65, 79 e 97). Essa situação é dada na fórmula do meio, no esboço a seguir. A partir desta a abstração de outro HCl fica mais fácil, um terceiro HCl ainda mais fácil; essa degradação é então auto-catalítica. Finalmente a cadeia dispõe de um sistema alongado de duplas ligações conjugadas. Visivelmente anotamos um amarelamento do PVC degradado e uma drástica redução nas suas qualidades isotrópicas e mecânicas. O aditivo estanano inibe este processo auto-catalítico durante sua manipulação térmica. Além disso, protege a peça acabada de PVC por que serve como antioxidante (cap. 1.5.2) e protetor UV. Certamente, essas reações percorrem estados radicalares. Cl Cl Cl ∆ ∆ - HCl - HCl Cl Cl pos. alílica Cl + R2Sn(SR´) 2 - R2Sn(SR´)Cl O Cl S Fim R 10.4.2 Os compostos organochumbo As alquilas de chumbo, especialmente o tetraetilchumbo, foram usados como aditivo em gasolina a partir dos anos 1930 e se manteram até os anos 1990 (ver excurso, p. 743). Somente depois estes aditivos foram substituídos por substâncias menos ofensivas, principalmente pelos éteres Me-O-tBu e Et-O-tBu, porque o chumbo é veneno não só para nós humanos, mas também para o catalisador no escapamento de um carro moderno. Embora os gigantescos danos ambientais e intoxicações (agudas) que estes organometálicos causaram, aproveitamos hoje da sabedoria de dezenas de anos de pesquisas industriais nos compostos organochumbo. O raio atômico do chumbo é naturalmente maior do que o dos seus homólogos mais leves, portanto somente o Pb é capaz de realizar compostos estáveis com número de coordenação maior que 4 - que vão até 8. De acordo com o caráter metálico do Pb temos cátions de 740 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica chumbo solvatizados em solventes polares e meios ionizantes. A tendência de formar complexos maiores com ligações Pb-Pb é drasticamente reduzido no elemento mais pesado deste grupo (D(Pb-Pb) ≈ 100 kJ.mol-1). Interessante é a preferência de NOX do Pb: enquanto nos seus sais inorgânicos o chumbo prefere NOX 2, este estado não se apresenta muito estável quanto seus compostos organometálicos. Na maioria destes casos observamos o desproporcionamento em Pb(IV) e Pb(0). Neste texto introdutório sejam por este motivo apresentadas apenas as organilas de Pb(IV). Do ponto de vista energético podemos atribuir fraqueza à ligação Pb-C (D(Pb-C) = 152 kJ.mol-1) e uma polarizabilidade muito alta. Isso facilita tanto reações radicalares como iônicas. Síntese dos compostos organochumbo Métodos de laboratório: PbCl2 + 2 MeMgI Et2O [PbMe2] + 2 MgClI x2 Me 4Pb + Pb A síntese é de fácil execução, mas o consumo do chumbo fica incompleto.Isso é melhor nas seguintes estratégias: na primeira o material de partida já é um sal do Pb(IV), na segunda é um sal de Pb(II), mas o acréscimo de iodeto de metila ajuda a oxidar o metal numa etapa intermediária. Pb(OAc)4 + 4 MeLi 2 MeI + 2 PbCl 2 + 2 MeLi THF, 5 °C 4 RMgCl Pb + Me2PbI2 Et2O R4Pb Me 4Pb + + 4 LiCl + Pb (Adição oxidante) Me 2PbI 2 PbMe4 4 MgCl(OAc) + 2 LiI Organilas não simétricas do chumbo se consegue com os seguintes métodos: R3PbCl R3PbH + + LiR´ H2C=CHR´ R3PbR´ + LiCl (Metatese, 7 ) R3Pb-CH2-CH 2-R´ (Hidroplumbação, 11 ) Ao executar a alquilação a baixas temperaturas, os hexaorgano-diplumbanos (do latim: plumbum = chumbo) são acessíveis (contêm Pb(III)) que são muito instáveis. Já a temperatura ambiente se decompõem para os composots de Pb(IV): 741 A. Isenmann 6 RMgX Princípios da Síntese Orgânica + 3 PbCl 2 Et2O, -20 °C R3Pb-PbR3 + Pb + 2 MgX2 + 3 MgCl 2 > 25 °C 3 R4Pb + Pb Os hexafenildiplumbanos em particular servem para uma série de reações consecutivas interessantes. 2 PbCl2 + 6 PhMgBr 2 Ph3PbMgBr C2H 4Br 2 - C2H4 - MgBr 2 Ph3Pb-PbPh3 (Ph3P)4Pt ∆ Ph4Pb - 2 PPh3 + Pb trans-(Ph3P)2Pt(PbPh3) 2 HX Li, Na, NH3(l) Ph3PbM (M = Li, Na) KMnO 4, acetona Ph3PbX Ph3PbOH Sínteses industriais: A síntese direta (síntese 1´, no cap. 10.2.1) é hoje o caminho dominante para os organoplumbanos: 4 MeCl + 4 NaPb 110 °C, autoclave Me 4Pb + 3 Pb + 4 NaCl A desvantagem desta rota é o consumo incompleto do metal; o Pb precipitado tem que ser reciclado. Esse problema se contorna ao acresecentar Et2Cd. Como veremos abaixo, o composto organocádmio tem o papel de catalisador, quer dizer, o consumo deste é subestequiométrico. 6 Pb(OAc)2 3 Pb 3 CdI2 + + 4 Et3Al 6 EtI + HMPT + 3 Et 2Cd 2 Et3Al 3 Pb + 4 Al(OAc) 3 3 Et4Pb 3 Et2Cd + + 3 Et 4Pb + 3 CdI2 2 AlI3 Na soma: 6 Pb(OAc)2 + 6 Et3Al + 6 EtI 6 Et4Pb + 4 Al(OAc)3 + 2 AlI3 Nos EUA ainda se produz pelo processo Nalco, um dos raros processos eletroquímicos na química orgânica; a produção é regressiva, mas a síntese é um exemplo para uma solução técnica interessante. Note que neste processo o reagente de Grignard é produzido de maneira silenciosa, nos processos do cátodo: 742 A. Isenmann Ânodo (eletrodo de Pb): Cátodo: (recipiente de Mg) Na soma: 2 EtMgCl Princípios da Síntese Orgânica - 4 e- 4 EtMgCl 2- - 4 MgCl2 + 4 e- 4 MgCl2 4 MgCl + +1 0 + 2 EtCl + Pb Pb 4 Et 2 EtCl 2 Mg -1 +4 Et4Pb + Et4Pb 2 EtMgCl 2 MgCl 2 Excurso: O uso do chumbotetraetil como aditivo na gasolina Os organoplumbanos simples são líquidos incolores, de alto índice de refração, todo eles de elevada toxicidade para os seres maiores: Me4Pb Teb = 110 °C (a 1 bar) Et4Pb Teb = 78 °C (a 10 mbar) Ph4Pb sólido branco; Tfus = 223 °C. Estes compostos são estáveis frente ao ar, água e luz! Mas, ao submetê-los a temperaturas elevadas, eles se decompõem facilmente e fornecem por meio de radicais Pb, alcanos, alquenos e H2. A estabilidade térmica decresce na seguinte ordem: R = Ph > Me > Et > i-Pr. Isso se entende em termos da facilidade para a eliminação β de hidreto de chumbo (p. 689). A quebra térmia de Me4Pb, fornecendo Pb metal (aparência de espelho na parede do tubo) e radicais de metila, é a base de um experimento clássico na época pioneira da química dos radicais (F. Paneth, 1927). O tetraetilchumbo foi usado como aditivo em combustível, primeiramente só na gasolina da aviação, mas a partir dos anos 1930 também na rodovia. Os motivos desta invenção foram inicialmente de natureza militar: uma gasolina de alta qualidade levou ainda na época da 1ª Guerra Mundial à vantagens, aviões de caça cada vez mais rápidos, que foi em alguns casos até decissivo para o resultado da batalha. Mais tarde, com o desenvolvimento de motores nos carros cuja taxa de compressão foi cada vez mais alta, se fez necessário uma gasolina sem a tendência de ignições prévias, porque isso prejudica a cabeça do cilindro e a biela. Especialmente os n-alcanos se mostram superreativos com o oxigênio, de forma que ocorrem explosões imprevisíveis, bem antes do pistão chegar no ponto morto superior onde há ignição pela vela. A adição de cerca de 0,1% de Et4Pb faz com que os hidroperóxidos formados intermediariamente sejam desativados e retirados da mistura. Isso acontece por recombinação dos radicais que se formara a partir do Et4Pb. Assim, um número elevado de radicais livres é retirado da mistura, eles não podem mais contribuir à avalange das reações radicalares que levam à explosão (ver esquema na p. 79). O produto estável é PbO. Simplificando e do ponto de vista do organometálico, podemos descrever o acontecimento na câmara de combustão por duas equações: 743 A. Isenmann Et4Pb Et4Pb Princípios da Síntese Orgânica rápido à T > 250 °C + Et Et3Pb C2H6 + + Et Et 3Pb-CH2-CH2 baixa reatividade Um segundo aditivo na gasolina é o dibromoetano, BrCH2-CH2Br. Este tem o papel de tranformar o PbO em compostos voláteis, o que facilita o descarregamento do resíduo do motor. A indústria tem conhecimentos dos efeitos nocivos ao meio ambiente há muito tempo. Já o time pioneiro de químicos que introduziram este aditivo na gasolina (T. Midgley da General Motors, 1921) foi dizimado drásticamente por intoxicações, agudas e a médio prazo. Tentaram reduzir a taxa do Et4Pb, ao aumentar a porcentagem de hidrocarbonetos altamente ramificados (iso-octano, pelo processo do craqueamento, ver cap. 2.4.4 e nota de rodapé 86). Também foram testados aditivos a base de complexos solúveis de Fe-carbonil (também tóxicos), CpMnMe(CO)3 e outros, mas nenhum inibiu as explosões prévias tão eficaz e seguro como o Et4Pb. Hoje em dia o problema acerca da combustão precoce da gasolina tem menos impacto, porque os motores da última geração trabalham com sistemas de injeção direta, comparável aos motores a diesel; com essa técnica não há mais perigo de combustões descontroladas. A partir de 2000 a maioria dos países interditaram a aditivação de combustível por chumbo, mas 5 países ainda hoje o usam 413. Fim do excurso. Reações dos compostos organochumbo A química dos produtos de substituição das alquilas do chumbo, fórmula geral RnPbX4-n com X = Hal, OH, OR, NR2, SR, H, principalmente, mostra apenas poucas diferenças à química do estanho. Geralmente pode-se afirmar que entre os compostos semelhantes destes metais, os organochumbo reagem sob condições mais brandas. Haletos de organochumbo Os haletos de organochumbo podem ser produzidos por tratamento dos R4Pb com os ácidos secos HX ou com cloreto de tionila, Cl2SO: R4Pb HX R3PbX , - RH R2PbX2 A reação com HCl, no caso do Ph4Pb é 60 vezes mais rápida do que para o Ph4Sn. Já os compostos RPbX3 se aproximam na sua instabilidade aos haletos puros, PbX4. Os iodetos podem ser produzidos facilmente e a baixas temperaturas via adição oxidante de RI em PbI2: PbI2 + MeI 413 2 MePbI 3 http://www.lead.org.au/fs/fst27.html ; acesso em outubro de 2013. 744 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Os compostos R3PbX e R2PbX2, quando em solução, são monomêricos com solventes doadores ligados ao metal. Em estado nítido eles são sólidos, comparável aos análogos do estanho, ligando as unidades metálicas através de pontes de haleto. A tendência de formar esses associados é mais forte nos plumbanos; estruturas em cadeia semelhantes formam os carboxilatos de organochumbo. Organoplumbanos com ligação Pb-O ou Pb-N (carboxilatos, aminas, etc.) A afinidade do Pb pelo enxofre é bastante alta (dois elementos moles). Isso vale até para o SO2 (mas não para os sulfatos, onde o enxofre é duro!) que se insere facilmente entre a ligação Pb-C. Mas para nossa surpresa o enxofre não fica diretamente ligado ao Pb: R4Pb + SO2 R3Pb R O S R3Pb O S R O Sulfinato de organochumbo O O chumbo facilmente aumenta o NC. Isso já se vê nos haletos, mais ainda nos compostos quelatizados, tanto nos carboxilatos como nas diaminas: X R O R Pb O R Ph Pb O = acetato O X O Pb X Ph N N Ph Pb Ph I Ph Ph 2 Ph I Ph N Pb O Ph O X Ph Ph O Ph N = Me 2N-CH2-CH2-NMe2 (TMEDA) Hidróxidos de organochumbo Os hidróxidos RnPb(OH)4-n formam-se por hidrólise dos correspondentes cloretos: R3PbCl + R2PbCl2 + 1/2 Ag2O 2 OH- R3PbOH + AgCl R2Pb(OH) 2 + 2 Cl - O último composto, R2Pb(OH)2, mostra um interessante comportamento anfotérico: pH <5 [R2Pb(aq)]2+ 5 a 8 [R2Pb(OH)]22+ 8 a 10 R2Pb(OH)2 > 10 [R2Pb(OH)3]- O dicátion R2Pb(solv)22+, não só na água mas também em outros solventes doadores, é de construção linear, igual os análogos isoeletrônicos R2Te+ e R2Hg. No entanto, a condensação dos hidróxidos formando dimeros ou cadeias de plumboxanos, é bastante baixa. Essa condensação somente ocorre sob condições forçadas (tirar água no vácuo ou o tratamento com sódio): 745 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Na, C6H 6 2 R3PbOH R3Pb-O-PbR3 + NaOH + 1/2 H2 Em consequência deve ser fácil quebrar os plumboxanos por meio de solvólise. Unicamente com alcoóis se obtêm alcóxidos de organochumbo que se apresentam em forma de cadeias quando sólidos: R3Pb-O-PbR3 R´OH - H2O 1/n [R3PbOR´]n NaOR´ - NaCl R3PbCl Me [Me3Pb-OMe]n = Me Me Me Pb Pb Ph O Me Me Me Me Me Me O Pontes de alcóxido Estes alcóxidos são úteis na síntese orgânica, pois adicionam-se com facilidade em duplas ligações C=C polarizadas (Davies, 1967). Na etapa subsequente ocorre a metanólise do aduto organochumbo, sob reformação do reagente, por exemplo, Et3Pb-OMe. Com isso o metóxido de chumbo exerce o papel de catalisador, o que seja mostrado no exemplo da acrilonitrila: CN CN H2C CH Et3Pb-OMe H2C CH OMe PbEt3 CN MeOH - Et3Pb-OMe H2C CH2 OMe Organoplumbanos com ligação Pb-S Como já falado acima, o chumbo (como também o estanho) tem predileção para o enxofre. Os organoplumbanos com ligação Pb-S são extraordinariamente estáveis, eles não se decompõem em água e são estáveis ao ar. As seguintes síntese funcionam até em ambiente aquoso: 2 R3PbX 3 Ph2Pb((OAc)2 + R3PbCl 0 °C; amb. aq. + NaSH + R´SH 3 H2S + Py R3Pb-S-PbR3 Ph2Pb S S Pb Ph2 PbPh2 S R3Pb-SR´ + NaX + HX + 6 AcOH + Py.HCl 746 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Hidretos dos organoplumbanos Os hidretos da fórmula geral RnPbH4-n fazem a princípio as mesmas reações que seus homólogos estananos, mas são bem menos estáveis e, portanto, mais reativos. Enquanto Me3SnH é estável a temperatura ambiente (atmosfera inerte), o hidreto Me3PbH já se decompõe > -40 °C, formando Pb, H2, CH4, Me3Pb-PbMe3 e outros. E essa quebra é ainda acelerada pela luz. hν 2 Me 3PbH 2 Me 3Pb + H2 Me 3Pb-PbMe3 .... Um pouco menos instável são compostos com grupos R maiores, tal como Bu3PbH, mas todos em comum são bastante sensíveis frente à luz e ao ar. Sua síntese é mais comumente feita a partir do haleto ou óxido e uma fonte de hidreto: R3PbBr LiAlH 4, Et2O R3PbH Bu3Pb-O-PbBu3 + Et 2SnH2 2 Bu3PbH + [Et 2Sn-O] n Atenção: não se consegue o hidreto ao tratar um organoplumbil-ânion com ácidos de Brønsted. Em vez disso: Ph3PbCl Na, NH 3(l) - NaCl Na+[Ph3Pb]- NH 4Br, NH 3(l) NH4+[Ph3Pb] - - NaBr A base desta reação ou semelhantes podemos estabelecer a sequência da afinidade de prótons (= basicidade de Brønsted): Ph3Si- > Ph3Ge- > Ph3Sn- > Ph3Pb- (comparável: NH3 > PH3 > AsH3). A alta reatividade da ligação Pb-H também se reflete nas condições brandas sob quais compostos carbonilados ou haletos orgânicos podem ser reduzidos pelo reagente Bu3PbH: Bu3Pb-H PhBr 0 °C, 5 dias Ph-H 60% O Ph-CHO 20 °C, imediato Ph-CH2-OH 100% O Ph Ph Ph CH3 20 °C, 2 dias H C CH3 CH2Br 0 °C, 1 h Ph O CH3 OH A redução de haletos orgânicos é provável percorrer estados radicalares, enquanto na redução de compostos carbonilas intermediários polares não podem ser excluídos. 747 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Também a hidroplumbação (síntese 11 no cap. 10.2.3) de alquenos conjugados e alquinos ocorre a condições especialmente brandas: R3Pb-H + HC C R´ - 50 °C H H (Adição trans) R3Pb Bu3Pb-H + H2C=CH-CN Solvente: Et2O, 0 °C BuCN, 20 °C Mecanismo: radicalar polar H2C R´ CH2 PbBu3 92 24 CN H3C + : : CN CH PbBu3 8 76 Essa comparação mostra como apenas a troca do solvente pode causar uma mudança no mecanismo, do radicalar para o iônico. A diferença nas energias de ativação deve ser muito pequena. O caminho radicalar não precisa de iniciadores (AIBN, peróxidos,...), porque este papel já tem o próprio reagente: a quebra homolítica da ligação Pb-H ocorre notavelmente, mesmo aplicando temperaturas baixas de 0 °C. Em comparação: o hidrostanano Bu3SnH, sob as mesmas condições (0 °C, 5 h, sem iniciador de radicais), não faz hidroestanação na acetonitrila. Realmente, a ligação Sn-H é mais estável. 10.5 Organilas dos elementos do bloco d de configuração d10 Como já justificado na introdução deste capítulo (p. 679), os únicos organometálicos de metais de transição a serem apresentados aqui são os da configuração d10, porque estes elétrons d geralmente não tem o caráter de elétrons de valência. Eles não participam nas ligações com os ligantes, não tem qualidade doadora nem receptora e jamais são capazes de estabelecer ligações π. Contudo, os compostos de Cu, Zn, Cd e Hg mostram uma química muito semelhante à dos elementos representativos. 10.5.1 Compostos organocobre Organometálicos do Cu(II) são instáveis, eles se decompõem imediatamente por via radicalar em RCu, portanto não tem importância prática. Por outro lado, o Cu(I) tem uma química orgânica rica. Sua coordenação é de preferência linear (NC 2, usando orbitais híbridos Cu-sp), também se observam ligantes com ligações deficitárias do tipo 2e3c. Seguem brevemente alguns exemplos estruturais (em parêntese o ponto de decomposição): 748 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese dos compostos organocobre O acesso mais conveniente aos compostos organocobre são a troca de metais (síntese 6, no cap. 10.2.2) e a metalação (síntese 9). 1. Troca de metais, usando haleto ou cianeto de Cu(I). As organilas de Li, Mg e Zn transmitem seu carbânion voluntariamente ao Cu(I). Na prática o reagente organocobre é preparado in situ; isso implica que o outro metal permanece na mistura reacional. Por isso vale a pena lembrar que a combinação Zn / Cu é muitas vezes de vantagem, porque esse sistema mostra a maior tolerância frente grupos funcionais (que podem ser dentro do grupos R carbaniônicas ou dentro do substrato orgânico a ser tratado com o reagente organocobre). Compostos puros, do tipo [CuR]x, são polímeros de alta massa molar e insolúveis . Portanto, têm pouca utilidade preparativa. A solução deste problema é usar um excesso de reagente RLi (RMgX, R2Zn), daí formam-se os organocupratos que são solúveis em éter. Podemos distinguir os homocupratos, [CuR2]-, dos heterocupratos, [R-Cu-R´]-, [R-Cu-CN]-, etc. R-Li + CuI Et2O, -20 °C [CuR]x R-Li Li[CuR2] solúvel; melhor nucleóf ilo XZnR2 + CuCN (R pode conter grupos f uncionais) Et2O, -20 °C XZn[R-Cu-CN] solúvel; mais brando 749 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 2. Metalação, especialmente de moléculas de alta acidez C-H, onde a eletronegatividade do grupo orgânico é alta. A partir de complexos cobre-amônia ou butóxido de cobre se consegue alquinil-cobre, um reagente que não requer condições anidro porque é estável frente à hidrólise! R-C≡CH + [Cu(NH3)2]+ R-C≡CH + [Cu(O-tBu)]x → [R-C≡C-Cu]x Cp-H + → [R-C≡C-Cu]x + + [Ph3P-Cu-O-tBu] → [Ph3P-Cu-(η1-Cp)] NH3 + NH4+ tBu-OH + tBu-OH Utilidade dos organocobre na síntese orgânica Os organocupratos Li[CuR2] já foram mencionados em vários lugares neste livro, dos quais o mais importante é o reagente de Corey-House 414 (p. 521, 573, 574, por exemplo). Este é menos agressivo do que o próprio composto organolítio. Uma nucleofilia moderada de R implica mais seletividade e menos produtos paralelos, principalmente devido à eliminação. Mas também abre caminho para uma reação praticamente impossível com as organilas dos metais alcalinos: o acoplamento C-C com haletos de alquila. 1. Acoplamento C-C com haletos de alquila 2 R-Li + CuI Et2O, -20 °C Li[CuR2] R´-X R-R´ + LiX + CuR Note que grupos acoplados, R e R´, podem ser diferentes! Este reagente, R2CuLi, ataca de maneira controlada carbonos positivados de haletos orgânicos. Mais fácil é o cacoplamento quando R´ é um carbono primário: δ− R2 CuLi + δ+ 2 R 2 R´ X R´ Desta forma um grande número de novos hidrocarbonetos tornou-se acessível. Os compostos organolítio se mostram mais apropriados para o preparo do reagente de CoreyHouse. A etapa mais problemática, na verdade, é o preparo do próprio composto organolítio (primeira etapa na síntese a seguir): 2 R X Li - LiX 2 R Li CuX - LiX R2 CuLi Os reagentes clássicos de Grignard reagem, de maneira satisfatória, apenas com os haletos orgânicos mais reativos. Já os compostos organometálicos de Na e K são reativos demais! Eles já acoplam completamente durante o processo da sua preparação, no qual o haleto 414 Na literatura esta família de reagentes organometálicos também é referida como "reagente de Gilman": H. Gilman, R.G. Jones, L.A. Woods, The preparation of methyl copper and some observations on the decomposition of organocopper compounds. J. Org. Chem. 17 (1952) 1630. 750 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica orgânico está presente em excesso, naturalmente. Portanto, apenas hidrocarbonetos simétricos são acessíveis ("Acoplamento de Wurtz", 1855): R-X Na ou K - MX R-M+ W urtz R-R A taxa de acoplamento de Wurtz, ao se usar o lítio, é comparavelmente pequena, graças a impedimentos cinéticos. A versatilidade da reação de Wurtz é baixa, ainda por um outro motivo: nas condições aplicadas há notavelmente desproporcionamento do haleto, fornecendo um alcano e um alqueno. Esta reação se deve à concorrência perpétua entre substituição SN e a eliminação β (compare p. 136): H R CH2 CH2 + R CH CH2 Cl R CH2 CH3 - NaCl + R CH CH2 Na+ Na síntese de Corey-House pode-se ver como o cobre, sendo um metal “mole”, modifica a reatividade do composto organolítio, por sua vez “duro”. Um outro exemplo onde se aproveita da reatividade diferenciada de um organometálico “mole”, é a adição regiosseletiva em sistemas de Michael, mostrada logo abaixo (ver também p. 521). A aplicabilidade da estratégia de Corey-House é grande: R = alquila (sob retenção da configuração no carbono sp³), alquenila, arila ou heteroarila. R´ = acila (geralmente há inversão da configuração no carbono sp³), alquila, alquenila, arila ou heteroarila. Exemplo: Br Ar R + Li[CuR2] Ar + Li[R-Cu-Br] Constatamos a seguinte sequência em reatividade, dos carbonos eletrofílicos frente aos organocupratos: R´COCl > R´CHO > Epóxido > R´I > R´Br > R´Cl > cetona > éster > nitrila > alqueno. 2. Adições em enonas no sentido de Michael 751 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Os organocupratos em solvente etérico adicionam-se ao sistema O=C-C=C seletivamente ao oxigênio e ao C4 (sentido de Michael; p. 520) e a estereosseletividade da adição do carbânion, caso se aplica, é alta. Ao contrário deste, os reagentes organolítio e Grignard fazem principalmente adição 1,2, enquanto a estereosseletividade destas adições é modesta. Li O O O1 Li[CuMe2] H+ Adição 1,4 95% de 2 3 4 MeLi ou MeMgX Me Adição 1,2 Me OM OH H+ 30 a 70% de Pares íônicos separados pelo solvente (SSIP) não reagem! O estado de tranição percorrido com os organocupratos deve ser então um complexo onde os íons estão em contato direto (CIP): = Solv O Li Solv CH3 Cu CH3 Par de íons em contato direto (CIP). 3. Acoplamentos radicalares O acoplamento C-C pode ocorrer via SET e estados radicalares. Nestes intermediários não podemos excluir a formação de arilas e alquilas de Cu(II), no entanto, são muito reativos. Li 2 CuCl 2 Li Et2O + Foi apresentado um acoplamento cruzado, fornecendo diarilas assimétricas (Lipshutz, 1993): ArLi + CuCN -78 °C Li[Ar-Cu-CN] Ar´Li -120 °C [(S)3Li-CN-Li(S)3] [Ar-Cu-Ar´] O2 -120 °C Ar-Ar´ 96% 752 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Também o acoplamento de 1-alquinos é via estados radicalares. Cu(I), NH 3, O2 (Glaser, 1869) 2R C R C CH C- Cu2+ Cu(OAc)2 em Py (Eglinton, 1959) Cu2+ -C C R - 2 Cu+ R C C + C R C R R Em temperaturas mais altas as organilas do Cu(I) quebram de maneira homolítica – algumas são explosivas (CuMe, Cu2C2, ver em cima). Se tiver dimerização, ela ocorre sob retenção da configuração: 2 Me Cu-P(n-Bu) 3 ∆T cis Me Me cis, + 2 Cu + 2 P(n-Bu)3 cis 4. Carbocupração A carbocupração (síntese 12, no cap. 10.2.3) é uma adição cis do composto organocobre num 1-alquino. A regiosseletividade é determinada pelo carbânion intermediário mais estável (que é o C1 do alquino; ver 3ª fórmula do esquema a seguir): CH3 CH3 Br [Cu] MeI 1. Mg, Et 2O H3C C CH 2. CuBr Adição cis [Cu] Me 10.6 Química das organilas dos metais do grupo 12 Por várias décadas os metais zinco, cádmio e mercúrio tinham a fama de elementos chatos e inúteis na síntese orgânica. A química do zinco, por exemplo, foi praticamente esquecida, depois que nos anos 1920 foi substituída pelos reagentes de Grignard, por sua vez mais reativos e mais seguros no seu manuseio. Somente nos anos 1990 a química orgânica deste elemento foi reativada e alguns dos inventores foram premiados por suas novas rotas de síntese. Mas primeiro, vamos olhar nas tendências gerais dentro das organilas deste grupo, depois conhecer os métodos de preparar os reagentes organometálicos, para ver suas aplicações mais famosas na síntese. Tendências do R2Zn para o R2Hg Do metal mais leve até o metal mais pesado deste grupo observamos: Aumento do caráter covalente da ligação M-C. Aumento da tendência para quebra homolítica da ligação M-C. 753 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Me2Zn é pirofórico e sensível ao contato com ar e umidade; Me2Hg é estável em contato com água e ar. Do composto R2Zn o primeiro grupo R sai com facilidade, é uma quebra heterolítica provocada por uma série de solventes (por exemplo, alcoólise). Do composto R2Hg o primiero grupo orgânico é especialmente difícil a ser abstraído. Para tal objetivo devese esquentar e um radical R• sai. Em solução existem cátions complexos contendo esses metais. A maioria deles é bastante estável. Um exemplo é o [R-Hg]+(solv) 415 que se forma sob solvólise de RHgX (X = Cl, Br). Preparo das organilas dos metais d10 Os métodos padrões para os reagentes organozinco são a síntese direta (onde o Zn é ativado em forma de liga) e a metatese. A reação de transmetalação (5), Zn + (CH3)2Hg → (CH3)2Zn + Hg já foi mencionada na p. 699. Et-I + Zn (Cu) 2 ∆ [Et-ZnI] Et2Zn + volátil ZnCl2 + 3 Zn(OAc) 2 7 2 RLi (ou R-MgX) + 2 R3Al 7 R2Zn 3 R2Zn + + ZnI2 não volátil 2 LiCl (ou MgXCl) 2 Al(OH)3 De grande valor sintético se provou a troca zinco-boro, após a hidroboração de uma olefina. Enquanto cada uma destas etapas é uma reação padrão, a introdução direta do zinco na olefina via “hidrozincação” não funciona: R-CH=CH2 H-BEt2 ZnEt2 R-CH2-CH2-BEt2 R-CH2-CH2-ZnEt + Et3B Os reagentes organocádmio: CdCl2 + 2 R-Li (ou R-MgX) 7 R2Cd + 2 LiCl (ou MgXCl) Os haletos de organocádmio por comproporcionamento (também uma metatese, síntese 7): THF 2 MeCdI Me 2Cd + CdI2 K = 100 e os alcóxidos se obtêm por alcoólise parcial: R2Cd 415 + R´-OH RCdOR´ + RH O íon [R-Hg]+ é muito tóxico! 754 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Os reagentes organomercúrio: R-I + Hg ArN2+ClHgCl 2 luz do sol + Hg R-Li Hg(OAc)2 RHgCl RHgI 0 °C 1 ArHgCl R-Li + N2 R2Hg + RBR´2 histórico 7 RHgOAc + R´2BOAc 7 (R = alquila prim., alquenila; R´= ciclohexila) PhH + Hg(OAc)2 (CF3COO)2Hg Na[MeAlCl 3] MeOH K 2CO3 200 °C Sal fundido Ânodo de Hg (CF3)2Hg Me 2Hg PhHgOAc + + 2 CO2 AcOH 10 15 Eletroalquilação Algumas estruturas típicas dos reagentes organometálicos Os compostos organozinco binários ZnR2 (R = alquila, arila) são de geometria linear; ao contrário dos R2Mg são de preferência monomêricos, altamente voláteis e pirofóricos. Isso indica que pontes 2e3c do tipo Zn-C-Zn não existem. Por outro lado, essas ligações deficitárias se conhecem em alguns hidretos do zinco (Zn-H-Zn). Ao oferecer moléculas doadoras de elétrons σ e π (geralmente o prório solvente), a esfera coordenativa do Zn amplia para NC 3 ou 4. As estruturas dos compostos organocádmio correspondem largamente às dos organocádmio. 755 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Já os compostos organomercúrio (somente Hg(II); compostos de Hg(I) são deconhecidas) não têm mais tendência de formar agregados maiores. São monomêricos e sua geometria é linear (hibridação sp ou dz²s no Hg). Suas estruturas são bem estudadas e conhecidas desde o início da química organometálica; isso se deve à natureza inerte destes compostos: a maioria reage sob condições normais, nem com ar nem com água! Mas isso não significa que a ligação Hg-C, altamente covalente, seja muito estável. Pelo contrário: ela conta na média com apenas ~120 kJ.mol-1 (distância Hg-C >210 pm). No entanto, esse valor médio deve ser usado com cuidado, já que a energia para a primeira dissociação no composto R2Hg é bastante diferente da segunda: D1(MeHg-Me) = 214 kJ.mol-1; D2(Hg-Me) = 29 kJ.mol-1. Tudo isso deixa concluir que as reações preferidas dos organomercúrio são de natureza radicalar, iniciadas pela quebra homolítica das ligações Hg-C. Muitas vezes os compostos R2Hg são as fontes preferidas de radicais orgânicos no laboratório. R2Hg ∆T ou hν - Hg 0 Ar-H 2 R Ar-R Também a utilidade dos organomercúrios como reagentes em transmetalações (síntese 5, p. 699) se deve a essa fraqueza da ligação Hg-C. Aplicações na síntese orgânica Em comparação aos organometálicos padrões, R-Li e Grignard, a ligação carbono-metal nos organozinco é menos polar, menos reativa e tolera um número considerável de grupos funcionais no grupo R: Indiferente frente aos grupos –COOR, -CN, -COR, -I, mas reativo frente aos grupos –OH, -SH e –NHR. Os organozinco são menos reativo, tanto de bases como de redutores. O seguinte exemplo mostra isso (o Nb(V) é de fácil redução): NbCl5 + Me2Zn → Me2NbCl3 + ZnCl2 Na p. 394 foi apresentada a reação de Reformatzky (1887), certamente a síntese mais antiga feita com organozinco. O valor preparativo é a ampliação do esqueleto carbônico em ácidos carboxílicos com bromo em posição α. RO Br-CH 2-COOR α-bromoéster O Zn, THF Br THF CH2 Zn O THF Zn Br CH2 OR 1. R´2CO 2. H 2O OH R´2C-CH2-COOR β-hidroxiéster Também a reação de Simmons-Smith (1958) já é bastante estabelecida. Um ciclopropanamento via esta estratégia é muito mais segura, do que por meio de carbenos livres 756 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica (p. 214), e já se conseguiram esqueletos carbônicos mais bonitos, como mostra o seguinte exemplo: COOR COOR = COOR I-CH2-ZnI Adição Alqueno CH2 + ZnI2 ZnI I Estrutura "spiro" ou: CH2 Simmons-Smith Rotano Mas embora esta estética indiscutível, podemos afirmar que o grande valor preparativo dos organozinco veio com as invenções > 1990, pelos eguintes motivos: 1. Atar uma ligação C-C de maneira enanciosseletiva. Essa reação inventada por R. Noyori (prêmio Nobel em 2001) é um exemplo de catálise enanciotrópica (QV). 2. Fácil preparo de compostos organozinco altamente funcionalizados, via hidroboração e troca B-Zn, conforme descrito acima. 3. Ativação (ou melhor falado: a desativação) de reagentes R-ZnX por meio de transmetalação para metais menos reativos, para: Cu (P. Knochel, 1999), Pd (E.I. Negishi, > 1977; compare reação de acoplamento, p. 307), Ti (D. Seebach, 1991) Ni e outros. Seguem alguns exemplos onde estas inovações foram aplicadas com sucesso. Exemplo da ativação 1 (Noyori 1986, 1991). Cetona ou aldeído proquiral. Adição de R-ZnX*, enquanto o ligante X* é quiral e provoca a indução assimétrica, no complexo ativado da reação. Isso só funciona desde que o reagente RZnX* se adicione mais rapidamente ao grupo carbonila, do que o reagente R2Zn (que ainda está presente na mistura reacional). Isto implica que o alcóxido de zinco, Zn(OR*)2, transmite o grupo alcóxido quiral rapidamente ao reagente R2Zn: 757 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Exemplo para as ativações 2 e 3: (Zn-cupratos de Knochel, 1989 – 1992): Acoplamentos em aromáticos (Campbell, Negishi 1989): Aplicações dos homólogos mais pesados, organocádmio e organomercúrio Os compostos organocádmio (ver também p. 440) são bem menos usados na síntese do que seus parentes do zinco. Isso se deve em partes à sua elevada toxicidade, o preço mais alto e a instabilidade frente ao ar, umidade e luz. A acidez de Lewis do cádmio é mais baixa (por exemplo, tetraorganocadmiatos, [CdR4]2- são instáveis) e a reatividade das suas organilas em geral é inferior às dos homólogos com zinco. Justamente dessa reatividade diferenciada se aproveita na reação com carbonos fortemente eletrofílicos. Enquanto R2Zn, RLi e Grignard reagem voluntariamente com a maioria dos grupos carbonila (com alguns grupos carboxilas até duas vezes, ver Tabela 22, na p. 437), os compostos R2Cd somente reagem com os mais reativos. Sendo assim, a partir do cloreto do ácido carboxílico se consegue seletivamente uma cetona. Isso pode ser feito na presença de grupos funcionais semelhantes, tais como >C=O, COOR ou -C≡N. 758 A. Isenmann R2Cd + Princípios da Síntese Orgânica CdCl 2 7 O R´-COCl 2 RCdCl R + R´ CdCl2 Já a química orgânica do mercúrio se apresenta mais bem estudada, o que se explica historicamente pela busca por substâncias de atividade farmacológica (o mesmo, aliás, vale para os compostos organoarsênio). Sendo assim, se usam esses compostos como fungicida, antiséptica 416 e bactericida, sua produção no entanto é regressiva. As sínteses orgânicas mais importantes onde compostos organomercúrio aparecem como intermediários são: • Mercuração • Solvomercuração - desmercuração • Transmissão de carbenos. A mercuração é uma metalação (= troca H / metal) por meio de acetato de mercúrio, Hg(OAc)2. Essa reação é aplicada com sucesso em compostos aromáticos e alifáticos com elevada acidez C-H (alquinos, compostos nitro, 1,3-dicarbonilas). PhH + Hg(OAc)2 PhHgOAc + AcOH Podemos classificar essa reação como substituição eletrofílica no aromático (ativado no sentido da SE). As mercurações são catalisadas por ácidos fortes que ao mesmo tempo são ligantes em complexos metálicos ruins. Eles produzem o íon intermediário [HgOAc]+. Hg(OAc)2 + [HgOAc]+ HClO4 + ClO4- + AcOH A síntese de solvomercuração-desmercuração (compare p. 160) se compõe de uma adição de HgX+ e Y- em um alqueno; em seguida a quebra da ligação Hg-C: R-CH=CH 2 HgX2 (X = NO3, AcO) HY Y R C H CH2 HgX H 2, NaBH 4 Y R C H CH3 (HY: solvente ou parte do sistema de solvente; Y = OH, OAc, RO2, NR2, etc.) Exemplo: CH 2 416 Hg(OAc)2 H 2O / THF OH CH2 NaBH4 HgOAc NaOH OH CH3 O mercuriocrom se vende no Brasil até hoje. 759 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Esse procedimento tem um largo espectro de aplicações. As condições reacionais são especialmente suaves, são poucos grupos funcionais que interferem e rearranjos no esqueleto carbônico são raros. A primeira etapa, neste exemplo uma oximercuração, tem a regiosseletividade de Markovnikov. Portanto, complementa a adição no sentido anti-Markovnikov que se observe na hidroboração (p. 763). O valor preparativo principal é a decomposição (homolítica) do produto intermediário organomercúrio, onde o metal é reposto por hidrogênio, halogênio ou outro grupo funcional. A terceira síntese de importância é a transferência de carbeno por meio do reagente de Seyferth 417, um fenil(α-halogenometil)mercúrio. Compostos do tipo PhHgCX3 extrusam com facilidade o dihalocarbeno, CX2. Estes podem ser usados in situ para reações consecutivas (inserção entre C-H; adição em C=C). Caso se tem uma espécie mista com dois tipos de halogênio, PhHgCX2X´, a espécie PhHgCX´ a ser eliminada do reagente contém sempre o halogênio mais pesado. Note que o mecanismo das reações com o reagente de Seyferth se formula com o carbeno livre – ao contrário das reações com o reagente de Simmons-Smith (pp. 220 e 756). Exemplos: PhHgCl + PhHg-CCl 2Br PhHgCX2Br CHCl2Br + ∆T - PhHgBr + t-BuOK THF PhHg-CCl 2Br -25 °C C6H6, 80 °C, 2h [CCl2] - PhHgBr [CX 2] Ar (X = Cl, Br) C C + KCl + t-BuOH CCl2 O X2 C R Ar H 2O R Ar R As condições reacionais destas ciclopropanamentos são comparavelmente suaves, especialmente na ausência de substâncias básicas. Única inconveniência é a necessidade de isolar e purificar o composto PhHg-CX3. Problemático se torna a presença dos seguintes grupos funcionais no alqueno, porque estes reagem com o composto PhHg-CX3 preferencialmente: -COOH, -OH e –NR2. 10.7 Organilas do boro 10.7.1 Reações de organoboranos Propriedades do boro, dos boranos e dos boratos. O boro possui dois isótopos naturais (aproximadamente 20% de B10 e 80% de B11) e ambos possuem spin nuclear diferente de zero podendo ser estudados por espectroscopia de r.m.n. A 417 Não confundir com o reagente organofosforado deste mesmo pesquisador; ver p. 784. 760 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica disponibilidade comercial de ambos os isótopos isolados é importante para a identificação estrutural e para a proposta do mecanismo de reação na química do boro. O boro é o quinto elemento da tabela periódica e a configuração eletrônica do estado fundamental é [He] 2s2 2p1. A disponibilidade de apenas 3 elétrons para a formação das ligações covalentes, envolvendo três orbitais híbridos sp2 e a disponibilidade do orbital p vazio, torna os organoboranos eletrofílicos, ou seja, ácidos de Lewis. Por isso os organoboranos formam facilmente complexos com várias aminas e éteres. H B H H N + N B H H H A eletronegatividade do boro (2,0) é maior que a do silício (1,8), mas menor que a do carbono (2,5) e H (2,1). A polaridade reversa das ligações B-H e C-H é um fator importante para o entendimento das reações de hidroboração. Embora os boranos como tais sofrem de falta de elétrons, a polarização dentro da sua molécula fica com carga parcial positiva no boro e negativa no hidrogênio. Sendo assim, o boro um centro fortemente ácido, mas a molécula como toda uma fonte de hidreto, H-. A transmissão de hidrogênio para um composto orgânico em geral e hidreto em particular, representa uma redução. Boranos são, portanto, bons redutores (ver p. 588). O comprimento da ligação B-C (1,56 Å) do trimetilborano 418 e da ligação C-C (1,54 Å) do etano são aproximadamente da mesma ordem de grandeza. Os elétrons da ligação C-B de organoboranos são altamente inacessíveis frente eletrófilos, devido ao caráter covalente 419 da ligação C-B e a proximidade relativa de carbono e boro. Em outras palavras, organoboranos, diferentemente dos reagentes organolítio e de Grignard, não reagem facilmente com eletrófilos típicos como haletos de alquila, aldeídos, cetonas, ésteres, etc. Com a exceção de alguns poucos compostos (carboranos e espécies subvalentes representadas por B-X), os organoboros existem predominantemente como espécies tricoordenadas (= "boranos") ou tetracoordenadas (= "boratos"). O hidreto de boro mais simples é o borano, BH3, uma molécula extremamente instável devido ao sexteto de elétrons no B. Na ausência de bases (de Lewis) na mistura reacional ele procura certa estabilidade, imediatamente após sua produção, em forma do diborano, B2H6 420. O seguinte equilíbrio é deslocado predominantemente para o diborano. 2 BH3 B2H6 418 H. A. Levy e L. O. Brockway, J. Am. Chem. Soc., 59 (1937) 2085. Usando uma equação empírica proposta por Pauling, a ligação C-B pode ser estimada em 95% covalente e apenas 5% iônica. 420 O diborano é somente um de muitos boranos cuja variedade estrutural é um campo fascinante que foi amplamente estudado e teoricamente explicado por W.N. Lipscomb (prêmio Nobel em 1976). 419 761 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O diborano possui duas pontes B-H-B que são ligações especiais: sobre três átomos se estende um orbital com apenas 2 elétrons (lembre-se: mais elétrons não cabem no único orbital do hidrogênio). Já este fato exprime a inerente falta de elétrons dos boranos. Embora parece impossível, esta estrutura do diborano foi confirmada pelos métodos de difração de raios X e infravermelho, conforme apresentada na figura abaixo. H H H B B H H H Ligação comum Ligação de 2 elétrons sobre 3 átomos Por simplicidade de anotação, porém, as reações orgânicas envolvendo o diborano são formuladas com a estrutura monomérica, "BH3" = 1/2 B2H6 ou apenas uma parte dela, "bH" = 1/6 B2H6. Preparo do diborano no laboratório A formação do diborano é uma reação de ácido-base; porém, esta reação parece incomum porque não é realizada em ambiente aquoso. É uma reação típica de Lewis: 3 NaBH4 Base + 4 BF3 Ácido [Et2O] 2 B2H6 + 3 NaBF4 Diborano O diborano é relativamente inerte frente alquenos, sendo normalmente utilizado na forma de complexo. O complexante que é solvente ao mesmo tempo faz com que as ligações de dois elétrons sobre três centros quebre, liberando dois monômeros de BH3. Agora este complexo, BH3⋅(solvente), reage prontamente com a maioria dos alquenos já que o solvente neste sistema aumenta a compatibilidade entre o borano e o substrato apolar. Sendo assim, a forma comercialmente disponível do borano é em solução como, por exemplo, boranotetraidrofurano (H3B⋅THF), borano-éter dietílico (H3B⋅Et2O), borano-sulfeto de dimetila (H3B⋅SMe2), borano-piridina (H3B⋅C5H5N), etc. Alquenos desimpedidos reagem rapidamente com borano para dar inicialmente monoalquilboranos, R-BH2, então dialquilboranos, R2BH, e finalmente trialquilboranos BR3. Com o aumento do impedimento estereo-espacial em torno da dupla ligação do alqueno, a segunda e terceira etapas de hidroboração tornam-se mais lentas e então, por exemplo, hidroboração do cicloexeno com H3B⋅THF pode ser interrompida no estágio de dialquilborano, e hidroboração de 1,2-dimetilciclopenteno com H3B⋅THF não prossegue além do monoalquilborano. 762 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reação de hidroboração Já a presença de um alqueno ou alquino– embora não serem as melhores fontes de elétrons - é suficiente para satisfazer o boro com elétrons. Hidroboração é o termo usado para a adição de boro e hidrogênio a uma ligação dupla C=C de um alqueno ou a uma ligação tripla C≡C de um alquino. Os primeiros exemplos de hidroboração foram publicados por H. C. Brown em 1956 421 e 1957 422. Devido a sua ampla aplicação em química orgânica, Brown recebeu o prêmio Nobel de Química em 1979. A reação envolve a adição cis de H-B à ligação C=C. C C + H B H C C C C + H B C H B C B Mecanismo da hidroboração de alquenos O borano, ácido de Lewis, aproxima-se ao alqueno (= base de Lewis) da seguinte maneira: H BH3 + R CH CH2 (R CH2 CH2)BH2 R + R δ+ C C H δ− H B H H H CH CH2 (R CH2 CH2)BH2 (R CH2 CH2)2BH + R CH CH2 (R CH2 CH2)3B ou, na anotação simplificada: bH + R CH CH2 R CH2 CH2 b Caso o substrato for um alqueno não-simétrico o ataque do boro se daria no carbono menos substituído. Isto se deve à criação da nova ligação carbono-boro que é mais avançada do que a nova ligação carbono-hidrogênio (ver estado de transição no esquema acima). Isto pode ser entendido em termos da polarização do borano segundo o centro eletrofílico é o boro. Então é ele que está sendo atraído pelos elétrons da dupla-ligação C=C. Como o boro é um forte retirador de elétrons, a parte do substrato do estado de transição fica positivada. A carga parcial positiva sempre fica no carbono mais substituído, como já foi elucidado na discussão 421 422 H. C. Brown e B. C. Subba Rao, J. Am. Chem. Soc., 78 (1956) 5694 . H. C. Brown e B. C. Subba Rao, J. Org. Chem., 22 (1957) 1136 . 763 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica sobre estabilidade de carbocátions (ver p. 51). Enfim, o boro se liga no alqueno em sentido anti-Markovnikow. Os produtos da hidroboração dos alquenos abaixo (norborneno e α-pineno) são formados de maneira anti-Markovnikow, adição cis de H e B e pela face menos impedida da dupla ligação. BH3 B + B 99,6% 0,4% B BH3 Compostos insaturados contendo uma grande variedade de grupos funcionais podem ser hidroborados, respeitando a capacidade do borano de funcionar como redutor para certos grupos, tais como aldeídos e cetonas (ver p. 621). BH3 CH2 CHCH2CO2R BCH2CH2CH2CO2R ou simplificado: O C O OR + b H b C OR Através desta técnica podemos sintetizar intermediários “organometálicos” 423 reativos contendo uma grande variedade de grupos funcionais para depois transferir o grupo orgânico do boro para um carbono ou outro elemento na síntese de estruturas mais complexas. Degradações dos organoboranos Como ilustrado no esquema acima o borano reage com até três moléculas de alquenos. O boro substitui sucessivamente seus vizinhos hidrogênios por carbonos provenientes das moléculas do substrato insaturado. Resulta um composto organoborano saturado, BR3. Estes compostos, na maioria das aplicações, não representam os produtos finais. Existem diferentes possibilidades de degradar este produto primário, das quais as três mais importantes sejam descritas a seguir. 423 Pela posição na tabela periódica é mais correto classificar o boro como semi-metal. Na química orgânica, porém, ele pode ser visto como metal por mostrar eletronegatividade e polarização semelhante aos metais. 764 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Todos os métodos têm em comum de produzir um subproduto contendo ligações B-O, na maioria das vezes o próprio ácido bórico, B(OH)3. A estabilidade termodinâmica desta ligação explica então o bom funcionamento destas etapas. Implica, ao mesmo tempo, que a etapa da hidroboração de alquenos tem que ser feita sob exclusão, tanto de oxigênio quanto de umidade. 1) (R CH2 CH2)3B + 3 AgNO3 + 3 NaOH - B(OH)3 Ou, simplificado: 2 R CH2 CH2 b 3 [RCH2CH2Ag] + 2 AgNO3 + 2 NaOH - 2 bOH - 3 Ag0 2 [RCH2CH2Ag] - 2 Ag0 1,5 RCH2CH2 CH2CH2R Dimerização RCH2CH2 CH2CH2R Dimerização Na degradação 1 o composto organoborano é reduzido de maneira incompleta. Usa-se um sal de prata para substituir o boro que, por sua vez, está separado do sistema em forma de ácido bórico. Compostos organo-prata quase não têm caráter iônico (∆EN ≤ 8%, ver p. 682), então são compostos covalentes, com uma ligação carbono-prata bastante fraca. Por causa da sua baixa polarização ela quebra homoliticamente, fornecendo um radical orgânico e prata metálica. Encontram-se dois destes radicais eles reagem instantaneamente (a cinética é pouco estudada, daí o mecanismo pouco compreendido), fornecendo o dimero do hidrocarboneto. Importante é que não há rearranjos dentre o esqueleto hidrocarbônico do composto organometálico. 2) δ- δ+ (R CH2 CH2)3B + H2O + AcOH (RCH2CH2)2B CH2 H O C O CH3 CH2R H 3C CH2R Alcano O + (RCH2CH2)2B O C CH3 + H2O + AcOH + H2O + AcOH B(OOCCH3)3 Anidrido do ácido bórico e ácido acético Já na reação 2 tem-se uma hidrólise simples do composto organo-boro. É a alta afinidade do boro para o oxigênio – semelhante a seu homólogo alumínio – que promove a decomposição hidrolítica do produto primário, BR3. O resultado final é um alcano, obtido a partir de um alqueno. Frente este resultado tem que admitir-se que existem métodos mais baratos e rápidos de reduzir alquenos para alcanos. Então se trata de um caminho sem valor preparativo. A reação só tem importância como reação paralela indesejada, da degradação oxidativa descrita a seguir. 765 A. Isenmann 3) Princípios da Síntese Orgânica H2O + HOO- H2O2 + NaOH o - - OH Rearranjo no "O" + 3 H2O Hidrólise (R CH2 CH2) 3B (RCH2CH2)2B O CH2CH2R (RCH2CH2)2B + HOO- + HOO- CH2 CH2R O OH B(O CH2CH2R)3 Éster do ácido bórico B(OH)3 + Ácido bórico 3 RCH2CH2OH Álcool "anti-Markovnikow" O caminho 3 certamente é o mais usual na síntese orgânica. A degradação oxidativa é induzida pelo ataque do ânion hidroperóxido, HOO- ao orbital p vazio do boro. Quando o ânion hidroperóxido encontra o boro (por sua vez ainda procurando elétrons) forma-se uma ligação B-O extraordinariamente estável. Ao contrário desta, a ligação O-O proveniente do ânion atacante é fraca, então pode quebrar facilmente, seja de maneira homo ou heterolítica. Na ausência de luz UV se realiza a segunda possibilidade e o complexo libera o ânion hidróxido, deixando por trás um oxigênio com sexteto de elétrons. Seu vizinho direto, o boro, não pode oferecer elétrons a ele, por ser um centro ácido. Então recebe ajuda do vizinho indireto, ou seja, do grupo orgânico ligado ao boro. Em outras palavras, tem-se um rearranjo provocado pelo sexteto de elétrons no oxigênio (outros rearranjos do tipo são descritos na p. 662). Desta forma o oxigênio é satisfeito, enquanto a vaga na esfera do boro logo é ocupada pelo próximo ânion hidroperóxido. O produto é o éster do ácido bórico, B(OR)3, cuja hidrólise fornece o ácido bórico 424 e o álcool. RR B R O OH Etapa 1 R R OH B O R - HO O R R Etapa 2 Rearranjo B O R Repetir duas vezes as etapas 1 e 2 3 ROH + NaB(OH)4 H2O / NaOH RO RO B OR Resumindo a degradação oxidativa do organoborano: 424 O ácido bórico, B(OH)3 ou H3BO3, tem sua acidez de Brønsted, não devido à facilidade de liberar H+, mas sim, devido à fixação de mais um íon hidróxido. Forma-se então o ânion borato, B(OH)4-, e o ambiente aquoso torna-se ácido (H2O - OH- = H+). Como o esquema reacional acima descreve ambiente básico, então se espera como subproduto o borato de sódio, NaB(OH)4. 766 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica b H2O2 OH NaOH + bOH sendo b = 1/3 B Formalmente o grupo hidroxila foi introduzido ao mesmo carbono onde se encontrou o boro. Por esta síntese em duas etapas se tem acesso ao álcool menos substituído, isto é, no sentido anti-Markovnikow. Ao comparar: a adição de água na ligação dupla, sob catálise de mercúrio, fornece o álcool no sentido Markovnikow, ver cap. 2.4.1. 1) BH3.THF 2) H2O2 / NaOH OH A oxidação dos alquilboranos para alcoóis é essencialmente quantitativa e tem sido aplicada com sucesso a uma grande variedade de alquilboranos. Note-se que a estereoquímica do átomo de carbono ligado ao átomo de boro é mantida, na conversão da ligação carbono-boro para carbono-oxigênio. O próximo exemplo evidencia esta retenção da configuração durante a etapa da degradação oxidativa: CH3 bH H b com b = 1/3 B 1) H 2O2 / OH2) Hidrólise CH3 H OH Retenção da configuração Reagentes úteis para a hidroboração O reagente borohidreto de sódio, NaBH4, que é bastante comum nos laboratórios, não serve para a hidroboração de alquenos. A carga negativa no íon complexo BH4- impede a aproximação à dupla ligação C=C cuja característica é uma densidade eletrônica elevada. Isto é a razão porque substratos com grupos carbonilas podem ser seletivamente reduzidas com NaBH4, sem interferir nos grupos C=C ou C≡C (ver p. 590). O borano transforma com sucesso uma grande variedade de alquenos em trialquilboranos, sob condições brandas. O alto valor preparativo do reagente "BH3" se evidencia, especialmente ao se tratar substratos com dupla ligação C=C em uma posição de difícil acesso. Por outro lado, esta reagente não é isento de problemas. Principalmente a formação de polímeros, ao ser aplicado em dienos ou alquinos, mingua o sucesso da boração com o borano. É através da polimerização cátionica (ver p. 167) que se formam esses produtos paralelos. Uma outra restrição ao usar o diborano ou seu complexo orgânico pode ser uma insuficiência em regioseletividade. Isto se deve à sua alta reatividade eletrofílica (alta reatividade = baixa seletividade) e ao seu volume pequeno (não há obstáculos espaciais). Uma solução oferece a hidroboração com 9-borabiciclononano, "9-BBN", com que a seletividade para o carbono menos substituído aumenta bastante. Isto se deve principalmente ao seu próprio volume que impede a entrada em um carbono mais ramificado. Em comparação com o "BH3", o 9-BBN 767 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica tem apenas um sítio B-H reativo. Esta desvantagem, porém, é insignificante já que a separação de uma mistura de produtos isoméricos ficaria muito mais cara e complicada. H B BH3 H = 1/2 B B H 9-BBN Carbonilação de organoboranos A carbonilação de alquilboranos é de grande valor preparativo. Por este caminho se consegue ampliar o esqueleto carbônico de alquenos por unidade e, ao mesmo tempo, funcionalizá-los com o grupo carbonila. Isso é possível, na presença de uma variedade de outros grupos funcionais no substrato, tais como aldeídos, cetonas ou alcoóis terciários. Todas as rotas preparativas têm em comum o ataque do boro (centro ácido de Lewis) ao carbono do CO. Ao primeiro olhar esta reatividade parece estranha, após tudo que sabemos sobre a afinidade entre o boro e o oxigênio. Mas podemos ser entender a preferência do boro para o carbono neste caso, anotadas as fórmulas mesoméricas do monóxido de carbono: C O C O Na segunda estrutura mesomérica percebe-se uma carga negativa no carbono. Realmente, isto é a fórmula marginal mais importante, pelo fato de ter-se octetos de elétrons em ambos os átomos 425. Além disso, a curta distância interatômica (1,1282 Å) e a alta energia de dissociação (1077 kJ⋅mol-1) apóiam a suposição de uma tripla-ligação. O intermediário organoborato transfere um dos seus grupos alquilas para o átomo de carbono do monóxido de carbono. Na hidrólise o complexo resultante quebra de maneira já discutida, fornecendo ácido bórico e aldeídos. R R B R R + O R B C O C O R R R B R 425 Essa fórmula também é responsável pela baixa polaridade do CO. Pela diferença em eletronegatividade entre C e O (∆ EN = 1,0) a molécula deveria ter um alto momentum dipolar; pelo experimento, porém, se acharam apenas 0,112 Debye que conferem ao CO o largamente conhecido parentesco com o N2. 