TÍTULO: CINESIOFOBIA E CATASTROFIZAÇÃO DE PACIENTES COM DOR LOMBAR INESPECIFICA
CRONICA E AGUDA
CATEGORIA: CONCLUÍDO
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE
SUBÁREA: FISIOTERAPIA
INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ
AUTOR(ES): THAMMIRES EUGENIO
ORIENTADOR(ES): MARCELO ALVES BARBOZA
COLABORADOR(ES): CLERIA MARIA LOBO BITTAR, HÉLCIO BALBINO DOS SANTOS
1.0 RESUMO
A dor lombar é um grave problema de saúde pública em função dos altos
custos à economia para tratamento da mesma. De etiologia, em grande parte
obscura, os tratamentos tem se mostrado ineficazes, e apontam para uma
abordagem psicossocial. Este grupo de pacientes quase sempre trazem consigo
crenças e medos em relação à dor lombar, como os casos de Cinesiofobia e
incapacidade funcional. O presente estudo teve como objetivo avaliar os pacientes
da Clínica Escola de Fisioterapia quanto aos critérios de Cinesiofobia e
Catastrofização. Foram avaliados 27 voluntários, sendo 20 mulheres e 7 homens
com média de 47,7±18,5 anos. O projeto foi aprovado pelo CEP do Uniaraxá e os
voluntários assinaram um termo de consentimento. Utilizou-se a Escala Tampa de
Cinesiofobia e o Questionário Start Back. Os resultados do Stark Back evidenciaram
que os piores prognósticos estão relacionados com a idade e com o gênero
feminino, inclusive para o estagiamento do quadro clínico. Já em relação a Escala
Tampa observou-se que os piores escores não mostram muita diferença entre os
gêneros e a idade, no entanto, os mesmos parecem ser significativos no
estagiamento intermediário para cinesiofobia, ou seja, mulheres mais velhas,
apresentam um prognóstico pior. Estudos futuros devem atentar quanto á
homogeinização da população.
2.0- INTRODUÇÃO
Dados epidemiológicos apontam que as disfunções musculoesqueléticas,
sobretudo da coluna lombar, têm importante repercussão na saúde físico-funcional,
bem como nos parâmetros sociais e psicológicos de indivíduos por elas acometidos
(HOY et al., 2012).
Tal condição tende a se acentuar pelas modificações corporais ao longo dos
anos e a concomitante ocorrência de doenças crônicas, que podem alterar a
anatomia e a fisiologia, sobretudo por episódios traumáticos e/ou degenerativos da
coluna lombar (FERREIRA et al., 2011). No entanto, a etiologia da dor lombar quase
sempre
é
multifatorial
podendo
ser
causada
por
doenças
inflamatórias,
degenerativas, neoplásicas, condições congênitas, desequilíbrios musculares,
predisposições reumáticas, processos de degeneração articular ou discos
intervertebrais, alterações neurológicas, dentre outros (MATOS et al., 2008).
Todavia os estudos não apontam em sua grande parte o fator etiológico da
dor lombar, pelo contrário, denotam que quase sempre a etiologia é inespecífica.
Observa-se que não há consenso sobre a abordagem fisioterapêutica da dor
lombar. Assim, os pacientes são tratados de acordo com a expertise do profissional,
com pouca base científica que sustentasse este ou aquele procedimento. Tal
panorama foi modificado a partir dos estudos de Delito et al., 1995. Os mesmos
investigaram o tratamento conservador para dor lombar. Inicialmente os autores
propuseram um sistema de classificação baseado nas informações da história dos
pacientes, no comportamento sintomático e nos sinais clínicos.
Estudos posteriores foram trazendo novas perspectivas de avaliação e
intervenção em pacientes com dor lombar crônica. Dentre eles merece destaque o
estudo de Fritz, et. al, 2007, onde foi elaborado um fluxograma que caracterizava o
paciente com dor lombar em quatro grandes grupos: tração, manipulação, exercícios
específicos e estabilização.
Dados do Burden Disease, departamento da Organização Mundial de
Saúde, no que se refere à epidemiologia da dor lombar e aspectos psicossociais
denotam uma evolução significativa da mesma na década de 2000 em relação à
década de 90. Enquanto na década de 90 a DL era a sétima causa de afastamento
laboral e direcionamento ao serviço médico, na última década os dados
classificaram a DL como a terceira causa. Isto nos remete a uma preocupação
importante: nunca se estudou tanto sobre dor lombar, porém a população brasileira
e mundial nunca sofreu tanto pela mesma. Tal discussão nos direciona a novas
formas de pensar sobre aspectos físicos, psicológicos, biomecânicos e sociais, ou
seja, um modelo biopsicossial.
Nem todos pacientes se adaptam bem ou respondem aos tratamentos
apresentando
insegurança, medo, fobia, catastrofização e cinesiofobia.Tais
condições reforçam comportamentos negativos que afetam a evolução, esteriotipam
padrões de movimento, intensificam aspectos psicossoais de dor e afetam
diretamente a qualidade de vida destes indivíduos (SILVA, 2013; VILAR, 2012).