768 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8 Compostos organofosforados 10.8.1 Considerações gerais sobre o elemento de fósforo e sua relevância na síntese orgânica O fósforo é um elemento que se apresenta nos seus compostos orgânicos em diferentes números de oxidação (NOX), dos quais os estados +3 e +5 são os mais frequentemente realizados. Sua flexibilidade em trocar o NOX é uma consequência da sua alta polarizabilidade (desde que não se trata do NOX +5). Em termos de Pearson podemos afirmar que o fósforo de NOX baixo é um centro mole (compare: conceito "duro-mole" nas pp. 40 e 685). Com EN = 2,1 sua eletronegatividade fica abaixo da do carbono (2,5) e também do hidrogênio (2,2), mas ligeiramente acima do boro (2,0). Isso implica que suas ligações covalentes com esses elementos são muito pouco polarizadas. Somente com o oxigênio, elemento da sua preferência, o fósforo realiza uma ligação bastante polar: uma ∆EN de 1,4 corresponde a um carater iônico de aproximadamente 33% (ver Tabela 35 na p. 682). A utilidade do fósforo na síntese orgânica provém da capacidade de progredir, do menor para o maior número de coordenação e, ocasionalmente, na direção inversa. As principais características do fósforo em organo-fosforados são: 1) elevada nucleofilia enquanto está em complexos trivalentes, então reage voluntariamente com reagentes eletrofílicos fortes, 2) a dupla-ligação P=O é prontamente formada (também as ligações com S, N e halogênios, enquanto as ligações com C e H são menos favorecidas) 3) a capacidade do fósforo em estabilizar ânions adjacentes. O fósforo desempenha um papel importante em todos os seres vivos, (ATP faz o transporte de energia intercelular; polifosfato representa a coluna que dá estabilidade estrutural no DNA e RNA; afinal, os fosfatos interagem em quase todos os ciclos bioquímicos onde são introduzidos via fosforilação). Sua utilização na síntese foi explorada sistematicamente somente a partir dos anos 40 do século passado. Seu uso como intermediário reativo facilitou o acesso a uma série de substâncias padrões que antigamente requeriam várias etapas de síntese e forneceram rendimentos insatisfatórios. A maioria dos compostos organofosforados tem estabilidade hidrolítica limitada. Este fato é precondição para sua utilização em agrotóxicos aos quais nos temos hoje a pretenção de ser biodegradáveis. Produtos bioativos degradáveis abrigam menos potencial nocivo ao meioambiente do que, por exemplo, os hidrocarbonetos (poli)clorados que foram usados nos anos 70 do século passado e ainda hoje persistem no ambiente! As aplicações principais dos organofosforados são então: • • • • • • Agroquímicos: inseticidas, fungizidas, herbizidas; Antioxidantes e estabilizantes em plásticos e óleos industriais; Plastificante para certos polímeros da engenharia; Polímeros contendo fósforo, inerentemente não-inflamáveis; Retardante à chama e fumaça, principalmente em tecidos, madeira e aparelhos elétricos; Reagente de flotação na mineração; 769 A. Isenmann • • • Princípios da Síntese Orgânica Aditivo em óleos lubrificantes e combustíveis hidrocarbônicos; Solventes aplicados em extração seletiva, inclusive os de natureza polar-aprótica; Mais recente: agentes anti-tumorais. Em todo rigor são compostos organo-fosforados somente aqueles que dispõem de uma ligação P-C. Mas devido à sua ocorrência frequente na natureza viva (por exemplo, no DNA) e da sua importância industrial como agrotóxico 426, também incluimos os ésteres do ácido fosfórico, da fórmula geral PO(OR)3, e um derivado do ácido fosfônico, da fórmula P(OR)3, onde o fósforo apresenta-se apenas ligado ao oxigênio e/ou outros heteroátomos. Sobre os usos do cloreto de fosforila, POCl3, do pentacloreto de fósforo, PCl5 e o tricloreto de fósforo, PCl3, já foi relatado em outros contextos neste livro (pp. 144, 292, 355; vista geral no anexo 2). 10.8.2 Esqueletos inorgânicos contendo fósforo Os ácidos inorgânicos oxigenados do fósforo têm importância na síntese orgânica, devido à facilidade da sua esterificação. A série homóloga é: O HO P OH OH Ácido fosfórico O O O H P OH OH H P OH H H P H H Ácido fosfônico Ácido fosfínico Fosfanóxido (Fosforila) A acidez de todos esses ácidos (menos do fosfanóxido) é na mesma ordem de grandeza. Os valores pKa a 25 °C são: • ácido forfórico: pKa,1 = 2,16; pKa,2 = 7,21; pKa,3 = 12,33. • ácido fosfônico: pKa,1 = 2,00; pKa,2 = 6,70. • ácido fosfínico: pKa = 1,23. Atenção: As fórmulas sumárias destes ácidos, H3PO4, H3PO3, H3PO2 e H3PO, fingem ser ácidos tribásicos em todos os casos. Mas isso não é verdade, pois a típica acidez se tem somente nos prótons ligados ao oxigênio. Enquanto disso, os hidrogênios quando ligados ao fósforo (fosfanos) não têm característica ácida. A explicação deve-se procurar na diferença de eletronegatividade, ver p. 769. Note que para os ácidos fosfônico, fosfínico e o fosfanóxido, existem dois isómeros estruturais cada. Conforme a nomenclatura proposta na p. 770, trata-se do equilíbrio entre as formas δ3λ3 e δ4λ5. Figura 41. Os isômeros dos ácidos contendo fósforo de NOX <5. 426 V.M.R. Santos, C.L. Donnici, J.B.N. Costa, J.M.R. Caixeiro. Compostos organofosforados pentavalentes: histórico, métodos sintéticos de preparação e aplicações como inseticidas e agentes antitumorais. Química Nova 30 (2007) 159-170. 770 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Isômeros do ácido fosfônico: O H P OH OH > 99% fosfonato HO P OH OH < 1% fosfito Isômeros do ácido fosfínico: O H P OH H H P OH OH fosfinato fosfonita Isômeros do fosfanóxido: O H P H H fosfinóxido HO P H H fosfinita Última linha: nomes genêricos dos compostos parentes, contendo P-C, em vez de P-H. Em todos os casos, os equilíbrios (medidos em ambiente aquoso) estão deslocados quase completamente para o lado esquerdo. Todavia, as duas formas isoméricas podem ser estabilizadas, em forma dos seus ésteres. Os nomes genêricos destes compostos, quando as ligações P-H estiverem repostos por ligações P-C, estão apresentados na última figura. A existência dos sais destes ácidos depende fortemente do pH da solução. Sendo assim, o famoso tampão de fosfato que atua na região neutra, se explica como equilíbrio entre os sais mono e di-básicos (NaH2PO4 e Na2HPO4, respectivamente): Figura 42. Equilíbrios do ácido fosfórico em solução aquosa A diversidade estrutural destes compostos não pára aqui, pois também existem os produtos de condensação. Em geral vale: menor o teor da água na mistura, maior o grau de condensação. Isso se entende em termos do princípio de Le Chatelier, já que a água é um dos produtos deste equilíbrio. Por este motivo a concentração máxima do ácido fosfórico comercial nunca excede 85%, pois acima deste limite temos que contar com uma forte presença dos produtos de condensação. A tendência da condensação seja apresentada a seguir, apenas para o ácido fosfórico, e só para os estágios de condensação iniciais: 771 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O O HO P OH + OH HO P OH OH O O P O P OH OH OH Diácido fosfórico (sais: difosfatos) 3O O2P PO2 HO - H2O Ácido fosfórico O O P O2 Trimetafosfato - 3 H+ O 3 HO P OH - 3 H2O OH ou - - 5 H+ O O O O P O P O P O- O- O- O- Trifosfato PO2 4- O2 P O O -4 H+ O2 P O 4 HO O O PO2 Tetrametafosfato P OH - 3 H2O OH ou - 6 H+ - O O O O O P O P O P O P O- O- O- O- O- Tetrafosfato Os polifosfatos, dentre eles os metafosfatos de estrutura cíclica e os polifosfatos de cadeia aberta, são as substâncias segundo mais produzidas no mundo, depois do ácido sulfúrico; são usados, principalmente, como agentes de limpeza 427 e fertilizante na agricultura 428, respectivamente. Além disso, os polifosfatos de cadeia aberta são as estruturas importantíssimas que formam a coluna dos polímeros em DNA e RNA. 427 Detergentes em pó, com finalidade de lavar roupa ou lavar louça, consistem em torno de 50% do seu peso de metafosfatos. Nestes, exercem um efeito reforçador do agente tensoativo, ajustam o pH do ambiente (que deve ser alcalino) e abrandam a água dura (= complexação dos íons prejudiciais de Ca2+, Mg2+ e Fe3+). O uso responsável destes detergentes é indicado, pelo fato de que os esgotos ricos em fosfatos, alimentam o crescimento de algas (tóxicas) e dão motivo à eutrofização de lagoas e rios. 428 Informe-se sobre as estruturas dos sais de Graham, de Maddrell e de Kurroll, presentes no fertilizante "NPK" - o que significa amônio + fosfato + potássio. Todos têm a mesma fórmula NanH2PnO3n+1, mas são de diferentes estruturas e comprimentos de cadeia. 772 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8.3 Nomenclatura e particularidades dos organo-fosforados Já a formulação "um derivado do ácido fosfônico" na última frase mostra que a variedade estrutural dos organofosforados é muito grande. Daí temos necessidade de sistematizar as classes e a nomenclatura dos compostos organo-fosforados 429. Note que muito conhecimento estrutural sobre os organofosforados vem do fato de que o núcleo 31P é acessível pela ressonância magnética, na qual atua com seu spin nuclear de 1/2, igual ao 1H, 13C, e 19F, facilitando bastante o experimento e a interpretação dos espectros. Como já dito acima, os NOX preferidos do fósforo são +3 e +5. Dentre eles, existe uma ampla variedade de diferentes tipos de organo-fosforados. Tratando os compostos organo-fosforados de forma descritiva, podem-se usar também dois parâmetros para sua identificação: "δ" para seu número de coordenação e "λ" para sua valência. Neste sistema, uma fosfina seria um composto δ3λ3, um éster do ácido fosfórico seria um composto δ4λ5 (isto é, o fósforo tem 4 átomos vizinhos dos quais um fica duplamente ligado). Tabela 44. Os organofosforados mais comumente encontrados. • fosfano (ou fosfina, para atender melhor concordância com o Inglês, ver nota de rodapé 449), δ3λ3, PR3 • fosfinóxido, δ4λ5, OPR3 • fosfinita, δ3λ3, P(OR)R2 • fosfonita e ésteres do ácido fosfonoso, δ3λ3, P(OR)2R • fosfonato e ésteres do ácido fosfônico, δ4λ5, O=P(OR)2R • fosfito, δ3λ3, P(OR)3 • fosfinato, δ4λ5, O=P(OR)R2 • fosfato, δ4λ5, O=P(OR)3. A tabela a seguir 430 foi feita como guia mais em geral (incluidos os nomes em inglês), porém bastante incompleta. 429 K. B. Dillon, F. Mathey, F., J.F. Nixon. Phosphorus. The Carbon Copy; John Wiley & Sons, 1997. F.A. Carey and R.J. Sundberg Advanced Organic Chemistry, Part B, 4rd Ed., Springer New York 2000. Cadogan Organophosphorus Reagents in Organic Synthesis, , Academic Press 1980. J. Clayden, N. Greeves, S. Warren, P. Wothers Organic Chemistry, Oxford 2000. L.D. Quin. A Guide to Organophosphorus Chemistry; John Wiley & Sons, 2000. ISBN 0-471-31824-8 Um resumo das reações de nomes e suas explicações: http://users.ox.ac.uk/~mwalter/web_05/resources/phos_chem/org_phosph_chem.shtml Um resumo dos trabalhos originais que contém somente os esquemas reacionais sem texto: http://www.chem.wisc.edu/areas/reich/chem842/_chem842-09-Phosphorus.htm 430 Esta nomenclatura está de acordo com "Gold Book", acessível pelo site http://www.iupac.org/goldbook/P04549.pdf Neste site pode-se procurar o nome sistemático para qualquer composto químico, a partir da sua estrutura desenhada. 773 A. Isenmann Tabela 45. Princípios da Síntese Orgânica Nomenclatura dos compostos organo-fosforados. Ligações com P Somente P-O Contém P-C P (NOX +3) P (NOX +5) Comentários Fosfito (Phosphite) Fosfonita (Phosphonite) Fosfato (Phosphate) Fosfonato (Phosphonate) sais, ácidos livres, ésteres Quelatos com M2+ e M3+ (são solúveis, estáveis, cataliticamente inativos) Fosfinita (Phosphinite) Fosfina (Phosphine) Amidita de fósforo (Phosphoramidite) Fosfinato (Phosphinate) Fosfinóxido (Phosphine oxide) Amidato de fósforo (Phosphoramidate) Uma P-C Duas P-C Três P-C Contém P-N Uma P-N Contém P-C e P-N Contém P-S Duas P-N Diamidita de fósforo (Phosphordiamidite) Três P-N - Uma P-C e uma P-N Uma P-C e duas P-N Duas P-C e uma P-N Uma P-S - Duas P-S - p.ex. P (+3): nucleosídio fosforamidita P (+5): Fosfocreatina Diamidato de fósforo p.ex., P (+5): (Phosphordiamidate) morfolino, ciclofosfamida Fosforamida Hexametilfoforamida 431 (Phosphoramide) , metepa 432 Fosfonamidato (Phosphonamidate) Fosfonamida (Phosphonamide) Fosfinamida (Phosphinamide) Fosfotionato (Phosphorothionate) Tionita de fósforo (III) (Phosphorothionite) Ditionita de fósforo Fosfoditionato (III) (Phosphorodithionate) (Phosphorodithionite) O N P N N 431 Hexametilfosforotriamida, , HMPT ou HMPA, é um valioso solvente polar-aprótico, ou seja, aceitador de ligações de hidrogênio. É suspeito de ter potencial cancerígeno. O N P N N 432 Metepa, , é um quimoesterilizante, usado por exemplo no controle de pragas, onde deixa o macho infértil. Outro uso: retardante de chama em téxteis. 774 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8.4 Compostos orgânicos contendo o fósforo de NOX +5 Ésteres e amidas do ácido fosfórico Ésteres de fosfato 433 têm a estrutura geral P(=O)(OR)3, com o fósforo no NOX +5. Estas espécies são de importância tecnológica como retardante de chama e agentes plastificantes. Nestes ésteres não há ligações P-C. Muitos derivados são encontrados na natureza, como a fosfatidilcolina (ver próximo esquema). No laboratório, geralmente, esses ésteres são sintetizados por alcoólise de oxicloreto de fósforo. Uma série de derivados amido e alcoxo mistas são conhecidos, um exemplo é a "ciclofosfamida", um medicamento anti-câncer. Também os derivados contendo o grupo P=S (tiofosfatos) são importantes, como mostra o mais vendido pesticida dos anos 80, a malationa 434 . Os organo-fosforados preparados em maior escala são, porém, os ditiofosfatos de zinco (sigla no Inglês: ZDDP), que têm aplicação como aditivo em óleo lubrificante, em motores de combustão. Milhares de toneladas deste complexo de coordenação são produzidas anualmente; são acessíveis pela reação de pentassulfeto de fósforo, P4S10, com alcoóis, levando ao ácido ditiofosfônico. O complexo final se dá em alto redimento, ao neutralizar a mistura reacional com ZnO. Todos esses compostos degradam no meio-ambienter num período de poucos dias, através de hidrólise, liberando fosfato, álcool ou amina orgânica, todos eles derivados de baixa toxicidade. O O H3C(CH2)16CO - O O MeO P MeO O OEt N P O O fosphatidilcolina (fosfolipídeo em membranas biológicas) S C2 H 5 O S N P PhO OPh PhO O O ciclofosfamida triphenylphosphate (sólido, retardante de chama; (agente alquilante usado na quimoterapia) plastificante de polímeros) S C2 H 5 O P O OC 2H5 O H Cl O P (CH3)3N Cl O C(CH2)16CH3 OEt Pesticidas da família malation (inseticida) NO2 C2 H 5 O P S S S Zn P S OC2H5 OC2H5 ditiofosfato de zinco (aditivo em óleo) Figura 43. Organofosforados de importância industrial, contendo P(V). 433 J. Svara, N. Weferling, T. Hofmann “Phosphorus Compounds, Organic” em Ullmann's Encyclopedia of Industrial Chemistry Wiley-VCH, Weinheim, 2006. doi:10.1002/14356007.a19_545.pub2 434 Informa-se sobre os parâmetros dos pesticidas no site: http://www.pesticideinfo.org/ 775 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Ácidos fosfônicos e fosfínicos e seus ésteres Os ésteres de ácido fosfônico têm a fórmula geral RP(= O)(OR')2. Os fosfonatos, além de ser reagentes valiosos na síntese de alquenos (ver reação de Horner-Wadsworth-Emmons, p. 783), têm muitas aplicações técnicas. Um famoso membro é o "glifosato", mais conhecido como Roundup, um dos herbizidas de espectro largo mais utilizados hoje. Com a fórmula (HO)2P(O)CH2NHCH2CO2H, este é um derivado do aminoácido glicina. Bisfosfonatos pertencem a uma classe recente de medicamentos para tratar a osteoporose. Uma história triste tem o gás de combate "Sarina", agente que paralisou o sistema nervoso dos soldatos na 2a guerra mundial, um fosfonato contendo tanto as ligações C-P quanto F-P. Em geral, os fosfonatos exercem um efeito quelante frente íons metálicos M2+ e M3+. Sendo assim, prevêm a precipitação dos metais, mas também inibem sua atividade catalítica. Um efeito deste já conhecemos dos poli e pirofosfatos, também, que são aplicados em grandes quantidades nos sabões em pó onde atuam como abrandadores da água dura 435. Os fosfonatos agora formam complexos mais estáveis ainda que não quebram até altas temperaturas e outras condições adversas. Fosfinatos apresentam duas ligações de P-C, com a fórmula geral R2P(=O)(OR'). Um membro comercialmente importante é o herbicida "glufosinato", sua estrutura é bastante semelhante ao "glifosato". O O (CH3)2CH O P CH 3 F HO Sarin (gás de combate) N O H3 C O P N H O N P OH OH Glifosato (Roundup, herbizida) O HO O O OH OH NH2 P OH HO P Fosfomicina OH OH (antibiótico de espectro largo) Bisfosfonato; ácido zoledrônico (medicamento para osteoporose) O P OH CH3 Glufosinato (herbizida) Figura 44. Exemplos dos ésteres de fosfonatos e fosfinatos: Sarin (fosfonato), glyphosate (fosfonato), fosfomicina (fosfonato), o ácido zoledrônico (fosfonato), e glufosinato (fosfinato). Em solução aquosa, ácidos fosfônicos ionizam para seus sais, também chamados de "organofosfonatos". 435 "agua dura" é uma expressão quando a água de lavagem ou outro processamento, contém íons M2+ e M3+, destes principalmente Ca2+ e Mg2+. 776 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8.5 Vista-geral sobre o preparo e as reações dos compostos de P(V). • • • • Sem dúvida, a síntese de olefinas segundo Wittig (p. 777) é a reação mais citada e conhecida que envolve compostos organofosforados. A reação de Michaelis-Arbuzov (p. 792) é o principal método para a síntese de transformar os fosfitos (somente ligações P-O), em fosfonatos (com uma ligação P-C). Na reação de Horner–Wadsworth–Emmons (p. 783) e na homologação de SeyferthGilbert (p. 784), os fosfatos reagem com compostos carbonilados, fornecendo alquenos e alquinos, respectivamente. A reação de Kabachnik-Fields é um método para a preparação de aminophosphonatos (ver p. 786). Todos os compostos produzidos por essas reações contêm uma ligação P-C que conta com aproximadamente 260 kJ.mol-1, então é relativamente estável (compare também as energias referidas na p. 805 e a tabela no anexo 2 deste livro). Em consequência, os ésteres hidrolisam dando derivados dos ácidos fosfônico e fosfínico, mas não fosfatos (quer dizer que a ligação P-C permanece por mais tempo). 10.8.6 Síntese de Wittig A obtenção de olefinas a partir de compostos com grupo carbonila, em uma única etapa reacional, foi descoberta em 1949 e revolucionou a síntese orgânica. Por isso G. Wittig (Freiburg, Alemanha) foi laureado com o prêmio Nobel em 1979. A olefinação do grupo carbonila pode também ser efetivado com reagentes sem fósforo, porém estas sínteses sofrem de certas restrições estruturais (ver reação de McMurry, p. 468 e reagente de Tebbe, p. 800, por exemplo). Existem muitas variações da reação de Wittig. Em qualquer caso o “reagente de Wittig” é preparado a partir de um composto organo-fosforado, no qual o carbono fica polarizado negativamente e o fósforo representa o pólo positivo. Podem ser utilizados alquilfosfinas, arilfosfinas, ácidos alquil-fosfônicos e seus ésteres. Preparo dos reagentes organo-fosforados, precursores do reagente de Wittig Da grande variedade de reações foram selecionadas quatro rotas que podem ser consideradas mais importantes para acessar os reagentes organo-fosforados aplicados na olefinação de Wittig. A primeira reação serve para obter-se fosfinas alifáticas e aromáticas, a partir da fosfina. Essa reação de importância industrial ocorre em toda analogia à SN das aminas e, de maneira semelhante, podem formar-se sais quaternários de alquilfosfônio, ao usar um excesso de agente alquilante, RX. PH3 + 3R I - 3 HI Fosfina (= nucleófilo) PR3 + R I - HI Alquilfosfina/ arilfosfina R4P+ ISal quaternário de alquilfosfônio/ de arilfosfônio Como a trifenilfosfina é um composto comercial, então pode ser feita essa SN2 diretamente a partir da etapa intermediária: 777 A. Isenmann P Princípios da Síntese Orgânica + CH3 Cl SN2 P base forte CH3 - Cl P - HCl CH2 ilídeo O que já sabemos sobre as reações do tipo SN2 (p. 50), elas ocorrem mais facilmente com haletos de metila e com haletos em carbono primário, devido ao menor impedimento espacial. Já inclusa, no esquema reacional aima, é a etapa de desprotonação do trifenil metil fosfônio: como veremos a seguir, esta é uma etapa essencial no preparo do reagente de Wittig. O produto pode ser formulado como zwitterion, conforme a última estrutura do esquema; daí se chama de ilídeo, aqui de fosforilídeo. Outra fórmula de mesomeria do composto (não mostrada) contém a dupla ligação P=CH2; daí se chama de ileno, aqui de fosforileno. A segunda reação de síntese é um método de laboratório muito versátil – não só para fosfinas, mas também para acoplar o grupo orgânico em vários outros metais e não-metais, a partir de reagentes de Grignard (ver também: vista geral sobre as reações do PCl3, no anexo 2 deste livro; reações de metatese e transmetalação, p. 700). (C2H5)3P + 3 MgCl2 PCl3 + 3 C2H5MgCl "Grignard" A terceira síntese representa uma variação da reação de Wurtz-Fittig (1855), por sua vez uma das mais antigas reações organometálicas, conhecida muito antes da reação de Grignard. É a síntese mais aplicada para acessar arilfosfinas, PAr3, arilarsinas, AsAr3, e arilestilbinas, SbAr3. 3 Ar Cl + Clorobenzeno PCl3 + 6 Na Ar3P + 6 NaCl Wurtz-Fittig Finalmente, sendo mencionado o acesso aos ésteres do ácido alquilfosfônico, a serem aplicados na olefinação segundo Horner-Wadsworth-Emmons (HWE), uma variação bastante prática da reação-mãe de Wittig. O material de partida é um trialquilfosfito (que contém o fósforo no NOX +3). Esta reação, conhecida como reação de Michaelis–Arbusov, é muito variável e representa um bom método para criar novas ligações carbono-fósforo. Tanto a reação de HWE, quanto a Michaelis–Arbusov são discutidas mais em detalhe, nas pp. 783 e 792, respectivamente. 778 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O P(OR)3 + R´ X R O R´ P OR - R X OR R´ P OR OR Éster do ácido alquilfosfônico Michaelis-Arbusov Mecanismo da reação de Wittig A partir dos precursores descritos acima, especialmente do sal quaternário de alquil e/ou arilfosfônio, é liberado o reagente de Wittig ativado, por tratamento com uma base bastante forte. A desprotonação ocorre no carbono, vizinho do fósforo (= posição α). As bases mais utilizadas são fenilítio, butilítio, hidreto de sódio, menos frequente o t-butóxido. Resulta um composto zwitteriônico que, graças aos orbitais d do fósforo, recebe estabilização mesomérica em forma de uma dupla ligação. Lembre-se que as valências do fósforo não são restritas a 8 elétrons, porque é um elemento do 3o período. As duas formas de ressonância indicadas no esquema abaixo se chamam fosforilídeo e fosforileno; em geral se trata da mesomeria ilídeoileno (ver também mais adiante, p. 799). Um ilídeo é definido como molécula que carrega as duas cargas opostas em átomos vizinhos, enquanto o átomo negativo deve ser um carbânion 436 . Ph3P CH R1 Base forte - H+ R2 Ph3P C R1 R2 Ilídeo Ph3P C R1 R2 Ileno A reação de Wittig provavelmente é a síntese de alquenos mais aplicada no mundo. É uma reação de fácil execução e requer ou um aldeído ou uma cetona de material de partida. Ao contrário das reações de Julia (ver p. 157; também: Ramberg-Bäcklund, p. 155) e de Peterson (p. 832), a reação de Wittig se procede em somente uma etapa, portanto, é uma operação mais direta e mais comumente empregada. Os fosforilídeos são nucleófilos altamente reativos e podem atacar em um centro eletrofílico, mais comumente representado pelo grupo carbonila de um aldeído ou uma cetona. Isso gera uma espécie duplamente carregada, chamada de betaína 437, o que pode ciclizar para um anel de 4 membros, o oxafosfetano (ou fosfaoxetano). Oxafosfetanos são bastante instáveis e sujeitas à eliminação sin. Isso ocorre rapida e completamente e leva ao alqueno (subproduto) e um óxido de fosfina (coproduto). É a alta estabilidade da nova dupla-ligação P=O que leva essa reação adiante. 436 Essa restrição de ter um C- não se faz em "zwitteríons", o que torna essa expressão mais abrangente. Pelas definições dadas, o aminóxido, R3N+O-, pode ser chamado de zwitterion, mas não de ilídeo. Por outro lado, a isonitrila (ver nota de rodapé 275, p. 418) é tanto zwitterion quanto ilídeo. Também relacionada é a expressão "betaina" que, por sua vez, contém um grupo "ônio" (amônio, fosfônio, sulfônio, etc) e um ânion (geralmente um grupo carboxilato), enquanto a maioria das betainas tem esses grupos mediatos por pelo menos dois carbonos neutros. 437 A diferença entre um zwitteríon e uma betaína é que no primeiro caso cátion e ânion são vizinhos diretos, enquanto no segundo caso são mediados por pelo menos um átomo neutro. 779 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Protótipo da reação de Wittig Ar3P + H 3C Ar3P+ CH3 Br- Br Base forte - HBr Ar3P CH2 Ar3P CH2 Mesomeria ilida-ileno "Metilenofosforano" O + R C H Ar3P CH2 O CHR Oxafosfetano Ar3P O Ar3P O Fosfinóxido + H2C CHR Alqueno = produto principal Os rendimentos da reação de Wittig geralmente são altos, tanto com aldeídos quanto com cetonas. Até amidas podem reagir neste sentido, fornecendo enaminas que, por sua vez, representam reagentes muito versáteis na síntese orgânica (ver p. 413). Isto se explica com a alta afinidade do fósforo para o oxigênio. Essa afinidade se evidencia também na facilidade com que ocorre a oxidação de trialquilfosfinas, fornecendo trialquilfosfinóxido. R3P O2 R3 P O Fosfinóxido Em comparação ao seu homólogo mais leve, o aminóxido (ver p. 146), a ligação P=O é muito mais firme. Fosfinóxidos são produtos cristalinos e bastante estáveis, um fato que se deve ao emprego de orbitais d do fósforo na dupla-ligação P=O. Já com mais dificuldade ocorre a reação de fosforilenos com outras duplas-ligações do que C S C N em aldeídos ou cetonas, tais como C=O em amidas ativadas, e . De forma mais em geral, os metilenofosforanos têm hoje o papel de nucleófilos de poder médio a forte, em muitas sínteses orgânicas 438. Os próprios fosfinóxidos (ver também p. 787) podem ser desprotonados, também, desde que a base for suficientemente forte (hidretos de Li ou Na, LiAlH4, etc...) e/ou tenham um grupo retirador de elétrons que apoia a formação do carbânion. Resulta então um outro ilídeo a ser capaz de adicionar num composto carbonila, como foi visto no caso do tetraalquilfosfônio cátion discutido acima. Esta variação da reação-mãe de Wittig é conhecida como reação de Horner-Wittig 439. Além dos bons rendimentos, a síntese de Wittig ainda tem outras vantagens sobre as demais sínteses de olefinas (apresentados no cap. 2.2): • A síntese de Wittig não percorre em nenhum momento o estado de carbocátion - muito pelo contrário! Assim, não observamos aquelas isomerizações típicas, no esqueleto carbônico do substrato. Com isso, a síntese de Wittig pode ser vista como reação limpa. 438 H.J. Bestmann, Wittig Chemistry - Topics in current chemistry, Springer Berlin 1983. D.C. Reuter, J.E. McIntosh, A.C. Guinn, A.M. Madera, Synthesis 2003, 2321-4. Review: A. Pascariu, G. Ilia, A. Bora S. Iliescu, A. Popa, G. Dehelean, L. Pacureanu, Wittig and Wittig-Horner reactions under phase transfer catalysis conditions, Central European Journal of Chemistry 4 (2003) 491-542. 439 780 A. Isenmann • Princípios da Síntese Orgânica Na discussão das eliminações foi abordada a dificuldade de produzir alquenos onde a insaturação fica na extremidade da cadeia carbônica. Isso foi referido como "orientação de Hofmann" (ver p. 142). Já a rota de Wittig se mostra especialmente adequada para produzir este tipo de alqueno. Conforme o protótipo da reação apresentada acima, o preparo do reagente metil-Wittig (PPh3 + CH3X) é especialmente fácil. Estereosseletividade da reação de Wittig Qual o produto principal, olefina de configuração Z ou E, depende das condições reacionais (tipo de substituintes, teor de sal, tipo de solvente 440). De modo geral, pode-se esperar a preferência para alquenos cis (ou Z; nomenclatura ver p. 129) onde foram usados fosforilídeos não estabilizados; a predileção seria o alqueno trans (ou E) quando o fosforilídeo é estabilizado por grupos arilas ou retiradores de elétrons, sendo vizinhos ao carbânion do ilídeo. Ilídeos que possuem grupos substituintes retiradores de elétrons (ésteres, nitrilas, amidas, etc) ou favorecem uma conjugação via elétrons π (arila, vinila), facilitam a desprotonação do sal de fosfônio, então estabilizam o ânion. É estes tipo de zwitteríon que leva à formação de alquenos E. Segue um exemplo de olefinação de Wittig, a partir de um ilídeo estabilizado 441. Note que os ilídeos estabilizados geralmente só reagem com aldeídos, mas não com cetonas. CHO O Ph3P O CH2 EtO- / EtOH O O O O Ph3P H Ph3P O O Ilídeo estabilizado H Alqueno da configuração E Há muita discussão a respeito de porque ilídeos estabilizados levam ao alqueno E. Foi proposto que a estabilidade extra do ilídeo torna a formação do anel oxafosfetano reversível e, portanto, a estereosseletividade obedece as condições termodinâmicas (compare: controle termodinâmico versus cinético, p. 133). Supomos que a reorganização do intermediário cíclico ocorra mais rapidamente do que a eliminação para o alqueno. Daí a etapa estereoespecífica deixará de depender da proporção inicial de oxafosfetanos diastereoisoméricos (que foi, por sua vez, determinada pela cinética). Apreciação da estrutura do anel oxafosfetano (anti) revela que o isômero termodinamicamente mais estável é aquele que possui os substituintes volumosos em lados opostos. E um anel desta configuração leva à eliminação para o alqueno E. Este caminho de eliminação deve ser mais rápido do que o do correspondente aqueno Z, devido à exclusão estérica nos respectivos estados de transição. Portanto, o diastereoisômero anti leva ao alqueno E e o diastereoisômero sin ao alqueno Z. A 440 H.J.Bestmann, Selected topics of the Wittig reaction in the synthesis of natural products, Topics in current chemistry 109 (1983) 85. 441 Outros ilídeos estabilizados, do tipo (RO)2P(=O)CH-ewg, seriam apresentados na reação de HWE, p. 783. 781 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica equilibração dinâmica dos oxafosfetanos diastereoisômeros favorece o diastereoisômero anti e, portanto, o alqueno E predomina. Ph3P O lento MeO2C O O MeO C CH PPh3 + "sin" MeO RCHO Ph3P Ilídeo R O rápido O C MeO R MeO2C R R "anti" Ilídeos não estabilizados, por exemplo, aqueles feitos a partir de PPh3 e um simples haleto orgânico, R-X, levam ao alqueno Z. Essa reação é governada pela etapa mais rápida, isto é, tem controle cinético. Note que um ilídeo não estabilizado reage tanto com aldeídos quanto com cetonas, por ser mais reativo do que o estabilizado. PPh3 n-C13H27CHO "Z" 11 ou PPh3 NaNH2 / NH3 PPh3 PhCHO 87% alqueno Z Modificação da reação de Wittig, segundo Schlosser. Como foi mostrado anteriormente, ilídeos reativos favorecem a produção de alquenos E -isso acontece quando o equilíbrio entre as betaínas eritro e treo é acelerado. O controle termodinâmico é geralmente acoplado a temperaturas reacionais mais altas, condições sob quais um equilíbrio possa se estabelecer. No entanto, foi demonstrado que o emprego de um excesso de reagente organometálico (comumente usado para desprotonação do sal de fosfônio) leva de maneira selectiva ao alqueno E, também. Este processo envolve a metalação da posição α da betaína que é inicialmente formada, e favorece um ilídeo oxidofosforado (betaína-ilídeo). Esta betaína-ilídeo pode sofrer inversão, mesmo a baixas temperaturas (-78 ºC), entrar em equilíbrio e produzir o estereoisômero energeticamente mais favorável. Em seguida, a mistura reacional pode ser extinta (ou apanhada; em inglês: "quenching") com um doador de prótons. Está sendo apanhada então a betaína-ilídeo treo (mais estável) e leva irreversivelmente ao alqueno E. 782 A. Isenmann PPh3 Princípios da Síntese Orgânica LiX O R H R1 H R2 PPh3 Li excesso Betaína Li R1 LiX O PPh3 LiX O H+ PPh3 R1 H "quenching" Li R2 R1 Betaína-ilídeo H "treo" H R2 Betaína-ilídeo "eritro" R1 H LiX O H R2 H "E" R2 A reação de Horner-Wadsworth-Emmons Ésteres do fosfonato, (RO)2P(=O)R, também podem ser desprotonados no carbono adjacente ao fósforo, de forma semelhante aos sais de fosfônio na reação de Wittig. Usa-se geralmente hidreto de sódio ou um alcóxido em álcool como base. Resulta um ânion que parece muito ao enolato, e como tal pode reagir com aldeídos ou cetonas, levando de maneira eficiente a alquenos E. A formação de alquenos a partir de fosfonatos é referida como reação de HornerWadsworth-Emmons ("HWE"; 1958). O exemplo dado abaixo é a síntese de "polizonimina" que é um repelente natural de insetos, secretado por milípedes. A reação de HWE tem algumas vantagens práticas sobre a reação de Wittig, já que envolve ilídeos estabilizados que, uma vez hidrolisados, leva a um sub-produto organofosforado solúvel em água. Isso facilita muito o processo de purificação do produto. Uma olefinação via éster do ácido alquilfosfônico é indicada, especialmente quando o fosforilídeo intermediário recebe estabilização por uma função dentro do grupo R´ que age como retirador de elétrons (em inglês: EWG, electron withdrawing group). Isto pode ser: O (RO)2P R´ CH O O , com R´ = R´´ Ar , , C R C C , C , C N OR . Estas funções atenuam a alta densidade eletrônica no carbânion do fosforilídeo, seja por efeito indutivo (atração do par de elétrons) ou por conjugação por elétrons π (espalhamento do par de elétrons), isto claramente é uma vantagem energética. Por consequência, a desprotonação do carbono ligado ao fósforo fica mais fácil. Enquanto um composto não estabilizado (= reação clássica de Wittig, p. 777) necessita uma base bastante forte (LDA, BuLi, NaH... todas com pKa > 35, compare também "Vista geral sobre os ácidos e bases", no anexo 2 deste livro), um composto estabilizado já pode ser desprotonado em posição α ao aplicar um alcóxido (pKa < 20), em certos casos até por hidróxido (pKa = 15), para formar o ilídeo. O procedimento experimental torna-se assim bastante simples. Com as fórmulas de mesomeria dadas a seguir pode-se visualizar a estabilização; note-se que em ilídeos não-estabilizados a última estrutura falta. Preparo do fosforilídeo: 783 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O O P(OEt)3 + Br CH2 C O (EtO)2 P CH2 C OCH3 + CH3O- CH3OH O OCH3 O O (EtO)2 P CH C O O (EtO)2 P CH C (EtO)2 P CH C OCH3 O OCH3 OCH3 Fosforilida estabilizada Acoplamento do fosforilídeo a uma cetona: O O + EtO P EtO O t-BuO- K+ C O OEt EtO Isômero E "Polizonimina" Mais um exemplo da síntese de HWE: O O O (C2H5O)2P CH2 C6H5 + + NaH - H2 (C2H5O)2P CH C6H5 Na "glime" (C2H5O)2P O- Na+ + O C(C6H5)2 C6H5 CH C(C6H5)2 Note que não só os fosfonatos, fórmula geral (RO)2P(=O)R, servem para formar ilídeos estabilizados. Também dos fosfinóxidos, R3P=O, se sabe dessa reatividade; também eles podem ser utilizados em olefinações, na literautra muitas vezes referida como reação de Horner-Wittig (p. 780). Homologação de Seyferth-Gilbert Uma arilcetona (ou um aldeído) reage com um reagente bastante específico, o dimetil (diazometil)fosfonato 442, sob a influência da base não-nucleofílica t-BuO-K+, fornecendo um alquino 443: 442 D.Seyferth, R.S.Marmor, P. Hilbert, J.Org.Chem. 36 (1971) 1379-1386; J.C. Gilbert, U. Weerasooriya, J.Org.Chem. 47 (1982) 1837-45. 443 Sobre outras reações recentes que levam à alquinos terminais, recorra p. 803. 784 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O H N O Ar P(OMe)2 N R Ar t-BuO- K+ R Desde o início, esta reação deve ser conduzida a baixas temperaturas (gelo seco, -78 °C) e sob influência da base t-BuO- K+. Ela representa uma variação da reação de Horner-WadsworthEmmons (p. 783). Infelizmente, o reagente necessário é um fosfonato instável e, portanto, não é disponível comercialmente 444. A reação é chamada de "homologação" porque o produto desta reação tem exatamente um carbono a mais do que o material de partida. Mecanismo: A desprotonação do reagente de Seyferth 445 fornece um carbânion que efetua o ataque nucleofílico ao carbono do grupo carbonila, do substrato. O produto desta etapa é um composto cíclico de quatro membros, então um oxafosfetano (menos usado: fosfaoxetano). A eliminação de dimetilfosfato leva ao intermediário, um composto vinílico com grupo diazo. Ao cessar a refrigeração e elevar a temperatura reacional aos poucos, esse composto libera N2. No carbeno que resulta desta etapa, ocorre uma migração do carbono mais rico em elétrons, então do grupo Ar. Produto final deste rearranjo é, como visto acima, um alquino final. H t-BuO- O O O P(OMe)2 P(OMe)2 N - t-BuOH N Ar R R O- O P(OMe)2 Ar N N N N R R O Ar C N N O P(OMe)2 N N Fosfaoxetano Ar O - -O P(OMe)2 R R C N N Ar - N2 C Ar Carbeno ° Ar R Alquino 444 D.G.Brown, E.J.Velthuisen, J.R. Commerford, R.G. Brisbois, T.R. Hoye, A convenient synthesis of dimethyl(diazomethyl)phosphonate, Seyferth-Gilbert reagent, J.Org.Chem. 61 (1996) 2540-2541. 445 Note que o mesmo pesquisador, D. Seyferth, indicou um outro reagente para a geração confortável de diclorocarbeno, ver p. 758. 785 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Provou-se vantajoso usar um derivado mais estável do fosfonato, o dimetilester do (diazoacetona)ácido fosfônico, que pode ser tratado em metanol absoluto e carbonato de potássio. Este reagente forma em partes o metóxido de potássio que se liga ao carbono do grupo carbonila, formando o reagente de Seyferth "in situ”. Esta etapa é incomum, mas representa a reversa de uma acilação. Portanto pode ser chamada de "quebra de acila" (compare a reação dos compostos 1,3-dicarbonilados chamada de "quebra de ácido", p. 462). O O (MeO)2P H3C N C O N (MeO)2P K2CO3, MeOH abs. "MeO-" O H3C N N Quebra de acila (MeO)2P C N N + C O- H3C OCH3 O C OCH3 446 Este método, segundo Bestmann , permite a síntese de alquinos em uma etapa (inglês: onepot-reaction), sem a necessidade de usar bases fortes. Reação de Kabachnik-Fields A reação de Kabachnik-Fields 447 é uma típica reação multicomponente (ver outras no cap. 416), entre elas está relacionada com a reação de Mannich (p. 491). Reagem uma amina, um composto carbonilado e um dialquilfosfito. Na maioria das aplicações desta rota usam-se aldeídos, mas também funciona com cetonas. O resultado é, de maneira bem definida, um aminofosfonato, com grande potencial biótico, já que é estruturalmente relacionado com αaminoácidos 448. O R1 N R3 R3 H H + N O R2 R1 R2 H P OR5 R4 O - H2 O O R1 NH R2 P OR 5 OR4 R3 A primeira etapa desta síntese é a formação de uma imina. Segue uma reação de adição na dupla-ligação C=N, efetuada pelo fosfonato (envolvendo a ligação P-H). A reação pode ser acelerada por uma combinação de ácidos de Lewis e agentes desidratantes. 446 S. Müller, B. Liepold, G.J. Roth, H-J. Bestmann, Synlett 1996, 521. Reação desenvolvida independentemente em 1952, por M.I. Kabachnik e T.Y. Medved na Rússia e E.K.Fields nos Estados Unidos. Nova revisão desta síntese: N.S. Zefirov, E.D. Matveeva, ARKIVOC 2008 (2008) 1-17; acessado pelo site: http://www.arkat-usa.org/get-file/22930/ 448 Usa-se a expressão "bio-isosterismo" para este caso: na química medicinal, isto significa que uma nova molécula sintética, embora ter outros grupos funcionais, mostrar efeitos no organismo semelhantes ao original, ou seja, à molécula biológica. Assim se explica a estratégia muito aceita no desenvolvimento planejado de novos fármacos, de procurar por derivados pouco modificados que tenham um maior efeito biológico do que a molécula original. 447 786 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8.7 Fosfinóxido e compostos com agrupamento homólogo de P-N Os fosfinóxidos (designação δ4 λ5, conforme Tabela 44, na p. 773) tem a estrutura geral R3P=O (onde o NOX formal do fósforo é +5). Os fosfinóxidos são capazes de estabelecer ligações de hidrogênio, portanto, alguns são solúveis em água. A ligação P = O é muito polar, com um momento dipolar de 4,51 D para trifenilfosfinóxido. Compostos relacionados ao fosfinóxido são as imidas (R3P=N-R) e calcogenetos relacionados (R3P=E, onde E = S, Se, Te). Estes compostos se destacam por estabilidade térmica acima dos demais compostos organo-fosforados, mesmo assim não são utilizados em quantidades significativas, por enquanto. Podem ser aplicados, por exemplo, numa variação da reação de Wittig segundo Horner, ver p. 780). 10.8.8 Sais de fosfônio e fosforanos Compostos com a fórmula [PR4+] X- compreendem os sais de fosfônio (designação δ4 λ4). Estas espécies têm fósforo tetraédrico de NOX +5, devido à carga positiva no P. Do ponto de vista comercial, o membro mais importante é cloreto de tetraidroximetilfosfônio, [P(CH2OH)4] Cl, que é usado como retardador de chama em têxteis. Aproximadamente 2000 toneladas dos sais de cloreto e de sulfato são produzidos anualmente, através da reação do fosfano com formaldeído, na presença do ácido mineral: PH3 + HX + 4 CH2O → [P(CH2OH)4]+ XUma série de sais de fosfônio podem ser preparados por alquilação/arilação de organofosfinas: PR3 + R'X → [PR3R'+]XRelembre-se: A metilação de trifenilfosfina é a primeira etapa na preparação do reagente de Wittig (p. 777). OH Ph P HO OH OH Ph Ph P CH2 Ileno Ph Ph Ph P CH2- Ilídeo Ph Ph P Ph Ph Ph Figura 45. Típicos compostos como fósforo (V): os íons fosfônio P(CH2OH)4+, duas estruturas de ressonância do reagente de Wittig, Ph3PCH2 e pentafenilfosforano, um dos raros composto com 5 ligações P-C. A substância-mãe dos fosforanos é PH5, (δ5λ5), que é desconhecido. Por outro lado, seus parentes contendo dois haletos e substituintes orgânicos no fósforo são bastante comuns. Aqueles com cinco substituintes orgânicos são raros, apesar de P(C6H5)5 é conhecido (pode ser feito a partir de P(C6H5)4+, alquilado por fenilítio). 787 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Fosforilídeos são fosforanos insaturados, apresentados na p. 777 como reagentes de Wittig, por exemplo, CH2=P(C6H5)3. Estes compostos apresentam fósforo (NOX +5) tetraédrico (designação δ4 λ5), então são considerados parentes dos óxidos de fosfina. Eles também são parentes do sais de fosfônio, mas por desprotonação e não por alquilação. 10.8.9 Compostos contendo fósforo (NOX +3) Fosfitos, fosfonitos e fosfinitos. Fosfitos, às vezes chamado de ésteres fosfitos, têm a estrutura geral P(OR)3, com o fósforo no NOX +3 (designação δ3 λ3). Essas espécies são facilmente acessíveis, a partir da alcoólise de tricloreto de fósforo (compare também quadro de vista geral das reações do PCl3, no anexo 2 do livro): PCl3 + 3 ROH → P(OR) 3 + 3 HCl Essa reação é bem universal, assim um grande número destes fosfitos é conhecido. Fosfitos são empregados nas reações de Perkow (ver p.793) e de Michaelis -Arbuzov (pp. 777 e 792). Eles também servem como ligantes na química organometálica. Intermediário entre fosfitos, P(OR)3, e as fosfinas, PR3, são os fosfonitos, (P(OR)2R) e os fosfinitos (P(OR)R'2). Essas espécies podem ser feitas via alcoólise dos cloretos de fosfina, PClR'2, e fosfona, PCl2R', respectivamente. Organofosforados com P(NOX +3): fosfanos e fosfinas A substância-mãe dos fosfanos é PH3 449. A reposição de um ou mais hidrogênios por grupos orgânicos (alquila ou arila) leva aos organofosfanos PH3-xRx, geralmente referidos como fosfanos, também. No sentido ampliado podemos incluir na família dos fosfanos também os compostos onde o fósforo tem NOX ≤3, isentos os elmentos mais eletronegativos, O e N. H (CH3)2 P H H Ir P(CH3)2 P H PPh2 PPh2 Ph Ph P P Ph P P Ph P Ph Figura 46. Alguns compostos organofosforados de NOX baixo: um complexo de um ligante quelato de organofosfina, um ligante quiral da família de difosfina (usados na catálise homogênea), a fosfina primária PhPH2, e um composto com fósforo(I), (PhP)5. 449 PH3 é chamado de "fosfano". Na literatura em inglês, porém, é frequentemente referido como "fosfina". 788 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Ligantes de fosfinas para complexos de metais Fosfinas como a trimetilfosfina são importantes ligantes na química organometálica. Principalmente devido à sua utilidade na catálise homogênea e assimétrica, uma variedade de difosfinas quirais foi desenvolvida, tais como BINAP e DIPAMP (usados na síntese de Ldopa ou em outras sínteses assimétricas; compare p. 225). A grande família dos ligantes de fosfinas (inclusive as difosfinas), quando aparece em complexos com metais, é abreviada por "phos". PPh2 PPh2 PPh2 O PCy2 O i-Pr O i-Pr PPh2 XantPhos SPANphos i-Pr XPhos O PCy2 MeO OMe O PPh2 O PPh2 CH3 TriPhos O sPhos PPh2 PPh2 Ph2P SEGphos OMe PPh2 PPh2 H3C CH3 Ph2P PPh2 MeO P P Chiraphos BINAP DIPAMP Figura 47. Seleção de alguns ligantes fosfinas (= "phos") Comparação das fosfinas com aminas O átomo de fósforo em fosfinas tem o NOX formal de +3 (δ3λ3 , conforme p. 773). Apesar disso, as fosfinas são comumente considerados homólogos das aminas (NOX do nitrogênio: 3), porque N e P são do mesmo grupo da tabela periódica. Em analogia às aminas, as fosfinas têm uma geometria molecular trigonal-piramidal, embora muitas vezes os ângulos CPC são menores do que CNC - pelo menos na ausência de efeitos estéricos: desde 98,6° em trimetilfosfina até 109,7° en tris(t-butil)fosfina (compare: já na amônia o ângulo HNH = 107,8°). Quando usados como ligantes, a ocupação espacial pode ser estimada através deste ângulo CPC. A barreira de inversão é muito maior em fosfinas do que em aminas (que conta com apenas 30 kJ.mol-1, no caso da trimetilamina). Sendo assim, é possível separar uma fosfina com três diferentes substituintes em um par de enanciômeros; à temperatura ambiente esses isômeros ópticos são estáveis. Fosfinas são geralmente menos básicos do que as aminas correspondentes, então os sais de fosfônio mais ácidos do que os sais de amônio. Por exemplo, o íon fosfônio, PH4+, tem um pKa de -14, em comparação com 9,21 para o amônio. Já a acidez do íon trimetilfosfônio, 789 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica PH(CH3)3+, é somente ligeiramente acima da do trimetilamônio (pKa de 8,65 e 9,76, respectivamente). No entanto, a trifenilfosfina (pKa do íon trifenilfosfônio: 2,73) é mais básica do que a trifenilamina (pKa do trifenilamônio: -5), principalmente porque o par de elétrons livre do nitrogênio em NPh3 é parcialmente deslocalizado em cima dos três anéis fenila. Isto se deve ao fato de que nitrogênio e carbono são elementos do mesmo período, portanto têm orbitais de valência da mesma ordem de grandeza - o que não é o caso na combinação C-P. A mesma consideração no pirrol, onde o par de elétrons livre no nitrogênio é deslocalizado e contribui à aromaticidade (portanto o pirrol e pouco básico), enquanto no equivalente do fósforo, "fosfol", o par de elétrons é bem localizado no P. A reatividade de fosfinas bate com a das aminas em relação à nucleofilia e na tendência de formação de sais de fosfônio com a estrutura geral PR4+ X-. Essa propriedade é usada na reação de Appel, uma forma de catálise, para converter alcoóis em haletos de alquila (ver p. 795) e ácidos carboxílicos em cloretos de acila (p. 360). Fosfinas são facilmente oxidadas aos correspondentes fosfinóxidos, enquanto os óxidos das aminas são menos facilmente gerados. Isto explica em parte porque fosfinas são raramente encontradas na natureza. Síntese das fosfinas Do ponto de vista comercial, a mais importante é a trifenilfosfina. É preparada a partir da reação de clorobenzeno, PCl3 e sódio (ver também vista geral sobre as reações do PCl3, no anexo 2 deste livro). Os halogenetos de fósforo sofrem deslocamento nucleofílico por reagentes organometálicos, tais como reagentes de Grignard. Essa reatividade pode também ser vista como transmetalação, descrita na p. 699, onde um metal menos eletropositivo (no caso, o fósforo) desloca o metal mais eletropositivo (Na, Mg,...) do seu lugar ao lado do carbono. Por outro lado, algumas sínteses implicam o deslocamento nucleofílico do ânionequivalente "R2P-" por haletos de arila ou alquila - o que sublinha o caráter reversível desta reação (ver segunda etapa da reação de Michaelis-Arbusov, p. 792). Fosfinas primárias, RPH2, e fosfinas secundárias, RR´PH e R2PH, adicionam-se a alquenos, na presença de uma base forte (por exemplo, KOH em DMSO). Assim, todas as ligações P-H podem ser substituídas por P-C, onde o carbono geralmente é o carbono menos substituído. Até o fosfano, PH3, submete-se a este tipo de adição - o que pode levar, sob condições mais drásticas, até a fosfina trialquilada 450. Nesta adição se aplica a regra de Markovnikow (ver p. 164). Reações semelhantes ocorrem em alquinos 451. Nem uma base precisa-se em casos de compostos insaturados pobres em elétrons (por exemplo, derivados da acrilonitrila ). 450 B.A. Trofimov, S.N. Arbuzova, N.K. Gusarova, Russ.Chem.Rev. 68 (1999) 215. S. N. Arbuzova, N. K. Gusarova, B. A. Trofimov, Nucleophilic and free-radical additions of phosphines and phosphine chalcogenides to alkenes and alkynes. Arkivoc 2006, 12–36. 451 790 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica R2PH OH- R H P R R2PH OH- R P H R Sob condições de radical livre (AIBN ou orgânicos peróxidos podem ser usados como iniciadores, ver p. 54), as ligações P-H das fosfinas primária ou secundária adicionam-se no alqueno em direção oposta. Isto é, a regioquímica é anti-Markovnikow, o fósforo se liga ao carbono mais ramificado. Óxidos e sulfetos da fosfina terciária podem ser reduzidos com clorossilanos e outros reagentes. 10.8.10 Reações das fosfinas e dos fosfitos Na maioria das reações os fosfitos, P(OR)3, têm o papel de nucleófilo e base. Sua nucleofilia se evidencia nas reações com haletos de alquila, levando aos sais de fosfônio. Fosfinas são catalisadores nucleofílicos na dimerização de enonas, como por exemplo na reação de Rauhut-Currier (ver p. 528). Fosfinas são agentes redutores, como ilustrado na redução de Staudinger (ver p. 618) onde convertem de maneira específica e branda uma azida em aminas. Seu potencial redutor também se evidencia na reação de Mitsunobu, conversão de alcoóis em ésteres (ver p. 796). Nestes processos a fosfina é oxidada para o fosfinóxido, um composto bastante estável. Fosfinas também se aprovaram na redução de compostos carbonilados ativados, por exemplo, a redução de um α-cetoéster para o α-hidroxiéster, conforme no esquema abaixo 452. No mecanismo proposto o primeiro próton foi dado de um grupo metila da trimetilfosfina (note que trifenilfosfina não tem reatividade neste sentido). H H O O O 1 eq. P(CH3)3 CH3 P CH 3 O O H P O H O CH3 CH3 O O α-cetoéster H2O OH O O + (CH3)3P O 75% 452 W. Zhang, M. Shi. "Reduction of activated carbonyl groups by alkyl phosphines: formation of α-hydroxy esters and ketones." Chem. Commun. 2006, 1218–1220. 791 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Fosfinas primárias e secundárias Além das reações associadas às fosfinas, conforme mencionadas acima, aquelas fosfinas que apresentam ligações P-H têm reatividades adicionais, específicas para este agrupamento. Elas são desprotonadas quando tratadas com bases fortes, levando ao ânion fosfito. Fosfinas primárias e secundárias são geralmente preparadas por redução dos respectivos halogenetos ou ésteres de fósforo +3 (ver também vista geral sobre as reações do PCl3, no anexo 2 deste livro). Por exemplo, os fosfonatos aromáticos são reduzidos à fosfina primária. A estabilidade do produto formado nesta síntese se deve à conjugação entre os elétrons aromáticos e o par de elétrons não-ligante do fósforo (NOX +3). O P O O LiAlH4 H P Me3SiCl THF -40 °C -78 °C H Reação de Michaelis-Arbusov Olhando na história da química orgânica do fósforo, a reação apresentada a seguir certamente foi uma obra-prima. Em torno de 1900, B.A. Arbusov na Russia e A. Michaelis na Alemanha desenvolveram essa reação que, até hoje, é considerada sendo a mais importante reação com finalidade de criação uma nova ligação, carbono-fósforo. É a reação mais aplicada em compostos com fósforo trivalente. Compostos de fósforo (NOX +3), sejam neutros ou aniônicos, são excelentes nucleófilos e reagem com eletrófilos, tais como haletos de alquila. Na reação de ésteres do ácido fosfônico com haletos de alquila forma-se um intermediário, o cátion trialcoxifosfônio de baixa estabilidade que posteriormente é atacado por um ânion haleto. Resulta uma nova ligação P-C (fosforila), o composto como todo é um fosfonato. R´ O R R O P O+ R´ Br O P O R R = alquila, arila, ... R´ = alquila, acila, ... X = Cl, Br, I. R R O + O R R´ BrR O P O + R CH2Br R Fosfonato Todo o espectro de produtos e a versatilidade desta reação se evidencia agora: os grupos R, R´, R2 e R3 podem ser alquila ou arila; X pode ser Cl, Br ou I. 792 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O RO P OR RO + R´ X ∆ P RO R´ RO Fosfonato + R X + R X + R X O RO P R 1 RO + ∆ R´ X P RO R1 R´ Fosfinato O RO P R 1 R2 + ∆ R´ X R2 P R1 R´ Fosfinóxido A conversão do agrupamento P-O-C, em O=P-C implica um aumento do NOX no fósforo, de +3 para +5. Isto envolve um ganho líquido de energia, entre135 e 275 kJ.mol-1, o que pode ser visto como força propulsora desta síntese. Reação de Perkov A reação de Michaelis-Arbusov não funciona bem quando se visa produzir β-cetofosfonatos, provenientes de compostos carbonilados, sejam esses: aldeídos ou cetonas α-halogenados. Nestes casos, o que ocorre é a reação de Perkov, na qual a ligação P-O não se desfaz a favor de uma nova ligação P-C. O R Cl (EtO)3P 100 °C Cl- O O (EtO)3P (EtO)2P R Intermediário de Arbuzov δ+ (EtO)3P O δ+ C O R não há produto de Arbuzov O ClR (EtO)3P O R - EtCl (EtO)2P O R Viniléster do ác. fosfórico (produto de Perkov) Este esquema mostra um estado de transição cíclico de quatro membros ("fosfaoxetano"). Uma das explicações (ver outra, na resposta da questão 4, na p. 845) seria o ataque nucleofílico do fosfito ao carbono do grupo carbonila. Isso levaria a um intermediário zwitteriônico que se rearranja (possivelmente via ciclo de três membros, "fosfaoxirano"). Segue a perda do brometo de alquila e com isso a mudança do fosfito para o fosfato. 793 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O- O P(OR)3 + Br Br R´ O R´ R´ R´ O P(OR)3 (RO)3P P(OR)3 Br- Br - RBr O (RO)2P O R´ viniléster do ác. fosfórico De qualquer maneira obtém-se, a partir de uma α-halocetona, o produto fosfato de dialquilvinila (= viniléster do ácido fosfórico). Este, por sua vez, é bastante versátil na síntese orgânica: a) pode agir como monômero em polímeros fosforados (que são materiais provas à chama); b) funciona como aceitador em condensações cruzadas (ver p. 498), porque o viniléster é uma forma de estabilizar o enol. c) Em solvente prótico, o viniléster do ácido fosfórico é degradado hidroliticamente, levando ao enol. Este entra prontamente em equilíbrio ceto-enólico e fornece assim uma cetona. O substrato, a cetona α-halogenada, foi então desalogenado, isto é, seletivamente reduzido. d) Além disso, pode ser um acesso alternativo a alquenos: a redução do viniléster do ácido fosfórico com sódio ou lítio em amônia líquida fornece o alqueno com bom rendimento. Note que essa reação funciona, tanto com trialquilfosfitos, P(OR)3, quanto com trilaquilfosfinas, PR3. Esta rota sintética tem sido utilizada para gerar uma ampla gama de derivados de fosfato que incorporam em bases naturais 453 (fosforilação, por exemplo, transformando AMP em ATP). Ilustrando a referida opção (c), então a redução do substrato: O PR3 + Br O- Br R PR3 + R´OH R O PR3 O + R + R´Br (Compare também mecanismo proposto na resposta da questão 4, p. 845). Ilustrando a referida opção (d), então a síntese de um alqueno: 453 T. Moriguchi, K. Okada, K. Seio, M. Sekine, Letters in Organic Chemistry 1 (2004) 140-144. 794 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O- O P(OR)3 + Br Br R´ R´ (RO)3P ° Br- O (RO)3P O R´ - RBr (RO)2P O R´ viniléster do ác. fosfórico Redução: Na NH3 (liq.) R´ Alqueno Reação de Michaelis-Becker Igualmente um desvio da reação-padrão de Michaelis-Arbusov, é a síntese de fosfonatos de dialquila, conhecida como variação de Michaelis-Becker. Acontece nesta um deslocamento nucleofílico, entre o ânion formado pela reação de fosfito de dialquila (na presença de uma base forte), com um halogeneto de alquila. Precursor desta reação: o equilíbrio entre os isômeros do ácido fosfônico (ver p. 770). O H P OR OR > 99% Na RO P OH - 1/2 H2 OR O RO P O- Na+ R´CH2 X OR < 1% RO R´ P + NaX OR Michaelis-Becker Reação de Appel Os compostos de fósforo trivalente são frequentemente empregados em conjunto com alcanos polialogenados, para gerar uma grande variedade de reagentes úteis. Combinações mais comuns incluem phospinas terciárias (especialmente Ph3P), tris(dimetilamino)fosfina ou fosfitos, em conjunto com CCl4 ou C2Cl6. Esta combinação de reagentes tem uma reatividade surpreendente e pode agir, por exemplo, • como desidratante, • pode ser mediador na formação de ligações P-N; • halogenação de alcoóis. Na terminologia da retrossíntese, os compostos trivalentes do fósforo estão sendo usados como reagente de transformação de grupos funcionais (FGI, ver p. 560). Fosfinas são amplamente utilizadas em reações deste tipo, onde a formação da dupla-ligação P=O é força propulsora e a formação da nova ligação C-Cl é uma consequência. Essa reação, referida como reação de Appel 454, é bastante branda e pode ser aplicada em alcoóis primários, secundários e especialmente bem em terciários. O uso de CBr4 como fonte de halogênio leva aos brometos correspondentes; para introduzir iodo pode ser usado iodeto de metila ou iodo elementar. ROH + Ph3P + CCl4 R O PPh3 Cl- + CHCl3 Ph3P O + R Cl 454 R. Appel, Tertiary phosphane/tetrachloromethane, a versatile reagent for chlorination, dehydration, and P-N linkage. Angewandte Chemie International Edition 14 (1975) 801-811. 795 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Mecanismo: R OCl P + CCl4 P Cl- ° + CCl3 Cl R OH P - CHCl3 R O O P P + R Cl Reação de Vilsmeier A reação de Vilsmeier que já foi discutida no capítulo da substituição aromática (p. 304); ela é uma extensão da reação de Mannich (pp. 303 e 491). Envolve a conversão de N, Ndimetilformamida (DMF) em um intermediário imínio, por tratamento com POCl3. A força propulsora para este processo é a formação de novas ligações P-O que são especialmente favoráveis. A síntese é usada para gerar heteroaromáticos monossubstituídos, no esquema a seguir representados pelo pirrol. Formalmente é a introdução de um grupo formila, -CHO. Mecanismo: O O O H P Cl Cl Cl- Cl NMe2 H O P Cl Cl N Me Cl H N Me Me PO2Cl2 Me HN H NMe2 N H - + H2O - NH3 H O N H A ativação de Mitsunobu A transformação de um álcool em seu derivado via substituição nucleofílica, geralmente implica um processo em duas etapas: 1) O álcool é equipado com um melhor grupo de saída (isto é -Cl, -Br, -I, -OTs, -OMs, ver p. 35); 2) o substrato ativado reage com uma espécie nucleofílica adequada. 796 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Com a ativação de Mitsunobu temos um método de executar essa síntese na mesma mistura ("one pot reaction"). Isso requer o uso de uma fosfina e um reagente especial e representa uma maneira branda e ao mesmo tempo eficaz, de converter um álcool em um éter ou éster, por exemplo. Na reação de Mitsunobu a trifenilfosfina e diethylazodicarboxilato ("DEAD") formam uma betaina onde a parte negativa funciona como base (desprotonação do álcool, na segunda etapa) e a parte positiva funciona como eletrófilo (ativação do alcóxido, na terceira etapa). Nesta mistura acrescenta-se o novo nucleófilo, tipicamente um éster, carboxilato, epóxido ou alcóxido. Ph3P PPh3 O Et O O N O Et OEt N O N O O OEt N O O PPh3 O Et O N O O OEt N O O "DEAD" PPh3 O Et R O- O N O OEt N O H O PPh3 O R Et O R O O N O O H O + O OEt N Et N O O R O PPh3 Nu- R Nu + O PPh3 O OEt N H O PPh3 A primeira etapa é a adição da fosfina à bastante fraca ligação π de N=N, levando a uma betaina cuja parte negativa é estabilizada por um dos grupos retiradores de elétrons (EWG) do DEAD. Em analogia à reação de Appel (formação do cloreto a partir do álcool, usando trifenilfosfina e CCl4, ver p. 795), a explicação da terceira etapa é o encontro de P com O, o que leva a uma ligação bastante estável. Portanto, o alcóxido recém formado ataca o centro positivamente carregado do fósforo e, de forma sincronizada, desloca o nitrogênio ânion (por sua vez estabilizado pela vizinhança do éster). Do ponto de vista do fósforo ocorreu uma substituição nucleofílica nesta etapa, onde o alcóxido é nucleófilo e o DEAD o nucleófugo. Note que a transformação do alcóxido em um cátion alcoxifosfônio significa uma inversão da polarização no grupo R! Do grupo -O-, rico em elétrons, para o grupo -OPPh3+, pobre em elétrons e então um ótimo grupo abandonador, o substrato está preparado para receber um nucleófilo da nossa escolha - mesmo se for um Nu- medíocre. Os subprodutos dessa síntese são um óxido de fosfina e a forma reduzida do DEAD. Em resumo, conseguimos quebrar a ligação estável de C-O do substrato álcool, graças à formação das ligações P=O e N-H que, na soma, são termodinamicamente mais estáveis. Como a ligação C-O inicial foi quebrada via uma SN2, então podemos esperar inversão da configuração no carbono do substrato. Realmente, conseguiu-se essa inversão com alto excesso enanciomêrico (exprimido em "% ee", ver p. 225), tanto para gerar éteres quanto ésteres. 797 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O O OH R1 R2 + R3 OH O PPH3 / DEAD R1 R3 R2 A reação Mitsunobu é uma reação bastante versátil. Tanto como mediar eficientemente a conversão de alcoóis em éteres e ésteres, quanto na produção de haletos, especialmente dos iodetos, que são muito mais reativos do que o próprio álcool. 1. PPH3 / DEAD HO 2. MeI I 10.8.11 Compostos contendo fósforo (0), (I) e (II) Os compostos de fósforo com estado de oxidação formal inferior a +3 são raros, mas existem exemplos para cada NOX abaixo de +3. Espécies organofosforados (0) são representados pelos adutos de carbenos, [P(NHC)2], onde NHC é um carbeno N-heterocíclico 455. Compostos de fósforo (I) e (II), com as fórmulas (RP)n e (R2P)2, respectivamente, são gerados pela redução dos cloretos de organofosforados(III) conforme: 5 PhPCl2 + 5 Mg → (PhP)5 + 5 MgCl2 2 Ph2PCl + Mg → Ph2P-PPh2 + MgCl2 . Difosfenos, com a fórmula R2P2, formalmente contêm uma dupla ligação P=P. Estes espécies de fósforo(I) são raras, mas são estáveis, desde que os substituintes orgânicos são grandes o suficiente para evitar a formação de polímeros de cadeias lineares. Além destes, muitos organofosforados de valência mista conhecidos, por exemplo, a gaiola P7(CH3)3 456. 10.8.12 Alquenos e alquinos fosforados Compostos organofosforados com ligações múltiplas entre carbono e fósforo (+3) são chamados de fosfa-alquenos (R2C=P-R) e fosfa-alquinos (RC≡P-R). No composto fosforino um átomo de carbono no benzeno é substituído por fósforo. Espécies deste tipo são relativamente raros, mas justamente por isso são de interesse atual dos pesquisadores. Um método geral para a síntese de fosfa-alquenos é a 1,2-eliminação de precursores adequados, o que pode ser iniciada termicamente e/ou por base, como DBU , DABCO ou trietilamina. O 455 Y. Wang, Y. Xie, P. Wei, R.B. King, H.F. Schaefer, P.v.R. Schleyer, G.H. Robinson, J. Am. Chem. Soc. 130 (2008) 14970-71. 456 R. Gleiter, M.C.Böhm, M. Eckert-Maksik, W. Schäfer, M. Baudler, Y. Aktalay, G. Fritz, K.D. Hoppe, Chem.Ber. 116 (1983) 2972-82. 798 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica produto desta termólise é um derivado do composto CH2=P-R. É um composto insaturado e de baixa valência no fósforo; é bastante instável e sujeito à hidrólise. Atenção: não confunde este composto insaturado, com o intermediário da reação de Wittig, o "ileno"! No entanto, ele é mais parecido aos carbenos de Schrock (p. 218). CH3 mes P Cl Ph C H Ph mes DBU - DBU.HCl Ph P C Ph ; mes = mesitila: H3C CH3 10.8.13 Reações de outros ilídeos-ilenos Uma das estruturas mais marcantes na química dos organofosforados, certamente é o intermediário da reação de Wittig: o fosforileno/fosforilídeo. Aqui vamos verificar que o fosforilídeo não é o único composto zwitteriônico deste tipo, cuja característica é a estabilização do carbânion pelo heteroátomo de P (um intermediário aza-fosforilídeo foi apresentado na p. 618). Também o enxofre é capaz de formar um ilídeo, por sua vez chamado de sulfurilídeo 457. A situação eletrônica no carbono em posição α é igual à do fosforilídeo. A reatividade do seguinte sulfurilídeo é caracterizada por um grupo metileno nucleofílico; sua síntese é em toda analogia à dos fosforilídeos: H3C S CH3 CH3I (CH3)3S Base (CH3)2S CH2 (CH3)2S CH2 Sulfurileno Sulfurilídeo Da forma do sulfurileno podemos deduzir um parentesco aos carbenos (compare p. 220 e 158). Assim se explica a reação com o grupo carbonila que leva a um ciclo de três membros contendo um oxigênio. Este composto é um epóxido, então se tem uma síntese alternativa ao método padrão (adição de oxigênio eletrofílico a um alqueno; ver p. 224). R1 R2 C O + H2C S(CH3)2 - (CH3)2S R1 O R2 Epóxido Observação: esta síntese envolve as mesmas reatividades do que a reação de Darzens (p. 516). Pela nossa surpresa o ileno pode até ser usado em reações eletrocíclicas. Através da cicloadição em dienos tem-se acesso a uma grande variedade de compostos heterocíclicos (compare: síntese de compostos heterocíclicos por adição 1,3-dipolar em dienófilos; p. 247). Outros ilídeos envolvendo o enxofre podem ser: • o ilídeo de sulfônio (intermediário na olefinação de Julia, ver p. 157) 457 H.O.House, Modern Synthetic Reactions, 2a edição, Benjamin Menlo Park 1972, pp.709 - 733 799 A. Isenmann • Princípios da Síntese Orgânica o ilídeo de sulfoxônio (intermediário da epoxidação de Corey-Chaykovsky, ver p. 239). O ilídeo do silício será apresentado no contexto da olefinação de Peterson (p. 832). Metilenação de Tebbe O reagente de Tebbe 458 , Cp2Ti=CH2, é um complexo π com titânio como cátion central e metileno como ligante bivalente. Esta forma de complexação, do ponto de vista do carbono, gera um carbeno estabilizado que é um membro da família dos carbenos nucleofílicos de Schrock (p. 218). A estabilização pelo titânio é considerável e traz vantagens sobre outros métodos através dos quais se produz in situ carbenos "livres": 1) O manuseio é bastante fácil; o reagente de Tebbe é estável em benzeno ou tolueno e comercializado como tal. 2) A reatividade do carbeno é relativamente baixa. Desta forma não reage com alquenos formando ciclopropano (ver cicloadição do carbeno singleto, p. 214), mas pode atacar especificamente o grupo carbonila, por ter uma dupla-ligação polar e mais reativa. O reagente de Tebbe pode ser sintetizado a partir de trimetilalumínio e dicloreto de titanoceno (Cp = ciclopentadienil-ânion; C5H5-). O acréscimo de quantidades catalíticas de piridina liberam o complexo em forma de carbenóide. Cp2TiCl2 + Al(CH3)3 - HCl Cp2Ti Cl Al(CH3)2 [piridina] - AlCl(CH3)2 Cp2Ti CH2 Reagente de Tebbe "carbenóide" Este reagente tem grande parentesco com os demais sistemas com Ti(III) apresentados neste livro, tal como o reagente de McMurry (p. 468), e principalmente com o sistema de Ziegler (p. 169, especialmente quando aplicado na metatese, ver p. 177). Além da baixa reatividade do carbeno é certamente a alta afinidade do Ti pelo oxigênio que promove a seletividade deste reagente para o grupo carbonila, conforme exemplificado a seguir. Sendo assim, o reagente de Tebbe torna-se um reagente muito versátil e tolerante às variações estruturais no substrato carbonilado: 458 F.N. Tebbe et al., J.Am.Chem.Soc. 100 (1978) 3611. 800 A. Isenmann O Cp2Ti R Princípios da Síntese Orgânica CH2 CH2 R H H O Cp2Ti R R´ O Cp2Ti R OR´ O Cp2Ti R CH2 CH2 CH2 CH2 R R´ CH2 R OR´ CH2 R NR2 NR2 Na reação com cloreto do ácido carboxílico o titânio não é liberado, mas fica preso em forma de enoléter: Cp2Ti CH2 R O Cl Cp2Ti R O Cp2Ti Cl Cl CH2 O R Em apenas uma etapa se consegue transformar o grupo carbonila em uma olefina, com duplaligação C=C terminal. Sendo assim, o reagente de Tebbe representa uma alternativa interessante aos reagentes de Wittig (com fósforo, ver p. 779) e de Peterson (com silício, p. 832). A sua basicidade relativamente baixa permite até a metilenação de cetonas com impedimentos estéricos - uma vantagem sobre os reagentes de Wittig que fornecem baixos rendimentos neste caso. Um mecanismo plausível é a formação intermediária de um complexo cíclico que pode ser chamado de oxa-titana-ciclobutano. Este ciclo é instável e quebra formando o alqueno e uma espécie de Ti(IV) que, por sua vez, é bastante estável devido à nova ligação Ti=O. Cp2Ti CH2 R O X Cp2Ti R O X Cp2Ti O + X R O desenvolvimento do reagente de Tebbe progressou muito nos últimos anos. • O reagente de Petasis, Cp2Ti(CH3)2, pode se obter a partir de titanoceno e metilítio que são reagentes de manuseio mais fácil (lembre-se da alta inflamabilidade das organilas de alumínio, p. 165). As reações com este reagente são feitas a temperaturas mais altas, na ordem de 60 °C. Também o grupo metileno foi modificado com sucesso; já foram transferidos os grupos benzilideno (Cp2Ti=CH-Ph) e trimetilsililmetileno (Cp2Ti=CH-TMS, compare p. 805). 801 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Um sistema catalítico heterogêneo é a combinação zinco, brometo de metileno e cloreto de titânio (Zn, CH2Br2, TiCl4), descrito por Lombardo cujo mecanismo ainda está sendo estudado (provavelmente através de um complexo bimetálico). Uma comparação direta dos reagentes de Lombardo com os da já discutida reação de Simmons-Smith (CH2I2, Zn; ver p. 220) sublinha a importância do titânio (monografia: ver nota de rodapé 292 na p. 441) que leva à reatividade específica para o grupo carbonila. • • Ilídeos do nitrogênio e do oxigênio "Ilídeos de carbonila" podem surgir da abertura heterolítica do anel de três membros contendo oxigênio, então dos epóxidos (p. 224): O R R´ R C O C R´ R R´ R´ R "Ilídeo de carbonila" Também existem os ilídeos de oxônio, preparados pela reação de éteres com compostos diazo. Para que isso aconteça, o diazoalcano tem que reagir como eletrófilo - uma reatividade que somente se explica da última fórmula de ressonância dada em baixo: R R R C N N R R R C N N C N N C N N R R Diazoalcano R´ O R´ R R´ O C R´ R Ilídeo de oxônio O ilídeo de azometina tem a estrutura geral: R2 R4 R1 C N R5 R3 , onde se tem um imínio-cátion diretamente do lado de um carbânion. Neste ilídeo os grupos R1 e R2 devem ser retiradores de elétrons ("ewg"). Podem ser feitos a partir de α-aminoácidos e aldeídos (trata-se de um tipo de condensação!). Também é possível obtê-los, em analogia aos ilídeos de oxônio, a partir de uma anel de três membros, esta vez contendo um átomo de nitrogênio (= aziridinas, ver p. 223). 802 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.8.14 Novas sínteses de alquinos Alquinos (ver também a química de Reppe, p. 186), especialmente tais com a tripla-ligação no final, são reagentes versáteis na síntese orgânica (por exemplo, cap. 2.5 a partir da p. 183; p. 250; p. 306; também p. 809, entre outros). Para a síntese de alquinos terminais a partir de aldeídos existem estratégias que aproveitam da reatividade particular de compostos intermediários organo-fosforados ou organo-silício: • a síntese de Corey-Fuchs, descrita logo a seguir; • a síntese de Seyferth (p. 784), incluíndo uma etapa de olefinação que representa uma variação da reação de Horner-Wadsworth-Emmons (p. 783). • a síntese segundo Miwa usando compostos organo-silício (p. 804). Síntese de alquinos terminais segundo Corey e Fuchs Na síntese de Corey-Fuchs (1972) se aproveita da possibilidade de sintetizar in situ o ilídeo de dibromo fosfônio, a partir de trifenilfosfina, tetrabromometano e zinco em pó. O solvente é diclorometano: Ph3P PPh3 + CBr4 + Zn CBr2 + ZnBr2 Ilídeo de dibromo fosfônio Este ilídeo reage com um aldeído, por exemplo benzaldeído, fornecendo a 1,1dibromoolefina: O Br Ph3P CBr2 Br 80 - 90 % Na segunda etapa da síntese acrescenta-se dois equivalentes de n-butilítio. Acontece que o composto dibromo troca um dos seus bromos para o lítio. Isto provoca uma inversão da polarização dos carbonos que agora são ricos em elétrons. Assim, a migração do hidreto torna-se possível 459. Após a expulsão de LiBr resulta o alquino. O segundo n-BuLi reage na hora com este alquino, fornecendo o acetilídeo, R-C≡C-, que pode ser usado diretamente como nucleófilo em uma variedade de reações. No caso de uma simples hidrólise se obtem o alquino final, na reação com gás carbônico o ácido propargílico, com iodeto de alquila um alquino interior: 459 Este é um dos raros casos de rearranjo no carbânion. Outros são: rearranjo de Favorskii (p. 429) e a ciclização de Ramberg-Bäcklund (p. 155). Ao contrário destes, os rearranjos no carbocátion são bastante comuns, ver cap. 1.3.1. 803 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Li Br Br ~ H- H Br 1. n-BuLi O THF, -78 °C Li H + C Br- H H 2. n-BuLi Li+ H2O CO2 H CH3I CH3 COOH Alquinos a partir de aril alquil cetonas O grupo de K. Miwa (1994)460 estudou a reação de cetonas mistas aromáticas e alifáticas, com compostos diazo contendo silício. O melhor resultado foi obtido com de trimetilsilildiazometano de lítio TMSC(Li)N2: Me3Si C N N Li+ "TMSC(Li)N2" Primeiramente o reagente se liga como nucleófilo ao carbono do grupo carbonila, fornecendo o α-diazoalcóxido. Deste composto intermediário pode-se abstrair TMSOLi em um tipo de eliminação β. Isso leva a um diazoalqueno que sofre rearranjo, perde o grupo N2 e fornece o alquino final. Interessante neste produto é que o grupo arila da cetona de partida fica de um lado e do grupo alquila do outro lado da tripla-ligação: O- O Ar C TMSC(Li)N2 R Ar THF, -78°C TMS 460 C C Li+ R - TMSO-Li + N2 Ar C C N2 R ~ Ar O - N2 Ar C C R K. Miwa, Synlett 1994, 107. 804 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.9 A química organo-silício Desde aproximadamente 30 anos o uso de reagentes contendo silício (nomenclatura raciofuncional: "Silil~" em geral, "Siloxil~" para compostos onde o esqueleto carbônico é conectado ao Si através de um oxigênio) tem seu lugar fixo na síntese orgânica moderna. Este elemento fornece uma polarização especial ao substrato orgânico que facilita a reação com, na maioria das vezes, eletrófilos. O rendimento de uma síntese clássica aumenta bastante e a purificação do produto fica mais confortável, ao usar um auxiliar de silício. Após a apresentação dos aspectos gerais sobre o Si e seus compostos, este capítulo trata: • as reações com criação da ligação Si-C (preparo dos compostos organossilanos), • as reações com criação da ligação Si-O e Si-N (principalmente com finalidade de proteger as funções -OH e -NH-), • estratégias de criação da ligação C-C por meio de compostos organossilanos, • outras reações com compostos organossilanos. As condensações de grupos Si-OH que levam à ponte de siloxano, Si-O-Si, ficam fora deste texto: embora cobrirem a área dos tecnica e economicamente importantes "silicones" e géis inorgânicos ("vidro de água"), reatividade e mecanismo destas condensações são muito parecidos aos alcoóis e já foram apresentados em outros lugares deste livro (cap. 1 e cap. 5, principalmente). Para uma leitura mais aprofundada recomenda-se a monografia de Brook 461, bem estruturada e compreensível. A monografia de Vorbrueggen 462 apresenta o sílício, principamente como grupo protetor de outros grupos funcionais. 10.9.1 Considerações gerais sobre o silício e seus compostos Estabilidade termodinâmica das ligações com o silício A tabela completa das energias covalentes entre os elementos representativos, encontra-se no anexo 2 deste livro. Interessante neste contexto é uma comparação da estabilidade das ligações simples, de silício e carbono, resumidas na tabela a seguir: Tabela 46. Estabilidade termodinâmica das ligações covalentes tipo σ: uma comparação entre carbono e silício. Valores em kJ.mol-1. C Si H 416 323 C 345 306 O 358 444 N 305 335 F 489 595 Cl 327 398 Si 306 202 As ligações do silício com oxigênio e os halogênios são mais exotérmicas, do que as respectivas ligações do carbono com estes átomos. Destaca-se a ligação Si-F: com 595 kJ mol1 ela é, logo depois da ligação B-F, a segunda mais exotérmica entre todas as ligações simples (refira-se à tabela, no anexo 2 deste livro)! Pela nossa surpresa, exotermia não é sinônimo para estabilidade ou inércia química. Sendo assim, as ligações Si-F e Si-Cl são bastante reativas, por exemplo, não são estáveis em contato com a água e se decompõem por hidrólise, 461 462 M.A.Brook, Silicon in Organic, Organometallic and Polymer Chemistry, Wiley-VCH 2000 H.Vorbrueggen, Silicon-mediated Transformations of Functional Groups, Wiley-VCH 2004 805 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica levando a SiO2 e HF/HCl. Isto se deve à alta polarização das ligações Siδ+—Xδ- que facilita bastante o ataque de nucleófilos ao Si, em casos menos frequentes também o ataque de eletrófilos ao halogênio X. Todavia, é a estabilidade elevada das ligações Si-O e Si-F que conferem o sentido e a reatividade da maioria das reações organossilício. Isto é em toda analogia ao elemento fósforo (ver reação de Wittig, p. 777), onde nos constatamos a formação da ligação P=O sendo o argumento termodinâmico para o andamento das reações. O caráter duro de Si, O e F, certamente, contribui também à preferência mútua. No entanto, as ligações do silício, com carbono e hidrogênio, são mais fracas do que as correspondentes ligações C-C e C-H. Por isso, os compostos organossilício e os silanos são em geral mais reativos do que os correspondentes hidrocarbonetos. Em geral podemos observar que a ligação Si-H fica mais estável do que Si-C. Ligações múltiplas Ao contrário das ligações σ de Si-F e Si-O, que são extremamente fortes, a estabilização por ligações π, do silício com outros átomos, é muito pequena. Isso é típico para os elementos do 3° período que preferem ampliar a esfera coordenativa (sob inclusão de orbitais d vazios), criando ligações σ com 6 ou mais átomos vizinhos, em vez de fazer ligações π com poucos vizinhos, como conhecemos dos elementos do segundo período. Exemplos: CO2 - uma molécula monomolecular, um gás. SiO2 - um polímero com ligações simples covalentes, conectando tetraedros de [SiO4] entre si; mais estável, sob condições normais, é o cristal na modificação do quartzo. O H3 C CH3 : uma molécula solta, usada como solvente. No final do século 19 tentaram produzir um outro solvente, substituindo o carbono central pelo silício. Mas o que obteram era CH3 Si um polímero - hoje altamente valorizado como "silicone": CH3 O x Comprimento das ligações covalentes e ocupação do espaço O comprimento das ligações entre silício e outros átomos são significativamente maiores do que entre carbono e os átomos correspondentes. O comprimento típico de uma ligação Si-C é de 1,89 Å enquanto o comprimento típico de uma ligação C-C é de 1,54 Å. A maior distância do silício ao carbono faz com que o grupo trimetilsilil seja menos efetivo no impedimento espacial do que o grupo t-butil. As distâncias interatômicas podem ser facilmente estimadas, a partir dos raios covalentes, tabelados no anexo 2 deste livro. Polarização entre âtomos vizinhos A eletronegatividade do Si é de 1,74 (ver tabela no anexo 2 deste livro), valor típico de um semi-metal. Sendo assim, esse elemento confere a numa molécula orgânica (EN(C) = 2,5) polaridade e reatividade, parecidas aos organometálicos, quando está ligado ao hidrogênio (EN(H) = 2,1) então lhe fornece o caráter de hidreto. 806 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A seguir sejam apresentados dois modelos de orbitais moleculares (MOs) que explicam a maioria das reatividades dos reagentes contendo uma ligação Si-C. - Carbânio em posição α (Si-C ) A estabilização da carga negativa no carbono α é atribuída a superposição do orbital σ metalcarbono α com o orbital d do silício (ou com o orbital σ* da ligação carbono-silício (figura abaixo). O orbital σ* carbono-silício fica maior no silício. C Cα Si orbital do metal M Esse modelo é importante, para entender a reatividade dos compostos organossilanos após a desprotonação por uma base forte (= "ileno-ilídeo"; compare p. 832). Estabilização do carbocátion em posição β A estabilização da carga positiva no carbono β, aparente na estrutura Si-C-C+, é atribuída à superposição do orbital p vazio no átomo do carbono β, com o orbital σ da ligação silíciocarbono α: C α C β Si O orbital σ(C-Si) foi representado (exageradamente) maior no carbono, por causa da maior eletronegatividade do carbono. A estabilização máxima dos MOs requer uma orientação na mesma direção, entre o orbital p vazio do carbono β e a ligação C-Si 463. Esse modelo é fundamental para o entendimento da reatividade dos compostos vinílicos e alílicos do silício (p. 820 em diante). 463 S. G. Wierschke, J. Chandrasekhar, W. L. Jorgensen, J. Am. Chem. Soc. 107 (1985), 1496. J. B. Lambert, G. Wang, R. B. Finzel, D. H. Teramura, J. Am. Chem. Soc. 109 (1987), 7838. 807 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 10.9.2 Síntese dos organossilanos: a criação da ligação Si-C Os reagentes organossilício clorados e hidrogenados, materiais de partida destas sínteses, são produzidos em alta escala industrial pelo "Processo direto" segundo Müller e Rochow 464 e são disponíveis no mercado a preço baixo. x H3C Cl + Si (metal) catalisador de Cu 300 °C; 2 a 5 bar Me3Si Cl, Me2SiCl2, MeSiCl3 e outros. Essa síntese corresponde à síntese diretoa (reação 2, no cap. 10.2.1). Os organossilanos mais específicos são preparados normalmente por duas estratégias: 1) Reação de um halossilano com um reagente organometálico (corresponde à metatese = reação 7, no cap. 10.2.2; também mencionada como transmetalação, na p. 699). Compostos organomagnésio e organolítio reagem com trimetilclorossilano (TMCS), por exemplo, formando os silanos tetrassubstituídos correspondentes. Alguns exemplos 465: δ+ Si(CH3)3 Li δ− δ− Cl δ+ Li δ+ δ− Si(CH3)3 δ− LiCl Si(CH3)3 OC2H5 OC2H5 TMCS + + LiCl + MgBrCl δ+ MgBr Si(CH3 )3 Também: SiCl 4 + 4 R-Li 2 R2SiCl2 + LiAlH4 R4Si + 4 LiCl 2 R2SiH 2 + LiCl + AlCl3 2) Hidrossililação, isto é, a adição de silanos a compostos contendo ligações múltiplas, C=C ou C≡C (= reação 11, no cap.10.2.3). HSiCl3 + R-CH=CH2 R-CH2-CH2-SiCl 3 anti-M arkovnikov Normalmente os halossilanos reagem com nucleófilos sob inversão da configuração no silício, seguindo o mecanismo SN2-Si. A reação de substituição nucleofílica no silício é bastante rápida e ganha de longe da SN1. O silício pentavalente (ver figura abaixo) é um intermediário observado em muitas reações, porque o silício, ao contrário do falado sobre o carbono na p. 464 A.J. O´Lenick Jr., Basic Silicone Chemistry - a Review; www.siliconespectator.com/articles/Silicone_Spectator_January_2009.pdf, acesso em novembro de 2010. 465 R.F. Cunico, C.P. Kuan, J.Org.Chem. 50 (1985), 5410. 808 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 19, pode acomodar até (8 + 10) elétrons na camada de valência, devido à existência dos orbitais 3d 466. Exemplo: O clorossilano mostrado na figura abaixo reage com difenilmetilítio sob inversão de configuração no silício467, percorrendo um composto intermediário com Si pentavalente. Me Me Ph2CHLi + Ph Si Nf Cl Ph2CH Si Me Cl Ph Nf Intermediário Nf = 1-naftil Ph2CH Si Ph Nf + LiCl Embora o silício é um semi-metal, podemos classificar este tipo de reação como transmetalação (ver p. 699) cujo funcionamento se explica com a preferência da parte orgânica, pelo metal menos eletropositivo. Interessante, porém tecnicamente menos atrativo (por ser mais caro), é o fato de que os organometálicos não só reagem com halossilanos, mas também com os silanos. Isto se deve ao fato de que a ligação Si-Cl ter o mesmo sentido de polarização do que δ+Si-H δ-. Assim reagem, por exemplo: δ− H δ+ SiPh3 + CH3Li [Et2O] H3C SiPh3 + LiH Hidrossililação A reação de hidrossililação não ocorre espontaneamente, ao contrário da hidroboração (p. 763), sendo necessário a presença de um catalisador. O catalisador mais comumente utilizado nestas reações é o ácido hexacloroplatínico (H2PtCl6), mas existem outros catalisadores, também 468. Silanos com um ou mais halogênios são mais reativos do que trialquilsilanos do tipo R3SiH. R R H3CSiCl2H [H2PtCl6] Cl R CH2 R Si CH3 Cl Os estrategicamente importantes vinilsilanos (ver p. 820) podem ser obtidos através da hidrossililação, também. Esta vez o silano deve ser adicionado a um 1-alquino. A posição do Si em relação ao grupo R proveniente do alquino pode ser cis ou trans. Essa seletividade se consegue pela escolha do sistema catalítico usado nesta adição 469: 466 Artigo de revisão: S.R.J.P. Corriu, G.F. Lanneau, J.Organomet.Chem. 67 (1974) 243. A. G. Brook, Accounts of Chemical Research 7 (1974), 77-84. 468 A. Onopchenko e E. T. Sabourin, J. Org. Chem. 52 (1987) 4118; H. M. Dickens, R. N. Hazeldine, A. P. Mather, e R. V. Parish, J. Organomet. Chem. 161 (1978) 9; A. J. Cornish e M. F. Lappert, J. Organomet. Chem. 271 (1984) 153. 469 Produto cis: N. Asao, T. Sudo, Y. Yamamoto, J.Org.Chem. 61 (1996) 7654. 467 809 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Catalisador: CH2 C CH + (C2H5)3SiH Catalisador: R C CH + (C2H5)3SiH CH2 AlCl3 Rh(COD)2BF4 PPh3 Si(C2H5)3 H H cis R H H Si(C2H5)3 trans A extensão da cadeia carbônica se consegue, até na mesma etapa do que a hidrossililação, usando dialquilzinco, iodeto de trimetilsilil e um catalisador a base de Pd0 470: Catalisador: R C CH + R´2Zn + R Pd(PPh3)4 (CH3)3SiI R´ H Si(CH3)3 Transformações de organossilanos Bastante versátil se mostrou a seguinte rota, produzindo o (Z)-vinilsilano através de um 1sililalquino. Este pode ser feito a partir de um acetilídeo, -C≡C- e um silano positivado, XSiMe3. Na tripla ligação podem ser adicionados, de maneira cis, uma série de hidretos ou organometálicos, em virtude de uma hidrometalação 471 ou carbometalação 472, respectivamente. O produto é, em qualquer caso, um vinilsilano onde o grupo funcional proveniente do alquino, está em posição cis ou (Z), ao grupo trimetilsilil: (CH3)3Si R1- M+ OH M+ R1 OH (CH3)3Si R = H ou organo R2 X R2 R1 OH (CH3)3Si Note que o vinilsilano pode também ser obtido, em somente uma etapa, via hidrossililação, conforme descrito acima. Produto trans: R. Takeuchi, S. Nitta, D. Watanabe, J.Org.Chem. 60 (1995) 3045. 470 N. Chatani, N. Amishiro, T. Morii, T. Yamashita, S. Murai, J.Org.Chem. 60 (1995) 1834. 471 E. Negishi, M.J. Idacavage, Org. React. 32 (1984) 375. 472 J.F. Normant, A. Alexakis, Synthesis 1981, 841. 810 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Em analogia a esta reação, o tratamento de um vinilsilano com reagente organometálico pode levar ao produto organossilício saturado: EtLi Me3Si Li Me3Si Et Rearranjo 1,2 em hidroxissilanos, segundo Brook Uma característica importante dos compostos organossilício é a facilidade com que grupos SiR3 podem ser deslocados. A sua mobilidade é até 1012 vezes (!) maior do que a de grupos CR3. Especialmente bem estudados são as migrações intramoleculares, ou seja, mudanças 1,2 - conforme ilustrado a seguir. Esquema geral do rearranjo 1,2: X Y Si R3 X Y R3Si X Y: N N, O N, S X Y SiR3 C e outras. Brook 467 estudou extensamente o rearranjo de sililalcoóis para sililéteres, na presença de base ou liga metálica. Na presença de traços de uma base fraca, a maior força da ligação Si-O, comparado com a ligação Si-C, normalmente desloca o equilíbrio para a formação do sililéter. O mecanismo do rearranjo, quando catalisado por dietilamina (base fraca), é mostrado na figura abaixo. Ph Ph Ph OH O SiPh3 Ph Sililéter SiPh3 Sililálcool - Et2NH Et2NH HNEt2 Ph Ph O SiPh3 H Ph Ph Ph O SiPh3 Et2NH2 O Ph SiPh3 Et2NH2 O equilíbrio das reações do benziloxitrifenilsilano e do benzidriloxitrifenilsilano (esquema a seguir), na presença de excesso de t-butilítio (base forte), é deslocado para o lado do álcool e 811 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica do éter, respectivamente. A estabilidade relativa dos ânions é responsável pela posição deste equilíbrio, enquanto o argumento das estabilidades das ligações Si-O e Si-C fica em segundo plano. O oxoânion é mais estável na reação do benziloxitrifenilsilano e o carbânion é o mais estável na reação do benzidriloxitrifenilsilano. Ph CH2 O t-BuLi Ph SiPh3 benziloxitrifenilsilano Ph CH O SiPh3 Rearranjo O Ph SiPh3 t-BuLi Ph benzidriloxitrifenilsilano Ph SiPh3 Rearranjo O SiPh3 Ph O Ph Ph O SiPh3 10.9.3 Excurso: A química dos organossilanóis e silicones O caráter relativamente inerte da ligação Si-C faz com que os agrupamentos R3Si- e R2Si< em muitas sínteses não reajam. Sob ponto de vista das reações organometálicas e também sob aspecto de valor estratégico da síntese orgânica, as reações dos compostos organosilil do tipo RnSi(-Cl)4-n, RnSi(-OH)4-n, RnSi(-OR´)4-n, RnSi(-NR´2)4-n, etc. não chamam muito nossa atenção. O assunto da criação de novas ligações Si-O e Si-N é mais um assunto da química inorgânica. Mas a suma importância técnica dos produtos destas reações de condensação valem a pena apresentar sua química, em virtude de um excurso. Isso inclui expressivamente as reações de hidrólise controlada de cloretos de alquilsilanos e as condensações dos hidróxi-alquilsilanos. A utilidade dos grupos R3Si- como grupos protetores, onde também não há quebra ou formação de ligações Si-C, será discutida nas pp. 816, 818 e 820 (ver também referência de rodapé 462). Os organo-clorossilanos, fórmula geral RnSiCl4-n, são sujeitos de uma fácil hidrólise onde perdem o cloreto e ganham o grupo hidroxila, formando então os silanóis correspondentes, RnSi(OH)4-n. Estes, por sua vez, são derivados do ácido silícico e como tal são submetidos a uma fácil condensação, isto é, as unidades se juntam sob a perda de água – em toda analogia ao ácido silícico. O caso mais simples temos na reação de trimetilclorossilano com água (não em excesso!) que leva ao hexametildissiloxano: 2 Me 3SiCl + H 2O - HCl 2 Me 3SiOH - H2O Me 3Si-O-SiMe3 A força propulsora para esta reação certamente é a alta esstabilidade da ligação Si-O que conta com DSi −O = 452 kJ ⋅ mol −1 (em comparação: DSi −Cl = 381 kJ ⋅ mol −1 ; DC −O = 355 kJ ⋅ mol −1 ; D Si −C = 311 kJ ⋅ mol −1 ). 812 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A hidrólise de silanos bifuncionais, Me2SiCl2, leva naturalmente a pordutos de massa molecular elevada: n Me 2SiCl 2 + n H 2O - n HCl n [Me2Si(OH) 2] - n H 2O Me 2SiH-O n Essa formação de polissiloxanos, ou poli-“silicocetonas”, (R2SiO)n, não se observa nos homólogos do carbono, as cetonas R2CO. A explicação é que pela formação do polímero se evita ligações π. Ao contrário da dupla-ligação do grupo carbonila, a ligação pπ-pπ (Si=O) é muito fraca (em geral: todas as ligações π num elemento além do 2º período são fracas). Os primeiros óleos de silicone já foram obtidos por Ladenburg (1872), mas o primeiro que explorou sistematicamente a química dos silicones foi Kipping (> 1901). A motivação para a produção dos silicones em grande escala, no entanto, era a demanda por materiais com novas propriedades - além dos materiais convencionais. Os outros marcos teóricos e práticos, necessários para o sucesso destes materiais, foram a teoria da polimerização de Staudinger (> 1930) e a elaboração da síntese eficiente do monômero (Müller-Rochow, 1945): MeCl + 300 °C Si/Cu 9:1 Me nSiCl 4-n Como já indica a reação resumida acima, resulta sempre uma mistura de diferentes metilclorossilanos. Mas isso não é uma desvantagem, pois todos eles estão sendo usados e levam, dependendo da sua proporção na mistura reacional, a diferentes produtos oligomêricos ou polimêricos, com propriedades totalmente diferentes. A separação dos metilclorossilanos é fácil e pode ser feita em escala de kilotoneladas por retificação em fluxo contínuo 473. Além da liga do Si com cobre (aplicado em forma de Cu2O; 5 a 10%) acrescentam-se ainda 0,1 a 1% de um metal eletropositivo (Ca, Mg, Zn ou Al). Isso aumenta bastante a reatividade e ainda melhora a distribuição dos produtos MenSiCl4-n. O aditivo de As, Sb ou Bi (< 0,005%) aumenta a velocidade desta síntese. Os estudos do mecanismo desta reação são árduos, como em qualquer reação heterogênea. E ainda são muitas diferentes espécies que participam no processo direto de Müller-Rochow. Portanto, sejam apresentadas aqui as hipóteses mais prováveis. Através da liga com o cobre tem-se um silício positivado, no sentido de uma siliceta de cobre. Com essa polarização o Si fica mais acessível frente ao eletrófilo, que no caso é o grupo metila. δ− Cl δ+ Me δ+ Me δ− Cl Si Cl- +Cu-Si-Si-Cu+ Cl Me Me Mas também é possível que a superfície do Si é oxidada pelo CuCl que, por sua vez, se formou in situ a partir de Cu e Me-Cl. Até a possibilidade de se formar primeiro Me-Cu não pode ser descartada. Se for este o intermediário, então seria muito provável ele decompor-se em radicais que em seguida reagem com a superfície do Si. δ− δ+ δ+ δ− δ+ -Si-Cu-Si-Cu-Si-Cu- 473 Literatura sobre o método: A. Isenmann, Operações Unitárias na Indústria Química; disponível no site http://www.timoteo.cefetmg.br/site/sobre/cursos/quimica/repositorio/livros/ 813 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tabela 47. Mistura típica dos clorosilanos produzida pelo processo Müller-Rochow e a implementação dos monômeros dentro do (poli-)siloxano acabado. Me2SiCl2 MeSiCl3 80% 8% MeHSiCl2 3% SiCl4 Me3SiCl 1% 3% Dissilanos 5% Me Me O Me O Si O O Si O O Si O O Si Me Me O O Me Elo da cadeia Ramificação frouxa Ramif. forte (curamento) Fim da cadeia A reação principal que leva aos oligômeros e polímeros é a hidrólise dos clorossilanos, seguida pela condensação dos grupos hidroxilas. Em uma etapa posterior podem ainda ser ajustados os comprimentos das cadeias, ao aplicar temperaturas elevadas e ácido sulfúrico como catalisador: Me 2SiCl 2 O Hidrólise Condensação SiMe2 x + HO H2SO4 Hidrólise Condensação Me3Si O SiMe3 H2SO4 Me3SiO Me2 O Si Me2 OH Si y Cadeias Anéis Me 3SiCl Me2 O Si HO ∆T Me2 O Si Me2 OH Si x+y ∆T Me2 OSiMe3 Si x+y A última etapa neste esquema é o bloqueio dos finais das cadeias, por que os grupos –SiMe3 são incapazes de fazer condensação 474. Assim não se corre perigo de aumentar a massa molar posteriormente e deteriorar as qualidades mecânicas do produto. Não só o comprimento das cadeias polimêricas, mas também e especiamente o grau de ramificação influencia sensivelmente na viscosicdade e no estado físico do produto. Sem ramificações se tem óleos ralos, com poucas ramificações frouxas são óleos viscosos. Com poucas pontes de ramificações fortes o material torna-se borrachoso e com o aumento da porcentagem destas pontes o material se torna uma resina dura e infusível. Portanto, o controle do grau de ramificação é essencial em silicones de qualidade; ele pode ser aumentado 474 Esse bloqueio dos finais da cadeia é mais importante ainda nos polioximetilenos (POM; -[O-CH2-]x), que não só podem aumentar sua massa, mas também despolimerizar (mecanismo “unzip”), ao deixar grupos reativos de – OH nos finais. A solução aqui: bloqueio em forma dos metiléteres, -O-CH3. 814 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica em certos limites em etapas posteriores à condensação principal. Os métodos mais usados, além de aplicar alta temperatura (que vão até 50° abaixo do ponto de volatilização/decomposição) são por meio de radicais livres ou por hidrossililação de grupos vinílicos: O Me2 Si O DBPO ∆T CH 3 O Si O O CH2 CH 2 CH2 DBPO = dibenzoil-peróxido O ou: CH3 O O Si O Catalisador + CH2 Hidrossililação;11 CH2 O Si O Me Me Si O H O Si O Me Si O Si O Me CH3 Além da grande flexibilidade nos estados físicos, como mencionada acima, os silicones têm outras qualidades únicas que tornam esses materiais insubstituíveis em quase qualquer ramo industrial. As propriedades mais importantes (e campos de aplicação) são: • altíssima estabilidade térmica (juntas em motores) • baixíssima temperatura de transição vítrea (borrachas elásticas até -120 °C) • baixa dependência térmica da viscosidade (aditivos e óleos de lubrificação) • resistente frente aos meios corrosivos (esmaltes, pinturas) • boas qualidades dielétricas (material isolante em circuitos) • supressão de espuma (indústria química, petroquímica e farmazêutica) • anti-estática (cosméticos, xampus) • repele a água (tratamento de superfícies; hidrofobizar fibras téxteis) • baixa aderência em materiais sólidos (agentes de desmoldagem), e não esquecemos a • indiferença fisiológica (cirurgia plástica). Essas qualidades especiais podem ser explicadas com as propriedades da ligação Si-O-Si (= “ponte de siloxano”). A alta flexibilidade das cadeias de (-Me2Si-O-)n se deve a barreiras energéticas muito baixas para rotações e mudanças conformacionais, tanto na ligação Si-C como na Si-O. Uma comparação das energias necessárias para girar em volta do eixo E-C deve mostrar isso: CH3 C Si Ge Sn Pb Elemento E: E H3C CH3 Barreira rotacional: 18 7 1,5 ~0 kJ.mol-1 CH 815 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica d(E-C): 154 188 194 216 230 pm A flexibilidade da cadeia também se reflete na baixa energia da vibração deformativa da ponte de siloxano: 163 pm O Me3Si ~ 1 kJ/mol SiMe3 148° Me3Si O SiMe3 Me3Si ~ 1 kJ/mol O SiMe3 180° O baixo coeficiente térmico da viscosidade dos silicones, muito importante na técnica de lubrificação, onde se procura materiais da mesma viscosidade dentro de grandes intervalos térmicos, se explica com dois efeitos contrários que na prática se anulam: As cadeias não ramificadas dos siloxano têm facilidade de organizar-se em hélices, por interações dipolares entre as unidades polares de -Si-O-. Uma cadeia polimérica na conformação de hélice tem em forma de pauzinho que facilmente desliza dos seus vizinhos. Ao aumentar a temperatura, a organização intramolecular da hélice colabia (processo reversível) e formam-se novelos estatísticos onde os segmentos de cadeias vizinhas podem entrelaçar-se. O resultado é um aumento em viscosidade que naturalmente opõe-se à tendência natural de todos os líquidos de ter viscosidade mais baixa a altas temperaturas. A baixa aderência na superfície destes materiais, a hidrofobia e o efeito anti-espumante dos silicones se deve à natureza apolar, à saturação química do Si e à hidrofóbica da unidade SiMe2, principalmente. Note que outras pontes do que siloxano, por exemplo, silazanos (Si-NR-Si), não levam a produtos de grande valor prático, por que não são estáveis frente à hidrólise e também devido à alta tendência de formar pequenos anéis. Fim do excurso. 10.9.4 Criação das ligações Si-O e Si-N em moléculas orgânicas Motivos para se criar as ligações Si-O e Si-N, a partir de alcoóis e aminas, respectivamente. O grupo trialquilsilil pode ser introduzido num álcool ou numa amina, com propósito de a) proteger o heteroátomo: impedimento da aproximação de um centro eletrofílico ao O/N do substrato, b) hidrofobizar o substrato: a alta polaridade do álcool/da amina é drasticamente reduzida e a facilidade de estabelecer pontes de hidrogênio é eliminada, pela presença do grupo trialquilsilil. Por esta estratégia podem ser resolvidos problemas de solubilidade, de volatilidade ou purificação. Exemplos da prática são: HPLC com colunas hidrofóbico, para separar misturas de substâncias apolares; volatilização de amostras muito polares, a serem analisadas pela GC-MS. c) eliminar a atividade prótica do álcool/da amina: em muitas reações a presença de prótons mesmo sendo em baixa concentração - inibe o andamento ou reduz drasticamente o rendimento. d) moderar a polarização/carga em intermediários reativos (por exemplo, na condensação de aciloína, descrita na p. 473) 816 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica As hidroxilas de alcoóis e fenóis são frequentemente protegidas pelo grupo trialquilsilil. Reação do trimetilclorossilano com o fenol na presença de piridina (base fraca), como mostrado na figura abaixo, leva à formação do fenoxitrimetilsilano. OH OH OSi(CH3)3 H+ / H2O Me3SiCl piridina Fenol protegido Desproteção Trimetilsililéteres são facilmente hidrolisados, na presença de ácidos ou bases e até mesmo sob condições de hidrogenação. Por isso, reagentes que formam sililéteres mais estáveis foram desenvolvidos. Neste sentido sejam apresentados TBDMS-Cl, TIPS-Cl e TBDPS-Cl: CH3 CH3 CH3 CH3 Si CH3 H3C CH3 CH3 Si Cl Cl CH3 CH3 CH3 CH3 H3C TBDMS-Cl Cl CH3 TIPS-Cl TBDPS-Cl t-butilclorodifenilsilano clorotriisopropilsilano t-butilclorodimetilsilano Si Na figura abaixo é mostrado um exemplo de reação de proteção do grupo hidroxila utilizando TBDMS-Cl. Uma mistura de 5-hidroximetil-5H-furan-2-ona (álcool), imidazol (base) e TBDMS-Cl em diclorometano (solvente) é agitada por alguns minutos, dando o álcool com a hidroxila protegida pelo grupo volumoso TBDMS. Este sililéter é estável sob diversas condições de reação, mas a ligação Si-O é facilmente quebrada na presença de íons fluoreto, pois a ligação Si-F é muito forte (ver p. 805). Por ser solúvel na maioria dos solventes orgânicos, o fluoreto de tetrabutilamônio é muito utilizado para quebrar os sililéteres. HO O O TBDMSCl SiO O O [Bu4N] + F - HO O O NH N Álcool protegido Desproteção O nitrogênio também pode ser protegido por reação com TMS-Cl, mas como a ligação Si-N é mais fraca do que a ligação Si-O, trimetilsililaminas são menos estáveis ainda do que trimetilsililéteres. As aminas reagem rapidamente com clorossilanos, mas o rendimento da sililação depende do grau de impedimento espacial no produto a ser formado. Em reações envolvendo aminas baratas, é comum o uso de um excesso da amina para neutralizar o ácido 817 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica clorídrico produzido; em reações com aminas mais caras é utilizada a piridina ou a trietilamina para neutralizar o ácido. As sililaminas só podem ser estocadas por curto tempo, sob atmosfera inerte e na ausência de umidade 475. Si(CH3)3 H N N Me3SiCl - HCl Sililenoléteres 476 A possibilidade de ativar a posição α em cetonas, via formação do sililenoléter, já foi referida na p. 500. De certa maneira, o oxigênio da cetona fica protegido nesta reação, quer dizer, o ataque de eletrófilos não acontece no O, mas exclusivamente no carbono em posição α ao grupo carbonila. Exemplo 1: Especialmente problemática e afetado por uma série de reações paralelas - assim foi apresentada a alquilação das cetonas (ver p. 510). Superalquilação, autocondensação e alquilação não-regiosseletiva são problemas frequentemente encontrados em reações de alquilação das cetonas. Eles pode ser contornados pelo uso de grupos bloqueadores e/ou grupos ativantes. Uma variação eficaz é a fixação do enol (ou enolato) em forma do seu sililenoléter. Assim, a alquilação torna-se eficaz e regiosseletiva. Sililenoléteres são moléculas relativamente estáveis que podem ser isoladas, purificadas e caracterizadas usando procedimentos padrões. O- O OSiR3 R3SiCl Base Enolato δ− O OSiR3 δ+ R´ Br R´ H+ / H2O R´ Sililenoléter O aldeído/cetona é tratado com base, transformando-o em enolato. Ao acrescentar TMS-Cl ocorre a substituição nucleofílica no silício, trocando o oxigênio do enolato pelo cloro. Diisopropilamideto de lítio {LDA, LiN[C(CH3)2]2}, hidreto de sódio (NaH), hidreto de potássio (KH), bis(trimetilsilanil)amideto de sódio {NaN[Si(CH3)3]2}, trifenilmetilpotássio e trietilamina são as bases comumente utilizadas para a desprotonação do aldeído/cetona, essencial para o preparo do sililenoléter. Lembre-se que a base deve ser muito forte e nãonucleofílica, para garantir desprotonação completa e rápida da cetona. Caso contrário, pode-se contar com os produtos paralelos mencionados acima. Exemplo 2: 475 J. R. Pratt, W. D. Massey, F. H. Pinkerton, S. F. Thames, J. Org. Chem. 40 (1975), 1090. R. Fessenden, J. S. Fessenden, Chem. Rev. 61 (1961) 361. 476 H.O. House, L. J. Czuba, M. Gall, H. D. Olmstead, J. Org. Chem. 34 (1969) 2324. G. Stork, P. F. Hudrlik, J. Am. Chem. Soc. 90 (1968) 4462; ibid 90 (1968) 4464. I. Kuwajima, E. Nakamura, M. Shimizu, J. Am. Chem. Soc. 104 (1982) 1025. 818 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A autocondensação da cicloexanona é um problema inerente, na reação de condensação aldólica cruzada entre cicloexanona e acetona. Mas pode ser contornado por conversão prévia em (cicloex-1-eniloxi)trimetilsilano. Assim, o sililenoléter atua 100% como nucleófilo e a acetona como eletrófilo. O ácido de Lewis (TiCl4) é utilizado para aumentar o caráter eletrofílico da carbonila da acetona 477. OSi(CH3)3 O O 1) LDA Me2CO 2) (CH3)3SiCl [TiCl4] OH Desprotonação de uma cetona substituída assimetricamente, tal como 2-metilcicloexanona, provavelmente leva à formação de dois ânions enolatos isoméricos. Sob condições de controle cinético (= temparatura baixa), a desprotonação ao lado do carbono menos substituído é favorecida e o ânion enolato com a dupla ligação menos substituída é formado em maior quantidade. Sob condições termodinâmicas, no entanto, ocorre equilíbrio entre os dois ânions enolatos, favorecendo o enolato com a ligação dupla mais substituída. Reação com Me3SiCl produz então os dois sililenoléteres, na proporção que reflete a dos ânions enolatos. OSiMe3 OSiMe3 o 1) LDA, DME, 0 C, 1 h O + 2) Me3SiCl (condições cinéticas) (98%) (2%) OSiMe3 OSiMe3 Me3SiCl, Et3N, DMF + o 130 C, 48 h (condições termodinâmicas) (22%) (77%) LDA = diisopropilamideto de lítio; DME = 1,2-Dimetoxietano; DMF = N,N-dimetilformamida Exempo 3: Através da adição de Michael os aldeídos e cetonas α,β-insaturados podem ser alquilados em posição 3 de maneira regiosseletiva (primeira etapa da síntese abaixo, ver também p. 520). Neste caso a sililação do enolato pode ser feita de modo direto, quer dizer, sem necessidade de isolar o composto alquilado. 477 T.K.Hollis, B. Bosnich, J.Am.Chem.Soc. 117 (1995) 4570. 819 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O O OSiMe3 Me3SiCl Me2CuLi Dessililação do sililenoléter Caso a reatividade nucleofílica do trialquilsililenoléter for insuficiente para certa reação, ele pode ser transformado no enolato de íon metálico (ou de amônio). Aplica-se preferencialmente um reagente organometálico ou um fluoreto de sal de amônio quaternário. A maior vantagem desta metodologia é a formação de subprodutos inertes e voláteis, o tetraalquilsilano (SiR4) ou o trialquilfluorosilano (R3SiF), que não interferem na reação sucessiva feita no enolato. Na situação específica da reação do trimetil(2-metilcicloex-1-eniloxi)silano com metilítio, os produtos formados são o enolato de lítio e o tetrametilsilano (TMS = volátil). O Li+ OSiMe3 Br O MeLi - Me4Si Na reação do trimetil(3-metilcicloex-1-eniloxi)silano com fluoreto de benziltrimetilamônio , os produtos formados são o enolato de benziltrimetilamônio e o trimetilfluorossilano (Me3SiF). 478 CH2Ph O- +NMe3 OSiMe3 [PhCH2NMe3] F- O BrCH2CO2Me CH2CO2Me - Me3SiF 10.9.5 Criação de ligações C-C usando compostos organossilanos Como já dito nas considerações gerais sobre o silício (p. 806), sua eletronegatividade em relação ao carbono deixa esperar uma polarização negativa do carbono que lhe confere o caráter de um nucleófilo. A reatividade de um composto onde o grupo silil é ligado a um grupo alquila saturado, porém, é geralmente baixa. Os elétrons da ligação Si(sp³)-C(sp³) não tem energia elevada, então são pouco disponíveis frente um eletrófilo (única reação de valor preparativo nesta ligação é a desprotonação do carbono, a ser apresentado no contexto da 478 Benzyltrimethylammonium fluoride (BTAF) 820 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica olefinação de Peterson, p. 832). A situação é bem melhor quando o substrato organossilício contém carbonos sp², ou seja, uma dupla ligação C=C. Portanto, este capítulo apresentará dois reagentes com quais se consegue a reação com um eletrófilo: • o vinilsilano, unidade reativa: -CH=CH-Si, • o alilsilano, unidade reativa: -HC=CH-CH2-Si. As reatividades destes dois reagentes são muito semelhantes, portanto são tratados juntos neste capítulo. A base do entendimento das suas reatividades é o modelo de MOs apresentado na p. 807, mostrando a estabilização do carbocátion em posição β (íons intermediários, no esquema abaixo). Para maior clareza o esquema abaixo contém as polarizações δ+ e δ- que regem no vinilsilano/alilsilano. O título deste capítulo é "criação de ligações C-C", portanto o reagente que está sendo atacado pelo organossilano deve conter um carbono eletrofílico: Esquema geral: δ+ C H C δ+ δ− δ+ CHR H R3Si C CHR CHR H SiR3 Vinilsilano δ+ δ+ C δ− H2C δ+ SiR3 δ− CH CH2 SiR3 C H2C CH CH2 C CH2 CH CH2 Alilsilano Como visto no esquema, o ataque no vinilsilano ocorre no carbono α, deslocando o silício do seu lugar. No entanto, ataque eletrofílico no alilsilano ocorre no carbono γ, e o grupo silil abandona o esqueleto carbônico deixando a dupla ligação agora entre C1 e C2. Interessante é que, em ambos os casos, as reações percorrem estados onde o C2 carrega uma carga positiva em concordância com nosso modelo na p. 807. Sabendo destes caminhos gerais, podemos perguntar: quais são os eletrófilos Cδ+ mais úteis? Do ponto de vista estratégico, a resposta é: compostos carbonilados: aldeídos, cetonas e especialmente cloretos de acila (p. 352, 399 e 365, respectivamente) os derivados de aldeídos/cetonas: os acetais (p. 403) íons imínio (ver p. 415 e 491) alquenos eletrofílicos: geralmente um sistema Michael (ver p. 519). Seguem alguns exemplos, variando o eletrófilo. A maioria das reações requerem fortes Celetrófilos e o apoio de um catalisador ácido de Lewis. Geralmente são os ânions deste catalisador (Cl- ou Br-) que, ao mesmo tempo, dão apoio nucleofílico ao grupo silil, no 821 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica momento de abandonar o esqueleto carbônico. Uma segunda possibilidade da catálise será apresentada na p. 824. Reação com derivados do ácido carboxílico A reação com cloreto de acila pode ser catalisada por AlCl3 ou SnCl4: H R1 + SiMe3 Cl R2 AlCl3 ou SnCl4 O H R1 R2 O AlCl3 O diclorometil-metiléter tem um carbono do mesmo NOX que o cloreto de acila. Sua reatividade é, portanto, semelhante. Após a sua hidrólise (abstração do cloreto e de metanol) resulta um aldeído; catalisador eficaz é TiCl4 479: H R SiMe3 + Cl2CH O CH3 H 1) TiCl4 R 2) H+ / H2O H O O alilsilano mostra reatividade semelhante ao vinilsilano; as condições reacionais em analogia : 480 O Ph Cl + H2C CH CH2 Si(CH3)3 O TiCl4 ou BF3 Ph CH2 CH CH2 Reação com aldeídos e cetonas Exemplo de adição a um aldeído: R CHO + H2C CH CH2 Si(CH3)3 OSi(CH3)3 (CH3)3SiBTf2 R CH CH2 CH CH2 Neste exemplo é indicado um composto organosilício que tem o papel de catalisador ácido de Lewis 481; Tf = triflato = CF3-C(O)O- (ver p. 37). A estereoquímica destas adições é interessante quando o alilsilano se discrimina entre isômero E e Z. Ao contrário da reação dos alilboranos, o mecanismo desta alilação não percorre um estado de transição cíclico, mas fica aberto - de forma que o carbono eletrofílico (no exemplo a seguir o carbono do aldeído) fica mais afastado possível do grupo silil. Este comportamento 479 K. Yamamoto, O. Nunokawa, J. Tsuji, Synthesis 1977, 721. J.P. Pillot, G. Déléris, J. Dunoguès, R. Calas, J.Org.Chem. 44 (1979) 3397. 481 A.P. Davis, M. Jaspars, Angew.Chem.Int.Ed. 31 (1992) 470. 480 822 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica se explica com o fato de que o silício neste complexo não tem as qualidades de um ácido de Lewis, o que justificaria a aproximação do oxigênio do grupo carbonila (compare p. 837). A+ R R H H H O H H H3C , em vez de: O BR2 H3C CH2 SiR3 CH2 Alilborano Z Alilsilano Z A+ = ácido de Lewis Tanto o alilsilano quanto o aldeído têm um grupo pro-quiral que se tornam centros assimétricos até o final da reação. Portanto, deve-se aplicar a regra da indução assimétrica de Cram, para predizer as configurações absolutas. Como já ilustrado na p. 229, essa evidência ganhamos mais facilmente através da projeção de Newman (o aldeído em frente, o alilsilano atrás; compare também questão 5, na p. 844): Aldeído + alilsilano Z: H A+ O R H H H CH2SiR3 CH3 H HO R HO = H R + A H H CH3 O H H R CH2SiR3 CH3 Impedimento espacial CH2 OH H CH3 = R CH CH2 CH3 Figura 48. Aplicação da regra de Cram, para explicar o efeito da indução assimétrica durante a adição do alilsilano em adeídos. No próximo exemplo, adição do alilsilano numa cetona 482, seja apresentada uma catálise alternativa. Por enquanto conhecemos o ácido de Lewis que complexou no oxigênio do grupo carbonila e então proporcionou maior reatividade eletrofílica ao carbono do grupo C=O. Por outro lado, poderíamos também pensar em aumentar a nucleofilia do composto organossilano. Realmente, existe um reagente que mais em cima (p. 816) foi apresentado como agente dessililante. Estamos falando do íon fluoreto, cuja predileção termodinâmica é o silício (p. 805). Por motivos de solubilidade (solvente destas reações tem que ser aprótico) usa-se o 482 A.S. Pilcher, P. De Shong, J.Org.Chem. 61 (1996) 6901. 823 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica fluoreto de tetrabutilamônio. Conforme o esquema a seguir o fluoreto aumenta a polarização negativa do organossilano, mostrado no alilsilano. Lembre-se que o Si não tem impedimentos em acomodar 5 vizinhos na sua volta - desde que os grupos R não sejam muito grandes: R SiR3 Si + FR F R Alilsilano ativado Exemplo: 4 3 2 Si(CH3)3 + Ph2C O 1 5 + 1) [NBu4] F em THF 2) H2O 4 3 2 Ph Ph 1 OH 5 87% Aliás, com este tipo de alilsilano se adiciona um esqueleto de 5 carbonos com uma dupla ligação a um substrato carbonilado. Isso é muito promissor para o desenvolvimento de novas substâncias bioativas lipofílicas, onde essa unidade se conhece como "isoprenóide". Com este tipo de ativação já foram efetuadas alilações intramoleculares, quer dizer, ciclizações 483: H O Si(CH3)3 [NBu4]+ F- H SO2Ph HO H CH2 SO2Ph H 94% Reação com acetais. Do ponto de vista da polaridade, os acetais não deveriam ser bons eletrófilos, porque o efeito +M exercido pelos dois oxigênios do grupo -CH(OR)2 é mais pronunciado do que o seu efeito retirador de elétrons, -I. Mesmo assim, se conhecem muitos acoplamentos de alilsilanos com o carbono de acetais. Todas elas requerem condições anidro e catálise por ácidos de Lewis 484. 483 B.M. Trost, J.E. Vincent, J.Am.Chem.Soc. 102 (1980) 5680; B.M. Trost, D.P. Curran, J.Am.Chem.Soc. 103 (1981) 7380. 484 H. Suh, C.S. Wilcox, J.Am.Chem.Soc. 110 (1988) 470. 824 A. Isenmann O Princípios da Síntese Orgânica O CH3O ZnBr2 + H3C Si(CH3)3 CH3 O O O CH2 H3C O CH3 99% Um dos grupos -OR do acetal é abandonado, provavelmente ao mesmo tempo que a dupla ligação C=C do alilsilano se aproxima. Uma estereoquímica regulada apoia este mecanismo (do ponto de vista do acetal, isto seria uma SN2). Note que no exemplo acima se utilizou um composto que contém dois agrupamentos acetais. Um destes, porém, é um acetal cíclico onde o abandono do grupo -OR é mais difícil. A maior reatividade é, portanto, no metilacetal. A reação fica especialmente fácil caso um dos grupos -OR do acetal é -OAc, porque o último tem melhores qualidades como grupo abandonador. O próximo exemplo mostra a condensação do alilsilano com um acetal deste tipo. Um açúcar (no exemplo a seguir a glicose na sua forma cíclica β) reage com o alilsilano 485. OAc H2C 6 AcO 4 AcO O 5 3 AcOCH2 AcO AcO 2 1 OAc OAc + H2C CH CH2 Si(CH3)3 Catalisador: BF3 Solvente: CH3CN O OAc CH2 CH CH2 Essa síntese merece algumas observações: 1) O carbono 1 do açúcar é um grupo aldeído na forma aberta e um acetal, na forma cíclica. Nesta ciclização é criado um novo centro assimétrico: o isômero "β", caso o grupo OH for equatorial, em analogia ao esquema acima; o isômero "α" quando o grupo OH mostrar para baixo (axial). 2) Para assegurar a eficácia do catalisador ácido de Lewis, todos os grupos hidroxilas devem ser bloqueados, por serem próticos. Se não, iriam complexar o boro, rapida e irreversivelmente. O bloqueio pode ser feito, em forma de um éter (com iodeto de metila; síntese de Williamson, p. 136) ou, como visto no exemplo acima, por acetilação (p. 365): 485 A. Giannis, K. Sanshoff, Tetrahedron Lett. 26 (1985) 1479. 825 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 3) Como ilustrado acima, a configuração no C1 se inverte na adição do alilsilano. Em geral vale: mais suave o catalisador ácido de Lewis, maiores as chances de se obter inversão. Ácidos de Lewis muito fortes levam à racemização 486. 4) Esta síntese somente funciona porque o acetal é mais pobre em elétrons do que os 5 grupos ésteres presentes no substrato. Realmente, a adição do alilsilano não se observe no carbono de um éster. A seguinte adição é mais surpreendente por dois motivos: o acetal foi feito a partir de um benzaldeído rico em elétrons, então não tem boas qualidades como eletrófilo; O catalisador nesta síntese, triflato de trimetilsilil, por si um eletrófilo, não ataca o anel aromático no sentido de uma SE (cap. 4.2), mas sim, ativa um dos grupos -OCH3 do acetal, melhorando assim sua qualidade como abandonador 487: Catalisador: OCH3 CH(OCH3)2 + OCH3 O (CH3)3Si O S OCH3 OCH3 CF3 O CO2CH3 CO2CH3 CH3 Si(CH3)2Ph OCH3 OCH3 OCH3 92%; 95%ee. Reação com íon imínio Em terceiro lugar da lista dos eletrófilos foram mencionados os íons imínio, porque têm um carbono eletrofílico onde alil e vinilsilanos podem atacar. Conforme discutido nap. 491, os íons imônio são produzidos in situ, a partir de uma amina, formaldeído e um ácido forte. O solvente é prótico ou polar-aprótico (acetonitrila, por exemplo). Sendo assim, a reação descrita a seguir tem muita semelhança com a condensação de Mannich. Especialmente útil são aminas secundárias, onde a adição do alilsilano é evidente e fácil. Como já vimos acima (p. 824) e também no próximo exemplo, essas adições de alilsilanos, quando aconteçem de forma intramolecular, são métodos úteis de ciclização 488: H CH2 H2C O Ph N Ph N Si(CH3)3 Si(CH3)3 CF3COOH CH2 CH2 Si(CH3)3 Ph N Ph N 73% 486 S.E. Denmark, N.G. Almstead, J.Am.Chem.Soc. 113 (1991) 8089. J.S. Panek, M. Yang, J.Am.Chem.Soc. 113 (1991) 6594. 488 P.A. Grieco, W.F. Fobare, Tetrahedron Lett. 27 (1986) 5067. 487 826 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Segue um exemplo parecido, usando um vinilsilano em vez de alilsilano: a ciclização da 4trimetilsilil-3-alquenilamina, usando formaldeído e um catalisador ácido de Brønsted forte 491: H R1 R2 R2 N H2C O R1 [H+] Si(CH3)3 N Após tudo que sabemos sobre a reatividade dos vinilsilanos e a facilidade do grupo trimetilsilila de estabilizar um carbocátion em posição β (p. 807), um mecanismo plausível seria: X(CH3)3Si HCHO R2 HN (CH3)3Si (CH3)3Si R2 R2 H+ R1 R2 N N R1 R1 - (CH3)3SiX N R1 X-: ânion do ácido de Bronsted Estudos mais profundos evidenciaram, porém, um desvio deste caminho. Como se sabe de moléculas 1,5-di-insaturadas, são capazes de entrar em rearranjo eletrocíclico [3,3], segundo Cope (ver p. 262). Como está envolvido no exemplo presente um nitrogênio neste arranjo, então se fala de aza-Cope: X(CH3)3Si HCHO R2 HN R1 H+ aza-Cope (CH3)3Si R2 (CH3)3Si R2 N N R1 R1 R2 N R1 Realmente, foi comprovado que este rearranjo é mais rápido do que a ciclização "direta" do vinilsilano. A ciclização tira vantagem do rearranjo aza-Cope porque o produto é um 827 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica alilsilano; e alilsilanos são considerados sendo melhores nucleófilos do que vinilsilanos daí têm maior facilidade de atacar o carbono do íon imínio. 489 , Mas também as aminas primárias podem ser usadas neste tipo de reação. Interessante é que a adição de uma unidade de alilsilano não é o fim da reação. Sob as condições aplicadas (excesso de formaldeído), o nitrogênio da 3-butenilamina continua sendo reativo frente o formaldeído. Assim, forma-se uma segunda vez um íon imínio. Ciclização fornece finalmente o 4-piperinol (490; para o mecanismo, recorra questão 6, na p. 844). Note que a adição dos silanos em íons imínios requer de catalisador ácido de Brønsted (ambiente prótico), em vez de ácido de Lewis. Ph Si(CH3)3 NH3 + + H2C O excesso + [H ] Ph CH2 N OH Mais dois exemplos onde o íon imínio é atacado por um grupo alilsilano da mesma molécula. Em nenhum destes foi necessário adicionar formaldeído - basta tratar com ácido de Brønsted forte, para liberar o íon imínio. O seguinte foi descrito como método avançado 491 de formar ciclos com o heteroátomo N, levando à tetraidropiridina e seus derivados (alguns destes têm elevada atividade biológica: os chamados "alcalóides") 492. R R (CH3)3Si CF COOH 3 N H H 73% N O íon imínio fica especialmente eletrofílico quando um dos seus vizinhos é C=O, isto é, retirador de elétrons. Aliás, se conseguiu esta formação, por redução parcial da imida (-CONR-CO-) 491: CF3COOH O N CH2 OH O Si(CH3)3 N 91% 489 W.P. Weber, Silicon reagents for organic synthesis, Springer Berlin 1983. S.D. Larsen, P.A. Grieco, W.F. Fobare, J.Am.Chem.Soc. 108 (1986) 3512. 491 C. Flann, T.C. Malone, L.E. Overman, J.Am.Chem.Soc. 109 (1987) 6097-6107. 492 L.E. Overman, R.M. Burk, Tetrahedron Lett. 25 (1984) 5739. 490 828 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reação com alquenos eletrofílicos - alilação de Hosomi-Sakurai Entre todos os eletrófilos que podem ser atacados pelos organossilanos, é a família dos alquenos eletrofílicos que provavelmente nos mais surprende. Quem pensou que uma dupla ligação C=C é sinônimo para alta densidade eletrônica, foi ensinado contrário no cap. 6.6 (p. 518 em diante). Os alilsilanos atuam como reagentes nucleofílicos frente uma cetona α,βinsaturada; novamente é preciso a presença de um catalisador ácido de Lewis 493 - ou, sendo uma alternativa branda, um sal fluoreto que ajuda na etapa da dessililação (494, ver também p. 822). Exemplo 1: H + TiCl4 O -78 °C O CH2 Si(CH3)3 85% Exemplo 2: O C O OEt + Si(CH3)3 F- C OEt O mecanismo da adição de Hosomi-Sakurai começa com a ativação do grupo carbonila pelo ácido de Lewis. Em seguida o centro eletrofílico (mole) é atacado pela dupla-ligação do alilsilano, por sua vez apenas um nucleófilo fraco e igualmente mole 495. 493 A. Hosomi, H. Sakurai, J.Am.Chem.Soc. 99 (1977) 1673. G. Majetich, A. Casares, D. Chapman, M. Behnke, J.Org.Chem. 51 (1986) 1745. 495 Nem todos os sistemas Michael adicionam o alilsilano em posição 4. Alguns aldeídos e cetonas α,βinsaturados também o adicionam no seu centro mais duro (= em posição 2 = no carbono do grupo carbonila). 494 829 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O O TiCl4 Ph - Cl- Ph TiCl3 SiMe 3 O TiCl3 O TiCl3 Cl- Ph Ph SiMe 3 + H2O - Me3SiOH OH O Ph Ph Mais uma vez verifica-se o efeito estabilizante do silício sobre o carbocátion em posição β (p. 807), na etapa central desta reação. Somente quantidades catalíticas do ácido de Lewis e a substituição do grupo trimetilsilano pelo (mais barato) triclorossilano, são os refinamentos mais recentes desta síntese. Segue o ciclo catalítico, proposto para estes sistemas 496 (componente eletrofílico neste esquema simplificado: um aldeído). O Si Cl Cl MX Si "promotor halofílico" R δ- O Si XM Cl δ+ Si [XMCl]- R O R H 496 A. Fürstner, D. Voigtländer, Synthesis 2000, 959-69. 830 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Para alguns autores o alto valor preparativo desta síntese justifica chamar as reações do alilsilano, com todos os compostos de carbono eletrofílico apresentados neste cap. 10.9.5, de reação de Hosomi-Sakurai. A seguinte figura apresenta, portanto, todos eles de forma resumida: cloretos de acilas, cetonas 497 (mecanismo: recorra questão 2 , na p. 844), acetais 498 , iminas, epóxidos 499 e, finalmente, os compostos carbonilados α,β-insaturados 500. Figura 49. Resumo dos possíveis adições de alilsilanos em carbonos eletrofílicos ("HosomiSakurai"). O R Cl 2 + 3 + 3 R´ R 2 2 R´ R + 3 R´ SiMe3 1 + 2 1 SiMe3 R R OR´ NHR´´ 1) Ácido de Bronsted 3 2 1 SiMe3 1) Ácido de Lewis 2) H2O 2 3 R´ R R R 3 OH 1 2 3 R 2 R 3 1 2 3 R´ 1) Ácido de Lewis 1) Ácido de Lewis 2 OH 2) H2O O R SiMe3 3 1) Ácido de Lewis 2) H2O O R SiMe3 2) H2O 3 + 1 1 3 NR´´ R 2 O 1) Ácido de Lewis 2) H2O OR´ + OR´ SiMe3 2) H2O O R 1 1 1 1 2 1 O R´ Reações dos vinilsilanos e alilsilanos com outros eletrófilos Vinilsilanos reagem com certos eletrófilos, de maneira altamente regio e estéreosseletiva: o eletrófilo entra no substrato, exatamente no lugar onde era o Si. O mecanismo desta substituição, no entanto, é o mesmo que foi apresentado na p. 820, na alquilação de vinilsilanos. Assim se obtém um alqueno substituído sob retenção da configuração. Alquenos, tanto isômero E como Z, podem ser obtidos por esta técnica. Note que a polarização da dupla 497 M.Wadamoto, H.Yamamoto, J.Am.Chem.Soc. 127 (2005) 14556. Q.Y.Song, B.L.Yang, S.K.Tian, J.Org.Chem. 72 (2007) 5407. 498 D.Kampen, B.List, Synlett 2006, 2589-2592. M.E.Jung, A.Maderna, J.Org.Chem. 69 (2004) 7755-7. 499 J.S.Yadav, B.V.S.Reddy, M.S.Reddy, G.Parimala, Synthesis 2003, 2390. 500 P.H.Lee, D.Seomoon, S.Kim, K.Nagaiah, S.V.Damle, K.Lee, Synthesis 2003, 2023. 831 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica ligação C=C é invertida por esta reação: enquanto o grupo TMS a deixou mais rica em elétrons, o iodo no produto tem efeito retirador de elétrons. R2 R1 R2 I2 R1 SiMe3 CH Cl 2 2 0 °C SiMe3 R1 R2 I + SiIMe3 + SiIMe3 I I2 R1 CH2Cl2 0 °C R2 Um eletrófilo que parece muito ao próprio reagente alilsilano, mas que tem uma polarização invertida (ver p. 820), é o alil-trimetilsililéter. Ele pode ser considerado sendo eletrófilo, ou seja, em analogia aos compostos carbonilados α,β-insaturados (logo acima, p. 829), ele tem uma dupla ligação C=C pobre em elétrons. δ+ Ph δ+ δ− δ− δ+ OSi(CH3)3 + Alilsililéter δ− δ+ δ+ Si(CH3)3 δ− Alilsilano Cat. ZnCl2 CH2Cl2 25 °C Ph + 22 : 78 Ph 94% Algumas inconveniências proibiram, por enquanto, a aplicabilidade desta síntese: • Sempre foram observados dois produtos isoméricos, resultados da adição do alilsilano em posição 2 ou 4 do alilsililéter. • Pode ocorrer, se for presente um sistema aromático, uma alquilação de Friedel-Crafts (alil-cátion = ácido de Lewis, ver p. 296); • O sistema catalítico e também as olefinas usadas, são muito suscetíveis à polimerização catiônica (ver p. 167); • Como visto acima, os compostos 1,5-di-insaturados são sujeitos ao rearranjo sigmatrópico de Cope (p. 262 e 826). 10.9.6 Olefinação de Peterson 501 Como foi mencionado na p. 820, os alquilsilanos contendo carbono sp³ são bem menos reativos do que os vinilsilanos e alilsilanos apresentados acima. Realmente, existe somente uma forma de fazer reações no carbono sp³ em alquilsilanos "simples": sua desprotonação por uma base muito forte. 501 P. F. Hudrlik, D. Peterson, J. Am. Chem. Soc. 97 (1975) 1464. L. F. V. Staden, D. Gravestock, D. J. Ager, Chem. Soc. Rev. 31 (2002) 195. D. J. Peterson, J. Org. Chem. 33 (1968) 780. T. Chan, Accounts of Chemical Research 10 (1977) 442. 832 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Sem sombra de dúvida, o método mais importante para produzir alquenos de esqueleto carbônico mais complexo é a síntese de Wittig (p. 777). Uma alternativa muito bem-vinda a este método-pardão, porém, foi apresentada por D. J. Peterson em 1968. Na "olefinação de Peterson" o derivado de lítio (também de magnésio) de um trialquilsilano é adicionado a um aldeído ou cetona para dar, após acidificação branda, β-hidroxissilanos. Resulta um ileno/ilídeo de silila (ver p. 799; contém geralmente os contra-íons Li+ ou +MgBr) que tem todas as características de um reagente de Wittig. Os β-hidroxissilanos são relativamente estáveis, podem ser isolados e purificados. Quando submetidos à influência de ácidos, bases ou cloreto de acetila, então podem sofrer eliminação, formando o alqueno. Os coprodutos são trialquilsilanol (R3SiOH) e/ou hexaalquildissiloxano (R3SiOSiR3). Nestes coprodutos se acha a principal vantagem da olefinação de Peterson: são normalmente voláteis (R3SiOH e R3SiOSiR3) e fácil de separar do produto principal - ao + contrário do óxido de trifenilfosfina (Ph3P O ) produzido na reação de Wittig, que não é volátil e assim dificulta a purificação do produto cru. O emprego de ilídeos de silício, fósforo, enxofre e até titânio, na conversão de compostos carbonílicos em alquenos, pode ser entendido se observarmos algumas semelhanças destes heteroátomos: a) Podem sofrer expansão da camada de valência por possuírem orbitais d, b) são facilmente atacados por alcóxidos, c) formam ligações fortes com o oxigênio, d) seus óxidos são bons grupos abandonadores. A figura abaixo mostra o esquema geral para a síntese de alquenos, a partir de aldeídos e cetonas. Todos as reações tinham, como etapa prévia, a desprotonação/metalação da posição α ao heteroátomo X, levando ao ileno/ilídeo. Este ataca, conforme dilustrado, o carbono positivado do grupo carbonila. Em última etapa ocorre a eliminação para o alqueno, na maioria das vezes de maneira estereosseletiva, formando ou o isômero E ou Z, conforme o princípio discutido na p. 781. R1 R2 X Ileno/ ilídeo + R4 2 R2 R3 R3 O 1 R4 ou R 1 R 2 R 4 R R X O X O 1 3 R R 3 R + XO 4 R X = SiR3, Peterson (aqui) X = +PR3, Wittig (p. 777) X = P(O)R2, Horner-Wittig (p. 782) X = P(O)OR2, Horner-Wadsworth-Emmons (p. 783) X = SR, Julia (p. 157) X = TiR2, Tebbe (p. 800). Figura 50. Métodos principais de síntese de olefinas, a partir de aldeído/cetona e um ilídeo. 833 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Uma curiosidade: na hora que Peterson descobriu essa reação, ele não tinha o objetivo de produzir uma olefina. Ele nem foi o primeiro trabalhando com silanos metalados em posição α. Já em 1946 foi preparado um, pela reação de α-clorometiltrimetilsilano com magnésio 502. Surpreendentemente, este reagente reapareceu na literatura de química orgânica apenas em 1968, quando Peterson sintetizou β-hidroxissilanos, a partir de aldeídos e cetonas e um reagente organometálico especial (figura abaixo). Ele preparou um composto organomagnésio, muito semelhante ao do reagente de Grignard. A diferença foi que este reagente continha o grupo trimetilsilil. Em analogia à reação clássica de Grignard (ver p. 432) o carbânion dentre deste reagente tem facilidade de adicionar-se ao grupo carbonila em aldeídos/cetonas. Resulta um álcool com grupo TMS em posição β, estável e como tal com pouca tendência de sofrer eliminação. Me3SiCH2Cl Mg Me3SiCH2MgCl 2 R 1 R O 1 R OMgCl 2 R SiMe3 1 ácido fraco H2O R OH 2 R SiMe3 Mas têm-se três maneiras de ativar este β-hidroxissilano, provocando a eliminação para o alqueno: tratamento com ácido forte, base forte ou cloreto de acila. Cada um destes reagentes segue seu mecanismo próprio e leva, no final, seletivamente a um alqueno cis ou trans. A geometria do alqueno pode ser controlada pela: • eliminação sin (mecanismo Ei de acordo com Ingold) 503 da hidroxila e do grupo trialquilsilano em meio básico (KH ou NaH) • eliminação anti (mecanismo E2 na terminologia de Ingold) 504 em meio ácido (BF3 ou H2SO4); • eliminação sin pode também ser obtida pela reação de β-hidroxissilanos com cloreto de acetila. Assim, o diastereoisômero eritro 505 de 5-trimetilsilaniloctan-4-ol forma o cis-oct-4-eno na presença de base e o trans-oct-4-eno, na presença de ácido. Em toda consequência, o 502 F. C. Whitmore, L.H. Sommer, J. Am. Chem. Soc. 68 (1946) 481. L H. Sommer, D. L. Bailey, F. C. Whitmore, J. Am. Chem. Soc. 70 (1948) 2869. 503 Mecanismo ciclo-DEDNAn de acordo com a IUPAC. 504 Mecanismo AnDEDN de acordo com a IUPAC. 505 Os prefixos eritro e treo são utilizados para compostos de cadeia aberta contendo dois carbonos assimétricos, como se conhece dos açúcares de 4 carbonos, eritrose e treose. Note que estes prefixos descrevem a geometria da molécula como toda, em vez de cada carbono quiral separadamente. Na projeção de Fischer o isômero eritro possui os grupos idênticos ao mesmo lado e o treo em lados opostos. K. Carey, J. Org. Chem., 47 (1982) 3811. 834 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica diastereoisômero treo forma trans-oct-4-eno na presença de base e cis-oct-4-eno na presença de ácido (figura abaixo). OH Pr H Pr H SiMe3 Pr H Pr H Me3Si OH eritro base Pr Pr ácido ácido OH H Pr Pr H Pr H Me3Si SiMe3 H Pr treo Pr base OH Pr O mecanismo da eliminação sob catálise ácida está representado na figura abaixo. Note que os grupos abandonadores, água e TMS, devem estar em posição antiperiplana, de acordo com as exigências da eliminação E2 (p. 140). Pr Pr H OH Pr SiMe3 H H SiMe3 ácido Pr OH2 Pr H Pr antiperiplano O mecanismo para a reação em meio básico ainda não foi completamente estabelecido. Existe evidência para a migração do grupo trimetilsilil, do carbono β para o oxigênio, em analogia ao rearranjo em hidroxissilanos segundo Brook (p. 811), acompanhado por eliminação rápida para dar o alqueno (etapas 2 e 3). No entanto, é mais provável a formação do anel intermediário de quatro membros que se fragmenta, bem comparável com a etapa final da reação de Wittig (etapas 2a e 3a). 835 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O Pr SiMe3 H Pr SiMe3 base H OH OSiMe3 só b Pr H H Pr SiMe3 etapa 1 Pr Pr O H etapa 3a etapa 2a aeb H etapa 2b H Eliminação sin etapa 3b Pr Pr Pr Pr Alqueno trans H Para a eliminação em meio básico, o grupos hidroxila e trimetilsilil devem então estar de geometria sinperiplana. Finalmente, a eliminação na presença de cloreto de acetila envolve a formação do éster cujo oxigênio tem um efeito estabilizante ao silício. Portanto, a eliminação acontece ao mesmo lado da molécula, isto é, sin: Pr H OH Pr O SiMe3 AcCl H O Pr SiMe3 Eliminação sin H Pr Pr Pr H Embora de a olefinação de Peterson de compostos carbonílicos ser menos utilizada do que os ilídeos de fósforo (reação de Wittig, p. 777), ela tem se mostrado superior em reações de metilenação de cetonas com impedimentos espaciais. Na figura abaixo é mostrada a síntese do sesquiterpeno β-gorgoneno. O reagente nucleofílico foi produzido a partir de αclorometiltrimetilsilano e magnésio metálico (reagente de "silico-Grignard"). O emprego do ilídeo de fósforo, CH2=PPh3 , por outro lado, não foi efetivo na metilenação desta cetona impedida 506. 506 R. K. Boeckman, S. M. Silver, Tetrahedron Letters 1973, 3497. 836 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 1) Me3SiCH2MgCl THF, refluxo, 18 h 2) AcOH, H2O, 3 h O H H β−gorgoneno 10.9.7 Aplicação tecnológica: Polimerizações induzidas por organossilanos Polimerização de acrilatos por transferência de grupos Uma aplicação de crescente interesse é a polimerização de transferência de grupos (Group Transfer Polymerization, GTP). Ela ocorre via complexos com organossilanos. A etapa-chave é uma adição de Michael de dimetilceteno-trimetilsilil-metilacetal, em um derivado do ácido metacrílico (mais comumente o metilmetacrilato, MMA), catalisada por bases. Os efeitos benéficos do silício são: • Complexação dos monômeros em posição e distância adequada; • O silício, por ser um centro eletrofílico, complexa no oxigênio do grupo carboxila do monômero. Desta forma o carbono β do monômero torna-se mais eletrofílico e pode receber o carbono β nucleofílico do organossilano com maior facilidade. Para entender melhor a reatividade do composto organossilano a seguir, vamos ampliar os conhecimentos gerais sobre este elemento (início: ver p. 805). O que parece um paradoxo é o fato de que o composto organossilano torna-se mais eletrofílico quando tratado por uma base, que geralmente é um sal de fluoreto. Surpreendemente, o complexo pentavalente, embora a sua carga negativa, contém um silício mais eletrofílico do que em ambos os outros complexos! 507 (em negrito: reatividade prevalente) R R Si W R - +F - F- Ácido de Lewis ruim Baixa nucleofilia em R R F Si R R W + F- R - F- R Bom ácido de Lewis Boa nucleofilia em R F Si W 2 F R Bom ácido de Lewis Muito boa nucleofilia em R Para a explicação deste comportamento aproveitamos da "Regra de Bent": O caráter s em orbitais atômicos híbridos aumenta quando o lobo mostra em direção a um grupo eletronegativo, enquanto o caráter p de um AO aumenta quando o lobo mostra em direção a um grupo eletropositivo. Se tiver dois complexos isovalentes, um orbital híbrido de 507 R. Mahrwald (editor), Modern aldol reactions, Vol. 1, VCH Wiley Weinheim 2004; especialmente cap. 2.3: Silicon Lewis acids. 837 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica certo átomo deve ter mais caráter s caso está compartilhado com um vizinho eletronegativo, enquanto um vizinho eletropositivo confere mais caráter p ao mesmo orbital híbrido. A maioria dos elementos representativos custumam fazer AOs híbridos do tipo sp³. Mais caráter s significa: Um lobo menor, de energia mais baixa e de forma mais arredondada. Aumento em caráter p significa: Lobo maior, energia elevada e a simetria fica mais fora do centro atômico. Caso o átomo central de um complexo dispor de um par de elétrons não ligantes, o caráter s deste AO fica elevado. Assim, os elétrons aproximam-se ao núcleo, mais do que um orbital de alto catáter p, então uma situação energeticamente favorável. Aplicando a regra de Bent em nosso exemplo: a ligação com o fluoreto, elemento muito eletronegativo, aumenta o caráter s no orbital híbrido do Si. Um lobo menor do orbital do Si pode também ser interpretado como eletrofilia elevada (= atração dos elétrons). Também importante para a reatividade do silício é a fácil troca de ligantes - muito pelo contrário ao seu homólogo mais leve, o carbono. Observam-se trocas do tipo: R + F- R R Si W R - F- R Si F Si R F- W- , para depois estabelecer o equilíbrio: W Si F Preparo do catalisador principal da GTP, o sililacetal de ceteno: δ+ Si δ− H Silano Si O O OR Éster α,β−insaturado (geralmente idêntico com o monômero) OR Sililcetenoacetal (= Iniciador da polimerização) Este iniciador ainda requer de uma ativação. O papel de co-catalisador toma geralmente o fluoreto, mas pode ser também o cianeto, acetato ou similar. Ativação do catalisador: 838 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O Si(CH3)3 OCH3 F F- O Si(CH3)3 OCH3 Complexo aniônico, centro reativo da GTP Neste complexo aniônico, então, esperamos um silício mais eletrofílico, prestes a complexar o oxigênio do grupo carboxila. Mecanismo da propagação: Observe que a molécula de metilmetacrilato (MMA) posiciona-se em frente do complexo catalisador: F OCH3 Si(CH3)3 OCH3 F O OCH3 Si(CH3)3 MMA O O Excepcionalmente, o estado de transição, entre o catalisador ativado e o monômero MMA, é mais provavelmente um ciclo de 8 membros. - F OCH3 O Si(CH3)3 OCH3 O OCH3 O - F Si(CH3)3 OCH3 OCH3 O F OCH3 O O Para mais clareza, mais uma vez o complexo ativado junto com o movimento dos elétrons: Base H3CO H3C O Si CH3 CH3 O OCH3 Complexo ativado 839 Si(CH3)3 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica E assim vai: a complexação do próximo monômero MMA (aproximação da frente) leva ao elongamento da cadeia carbônica, sempre sob a transferência do grupo aniônico/eletrofílico de silil para frente: O O F OCH3 MMA Si(CH3)3 - OCH3 - OCH3 O F OCH3 Si(CH3)3 O OCH3 O - OCH3 O OCH3 F Si(CH3)3 O OCH3 O OCH3 O OCH3 O - OCH3 O F Si(CH3)3 Cada mudança do grupo trimetilsilil, para o final da cadeia em crescimento, reproduz ao mesmo tempo o grupo ativo, o trimetilsililcetenoacetal. Término: A formação do polímero PMMA prossegue, sob baixa energia de ativação, até oferecer uma base de Lewis que se liga pronta e irreversivelmente ao silício eletrofílico. Essa base pode ser metanol ou, conforme o esquema a seguir, até cloreto. Essa etapa representa então o término do crescimento. 840 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica - OCH3 O O OCH3 O n OCH3 OCH3 F O OCH3 O H Cl F OCH3 Si(CH3)3 O n + H Si(CH3)3 Cl OCH3 O OCH3 O OCH3 n O PMMA Quais são as vantagens da GTP? Como já foi elucidado na p. 167, o caráter aniônico do complexo ativado impede a aproximação de outras olefinas a não ser o monômero MMA. Além disso, não se observe a transferência do centro reativo a outros monômeros ou cadeias em crescimento. Essas são as características de uma "living polymerization" (= polimerização viva), com a consequência de um controle rigoroso da massa molar. Todas as cadeias de PMMA começam crescer no momento que o sililcetenoacetal foi acrescentado e terminam de crescer quando acrescentar a base de Lewis. A uniformidade dos tamanhos das cadeias poliméricas é então muito alta; também podemos exprimir com o índice de polimolecularidade (ver nota de rodapé 100 na p. 175), Pw/Pn → 1. Para a maioria das aplicações esse PMMA mostra-se superior, ao de polimerização radicalar ou catiônico, onde Pw/Pn sempre fica acima de 1,6. Mas ainda tem outras vantagens: • Essa polimerização pode ser feita à temperatura ambiente, com catalisador especial, [Bu4N+ Ph-COO-], até a +80°C. Isso é uma vantagem sobre as "polimerizações vivas" clássicas (definição ver nota de rodapé 98 na p. 173) que tipicamente requerem uma refrigeração cara, a -78 °C. • Podem ser construidos polímeros "telequélicos 508", isto é, de arquitectura esférica, com pontos de ramificação em posições definidas e comprimentos dos galhos controlados. • É mais fácil de se obter copolímeros randômicos, já que os diferentes monômeros mostram pouca diferença em reatividade frente o silício eletrofílico. 508 D.Y. Sogah, O.W. Webster, Telechelic polymers by group transfer polymerization, J.Polym.Sci. Polym.Lett.Ed. 21 (1983) 927. 841 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A mistura reacional é estável ao ar seco (bem que não tolera traços de umidade!). DMF pode ser usado como solvente; assim, a viscosidade da mistura sempre fica baixa e o controle do processo de polimerização e homogeneização ficam fáceis. • Tem-se tolerância frente outros grupos funcionais, especialmente frente grupos laterais do tipo vinil. Sob outras formas de catálise esses iriam polimerizar, também, levando a polímeros ramificados e, finalmente, a materiais duroplásticos. O fato de se produzir pré-polímeros de PMMA com grupos vinílicos lateriais 509 abre o caminho para construir polímeros enxertados. Exemplo de um co-monômero que permite a construção de polímeros enxertados: • • O O Desvantagens e restrições: • Somente pode ser aplicado aos monômeros acrilatos e metacrilatos (a não ser a aldeídos, conforme descrito logo a seguir). Note que a GTP do próprio ácido (met)acrílico não funciona, mas é necessário de se usar os ésteres dos mesmos. • A GTP está mais cara do que a polimerização radicalar. • A GTP requer condições rigorosamente secas; isto implica: reagentes e monômeros altamente puros. Embora de inúmeros campos de aplicação, este material acrílico - cujos custos são ainda elevados - se aprovou especialmente como emulgador para pigmentos, coloridos e preto, em tintas para impressoras de jato 510. Polimerização GTP de Aldol A catálise por organossilanos não se restringe aos derivados do ácido acrílico, mas se estendem aos aldeídos, também. Daí encontramos com uma velha conhecida, a condensação aldólica (ver cap. 6.1.1). Trata-se de um método moderno 511 de polimerizar aldeídos, pelo seguinte caminho (por fim de mais clareza o sililenoléter foi representado sem grupo em posição β). 509 Neste contexto se justifica usar a expressão "macro-monômero", porque cada um destes pré-polímeros de PMMA pode ser submetido à polimerização posterior, aproveitando dos seus grupos vinílicos lateriais. 510 O.W.Webster, The discovery and commercialization of Group Transfer Polymerization, J.Polym.Sci. A: Polym.Chem. 38 (2000) 2855-60. 511 D.Y. Sogah, O.W. Webster, Sequential silyl aldol condensation in controlled synthesis of living poly(vinyl alcohol) precursors, Macromolecules 19 (1986) 1775. Monografia: ver nota de rodapé 507, na p. 837. 842 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica δ− ZnBr2 ZnBr2 δ+ O O SiMe2t-Bu (F- ou AcO-) SiMe2t-Bu O O O O SiMe2t-Bu O ZnBr2 O catalisador aqui é então o ácido de Lewis de força moderada, o brometo de zinco. O sililenoléter, por outro lado, pode ser considerado reagente: como vemos a seguir, ele está sendo consumido durante a polirreação, portanto não deve ser chamado de "catalisador". O estado de transição cíclico envolve 6 membros, numa conformação de assento especialmente vantajosa. Para realizar a propagação, uma nova molécula de sililenoléter aproxima-se da frente. O grupo silil sempre se muda para a penúltima posição, enquanto o zinco está migrando para o final da cadeia em crescimento. O SiMe2t-Bu O ZnBr2 O SiMe2t-Bu O SiMe2t-Bu O SiMe2t-Bu O ZnBr2 O produto final, após hidrólise, é um polivinilálcool. Lembre-se que este polímero não é acessível a partir do "vinilálcool" livre: este monômero não existe em concentração suficiente, porque sua forma tautomérica, o aldeído, é bem mais estável (ver p. 78). Portanto, esse polímero não pode ser obtido diretamente a partir do seu monômero raciofuncional. É indispensável estabilizá-lo na forma enólica, por meio de um éster (vinilacetato, geralmente) ou, conforme visto aqui, como sililenoléter. Características da polimerização aldólica: • Um co-catalisador aniônico (geralmente F- ou AcO-) deve ser acrescentado em quantidades não superior a 5 mol%, em relação ao reagente organossilício. Se não se corre o perigo de deslocar e perder o grupo silil irreversivelmente. • As velocidades são inferiores à da polimerização radicalar, por aproximadamente uma ordem de grandeza. • Em muitos casos a polimerização radicalar representa concorrência. O desenvolvimento mais recente de ambas as técnicas, a GTP de monômeros acrílicos e a polimerização aldólica, é o uso de compostos organossilício que não requerem mais da catálise por ácidos de Lewis. Trata-se de compostos cíclicos onde o Si faz parte de um 843 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica pequeno ciclo (de 4 membros) que está sob tensão, portanto sendo mais reativo do que um composto não-cíclico 512. A ativação do silício por fluoretos, por outro lado, continua. F O Si OCH3 - F O Si OCH3 Novo monômero para polimerização aldólica 10.10 Exercícios de Química Orgânica dos Elementos Representativos 1) Os organometálicos dos metais de transição Cu, Ag, Au e Zn, Cd, Hg, têm mais semelhança com a reatividade dos organometálicos dos grupos representativos, do que com os demais metais de transição. Explique porquê. (pp. 679 e 748) 2) O que se entende por “eletronegatividade de grupos”? Quais são os fatores estrurais que influenciam na polaridade da ligação M-C? (pp. 683 e 684) 3) Considere a estabilidade M-C: a) em comparação às ligações C-H e C-C. b) em comparação às ligações M-O e M-N. c) os metais de uma família em comparação. (p. 687) 4) Sob quais condições, eletrônicas e estruturais, podemos esperar compostos organometálicos inertes? Quais são as condições para reação rápida destes compostos? (p. 690) 5) Entre as sínteses dos organometálicos se destacam as reações de troca de metal. Certamente, as sínteses mais aplicadas são a metatese (7) e a transmetalação (5). E a mais surpreendente é a reação de troca halogênio-metal, descrita no cap. !!! como síntese No. 8. a) Anote o esquema geral desta síntese e cite os pontos que são surpreendente nesta estratégia. b) Como se explica o andamento desta reação? c) Quais são as reações paralelas e quais as medidas para mantê-las num nível mínimo? (p. 700) 6) O que são bases de Lochmann-Schlosser? (pp. 702 e 714) 7) Os organometálicos mais polares, inclusive os compostos organolítio, decompõem éteres que não servem, por este motivo, como solventes para estes organometálicos e somente sob 512 www.joe-harrity.staff.shef.ac.uk/meetings/strainreleaseLewisacidreview.pdf; acesso em dezembro de 2010. 844 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica restrições como meio reacional nas sínteses onde se aplica estes reagentes organometálicos. Indique os esquemas reacionais. (p. 715) 8) Mencione vantagens e desvantagens dos reagentes clássicos de Grignard, R-MgX. reagentes organolítio, em comparação aos (p. 435) 9) Na página 750 foi mencionada a vantagem do reagente de Corey-House de não fazer acomplamento. Qual seria, caso contrário, o produto paralelo da seguinte síntese: Cl Li CuCl Li - LiCl (C6H5)2 CuLi (H3C)3C Cl 10) Formule o mecanismo da reação de Hosomi-Sakurai, feita com uma cetona. C(CH3)3 (p. 829) 11) Formule a homologação de Seyferth, a partir do diazometilfosfonato e benzaldeído. (p. 784). 12) O tratamento de uma α-bromocetona com trialquilfosfina, em solvente prótico, leva ao desalogenamento ou seja, a uma redução seletiva, fornecendo a cetona (p. 792). Formule o mecanismo desta reação. O PR3 + Br R´OH R - R´Br O PR3 O + R 13) Para treinar as representações estereográficas, formule o mecanismo da adição do alilsilano E ao aldeído, em analogia à Figura 48, na p. 823. 14) Formule o mecanismo da alilação da benzamina (= amina primária), conforme apresentada na p. 828. 10.11 Respostas aos exercícios de Química Orgânica dos Elementos Representativos 1) Os orbitais do tipo d destes metais são completos, com 10 elétrons. Quando um tipo de orbital está vazio, cheio pela metade ou completo, isso significa que seu nível energético fica baixo. Elétrons de valência em níveis energéticos baixos significa inércia do composto, porque estes dificilmente se oferecem para fazer ligações com ligantes. Ao mesmo tempo, o nível dos E.V. do tipo s nestes metais fica elevado – ao contrário dos demais metais de transição (onde temos o “par inerte de elétrons s”). São estes E.V. que determinam a química, que fazem ligações s com ligantes (orgânicos). Isso é em analogia aos metais representativos e portanto, os compostos de Cu, Zn, Cd e Hg mostram uma química muito semelhante à dos elementos representativos. 845 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 2) Nos complexos organometálicos da fórmula geral { LnM-CR3 ↔ [LnM]+ [CR3]- } usamos a eletronegatividade dos grupos LnM e CR3, para estimar a polaridade da ligação MC de maneira acurata. No grupo orgânico, CR3 devem ser respeitadas, além da eletronegatividade atômica do carbono: A hibridação do carbono ligado ao metal. Quanto maior o caráter s, maior a EN do carbono. Isso implica maior ∆EN(M-C) e um aumento na estabilidade termodinâmica da ligação. Influência dos vizinhos indiretos, R: doadores de elétrons abaixam EN(C) e enfraquecem a ligação M-C, retiradores aumentam EN(C) e aumentam a estabilidade termodinâmica da ligação M-C. No grupo metálico, LnM, os seguintes fatores influenciam na EN(M): A carga do íon metálico (NOX): Quanto maior o NOX do metal, maior o efeito atrativo do núcleo aos elétrons na sua esfera coordenativa. Isto é, EN(M) aumenta. Mesmo que a EN(M) se aproxima assim à EN(C), podemos afirmar que a ligação M-C se torna mais covalente e mais estável. Os efeitos eletrônicos, indutivo e mesomêrico, dos ligantes L. doadores de elétrons σ ou π aumentam a EN(M) e assim enfraquecem a ligação M-C. Destes dois efeitos doadores, a disponibilidade de pares de elétrons não ligantes no ligante L geralmente implica o maior efeito doador (efeito M), do que sua eletronegatividade (efeito I). 3) A maioria dos metais representativos faz uma ligação com o vizinho carbono de alto caráter covalente (σ), tendo alguma polaridade permanente do tipo Mδ+-Cδ−. Somente os metais alcalinos (Na, K, Ca, Sr, etc., mas não: Li e Mg!) estebelecem ligações iônicas com grupos orgânicos. a) Sua força, geralmente expressa pela entalpia de dissociação homolítica, ela é inferior à das entalpias puramente covalentes de C-H ou C-C. b) Ela é também inferior do que a ligação iônica de M-O ou M-N. c) Dentro de um grupo de metais ainda observa-se a seguinte tendência: do elemento do 2º período se espera uma ligação forte com o carbono. Já com os elementos mais pesados a ligação com o carbono é fraca. Isso tem a ver com o diferente tamanho dos orbitais exteriores destes elementos. A regra diz: maior estabilidade de ligações entre elementos com orbitais do mesmo tamanho, isto quer dizer, do mesmo período. Assim se entende também que a ligação M-C fica cada vez mais fraca com os metais mais pesados. 4) Os complexos inertes têm como característica um ou mais dos seguintes critérios satisfeitos: Camada de elétrons de valência (E.V.) completa. A saturação de E.V. está atingida, no caso de metais representativos com 8 E.V., no caso de metais de transição com 18 E.V. Esfera coordenativa em volta do metal está fechada. Essa situação é geralmente satisfeita com altos números de coordenação (NC). 846 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Ligantes volumosos também contribuem à inércia do complexo, desde que estes ligantes não deixam vagas na esfera coordantiva do metal e satisfazem o metal com suficientes E.V. Condições para alta reatividade, quer dizer, baixa energia de ativação, reações espontâneas e rápidas: Número de E.V. incompleto, isto é, menos de 8 E.V.em complexos com metais representativos e menos de 18 E.V. em complexos de metais de transição. Acesso livre em um MO aceitador do complexo, isto é, o LUMO é de baixo nível. Daí nucleófilos e/ou radicais do ambiente podem ligar-se ao metal e induzir reações. Presença de pontes do tipo 2e3c. Estas ligações são deficientes em elétrons e de baixa estabilidade. A reação com qualquer nucleófilo é fácil. Por outro lado, quando a camada de E.V. do complexo é completa e ao mesmo tempo um para de elétrons não ligantes estiver presente, a reatividade também é alta. Esta vez o HOMO do complexo recebe voluntariamente eletrófilos. Quando o grupo alquila do organometálico tem um hidrogênio em posição β, ao mesmo tempo o metal dispõe de um orbital aceitador (LUMO) de baixo nível energético. Isso leva à eliminação β, uma das reações mais típicos dos organometálicos. Uma eliminação β ocorre especialmente fácil quando segue um mecanismo sincronizado. 5 a) É a reação entre um reagente organolítio e um substrato de haleto de arila. R-Li + Ar-X R-X + Ar-Li , onde X = Br, I; em vez de Ar pode ser também metila) Os pontos mais surpreendentes desta síntese: 1. O grupo R sofre uma “Umpolung”, de δ- no reagente organolítio, para δ+ no produto que é um haleto. 2. O substrato, um haleto aromático, também sofre “Umpolung”, de Arδ+ em Arδ-. 3. A estabilidade termodinâmica do produto, o organometálico Ar-M, não é grande. Ele por si é um reagente bstante reativo. Um haleto orgânico R´X se transforma em um organometálico R´M, embora a é apenas moderada. b) A explicação do funcionamento desta troca é a maior estabilidade carbaniônica de Ar (carbono sp²), em comparação ao R (carbono sp³). Além disso, o LUMO do substrato Ar-X é de baixa energia. Isso facilita o ataque pelo metal nucleofílico que é, ao mesmo tempo, redutor. Não há grande impedimento cinético. c) Reações paralelas: formação de Ar-R e de X-Ar-Li (posição preferida: orto). Como a reação principal é de baixa Ea, então temperatura baixa durante sua execução desfavorece somente as reações paralelas cujas energias de ativação sãõ mais altas. 6) As superbases de Lochmann-Schlosser são as bases mais fortes que se conhecem hoje. 847 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica São carbânions praticamente livres que se consegue, a partir dos compostos alquila de lítio, por sua vez com alto caráter covalente, trocando o Li por um metal mais polarizante (Na ou K). O resultado é o sal {alquila- K+}. Elas são aplicadas em ambiente não prótico, porque em qualquer ambiente prótico o próprio ânion Solv- do solvente Solv-H representa geralmente a base mais forte (e mais abundante) do sistema. Uma base de Lochmann-Schlosser iria ganhar imediatamente o próton deste solvente. 7) Os reagentes organometálicos, além de ser fontes de nucleófilos muito fortes, são bases extremamente fortes. Sendo assim, ocorre a desprotonação do éter e leva a reações consecutivas, com o resultado da quebra do éter. Os produtos geralmente são um hidrocarboneto (insaturado, por ser o resultado de uma eliminação) e outro composto alcóxido do metal. Há duas possibilidades de desprotonar: em posição β, H R - M+ + ´R CH α O β C H2 Eliminação β R´´ R-H + R´-CH=CH2 + ou então em posição α do éter. Neste caso segue imediatamente um rearranjo: > -60 °C O O Li n-BuLi CH H2C=CH2 + - n-BuH lento Rearranjo de W ittig R´´O- M+ OLi H 8) Vantagens: Os compostos RLi têm menor tendência de transferir um hidreto da posição β do grupo carbanóide, para o substrat com o carbono eletrofílico. Não precisa reprimir essa reação paralela, não há necessidade da presença de um ácido de Lewis. Menos perda de reagente por reações paralelas. Melhores rendimentos na reação com cetonas com grupos R de alto impedimento estérico; Na reação com substratos carbonilados α,β-insaturados eles rendem mais aduto 1,2 e menos o aduto 1,4 (= orientação Michael, p. 520), em comparação ao reagente R-MgX (essa seletividade pode ser completamente invertido ao converter RLi em R2CuLi, ver p. !!!). Seu manuseio é mais seguro, por serem menos pirofóricos (reação com água e oxigênio é mais devagar do que em outros organometálicos. Por outro lado, extremamente perigoso é o trabalho com AlR3). Muitos são suficientemente solúveis em hidrocarbonetos (= solvente mais barato). Desvantagens: Compostos R-Li são mais reativos, eles também reagem (embora devagar) com éteres. Li é o metal mais caro do que o Mg. 848 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 9) Bifenil. 10) Reação Hosomi-Sakurai, feita com uma cetona. δ− Br2Zn O δ+ (p. 829) R R´ CH2 F- SiR3 11) Homologação de Seyferth: A reação é feita no banho de acetona e gelo seco (-78 °C): N N O O + (MeO)2P N N KOt-Bu, THF C -78 °C N N C até temp.amb. - N2 C H H 12) A redução de α-halocetonas com PR3 ou P(OR)3 é bastante relacionada à reação de Michaelis-Arbusov. Porém, não leva à formação de uma nova ligação P-C, mas a um complexo intermediário que consiste de um íon de halofosfônio e um enolato. O tratamento com solvente prótico fornece a fosfina oxigenada e, após a tautomeria ceto-enólica, a cetona. 849 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O Br PR3 + O- Br + PR3 R R + R´OH - R´O- + R´OH OH HBr + R´ O O R PR3 R SN O R´Br + PR3 A dificuldade na formulação deste mecanismo é evidentemente a etapa inicial: o ataque nucleofílico do fósforo (III) ao bromo e não ao oxigênio do grupo carbonila. Note que nesta posição do substrato o bromo pode ser considerado pobre em elétrons. 13) Mecanismo e estereoquímica da adição do alilsilano E ao aldeído, em analogia à Figura 48, na p. 823. Impedimento espacial Alilsilano E: H3C A+ O H H H R H3C CH2SiR3 H3C HO R H = H H A+ H R O R H H H CH2SiR3 CH2 OH OH H3C H CH CH2 = R CH3 treo 14) Mecanismo da alilação de uma amina primária, conforme apresentada na p. 828: 850 A. Isenmann 1) 2) Ph Ph Princípios da Síntese Orgânica NH3 + NH [H+] H2C O - H2O XSi(CH3)3 CH2 Ph NH CH2 íon imínio 1 Ph NH + XSi(CH3)3 X- = ânion do ácido ou solvente CH2 + 1´) Ph + NH H2C O H Ph - H2O N íon imínio 2 X3) Ph N X Ph N 851 A. Isenmann 11 Princípios da Síntese Orgânica Compostos diazo, azo e diazônio As três expressões no título são muito parecidas, portanto devemos definir nitidamente seu significado. Compostos diazo (também diazocompostos) Compostos azo (também azo-compostos) Compostos de diazônio (também sais de diazônio) R R C N N C N N R R N N R N N R R X- (Não mostrados nestas fórmulas: os pares de elétrons não-ligantes; ver as fórmulas mais completas na p. 868). Além destas, usaremos a expressão "diazotamento", para a criação do sal de diazônio, a partir de amina primária. Compostos diazo têm então um grupo N2 terminal, enquanto os compostos azo tem o mesmo grupo no meio da molécula. A reatividade destes dois compostos, embora da grande semelhança composicional, é muito grande: os compostos azo têm alta estabilidade e geralmente uma vida de prateleira infinita; os compostos diazo, por outro lado, são extremamente reativos, especialmente os alifáticos. Somente podem ser usados quando produzidos in situ, quase sempre sob refrigeração. Isso claramente é devido ao seu caráter zwitteriônico (explicação ver notas de rodapé 73 na p. 147; 436 e 437 na p. 779). Embora a molécula não tem carga por fora, ela não pode ser escrita sem cargas localizadas. Observamos que o nitrogênio do meio é o centro positivo, enquanto o carbono e o nitrogênio final compartilham a carga negativa. Como será discutido a seguir, isso explica as reatividades diferenciadas desta espécie. Finalmente temos os sais de diazônio, onde as cargas são mais bem fixadas. O nitrogênio adjacente ao carbono tem uma carga positiva, ele não tem par de elétrons livres, além de ser um átomo de eletronegatividade elevada (EN 3,0; ver tabela no anexo 2 deste livro). Todos os três argumentos mostram na mesma direção: o grupo -N2+ é o retirador de elétrons mais forte do laboratório. Consequentemente, os sais de diazônio são de elevada reatividade, também. Este capítulo é apresentado em duas secções: compostos aromáticos (mais estáveis) e alifáticos (mais reativos). Compostos contendo o grupo N2, em outros contextos: • Iniciador de radicais (p. 55) • Gerador de carbeno (pp. 214 e 222) • Cicloadição 1,3-dipolar (p. 251) • Nitrosamento de aromáticos (p. 290) 852 A. Isenmann • • • • • • • Princípios da Síntese Orgânica SN aromática fornecendo éster (p. 383) Gerador de ceteno (p. 387) Redução do composto azo para hidrazo (p. 618) Oxidação do composto azo (p. 669) Etino a partir de cetona (pp. 784 e 803) Ativação de alcoóis para reações SN (p. 796) Gerador de ilídeo (p. 802) Além disso, encontram-se dois diagramas de vista geral sobre as sínteses e reações dos sais de diazônio, no anexo 2 deste livro. 11.1 Síntese e reações dos compostos aromáticos contendo o grupo N2 11.1.1 Preparo dos sais de diazônio aromáticos Sais de diazônio aromáticos são reagentes muito versáteis, tanto no laboratório quanto em escala industrial. Eles reagem em pelo menos 5 diferentes maneiras (ver lista na p. 855). Os sais de diazônio são altamente reativos, portanto são produzidos in situ, a partir de aminas aromáticas primárias (= anilinas; Ar1-NH2), por tratamento com um agente nitrosante, isto é, uma fonte do nitrosil cátion, [N≡O]+. Ar NH2 Anilina "NO+" Diazotamento Ar N2 + + H2 O Os sistemas mais comuns, geradores do nitrosil cátion, são: • Nitrito de sódio e um ácido mineral, geralmente ácido clorídrico, 3 a 5 mol.L-1 • N2O3 • Éster do ácido nitroso, R-ONO (por exemplo, nitrito de amila). 514 513 . . Para o mecanismo do diazotamento, recorra à p. 290. Os sais de diazônio (na maioria das vezes cloretos de diazônio) são obtidos como solução aquosa; eles geralmente não podem ser isolados nem purificados por ser muito instáveis, reativos ou até explosivos. Portanto, sempre estão preparados in situ e a baixas temperaturas (banho de gelo de 0 °C), para evitar uma decomposição precoce. A solução do sal de diazônio geralmente é moderadamente ácida: ou o sistema foi acidificado com HCl ou foi empregado o cloreto de anilínio, em vez da anilina livre no diazotamento. Esse último método traz vantagens preparativas, já que o ArNH3+Cl- é de manuseio mais fácil 513 As pesquisas de J.H. Ridd revelaram que a espécie nitrosante pode ser formulada como [N≡O]+ Cl- ou como O=N-Cl. Na fórmula covalente o grupo nitrosil tem o papel de "pseudo-halogênio"; em vez do Cl- também funcionam NO2-, Br-, HSO4-, SCN-, entre outros. 514 N2O3 é um gás que aparece azul quando dissolvido em solventes orgânicos. No laboratório é produzido ao gotejar HNO3 de concentração média, em cima de granalhas de Cu. 853 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica do que a anilina livre (é um sólido não volátil, fácil de pesar, fácil de purificar), além disso, é completamente solúvel em ambiente aquoso. Os cloretos de diazônio, mais ainda os nitratos e percloratos de diazônio, na forma sólida são extremamente sensíveis ao impacto e explodem! Quem realmente precisa isolar esse sal reativo, pode diazotar uma pequena quantidade de anilina com nitrito de etila, EtONO, em etanol/HCl. Após a adição de dietiléter os cristais de Ar-N2+ Cl- se precipitam. Por outro lado, ao trabalhar em ambiente aquoso, acidificado com HBF4, podem-se obter os tetrafluoroboratos de diazônio que são consideravelmente mais estáveis e podem ser isolados sem perigo. Além dos tetrafluoroboratos conhecem-se mais dois sais de diazônio relativamente estáveis: Ar N N BF4- Ar N N 2 ZnCl42- Ar Sais do ácido p-toluenossulfônico Sal duplo com cloreto de zinco Tetrafluoroborato N N OTs- Atenção: aminas secundárias, do tipo N-metilanilina, não completam o diazotamento. Como ilustrado na p. 290, o nitrosamento pára na etapa da nitrosamina 515. Em caso da nitrosamina aromática pode-se até observar uma reação consecutiva conhecida como rearranjo de Fischer-Hepp: N NH CH3 "HNO2" N O N CH3 O NH ° CH3 Fischer-Hepp 11.1.2 Reações dos sais de diazônio Em muitos livros de síntese orgânica as reações dos sais de diazônio são classificadas como aquelas que liberam nitrogênio e outras, onde o grupo N2 permanece na molécula. Para atender o conceito principal deste livro, a reatividade química, uma divisão das reações segundo seus mecanismos seria mais coerente. Sob este citério ficará mais evidente quais as condições reacionais a serem aplicadas. Eis são: 515 A amina secundária é um grupo bastante comum em macromoléculas biológicas, por exemplo, contido no aminoácido prolina. Em seres vivos, comprovadamente nos estômagos de roedores, as nitrosaminas são formadas e agem como substâncias bastante cancerígenas. Portanto, deve-se repensar criticamente o consumo do conservante nitrito de sódio, por sua vez bastante aplicado em produtos embutidos de carne de porco, isto é, em bacom, salsichas e linguiças. No entanto, esse aditivo é completamente dispensável nos alimentos, já que seu papel é somente proporcionar uma bonita cor vermelha (a carne de porco pega facilmente uma cor cinza, ao ser exposta ao oxigênio ou ambiente ácido). 854 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 1. Os sais de Ar-N2+ são eletrófilos para a SE aromática; a maioria dos corantes azo, Ar1N=N-Ar2, são obtidos por este caminho. 2. Reações redox no sal de diazônio. A fenilidrazina, bastante usada na química analítica, é feita por esta rota. 3. Reações ácido-base com o sal de diazônio. O produto é bastante instável e pode explodir. 4. O grupo -N2+ é um excelente abandonador, dando espaço para uma grande variedade de nucleófilos a serem ligados com bastante facilidade ao anel aromático. Isso pode ocorrer via fenil cátion ou via arina (faz reações eletrocíclicas, entre outras). 5. Os sais de Ar-N2+ são fontes do radical fenil. Este reage com alquenos ou aromáticos, pobres em elétrons. Como pode ser visto desta lista - que é longe de ser completa - existem várias possibilidades de reagir. Muitas sínteses são afetadas por produtos paralelos porque os sais de diazônio são substâncias tão reativas. Qual caminho reacional eles andam - isto depende basicamente das condições aplicadas. Um resumo tabelárico das transformações em Ar-N2+ se encontra no anexo 2 deste livro. 11.1.3 O sal de diazônio como agente eletrofílico A qualidade do sal de diazônio como eletrófilo é comparável com a do próprio nitrosil cátion que foi usado na sua síntese. O centro eletrofílico é o nitrogênio terminal (segunda fórmula de ressonância da mesomeria, ver em baixo). Isto não é evidente a partir da estrutura eletrônica, porque nesta fórmula o segundo N fica com apenas 6 elétrons de valência que é muito desfavorável. Porém, o átomo de nitrogênio diretamente ligado ao anel fenílico não tem mais valências livres, então não é disposto a fazer outras ligações covalentes (lembre-se que nenhum elemento do 2° período que faz mais de 4 ligações!). Ar N N Ar N N Reação com o ânion cianeto Formam-se os isômeros geométricos cis e trans do diazocianeto. Os primeiros se formam sob controle cinético (ver p. 323), enquanto os últimos são termodinamicamente mais estáveis. Ar N2 + + CN CN - e N N Ar CN N N Ar Substituição eletrofílica aromática, "Acoplamento azo" O acoplamento azo que já foi apresentado na p. 288 é a mais importante reação desta classe. Deve-se adicionar um composto aromático rico em elétrons, ou seja, um composto ativado para reações com eletrófilos. 855 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O sal de diazônio, Ar-N2+, é um eletrófilo relativamente fraco, mas consegue acoplar sob condições moderadamente básicas. Dois exemplos: Ar N2+ + C6H5O- N N OH orto e para Ar N2+ + C6H5 N(CH3)2 N N N(CH3)2 para Os produtos são todos coloridos e representam hoje a mais importante classe de corantes orgânicos. Certamente, um dos motivos principais para seu sucesso é a diversidade combinatória (expressão definida em contexto da reação de Ugi, p. 417) que permite o ajuste modular das cores, através da estrutura molecular, dentro de uma larga faixa. O alto brilho e a estabilidade dos corantes azo em cima da fibra téxtil são outros pontos fortes destes materiais. Corantes de importância industrial são o alaranjado de metila e o vermelho do Congo (ver abaixo). Um aumento da polarização, ao longo de todo o sistema conjugado, provocado por grupos doadores de elétrons de um lado e retiradores de outro lado da molécula, geralmente se anota por uma mudança batocrómica do grupo cromóforo, isto é, um deslocamento do máximo de absorção para energias mais baixas. A consequência é uma mudança da cor da luz absorvida. Atenção: o nosso olho sempre anota a cor complementar à da absorvida (compare última tabela, no anexo 2 deste livro). Numa mudança batocromica, isto significa que um deslocamento de εmax para a região da luz vermelha deixa o corante aparecer mais azul ou verde. Para a maioria das aplicações em tecidos têxteis uma mudança da cor em dependência do pH é adversária. Por outro lado, exatamente isso é o efeito procurado e exigido de um bom indicador de pH. Sendo assim, o laranjado de metila é um dos nossos indicadores de pH mais utilizados, com faixa de virada em pH 3,1 a 4,4 (de vermelho para alaranjado-amarelado). 856 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica N SO3 N(CH3)2 N Alaranjado de metila NH2 NH2 N N N N Vermelho do Congo (no meio ácido: azul) SO3 SO3 Já o acoplamento do sal de diazônio com a própria anilina mostra desvios reacionais do esquema apresentado. Sob controle cinético (isto é, temperaturas baixas e meio neutro) observa-se a formação de diazoaminobenzeno (= triazeno; "acoplamento N"), enquanto sob controle termodinâmico (equilíbrio!) o produto principal é o p-amino-azobenzeno, sendo catalisado por ácidos minerais. + N2 NH2 + [H +] Controle termodinâmico H2N N N p-Aminoazobenzeno "Acoplamento C" Controle cinético NH N N Diazoaminobenzeno "Acoplamento N" Surpreendentemente simples é a síntese do diazoaminobenzeno: aplica-se à solução de cloreto de anilínio (0 °C) tanto nitrito de sódio até que a metade da anilina fique diazotada. Daí basta acrescentar acetato de sódio para executar o "acoplamento N". Note que, para a maioria das aplicações, o acoplamento N é o caminho indesejado e o acoplamento C a reação proposicional. Com enóis/enolatos ocorre a reação análoga à dos fenóis/fenóxidos. A prevalência é o acoplamento com o carbono em posição β. Embora o oxigênio do enolato represente o centro nucleofílico duro que reage mais voluntariamente com o eletrófilo duro, Ar-N2+, o produto de um "acoplamento O" levaria à formação do composto Ar-N=N-O-CH=CH2. Essa fórmula contém uma ligação N-O bastante fraca, portanto este produto tem pouca estabilidade termodinâmica. A preferência ganha, portanto, o caminho do acoplamento C que leva ao produto indicado no esquema a seguir. 857 A. Isenmann OH Princípios da Síntese Orgânica Ar O ou O N2+ Ar β α N N CH2 C 11.1.4 Redução com NaHSO3 Apenas uma oxidorredução envolvendo um sal de diazônio seja apresentada neste lugar, por fornecer um produto de grande utilidade na química analítica: a reação com bissulfito, levando à fenilidrazina. A primeira etapa desta reação é análoga à reação com cianeto (ver acima), mas em seguida se diferencia por ser sujeito de um desproporcionamento (= oxidorredução intramolecular): o grupo de sulfito é oxidado para o sulfato, o grupo diazo reduzido à hidrazina. Ar N2+ + HSO3- Ar N N SO3H Red. Ox. [HCl] Ar NH NH2 2+ SO4 Esta é a famosa síntese de fenilidrazina segundo E. Fischer (Berlim 1875; prêmio Nobel em 1902 pelos trabalhos pioneiros na química de açúcares). Mecanismo: Não só a simplicidade na preparação, mas também o mecanismo desta redução é remarcável. A solução do sal de diazônio é tratada com sulfito de sódio de determinada concentração, então ocorre a troca do cloreto pelo enxofre(IV) que representa o nucleófilo melhor. O sulfito de diazônio sofre rearranjo para diazossulfonato. Ar N N] Cl- + Na2SO3 - NaCl Ar N N] NaSO3- o Ar N N SO3- Na A adição de ácido clorídrico provoca em seguida a liberação de ácido sulfuroso (o reagente NaHSO3 geralmente se aplica em grande excesso) que aciona como redutor, então ataca o grupo azo e reduz o diazossulfonato ao fenilidrazinassulfonato de sódio. Ar N N SO3- Na + 2 H Redução Ar N N SO3- Na H H Finalmente, em virtude de aumentar a concentração do HCl e a temperatura, o grupo sulfonila é abstraído e a fenilidrazina protonada precipita-se. Ar NH NH SO3- Na + H OH [HCl] Ar NH NH3] Cl- + NaHSO4 858 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A fenilidrazina livre se consegue, a partir do sal precipitado, tratando-o com a quantidade calculada de soda cáustica em solução. Uma das aplicações tradicionais de fenilidrazina - especialmente da 2,4-dinitrofenilidrazina, é a analítica qualitativa. Sua reação rápida e completa com aldeídos e cetonas (ambos são líquidos) leva à 2,4-dinitrofenilhidrazona, um derivado sólido de cor avermelhada e de baixa solubilidade. Este pode ser facilmente recristalizado e caracterizado pelo ponto de fusão. Com ajuda de extensas listas dos pontos de fusão destes 2,4-dinitrofenilidrazonas, é possível identificar o aldeído / a cetona de partida. 11.1.5 Reação com bases de Brønsted Na sua função como nucleófilo e base o hidróxido reage em duas etapas com o sal de diazônio. Através do diazoidróxido se forma, ao aumentar cuidadosamente o pH, o diazotato: K2 K1 ArN2+ + OH - Ar N N OH Diazoidróxido Ar + OH- Ar N N O- + H2O Diazotato N N O N N Ar Diazoanidrido Verificou-se que a constante K2 > K1. Isto faz com que o diazoidróxido apresente-se apenas em traços. Ele nunca foi comprovado diretamente, portanto está referido no esquema entre parênteses. O cátion diazônio e o ânion diazotato podem se juntar, formando o diazoanidrido em uma reação reversível. Eles se precipitam a partir da solução concentrada, em forma de cristais pouco estáveis e altamente sensíveis ao impacto(!). Uma aplicação interessante dos diazoanidridos é a arilação de Gomberg (ver p. 866). Reação com o ânion da azida O ânion azida, N3-, faz parte da família dos "pseudo-haletos". Este nome se explica com uma série de qualidades químicas que se conhece dos haletos X-. As características mais marcantes são: • formação do dimero eletrofílico X2 • formação de dimeros mistos, os “interhalogênios” • formação do ácido HX • reposição reversível em complexos de metais de transição • baixa solubilidade dos seus sais com metais pesados, Outros pseudo-haletos são: 859 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Cianeto CN-, tiocianato OCN-, isotiocianato CNO-, rodanato (= tiocianato) SCN- 516. Mas em um ponto as azidas são bem diferentes: Azidas de metais são explosivas! Especialmente as dos metais pesados. Ao expor o sal de diazônio dissolvido, aos ânions de azida, N3-, se obtém fenilazida. Ar N N + N3- Ar N N N N N Diazoazida - N2 Ar N N N Fenilazida Por muito tempo se acreditou que a diazoazida seja o único composto intermediário. Mas pelo menos uma parte percorre outro caminho. Experimentos com marcação radioativa de 15N e o estudo cinético revelou que se forma também o pentazol de arila, um anel heteroaromático onde todos(!) os carbonos foram substituídos por nitrogênios: Ar N N + N3- N Ar N N N N ArN3 + N2 Fenilpentazol Mais tarde essa extravagância de laboratório foi comprovada, em forma de pentazol de arila que foi isolado a temperaturas entre –20 e 0 °C (Huisgen, 1975). Parece desnecessário mencionar que o composto isolado como cristal é altamente sensível ao impacto. Reação de Japp-Klingemann A reação apresentada a seguir 517 encaixaria tematicamente em três diferentes lugares neste livro: nas condensações de compostos carbonílicos duplamente ativados (cap. 6.5), na apresentação das hidrazonas (p. 411) e, especialmente, nas reações reversas da condensação carbonílica, "quebra de ácido" e "quebra de cetona" (p. 462). O fato de que envolve uma etapa com ataque eletrofílico a um sal de diazônio aromático, todavia, justifica sua discussão aqui. Nesta reação o sal de diazônio procura como eletrófilo, o enolato de um β-cetoéster ou βcetoácido. Como o composto 1,3-dicarbonilado tém acidez C-H elevada, é possível desprotoná-lo a alta porcentagem em ambiente aquoso alcalino. Após a quebra característica do esqueleto carbônico resulta uma hidrazona 518. 516 O tiocianato, aliás, é um excelente catalisador do diazotamento de anilinas, em geral, é catalisador de nitrosamentos de aminas. Este é um fato com relevância para nossa saúde, já que a saliva humana contém o tiocianato. Assim podem formar-se, a partir de nitritos contidos em alimentos industrializados de origem animal (salsichas vermelhas) e aminas segundárias de certas proteínas, as nitrosaminas (p. 290) que são comprovadamente carcinogênicas. 517 R.R. Phillips, Org. React. 10 (1959) 143; G.A. Reynolds, J.A. VanAllen, Org. Syn. Coll. Vol. 4 (1963) 633 (acessível pelo site http://www.orgsyn.org/orgsyn/prep.asp?prep=cv4p0633) 518 Em algumas sínteses mais complexas de heterociclos pode-se aproveitar da hidrazona formada intermediariamente. A seguir mostrado um exemplo onde um simples aquecimento em ambiente fortemente ácido fornece um corante do tipo indol, uma variação da clássica síntese de indol de Fischer: 860 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Exemplo 1: reação com β-cetoácido. O O R1 + OH Ar N N O [OH-] N R1 R2 NH Ar + CO2 R2 Hidrazona Exemplo 2: reação com β-cetoéster. O O R1 OR3 + Ar [OH-] N N O Ar R2 N H N O + R3 R1 R2 OH Mecanismo: Em primeira etapa ocorre a desprotonação do β-cetoácido/β-cetoéster. O ânion enolato ataca o sal de diazônio, formando um composto azo. Em alguns casos conseguiram isolar este intermediário. Mas geralmente ocorre, sob aquecimento brando, a quebra característica do composto 1,3-dicarbonilado. No caso do composto azo proveniente do β-cetoácido (exemplo 1) prevalece a "quebra de cetona", enquanto no β-cetoéster se observe a "quebra de ácido". Explicação: no segundo exemplo, a hidrólise do éster é muito devagar ou até isento, enquanto operar em ambiente alcalino. Uma "quebra de cetona" onde se libera CO2, porém, somente funciona quando se tem um grupo -COOH ou -COO- livre. Portanto, o único caminho possível, embora energeticamente menos vantajoso, é a "quebra de ácido" (= reversa da condensação carbonílica), levando ao coproduto de ácido carboxílico, em vez do CO2. Detalhes ver p. 462. Após a quebra característica basta uma troca de próton (rápida), levando ao produto final, uma hidrazona de cadeia carbônica mais curta. Mostrando este mecanismo, para o exemplo 1: O O O O OEt Ph N2+ NaOH Ph N H N OH H2SO4 OEt OO ∆ O N OEt H Derivado do indol 861 A. Isenmann O R1 R2 O R1 R2 Princípios da Síntese Orgânica O O O [OH-] OR3 H O R1 Ar N N N N - OR3 [OH-] Ar OH O O R1 R2 N N OR3 R1 OR3 R2 N Composto azo N Ar (pouco estável) OR3 R2 Enolato O O "Quebra de ácido" ∆ O O R1 OH + R2 N Ar OR3 N Ar ~H R2 O R1 O + + O- HN OR3 N Ar Coproduto: Produto principal: carboxilato hidrazona Note que a hidrazona final desta síntese é de elevada estabilidade, devido ao sistema conjugado de duplas ligações, N=N-C=O. Por isso, a síntese funciona bem, não obstante se o grupo R2 seja um carbono ou um hidrogênio 519. Um composto com a mesma estrutura de ressonância, contida num composto diazo estável, está apresentado na p. 872. 11.1.6 Sais de diazônio como geradores do fenil cátion Cozimento de fenol Ao aquecer uma solução aquosa ácida do sal de diazônio a mais ou menos 70 °C, ocorre o desprendimento de nitrogênio e forma-se fenol. Estudos extensos desta reação comprovaram a existência de fenil cátions. Eles têm um orbital sp² vazio e são muito reativos: C6H5N2+ H+ / H2O + H2O ∆ : - N2 - H+ OH Este é método mais popular, para introduzir o grupo hidroxila no anel aromático. 519 R.E. Brownman, T.G. Goodburn, A.A. Reynolds, J.Chem.Soc., Perkin Trans.1 1972, 1121; M.D. Meyer, L.I. Kruse, J.Org.Chem. 49 (1984) 3195-9. 862 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reação de Schiemann A reação direta de aromáticos com F2 não funciona por causa da alta reatividade do halogênio (ver p. 296). Uma mistura de produtos perfluorados, isto é, adição repetitiva de flúor ao anel, sob perda da aromaticidade, seria a inevitável consequência. Também a substituição nucleofílica de um grupo funcional por F- geralmente falha porque o fluoreto não é um nucleófilo forte; sob as condições aplicadas ele é mais fraco do que os demais haletos (ver p. 43). Além do mais, a maioria dos aromáticos faz preferencialmente substituição eletrofílica e não quer saber de nucleófilos. Contudo, a reação de Schiemann é a melhor estratégia para o preparo de compostos aromáticos fluorados: Ar N2+ BF4- ∆ Ar F + BF3 + N2 Em vez de trabalhar em solução (onde há concorrência do OH-, ver cozimento de fenol, logo em cima) se aquece o sólido tetrafluoroborato de diazônio. Essa pirólise não é particularmente perigosa e pode também ser feita com quantidades maiores de tetrafluoroborato de diazônio. 11.1.7 Sais de diazônio como geradores de arinas O grupo diazônio é provavelmente o mais forte retirador de elétrons que existe no anel aromático. Ele age com os efeitos –M e –I (ver p. 318). Uma consequência é que o hidrogênio em posição vizinha torna-se ácido. Este efeito é muito mais pronunciado do que em haletos de arila (ver p. 330). Com bases apropriadas se consegue a desprotonação do anel em posição α, seguida pela abstração de N2. Formalmente isto é uma eliminação β, o produto é uma arina (= anidrobenzeno = benzina). A maioria das bases é, ao mesmo tempo, nucleófilo e pode então acoplar com o sal de diazônio (p. 855). Em casos especiais podem até funcionar como veículos de elétrons e iniciar reações por radicais (por exemplo, Ph3C-Na+; outros exemplos ver p. 864). Por estas razões o caminho reacional via arinas ficou desconhecido por muito tempo. H N N H + Base N N - BaseH+ H - N2 Arina Como já foi elucidado na p. 331, a arina jamais é o produto final, mas reage imediatamente, tanto com eletrófilos quanto com duplas ligações. Para assegurar bom funcionamento neste sentido deve-se evitar solvente aquoso ou alcoólico devido a reações iônicas. Como então aplicar a base? A resposta é: uma suspensão de acetato de potássio anidro e tetrafluoroborato de diazônio, em benzeno. O acetato de potássio, quando usado na forma anidra, é uma base bastante forte. Compare a discussão (controversa) da sua basicidade e sua aplicação na reação de Perkin, p. 485. 863 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Um exemplo preparativo: este sistema, na presença de antraceno, reage prontamento formando tripticeno. As posições 9 e 10 do antraceno são mais reativos do que as demais posições nos anéis laterais; o mecanismo desta ciclização é sincronizado, do tipo Diels-Alder [2 + 4], com a arina de dienófilo: N2+ BF4- Antraceno, AcO- K+ (anidro) ∆ , [C6H6] Tripticeno A reação também funciona neste sentido quando a anilina é tratada com nitrito de arila, na presença de pequena quantidade de ácido acético glacial e KOAc em benzeno. O número de aplicações deste processo até hoje é pequeno. 11.1.8 Reações radicalares do sal de diazônio Os haletos e pseudo-haletos de diazônio podem gerar, sob as condições apresentadas a seguir, radicais arilas, Ar•. Podemos explicar essa reatividade por duas maneiras: reação de acoplamento, seguida pela quebra homolítica do composto azo covalente, transferência direta de elétrons (SET). Uma distinção na maioria dos casos não é possível. A transferência de elétrons é catalisada por metais de transição paramagnéticos, tipicamente usados em sistemas redox de iniciadores de radicais. Mais utilizado é o sal de Cu(I). C6H5 N2+ + Y- C6H5 N N Y Composto azo SET Catalisador de Cu C6H5 + N2 + Y Reação com iodeto, azida, rodanato, arsenito e tiocarbonato ArN2+ I- [Cu(I)] - N2 Ar + I Ar I 864 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica As reações com N3-, SCN-, AsO33- e EtO-C(=S)-S- ocorrem de maneira análoga, porém os seus mecanismos podem desviar um do outro 520. O penúltimo ânion leva ao ácido fenilarsônico e a síntese é conhecida como reação de Bart (1910); com o último ânion se obtêm xantatos aromáticos (ver trambém p. 146) que não são acessíveis por outros caminhos. Reações de Sandmeyer Ao gotejar uma solução aquosa de cloreto de fenildiazônio, em uma solução morna de HCl contendo o sal CuCl, forma-se prontamente clorobenzeno. Essa reação ocorre por via radicalar, seguindo uma cinética em cadeia. O catalisador é mais uma vez Cu(I) 521. Propagação: ArN2+ 1) - Cl +1 + CuCl Ar - N2 +2 + CuCl2 +1 2) Ar + CuCl2 Ar Cl + CuCl De maneira análoga podem ser preparados Ar-Br, Ar-NO2 e Ar-CN, a partir dos brometos, nitritos e cianetos de diazônio, respectivamente. A catálise nestes casos é por CuBr, CuNO2 e CuCN, respectivamente. Nota-se que a aplicação do cianeto, CN-, é uma estratégia importante na química preparativa, pois leva a uma nova ligação C-C; o esqueleto carbônico do substrato fica ampliado por unidade e o novo carbono tem NOX do ácido carboxílico. Arilação de Meerwein A cadeia reacional da reação de Sandmeyer pode desviar do esquema ilustrado acima, especialmente quando estiverem presentes alquenos pobres em elétrons ou aromáticos ativados por retiradores de elétrons: Ar + δ+ H2C CH CN Ar CH2 CH CN Acrilonitrila CuX2 X Ar CH2 CH CN / Ar CH CH CN + HX Como substratos também podem ser usados ésteres e cetonas α,β-insaturados, que igualmente contêm uma dupla ligação de baixa densidade eletrônica (= sistemas Michael, ver p. 518). 520 E.S.Lewis, J.Am.Chem.Soc. 84 (1962) 3847. Uma outra interessante aplicação deste catalisador é descrita na p. 220, com o reagente de Gaspar-Roth; lá está (des)ativando o diazometano, para efetuar ciclopropanações seletivas. 521 865 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Desdiazotamento redutivo Uma outra variação da reação de Sandmeyer se obtém ao adicionar uma classe especial de doadores de hidrogênio (atenção: não de hidreto!). Os seguintes compostos têm a capacidade de desprender um radical de hidrogênio: H +1 P(OH)2 Ácido hipofosforoso -1 CH2 O CH2 H3C -1 Tetraidrofurano, THF CH OH Álcool H Catalisadores continuam sendo os sais de Cu(I) e/ou bases. A síntese mostra uma cinética típica de reação em cadeia. Propagação: 1) Ar + H Y Ar 2) Y + ArN2+ Y+ H + + Y Ar + N2 O grupo diazo é reposto por H que corresponde formalmente a uma redução. Novamente estão sendo percorridas etapas de propagação via radical. A iniciação destas etapas requer uma base. Os radicais, Y•, representam bons sustentadores da cadeia e, ao mesmo tempo, doadores de elétrons (= redutores), já que todos os substratos indicados acima contêm um átomo central de baixo NOX. Arilação de Gomberg Ao tratar uma solução aquosa do sal de diazônio com NaOH (diluída) se formam diazoanidridos (ver p. 859). São compostos de baixa polaridade e portanto solúveis em solventes orgânicos. Ao oferecer benzeno como segunda fase no sistema os diazoanidridos migram para a fase benzênica, onde sofrem quebra homolítica. Assim, a arilação de Gomberg (também referida como Gomberg-Bachmann) é uma reação radicalar, mas não mostra uma cinética em cadeia. 866 A. Isenmann 2 ArN2+ + Princípios da Síntese Orgânica 2 OH- Ar N N O N N Ar + H2O Diazoanidrido Ar N N O N N Ar Ar + [benzeno] Ar rápido + N2 + O N N Ar Ar C6H6 H Complexo σ Ar + O N N Ar Ar + Ar Ar N N O N N Ar + H2O N N OH H 2 Ar N N OH A realização desta reação em laboratório é muito simples; a arilação de Gomberg funciona também com quantidades maiores, sem perigo de explosão. Pela sua natureza a arilação de Gomberg somente serve para produzir biarilas simétricas. Para acessar as biarilas assimétricas pode-se aproveitar igualmente dos sais de diazônio. Daí se trabalha de preferência sob catálise de Pd(II), então é uma reação da família "Heck", ver p. 306. Darses 522 relatou do acesso com médios a bons rendimentos, modificando o acoplamento de Suzuki (p. 306) ao substituir os grupos retiradores de elétrons clássicos, -Br, -I ou -OTs, pelo mais forte retirador, o grupo diazônio. O outro componente aromático de acoplamento é tipicamente um éster do ácido bórico. HO X N2+ BF4 - B + HO Catalisador Pd(OAc) 2 Y [Dioxano] X Y X = Me, OMe, CO2Et, COPh, Br Y = H, OMe, Cl, F A tolerância dos grupos X e Y é grande; suas posições podem ser em para, meta e até orto, em relação ao grupo diazônio. Ainda não fica claro se essa reação envolve etapas radicalares. Arilação de aromáticos por N-nitroso-acetanilida Esta reação pode ser entendida melhor com conhecimento do mecanismo da reação de nitrosoamidas com soda cáustica, apresentada nas reações dos compostos azo alifáticos (p. 869). Com agentes nitrosantes fortes (N2O3, NOCl, N2O4) se consegue até nitrosar acetanilida cujo nitrogênio é de baixa basicidade. 522 S.Darses, T.Jeffery, J.P.Genet, Tetrahedron Lett. 37 (1996) 3857-60. 867 A. Isenmann C6H5 N H C Princípios da Síntese Orgânica CH3 O NO N2O3 AcOH , AcOAc C6H5 N C CH3 O O produto, uma N-nitroso amida, tem estabilidade surpreendentemente alta. Pode ser precipitado com água e pode ser isolado a frio ou em forma da sua solução benzênica anidra. Porém, ao aumentar a temperatura ligeiramente (30 a 50 °C), ocorre a arilação do benzeno. Mecanismo: N O N O Ar Ar N C CH3 Ar N C CH3 N2+ + OOC CH3 O O Em seguida tem-se um ciclo degradativo que em grande parte corresponde ao que acontece na arilação de Gomberg. 11.2 Compostos diazo alifáticos 11.2.1 Estrutura e propriedades de diazoalcanos Como foi mostrado no último item os sais de diazônio aromáticos são bastante instáveis. Já os compostos diazo e sais de diazônio alifáticos são muito menos estáveis ainda, pois não existe nenhuma estabilização da ligação C-N por mesomeria aromática. Para complicar a situação mais ainda, existem outras três classes de compostos diazo que são isômeros dos diazoalcanos: R R R C N N C N N C N N C N N R R R R R Diazoalcano Isômeros estruturais: R C N N R Diaziridina R C N N R R C N N Nitrilimina R C N NR2 Isodiazometano (isonitrilamina) O diazometano é um gás amarelo (Teb = -23 °C), altamente perigoso por ser tóxico e explosivo. Portanto, é geralmente usado em forma de solução etérica e somente em 868 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica quantidades pequenas. É conhecido como agente mais poderoso de metilação (ver aplicação a seguir neste capítulo e na p. 383). 11.2.2 Preparo de diazoalcanos Como pode ser visto na mesomeria acima, o diazoalcano somente pode ser representado em forma zwitter-iônica. Isto parcialmente já explica sua alta reatividade. E uma outra conclusão é possível, ao olhar nas fórmulas de ressonância do diazoalcano: o carbono na maioria das reações tem o papel de nucleófilo. Isto pode ser confirmado abaixo (p. 875). Existe uma série de sínteses de diazoalcanos, das quais as 8 mais viáveis são apresentadas a seguir: • Decomposição controlada de nitrosamidas, • Diazometano via Diazald, • Via óxido mesitila, método de Kenner, • Diazometano via diclorometileno, método de Staudinger, • Diazoacetato a partir do éster da glicina, • Síntese de Bamford-Stevens, • Difenildiazometano por oxidação seletiva de hidrazonas, usando HgO, • Transferência do grupo diazo para grupos metilenos ativados. Decomposição controlada de nitrosamidas A reação de nitrosamidas com álcali em água/etanol é hoje o método padrão de produzir diazometano (e assim o carbeno, ver p. 216). Na primeira etapa forma-se o diazotato que em seguida perde seu grupo hidroxila (sem formar o diazoanidrido, conforme observado no análogo aromático descrito na p. 859). Sob as condições aplicadas forma-se finalmente o diazometano por desprotonação. H3C NH C R O + H2O H3C Com R = -OC2H5 R = -NH2 R = -alquila N2O3 + - H NO H3C N C N N OH O - OH- R OH- H3C N N ODiazotato - RCOOH H3C N N Sal de metildiazônio + OH- - H2O H2C N2 Diazometano Nitrosometiluretano Nitrosometiluréia Nitrosacilalquilamina Um excelente resultado obtem-se a partir da metilamida de "tosila": 869 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica NO H3C N NO SO2 CH3 , simplificado: H3C N Ts N-nitroso-metil-p-toluenossulfonamida "Diazald" Este derivado nitroso é menos instável do que os outros e pode até ser armazenado (no freezer!). O método mais viável e seguro de produzir pequenas quantidades de diazometano é então a partir da tosilmetilnitrosamida, dissolvida em dietiléter que reage com uma solução de KOH a uma temperatura perto de +60 °C (!). Nesta condição o Diazald se decompõe de maneira controlada, o produto é diazometano, um gás altíssimamente reativo e com perigo de explodir. Como se trabalha acima da temperatura da ebulição do dietiléter, o diazometano logo após a sua geração é removido da zona quente. Dentro da aparatura fechada é levado pelo solvente etérico a uma zona de resfriamento (-75 °C; banho de gelo seco em acetona) e conduzido de maneira segura ao balão onde se encontra o substrato a ser metilado (conforme descrito na p. 875). NO Ts N CH3 KOH aq. Et2O Diglime -75 °C H2CN2 A seguinte aparatura, comercialmente disponível como kit de reagente, juntas, balões e outras peças, é adequada para esta finalidade: Figura 51. Diazald para o preparo de pequenas quantidades de diazometano (< 50 mmol) 523 Parte à esquerda: decomposição térmica do Diazald em Et2O; Parte à direita: reservatório da solução etérica do diazometano, refrigerado por dentro usando gelo seco/acetona. Bocal na parte inferior, para balão com o substrato a ser metilado. Dois avisos devem ser feitos neste contexto: 523 Uma revisão sobre a preparação e as reações de diazometano se encontra em: Aldrichim. Acta 16, 3 (1983) O uso da vidraria do Diazald, ver Th. J. de Boer, H. J. Backer, Org.Syn., Coll. Vol. 4, 250 (1963), acessível pelo site www.orgsyn.org 870 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 1. Diazometano é muito tóxico e perigoso. Ele sempre deve ser manuseado em solução etérica porque na forma pura é um gás altamente explosivo. 2. O Diazald, como todos os compostos nitrosos, é muito cancerígeno. O diazometano produzido por este método representa o agente mais poderoso de metilação. Pode ser usado, por exemplo, para produzir um éster estericamente impedido, a partir do carboxilato, R-COO- (compare p. 875 e 383). Método segundo Kenner H3C C CH C CH3 + CH3NH2 H3C H3C O Óxido de mesitila N2O3 O C CH2 C CH3 NH CH3 H3C H3C CH3 H O C CH C CH3 ON N CH3 Base- Óxido de mesitila H3C N N O etc. A primeira etapa é uma adição de Michael, na qual o β-C do óxido de mesitila recebe o nucleófilo que é, no caso, a metilamina. O melhor resultado se obtém em ambiente moderadamente ácido. O produto é uma amina secunária que na segunda etapa pode ser atacada pelo agente nitrosilante forte, N2O3 (ver p. 853). Resulta assim o composto nitroso a partir do qual o metildiazotato pode ser liberado. A terceira etapa requer uma base de força média a alta (pode ser usado o cicloexóxido) e pode ser vista como “quebra de Michael” porque se recupera o óxido de mesitila. Desta forma o óxido de mesitila tem apenas o papel de catalisador. Na prática, porém, deve-se usar quantidades estequiométricas porque não vale a pena recuperar o óxido de mesitila (barato!) após a segunda etapa reacional. A quarta etapa é a decomposição do diazotato, idêntica com o caminho descrito na p. 869. O método de Kenner é útil, especialmente para preparar diazoalcanos maiores, a partir da respectiva amina primária. Diazometano segundo Staudinger A partir de clorofórmio em NaOH se consegue o diclorometileno que por sua vez adiciona hidrazina. Na última etapa são abstraídos dois HCl com apoio da base que está presente em alta concentração. Sobre o mecanismo desta última etapa se sabe pouco (inter/intramolecular?). CHCl3 NaOH [ CCl2 ] H2N NH2 H Cl C NH NH2 Cl [OH-] - 2 HCl H2CN2 871 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Diazoacetato a partir do éster da glicina O α-aminoácido mais simples é a glicina, H2N-CH2-COOH. Seus ésteres podem ser submetidos ao diazotamento da seguinte maneira: H3CO C CH2 NaNO2 NH2 Tampão de acetato H2O / CH2Cl2 O α H3CO C CH2 N2 + O - H+ Sal de diazônio (dupla ativação do grupo metileno) H3CO C CH N2 O Diazoacetato de metila As condições reacionais são extraordinariamente suaves, o meio é tamponado de pH levemente ácido. De maneira semelhante a outras aminas alifáticas forma-se o íon de diazônio (ver p. 35). Mas existem diferenças em reatividade deste produto, em comparação aos sais de diazônio de aminas simples: 1. O nitrogênio não se desprende espontaneamente, o que ocorre com os sais simples de diazônio, especialmente fácil quando submetido a ácidos. 2. O sal de diazônio que se forma intermediariamente pode ser facilmente desprotonado, o que não é o caso nos sais simples ou nas nitrosamidas (p. 869) que requerem meios alcalinos mais fortes. Explicação: O sal de diazônio a partir de glicina contém um grupo metileno (posição α), rodeado por dois retiradores de elétrons fortes. Assim, ele tem uma acidez elevada - maior ainda do que os compostos carbonílicos duplamente ativados que foram apresentados no cap. 6.5. Tampão de acetato (ou carbonato de sódio) já é suficiente para sua desprotonação. O diazoacetato, uma vez formado, é extraído imediatamente para a fase de cloreto de metileno onde fica estável e seguro. Hoje em dia a solução de diazoacetato de etila é comercialmente disponível (caro). Em geral, os compostos diazo recebem bastante estabilização quando tiver um grupo retirador de elétrons na vizinhança. fórmula geral: EWG-CH=N2 . Retirador neste caso: o grupo do éster. Lembre-se das fórmulas mesoméricas na p. 868, onde o carbono do diazometano tem carga negativa. Então é o grupo EWG que alivia o carbono da alta carga negativa e contribui assim à sua estabilização. O manuseio dos compostos diazo torna-se mais seguro 524. Mais estável ainda devem ser então os compostos diazo que contêm dois grupos retiradores de elétrons, do tipo (EWG)2C=N2. Neste sentido seja apresentado o diazomalonéster, (EtOOC)2C=N2, que recebe estabilização por dois grupos ésteres. Ele se mantém até em solução de ácido sulfúrico diluído (!). Sob estas condições está lentamente protonado, porém isso ocorre de preferência no oxigênio: N N N H5C2 O O C CH C O N Ceto-enol H5C2 O C OC2H5 O OH C C OC2H5 Diazomalonéster protonado 524 V.F. Ferreira, L.O.R. Pereira, M.C.B.V. Souza, A.C. Cunha, Compostos alfa -diazo carbonílicos: uma estratégia atraente para a síntese orgânica, Quim. Nova 24 (2001) 540-553. 872 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Igualmente estáveis do que os 1,3-diésteres são os compostos diazo dos 1,3-dicarbonilados (acetilacetona, por exemplo) e β-cetoésteres. Os 1,3-diácidos carboxílicos não reagem neste sentido. Um outro composto α-diazocarbonila foi apresentado como intermediário reativo, na síntese de ceteno (ver p. 387). O diazomalonéster é gerador de um carbeno que reage, conforme descrito no cap. 3.5.1, com alquenos (preferencialmente os pobres em elétrons), formando um derivado do ciclopropano. Até a estereosseletividade desta cicloadição pode ser controlada, usando-se um catalisador de Rh(II), em forma de complexo quelato quiral 525. EtOOC N2 + Ph EtOOC Diazomalonato de dietila Cat: Rh(II) quiral Ph - N2 Estireno COOEt COOEt Encontraremos mais uma vez com os compostos diazo com grupo carbonila em posição α, na discussão da reação de Arndt-Eistert (p. 876). Um acesso alternativo aos compostos diazo carbonilados vem apresentado logo em frente, na p. 874. Síntese de Bamford-Stevens A síntese de Bamford-Stevens tem alguma similaridade mecanística à redução de WolffKishner (p. 605). R CH O + H2N NH SO2 Ar R CH N NH Tosilidrazina BuLi (1mol) - n-Butano R CH N N SO2Ar Tosilidrazona SO2Ar 30 °C R CHN2 + ArSO2- Li+ Li O primeiro produto, a tosilidrazona que se forma por adição de tosilidrazina ao aldeído é bastante estável. Ela não entra em tautomeria com a forma azo porque se trabalha sob condições anidro. Lembre-se que uma tautomeria iria envolver a mudança de um próton, que somente pode ser observado em solução aquosa ou em outro solvente prótico (ver p. 400). Neste caso o tautômero da hidrazona iria desprender rapidamente N2, formando um carbocátion que seria sujeito a rearranjos e levaria a uma série de produtos paralelos. R CH N NH SO2Ar R CH2 N N SO2Ar 525 M.P. Doyle, W. Hu, Enantioselectivity for catalytic cyclopropanation with diazomalonates, ARKIVOC 2003 (vii) 15-22; disponível online: www.arkat-usa.org/get-file/19422/ 873 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Com o butilítio, uma base extremamente forte e pouco nucleofílica, se consegue desprotonar a tosilhidrazona no nitrogênio. Este sal se decompõe acima de 30 °C, liberando o diazoalcano. Oxidação de hidrazonas Uma alternativa ao trabalho com butilítio (que é caro e altamente inflamável!), necessário na síntese de Bamford-Stevens, pode-se usar um agente oxidante bastante suave, o óxido de mercúrio amarelo, HgO. (C6H5)2C O + N2H4 (C6H5)2C N NH2 Hidrazona HgO (amarelo) Et2O (C6H5)2C N2 Difenildiazometano A hidrazona da difenilcetona forma-se com bastante facilidade, a partir de qualquer aldeído/cetona e hidrazina 526. O difenildiazometano é obtido em forma de cristais vermelhos escuros, temperatura de fusão de 30 °C. Este método falha em outras hidrazonas devido à falta de estabilidade dos diazometanos produzidos. Transferência do grupo diazo para grupos metilenos ativados Esta estratégia funciona com tosilazida, Ar-SO2-N3 , um ácido de Lewis, sem efeito como ácido de Brønsted. Ela reage com compostos 1,3-dicarbonilados, cuja característica é uma elevada acidez C-H no grupo metileno (cap. 6.5.1). O malonato de dietila serve como substância modelo. O grupo metileno deste éster é desprotonado por uma base auxiliar, formando o enolato que, por sua vez tem atividade nucleofílica elevada, portanto ataca o nitrogênio eletrofílico da tosilazida. É interessante que a base auxiliar presente na mistura, não forma um complexo ácido-base estável com a tosilazida, mas sim, desprotona o composto biscarbonilado. O subproduto, a tosilamida, é bastante estável – um fato que promove o andamento desta reação. COOEt CH2 COOEt Malonato de dietila Base ArSO2N3 COOEt CN2 COOEt + ArSO2NH2 Tosilamida (estável) (Um acesso alternativo aos compostos diazo com grupo(s) carbonila(s) em posição a foi apresentado na p. 872.) 526 Esta primeira etapa, se for desejado, pode ser revertida ao tratar a hidrazona com HSO3-; esta reação é conhecida como reação de Fischer; a hidrazina pode ser usada então como grupo protetor, para o grupo carbonila. 874 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Através da mesma estratégia foi também sintetizado o diazociclopentadieno (muito sensível ao impacto!). Lembre-se que o ciclopentadieno representa igualmente um pseudo-ácido C-H (p. 538). CH2 H + Et2NH C - Et2NH2+ N N N SO2 CH3 Tosilazida H H + H+ N N N + Base - BaseH- CN2 SO2 + CH3 H N SO2 Base H N N N SO2 CH3 CH3 Diazociclopentadieno 11.3 Reações dos diazoalcanos A reatividade da maioria dos diazoalcanos é extremamente alta; assim, abrem-se diversos caminhos para reações, tanto como nucleófilo (caso mais geral) quanto como eletrófilo (mais raro). 11.3.1 Diazoalcanos como eletrófilo Esterificação de ácidos carboxílicos e eterificação de fenóis A basicidade do carbono no diazometano não é muito alta. Mesmo assim, a acidez dos ácidos carboxílicos e também dos fenóis é suficientemente alta para transferir uma pequena alíquota de prótons para este carbono. Um equilíbrio desvantajoso desta reação de ácido-base não prejudica o progresso da síntese porque o sal de metildiazônio desprende rapida e irreversivelmente N2. Resulta o metil-cátion cuja reatividade é igualmente muito alta (ver p. 46). Assim, a formação do éster é uma etapa rápida e completa. R COOH + CH2N2 RCOO- + CH3N2+ - N2 CH 3+ R COOCH3 De maneira análoga ocorre a eterificação de fenol. É bom lembrar-se que fenóis têm uma acidez elevada, de pKa ≅ 10. Essa síntese é aplicada com sucesso, porém em pequenas escalas, em todos os casos onde uma esterificação/eterificação "convencional" falhou, devido impedimentos estéricos (ver p. 383), 875 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica uma reatividade insuficiente do grupo carboxílico/fenólico ou por falta de um catalisador apropriado na síntese convencional. Hoje se usa preferencialmente o Diazald como fonte do diazometano (p. 869). Eterificação de alcoóis Esta reação somente funciona sob catálise de alcóxidos de alumínio (uma base forte), porque o hidrogênio de alcoóis não tem suficiente acidez (pKa ≥ 17). Sob influência deste catalisador o álcool é desprotonado e reage com o diazoalcano em forma do alcóxido. Para evitar mistura de produtos o alcóxido do catalisador e do substrato (no esquema a seguir: R) devem ser idênticos. ROH [Al(RO)4]- H+ + Al(OR)3 CH2N2 - N2 R OCH3 Esses dois exemplos mostram então que existem duas maneiras de catalisar a reação onde o diazometano represente o componente eletrofílico: por ácidos (que liberam o eletrófilo CH3+ do diazometano) e por bases (que aumentam a nucleofilia com o correagente do diazometano). 11.3.2 Reação do diazoalcano como nucleófilo A reatividade do diazoalcano como nucleófilo é mais pronunciado do que sua reatividade como eletrófilo, como já foi enunciado na p. 869. Diazocetonas segundo Arndt-Eistert O diazoalcano é então um bom nucleófilo, mas sua basicidade não é muito alta, como foi alegado na reação com ácidos carboxílicos na p. 875. Sendo assim, o diazoalcano consegue atacar o carbono positivado do grupo carboxila - especialmente quando este fica na sua forma mais ativada, como cloreto do ácido carboxílico. R COCl + CH2N2 [Et3N] - Et3N*HCl R C CH N2 O Diazocetona 527 As reações de Arndt-Eistert são de grande utilidade preparativa (ver p. 390) devido à relativa estabilidade da diazocetona (ver p. 872), então o trabalho torna-se mais seguro. Mas o mais interessante é uma reação consecutiva, conforme descrita a seguir: A diazocetona perde N2 com bastante facilidade. Após a abstração de N2 pode-se observar um rearranjo de Wolff. Forma-se o ceteno (p. 387) numa reação limpa porque existe somente um grupo R que tem a habilidade de mudar-se para o carbono com sexteto de elétrons; rearranjos dentro do grupo R não ocorrem (ao invés desta, certa ambiguidade se dá na reação discutida na homologação de cetonas, p. 877). O ceteno se caracteriza por ter um carbono de hibridação sp e altamente eletrofílico (ver p. 388). Um ataque por um nucleófilo fornece, portanto, 527 K. Gademann et al., Angew. Chem. Int. Ed. 38 (1999) 1223. 876 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica imediatamente o derivado acilado (via enolato). Sendo assim, a cetona é o agente acilante mais forte que existe. O O + CH2N2 R C Cl O R C CHN2 - HCl R C CH - N2 Diazocetona Rearranjo o de Wolff H O C C Ceteno R + H2O + EtOH O R CH2 O C R CH2 C OEt OH O resultado final é um alongamento da cadeia carbônica por uma unidade metilênica, -CH2-, que foi inserida na penúltima posição - no esboço a unidade em negrito. Um acesso alternativo à diazocetona é a partir da benzila, usando hidrazina e um agente oxidante seletivo, foi descrita na p. 387. Homologação de cetonas As cetonas reagem com diazometano formando epóxidos ou cetonas homólogas. Em qualquer caso a etapa inicial é o ataque do carbono do diazoalcano ao carbono positivado do grupo carbonila. A reação não catalisada pode principalmente fornecer os dois produtos: O 1 O- O R R´ + CH2N2 R´ 1 C CH2 R 2 3 R C CH2 N2+ 2 - N2 3 R O R´ C CH2 R O R C CH2 R´ Sob aspectos preparativos o caminho 2 é mais importante; ele é promovido pela presença de sais ácidos. Em substratos onde R ≠ R´, o grupo metileno é inserido preferencialmente ao lado mais ramificado. Mais correta, do ponto de vista do mecanismo, é a afirmação que o carbono mais substituído se muda para o carbono com sexteto de elétrons. Uma analogia interessante se observa na estereosseletividade da oxidação de Baeyer-Villiger (p. 662), na qual migra igualmente o carbono mais substituído, para o oxigênio de sexteto eletrônico. 877 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A reação não catalisada funciona possivelmente via cicloadição 1,3-dipolar (processo sincronizado, ver pormenores no esquema abaixo), em vez de ser uma reação em sequências. Afinal, os dois produtos concorrentes podem ser explicados por este mecanismo: H C N N H R´ + C R 1,3-dipolo Dipolarófilo O Cicloadição 1,3-dipolar H2C R C R N N N N CH2 R C O O R O O R C CH2 R R C CH2 R Uma aplicação interessante é a reação com cetonas cíclicas; neste caso se obtém um alargamento do ciclo por um carbono (método alternativo de ampliação de cetonas cíclicas via cianidrina, descrita na p. 406): O O- O + CH2N2 CH2 N N - N2 o Rearranjo de Wolff Esta reação funciona especialmente bem sob a influência de BF3 em ambiente anidro (E. Müller). Uma possível explicação para este efeito benéfico poderia ser a ativação da cetona pelo ácido de Lewis. Este complexo faz com que o seu carbono fique mais eletrofílico: R C O R R H BF3 + C N N H CH2 C - N2 R O 878 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica As cetonas têm certa acidez em posição α. Só que ela não é suficientemente alta (pKa ≥ 20) para protonar o diazoalcano. Por este motivo a seguinte reação não funciona: O O O + CH2N2 O O + CH3N 2+ - N2 H3C Enolato CH3 ou não funciona Veja que a transformação de aldeídos em metilcetonas, via reação com diazometano, segue o mesmo caminho que a homologação de cetonas. Mais em geral, diazoalcanos reagem com aldeídos, formando cetonas - uma reação bastante antiga, conhecida como Büchner-CurtiusSchlotterbeck (1885) 528: O R1 CHO + R2 CHN2 R1 - N2 C CH2 R2 Como já visto mais em cima, essa reação não é muito limpa, pois oxiranos podem formar-se, também. 11.3.3 Cicloadições 1,3-dipolares Na terceira e quarta formula de ressonância do diazoalcano na p. 868 pode-se reconhecer o caráter dipolar. Assim, espera-se uma fácil reação com “dipolarófilos” (expressão em analogia ao "dienófilo", usado no cap. 3.5.6), isto é, moléculas com dupla ligação que pode ser ou não polarizada. Um exemplo deste foi mostrado logo acima, com uma cetona de dipolarófilo. Com um alqueno ocorre a cicloadição para um anel de 5 membros contendo dois nitrogênios vizinhos, chamado de pirazolina. As olefinas pobres em elétrons ou olefinas em sistemas cíclicas com tensão anelar têm uma reatividade especialmente alta nesta cicloadição 1,3dipolar (a discussão sistemática dentre as reações eletrocíclicas ver p. 247). CH2 CH2N2 Norborneno N N N CH2 N + H H H 1 ∆ -Pirazolina H [ H+ ] [ H+ ] H H CH N N N CH N H H H H 2 ∆ -Pirazolina 528 C.D.Gutsche, Org.React. 8 (1954) 364; J.B.Bastus, Tetrahedron Lett. 1963, 955. 879 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A cicloadição é uma reação sincronizada de estereoquímica bem definida. Neste exemplo, porém, o dipolarófilo norborneno é altamente simétrico, por isso a orientação do diazometano fica arbitrário. Resultado é um par de enanciômeros de ∆-pirazolinas. Em uma etapa consecutiva pode-se eliminar N2, via ativação térmica ou luz UV. Só que esta etapa envolve birradicais, o que tem por consequência a perda da estereoquímica: H3 C X CH3 CH2 Y CH3 H+ N Y N X Y N H3C HOMO LUMO CH2 X N H3C Y= ∆ ou hν : - N2 H3 C X H3 C Y N ∆2-Pirazolina 1 COOCH3 Et N H3 C ∆ -Pirazolina X = CH2 H3C CH2 ou X CH3 + H2C X CH3 H3C Y CH2 + H2 C Y CH3 Y X CH3 11.3.4 Diazoalcanos como geradores de carbeno Por fotólise, melhor do que por aquecimento (perigo de explodir), os diazoalcanos soltam N2 e se transformam em carbenos (ver também p. 214). CH2N2 ∆ ou hv CH2 Os carbenos apresentam-se no estado singleto ou tripleto, conforme descrito na p. 217. Em qualquer um destes estados eles são muito reativos, portanto pouco seletivos. Isso restringe bastante o sucesso desta rota. As reações principais com alquenos são • a cicloadição na dupla ligação C=C, formando ciclopropano (estrutura importante nos piretróides = inseticidas), • inserção do carbeno em qualquer ligação C-H (problema ilustrado na p. 220). Um exemplo: 880 A. Isenmann H3C CH3 C C H H Princípios da Síntese Orgânica CH2N2 H3C hv CH3 H3 C C C + H CH2 H CH2 H CH2 H H3 C C C + H CH3 H CH2 H Por causa da baixa seletividade esta reação tem poucas aplicações preparativas. Famosa é a síntese do éster de Buchner, o éster do ácido carboxílico de cicloeptatrieno. Éster da Glicina + N2CH COOEt H H H COOEt COOEt hv H Ester de Buchner A última etapa é a abertura do anel de três membros que implica a quebra de uma ligação simples C-C. Geralmente este comportamento se explica com a tensão em pequenos aneis que eleva a energia interna do sistema. Neste caso, no entanto, é possível dar a explicação em termos das regras de Woodward-Hoffmann (ver p. 210): o biciclo intermediário tem no seu anel maior 4 elétrons π que estão em conjugação (embora a sobreposição dos lobos seja má) com a ligação σ em questão. Assim, trata-se de um sistema de 6 elétrons que, segundo as regras, podem fazer um movimento disrotatório termicamente permitido. O equilíbrio desta etapa se estabelece ao lado direito, já que o sistema tem pouca motivação de voltar para o pequeno biciclo tenso. Já a aromaticidade não entra nesta discussão como critério de estabilidade porque nem o biciclo, nem o anel de 7 membros, são aromáticos. As sínteses descritas na p. 877 a diante, igualmente servem para ampliar um anel, a partir de cicloexanona. Esta cetona e seus derivados são compostos comuns e baratos, enquanto os anéis de sete membros são de acesso bastante difícil. O uso de diazoacetato é especialmente indicado, para ampliar o anel de cetonas porque o produto do rearranjo é um composto 1,3dicarbonila do qual se sabe da sua reatividade elevada (ver p. 503). O- O N N CH COOEt COOEt CH N N O COOEt - N2 Existe uma série de agentes complexantes que têm por objetivo o aumento da estereoseletividade do carbeno. Todos eles têm em comum a estabilização do carbeno e então um aumento da sua seletividade. Em sua forma complexada o carbeno, por exemplo, deixa de fazer inserção nas ligações C-H que quase sempre é sinônimo para desvio da rota. Dois destes sistemas já foram apresentados na p. 220, na reação de Simmons-Smith e como reagente de Gaspar-Roth. 881 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 11.4 Exercícios de Compostos Diazo 1a) Indique as fórmulas dos seguintes agentes nitrosantes: N2O3, éster do ácido nitroso, cloreto de nitrosila. b) Como o agente nitrosante reage com aminas secundárias? c) Como o agente nitrosante reage com aminas primárias? 2) Denomine os mais importantes caminhos reacionais dos sais de diazônio aromáticos. 3) Descreva a síntese padrão de fenilidrazina, um importante reagente na analítica de grupos carbonilas e matéria prima para corantes e derivados do indol. 4) O acoplamento azo leva à mais importante classe de corantes orgânicos. Dê a ordem decrescente em reatividade e justifique, avaliando os seguintes compostos: a) Composto a ser diazotado: anilina, benzonitrila, 2,4-dinitroanilina, α-naftol, 4-aminoanisol (= 4-metoxianilina) b) Aromático de acoplamento: anilina, benzonitrila, 2,4-dinitroanilina, α-naftol, anisol (= metilfeniléter = metoxibenzeno). 5) O que acontece ao aquecer um sal de diazônio: a) em solução aquosa de pH 2; b) em solução aquosa de pH 11? 6) O diazoanidrido mostra uma reatividade especial quando trocar o ambiente aquoso para uma fase orgânica apolar. Escreva o mecanismo desta arilação de Gomberg-Bachmann, usando o diazoanidrido de fenila e benzeno como fase apolar. 7) Rascunhe a síntese de: a) Fluorbenzeno a partir da anilina; b) Clorobenzeno a partir da anilina. 8) a) Anote as estruturas de Lewis do diazometano que explicam sua reatividade como espécie nucleofílica b) Indique o centro nucleofílico. 9) O que é Diazald e para que serve? Formule a reação. 10) a) Por que as sínteses de Arndt-Eistert são de grande utilidade preparativa? Formule a reação com fenil ácido acético. b) Proponha uma síntese para obter o mesmo produto do item a, a partir de cloreto de benzila. 11) Formule a reação de diazometano com benzofenona, Ph2C=O. 882 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 11.5 Respostas aos exercícios de Compostos Diazo 1a) N2O3 existe em vários isômeros. A temperaturas mais baixas prevalece uma rede iônica: [ |O N| ]+ - N O O inclolor (no estado sólido) A temperaturas em torno de 0 ° ou acima prevalecem as estruturas covalentes: O O O N e também N O O N N O N N O O incolor (anidrido do ácido nitroso) O azul . Éster do ácido nitroso: R O O N Cloreto de nitrosila (NaNO2 + HCl): O N [O N]+ Cl- ou Cl b) Ar NH + HNO2 Ar NH N O CH3 CH3 Ar - H+ N N O CH3 Nitrosamina A nitrosamina pode sofrer rearranjo de Fischer-Hepp: N N O N O NH CH3 R ° Fischer-Hepp R CH3 c) + HNO2 Ar NH2 Ar N N OH Tautomeria Ar NH2 N O + H+ - H+ Ar N N OH2 Ar - H2O NH N O Ar Ar N N OH N2+ Sal de diazônio 2) As utilidades principais dos sais de diazônio aromáticos são: 1. O sal de diazônio como eletrófilo. 883 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 2. Sais de diazônio como geradores do fenil cátion. 3. Sais de diazônio como geradores de arinas. 4. Reações radicalares do sal de diazônio. 3) Fenilidrazina: por redução do cloreto de fenildiazônio. Síntese: Dissolver cloreto de anilínio em água (levemente ácida), tratar com nitrito de sódia a 0 °C, depois com sulfito de sódio. Forma-se sulfito de diazônio, Ph-N2+HSO3- que torna-se instável ao acrescentar HCl aos poucos: desprende ácido sulfuroso que é forte redutor; redução do grupo diazo e depois, com concentração crescente de HCl, o desprendimento do cloreto de fenilidrazônio (saída o ânion sulfito). Última etapa: neutralização do sal com NaOH (quantidade estequiométrica). Ar N2+ + HSO3- Ar N N SO3H Red. Ox. 1) [HCl] 2) Neutralizar Ar NH NH2 2+ SO4 4) O acoplamento azo é uma substituição eletrofílica no anel aromático. A reatividade no sentido do acoplamento azo aumenta quando o componente de diazônio (= eletrófilo) fica mais pobre em elétrons e o componente de acoplamento, isto é, o anel aromático onde ocorre a SE, é rico em elétrons. Assim, a sequência de reatividade é dada por: a) Componente de diazo: 2,4-dinitroanilina > benzonitrila > anilina > 4-aminoanisol (= 4-metoxianilina) > α-naftol. b) Componente de acoplamento: α-naftol > anisol (= metilfeniléter = metoxibenzeno) > anilina > benzonitrila > 1,3dinitrobenzeno. Atenção com anilina sendo componente de acoplamento: pode ocorrer um "acoplamento N", levando ao composto diazoamino, da unidade estrutural Ar-NH-N=N-Ar. 5) a) Cozimento de fenol: C6H5N2 H+ / H2O + OH ∆ : - N2 b) Formação do diazotato/diazoanidrido: ArN2+ + 2 OH- Ar N N O- + H2O Diazotato + ArN2+ Ar N N O N N Ar Diazoanidrido 6) A arilação de Gomberg-Bachmann fornece bifenil, Ph-Ph, com rendimentos tipicamente de 20%: uma solução de um sal de diazônio é agitada intensamente com benzeno (as fases não se 884 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica misturam, o sistema continua bifásico), enquanto uma soda cáustica diluída é acrescentada aos poucos pelo funil de adição. 2 PhN2+ + 2 OH- Ph N N O N N Ph + H2O Diazoanidrido Ph N N O N N Ar + Ph na fase do benz eno Ph + N2 + O N N Ph Ar C6H6 H Complexo σ Ph + O N N + Ph Ph N N OH H 2 Ph N N OH Ph N2+ + Ph Ph N N O- + N N O N N H2O Ph 7) a) Reação de Schiemann: o aquecimento seco do tetrafluoroborato de diazônio fornece o ∆ Ar N2+ BF4Ar F + BF3 + N2 flúorbenzeno: b) A cloração no anel aromático é mais conveniente via síntese de Sandmeyer (tem outras sínteses menos comuns, por exemplo, o cozimento de fenol, quando feito em ambiente com alta concentração de ácido clorídrico). Caso o substrato aromático tiver um grupo alquila (tolueno, xileno, mesitileno, etc.) a reação de Sandmeyer tem uma clara vantagem sobre uma cloração radicalar usando Cl2 (p. 294). No primeiro caso a cloração no local do grupo diazônio é garantida, enquanto no segundo caso se corre o perigo de clorar o grupo alquila, em vez do anel aromático. HCl aq; catalisador: [CuCl] ArN2+ Cl- N2 8) H Cl H C N N C N N H Ar H Centro nucleofílico 9) 885 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica NO H3C N SO2 CH3 N-nitroso-metil-p-toluenossulfonamida "Diazald" É usado para metilações difíceis, por ser agente metilante mais forte. Por exemplo, temos assim acesso aos ésteres, a partir de carboxilatos blindados ou pouco reativos. Outro exemplo é a síntese de éteres, a partir de fenóis. Em terceiro lugar o diazometano faz cicloadição 1,3dipolar, em compostos com dupla ligação (= dipolarófilo). O alto perigo do diazometano restringe sua aplicação à escala pequena (poucos mmols). R COOH + RCOO- CH2N2 CH3N2+ + - N2 CH 3+ R COOCH3 Exemplo dado: CH3 O + CH2N2 C OH CH3 H3C [ éter ] - N2 CH3 O C OCH3 CH3 H3C 10) a) Com as sínteses de Arndt-Eistert se consegue ampliar o esqueleto carbônico de ácidos carboxílicos, por uma unidade metilênica. Essa unidade -CH2- sempre entra em posição 2, isto é, diretamente ao lado do grupo carboxílico. O Ph CH2 C OH PCl3 ou SOCl2 O Ph CH2 C Cl O O Ph CH2 C + CH2N2 Cl - HCl Ph CH2 C CHN2 Diazocetona - N2 o Rearranjo de Wolff H O C C Ceteno CH2Ph + H2O + EtOH O Ph CH2 CH2 C O PhCH2 OEt CH2 C OH 3-fenil ácido propiônico 886 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica b) Uma simples SN2 usando cianeto leva ao composto ciano que pode ser hidrolisado liberando o 3-fenil ácido propiônico. Ph CH2 Cl KCN em DMSO - KCl Ph CH2 CN + 2 H2O - NH3 Ph CH2 COOH 11) O O CH2N2 - N2 O possível produto de ciclização, com anel de oxirano, é desfavorecido porque se perde a conjugação dos elétrons π, do grupo carbonila com os elétrons π do anel aromático. 887 A. Isenmann 12 Princípios da Síntese Orgânica Anexo 1: Busca de literatura eletrônica Uma biblioteca universitária continua sendo o poço de informação mais rico para os químicos. O maior perigo que uma biblioteca proporciona ao visitante é que ele se perde em outros assuntos do que originalmente o levou à leitura. Infelizmente são pouquíssimas pessoas que têm o privilégio e tempo suficiente para “surfar” pela biblioteca 529. A corrida da nossa vida profissional obriga uma organização direcionada da leitura, muitas vezes feita de forma abrangente/compreensiva - especialmente em casos de patentes. Porém, são dois aspectos positivos que esta prática tem (muitas vezes sendo justificativa do "surfista" 530). Em primeiro lugar, ao pular de maneira aleatória, de um tema para outro que atraiu o interesse, o leitor amplia seu horizonte e consegue globalizar os conhecimentos – além da sua especialização. Além disso, admitamos que muitas invenções e igualmente inúmeros novos conhecimentos foram feitos “por acaso”. Estes acasos podem ter o berço em “perder-se” numa biblioteca. O caminho clássico de busca de literatura da síntese orgânica vem através das referências padrão, disponibilizadas nas grandes bibliotecas. As referências podem ser subdivididas em: 1. monografias (diversos livros avançados, por exemplo Larock 531, Carey-Sundberg 532 e March 533 que indicam muitas referências bibliográficas) 2. obras de referência Beilstein, Houben-Weyl 534 3. enciclopédias Kirk-Othmer 535 e Ullmann´s 536 4. periódicos de temas específicos. A tendência desde uns 10 anos é claramente fornecimento de informação química pela internet. Uma vez somente uma pequena porcentagem de pesquisadores tem acesso fácil às bibliotecas. Aqui no Brasil têm-se poucas destas, e somente nas capitais. Por outro lado, até as melhores coleções de referências do mundo perdem a compreensão do acervo, por causa do drástico aumento de número de trabalhos publicados e por causa da dificuldade relacionada à classificação mais e mais diversificada. Uma expressão deste desenvolvimento é a referência Beilstein que encerrou a publicidade impressa em 1998. 529 A expressão “surfar” é mais utilizada pelos internautas sem rumo. As inúmeras referências cruzadas neste livro, têm por objetivo facilitar o "surfe", para quem está interessado em um entendimento global e consistente da matéria. A maioria das notas de rodapé, por outro lado, têm indicações aos trabalhos originais, onde o conhecimento sobre um assunto pode ser aprofundado, além do escrito em livros didáticos. Para informes rápidos sobre um assunto, por outro lado, o leitor pode tranquilamente pular as referências cruzadas/notas de rodapé. 531 R.C. Larock, Comprehensive Organic Transformations, (2a edição) Wiley-VCH New York 1999 532 F.A. Carey, R.J. Sundberg, Advanced Organic Chemistry, Part A: Structure and Mechanisms; Part B: Reactions and Synthesis, 4a Ed., Kluwer Academic New York 2001 533 J.March, Advanced organic chemistry: reaction, mechanisms, and structure, Edição 6 J.Wiley New York 2007 534 Houben-Weyl, Methoden der Organischen Chemie, é uma obra padrão de referência, organizada em 16 volumes mais suplementos. A obra até 1990 é em língua alemã e depois em inglês. Não há equivalente disponível online. Informações sobre a obra: http://www.indiana.edu/~cheminfo/h-wguide.html 535 Kirk Othmer, Encyclopedia of Chemical Tecnology, Editora Wiley Interscience; Uma tela de busca online é disponível: http://www.mrw.interscience.wiley.com/kirk/kirk_search_fs.html 536 Ullmann´s Encyclopedia of industrial chemistry, Ed. Wiley (descrição da obra e informações úteis, ver http://www.wiley-vch.de/vch/software/ullmann/index.html ) 530 888 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Por tais razões a busca de literatura moderna se concentra aos meios eletrônicos, divulgados pela internet. 12.1 As máquinas globais de busca Um assunto atual ou até popular, dentre a área da síntese orgânica (por exemplo, síntese total de substâncias naturais, fullerenos, nanotubos, síntese assimétrica, catálise de transferência das fases, síntese em ambiente aquoso,...), pode ser facilmente encontrado pelas máquinas de busca da internet, tal como Yahoo, Cadê e especialmente a Google. A última é considerada a mais avançada em termos de velocidade e qualidade das respostas. A máscara principal da www.google.com.br contém um campo onde várias palavras chaves podem ser inseridas. Note-se que o uso de operadores booleanos (AND, OR, NOT,...) não é recomendado nesta máquina; artigos (a, o, um, uma), preposições e palavras de interligação (de, com, que, ao, por,...) devem ser também evitadas. A classificação automática das respostas geralmente fornece o melhor resultado. A Google.com.br disponibiliza, em analogia à Yahoo.com.br, um sistema classificado onde pode ser procurado por informação. Neste caso seria o site http://directory.google.com/Top/Science/Chemistry/Organic/Journals/ que contém informação relevante. Além destes caminhos existem várias formas de restringir a busca a sites específicas, por exemplo somente dentre de um dado domínio ou especificando a língua; também a forma de organização dos resultados da busca pode ser manipulada (por exemplo, os resultados mais novos em primeiro lugar). Este se consegue na página "Avançado", da máquina de busca. Uns exemplos devem esclarecer este ponto: Digite “www.cefetmg.br” no campo específico (acesso via link Pesquisa avançada, na tela inicial da máquina) ou Digite “síntese orgânica aromático site:cefetmg.br”, no campo de busca principal da máquina, ou Digite “síntese orgânica aromático site:.br” ou “síntese orgânica aromático site:.org”, na tela principal da máquina. Os primeiros dois exemplos limitam a busca ao site do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, os últimos dois exemplos às universidades públicas do Brasil e às organizações não-governamentais, respectivamente. Muitos autores científicos publicam seus trabalhos diretamente na internet, muitas vezes nas suas próprias paginas. As máquinas de busca citadas acima geralmente acham estes trabalhos, uma vez que são bem indexadas. Páginas em língua estrangeira hoje em dia não representam grandes obstáculos mais. Um grande número de tradutores online é disponível, entre outros: http://translate google.com/ http://br.babelfish.yahoo.com/ http://pt.thefreedictionary.com/ http://dict.leo.org/ http://www.online-translator.com/ A tradução de páginas e artigos completos por estas máquinas é confortável e rápida. Bem que a qualidade da tradução nem sempre fica boa, portanto recomenda-se, em caso de insuficiências, experimentar uma máquina alternativa. 889 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A maioria das universidades públicas (dentre as brasileiras se destacou especialmente a UFSC) mantém uma página de química bem estruturada, com informações diretas, links importantes ou indicações de buscas específicas. Vale também a pena fazer uma busca nas grandes universidades internacionais, especialmente nas dos Estados Unidos. Por exemplo, na página http://wally.rit.edu/pubs/guides/chemjou.html encontra-se uma compilação muito versátil, já com links, de bancos de dados relacionados à química. Finalmente devem ser citadas as páginas valorosas de química orgânica de acesso livre, tal como: http://www.organic-chemistry.org/Highlights/index.htm . ou os glossários com indicação de trabalhos originais: http://www.chem.qmul.ac.uk/iupac/gtpoc/ ; “Glossary of terms used in physical organic chemistry”. A IUPAC mantém um banco de dados para diversos aspectos, sejam reações de nomes, classes de substâncias e, claro, dicas de nomenclatura, por exemplo: IUPAC CLASS NAMES (1993). IUPAC: Organic Chemistry Division. Glossary of Class Names of Organic Compounds and Reactive Intermediates Based on Structure. IDCNS and public review 537. Também bastante útil é a disponibilização das estratégias mais importantes da síntese orgânica e reagentes mais novos, cada vez mais eficientes e específicos, pelo “Indice de Merck”: http://themerckindex.cambridgesoft.com/TheMerckIndex/NameReactions/ Uma coleção de dados igualmente informativa é mantida na ETH Zürich: http://www.organische-chemie.ch/ que é disponível em inglês, também: www.organicchemistry.org . Especialmente bem organizadas e referidas são as reações de "nome". Tendo em vista a grande quantidade de reações e mecanismos orgânicos, é especialmente confortável de referir-se ao nome do inventor, como inúmeras vezes praticado neste livro. Uma lista atualizada das páginas relevantes à síntese orgânica se encontra na página http://directory.google.com/Top/Science/Chemistry/Organic/Journals/ Um tutorial que acompanha a obra de J. McMurry, Organic Chemistry (edição 5) é a página Organic Chemistry Online, OCOL (www.askthenerd.com/ocol/OCOL.htm). Com muitos exercícios em reações orgânicas, além disso, fornece um treinamento de interpretação de dados espectroscópicos. A página www.organicworldwide.net é abrangente e fornece uma vista geral sobre tendências atuais na síntese orgânica. Uma coleção recente é providenciada pela Royal Society of Chemistry. A estruturação é simples e a busca é confortável, especialmente para quem pretende informar-se logo antes de fazer uma síntese específica: http://cssp.chemspider.com/browse.aspx . Caso a molécula em destaque tenha atividade biológica ou relevância farmacêutica, pode-se achar muitas informações no site www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ , um serviço da biblioteca nacional de medicina dos EUA. 537 Pure Appl. Chem. 67 (1995) 1307-1375. 890 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Essa lista de páginas relevantes é incompleta - uma consequência do desenvolvimento exponencial de sites informativos. Portanto, é indispensável atualizar-se anualmente, ampliando continuamente a lista de páginas favoritas. Geralmente basta entrar com palavraschaves tais como "organic" e "chemistry" na máquina global do Google. 12.2 O portal de periódicos da CAPES O meio mais importante de divulgação aqui no Brasil é oferecido pelo Ministério de Educação, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior (CAPES). As universidades federais e estaduais e os centros federais de pesquisa (Cefet, Embrapa, Petrobras,...) têm convênios que permitem o acesso livre para seus afilhados ao banco de dados, oganizado em patentes, periódicos, monografias e resumos (inglês: abstracts). Infelizmente são poucas instituições particulares que têm este convênio até hoje. Um acesso a partir das plataformas particulares geralmente falha, por causa do acesso restrito. Segue uma descrição resumida das páginas e ferramentas (Compendex, Science Direct, Scirus, O portal da American Chemical Society (ACS), Organic Synthesis, ISI Web of Science, Outras páginas de grandes editoras científicas) que são de maior utilidade para o químico preparativo. 12.2.1 Compendex Uma plataforma confortável que permite uma busca estruturada é a Compendex, acessível no site http://www.engineeringvillage2.org/controller/servlet/Controller?CID=quickSearch&databa se=1 Ela abrange periódicos de todas as áreas da química e engenharia química, desde 1969 até hoje. A base aumenta com cerca de 250.000 novas contribuições anualmente e contém mais de 9 milhões de dados (acesso em 2008). Além de periódicos, a Compendex inclui resumos de conferências e publicações comerciais. A máscara de busca tém três campos para digitar palavras chaves, onde cada uma pode ser restrita a um das 13 classes estruturais do texto (por exemplo: autor, palavras chaves, resumo, título do trabalho, título da revista). O uso de “wildcards” permite buscar somente partes de uma expressão e, além disto, representa mais uma possibilidade de conectar palavras. Exemplos de digitar os termos de busca, usando “wildcards”: a expressão Smith, A* fornece Smith, A.; Smith A.A.; Smith A.B.; Smith, A. Brandon; Smith, Aaron; Smith, Aaron C., etc. A expressão comput* fornece computer, computers, computerize, computerization. A função “auto-stemming” significa que a máquina procura automaticamente a raíz da palavra de busca e propõe ao usuário uma lista de resultados mais citados. Exemplo: a palavra management fornece respostas contendo manage, managed, manager, managers, managing, management. Desta lista o usuário escolha por um simples clique. Para buscar uma expressão fixa, deve usar-se aspas, tal como "solar energy". Lembre-se, de qualquer modo, que mais de 95% da literatura disponível é em inglês, portanto é de suma importância traduzir os termos de busca com carinho. Uma busca com termos errados ou muitas restrições traz poucas respostas (ou nenhuma) e certamente é uma pesquisa incompleta. 891 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Dúvidas frequentemente surgem na busca de nomes de autores. Os primeiros nomes podem ser abreviados ou até ser citados de maneira errada. Nestes casos, o banco de dados oferece um índice (coluna ao lado direito da tela), contendo todos os autores que encaixamno termo requisitado. Através desta lista o nome correto do autor pode ser fácilmente escolhido. A busca na Compendex é especialmente confortável porque a história da sessão atual é armazenada. Cada pedido recebe um número único (#1, #2, #3,...). Estes números, junto com as palavras chaves do pedido e o número das respostas (geralmente são centenas ou milhares), são referidos numa tabela, no fundo da tela principal da Compendex. Somente ao sair do banco de dados, as entradas nesta tabela serão canceladas. Para limitar e selecionar as respostas se oferece então uma combinação posterior das respostas, relacionando estes números entre si pelos operadores booleanos AND, OR ou NOT. Assim, o pesquisador não precisa se preocupar de perder o rumo durante sua busca, pois a história completa da sessão do Compendex é salva durante toda a sessão e pode, além disto, ser salva de forma explicita, para ficar disponível e reproduzível para outros dias ou pessoas. Um serviço de alerta (opcional) manda os resultados mais recentes de uma busca salva, diretamente para a caixa eletrônica do pesquisador. Três exemplos como combinar, refinar e restringir os resultados da busca: (#1 AND #2) (#1 AND #2) OR (#3 AND #4) (#1 OR #3) NOT #2 Finalmente, as respostas podem ser recebidas em diferentes modos: somente os títulos (que é útil para fazer uma seleção preliminar), títulos com resumos ou junto com a completa indicação bibliográfica. Dependendo do periódico, o acesso aos dados pode ser restrito ao título e o resumo. Porém, podemos falar de sorte que a política das editoras é aumentar a porcentagem de artigos de acesso total, representando desde já a maioria dentre a Compendex. 12.2.2 Science Direct A coleção mais confortável e informativa a base de publicações em periódicos, é fornecida pelo conceito Science Direct, um serviço da editora Elsevier, (para mais informações ver http://www.sciencedirect.com/). São referidos cerca de 1800 periódicos científicos. O formato da Science Direct contém – além do texto completo da publicação – os gráficos, tabelas e a literatura de referência em forma de hyperlinks que facilitam a leitura na tela. É claro que, quem opta para uma versão no papel, é possível obter o artigo prontamente formatado, no formato .pdf. A grande vantagem desta máquina é que todas as referências de literatura do artigo aberto são interativas e, caso a referência também é fornecida no formato da Science Direct, é fácil de “pular” para essa publicação. Logicamente essas publicações são mais antigas do que o artigo de onde foram referidas. Por esta estratégia é então possível prosseguir o desenvolvimento histórico do tema escolhido, enquanto o artigo de partida é o mais recente de todos. Ainda maior é a vantagem que o pesquisador tira da ferramenta da Science Direct de inverter a busca cruzada, isto é, a partir de uma publicação (que pode ser uma mais antiga) é possível achar aquelas publicações mais novas na quais este artigo foi citado. Isto se consegue pelo botão Cited in, disponibilizado no lado direto da tela. Pulando assim para mais cedo e mais recente, sempre aproveitando da conectividade dos artigos no formato Science Direct, é possível obter uma vista geral sobre o assunto, gastando 892 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica o mínimo tempo possível. A única dificuldade nesta estratégia é achar o primeiro artigo no formato Science Direct que bate exatamente com o assunto procurado. A máscara de busca da Science Direct é comparável à da Compendex. Muitas vezes se consegue a informação desejada, colocando apenas uma palavra chave no campo de busca rápida (Quick Search). Após ter feito um cadastro (gratuito!) é possível de salvar uma busca ou receber alertas de novas publicações via e-mail. 12.2.3 Scirus Um banco de dados mais abrangente do que Compendex se chama Scirus que inclui também patentes de todas as áreas das ciências exatas. As ferramentas de busca, porém, são menos confortáveis. Vale a pena estudá-los, a partir da página http://www.scirus.com/srsapp/tips/ , antes de iniciar a busca. 12.2.4 O portal da American Chemical Society (ACS) http://pubs.acs.org/journals/joceah/index.html ou http://pubs.acs.org/about.html São atualmente 44 periódicos de alto impacto, disponíveis neste portal. Entre outros, encontram-se o importante Journal of Organic Chemistry (= J.Org.Chem. = "JOC") e o Journal of the American Chemical Society (= J.Am.Chem.Soc. = "JACS"). É possível entrar especificamente em um periódico escolhido. De grande utilidade também é a máquina de busca que pode ser usada a partir de locais associados à CAPES (ver p. 891) (aliás, quem não tem este acesso, recebe pelo menos a primeira página do artigo, de resolução bem baixa. Em alguns casos já é suficiente para resolver dúvidas). http://pubs.acs.org/journals/query/subscriberSearch.jsp : permite uma busca direcionada nos campos título, autor, resumo ou qualquer lugar do artigo. Podem ser combinadas três palavras chaves pelos operadores booleanos AND, OR ou NOT. A data da publicação pode ser indicada, para reduzir o número de respostas. O formato da resposta pode ser variado, resumido ou pleno. Caso se sabe o volume do periódico e a primeira página da publicação, o ACS oferece os campos de busca que levam diretamente ao artigo procurado. Um aspecto interessante é o fornecimento de informações adicionais, pelos próprios autores do artigo. Desta forma, a publicação principal fica clara e compreensível e as informações suplementares (espectros, dados analíticos, espectroscópicos, pormenores da síntese e purificação) podem ser obtidas separadamente. O periódico oferece, além deste, um serviço de organização de informações adicionais (pedidos por e-mail: [email protected]) que nem pelas fontes primárias são acessíveis - nem no periódico impresso, nem na tela. 12.2.5 Organic Synthesis A obra de referências secundárias (quer dizer, não tem as publicações originais, mas uma revisão das mesmas, todas revisadas por dois grupos de pesquisadores, então especialmente confiáveis) se encontra no site http://www.orgsyn.org/ . Além da busca por palavras chaves este banco de dados se destaca pela possibilidade de achar substâncias químicas via formula molecular. O plugin de ChemDraw (marca registrada da CambridgeSoft Ltda) que é disponível na página inicial, permite a busca de estruturas químicas, tanto de fragmentos ou agrupamentos de átomos (“substructure”) quanto a estrutura de moléculas completas. A coleção de dados é a partir de 1921 até dato. 893 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 12.2.6 Outras páginas de grandes editoras científicas Além da Elsevier são diversas outras editoras importantes que mantêm sites de busca mais simples, tais como a Wiley, Kluwer e Springer. Uma série notável de periódicos é disponível na plataforma http://www.periodicos.capes.gov.br/ da CAPES (ver item 12.2). Comparável ao conceito de Science Direct é possível buscar em texto pleno das publicações; o resultado é igualmente o texto completo a partir do qual pode-se iniciar uma busca abrangente sobre um tema (ver p. 892). A sociedade química inglesa, Royal Society of Chemistry ( http://www.rsc.org/index.htm ) cobra uma taxa para seus serviços. Além disto, é preciso fazer um cadastramento do pesquisador, para usufruir da oferta, especialmente na revista Methods in Organic Synthesis ( www.rsc.org/is/database/moshome.htm ). 12.2.7 ISI Web of Science Este banco de dados é muito amplo e permite a busca de citados de trabalhos originais. A resposta se restringe ao título, autor e o resumo do trabalho. Em casos onde estas informações não são suficientes (por exemplo, quando se precisa de informações detalhadas dos procedimentos ou dados de análise química), o Web of Science não é a plataforma adequada. Além disto, faltam as ferramentas para fazer uma busca estruturada, de maneira que foi descrita na p. 891. Pelo menos as palavras chaves podem ser combinadas dentre um campo, pelos operadores lógicos/de busca/booleanos AND, OR e NOT. Além destes existe uma série de outros operadores, tais como Maior que, Menor que, Parênteses, para restringir o número de respostas. A expressão W/3 é uma das mais úteis e significa que as dadas palavras chaves têm que aparecer em conjunto, com no máximo duas outras palavras no entremeio. Outro operador interessante é SAME que busca as duas expressões na mesma frase. Uma lista dos operadores válidos pode ser obtida pela página de ajuda nesta plataforma (“Advanced Search”). O uso de “wildcards” na Web of Science é bem elaborado, enquanto uma função de “autostemming” (ver item 12.2.1) não existe. Exemplos: O pedido enzym* fornece textos contendo enzyme, enzymes, enzymatic, enzymology; O pedido d?stillation fornece distillation (palavra inglesa) ou destillation (palavra alemã e francesa). O pedido vapo$r fornece vapor e vapour. A Web of Science oferece, igual a Compendex, a possibilidade de achar artigos mais novos, a partir de uma publicação mais velha. Basta verificar o conteúdo do link Times cited da publicação mais antiga. 12.3 SciFinder Scholar A maioria das bibliotecas universitárias estaduais e federais dispõem hoje do programa SciFinder Scholar 538. O acesso tem que ser através de um computador cujo IP é de uma destas instituições. 538 Um manual bem detalhado se encontra, por exemplo, em: http://www.eel.usp.br/biblioteca/tutoriais/guiaUsuarioSciFinder.pdf 894 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica A máscara de busca é simples e autoexplicativa promete um resulado rápido, também ao iniciante. O SciFinder Scholar disponibiliza os seguintes recursos: 1. Pesquisa por substância química, incluindo reações e sub-estrutura. As estruturas de Lewis de substrato, reagente ou produto podem ser desenhados usando um dos programas usuais para desenhar fórmulas (ChemDraw, marca registrada da CambridgeSoft Ltda). Assuntos, palavras-chave, 2. 3. Nome de autor, nome de companhias/organizações, Número de identificação de documentos. 4. Além destes, têm-se: • Recursos para ordenação, análise e refinamento das buscas (tanto de referências quanto de reações), • Pesquisa por citações (referências citadas), • Links para as citações, • Capacidade de imprimir e salvar os resultados, • Acesso ao texto completo dos documentos através do serviço ChemPort, • Links para os dados de registros, fontes comerciais e listas de inventários das substâncias, • Capacidade de visualização das estruturas em 3D, • Acesso ao sumários/resumos de mais 1800 periódicos, • Link para o site eScience, um recurso dinâmico do CAS e outros sites grátis da internet, • Possibilidade de desenhar estrutura estereoquímica. 12.4 Beilstein A busca de texto pleno é baseada em Beilstein's Handbuch der organischen Chemie, cobrindo química orgânica desde 1771 até dato. A última edição, BS0103, publicada em setembro de 2001, contém mais de 8.2 milhões de estruturas, 10 milhões de reações (representando assim a maior referência reacional do mundo), 20 milhões de caracterizações de compostos e 50 milhões de hyperlinks. A base de dados de Beilstein contém também a Beilstein CrossFire Abstracts Database, com mais de 600,000 resumos pelos authores originais, desde 1980 até presente. Assim, a CrossFire Beilstein é a maior coleção do mundo de fatos químicos. É considerada sendo obra padrão da química orgânica, essencial para o planejamento de novas rotas sintéticas, incluindo materiais de partida e intermediários, para determinar bioatividades e propriedades fisicoquímicas e o destino ambiental de novas substâncias. Uma lista de periódicos (mais de 175) indexados pela Beilstein se encontra no documento http://www.mdli.com/products/pdfs/BSJournals.pdf . Os índices da CrossFire Beilstein se subdividem em três domínios principais, sendo eles substâncias, reações e literatura. O domínio "substâncias" contém informações estruturais, com todos os fatos associados e referências na literatura. Aqui se acham dados químicos, físicos e bioatividade de certa substância. O domínio "reações" contém a descrição detalhada da síntese e purificação de substâncias. Através de uma busca combinada de métodos sintéticos gerais é possível pesquisar uma rota sintética específica. O domínio de literatura inclui os citados, títulos e resumos de trabalhos originais. Cada referida substância e reação é interligada com os domínios apresentados acima. 895 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica O banco de dados é atualizado quarteiramente e pode ser acessado pela internet usando o software MDL® CrossFire Direct - que, infelizmente, é paga. 12.5 STN e a linguagem de busca Messenger A Beilstein é a coleção suposta de ser mais completa, de literatura química. Mas o acesso nela infelizmente é muito caro. O dito também vale para o banco de dados da STN (Scientific & Technical Information Network). A páginas http://www.cas.org/ e http://www.stninternational.de/ informam sobre a organização, as modalidades e os valores da busca. A rede da STN é sustentada por três organizações: Chemical Abstracts Service (CAS) em Columbus, Ohio, Estados Unidos, FIZ Karlsruhe na Alemanha, e Japan Science and Technology Agency (JST) em Tóquio. O STN é considerado como serviço de informação técnico-científico mais avançado, oferecendo mais de 200 bancos de dados renomados dentre uma ampla gama temática: • Ciências biológicas • Biotecnologia • Comércio • Química • Ciências de computação • Energia • Engenharias • Ciências de meio-ambiente • Setor alimentício • Assuntos governamentais • Saúde e segurança • Ciência de materiais • Mathemática • Farmacologia • Física • Toxicologia • outras A oferta da STN contém: • Referências atuais e retrospetivas cobrindo todas as áreas tecnológicas listadas acima • O acesso à maioria dos bancos de patente • Informação sobre negócios industriais, marcas e produtos para efetuar uma análise competidora dentre as disciplinas científicas e tecnológicas. O acesso mais eficiente ao banco de dados da Beilstein precisa de uma busca com linguagem de “retrieval” que se chama Messenger (para informações ver http://www.cas.org/messenger.html ). Uma versão “leve” é recomendada para quem não está familiarizado com a linguagem Messenger. Ela se chama STN easy, disponível em 896 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica http://stneasy.cas.org/html/english/login1.html?service=STN . Sobre as outras versões da linguagem pode-se informar em http://www.cas.org/STNEWS/MARAPR04/feature.html , por exemplo. Por motivos econômicos e por causa da complexidade enorme, envolvida com uma busca na STN – especialmente ao tiver a pretenção de fazer uma busca completa (isto for preciso, por exemplo, para alegar uma nova patente) - muitas bibliotecas universitárias têm especialistas em STN que podem dar apoio. 12.6 Bancos de dados de patentes A busca de patentes pode ter vários motivos: • Destacar o produto/processo próprio do de outros e protegê-lo. • Adaptar partes de uma patente e otimizar o próprio produto ou processo. • Ampliar os campos de validade de uma própria patente já registrada. • Verificar a validade (prazo, restrição geográfica) de uma patente. • Observar a concorrência • Outros motivos comerciais (que quase sempre encostam nas beiradas da legalidade). Já que os motivos citados são decissivos para a prosperidade de uma empresa, a busca de patente é considerada sendo a mais complexa de todas as formas de busca discutidas neste anexo. Para minimizar o risco de perder muito dinheiro ao elaborar novos métodos ou produtos, a busca de patentes geralmente é feita por especialistas. Todavia, é recomendado ao leitor, iniciar uma própria busca, seja a partir dos sites indicados abaixo ou a partir de fontes alternativas de literatura. Os seguintes endereços eletrônicos são livremente acessíveis: O site do orgão governamental alemão de patentes européus é conhecido como depanet (http://de.espacenet.com/ e https://dpinfo.dpma.de/) . A CAPES, em parceria com o MCT e a FINEP, restabelece o acesso à base de patentes Derwent Innovations Index – DII (através do site http://www.periodicos.capes.gov.br/). Este banco contém mais de 10 milhões de invenções e 20 milhões de patentes internacionais, registradas desde 1963. As áreas são química, engenharia elétrica e eletrônica. Uma descrição do conteúdo em português e do acesso nestes dados se encontra na página http://www.bu.ufsc.br/FolderDerwent.pdf. 897 A. Isenmann 13 Princípios da Síntese Orgânica Anexo 2: Tabelas de informações gerais; Diagramas das famílias de reações na síntese orgânica. Lista dos assuntos ilustrados: Tabela de eletronegatividade, EN, dos elementos representativos As energias das ligações covalentes (em kJ.mol-1, a 298 K) Raios covalentes de alguns elementos dos grupos principais (em Å) Tabela dos valores pKa de substâncias relevantes na síntese orgânica Interpretação da tabela dos valores pKa Substituição nucleofílica alifática Síntese e reações dos mercaptanos Substituição radicalar alifática Síntese de alquenos Reações dos alquenos Adições radicalares em 1-octeno Substituição eletrofílica em sistemas aromáticos Síntese de nitrilas orgânicas Reações das nitrilas orgânicas Reações com ácidos carboxílicos e seus derivados Sínteses e reações dos compostos nitro Síntese de aldeídos Síntese de cetonas Comparação das reações de aldeídos e cetonas Síntese de aminas Oxidação de alquenos Oxidação de cetonas Aplicações e reações do cloreto de fósforo(III) Síntese de haletos organoborados 898 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações com haletos organoborados Hidroboração e produtos consecutivos Sínteses com reagente de Grignard Reações das organilas do alumínio (com falta de elétrons) Reações do diazometano Espécies reativas a partir do sal de diazônio aromático Reações do sal de diazônio aromático Espectro eletromagnético Fórmulas úteis na interação entre matéria e radiação eletromagnética. Constantes mais usadas: Conversões úteis da energia 899 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tabela de eletronegatividade, EN, dos elementos representativos. Em analogia ao potencial eletroquímico, ε0, os valores para eletronegatividade são relativos, quer dizer, o homem estabeleceu a referência. EN representa uma propriedade atômica, ela se efetua através de ligações simples e tem alcance bastante curto: geralmente o efeito da EN de um elemento não se percebe além do seu átomo vizinho direto. Os valores relativos a seguir, segundo Allred e Rochow (1958) 539, são muito próximos aos valores do pioneiro Pauling (1932) e de Mullikan (1934). Note que esses valores podem variar ligeiramente, dependendo do método físico e da ponderação dos critérios 540: a energia de ionização e a afinidade eletrônica. I Li 0,97 Na 1,01 K 0,91 Rb 0,89 Cs 0,86 Fr 0,86 II Be 1,47 Mg 1,23 Ca 1,04 Sr 0,99 Ba 0,97 Ra 0,97 III B 2,01 Al 1,47 Ga 1,82 In 1,49 Tl 1,44 H 2,20 IV C 2,50 Si 1,74 Ge 2,02 Sn 1,72 Pb 1,55 V N 3,07 P 2,06 As 2,20 Sb 1,82 Bi 1,67 VI O 3,50 S 2,44 Se 2,48 Te 2,01 Po 1,67 VII F 4,10 Cl 2,83 Br 2,74 I 2,21 At 1,96 Grosseiramente, os não-metais têm valores de EN acima de 1,8; os metais abaixo de 1,5, os semi-metais 1,5 < EN < 1,8. Os metais de transição têm valores EN, entre 1,00 e 1,75: 1o período: de 1,20 a 1,75 2o período: de 1,11 a 1,46 3o período: de 1,01 a 1,55 4o período: de 1,00 a 1,22. A eletronegatividade mais importante na química orgânica é naturalmente a do carbono. Ela depende fortemente do estado de hibridação do carbono, isto é, da extensão e forma geométrica dos orbitais usados na formação das ligações covalentes com seus 539 540 A.L. Allred, Electronegativity values from thermochemical data, J.Inorg.Nucl.Chem. 17 (1961), 215-21. H.O. Pritchard, H.A. Skinner, The concept of electronegativity, Chem.Rev. 55 (1955), 745-86. 900 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica vizinhos. Quanto maior o caráter s, maior a eletronegatividade do carbono. Os valores EN na escala relativa dada em cima (Bent, 1961): Hibridação EN do Carbono sp³ 2,50 sp² 2,75 sp 3,29 Atenção: as expressões "eletronegatividade" e "afinidade eletrônica" não devem ser confundidas. Enquanto EN se refere a átomos na situação ligante, a afinidade foi medida em átomos soltos. As energias das ligações covalentes (em kJ.mol-1, a 298 K) 901 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica a) Valor médio (por exemplo: H3C-CH3: 331 kJ.mol-1; Cx (diamante): 358 kJ.mol-1). Raios covalentes de alguns elementos dos grupos principais (em Å). 902 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Raios em ligações simples (r´): H 0,30 B 0,81 C 0,77 O 0,66 F 0,64 Al 1,25 Si 1,10 S 1,04 Cl 0,99 Ga 1,26 Ge 1,21 Se 1,17 Br 1,14 In 1,44 Sn 1,41 Te 1,37 I 1,33 0,60 O 0,56 0,55 O 0,50 Raios em duplas ligações: (r´´ ≈ r´ - 0,10 Å) C 0,67 N Raios em triplas ligações: (r´´´ ≈ r´ - 0,15 Å) C 0,60 N 903 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Tabela de valores típicos de pKa de substâncias relevantes na síntese orgânica NH HCl -7 -3 -10 O H H2SO4 -3 -5 0 5 10 4,6 -7,3 -2,7 OH2 OEt CN Ph3P CH3 17 CH3SH 25 O 10,3 O 35 i-Pr 2NH CH3NH3 40 HCN 10,6 19 CH3 H3C30 NMe2 9,3 HNO3 -1,4 NH3 H3O+ -1,7 H H3C H3C H 5,1 O O 15 20 H2O 15,7 25 R OH 30 35 C CH 24 45 50 H H H 35 CH3CH2OH 16 9,9 40 H2C CH2 44 H CH3 ~50 CH2 ~55 55 60 (CH3)3C H ~60 O H3C 4,76 OH O O O O O O OEt EtO H 9 H 11 OEt H 13 904 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Interpretação da tabela dos valores pKa A acidez indicada na tabela se refere somente ao primeiro próton da molécula. Por exemplo: Ph3P+-CH3 → Ph3P=CH2 + H+. Reações ácido-base sempre ocorrem em direção a formar o ácido mais fraco, que seja o Composto2-H, no esquema a seguir: Composto1 H K + Composto2- Composto1- + Composto2 H A constante K de equilíbrio de uma reação -acido-base se calcula da diferença entre os valores pKa dos dois ácidos envolvidos. Como a escala de pKa é logarítmica, uma diferença de 1 significa que os ácidos encontram-se em equilíbrio, nas quantidades 1 : 10; ∆pKa de 2 significa quantidades molares de 1 : 100; ∆pKa de 3 significa quantidades molares de 1 : 1000, e assim vai. Exemplo: Ph OH + NaOH K=? Ph O- Na+ + H2O pK = pK a ,1 − pK a ,1 = 15, 7 − 9,9 = 5,8 ; então K = 105,8 = 630.957 Um ácido (1) se considera totalmente desprotonado quando seu pKa,1 fica 4 unidades abaixo do pKa,2 do outro ácido do sistema reacional (corresponde a uma conversão de 99,99%). Neste exemplo, o valor do fenol fica ≈6 unidades abaixo do da água, então é uma reação completa. Por outro lado, o hidróxido não consegue desprotonar o etanol com bom rendimento(somente ≈ 50%). Para a catálise de uma reação por ácidos, não é imprescindível ter-se um equilíbrio ácido-base deslocado para o lado direito. Como regra grosseira, a diferença deve ser ∆pKa < 10 unidades, para que a catálise funcione. Por exemplo, a protonação de uma cetona (pKa = -7,3) por um ácido mineral aquoso (pKa = -1,7) é desfavorecida, na ordem de 1 : 105,6; para fim de catálise, porém, essa pequena alíquota será suficiente para acelerar a reação que funciona via cetona protonada. Enquanto disso, a protonação da cetona por um álcool (pKa = +16) não tem efeito, já que este equilíbrio é desfavorecido na razão 1 : 1023. Equilíbrios ácido-base são reações que ocorrem geralmente muito rapidamente. Sendo assim, não há impedimentos cinéticos - o que torna a consideração dos valores pKa uma ferramenta bastante significativa para estimar o decorrer de uma reação orgânica. Isso não vale mais para reações ácido-base que decorrem em meio não aquoso. Essas desprotonações podem ser bastante lentas, especialmente 905 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica no que diz respeito à acidez C-H. Nestes casos seria portanto mais seguro de usar valores de “acidez cinética”, onde influencia fundamentalmente a velocidade da transferência do próton. 906 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Substituição nucleofílica alifática, mostrado em H3C-Hal, (CH3)2SO4 ou H3C-O-SO2-Ar Alcano Composto de Acetileno Metileno ativado O CH4 H3C CH(C R´ C R)2 C Alquilação de Friedel-Crafts CH3 H3C Ar Nitrila H3C CN Wurtz H3C C Fluoreto Iodeto H3C H3C F I Álcool Éter Williamson H3C H3C OH Éster OR H3C O O C Ácido sulfônico H3C R SO3H O Na CH(C R)2 R´C C Na Ar H / AlCl3 NaCN SbF3 / HF Met C RO- OH- NaI R COO- NaSO3H LiAlH4 ou (But)3SnCl H 3C X O N3- NaNO2 AgCN NH2- / NH3 PR3 NH3 NK S HS- RS- H2N O SN2 H3C N Isonitria C SN1 C NH2 O NH2 N H3C NO2 H3C ONO H3C N3 H3C NH2 Éster do Composto Azida Amina prim. Ácido Nítrico Nitro O Gabriel H2 / Pt HCl ou N2H4 CH3 H3C NH2 (H3C)2NH H3C PR3 X Sal de Fosfônio H3C SR Tioéter H3C SH H3C Mercaptano (H3C)3N (H3C)4N+ XAminas, Sal quatern. de Amônio S C NH2 X Sal de Isotiourônio H+ / H2O 907 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese e reações de Mercaptanos NH . HX R S C NH2 NH2 S Na2S2O3 R X R S SO3 Na S C NH2 Tiouréia Na S NaSH C S OR´ R C S OR´ + H3O+ Xantato - H2SO4 H3O+ + H3O+ - (H2N)2C O Uréia R SH S8 [H] R Li OH- R SO2Cl R = Alquila, Arila H + R X Williamson Oxidação S S O R R = Arila H3O+ Li / NH3 R C Sulfoxida O R SH Redução O2 O R H3O+ Oxidação Perácidos; KMnO4 R S S8 R Tioéter R S S C R Dissulfetos Sulfona R X + Na2S R SH + Olefino R X + Na2S2 O R = Alquila , X = Halogênio ou O S OR O 908 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Substituição radicalar alifática em R-H (iniciação da cadeia: luz UV, Peróxidos, Redox) Seletividade: menos seletivo Somente em posição benzílica e alílica R Cl R Cl R R Cl Br R R Br Br O Cl2 SO2Cl2 Br2 (CH3)3C OCl N BrCCl3 Br O R H O O2 NO / Cl2 C6H5CO3C(CH3)3 Cl2 / SO2 O2 / SO2 Cu (I) O C C Cl Cl [ R NO ] O R OOH muito seletivo Autoxidação C N OH Oximação Müller R O C O C6H5 seletivo KharashSosnovsky R SO2Cl Sulfocloração Reid R SO2 OH Sulfoxidação Hoechst R C Cl Carbocloração Kharasch 909 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese de Alquenos X : Hal , O Orientação: Saytzeff Éter R CH CH2OH R C + CH2 P(C6H5)3 H - O Base - HX + Zn - ZnBr2 P(C6H5)3 R CH CH2 O R CH CH2 Br Br Br OH- seletivo KI R CH CH2 N(CH3)3 - H2O TiCl3 / LiAlH4 McMurry O R C + Br 200-300°C + H+ + - H3O - R´OH O R CH CH2 H H Wittig, Horner, Emmons Hofmann R CH CH2 X R CH CH2 OR´ H SO2R , SR2 , NR3 - N(CH3)3 H Eliminação de Hofmann 400-500°C - R COOH O R CH CH2 O C C H H H - CO2 H2 / Cat. - - Hal R C CH 220°C - CO2 H Pirólise de Ésteres 200°C - COS - CH3SH 130°C - (CH3)2N OH R S R CH CH2 O C SCH3 H Pirólise de Xantatos H C C H + H R : OH , Cl , OAlquila O C R , C CH O Vinilação R R CH CH2 COO- R CH CH COOH H Hal Fragmentação R CH CH2 N(CH3)2 Descarboxilação O Pirólise de N-óxidos Eliminação de Cope 910 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações de Alquenos (As oxidações de alquenos são resumidos separadamente) H H Hal Hal H X OH Hal C C C C C C C C Ozonólise (ONO) O2N NO2 C C C Oxidação alílica O Epoxidação C C cis-Diol C O O H2O O O O H2, [HN NH] Cl2 ou Br2 HX HOHal N2O4 O O2 O3 Carbonilação X = OH, OR, Síntese "Oxo" SR, NH2 (método industrial) H COX H CHO C C O Os C O C CO / HX Cat. de Co CO / H2 Cat. de Co R C OOH Diimida C C OsO4 C C hν a b c C N C CX2 R Cat. Ziegler-Natta Alquila BH3 H Cat. ácido C C Diels-Alder C C a c b Cicloadição 1,3-dipolar C C C C C C C C C C Cicloadição fotoquímica Cicloadições N C R Adição de Imeno X X Adição de Carbeno C C n Polimerização Copolimerização H B C H Alquila 3 Hidroboração C C C H Reforming (industrial) Alquilação Friedel-Crafts Alcanos, Álcoois, Aminas Olefinas isoméricas 911 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Adições radicalares em 1-octeno (catálise por luz UV ou peróxidos) O X = I > Br > Cl Y = Br > Cl > F Y3C CH2 O CH C6H13 R´C H C8H17 N X H < 80% C 2 H5 O CH C8H17 C8H17 Y= (CH3)3C NH C C8H17 CN , O R´, C OR´ Y2CH C8H17 OH 60 - 90% < 75% 70% XCY3 C 46% R´CHO HO CH2 C2H5 CH2Y2 (CH3)3C NH CHO N H n-C6H13 CH CH2 Br Br HBr R´SH HSO3- 82% < 95% 90% C8H17 Anti-Markovnikow R´S C8H17 C8H17 SO3- H3C C6H5SO2Cl O CH C OC2H5 H3C 60% 64% 92% C6H5SO2 CH2 CH C6H13 Cl O CH2 COOH COOH C OC2H5 CH CH2 CH C6H13 CH3 Br CH C8H17 CH3 912 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 913 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Substituição eletrofílica em sistemas aromáticos Reações Friedel-Crafts Nitração Ar NO2 Sulfonação Ar HNO3 / H2SO4 SO3H Cloração Ar H2SO4 conc. ou H2SO4 fumegante Alquilação Bromação Cl Ar Ar Br Acilação O Alquila Ar C Ar R´ Cl2 / FeCl3 Ar Nitrosamento CH2 N Condensação Mannich Ar N N Ar´ H2C OH CH2 Ar´ Condensações com Formaldeído Acoplamento Azo (H3C)2N CHO / POCl3 H3C N CHO / POCl3 Ar CHCl2 C6H5 H3O+ Ar D Deuteração Ar CHO Reimer-Tiemann HCl Ar HCN / HCl / ZnCl2 ou D2SO4 ou DCl H2C OH HN Ar CCl2 H+ N N Ar´ N N Ar´ NO CHO H H2C O Ar Ar CO / HCl / R´ C Cl AlCl3 AlCl3 (estequiometr.) Alquila Cl AlCl3 Br2 / FeBr3 Ar HNO2 CHO O HNO3 H2C O GattermannKoch Gattermann Ar CHO Formilação Vilsmeyer CH2 Cl Blanc Parte de baixo: as reações somente funcionam com compostos aromáticos ativados (presença de grupos doadores de elétrons) Um resumo das reações do tipo de Heck ver texto, cap. 4. A reversa é a Desalquilação, com HCl / FeCl3 sob tratamento térmico (Jacobsen) 914 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Sínteses de Nitrilas Orgânicas, R-CN e Ar-CN Reação de Sandmeyer Ar Síntese de Kolbe R Hal O R1 N2+ X - CuCN CuCN Cianeto cuproso KCN - N 2 Et2AlCN SN R2 Desidratação de amidas primárias O Ar C NH2 O Rosenmund Von Braun Ar Br N DBU (base) 3 mols N Adição nucleofílica Br NaCN em EtOH Br Acoplamento de dibrometos (pode ser usado na ciclização) HCN R Ar C ou C N N , EtO P Cl Cl 2 mols Degradação de amidas secundárias O (Von Braun) PCl5 - R2 Cl R1 NH R2 NEt3 / SO2 Degradação de aldoximas [Ni(P(OR)3)4] ou R OH zeólitos KSCN alquenos co-catalisador: ácido de Lewis ou SOCl2 e N - NH2OH - CO2 CN alquinos + Na2SO4 H - KSH O H2O / OH"Hidrocianação" pH 8 Ar C NH O O H Ar C simples, rápido, no microondas R C Ar CCl3 OH H Síntese de Síntese de Letts "Reação de cianidrina" Houben-Fischer Catalisador: 2+ 915 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações das Nitrilas Orgânicas Reações de hidrólise Reações de redução O O R C OH (e seus sais) - NH4+ R C NH - NH3 O R C NH2 - R CH2 NH2 OH- / H2O (Polímeros) H2 Catalisador: Ni de Raneyou Pt/C OH R C NH2 R HCl / H2O O Aromático ativado R δ+ C R H2O R H2O R1 R R1 = carbono terc. Reação de Ritter H Redução de Stephen NaBH4 OR3 [Zn0] NH2 Dimerização Condensação em posição α R Reações de Pinner Reações com nucleófilos fracos (após protonação da nitrila) H B2H6 R2MgBr LiAlH4 NH BrZn N O R R OR3 R1 OR1 R C R2 Reação O de Thorpe NH2 NH R C NH Imina α-bromoéster OR1 NH3 O R C O R NH2 R1 = CH3 Ortoéster HCl O Br R1OH excesso N O H2O H R1OH H+ conc. Reação de Hoesch R C(OR1)3 SnCl2 δ- R2 R2 O O R R R CH2 NH2 H2O H2O O R CH2 NH2 OR3 R1 R2 Reação de Blaise R2 Reações com nucleófilos fortes 916 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações com Ácidos carboxílicos e seus derivados NH . HCl O Degrad. Hofmann R C NH2 R NH2 R C N HCl / R´OH NH . HCl O a) Redução Rosenmund b) Reações Friedel-Crafts Tioléster a) + NH3 Amida b) + R´NH2 / R´2NH Amida subst. c) + N3- Azida d) Condensações de Ésteres (b-cetoéster), Sínteses com malonato e acetoacetato O H2O R C SOCl 2, POCl3, PCl5 H2O Cl Cloreto Agente acilante forte R´OH R C 2 OH O R C OR´´ Transesterificação ácida ou básica O O R C O C R Anídrido Agente acilante regular a) + R´OH Éster b) + NH3 Amida c) + R´NH2 / R´2NH d) + R´´SH Amida subst. Tioéster e) Reações Friedel-Crafts + H2O - H2O b) + NH3 R´ R´OH R´´OH (- H2O) + H2O O OR´ Éster Agente acilante fraco 4 Síntese de heterociclos Sal de amidina R C(OR´)3 Ortoéster O H SO R´OH / H+ H3O+ ou OH- R C NH R´´ NH2 R´OH R COO- NH4+ NH3 N3- Amidinas substituidas NH3 NH . HCl OR´ R C Sal do iminoéter (imidoéster) Nitrila T NH3 R C R C H2O R C c) + HS´R + H3O+ Amida Degradação Curtius N3 Azida P2O5 (- H2O) R´´NH2 C C O R´ Ceteno Agente acilante mais poderoso a) Sais b) Decarboxilação: Suplemento: 1) - Cetonas 2) - Eletróli se de Kolbe 3) c) Substituição em posição alfa, no resto R: Hal, amina, hidróxi Hell-Volhard-Zelinsky c) + R´NH2 / R´2NH d) + R´´SH Amida Amida subst. Tioléster Éster cíclico = lact ona Amida cíclica = lact ama Cloreto de ácido, anídrido, éster e nitrila reagem com organo-metálicos e podem ser reduzidos com LiAlH4 917 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Sínteses e reações dos Compostos Nitro Compostos nitro alifáticos Cl CH2 COO- Na+ Compostos nitro aromáticos Hidrocarboneto Aromático OH (C1 a C3) HNO3 NaNO2 SE HNO3 fase gasosa [NO2+] Br / H2SO4 (industrial)íon nitrônio HNO2 Nitração de Zincke - Na(HCO3)2 SN ou - NaCl - Br- NaNO2 R HCl Aldeído ou cetona Reação de Nef H2SO4 - N2 O Grupo nitro no carbono prim. ou sec. O- Tautomeria + R OH Nitronato OH R OR´ N OH - H2O R H2 Pt/C H2C=O H3CNO2 O N alquilação no O Cicloadições 1,3-dipolares Ar NO2 Catalisador [Fe] R NH2 NO2 ou H + R O Ar NH2 Anilinas Ar N(CH3)2 N,N-dimetilanilinas R´ Sínteses de indol e índigo: OH R NO2 Leimgruber-Batcho NO2 R´ Bartoli Reação nitro-aldol = adição 1,2 (Henry) Bayer-Emmerling Bayer-Drewson Diversas substituições nucleofílicas no aromático NO2 Composto CH-ácido Adição de Michael Base = adição 1,4 918 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese de Aldeídos Oxidação do Álcool primário Collins Clivagem oxidativa de Glicóis Ozonização Malaprade ou Criegée R CH2 OH 1/2 R CH CH R 1/2 RCH CHR Oxidação de cadeias laterais 1,1-Dihaleto Ortoéster do ácido fórmico R CH3 ; R = Ar R CHCl2 CH(OC2H5)3 OH OH CrO3 / Ac2O CH3COOH CrO3 / Piridina ou PCC HIO4 ou Pb(OAc)4 1) O3 2) H2 / Pd H3O+ OAc R CH R MgHal Grignard OAc O R H2 / Cat. Li[AlH(O t.But) 3] SnCl2 / H3O+ C H CH3 C6H5 N CHO / POCl3 NH . HCl Cat. = Pd / BaSO4 (Cat. envenendado) HCN / HCl / ZnCl2 R C Cl (CO / HCl / AlCl3) HCCl3 / OH- ou (H3C)2N CHO / POCl3 HCl O R C O R C N R C Cl Cl R H R H Gattermann (Koch) Vilsmeyer R H Reimer-Tiemann Oxidação Oppenauer Redução Rosenmund Redução Stephens Substituição de compostos aromáticos (R = Ar) 919 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese de Cetonas Oxidação Álcool secundário R CH R´ Ozonólise R 1/2 R C C R´ OH CrO3 / H2SO4 ou KMnO4 R´ R´ C Cl Ácido de Lewis Nitrila R CH R´ R C N OH a) O3 b) H2 / Pd ou Zn / HCl R´´2C O Alcóxido de Al R MgX Grignard N MgX R C O R O Oxidação Oppenauer H3O C R´ NH . HCl R C R = R´ R´ CN / HCl R H ; R = Ar R H ; R = Ar Acilação Friedel-Crafts Hoesch (Gattermann modif.) Outros métodos: Condensação de ésteres R´ O O + R C C C Cl Descarboxilação de ácidos carboxílicos β -cetoéster C Cl AlCl3 O R C CH(C OR´) 2 R COOH R´ = C H3O+ Óxido de metais (CaO) Ácido de Lewis CdR2 Organo-cádmio + R´ = CH3 R´ Cloreto de ácido carboxílico O R´ C Cl Descarboxilação de acilmaloatos Clivagem de cetona: Adição de cloreto de ácido em olefinos (análogo da acilação de Friedel-Crafts) Cetonas cíclicas e abertas 920 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Comparação das Reações de Aldeídos e Cetonas Aldeído Cetona Oxidação Pode ser usado como agente redutor, quer dizer, está sendo Não serve como agente redutor facilmente oxidado; especialmente fácil em ambiente alcalino. R CHO R COOH Ao uso de oxidantes especiais: Quebra da cadeia carbônica e formação de ácidos carboxílicos Baeyer-Villiger Oxidantes específicos: + 0 Tollens (Ag → Ag ) Fehling (Cu2+ → Cu0) R CHO Redução R CH2 OH O Álcool primário R C OH R´ R CH R´ Álcool secundário H2/Catalisador LiAlH4 seletivo: redução de Meerwein-Ponndorf-Verley R CHO R CH3 ------- Clemmensen; Wolff-Kishner - Óxidoredução (= Desproporcionamento) ------[OH ] R CHO R CH2 OH + R COOH A reação de Cannizzaro ocorre somente quando não há hidrogênio em posição α ao grupo carbonila. Senão: reação de 921 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica autocondensação (aldol). R R CHO + R´MgX Alquilação redutiva H R C R´ OH Álcool secundário C O + R´MgX R R R C R´ OH Álcool terciário Reação de Grignard, seletiva para aldeídos: Feniltitanio-triisopropilato Reação/pro duto Hidrato Aldeído nova ligação C-O R CH(OH)2 R CHO + H2O Hemiacetal R CHO + R´OH R CHO + Acetal 2 R´OH Cetona OH R CH OR´ OR´ + [H ] R CH OR´ nova ligação C-S Ditioacetal + R CHO + 2 R´SH [H ] SR´ R CH SR´ O HO OH R C R´ + H2O R C R´ Tem importância só na química de carboidratos. O R C R´ + HOCH2 CH2OH O R C R´ + 2 R´´SH [H+] O O R C R´ R´´S SR´´ R C R´ 922 A. Isenmann Adição sulfito de Adição amônia de R CHO + + Na Princípios da Síntese Orgânica HSO3- OH + R CH Na SO3- Reação somente com Metilcetonas e Cetonas cíclicas nova ligação C-N R CHO Reação com R CHO base de Schiff (= Azometino) OH R CH NH3 R CH NR´ + NH3 + R´NH2 + R´2NH Oxima R CHO + H2NOH Hidrazona R CHO + H2N NH2 t-amina por 2 R CHO metilação redutiva de Eschweiler- + H2N NHPh O H2N NH C NH2 NR´´ R´ + R´´NH2 R C R´ Cetimina Transaminações -------- NR´2 R CH NR´2 R CH NOH R CHO R CHO O R C Aminal Fenilhidrazona R CHO Semicarbazona Redução de Leuckart-Wallach O R C O RCH N NH2 RCH N NHPh O N OH R´ + H2NOH R C R´ + H2N NH2 --------------------- R C R´ N NH2 R C R´ R CH N NH C NH2 CH3 ---------HCOOH + R NO R N CH3 923 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Clark Reação/produto Cianidrina Aldeído nova ligação C-C R CHO + HCN Cetona OH R C CN Condensação aldólica 2 R2CH CHO [H+] ou [OH-] C CH3 R C OH + HCN CN H R R2CH C CH3 O R CH CHO Diacetonálcool tem poucos exemplos OH R Condensação aldólica direcionada OSi(CH3)3 C6H5 CH2 CHO + Adição de benzoína Síntese de pinacol 2 C6H5 CHO -------- CN- 1) TiCl 4 2) H2O - (CH3)3SiOH O OH C6H5 CH2 CH -------- C6H5 C CH C6H5 H 3C 2 C O H 3C Olefinas segundo McMurry O OH R -------2 C O R OH OH Na + 2 [H] TiCl3 / K [THF] H3C C C CH3 CH3CH3 R R C R C R 924 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Olefinas segundo Wittig R (variação segundo Horner e C O Emmons) H + (C6H5) 3P CH2 - (C6H5)3P O R R C O C CH2 R´ H R + (C6H5) 3P CH2 - (C6H5)3P O C CH2 R´ nova ligação C-C e C-N Aminometilação segundo Mannich O R C CH3 + H2C O + HN(CH3)2 pH 5 - H2O O R C CH2 CH2 N(CH3)2 H 925 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese de Aminas Composto nitro Oxima C N OH C NO2 C N H2 / Cat. ou Na / ROH ou LiAlH4 [prim.] H2 / Cat. ou LiAlH4 Aminas possíveis:[prim.] Amida O C NR2 Nitrila H2 / Cat. ou LiAlH4 Haleto de alquila Ácido carbox. Alquila Hal OH NH3 Urotropina H (R) [prim., sec., terc.] Schmidt [prim.] O O C C C Amida Azida O H2 / Cat. ou LiAlH4 [prim., sec., terc.] [prim.] Degradação de derivados do ácido carboxílico C C C NH2 N3 Curtius Hofmann [prim.] [prim.] C N H (R) Métodos especiais Amina prim., sec., terc. Aminação de Epóxidos: Reação com aminas prim. e sec.: R2NH + H2C CH2 4 NH3 + 6 H2C O R2N CH2 CH2 OH - 6 H2O O N Aminometilação segundo Mannich: Reação de grupos C-H ácidos, com H2C O e HNR2 : C H + H2C O + HNR2 C CH2 NR2 + H2O N N N Urotropina Aminação redutiva : R C R´ + NH3 + H2 O R C O R CH R´ + H2O Catalisador: Ni, Pd, PtO2 NH2 R´ + NH3 + HCO2H R CH R´ + H2O + CO2 (Leuckart-Wallach) NH2 (como formamida) 926 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Oxidação de alquenos O O O Mn H HO + 2 H2O O - [H3MnO4] O O H O O HOO H H H2 / Pd ou Zn O O H HO O O Ag(OBz) 2 ; I2 Cl Cl HO CH3 1) Hg(OAc)2 3 5) O2 OH trans-dicol O H Cl H 2) SeO2 / Ac2O 4) Pd(OAc)2 H2O / OH- H OH Cl CO OO OBz HO H Cloranil (dehidração) H 3) CH3 H Epoxidação com perácido H O O C BzO H Prevost Oxidação alílica OH - H2OsO4 H + OsO4 Ozonólise [H2O2] cis-Glicol + H2O O H2O2 O3 O H O Os H Autoxidação com O2 (alílica) MnO4também: CrO3 / AcOH H H H O - H2O OH H H C(CH3)3 / CuCl H Cl + mais cloranil Cl O O Cl Cl Tetraclorohidroquinona 927 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Oxidação de cetonas O O O C CH3 + C OCH3 Acetato de fenila (produto principal) CrO3 / H2SO4 ou MnO4 / H+ ou OHou HNO3 O C O O C CH3 CH3 O H3C H2O / OH O C CCl3 NaOCl / OH- C CH3 Acetofenona S8 + HN 135°C CHCl3 - O C OOH Bayer-Villiger Willgerodt-Kindler + Reação halofórmio Benzoato de metila OH O O N3- NH C CH3 H2O Schmidt SeO2 ou HNO2 Morfolina S CH2 C N COO- COOH O O CH2 COOH C CHO 928 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Aplicações e reações do cloreto de fósforo (III) RMgX HCl, H3PO3, H4P2O5 3 R COCl + H3PO3 P(NCO)3, P(NCS)3 H2O 3 R CO2H AgNCO, AgSCN PR3, PR2Cl, PRCl3 RPOCl2 + HCl [RPCl3]+ [AlCl4]- RMgX, RLi RH + 1/2 O2 RCl + AlCl3 H2O RPOCl2 + 2 HCl + AlCl3 Cl3P=NPCl2O O2 N2O4 S8 PCl3 Tricloreto de fósforo NH3 P(NH2)3 Amonólise Cl3P=O ROH (RO)3P=O O O 1/2 H2O Cl2P O PCl2 Cl3P=S ZnF2, AsF2, etc. X2 (halogênio) 3 ROH R = alquila PF5 PCl3X2 com base P(OR)3 O sem base Ni(CO)4 R3P=O (RO)2P Ni(PCl3)4 929 H A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Síntese de haletos organoborados B2Cl4 PhBCl2 + Ph3SnCl ou Ph2BCl + Ph2SnCl2 ArH ArBCl2 + HCl H2C SnPh4 BCl 3 [AlCl3] HC H H C Cl2B CH2 BCl2 R2B I I2 CH BR3 C Cl2B I + R Cl Reações com haletos organoborados R R2B SR - S Na + R2BX X = Cl, Br. ROH Cu R2B OR R2B LiAlH4 R2NH LiR´ R B R H B H R R R2B NR2 BR2 R2B R´ 930 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Hidroboração e produtos consecutivos R CH CH2 + H 150 °C R CH2 CH 3 H+ B Et2O 25 °C R CH2 CH2 B Ox. H2O / OHR CH2 CH2 OH R CH2 COOH R CH2 CH2 O B Et3N+OHCrO4- Et2NCl Ag2O I2 OH- R CH2 CH2 O R CH2 CH2 2 R CH2 CH2Cl R CH2 CH2I 1 : 1 B + NEt3 Titulação ácido-base = N° de ligações B-C 931 A. Isenmann Sínteses com Reagente de Grignard Álcoois: terciários secundários R R R C R´ R´ C OH R´ H H R C R R C OH OH O R R D Princípios da Síntese Orgânica SH OR´ R´ R CH2OH R CH2CH2OH R C OR´ R C R´ HC OR´ R´ CHO H2C R OH Hidroperóxidos R OOH 20°C O O R C R R C R´ R C R´ Ar2CH C N MgX OR´ O C(OR´) 4 R´ C R HC OR´ Ortoéster do R´C(OR´´) R´ C O O ác. carbônico OR´ R´ O2 CN Cl R2Cd Ar2C R MgX R´ N R´ NO R´ NH C R S R´ NH C Amida e tioamida de ác. carboxílico R C C O S "H +" [R´ H] R H + R´ Hal Sais de metais pesados R´ONH2 R´ N3 R´ CHN2 R´´ N CHR´ R2S O Sulfóxido O CO2 R R R R´ R´ MgX Hidrocarbonetos Zerewitinoff R R R NH2 R´ N3H R Amina prim. Triazeno R´ CH N NHR R´´NH CH Hidrazona R Hidroxilamina SOCl2 SO2 O C O Diarilceteno Schroeter OH O2 R´ N R´ N R 1 mol CdCl2 S - 80°C O H OR´ O O O D2O Álcoois, fenois Cetonas Aldeído Ortoéster OH O R´ C OR´´ R´ C primários R´ Amina sec. S OH Ácido sulfínico O R C OH Ácido carboxílico 932 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações das organilas do alumínio (com falta de elétrons) (Me2AlNMe2)2 = Me Al Me 110 °C - 2 CH4 Ph Ph R Al Al 2 Me3Al NHMe2 R3Al NMe3 Ph Ph R (adição de base de Lewis) NMe3 Aminas PhC CPh (AlR3)2 (Hoberg, 1980) CH2 CHR´ R2Al R (inserção do alqueno) NHMe2 H2C R2AlCl + R R´ (acoplamento de hidrocarbonetos) CHR´ R´Cl R2AlH H2 150 °C 300 atm LiR Me2 N Al N Me2 Me Me N (MeAlNMe)4 = NH2Me ∆T; - 8 CH4 R´OH O2 AlCl3 SnCl4 Al Al N Al N N Al ccc R2Al(OR´) RAl(OR´)2 Al(OR´)3 (alcoxilação) Al(OR)3 (inserção de oxigênio) SnR4 (metatese) RAlCl2 R2AlCl Li[AlH4] Complexo (Troca de ligantes via complexos de aluminato com ligantes de 2e3c) Meio redutor universal 933 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações do diazometano 934 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Espécies reativas a partir do sal de diazônio aromático N Próximas etapas N N N N3 - N2 N Fenilazida Fenilpentazol + Cátion fenila ? -H T H2O N3- Y = N3- Azida N2+ N N Y + Y- Diazo (cis e trans) + + -H - N2 + e- - N2 Redução Arina N N - N2 NH NH2 Próximas etapas Próximas etapas Fenilidrazina 935 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Reações do sal de diazônio aromático Diazotato Ar N N O- Ar N N CN Hidrazina Diazoacetato Diazocianeto Ar N N O C CH3 Ar OH- H3C CN- X = N3 =I = SCN = HAsO3= S C OR Ar´ H OHou AcOAr NaHSO3 ou SnCl2 / HCl ou Zn / AcOH COO- H+ Ar Ar´ Arilação radicalar Gomberg N3 Ar I Ar SCN Ar AsO3H2 Ar S Ar N N X = Cl Cu(I) F Fluoreto de arila Schiemann (iônico) Ar NO2 Composto nitro Ar´ H EtOH ou H3PO2 ou H2C O alcalino C C (ativado) X = HSO4- X = CN + CuCN X = Br + CuBr T Cu(I) T N N Ar´ N N X- X = NO2 X = [BF4] Ar C OR Ar X = Cl + CuCl S sem Cat. Ar H Acoplamento azo Ar X H+ via diazo -hidróxido Ar C C NH NH2 O OH- Desdiazonamento redutivo Meerwein Ar CN Cianeto Ar Cl, Br Haleto Ar OH Cozimento de fenol Sandmeyer (radicalar) S (também radicalar) 936 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Espectro eletromagnético Escalas em energia, número de onda, frequência e comprimento de onda; as áreas típicas, os processos de excitação na matéria e as técnicas analíticas para sua caracterização. 937 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica 938 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Fórmulas úteis na interação entre matéria e radiação eletromagnética. c m ⋅m 1 f E = h ⋅ν = h ⋅ = h ⋅ c ⋅ν~ ; , onde µ = 1 2 ν= ⋅ λ 2π µ m1 + m2 aplicando ν ⋅ λ = c; ν~ = λ−1 . usadas na espectroscopia vibracional. ( E : energia em J; ν : frequência em s-1; λ : compr. de onda em m; ν~ : número de ondas em cm-1; f = const. de força da ligação atômica; µ = massa reduzida; m1, m2 = massas atômicas) Constantes mais usadas: h = const. de Planck = const. da ação mínima = 6,6.10-34 J.s; c = velocidade da luz = 3.108 m.s-1= 3.1010 cm.s-1. Conversões úteis da energia: 1 eV = 23 Kcal.mol-1 = 96,5 KJ.mol-1 = 8066 cm-1. Também vale (utilidades na região infravermelho): 1000 cm-1 = 12 KJ.mol-1 1 KJ.mol-1 = 84 cm-1. Cor aparente de corpos iluminados Exemplos de corantes com sistemas conjugadas de elétrons π Cor ativa (fonte de iluminação) 939 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica # ∆EN, 14, 623, 682, 806, 852 3 3-butenilamina, 828 3-buteno-3-olídeo, 389 % % ee, 797 ( 4 4-aminoanisol, 882, 884 4-metilciclohexanona, 659 4-metilexeno, 673 (4-metil)cicloexeno, 635 (t-BuO)3LiAlH, 602, 614, 615 [ 5 5-endo-trig, 479 9 [10]-anuleno, 282 [Ag(NH3)2]+, 655 9-BBN, 738, 767 1 1,1,1-tribromocetona, 425, 676 1,1-difenil 2 picrilidrazil, 643 1,1-difenil-2-picrilidrazina, 59 1,2-bifuncionais, 501, 517 1,2-bifuncional, 465, 517 1,2-dibromopropano, 72 1,2-dicarbonilados, 657 1,2-difenil-1-propanol, 229 1,2-difuncionais, 533 1,2-dihaletos, 153, 433 1,2-dimetilciclopenteno, 762 1,2-dióis, 185, 651, 653 1,2-diol, 467, 474, 651 1,3,5-hexatrieno, 208, 209, 210 1,3,5-triazinas, 328 1,3-bifuncionais, 556, 566 1,3-ciclobutadiona, 389 1,3-dicarbonila, 489, 506, 881 1,3-diésteres, 462, 873 1,3-dihidroxibenzeno, 464 1,3-dióis, 489 1,3-dipolares, 205, 213, 247, 248, 250, 260, 879 1,4-bifuncionais, 567 1-propanol, 276 2 2,4,6-octatrieno, 210, 212 2,4-dinitroanilina, 882, 884 2,4-dinitrofenilidrazina, 411, 859 2,4-dinitrofluorbenzeno, 601 2-aminopiridina, 327, 420 2-buteno, 130, 178, 197, 628 2e3c, 681, 687, 690, 692, 713, 719, 721, 725, 735, 748, 755, 847 2-fenilacetaldeído, 539, 545 2-metilcicloexanona, 819 2-nitropropano, 535 A abandonador, 15, 18, 20, 23, 24, 25, 28, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 43, 44, 46, 52, 65, 103, 112, 114, 117, 118, 120, 140, 141, 143, 144, 158, 186, 197, 200, 201, 325, 326, 328, 330, 333, 337, 343, 353, 383, 384, 391, 393, 426, 459, 504, 797, 825, 826, 855 ABS, 190 aceitador, 218, 219, 274, 454, 483, 485, 488, 489, 491, 497, 498, 504, 515, 523, 529, 531, 532, 535, 543, 547, 548, 551, 774, 794 aceitadores de Michael, 523 acetais, 378, 379, 404, 405, 406, 439, 450, 451, 498, 499, 686, 821, 824, 825, 831 acetal, 403, 404, 405, 439, 443, 450, 500, 615, 825, 826 acetaldeído, 78, 409, 423, 424, 488, 495, 541, 636 acetaminomalonato, 555 acetanilida, 867 acetato de amônio, 509 acetato de prata, 629 acetatos de vinila, 635 acetatos enólicos, 635 acetilação, 37, 386, 825 Acetilação, 386 acetilacetato de etila, 513, 516 acetilacetona, 507, 515, 516, 541, 552, 873 Acetilacetona, 505, 507, 508 acetilacetonato, 389, 456 Acetilacetonato, 170 acetilcelulose, 665 acetileno, 135, 136, 154, 155, 183, 188, 189, 190, 191, 201, 250, 257, 309, 494, 498, 532, 537, 568, 569, 591 acetoacetato, 459, 506, 515, 541, 550, 551 acetoacetato de etila, 550 Acetoacetato de etila, 505, 507, 508 acetofenona, 540, 547, 548 acetona, 31, 32, 53, 94, 95, 108, 126, 136, 386, 387, 392, 401, 404, 405, 424, 448, 449, 450, 456, 457, 940 A. Isenmann 487, 494, 506, 526, 540, 604, 646, 648, 650, 819, 849, 870 Acetona, 31, 506, 507 acetonitrila, 31, 71, 377, 378, 826 aci, 400, 534, 536, 666 acidez de compostos orgânicos, 424 ácido 11-amino undecanóico, 267 ácido 2,4-dinitrobenzóico, 366 ácido acético glacial, 289, 555, 614, 631, 646, 650, 864 ácido acético perclorado, 216 ácido acrílico, 95, 191, 493, 558, 842 ácido ascórbico, 91, 228 ácido benzóico, 35, 94, 347, 348, 638, 639, 640 ácido bórico, 187, 308, 765, 766, 768, 867 ácido carbâmico, 392 ácido cianídrico, 305, 381 ácido cianoacético, 490 ácido cianúrico, 328 ácido cinâmico, 90, 340, 485, 486 ácido cítrico, 460, 540 ácido clorossulfônico, 293, 304, 398 ácido crômico, 631, 638, 639, 642, 646, 647, 653 ácido de Caro, 75, 667 ácido ditiocarbônico, 148 ácido ditiofosfônico, 775 ácido esteárico, 373 ácido fluoracético, 349 ácido fluorídrico, 29, 155, 182, 187, 374 ácido forfórico, 770 ácido fórmico, 304, 347, 348, 349, 379, 398, 404, 422, 439, 483, 488, 489, 490, 588, 605, 606, 607, 608, 609, 615, 677 ácido fosfínico, 770 ácido fosfônico, 85, 357, 508, 770, 773, 776, 786, 792, 795 ácido fosfonoso, 773 ácido fosfórico, 496, 601, 770, 771, 773, 775, 794 ácido glutâmico, 228 ácido graxo, 99, 266, 446 ácido halogenídrico, 164 ácido hexacloroplatínico, 809 ácido hidroxâmico, 393, 400 Ácido hidroxâmico, 351, 449 ácido hipocloroso, 295 ácido isociânico, 328 ácido lático, 228 ácido linoléico, 99 ácido málico, 228 ácido malônico, 490, 509, 513, 514, 515, 571 ácido nítrico concentrado, 288, 640 ácido nitrificante, 288, 289 ácido nitroso, 45, 290, 426, 853, 882, 883 ácido oléico, 373 ácido orto-periôdico, 631 ácido oxálico, 362, 483, 485, 489, 608 ácido palmítico, 373 ácido propargílico, 803 ácido ricinóico, 266 ácido selênico, 639 ácido sulfínico, 620 ácido sulfônico, 140, 150, 292, 293, 326, 367, 368, 446, 670 Princípios da Síntese Orgânica ácido tartárico, 228, 236, 237 ácido toluenossulfônico, 139, 447 ácido trifluoracético, 105, 347, 374, 442 ácidos benzóicos substituídos, 348 ácidos graxos, 33, 97, 99, 370, 373, 375, 447, 460 ácidos moles, 311 acilação, 298, 299, 304, 305, 342, 353, 354, 363, 368, 390, 438, 463, 496, 497, 498, 500, 502, 510, 515, 609, 661, 786 acilações, 284, 297, 352, 354, 355, 496 acilcarbeno, 388 aciloína, 465, 467, 473, 499, 504, 533, 539, 604, 613, 657, 816 aciloínas, 465, 603 aci-nitro, 534 AcOBr, 630 acoplamento, 177, 186, 187, 189, 192, 193, 196, 291, 292, 299, 306, 308, 309, 396, 436, 441, 469, 474, 497, 508, 523, 532, 540, 595, 604, 619, 636, 667, 855, 857, 864, 867, 882, 884 Acoplamento, 191, 192, 193, 539, 545, 751, 784, 855 acoplamento azo, 291, 292, 299, 855, 882, 884 acoplamento C, 857 acoplamento N, 857, 884 acoplamento O, 857 acoplamento redutivo, 396, 436, 441, 474, 604 Acoplamento redutivo, 539, 545 acrilato de metila, 522 acrilatos, 493, 837, 842 Acrilatos, 558 acrilonitrila, 189, 190, 738, 746, 790 acroleína, 95, 96, 493, 522 ACS, 891, 893 açúcares, 226, 228, 400, 404, 443, 450, 535, 653, 655, 834, 858 adição 1,2, 133, 530 adição 1,4, 133, 241, 530 adição de Michael, 187, 241, 466, 519, 520, 521, 526, 819, 837, 871 Adição de Michael, 40, 523, 530, 531 Adição oxidante, 694, 695, 697 adição redutiva, 19, 354, 382 Adolf von Baeyer, 662 Ag2O, 120 agente dessililante, 823 agente nitrosilante, 871 agente sililante, 500 agentes plastificantes, 775 agitação, 34, 314, 626 agrotóxicos, 769 água de abastecimento, 654 água de cloro, 163, 294 água oxigenada, 197, 224, 225, 341, 427, 654, 669 AIBN, 55, 56, 77, 594, 737, 748, 791 Al(C2H5)3, 166, 169, 170, 181, 198 Al(OC2H5)3, 423 alanina, 509 alanos, 729, 737, 738 alaranjado de metila, 856 alargamento, 464, 469, 514, 878 alcalóide, 107, 494, 538, 550 alcalóides, 495, 538, 540, 651, 828 941 A. Isenmann AlCl3, 43, 182, 258, 293, 295, 297, 305, 336, 342, 398, 822 alcoóis alílicos, 221, 236, 265, 269, 273, 648 alcoóis secundários, 398, 455, 467, 595, 645, 646, 658 alcoóis terciários, 146, 366, 439, 455, 645, 768 álcool alílico, 157, 238, 265, 274, 528, 529, 634 álcool benzílico, 31, 381, 447, 638 álcool vinílico, 78 alcóxido, 34, 38, 40, 87, 135, 136, 137, 138, 162, 186, 189, 201, 240, 353, 372, 384, 398, 432, 433, 447, 458, 459, 463, 498, 514, 517, 521, 543, 546, 603, 684, 704, 757, 783, 797, 876 alcoxifosfônio, 36, 797 aldeidamônia, 409 aldeído salicílico, 486 aldeído succínico, 495, 540, 549 Alder, 204, 205, 210, 229, 233, 248, 252, 253, 254, 255, 256, 259, 266, 269, 277, 278, 331, 493, 549, 573, 864 aldimina, 305, 409 aldol, 219, 396, 455, 485, 508, 572, 837, 842, 921 aldoxima, 400, 426, 657, 666 aldoximas, 665 alenos, 134 algas, 772 algodão, 328 alila, 129, 179, 264, 278, 596, 597, 635, 636 alilação, 523, 822, 829, 845, 850 alilboranos, 822 alilésteres, 265 alílica, 52 alilsilano, 821, 822, 823, 824, 825, 826, 827, 828, 829, 831, 832, 845, 850 alilsilanos, 268, 404, 519, 824, 826, 828, 829, 831, 832 alilsililéter, 832 alil-trimetilsililéter, 832 alil-viniléteres, 265 alimentos industrializados, 82, 92, 860 alizarina, 598 Allred e Rochow, 682, 900 almíscar, 470 almofada de vapores, 434 alquino, 151, 183, 184, 185, 187, 189, 191, 193, 195, 201, 250, 251, 475, 591, 763, 784, 785, 803, 804, 809, 810 alquino final, 803 alquinos, 3, 129, 134, 151, 153, 155, 158, 163, 183, 184, 185, 186, 189, 192, 193, 195, 201, 250, 308, 330, 587, 590, 591, 614, 636, 767, 777, 784, 786, 790, 798, 803 amêndoas, 407 Amidato de fósforo, 774 amidetos, 331, 716 Amidina, 352 Amidita de fósforo, 774 amido, 405, 775 Amidrazona, 352 amilopectina, 405 amilose, 405 amina terciária, 86, 147, 197, 365, 368, 389, 446, 605, 608, 677 Aminação redutiva, 605 Princípios da Síntese Orgânica aminais, 378 aminas desativadoras, 524 aminas primárias, 29, 39, 48, 105, 138, 341, 366, 367, 409, 411, 413, 442, 484, 492, 495, 497, 524, 612, 613, 616, 665, 666, 828, 882 aminas secundárias, 304, 341, 410, 411, 413, 415, 523, 605, 666, 826, 854, 882 aminas terciárias, 90, 105, 144, 341, 366, 485, 487, 605, 607, 666 Aminas terciárias, 704 aminoácido, 102, 117, 542, 555, 599, 776, 854, 872 aminoácidos, 233, 364, 413, 416, 420, 599, 786, 802 aminoálcool, 151, 493, 549 aminoalquilação, 492, 494 aminofosfonato, 786 aminólise, 366, 367 aminometilação, 303, 304, 413, 492, 549 aminophosphonatos, 777 aminoresinas, 302, 304, 329 aminóxido, 147, 779, 780 aminóxidos, 147, 148, 666 amônia líquida, 327, 589, 591, 592, 600, 794 AMP, 794 anfifilia, 33 anfoteria, 739 anidrido acético, 37, 187, 289, 342, 366, 485, 486, 487, 488, 633, 638, 639 anidrido cíclico, 368 anidrido maléico, 266, 628 anidrobenzeno, 330, 863 anilina, 291, 292, 366, 523, 616, 667, 853, 854, 857, 864, 882, 884 anilinas, 305, 341, 616, 666, 853, 860 ânion acetato, 393 ânion acetilida, 154 ânion acetilídeo, 532, 533 ânion borato, 766 anisol, 432, 882, 884 ânodo, 222, 394 anquimérica, 27 antarafacial, 213, 261 antara-facial, 246 anti-aromáticos, 335 anti-catalisador, 304 antiinflamatório, 420 anti-ligante, 196, 209, 210, 211, 220, 243, 281 antioxidantes, 60, 82, 83, 84, 90, 91, 92, 97, 116, 374, 664, 668 anti-periplana, 141, 197 antiséptica, 759 antraceno, 319, 331, 598, 720, 721, 864 antraidroquinona, 668 antraquinona, 668 apoio de grupo vizinho, 24 Appel, 36, 790, 795, 797 argilas, 85 argônio, 434, 440 arilação, 308, 511, 522, 787, 859, 866, 867, 868, 882, 884 arilarsinas, 778 arilcetona, 784 arilestilbinas, 778 942 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica arilfosfinas, 777, 778 arina, 267, 330, 331, 333, 334, 343, 344, 855, 863, 864 arinas, 245, 255, 314, 330, 331, 332, 333, 334, 863, 884 Arlman, 172 Arndt-Eistert, 387, 391, 873, 876, 882, 886 aromaticidade, 205, 279, 282, 283, 284, 339, 538, 643, 790, 863, 881 aromático rico em elétrons, 398, 608, 855 arraste a vapor d´água, 485 Arrhenius, 57, 62, 288 As2O3, 617 ASA, 190 AsAr3, 778 Aspirina, 337 ativador, 52, 75, 121, 301, 326, 368, 378, 496, 509, 540, 547, 548, 561, 571, 611 atmosfera inerte, 291, 342, 433, 434, 440, 473, 613, 671, 818 ATP, 769, 794 atropina, 540 Aufbau, 124, 166, 167, 169, 705, 708, 725, 726 Aufbaureaktion, 298 auto-catalítico, 290, 425 autocondensação, 397, 454, 456, 458, 461, 466, 472, 484, 485, 496, 502, 504, 510, 513, 539, 544, 545, 547, 548, 550, 579, 818, 819, 921 auto-condensação, 490 auto-condensação, 503 auto-oxidação, 79, 80, 81, 82, 83, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 110, 116, 373, 623, 624, 641, 642, 654, 664, 665, 671 auto-oxidações, 80, 81, 83, 93, 116 auto-redox, 451 auto-stemming, 891, 894 auxílios assimétricos, 228, 234 aza, 259, 263, 412, 529, 619, 799, 827 aza-Cope, 263, 827 azenos, 223 azeotrópico, 372, 414 azida, 250, 363, 364, 391, 392, 445, 449, 791, 859, 860, 864 azina, 410 aziridina, 224, 241, 250 aziridinas, 802 azo, 4, 55, 100, 292, 328, 582, 601, 667, 669, 852, 853, 855, 856, 858, 861, 864, 867, 873, 884 azobenzeno, 617, 669, 857 azometina, 400, 667, 802 azometinas, 667 azoxibenzeno, 617, 669 B B(OH)3, 765, 766 Ba(OH)2, 456, 516, 544 Bachmann, 882, 884 bacom, salsichas e linguiças, 854 bactericida, 759 Baeyer-Villiger, 94, 99, 119, 300, 427, 428, 429, 662, 877, 921 Bailey, 177 Bakelite, 302 Baldwin, 204, 260, 475, 476, 478, 479, 482, 517 Bamford-Stevens, 216, 410, 610, 869, 873, 874 Banks, 177 Bart, 865 Barton, 104, 105, 106, 117, 128, 668 base de leuco, 668 base de Mannich, 493, 494, 495 base de Schiff, 400, 409, 411, 412, 415, 451, 484, 495, 497, 548, 608, 923 base forte não-nucleofílica, 526 base muito forte, 34, 39, 157, 334, 503, 832 base não-nucleofílica, 784 BASF, 191 Basicidade, 40, 343 BaSO4, 184, 398 batocrómica, 856 batocrómico, 90 Baylis-Hillman, 233, 460, 528, 529 Beckmann, 102, 103, 117, 119, 128, 410, 429, 657 Beilstein, 619, 888, 895, 896 Bent, 206, 837, 838 benzaldeído, 93, 107, 242, 243, 407, 465, 485, 486, 487, 501, 534, 539, 542, 545, 554, 657, 803, 826, 845 benzamina, 845 benzidina, 617 benzidriloxitrifenilsilano, 811 benzila, 31, 302, 387, 448, 466, 502, 508, 541, 550, 551, 596, 638, 877, 882 benzílica, 51, 52, 66, 67, 70, 78, 95, 114, 142, 217, 242, 298, 430, 465, 506, 537, 538, 576, 598, 633, 637, 638, 641 benzilideno, 801 benziloxitrifenilsilano, 811 benziltrimetilamônio, 820 benzina, 863 benzofenona, 60, 484, 495, 882 Benzofenonas, 88 benzoina, 465, 539, 569 benzoína, 465, 466, 499, 533, 613, 657, 924 benzonitrila, 882, 884 Benzotriazóis, 88 benzotricloreto, 641 Benzyltrimethylammonium fluoride, 820 Bergmann, 599 Berson, 204 Bestmann, 780, 781, 786 betaina, 147, 529, 660, 779, 797 betaína, 413, 779, 782 BF3, 38, 43, 167, 297, 834, 878 BH3, 43, 588, 761, 762, 767 BHA, 92 BHT, 92 bicíclico, 180, 217, 420, 550 bicíclicos, 394 bidentado, 24, 25, 44, 45, 120, 160, 178, 400, 459, 480, 512, 521 bidentados, 44, 45, 512, 521 Biginelli, 416 BINAP, 789 biocidas, 739 biodegradáveis, 75, 769 943 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica biodiesel, 96, 97, 373, 374, 375, 442, 447 bio-isosterismo, 786 bipy, 691, 693 Birch, 184, 589, 591, 592, 594, 600 birradical, 60, 79, 81, 95, 99, 108, 217, 219, 220, 246, 266, 273, 330 bis(trimetilsilanil)amideto de sódio, 818 Bisfosfonatos, 776 bissulfito, 406, 858 Blanc, 302, 605, 612, 613 Blaser-Heck, 308 blendagem, 175 blendas, 175 Blomquist, 386, 473 Bloomfield, 71, 461, 473 BMIm, 192 Bogdanovic, 721 Boltzmann, 133, 209 borabiciclononano, 767 borano, 160, 761, 762, 763, 764, 767 boranos, 690, 737, 738, 760, 761, 762 borato de sódio, 766 boratos, 760, 761 boridreto de sódio, 590 borracha, 80, 127, 171, 172, 176, 374, 408, 532, 620, 670 borracha natural, 670, 710, 711, 726 Bouveault, 605, 612, 613 Bouveault-Blanc, 613 brometo de fenilmagnésio, 433 brometo de metilmagnésio, 433 brometo de oxacila, 630 bromobenzeno, 52, 331 bromocetona, 845 bromofórmio, 673, 676 Brook, 805, 809, 811, 835 Brown, 187, 260, 591, 602, 763, 785 BTAF, 820 Bu3SnBr, 595 Bu3SnCl, 595 Bu3SnH, 594, 595, 597, 748 Bucherer-Bergs, 416 Buchner, 881 Büchner-Curtius-Schlotterbeck, 879 Buchwald, 309 buli, 139 buraco de ozônio, 59 Bürgi-Dunitz, 232, 402, 419, 478 butilítio, 34, 135, 139, 186, 216, 219, 484, 569, 779, 803, 811, 874 butóxido, 472 C C(OR)4, 439 C2Cl6, 795 C2H5OD, 401 cadeia cinética, 54, 59, 60, 61, 62, 78, 91, 99, 125, 168, 199, 634 cádmio, 85, 398, 441, 515, 615 Cahn-Ingold-Prelog, 226 calça jeans, 669 Calderon, 177 Campbell, 758 câncer de pele, 83 Cannizzaro, 422, 423, 424, 435, 443, 451, 466, 484, 488, 492, 548, 921 CAPES, 891, 893, 894, 897 caprolactama, 102 caráter iônico, 431, 440, 444, 452, 582, 682, 765 caráter s, 54, 135, 218, 349, 837, 838 carbânion, 22, 51, 141, 156, 157, 187, 189, 201, 215, 219, 242, 380, 385, 400, 406, 425, 427, 430, 431, 465, 466, 467, 500, 501, 515, 521, 532, 545, 575, 615, 779, 780, 781, 783, 785, 799, 802, 803, 812, 834 carbânions, 52, 119, 143, 189, 354, 382, 391, 458, 531, 537 carbanóide, 216, 436, 438, 439, 451, 454, 456, 503, 504, 528 carbanóides, 431, 441, 671 carbeno, 129, 158, 159, 177, 178, 179, 180, 216, 217, 218, 219, 220, 221, 222, 224, 251, 268, 272, 273, 274, 312, 387, 391, 486, 517, 785, 798, 800, 852, 869, 873, 880, 881 carbenóide, 222, 273, 800 carbenos, 43, 139, 158, 159, 178, 214, 215, 216, 217, 218, 219, 220, 223, 268, 269, 272, 273, 274, 387, 469, 798, 799, 800, 880 carbenos de Fischer, 218, 219, 269, 272, 274, 679 carbenos de Schrock, 218 carbeto, 135, 155 carbeto de cobre, 190, 201 carbiminodiol, 400 carbobenziloxi, 599 carbocátion, 16, 17, 19, 20, 22, 24, 25, 28, 39, 44, 45, 46, 47, 50, 51, 118, 121, 132, 140, 146, 151, 164, 167, 169, 176, 185, 197, 242, 299, 312, 320, 366, 381, 384, 403, 431, 448, 467, 468, 631, 637, 658, 663, 780, 803, 807, 821, 827, 830, 873 carbocátions, 19, 22, 46, 52, 53, 54, 65, 73, 119, 132, 139, 143, 159, 169, 189, 242, 312, 316, 391, 764 Carbocloração, 75 carboidratos, 404 Carbometalação, 707 carbonato de sódio, 872 carbonazidato de metila, 223 Carbonilação, 190, 202, 768 carbonilóxido, 249 carboxilação, 440 carboxilato, 26, 27, 35, 104, 345, 346, 350, 353, 354, 355, 357, 374, 377, 382, 396, 402, 417, 418, 419, 438, 440, 446, 509, 544, 611, 660, 663, 779, 797, 871 carcinogênicos, 523 Carey-Sundberg, 155, 888 carga pontual, 346 CAS, 895, 896 catalisadores heterogêneos, 170, 198, 585 Catálise assimétrica, 222, 228, 232 Catálise de transferência das fases, 32 catálise nucleofílica, 366, 442 cátion bromônio, 162 cátion imínio, 415, 492 944 A. Isenmann cátion imônio, 152, 303, 304, 410, 412, 413, 415, 606 cátodo, 126, 467, 584, 663 CBO, 599 CBr2F2, 156 CBr4, 795 CCl4, 69, 70, 71, 393, 414, 432, 795, 797 CdCl2, 615 CdR2, 615 cefetmg, 889 celulose, 149, 405 cetais, 379, 404, 406, 451 cetal, 403, 404 ceteno, 216, 257, 354, 385, 386, 387, 388, 390, 443, 448, 487, 838, 853, 873, 876 cetenos, 245, 246, 366, 386, 387, 388, 389, 390, 443 ceto-enólica, 90, 96, 155, 400, 412, 443, 449, 666, 849 ceto-enólico, 31, 412, 454, 794 cetoéster, 399, 459, 462, 463, 474, 509, 513, 550, 791, 860, 861 cetona assimétrica, 441, 458, 494, 497, 545 cetona simétrica, 502 cetonas aromáticas, 304, 661 cetonas cíclicas, 407, 427, 428, 430, 470, 471, 493, 658, 878 cetoxima, 105, 400, 657 CH2Cl2, 662 CH2I2, 802 CH3CN, 31, 507 CH3I, 36, 39, 121 Chandrasekhar, 240, 369, 486, 487, 807 charge-transfer, 235 Chauvin, 177 ChemDraw, 893, 895 ChemPort, 895 chiral pool, 227, 228, 237 chiraphos, 228 Chirasil-Val, 235 chumbo, 60, 61, 75, 85, 590, 646, 647, 651, 652, 663 chumbo tetraetil, 689 chumbo tetrametil, 689 cianacetato de etila, 513 cianatos, 392 cianeto, 28, 29, 31, 32, 44, 107, 305, 380, 398, 407, 412, 413, 465, 466, 501, 513, 523, 657, 838, 855, 858, 865, 887 cianidrina, 413, 465, 466, 499, 500, 501, 545, 569, 878 cianidrinas, 405, 406, 407, 500 Cianoacetato de etila, 507 ciclobutanona, 245, 389 ciclobuteno, 180 ciclodesidrogenação, 627 cicloeptatrieno, 283, 881 cicloexanona, 463, 494, 819, 881 cicloexeno, 108, 117, 284, 285, 635, 762 ciclofosfamida, 774, 775 ciclohexano, 67, 102, 128 ciclohexanona, 102, 257, 526, 527, 544 Ciclohexanona, 507 ciclohexeno, 102, 155, 269, 285 Cicloocteno, 181 ciclooctino, 251 ciclopentadienila, 251, 284, 338, 538 Princípios da Síntese Orgânica ciclopentadieno, 254, 284, 338, 443, 448, 538, 875 ciclopenteno, 171, 180, 197 ciclopropanação, 222, 232, 241 ciclopropano, 159, 220, 224, 251, 273, 800, 873, 880 ciclopropilação, 177 CIDNP, 260 CIP, 752 cis-diol, 252, 276, 631, 652 cisóide, 253 citotóxico, 251 citotóxicos, 523 Claisen, 263, 264, 265, 270, 278, 312, 458, 459, 460, 461, 462, 463, 472, 482, 484, 490, 491, 544, 546 Clemmensen, 298, 381, 464, 609, 610, 921 cloração, 59, 63, 65, 67, 69, 70, 71, 74, 76, 114, 116, 294, 299, 322, 356, 357, 360, 361, 425, 430, 446, 638, 885 cloral, 403 cloranil, 631 cloreto de acila, 297, 299, 342, 365, 366, 386, 387, 398, 438, 439, 444, 514, 541, 544, 552, 613, 822, 834 cloreto de cromila, 639 cloreto de fenildiazônio, 865, 884 cloreto de fosforila, 145, 293, 360, 398, 770 cloreto de metileno, 34, 662, 872 Cloreto de nitrosila, 883 cloreto de oxalila, 361, 649, 650 Cloreto de oxalila, 75, 446 cloreto de sulfurila, 70, 74, 116, 126, 360 cloreto de tetrabutilamônio, 35, 522 cloreto de tionila, 25, 145, 357, 649 cloreto de tosila, 23, 293, 368, 620 cloreto de trialquilestanila, 595 cloreto de trialquilsilila, 498 cloreto de vinila, 52, 196 cloreto do ácido cianúrico, 328 cloroacrilonitrila, 257 clorobenzeno, 94, 305, 320, 321, 541, 551, 575, 790, 865 clorocetato de etila, 513 clorofórmio, 34, 73, 215, 216, 312, 398, 414, 871 clorometiltrimetilsilano, 834, 836 clorônio, 163 clorossilano, 809 clorossulfonação, 292, 293, 299 CMC, 370 CN-, 28, 43, 380, 412, 570, 860, 865 CNO-, 860 CO2 atmosférico, 434 coagulação do sangue, 643 co-catalisador, 167, 170, 172, 179, 181, 467, 522, 636, 838, 843 COCl2, 149 coeficientes orbitalares, 258 cola de madeira, 329 colas de madeira, 301 Collins, 397, 646, 647 combustão completa, 81, 155, 624 Compendex, 891, 892, 893, 894 complexante quiral, 274 complexo de borotrifluoro-éter, 187 complexo de Meisenheimer, 325, 343 945 A. Isenmann componente carbonílico, 415, 416, 464, 483, 484, 489, 490, 491, 495, 503, 508, 509, 513, 515, 516, 524, 540, 547, 548 componente metilênico, 457, 464, 483, 484, 485, 488, 489, 492, 494, 495, 498, 499, 502, 503, 509, 510, 514, 523, 535, 540, 541, 542, 548, 549, 552 compostos 1,3-dicarbonílicos, 505 compostos alicíclicos, 267 compostos (1,2)-dicarbonílicos, 426 comproporcionamento, 61, 93, 94, 583, 672 com-rotatório, 211, 212, 213, 268 condensação aldólica, 233, 416, 454, 456, 457, 459, 494, 496, 508, 545, 819, 842 Condensação de aciloina, 545, 612 condensação de Henry, 533 condensação de Mannich, 492, 540 condensação de Michael, 522, 523, 542, 553, 554, 555 condensação mista, 412, 482, 501, 508 condensações cruzadas, 458, 466, 482, 499, 529, 571, 794 condições pirolíticas, 123, 146, 182 conservação do spin, 220 conservante, 854 consoante, 567 constante de acidez, 345 constante de Faraday, 100, 625 constante dielétrica, 16, 18, 347, 626 Contergan, 227 contração de anéis, 427 Contração oxidativa, 658 contra-íon, 30, 144, 164, 313, 394, 516 controle cinético, 133, 134, 194, 238, 258, 315, 336, 341, 513, 591, 592, 782, 819, 855, 857 controle termodinâmico, 15, 144, 194, 246, 367, 456, 458, 459, 502, 781, 782, 857 convergente, 563, 574, 579, 580 coplana, 54, 147, 279 copolímero, 78, 175 copolímeros, 173, 190, 532, 628, 841 cor ativa, 57 cor passiva, 57 corante quinóide, 669 corante sensibilizador, 246 corantes, 252, 292, 328, 667, 669, 855, 856, 882 Corey e Enders, 412 Corey e Seebach, 406, 568 Corey-Chaykovsky, 158, 239, 240, 241, 242, 243, 800 Corey-Fuchs, 431, 803 Corey-House, 191, 521, 572, 578, 700, 750, 751, 845 Corey-Seebach, 569 corrosão, 97, 373, 375, 447, 654 COS, 149 Cossee, 172 cozimento de fenol, 294, 333, 863, 885 Cozimento de fenol, 862, 884 Cp, 251, 254, 273, 284, 538, 539, 800 Cr(II), 193, 591, 600 Cr(III), 193, 627 Cracking, 76, 77, 115, 123, 627 Cram, 229, 231, 402, 604, 823 craqueamento, 77, 165, 471, 679, 725, 744 CrCl2, 596 Princípios da Síntese Orgânica Criegee, 204 Criegée, 252, 651, 664 CrO2Cl2, 639 CrO3, 397, 398, 624, 625, 638, 640, 642, 643, 647, 654, 656 CrO42-, 626, 647 cromita de cobre, 598, 646 CS2, 69, 148, 149, 474 CTF, 32, 33, 34, 35, 118, 618 Cu(I), 110, 192, 219, 250, 251, 521, 633, 634, 864, 865, 866 Cu2O, 642, 655 CuCl2, 636 CuCr2O4, 571, 590, 598, 613, 646 cumarina, 269, 274, 275, 486 cumeno, 94, 95, 97, 102, 126, 427 curing, 99 Curtius, 119, 224, 363, 391, 426, 449 CuSO4, 250 D D2O, 401 DA inversa, 254 DA regular, 255, 257, 266 DABCO, 460, 528, 529, 798 Darses, 867 Darzens, 223, 516, 517, 799 DBN, 144 DBU, 144, 528, 798 DCC, 363, 364 DDQ, 632, 668 DEAD, 797 dean stark trap, 414 Debye, 768 Decarboxilação, 709 decomposição térmica, 216, 296, 399, 408, 870 degeneração, 281 Degradação, 104, 249, 391, 392, 393, 443 Degussa AG, 97, 374 Denisov, 87 Derwent Innovations Index, 897 desativação, 173, 321, 483, 484, 491, 571 desbromação com iodeto, 597 descarbonilação, 110, 340, 490, 509, 650 descarboxilação, 155, 216, 399, 449, 462, 463, 472, 504, 509, 511, 513, 515, 516, 518, 523, 542, 544, 547, 556, 571, 630, 650, 659, 663 descarboxilações, 109, 456, 513 desconectar, 562, 563, 564, 565, 573, 575, 576, 580 desconexão, 561, 562, 563, 564, 565, 567, 568, 573, 575, 576, 577, 578 Desconexão, 560 desconexção, 563 desconexões, 561, 563, 574, 579 desenxofrimento, 686 Desidração, 182 desidratante, 795 Desidrociclização, 182 desidrogenação, 123, 285, 623, 627 desidrohalogenações, 144 desmercuração, 185, 201, 759 946 A. Isenmann desproporcionamento, 61, 62, 125, 162, 422, 423, 451, 466, 492, 548, 651, 751, 858 desproteção, 544, 570 desprotonação quantitativa, 187, 412, 502, 503, 514, 544 dessililação, 829 Dessililação, 820 destilação azeotrópica, 414, 415, 497 Detergentes em pó, 772 detergentes sintéticos, 75 deuteração, 314 deuterado, 159, 422 Dewar, 204, 253 D-frutose, 604 diacetato, 486, 639, 646 diácido carboxílico, 472, 540, 541, 549 dialquilboranos, 762 dialquilfosfito, 786 dialquilzinco, 810 Diamidato de fósforo, 774 Diamidita de fósforo, 774 diânion, 186, 441, 453, 473, 668 diastereoisômeros, 205, 226, 227, 232, 235, 238, 604, 629, 673, 782 diazabiciclooctano, 460 Diazald, 384, 869, 870, 871, 876, 882 diazo, 232, 448, 785, 802, 804, 852, 858, 862, 866, 868, 869, 872, 873, 874, 884 diazoalcano, 802, 869, 874, 876, 877, 879 diazoalcanos, 216, 217, 251, 868, 869, 871, 875, 879, 880 diazoamino, 884 diazoaminobenzeno, 857 diazoanidrido, 859, 869, 882, 884 diazoanidridos, 859, 866 diazoazida, 860 diazocarbonila, 873 diazocarboxílicos, 387 diazocetona, 387, 426, 876, 877 diazocianeto, 855 diazociclopentadieno, 875 diazoidróxido, 859 diazomalonéster, 872, 873 diazometano, 216, 222, 251, 384, 387, 391, 865, 868, 869, 870, 871, 872, 875, 876, 877, 879, 880, 882, 886 diazônio, 39, 140, 143, 251, 291, 296, 308, 316, 333, 341, 852, 853, 854, 855, 858, 859, 862, 863, 864, 865, 867, 868, 872, 882, 883, 884, 885 diazossulfonato, 858 diazotada, 857 diazotamento, 291, 292, 852, 853, 854, 860, 872 diazotato, 859, 869, 871, 884 diazotatos, 292 DIBAL, 591, 725, 731 DIBAL-H, 591 diborano, 591, 761, 762, 767 dibutiléter, 432 diceteno, 388, 389 dicetenos, 473 dicetona, 267, 462, 515, 539, 544, 657 diclorocarbeno, 34, 215, 216, 312, 389 Princípios da Síntese Orgânica dicloroceteno, 389, 443, 448 diclorometileno, 34, 869, 871 Dieckmann, 460, 461, 472, 474 Diels, 149, 155, 204, 205, 210, 229, 233, 248, 252, 253, 254, 255, 256, 259, 266, 269, 277, 278, 331, 493, 549, 573, 864 dieno, 132, 155, 211, 212, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 262, 266, 269, 277, 443, 592, 593 dienófilo, 155, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 259, 266, 269, 277, 331, 443, 864, 879 diéster, 375, 473, 509, 514 diésteres, 473 diethylazodicarboxilato, 797 dietilamida de lítio, 501 dietilaminoacetonitrila, 500 dietilenoglicol dimetiléter, 32, 610 dietilenoglicol-dimetiléter, 588 dietiléter, 146, 181, 434, 440, 854, 870 Dietilmalonato, 506, 507, 508 dietilsulfato, 146 dietiltartarato, 237 difenilceteno, 387 difenildiazometano, 874 difenilmetilítio, 809 diffusion control, 58 Difosfenos, 798 difosfinas quirais, 789 dig, trig ou tet, 475 diglime, 32, 33, 588, 602, 610, 614, 664 dihaleto geminal, 222, 638 di-haleto geminal, 184 dihaleto vicinal, 163 dihaletos geminais, 638 diimida, 587, 588, 591 diisocianatos, 392 diisopropilamideto de lítio, 484, 495, 716 diisopropilamina, 192, 484 diluição, 461, 470, 471, 472, 473, 474, 625 dimedona, 524, 525 dimerização, 60, 165, 167, 182, 269, 275, 388, 389, 394, 449, 467, 529, 549, 600, 791 dimetilalquilamina, 607 dimetilamina, 152, 526, 542, 547, 608 dimetilanilina, 327, 616 dimetilformamida, 136, 305, 591, 597, 606, 796 dimetilsulfóxido, 31, 240, 649, 670 dimetoxietano, 432 Dimroth, 432 Dinitrila do ácido malônico, 505, 507 dinitrilas, 472 dinitrobenzeno, 884 Dinitrometano, 505 diol geminal, 99, 403, 638, 658 dioxano, 408, 434, 657, 664 dióxido de manganês, 626 Dióxido de selênio, 633, 651 dioxo-tiirano, 155, 156 DIPAMP, 789 diplumbanos, 741 dipolarófilo, 247, 250, 879, 880, 886 Disconnection, 557, 560 Disconnection approach, 560 947 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica dis-rotatório, 211, 213, 268, 271 dissipação, 84, 127 dissociação heterolítica, 16, 27, 64, 341 dissociação homolítica, 16, 27, 63, 64, 637 dissulfeto, 149, 620, 670 dissulfetos, 620 distância interatômica, 134, 584, 768 distribuição de Maxwell-Boltzmann, 56 ditiofosfatos de zinco, 775 Ditionita de fósforo, 774 D-manita, 604 DME, 432, 712, 715 DMF, 31, 32, 136, 305, 361, 398, 486, 591, 596, 597, 606, 796, 842 DMPA, 528 dmpe, 691 DMSO, 31, 32, 44, 45, 240, 384, 512, 646, 649, 650, 670, 790 DNA, 338, 523, 769, 770, 772 DNP, 601 Doering, 204 D-sorbita, 604 duplamente ativado, 459, 464, 483, 491, 503, 505, 510, 513, 514, 516, 524, 540, 541, 547, 549, 550, 551, 553, 554, 562 duplamente ativados, 423, 462, 506, 512, 514, 523, 541, 550, 551, 552, 860, 872 duplas-ligações acumuladas, 134, 226, 392 duplas-ligações isoladas, 131, 338, 339 duroplásticos, 842 E E.O. Fischer, 218 E1cB, 141, 143, 153, 158, 200, 714 efeito auto-catalítico, 57 efeito de gel, 58 Efeito de peróxido, 73 efeito indutivo, 46, 53, 109, 316, 318, 337, 342, 438, 439, 494, 783 efeito isotópico, 140, 331 efeito mesomérico, 51, 316, 318, 337, 342, 438, 522, 566 Einstein, 116, 126 electron paramagnetic ressonance, 643 electron withdrawing group, 568, 783 Electron Withdrawing Group, 245 eletrocíclicas, 3, 149, 150, 160, 204, 205, 207, 220, 222, 229, 253, 260, 266, 267, 268, 279, 312, 331, 333, 386, 474, 475, 799, 855, 879 eletrófugo, 150, 151, 152, 333 eletrólise, 394, 467, 663, 664 eletronegatividade, 14, 41, 43, 163, 219, 273, 316, 326, 342, 344, 349, 354, 436, 438, 444, 452, 532, 555, 582, 666, 682, 761, 764, 768, 769, 770, 806, 807, 820, 852, 898, 900, 901 eletronegatividade de grupos, 685 elétrons desemparelhados, 61, 109, 219, 273, 433, 469, 589 elétrons solvatados, 467 eliminação de Cope, 147, 149, 194, 195, 262, 666 eliminação de Hofmann, 39, 493 eliminação sin, 779, 834 eliminação β, 15, 28, 42, 50, 95, 129, 136, 137, 139, 141, 144, 150, 151, 153, 155, 158, 159, 194, 309, 401, 405, 413, 415, 435, 526, 542, 638, 645, 689, 693, 714, 720, 724, 726, 743, 751, 804, 863 eliminações cis, 146, 147, 149, 229, 267, 386 eliminar a atividade prótica, 816 Elschenbroich, 679 Elsevier, 892, 894 emulsão, 370, 447 emulsina, 407 enamina, 400, 410, 412, 413, 414, 461, 483, 496, 497, 498, 500, 523, 527, 528, 542, 544, 547, 571, 660 enaminas, 405, 412, 414, 451, 496, 497, 498, 527, 531, 780 enanciômeros, 225, 226, 227, 232, 234, 235, 236, 237, 443, 545, 604, 673, 789, 880 endiol, 91, 400 Endurecimento, 80 energia de afinidade, 16 energia de ionização, 16, 900 energia térmica, 56, 130, 281, 315 energias das ligações covalentes, 63, 100, 898, 901 eno, 25, 109, 148, 150, 266, 269, 277, 834 enol estabilizado, 496 enolato, 45, 119, 385, 399, 400, 412, 424, 425, 430, 431, 454, 455, 456, 460, 462, 480, 482, 484, 486, 494, 496, 498, 500, 502, 503, 510, 511, 512, 515, 516, 521, 523, 526, 534, 550, 551, 552, 660, 783, 818, 819, 820, 849, 857, 860, 861, 874, 877 enolendo, 480, 481, 482 enoléster, 389 enoléter, 405, 443, 474, 483, 498, 499, 501, 523, 545, 547, 571, 801 enoléteres, 405, 443, 451, 496, 497, 498, 499 enolexo, 480, 481, 482 enolizáveis, 422 enolizável, 413, 496, 546 enonas, 241, 791 Entalpia livre de Gibbs, 625 entalpia-padrão, 687 entalpias de dissociação, 63, 66, 689 Entgegen, 131 Envelhecimento, 80 envenenado, 184, 590 enzimas, 232, 234, 405, 670 EPDM, 171 epoxidação, 204, 224, 225, 232, 233, 236, 239, 241, 243, 269, 274, 800 epóxido, 162, 224, 225, 274, 438, 517, 569, 602, 629, 651, 658, 797, 799 epóxidos, 38, 162, 232, 238, 242, 243, 467, 516, 568, 570, 602, 802, 831, 877 Equação de Nernst, 586, 625 Equivalente sintético, 561, 569 equivalentes sintéticos, 561, 562, 563, 567, 568, 571, 575 ERG, 255, 258 eritro, 231, 782, 834 ESCA, 585 Eschweiler-Clarke, 413, 588, 606, 607, 608, 609, 673 escorbuto, 91 948 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica ESIPT, 88 espalhamento, 84, 783 espectrômetro de massas, 107, 108, 109, 149, 205, 217, 254, 266, 269, 278 espinelo, 598 espuma, 392, 447 estabilidade dos radicais, 54, 596 estabilização por ressonância, 67 estabilizantes, 60, 82, 83, 85, 88, 89, 97 estado fundamental, 60, 66, 79, 208, 209, 217, 243, 244, 246, 261, 268, 269, 272, 275, 281, 284, 671, 761 estanano, 594, 595 estanho, 60, 180, 737, 738, 739, 744, 745, 746 éster do ácido carbônico, 490 éster do ácido malônico, 511, 513 éster glicídico, 222, 516, 517, 518 éster malônico, 463, 490, 494, 513, 514, 515, 551 éster succínico, 503 estereorregularidade, 195, 200 estereosseletividade, 184, 213, 231, 232, 248, 258, 421, 449, 781, 873, 877 ésteres do ácido carbônico, 483, 490 ésteres malônicos, 490 esterificação, 35, 365, 374, 375, 384, 601, 770, 875 esteróide, 105, 107 esteróides, 105, 527, 553, 651 estireno, 78, 95, 168, 179, 183, 232, 628 etano, 63, 66, 134, 135, 136, 182, 349, 761 etanolamina, 517 Etard, 639 eteno, 129, 134, 135, 349 Éter dietílico, 432 éter vinílico, 265 éteres de coroa, 31, 32, 33 etilbenzeno, 183 etileno, 108, 129, 130, 136, 146, 165, 166, 171, 178, 179, 183, 423, 517, 628, 636 etilenoglicol, 32, 450 etilfenilcetona, 578 etilviniléter, 466, 499, 500, 545 etinilação, 190, 532 Etinilação, 190, 201 etino, 134, 135, 349 EtONO, 854 etóxido, 137, 423, 424, 430, 491, 511, 514, 550 eutrofização, 772 EWG, 245, 255, 259, 505, 506, 509, 568, 797, 872 excesso diastereoisomérico, 227 excesso enanciomêrico, 227, 232, 797 exocíclico, 257, 493 explosão térmica, 58, 63, 82 explosões isotérmicas, 82 extinção, 82, 91, 439 extrator, 456, 457 F Fache, 609 fácil separação do catalisador, 587 fase, 16, 17, 29, 33, 34, 53, 56, 58, 59, 61, 66, 68, 69, 73, 108, 110, 114, 118, 125, 126, 145, 146, 161, 162, 172, 175, 179, 206, 289, 357, 362, 367, 370, 373, 417, 419, 446, 447, 507, 522, 587, 599, 626, 627, 642, 670, 866, 872, 882 Favorskii, 156, 427, 429, 430, 659, 803 Fe(II), 552, 633 Fe/HCl, 616 FeBr3, 294 fedidas, 418 Fehling, 655, 921 Felkin, 231, 402 fenantreno, 319 Fenilacetilacetona, 507 fenilazida, 250, 332, 860 fenilésteres, 263 fenilidrazina, 411, 855, 858, 859, 882 fenilidrazinassulfonato de sódio, 858 fenilidrazonas, 411 fenilítio, 334, 569, 779, 787 fenilsulfona, 157 fenóis, 90, 127, 293, 294, 295, 299, 305, 311, 336, 374, 401, 434, 494, 597, 601, 817, 857, 875, 886 fenonas, 661 fenóxido, 292, 301, 313, 342 fenoxitrimetilsilano, 817 Fenton, 81, 93, 654, 664 FERMO, 45, 209, 521, 686 feromônio, 470 Ferrato, 646, 647 fertilizante, 772 FGA, 561, 571, 572, 573, 611 FGI, 256, 257, 300, 561, 568, 573, 577, 795 fibra, 668, 856 FINEP, 897 Finkelstein, 20, 53 Fischer, 218, 219, 220, 221, 226, 229, 269, 273, 274, 286, 655, 834, 854, 858, 860, 874, 883 Fischer-Tropsch, 679 fish hooks, 61 fisissorção, 585 fixação do enol, 818 FIZ Karlsruhe, 896 flexibilidade estrutural, 421 flotação, 769 flúorbenzeno, 885 fluoresceina, 662 fluorescente, 619 fluoreto de sal de amônio quaternário, 820 fluoreto de tetrabutilamônio, 817, 824 força eletromotriz, 625, 650 formaldeído, 152, 300, 301, 302, 303, 304, 329, 408, 409, 415, 423, 488, 489, 491, 492, 494, 495, 500, 525, 526, 540, 547, 548, 571, 606, 607, 608, 616, 787, 826, 827, 828 formalina, 422, 606, 677 formamida, 381 formiato, 215, 423, 489, 606, 607, 608 formilação, 489, 606 fosfano, 773, 787, 788, 790 fosfanos, 770, 788 fosfaoxetano, 779, 785, 793 fosfatidilcolina, 775 fosfato, 408, 771, 772, 773, 775, 793, 794 949 A. Isenmann fosfato de cálcio, 408 fosfatos, 769, 772, 777 fosfina, 232, 460, 619, 773, 777, 779, 788, 789, 790, 791, 792, 795, 797, 849 Fosfina, 774 Fosfinamida, 774 fosfinas, 528, 529, 618, 777, 778, 788, 789, 790, 791, 792 fosfinato, 773, 776 Fosfinato, 774 fosfinita, 773 Fosfinita, 774 fosfinitos, 788 fosfinóxido, 619, 773, 787, 791 Fosfinóxido, 774, 787 fosfinóxidos, 226, 780, 784, 787, 790 fosfito, 773, 792, 793, 795 Fosfito, 774 fosfitos, 777, 788, 791, 795 Fosfoditionato, 774 fosfol, 790 fosfona, 788 Fosfonamida, 774 Fosfonamidato, 774 fosfonato, 773, 776, 783, 784, 785, 786, 792 Fosfonato, 774 fosfonatos, 776, 777, 783, 784, 792, 795 fosfônio, 257, 778, 779, 781, 782, 783, 787, 788, 789, 790, 791, 803 fosfonita, 773 Fosfonita, 774 fosfonitos, 788 Fosforamida, 774 fosforanos, 787, 788 fosforila, 792 fosforilação, 769, 794 fosforileno, 778, 779, 799 fosforilenos, 780 fosforilídeo, 778, 779, 781, 783, 784, 799 fosforino, 798 Fosfotionato, 774 fosgênio, 149 foto-oximação, 100 fotoquímica, 56, 100, 217, 243, 244, 263, 266 fragmentação, 150, 151, 152, 266, 269, 278, 333, 443, 627 fragmento benzílico, 575 frases R e S, 558 Freiburg, 777 Frey, 204 Friedel-Crafts, 94, 183, 284, 296, 297, 298, 299, 301, 304, 305, 322, 342, 381, 398, 448, 474, 609, 627, 661, 832 Fries, 263, 264, 265, 270, 278, 304, 312 frutas azedas, 91 ftalato de dietila, 372 ftalimida, 48, 121, 369 Fukui, 45, 204, 521 Fukuyama, 192 fulminatos, 392 função de onda, 206, 280 função mascarada, 256 Princípios da Síntese Orgânica Funcional Group Interconversion, 256 Functional Group Addition, 561 Functional Group Interconversion, 300, 561 fungicida, 739, 759 fungizidas, 769 furano, 291, 305, 322, 331, 594 Fürstner, 721, 830 G Gabriel, 48, 114, 121 gaiola de solvente, 24, 104, 346, 433 gás carbônico, 104, 127, 342, 391, 392, 440, 515, 607, 624, 637, 803 gás cianídrico, 406 gás hilariante, 536 gasolina, 61, 85, 165, 182, 735, 740, 743, 744 Gaspar, 222, 865, 881 Gattermann, 304, 305, 342, 398 Gattermann-Koch, 304, 305, 342, 398 géis inorgânicos, 805 General Motors, 744 germânio, 684 Gewald, 416 Gilman, 750 Glaser, 191, 636 glicerina, 96, 370, 373, 447 glicina, 776, 869, 872 glicóis, 397, 628, 651 glicose, 228, 405, 451, 825 glifosato, 776 glime, 664, 692 glioxal, 637 glufosinato, 776 Gold Book, 773 Goldfinger, 71 Gomberg, 859, 866, 867, 868, 882, 884 Gomberg-Bachmann, 866 Goodyear, 670, 726 gordura, 33, 97, 370, 373, 427, 447 gorgoneno, 836 Graham, 432, 772 gramina, 494, 542 green chemistry, 608 Grignard, 110, 153, 186, 230, 306, 308, 327, 379, 382, 396, 398, 412, 432, 433, 434, 435, 436, 437, 438, 439, 440, 441, 444, 450, 452, 453, 504, 520, 521, 564, 565, 568, 573, 574, 576, 595, 602, 615, 616, 671, 715, 750, 761, 778, 790, 834, 836, 898, 922 Group Transfer Polymerization, 837, 842 Grubbs, 177 grupo acila, 75, 263, 278, 298, 299, 352, 353, 354, 355, 364, 365, 418, 446, 458, 489, 533 grupo metilol, 301 grupo nitrosil, 853 grupo protetor, 404, 442, 447, 450, 466, 493, 499, 501, 509, 561, 571, 574, 599, 602, 805, 874 grupos ativantes, 818 grupos bloqueadores, 818 grupos protetores, 234, 376, 379, 406, 414, 499, 645 GTP, 167, 837, 838, 841, 842, 843 guerra mundial, 136, 776 950 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica guttapercha, 532 H H2/Pd, 602, 609 H2Cr2O7, 626 H2O2, 81, 147, 197, 224, 246, 249, 294, 427, 517, 654, 662, 665, 669, 670 H2PtCl6, 809 H2SeO4, 639 H2SO5, 75, 667 H3PO4, 37, 145, 404, 429, 770 H5IO6, 631 H9O4+, 346 Halcon, 95 haleto de vinila, 184 haletos geminais, 398 haloéteres, 153, 403 halofórmio, 424, 427, 506, 515, 562, 659, 660 halogenação radicalar, 63 halossilano, 808 HALS, 85, 86, 87, 127, 718 Hammett, 321, 371 Hammond, 66, 67, 68, 114, 122, 163, 288, 336, 341 Hammond-Polanyi, 66, 67, 68, 122, 288, 336, 341 Handbuch der organischen Chemie, 895 Hantzsch, 416 Hard and Soft Acids and Bases, 40, 686 Hartwig, 309 HBF4, 854 HBr, 38, 39, 65, 71, 72, 73, 74, 116, 124, 125, 139, 144, 267, 294, 401, 519, 520 Heck, 192, 193, 306, 307, 308, 309, 310, 336, 522, 679, 686, 867 Heissenberg, 206 Hell-Volhard-Zelinsky, 385, 394 hemiacetais, 403 hemiacetal, 99, 405 Hepp, 854, 883 heptano, 165, 181, 627 herbicida, 776 herbizidas, 769, 776 heterocupratos, 749 hexaalquildissiloxano, 833 hexametilenotetramina, 409 Hexametilfosforotriamida, 774 Hexamina, 300 Hg(II), 160, 161, 311 Hg(OAc)2, 197, 201, 311, 632 HgO, 869, 874 hidrazida, 375 Hidrazida, 351 hidrazina, 298, 375, 387, 410, 448, 587, 588, 610, 858, 871, 874, 877 hidrazo, 601, 853 hidrazobenzeno, 617 hidrazona, 375, 387, 402, 410, 588, 860, 861, 862, 873, 874 hidrazonas, 410, 860, 869, 874 hidreto de diisobutilalumínio, 591 hidreto de lítio e alumínio, 589 hidreto de tributilestanho, 594 hidretos metálicos, 435, 603, 611, 613, 621 hidroaluminação, 723, 724, 731 hidroboração, 160, 589, 591, 686, 706, 738, 754, 757, 760, 761, 762, 763, 764, 765, 767, 809 hidroestanamento, 737, 738 hidrofóbica, 467, 626 hidrofobizados, 447 hidrofobizar, 816 Hidrogenação, 184, 232, 592 hidrogenólise, 184, 593, 596, 598, 620 Hidrogenólise, 595, 598 hidrólise, 21, 24, 27, 50, 94, 99, 151, 152, 166, 184, 187, 201, 249, 252, 276, 305, 327, 363, 366, 370, 371, 377, 378, 380, 383, 384, 399, 403, 404, 405, 412, 414, 418, 426, 435, 439, 453, 462, 463, 499, 513, 514, 536, 542, 544, 556, 595, 608, 616, 619, 629, 638, 657, 665, 691, 765, 766, 768, 775, 799, 803, 805, 822, 843, 861 hidrometalação, 692, 708, 709, 720, 737, 810 Hidrometalação, 705 hidroperóxido, 81, 94, 95, 99, 638, 671, 766 hidroperóxidos, 81, 95, 96, 427, 434, 664 hidroplumbação, 748 hidroquinona, 60, 339, 669 hidroquinonas, 90, 342 hidrossililação, 809, 810 Hidrossililação, 808, 809 hidroxibenzotriazona, 364 hidroxicarboxamida, 421 hidroxicetona, 400 hidroxilamina, 102, 291, 410, 426, 429, 657, 666, 667 hidroxilimina, 102 hidroximercuração, 160, 161, 164, 185, 195 Hidroximercuração, 160, 633 hidroximetilação, 301, 302, 303 hidroxissilano, 834 hidroxissilanos, 811, 833, 834, 835 high throughput screening, 420 high-spin, 59 higroscópico, 639 Hinsberg, 49, 367, 368, 442, 446 hiperconjugação, 46, 47, 142, 316, 317 hipoclorito, 70, 246, 294, 648 HLF, 105, 106 HMPA, 31, 774 HMPT, 31, 512, HMPA HNO2, 290, 426, 657 HNO3, 101, 120, 288, 289, 290, 296, 640, 654, 656, 670, 853 Hoechst, 75, 116, 126 Hoesch, 304, 305, 342, 398 Hoffmann, 200, 204, 210, 212, 213, 216, 243, 245, 333, 389, 542, 881 Hofmann, 105, 117, 119, 128, 141, 142, 143, 144, 195, 200, 201, 263, 267, 327, 392, 426, 449, 775, 781 Hofmann-Löffler-Freytag, 105, 117, 128 HOMO e LUMO, 207 homocupratos, 749 homolítica, 53, 54, 55, 74, 76, 77, 125, 260, 263, 630, 654, 864, 866 homologação, 777, 785, 845, 876, 879 homo-metatese, 177 951 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Horner, 508, 776, 777, 778, 780, 783, 784, 785, 787, 803, 833, 925 Horner-Emmons, 508 Horner-Wadsworth-Emmons, 776, 778, 783, 785, 803, 833 Horner–Wadsworth–Emmons, 777 Horner-Wittig, 780 Hosomi-Sakurai, 523, 829, 831, 845, 849 Houben-Weyl, 888 HSAB, 40, 41, 521, 686 Hückel, 204, 205, 279, 282, 284, 335, 338, 343 Huisgen, 204, 250, 860 Hüls, 723 Hund, 208, 282 Hüning, 463, 539, 544 Hunsdiecker, 23, 54, 104, 116, 120, 393, 426, 449, 630, 663 HVZ, 402 HWE, 778, 781, 783, 784 I I3-, 664 ileno, 177, 778, 779, 799, 807, 833 ileno-ilídeo, 177, 807 ilídeo, 225, 239, 240, 619, 778, 779, 780, 781, 782, 783, 799, 800, 802, 803, 833, 836, 853 ilídeos, 154, 189, 224, 239, 781, 782, 783, 784, 799, 802, 833, 836 Ilídeos de carbonila, 802 Ilídeos do nitrogênio, 802 imenos, 223 imidazol, 817 Imido, 684 Imidoéster, 352 imina, 369, 400, 402, 410, 412, 413, 461, 475, 524, 529, 607, 608, 677, 786 imínio, 259, 263, 492, 547, 550, 796, 802, 821, 826, 828 imônio, 411, 417, 419, 492, 496, 607, 826 impedimento peri, 318 in vivo, 460, 495, 619 incêndio, 372, 433, 611, 691 indazol, 252 índice de não-uniformidade, 175 índice de octano, 165 Indigo, 80 índigo, 662, 669 indol, 494, 542, 860, 882 indução assimétrica, 229, 402, 604, 823 Indução assimétrica, 227, 229, 402 Ingold, 15, 21, 131, 617, 834 inibidor, 60 iniciação, 56, 58, 61, 65, 71, 82, 93, 105, 115, 124, 169, 181, 407, 633, 664, 671, 866 iniciação catiônica, 169, 181, 407 iniciador, 54, 55, 56, 59, 62, 63, 70, 77, 78, 79, 80, 81, 124, 125, 126, 167, 169, 654, 838 inserção, 81, 159, 166, 171, 172, 173, 175, 176, 177, 178, 191, 199, 214, 221, 222, 223, 224, 268, 273, 517, 603, 880, 881 inseticidas, 769, 770, 880 Inter System Crossing, 221 Interconversão de grupos funcionais, 561 inversão da polarização, 450, 504, 566, 568, 797, 803 inversão de Walden, 478 iodação, 295, 425 iodeto de metila, 39, 148, 493, 607, 795, 825 iodeto de trimetilsilil, 810 iodeto/amido, 96, 664 iodofórmio, 425 ISC, 221 isobutano, 182 isobutileno, 165, 168, 169, 182, 408 isocianato, 45, 392, 393, 449 isoflavanona, 269 isomeria alílica, 51 isomerização alílica, 25, 51, 65, 633 isômeros dos diazoalcanos, 868 isonitrila, 45, 417, 418, 419, 421, 779 iso-octano, 165 isopreno, 172, 176, 177, 408, 532, 670, 708, 710, 711, 716, 726 isoprenóide, 824 isopropanol, 138, 604 isopropila, 317 isopropóxido de alumínio, 604 isotacticidade, 175, 200 isotáctico, 172, 199 isotiocianato, 860 isovalentes, 837 IUPAC, 16, 17, 18, 24, 54, 58, 60, 61, 99, 139, 140, 141, 389, 586, 834, 890 J JACS, 893 Japp-Klingemann, 463, 860 Jeffery, 308, 309, 522, 867 JOC, 893 Journal of Organic Chemistry, 369, 619, 893 JST, 896 Julia, 157, 239, 779, 799, 833 K K2FeO4, 647 Kabachnik-Fields, 417, 777, 786 Kaminsky, 172, 727 Kasprzyk, 487 KCN, 412, 465, 501 Kekulé, 286, 287, 318 Kenner, 601, 869, 871 Kharasch, 73, 75, 76 Kharasch-Sosnovsky, 76 Kharash-Sosnovsky, 633, 634, 673 KHSO4, 144 Kindler, 416, 656, 660, 661 Kirk-Othmer, 888 Kishner, 298, 410, 413, 464, 588, 610, 873, 921 KMnO4, 120, 252, 276, 285, 300, 398, 624, 625, 628, 631, 637, 640, 645, 651, 654, 656, 670, 673 Knochel, 757, 758 952 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Knoevenagel, 233, 416, 483, 505, 508, 513, 541, 547, 551 Knowles, 216, 232 Kolbe, 31, 32, 110, 313, 342, 378, 382, 394, 449, 467, 663, 664 Kumada-Corriu, 307 Kurroll, 772 L lacrimogêneos, 426 lactama, 102, 351, 400 lactona, 26, 350 Ladenburg, 538 Lambert-Beer, 88 L-aminoácidos, 228, 412 LAMMA, 585 lâmpada de ceteno, 387, 448 Larock, 153, 160, 888 Laser, 208, 585 látex, 620, 670 LCAO-MO, 130, 206, 220, 281 LDA, 412, 484, 495, 501, 502, 503, 526, 538, 569, 716, 783, 818 L-dopa, 789 Le Chatelier, 771 lei da micro-reversibilidade, 216 Lei de frequência-limite, 126 Lemieux, 630, 631, 653 Lenard, 126 Leuckart-Wallach, 413, 605, 606, 607, 923 Leuckert-Wallach, 588 leuco-base, 80 Li/t-BuOH, 595 LiAlH(OC(CH3)3)3, 398 LiAlH4, 240, 325, 354, 382, 469, 511, 531, 589, 590, 595, 597, 602, 603, 612, 613, 614, 616, 620, 780, 921 ligação de hidrogênio, 29, 30, 103, 346, 463, 506 ligações glicosídicas, 405 ligantes, 14, 19, 22, 27, 30, 41, 49, 119, 150, 173, 192, 213, 217, 219, 226, 228, 232, 237, 238, 248, 274, 275, 283, 308, 316, 319, 342, 343, 354, 380, 422, 495, 532, 584, 587, 788, 789, 838, 852 ligantes ansa, 727 Lindlar, 184, 590, 614 linear free energy relationship, 371 língua estrangeira, 889 linhaça, 82, 97 lipofílicos, 447 Lipshutz, 752 lisina, 102, 117, 128 living polymerization, 841 Lochmann-Schlosser, 704, 844, 847 Lombardo, 802 Longuet-Higgins, 204 Lossen, 119, 393, 426, 449 lubrificantes, 166, 167, 770 Luttinger, 188 luz polarizada, 226, 373 luz UV, 55, 56, 57, 70, 71, 74, 79, 83, 100, 104, 108, 120, 125, 205, 209, 210, 212, 223, 244, 262, 263, 268, 269, 271, 277, 281, 295, 638, 766, 880 M maciez, 33, 42, 43, 44, 113, 117 macio, 34, 40, 41, 42, 43, 44, 52, 119, 512, 513, 520, 521, 523, 528, 595 macro-monômero, 842 Maddrell, 772 magnesiatos, 723 Maio, 73 Malaprade, 631, 653 malationa, 775 malonato de dietila, 508, 513, 541, 542, 551, 555, 874 manganês, 193, 626, 631, 646, 648, 651, 673 Mannich, 152, 233, 303, 304, 402, 412, 413, 414, 415, 416, 491, 492, 493, 494, 495, 500, 526, 540, 542, 547, 549, 553, 555, 571, 606, 607, 786, 796, 826, 925 MAO, 727, 728, 729 marcações isotópicas, 159 March, 621, 643, 888 Markovnikow, 73, 79, 124, 160, 161, 163, 164, 184, 185, 201, 267, 764, 767, 790, 791 Markownikov, 578 mascarar, 570 massa reduzida, 314, 340, 939 Material de partida, 393, 560 Matsuda-Heck, 308 McKillop, 312, 658 McLafferty, 108, 109, 110, 266, 269 McMurry, 177, 468, 469, 474, 537, 686, 777, 800, 890, 924 MCT, 897 MDI, 392 Me3SiCl, 473, 819 Me3Si-CN, 501 medicinal, 226, 227, 420, 786 Meerwein, 604, 650, 686, 865, 921 Meerwein-Ponndorf-Verley, 604, 650, 686, 921 meia-vida, 56, 59, 217, 220, 268, 330, 436, 715 meio-ambiente, 118, 769, 896 melamina, 328, 329, 409 menadion, 643 mercaptano, 34, 42, 620 mercaptanos, 29, 49, 60, 90, 316, 523, 669, 670, 898 Merck, 361, 558, 890 mercuração, 284, 311, 635, 636, 686, 705, 759 mercúrio, 104, 116, 160, 161, 185, 201, 216, 311, 578, 586, 689, 704, 705, 732, 753, 759, 760, 767, 874 mercurônio, 160, 161, 185, 201 Merryfield, 420, 599 mesilato, 36, 37 mesitila, 691, 869, 871 meso, 226, 545 mesomeria, 51, 109, 132, 150, 248, 254, 287, 303, 316, 318, 319, 320, 345, 400, 402, 430, 505, 510, 515, 519, 534, 635, 778, 779, 783, 855, 868, 869 metacrilatos, 558, 842 metacrílico, 169, 493, 558, 837 953 A. Isenmann metafosfatos, 772 metais paramagnéticos, 55 Metalação, 702, 750 metalocenos, 172, 181, 284 metatese, 172, 177, 178, 179, 180, 181, 195, 220, 268, 800 Metatese, 177, 700 metatese cruzada, 177 metepa, 774 Methods in Organic Synthesis, 894 metilcetona, 184, 185, 425, 657 metilcetonas, 185, 406, 425, 427, 655, 656, 659, 676, 879 metilenação, 801, 836 metilenações, 469 metilenopropriolactona, 389 metilítio, 711, 712, 715, 801, 820 metilmetacrilato, 837, 839 metilvinilcetona, 522 metóxido, 27, 137, 138, 372, 373, 442, 619, 786 Mg(OH)2, 515 MgBr2, 432, 433, 435 MgI2, 432 Michaelis -Arbuzov, 788 Michaelis-Arbusov, 686, 790, 792, 793, 795, 849 Michaelis–Arbusov, 778 Michaelis-Arbuzov, 777 Michaelis-Becker, 795 microondas, 369, 417, 420, 533 Midgley, 744 mineração, 769 mistura bifásica, 175, 447 mistura racêmica, 22, 23, 163, 227, 234, 235, 236, 366, 449 Mitsunobu, 36, 791, 796, 797, 798 Miwa, 803, 804 Mizoroki-Heck, 307 MMA, 837, 839, 840, 841 Mn(II), 276, 552, 626, 627 MnO2, 296, 648, 673, 676 moderação, 304 moderar a polarização, 816 molécula alvo, 389, 510, 574 Molécula alvo, 560 mole-mole, 45, 452, 534, 686 momentum, 768 Mona Lisa, 256 monoalquilboranos, 762 monofosfano, 136 monômero vinílico, 77 monóxido de carbono, 190, 191, 202, 215, 418, 490, 624, 768 monóxido de nitrogênio, 100, 101 montmorillonite, 467 morfolina, 497, 660, 664 Mozingo, 568, 611 MPV, 604 Müller, 100, 786, 808, 878 Mullikan, 900 muscona, 470 Princípios da Síntese Orgânica N N,N´-diciclohexiluréia, 364 N=N-C=O, 862 N2H2, 587, 588 N2H4, 587, 588, 617 N2O, 536 N2O3, 121, 853, 867, 871, 882, 883 N2O5, 657 N3-, 43, 380, 391, 859, 860, 865 Na/C2H5OH, 595 Na2HPO4, 771 NaB(OH)4, 766 NaBH4, 161, 201, 300, 531, 603, 610, 612, 767 naftalina, 319, 323 naftol, 882, 884 NaH, 502, 503, 783, 818, 834 NaH2PO4, 771 NaHSO3, 406, 858 NaIO4, 630 Nalco, 742 N-alcóxido, 87 N-alquilação, 527, 609 N-aminóxido, 147 NaNH2, 502 NaNO2, 36, 121, 341, 883 NaOCl, 105, 246 Natta, 19, 169, 170, 171, 172, 178, 188, 191, 199, 691 NBR, 190 N-bromossuccinimida, 70, 648 NBS, 70, 71, 72, 73, 116, 126, 156, 646, 648 n-BuLi, 501, 699, 701, 702, 704, 710, 715, 803 n-butano, 182 Nef, 381, 535, 536, 569, 665 Negishi, 307, 308, 757, 758, 810 negro de fumo, 85 neopentila, 20, 53 Newman, 197, 229, 230, 231, 235, 823 Nguyen Trong Anh, 231, 402 N-hidroxisuccinimida, 364 nicotinamida, 327 níquel, 169, 190, 191, 202, 222, 307, 387, 406, 586, 611, 616, 620 nitração, 110, 288, 289, 290, 292, 299, 320, 321, 322, 616, 640, 667 nitrenos, 223, 224 nitrila, 45, 135, 349, 377, 378, 379, 380, 381, 398, 407, 412, 418, 439, 444, 445, 448, 453, 461, 465, 475, 518, 583, 613, 615 nitrilas, 31, 151, 305, 377, 378, 379, 380, 382, 398, 440, 441, 443, 448, 461, 472, 490, 503, 587, 612, 613, 614, 615, 781, 898 Nitriloacetato de etila, 508 nitrito, 39, 45, 290, 336, 555, 657, 853, 854, 857, 864, 884 nitrito de sódio, 39, 290, 336, 555, 657, 854, 857 nitritos, 104, 410, 860, 865 nitro, 45, 257, 289, 290, 291, 316, 325, 400, 469, 494, 506, 533, 534, 535, 536, 537, 570, 588, 608, 612, 616, 618, 622, 665, 666, 667, 898 nitroalcanos, 484, 533, 535, 665 nitroanilinas, 618 954 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica nitrobenzeno, 669 nitrometano, 31, 289, 534, 535 Nitrometano, 505 nitronato, 534, 536, 537, 542 nitrônio cátion, 288, 289, 290 Nitrosacilalquilamina, 869 nitrosamento, 290, 291, 296, 424, 426, 854 nitrosamidas, 869, 872 nitrosamina, 854, 883 nitrosaminas, 291, 341, 854, 860 nitrosil, 39, 105, 290, 291, 426, 657, 853, 855 nitrosil cátion, 290, 555 nitroso, 101, 105, 259, 290, 291, 400, 426, 536, 570, 608, 667, 867, 868, 870, 871 Nitrosometiluréia, 869 Nitrosometiluretano, 869 N-metil formanilida, 306 N-metilpirrolidona, 31, 136, 501 NMP, 31, 136 Nobel, 177 norborneno, 181, 764, 880 norbornila, 22, 23, 394 Norrish I, 79, 429 Norrish tipo I, 107, 108, 109, 127, 247 Norrish tipo II, 108, 109, 127, 266, 269, 277 Norrish-Trommsdorff, 58 Novolaque, 302 N-óxido, 147, 148 Noyori, 232, 236, 757 Nozaki-Hiyama-Kishi, 190, 193 NPK, 772 nucleófugo, 15, 18, 150, 152, 333, 797 número de onda, 937 número de oxidação, 219, 274, 349, 382, 445, 469, 475, 522, 582, 614, 623, 624, 647, 663, 671 números de ondas, 56, 313, 340 nylon, 266, 267, 656 nylon 11, 266 O O=SMe2, 649 O-acilisouréia, 364 OCN-, 45, 860 olefinação, 157, 239, 241, 469, 777, 778, 781, 783, 799, 800, 803, 821, 833, 836 Olefinação, 157, 832 olefinas perfluoradas, 245 óleo da mamona, 266 óleum, 292, 293, 322, 620 oligopeptídeo, 599 oligopeptídeos, 420 one pot reaction, 380, 797 one-pot-reaction, 416, 513, 786 Oosterhoff, 204 operadores booleanos, 889, 892, 893 Oppenauer, 398, 604, 650 orbitais de fronteira, 209, 210, 211, 243, 244, 245, 247, 252, 254, 255, 256, 262, 513, 521 orbital de fronteira, 210, 271 ordem das etapas, 570, 574 Organikum, 512 organo-alumínio, 691 organoboranos, 760, 761, 764, 768 organoborato, 768 organocádmio, 742, 754, 755, 758 organochumbo, 740, 741, 744, 745, 746 organocobre, 748, 749, 750, 753 organo-cobre, 192 organocupratos, 749, 750, 751, 752 organo-cuproso, 521 organo-enxofre, 620 organofosfanos, 788 organofosfinas, 787 organofosforados, 36, 154, 468, 530, 769, 770, 773, 777, 788, 798, 799 organolítio, 177, 704, 710, 711, 713, 714, 715, 716, 717, 721, 722, 732, 750, 751, 752, 761, 808 organo-lítio, 216 organo-lítio, 354 organo-lítio, 382 organo-lítio, 382 organo-lítio, 382 organo-lítio, 412 organo-lítio, 436 organo-lítio, 616 organo-lítio, 715 organo-magnésio, 110, 432, 434, 441, 521, 834 organomercúrio, 755, 756, 758, 759, 760 organoplumbanos, 742, 743, 746, 747 organossilício, 239, 268, 523, 806, 808, 811, 821, 843 organotálio, 732, 733 organozinco, 754, 755, 756, 757 orientação Michael, 436, 848 ortoéster, 265, 379, 398, 404, 439, 447, 615 Ortoéster, 351 OsO4, 252, 628, 631, 653 Overman, 308, 828 oxa-Cope, 263, 265 oxafosfetano, 779, 781, 785 Oxalanilidas, 88 oxa-titana-ciclobutano, 801 oxênio, 428 oxetano, 108, 128, 247, 274 oxicloreto de fósforo, 775 oxidação alílica, 628, 631, 673 óxido cúprico, 642 oxigênio tripleto, 60, 79, 81, 97, 225, 246, 671 oxima, 101, 102, 103, 105, 400, 429, 537, 555, 605, 657, 666 oximas, 410, 536 oximercuração, 733 oxirano, 157, 222, 224, 241, 438, 565, 628, 629, 658, 887 oxitaliação, 733 oxoésteres, 490 oxônio, 353, 468, 802 ozonídeo, 249, 276 ozônio, 248, 249, 250, 252, 269, 275, 630, 641 Ozonisador de Siemens, 248 ozonóide, 630 ozonólise, 249, 269 Ozonólise, 248, 276, 397, 398, 630 955 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica P P(OR)3, 528, 770, 773, 788, 791, 794, 849 P2O5, 146, 293 P4S10, 775 paládio, 192, 193, 284, 307, 308, 522, 586, 635, 636 PAN, 190 Paneth, 743 par inerte de elétrons, 680, 845 PAr3, 778 para-Claisen, 265 paraformaldeído, 422, 606, 608 parafuso, 236 Passerini, 417, 421, 422 Paterno-Büchi, 79, 108, 128, 246, 247, 269, 274, 275, 408 Pauli, 207, 214, 217, 220, 254, 261, 272, 281 Pauling, 623, 682, 761, 900 Pb(IV), 85 PbEt4, 85 PbO2, 296 PBr3, 395, 449 PCC, 397, 646, 647 PCl3, 36, 37, 121, 145, 356, 357, 446, 598, 770, 778, 788, 790, 792 PCl5, 293, 300, 356, 357, 358, 446, 770 Pd(0), 308, 636 Pd(II), 308, 522, 636, 867 Pd(OAc)2, 308, 309, 522, 635 Pd/C, 300, 586 PdCl2, 192, 308, 636 Pearson, 40, 41, 45, 113, 209, 280, 311, 520, 521, 528, 534, 686, 769 PE-HD, 109, 166, 171, 725, 727 PE-LD, 124, 725 PE-LLD, 167, 171, 725 Pelletier, 601 pentaeritritol, 488, 492 pentafenilfosforano, 787 pentazol, 860 perácido acético, 427 perácido benzóico, 93, 427 perácido carboxílico, 224, 662 perácido trifluoracético, 665 perácido trifluoro acético, 294 perbenzoato, 633 percloratos de diazônio, 854 perésteres, 76, 633 perfumes, 470 pericíclicas, 147, 160, 204, 205, 260, 475 periodato, 630, 631, 653 periodato de sódio, 630 Perkin, 152, 216, 485, 487, 488, 862, 863 Perkov, 496, 793 Perkow, 498, 788 Perlon, 102 peroxodissulfato, 55 persulfona, 75 Petasis, 801 Peterson, 157, 241, 779, 800, 801, 821, 832, 833, 834, 836 petróleo, 77, 96, 165, 182, 267, 373, 471, 560, 627, 679, 726 Ph3P, 493, 587, 795, 833, 905 Ph3P=CH2, 493, 905 phos, 773, 789 piche, 146 pigmento branco, 84 pinacol, 110, 467, 468, 469, 474, 539, 540, 545, 546, 604, 612, 613, 663, 924 pinacolona, 467, 540, 645 piperidina, 192, 259, 414, 496, 509 pirano, 259, 499 pirazol, 252 pirazolina, 879 Pirazolina, 252 pirazolinas, 880 piretróides, 880 piridina, 25, 37, 43, 135, 145, 273, 322, 326, 327, 328, 337, 342, 343, 365, 366, 386, 397, 405, 416, 446, 485, 509, 515, 602, 646, 647, 762, 800, 817, 818 pirimidina, 328 pirofóricos, 436, 848 pirolidina, 106, 594 Pirolidina, 496 pirólise, 109, 146, 149, 230, 265, 266, 448, 471, 509, 560, 863 pirrol, 291, 305, 322, 337, 343, 790, 796 pirrolidina, 105 Pitzer, 27, tensão de Pitzer, tensão de Pitzer pKa, 40, 135, 137, 138, 139, 186, 292, 338, 347, 348, 349, 424, 435, 466, 484, 486, 494, 501, 502, 505, 506, 524, 532, 533, 538, 551, 569, 593, 613, 770, 783, 789, 875, 876, 879, 898, 905 Planck, 169, 939 plano de nó, 208, 209, 280 Plastificante, 769 platforming, 182 plumbanos, 745 plumboxanos, 745, 746 PMMA, 202, 840, 841, 842 pneus, 82, 85, 146 POCl3, 145, 293, 357, 360, 446, 770, 796 polaridade latente, 566 polaridade não-natural, 567, 569 polaridades dissonantes, 567 polarizabilidade, 14, 33, 40, 41, 43, 117, 119, 132, 186, 192, 208, 325, 382, 452, 512, 521, 531, 685, 686, 769 Polarizabilidade, 40, 531 polarizável, 41, 43, 52, 344, 452, 500, 534 poliacetileno, 188, 191 poliacrilonitrila, 665 poliamida 6, 102 policondensados, 656 poliésteres, 95, 375, 656 poliestireno, 183, 302, 599, 665 polifosfato, 769 polifosfatos, 772 poliisobutileno, 168, 169 polimerização aniônica, 167, 173 polimerização catiônica, 78, 165, 167, 168, 832 polimerização cátionica, 767 956 A. Isenmann polimerização coordenativa, 166, 169, 199, 298 polimerização radicalar, 58, 59, 167, 173, 373, 841, 842, 843 polimerização radicalar em massa, 58 polimerização vinílica, 77, 123, 177 polimerização viva, 173, 841 polímeros enxertados, 842 polímeros fosforados, 794 polímeros ramificados, 842 polimolecularidade, 175, 841 polióis, 342, 392 polioximetileno, 304, 422, 492 polipropileno, 174 polissulfeto, 620, 660 poliuretanos, 95, 392 polivinilálcool, 843 polizonimina, 783 pontes de metileno, 301 posição alílica, 25, 51, 65, 72, 73, 79, 95, 126, 155, 162, 247, 262, 266, 317, 504, 624, 628, 631, 632, 633, 634, 635 posição benzílica, 538, 637 posição bis-alílica, 99 posição vinílica, 225 potencial eletroquímico, 625, 900 PP, 85, 116, 166, 174, 199, 200, 226, 727, 728 Prelog e Stoll, 473, 604 Prelog-Stoll, 474 prêmio Nobel, 169, 177, 188, 204, 210, 218, 232, 236, 253, 307, 432, 662, 761, 763, 777, 858 pré-polímeros, 99, 620, 842 Prevost, 629, 630 priciple of least motion, 341 Prins, 407, 408 Processo direto, 808 processo direto de Ziegler, 724 Procion, 328 prolongação da cadeia carbônica, 518, 522 propagação, 54, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 70, 71, 72, 74, 78, 80, 81, 82, 91, 96, 99, 115, 124, 125, 173, 174, 175, 181, 200, 671, 839, 843, 866 propagação da cadeia cinética, 57, 65 propargila, 129, 648 propileno, 72, 94, 95, 96, 169, 174, 178, 199 propionaldeído, 276 propriedade coligativa, 289 pro-quiral, 200, 227, 229, 232, 238, 274, 574, 603, 823 proteção, 32, 91, 366, 404, 450, 451, 501, 570, 571, 599, 817 proteger, 83, 184, 404, 405, 442, 443, 450, 549, 570, 599, 805, 816 proteger as hidroxilas vicinais, 450 proteger o grupo carbonila, 404 protetor para o ácido carboxílico, 442 prova de Baeyer, 73, 162, 252, 269, 276, 285 provas à chama, 794 PS, 77, 116, 183, 302, 303 pseudo-ácido, 385, 483, 484, 488, 489, 490, 491, 492, 494, 495, 502, 503, 508, 514, 524, 535, 538, 547, 551, 571, 875 pseudo-ácidos, 484, 494, 514, 532 Princípios da Síntese Orgânica pseudo-haleto, 380, 391 pseudo-haletos, 859, 864 PtO2, 586 PVA, 78, 79 PVC, 77, 85, 87, 116, 176, 735, 740 Q quaternização, 39, 48, 493 quebra de ácido, 462, 463, 464, 491, 539, 544, 786, 860, 861 quebra de acila, 786 quebra de cetona, 463, 472, 513, 514, 518, 539, 542, 544, 555, 556, 860, 861 quebra de éster, 491 quebra de Michael, 871 quelato quiral, 873 quenchers, 668 quenching, 439, 782 querosene, 165 química click, 251 química combinatória, 420 quimissorção, 586 quinona, 60, 91, 632, 643, 668 quinonas, 90, 127, 523, 643, 668 quiralidade, 226 R R2C=N-OH, 410 R3P=O, 784, 787 R3SiH, 809 Racemização, 23 radicais σ, 626 radical π, 53 radical sustentador, 57, 58, 59, 65, 70, 71, 72, 73, 77, 124, 125, 635 radical t-butóxido, 634 Raios covalentes, 687, 898, 902 Raman, 41, 289, 313, 685 Ramberg-Bäcklund, 155, 156, 157, 431, 779, 803 ramificação, 81, 99, 563, 841 Rancificação, 80, 97 Raney, 406, 586, 620 Raschig, 94 Rauhut-Currier, 460, 529, 791 R-CH=N-R´, 409 reações multi-componente, 416 reações percíclicas, 260 reaction control, 58 rearranjo, 19, 24, 25, 95, 97, 99, 102, 103, 108, 109, 113, 117, 119, 128, 147, 156, 159, 174, 175, 199, 200, 211, 224, 225, 260, 261, 262, 263, 264, 265, 266, 270, 304, 364, 387, 388, 391, 392, 393, 394, 407, 410, 418, 419, 427, 428, 429, 430, 431, 448, 465, 466, 467, 468, 540, 546, 617, 619, 645, 657, 658, 659, 662, 766, 785, 803, 804, 811, 827, 832, 835, 854, 858, 876, 881, 883 rearranjo de Cope, 147 Rearranjo de Cope, 262 rearranjos sigmatrópicos, 106, 132, 260, 261, 262, 267 957 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica recombinação, 16, 60, 61, 62, 78, 85, 91, 104, 125, 272, 394, 433 reconexão, 571 Reconexão, 561 recursoso renováveis, 267 Red-Al, 614, 615 Redução de iodetos com HI, 597 reduton, 91, 400 redutores, 240, 276, 584, 595, 601, 603, 616, 617, 620, 761, 791, 866 Reetz, 441, 717 Reformatzky, 386, 396, 397, 443, 484, 504, 562, 686, 756 Reforming, 77, 115, 123, 165, 182 regra de Markovnikow, 73 regra endo, 257 Reid, 74, 75, 116, 126 Reimer-Tiemann, 219, 312, 313, 398 rendimento atômico, 515 rendimento de quanta, 57 repelente, 783 Reppe, 136, 183, 189, 190, 195, 201, 359, 679, 803 resina epoxi, 95 resina fenólica, 662 resinas fenólicas, 304 resinas vinílicas, 665 Resol, 302 resorcina, 464, 525 ressonância magnética nuclear, 286 retardador de chama, 787 retardante de chama, 774, 775 retardantes, 82 retenção da configuração, 24, 26, 27, 120, 767, 831 retificação, 165 retro-Diels-Alder, 149, 155, 205, 254, 269, 278 Retro-Diels-Alder, 205 retrossíntese, 300, 557, 560, 561, 563, 570, 573, 574, 579, 795 Retrossíntese, 560 Rh(II), 219, 873 Ridd, 853 Rieke, 721 Ritter, 380, 381, 443, 448 RNA, 769, 772 Robinson, 286, 287, 318, 474, 526, 541, 553, 554, 798 Rochow, 808 rodanato, 860, 864 Röhm&Haas, 191 ROMP, 180, 181 Rosenmund, 398, 614 Roth, 204, 222, 786, 865, 881 Roundup, 776 Royal Society of Chemistry, 149, 890, 894 Ru(II), 251 Ruggli, 264, 461, 470 rutilo, 41, 84 Ruzicka, 470, 471 S sabão, 33, 370, 626 sais quaternários de amônio, 33, 118, 143, 308, 316, 607 sal de diazônio, 39, 110, 291, 294, 657, 852, 853, 855, 856, 857, 858, 859, 860, 861, 862, 863, 864, 866, 872, 882, 883, 884, 899 sal de Seignette, 655 sal quaternário de amônio, 33, 34, 48, 215, 366, 626 SAN, 190 Sandmeyer, 93, 110, 294, 296, 865, 866, 885 Sanger, 601 saponificação, 225, 266, 365, 370, 371, 372, 374, 376, 377, 378, 443, 462, 511, 518, 546 Sarina, 776 Saytzeff, 142, 143, 144, 195, 197, 200 SbAr3, 778 SbF5, 36, 121, 300 scale-up, 607 Schiemann, 296, 299, 863, 885 Schlenck Jr., 236 Schlenk, 713, 719, 730, 738 Schlosser, 782 Schmidlin, 386 Schmidt, 429, 484, 662 Schmitt, 313, 342 Schotten-Baumann, 366 Schrock, 177, 178, 218, 219, 220, 269, 273, 274, 679, 799, 800 Schroeter, 387 Science Direct, 892, 893, 894 SciFinder, 894, 895 SCN-, 45, 380, 853, 860, 865 secantes, 99 seda de viscose, 149 Seebach, 504, 717, 757 Seletividade endo, 257 semelhança diagonal, 718 semiaminal, 415 semicarbazida, 411 semicarbazonas, 411 semi-equações, 625, 644, 645 semi-metal, 764, 806, 809 semi-polar, 147 SeO2, 397, 651, 657, 658 sequestrador de radicais, 85, 643 sesquiterpeno, 836 SET, 54 Seyferth, 216, 760, 777, 784, 785, 786, 803, 845, 849 Seyferth-Gilbert, 777, 784, 785 Sharpless, 177, 204, 225, 232, 236, 239, 243, 250, 269 Shi, 233, 791 Shirakawa, 188 Si-C, 805, 806, 807, 808, 811, 812 Si-Cl, 805, 809 Si-F, 805, 806, 817 SiF4, 36, 121 Sigma-Aldrich, 558 Si-H, 806, 809 silício pentavalente, 808 silicone, 806 silicones, 805 Silil~, 805 sililação, 569, 817, 819 958 A. Isenmann sililalcoóis, 811 sililaminas, 818 sililantes, 473 sililenoléter, 500, 523, 547, 571, 818, 819, 820, 842, 843 sililéter, 811, 817 sililéteres, 811, 817 Siloxil~, 805 simetria dos orbitais moleculares, 204, 210, 253, 482 Simmons-Smith, 221, 222, 268, 272, 273, 756, 760, 802, 881 sindiotáctico, 172, 175, 199 Single Electron Transfer, 54, 110 sinperiplana, 836 sin-periplano, 147 síntese de peptídeos, 364 Síntese em fase sólida, 599 síntese multi-etapas, 574, 611 sínton, 336, 389, 504, 522, 556, 561, 562, 563, 567, 568 Sínton, 389, 569 sintonia da polaridade, 566 síntons, 406, 492, 517, 560, 561, 562, 563, 567, 568, 569, 573, 575, 657 Síntons, 561 sintons latentes, 537 Si-O, 805, 806, 811, 812, 816, 817 sistema Michael, 42, 164, 318, 479, 517, 518, 519, 522, 523, 526, 528, 542, 553, 555, 567, 589, 751, 821 sítios ativados, 584 SM, 560, 573, 574, 578 Sn(IV), 85 SN1, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 28, 35, 40, 44, 45, 46, 50, 51, 52, 53, 112, 113, 118, 120, 121, 151, 229, 293, 366, 384, 394, 403, 808 SN2, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 29, 30, 35, 39, 40, 41, 42, 44, 46, 50, 51, 52, 53, 106, 112, 113, 118, 120, 121, 136, 145, 148, 186, 229, 267, 384, 478, 512, 550, 551, 575, 597, 602, 618, 777, 778, 797, 808, 825, 887 SnCl2, 398, 596, 615, 616, 617, 620 SnCl4, 258, 297, 822 SNi, 24, 25, 120 SO2Cl2, 70, 74 SOCl2, 24, 36, 37, 121, 145, 356, 357, 446, 511, 598 sódio em xileno, 473, 604 sódio metálico, 34, 157, 372, 467 solvatação, 28, 29, 40, 44, 114, 117, 325 Solvatação, 40, 43 solventes polares apróticos, 29, 31, 33, 44, 118, 121, 136 solventes próticos, 29, 43, 432, 528, 692 solvólise, 21, 31 Sonogashira, 192, 196, 307, 308, 309, 686 Soxhlet, 456, 457, 544 sparteína, 716, 717 spin nuclear, 760, 773 SSIP, 752 Starting Material (SM), 560 Staudinger, 386, 618, 619, 791, 869, 871 steady state, 58 Stephen, 398, 615, 673 Stetter, 233, 463, 464, 514 Princípios da Síntese Orgânica Stille, 307, 308 Stobbe, 503 Stork, 499, 818 Strecker, 303, 411, 412, 416 succinaldeído, 550 succinimida, 71, 105, 121 sulfas, 367 sulfato de dimetila, 493 sulfito de sódio, 858, 884 sulfocloração, 74, 75, 116, 293, 620 sulfona, 126, 156, 157, 293, 620, 670 sulfonação, 284, 292, 293, 299, 322, 620 sulfonamidas, 367, 446 sulfonila, 126, 257, 293, 620, 858 sulfonilação, 293 Sulfoxidação, 75, 126 sulfóxido, 240, 257, 620 sulfóxidos, 620, 670 sulfoxônio, 800 sulfurilídeo, 158, 239, 240, 242, 243, 799 sulfurilídeos, 239 superbases, 704, 847 supercrítico, 450 suprafacial, 247, 261, 262, 263 surfar, 888 sustentador, 54, 58, 59, 70, 71, 74, 75, 76, 91, 123, 124, 634 Suzuki, 307, 308, 867 Suzuki-Miyaura, 307, 308 Swern, 646, 649 Sykes, 505 Synthetic equivalent, 561 Synthons, 561 T Ta(V), 219, 274 taliação, 311, 686, 704, 705, 733, 734 talidamida, 227 tamanhos dos lobos, 232, 479 tampão de acetato, 414 TAPA, 235 tartarato, 238, 274, 655 tautomeria, 78, 90, 96, 101, 102, 155, 185, 201, 400, 402, 405, 410, 412, 413, 421, 429, 443, 448, 449, 454, 461, 534, 657, 660, 666, 849, 873 Taylor, 157, 240, 312, 591, 658 TBDMS-Cl, 817 TBDPS-Cl, 817 t-butanol, 40, 70, 137, 447, 502 t-butila, 20, 47, 70, 120, 165, 317, 320, 376, 467, 578, 633, 648 t-butilbenzeno, 320 t-butilidroperóxido, 236 t-butóxido, 40, 76, 137, 486, 502, 503, 526, 538, 650, 779 Tchitchibabin, 327 Tchugaeff, 148, 230 TDI, 392 Tebbe, 219, 241, 268, 272, 273, 777, 800, 801, 833 tecidos, 328, 769, 856 tensoativas, 370 959 A. Isenmann término, 58, 61, 62, 63, 78, 115, 124, 125, 168, 173, 176, 195, 199, 671, 840 termofixo, 302 terpenos, 532 tetraalquilsilano, 820 tetraetilchumbo, 61, 740, 743 tetrafluoroborato, 110, 296, 863, 885 tetrafluoroboratos, 854 tetraidrofurfurilálcool, 499 tetraidropiranil, 499 tetraidroximetilfosfônio, 787 tetrametiletilenodiamina, 432 Tetrapak, 84 têxtil, 668 Tf, 36, 309, 822 TFA, 197, 374, 705, 734 THF, 31, 32, 432, 434, 467, 484, 502, 565, 594, 595, 603, 664, 715, 716, 762 Thorpe, 461, 472 THP, 404, 499 Ti(IV), 219, 222, 238, 239, 274, 801 Tichtchenko, 423, 424, 451 TiCl4, 169, 170, 171, 180, 181, 198, 297, 500, 802, 819, 822 tintas, 77, 80, 83, 94, 96, 99, 202, 301, 329, 423, 842 tintura, 669 TiO2, 41, 84 tioacetais, 406 tioacetal, 406 tiocetais, 406, 611, 620 tiocianato, 45, 860 tioéster, 384 Tioéster, 350 tioéteres, 76, 316, 620, 633, 670 tiofeno, 322 tiofenolato, 216, 384 Tionita de fósforo, 774 tiouréia, 49, 50 TIPS-Cl, 817 titânio, 19, 172, 177, 236, 237, 241, 273, 441, 468, 469, 474, 537, 800, 801, 802, 833 titânio(IV), 236, 237 titanoceno, 273, 800, 801 Tl(III), 311, 658 TM, 560, 561, 562, 563, 564, 565, 566, 567, 571, 572, 573, 574, 577, 580 TMCS, 808 TMEDA, 432, 692, 704, 712, 713, 715 TMS, 193, 801, 817, 818, 820, 832, 834, 835 TMSOLi, 804 Tollens, 655, 921 tório, 471 tosilato, 23, 36, 37, 140, 597, 600 tosilazida, 874 tosilidrazina, 610, 873 tosilidrazona, 873 tosilmetilnitrosamida, 223, 870 tranquilizante, 403 transalcoxilação, 404 Transciclização, 182 trans-diol, 225, 652 Princípios da Síntese Orgânica transesterificação, 372, 373, 374, 375, 384, 446, 458, 463, 662 trans-eterificação, 265 transferência do hidreto, 422, 435 transmetalação, 521, 615, 778, 790, 808, 809 Transmetalação, 186, 699 treo, 231, 782, 834, 835 trialcoxifosfônio, 792 trialquil-alumínio, 165 trialquilboranos, 762, 767 trialquilfluorosilano, 820 trialquilfosfina, 845 trialquilfosfinas, 780 trialquilfosfinóxido, 780 trialquilfosfitos, 794 trialquilsilanol, 833 trialquilsilanos, 809 triarilfosfina, 308 triazeno, 857 Triazinas, 88 triazol, 250, 251 tricloroetanol, 447 triclorossilano, 830 trietilalumínio, 165 trietilamina, 362, 798, 818 trifenilamina, 790 trifenilamônio, 790 trifenilfosfina, 192, 251, 308, 360, 777, 787, 790, 791, 797, 803, 833 trifenilfosfinóxido, 787 trifenilfosfônio, 790 trifenilmetilpotássio, 818 triflato, 36, 37, 309, 822, 826 trifluoracetato, 445, 662 trimerização, 167, 409 trimetilalumínio, 273, 800 trimetilclorossilano, 808, 817 trimetilfluorossilano, 820 trimetilsilil, 806, 810, 826, 827, 834, 835, 836, 837, 840 trimetilsilila, 193, 466, 500, 501, 545, 827 trimetilsililcetenoacetal, 840 trimetilsilildiazometano de lítio, 804 trimetilsililenoléteres, 500 Trimetilsililéteres, 817 trimetilsililmetileno, 801 trimetilsulfoxônio, 240 triptofano, 542, 555 troca de ligantes, 698, 719, 725, 738 Troca de ligantes, 695 Troca de metal, 699 Troca halogênio-metal, 700 TsCl, 23, 36, 37, 121, 145, 293, 368 TsOH, 139, 145, 404 U U-4CC, 417 Ugi, 416, 417, 418, 420, 421, 422, 856 Ullmann´s, 888 ultrasom, 222 ultra-som, 467 ultrassom, 432, 696 960 A. Isenmann Princípios da Síntese Orgânica Umpolung, 396, 406, 501, 504, 568, 684, 697 uréia, 236, 302, 349, 363, 409, 649 urotropina, 409 UV tipo C, 57, 243 UV-A, 99 V Van der Waals, 50, 345, 585 Verdrängung, 705 Verdrängungs-Reaktion, 166 vermelho de Wurster, 59 Vermelho de Wurster, 643 vermelho do Congo, 856 vernizes, 80, 99, 126, 329 vidro de água, 805 vidro orgânico, 202 Vilsmayer, 284 Vilsmeier, 796 Vilsmeyer, 305, 306, 398, 489, 606 Vilsmeyer-Haack, 305, 306 vinil, 527, 683, 725, 739, 842 vinilação, 189, 308, 498, 522 vinilcetona, 549 viniléster, 496, 794 viniléter, 168, 189, 405, 569 viniléteres, 443, 499 vinílogo, 438, 518, 519 vinilsilano, 263, 810, 811, 821, 822, 827 vinilsilanos, 404, 496, 519, 809, 826, 827, 828, 831, 832 vitamina A, 127, 285 Vitamina C, 91 vitamina E, 92 vitamina K, 643 Vitaminas, 83 Vorbrueggen, 805 vulcanização, 620, 670 W Wacker, 358, 386, 423, 636, 679 Wagner-Meerwein, 19, 119, 139, 164, 391, 426 Walden, 23 WCl6, 170, 171, 178, 180, 181 Weygand, 613 wildcards, 891, 894 Wilkinson, 19, 218, 232, 587, 679 Willgerodt, 656, 660, 661 Williamson, 136, 510, 511, 550, 670, 825 Wittig, 157, 239, 241, 257, 402, 416, 417, 468, 469, 492, 493, 495, 502, 508, 686, 777, 778, 779, 780, 781, 782, 783, 784, 787, 788, 799, 801, 806, 833, 835, 836, 925 Wolff, 119, 298, 387, 388, 407, 410, 413, 426, 448, 464, 588, 610, 873, 876, 921 Wolff-Kishner, 610 Woodward, 204, 210, 212, 213, 220, 243, 245, 263, 333, 389, 482, 881 Wurtz, 139, 306, 595, 751, 778 X xantato, 148 Y Yamagushi, 187, 190, 201 Z ZDDP, 775 Zerewitinoff, 440 zibetona, 470 Ziegler, 19, 124, 166, 167, 169, 170, 171, 172, 173, 178, 179, 180, 181, 188, 191, 195, 198, 199, 264, 298, 461, 469, 470, 472, 522, 686, 691, 800 Zimmermann, 204 zinco em pó, 152, 390, 448, 449, 555, 598, 600, 620, 662, 803 Zn em pó, 184 Zn/HCl, 595, 616 Zn/HCl/H2O, 595 ZnCl2, 258, 297, 298, 305, 467 Zusammen, 131 zwitter, 147, 249, 666, 869 zwitterion, 778, 779 zwitteríon, 147, 418, 779, 781 zwitteriônica, 669 zwitteriônico, 554, 779, 793, 799, 852 961