A catastrofização da dor é caracterizada pela intensificação de sentimentos
sobre a dor e pensamentos constantes sobre situações dolorosas. Pensamentos
catastróficos podem ser definidos como processos mentais direcionados a uma
exagerada orientação negativa com relação a um estímulo nocivo (FIGUEIRO,
1995).
Já a Cinesiofobia pode ser definida como medo excessivo, irracional e
debilitante do movimento e da atividade física, que resulta em sentimentos de
vulnerabilidade à dor ou em medo de reincidência da lesão (SMEETS, 2001)
Aspectos de castratofização e cinesiofobia são entraves significativos na
abordagem do paciente com dor lombar, e precisam ser melhores entendidos quanto
a associação com gênero, faixa etária, nível educacional, dentre outros parâmetros
modificáveis e não modificáveis. Assim a clínica no exame é soberana em relação a
aspectos clássicos como os exames de imagem, por exemplo.
Desta forma, o presente estudo busca avaliar e caracterizar a população
que procura o serviço de atendimento na Clínica Escola de Fisioterapia do Uniaraxá,
para tratamento da dor lombar, numa perspectiva de entender comportamentos
cinesiofóbicos e de catastrofização nestes voluntários, fato que poderá direcionar
estratégias
clínicas,
e
claro,
compreender,
se
necessário,
a
intervenção
multisdiciplinar.
3.0- OBJETIVOS
O presente estudo visou classificar os pacientes atendidos no setor de
Traumato-Ortopedia, Cinético-Funcional e Reumatologia da Clínica Escola de
Fisioterapia do Uniaraxá, com diagnóstico clínico de dor lombar quanto aos
parâmetros de Cinesiofobia e Catastrofização.
4.0- METODOLOGIA
4.1– TIPO E LOCAL DE ESTUDO
O presente estudo trata-se de uma avaliação quantitativa do tipo transversal e
foi conduzido na Clinica de fisioterapia do Uniaraxá, no período de maio a agosto de
2015.
Foi previamente encaminhado e aprovado do Comitê de Ética em Pesquisa
do UNIARAXÁ, sob protocolo nº00499/18. Todos voluntários foram informados sobre
os objetivos da pesquisa e assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, respeitando os aspectos em pesquisa com seres humanos.
4.2- SUJEITOS DA PESQUISA
Foram avaliados 27 pacientes de ambos os gêneros com idade entre 20 a 92
anos, sendo que a amostra de conveniência foi constituída dentre os setores
cinesiofuncional, traumato-ortopedia e reumatologia da Clínica Escola do Uniaraxá.
Para melhor direcionamento do estudo e redução nos viesses metodológicos
foram adotados os seguintes critérios de inclusão e exclusão:
Critérios de inclusão: Indivíduos com diagnóstico clínico com algum tipo na regiao
lombar com idade entre 20 a 92 anos de idade, estaando clinicamente estável, sem
déficit cognitivo e que concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido.
Critérios de exclusão: Indivíduos com alguma instabilidade hemodinâmica,
patologias e/ou dores em outras regiões, doenças neurológicas que pudessem
influenciar ou impossibilitar a coleta dos dados.
4.3 – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Os parâmetros analisados neste estudo serão o TAMPA Scale KInesiophobia
(TSK) e Start Back Screening Tool e o e ficha de avaliação para coluna lombar.
A Escala Tampa de Cinesiofobia é um questionário auto-aplicável, estruturado
em 17 questões que elucidam quanto à dor e a intensidade dos sintomas. Apresenta
uma escala de 1 a quatro pontos, sendo que a resposta "discordo totalmente" (um
ponto), "discordo parcialmente" (dois pontos), "concordo parcialmente" (três pontos)
e "concordo totalmente" (quatro pontos). Para cálculo final é necessário a inversão
dos escores das questões 4, 8, 12 e 16. O escore mínimo é de 17 e o máximo de 68.
Quanto maior o escore maior o grau de cinesiofobia. Esta escala foi traduzida,
adaptada e validada no Brasil por Siqueira et al. (2007).
O Start Back Questionário é constituído de nove itens, sendo quatro
relacionados á dor referida, disfunção e comorbidades e os outros cinco pontos se
relacionam com a subescala psicossocial referentes a incômodo, catastrofização,
medo, ansiedade e depressão. Os pacientes são classificados em baixo, médio e
alto risco. Baixo risco de mau prognóstico (com presença de mínimos fatores); médio
risco (presença de fatores físicos e psicossociais, mas em níveis mais baixos que os
pacientes classificados como de alto risco físicos e psicossociais) e de alto risco
(presença de alto nível de fatores psicossociais, com ou sem a presença de fatores
físicos).
Para pontuação e classificação do questionário, o paciente tem as opções de
resposta “Concordo” e “Discordo” nos oito primeiros itens, com a primeira opção
valendo um ponto, e a segunda opção valendo zero. Já o nono item apresenta cinco
opções de resposta: “Nada, Pouco, Moderada, Muito, Extremamente”, sendo que a
três primeiras opções são pontuadas como zero, e as duas últimas como um ponto
cada. Se a pontuação total for entre 0-3 pontos, o paciente é classificado como de
baixo risco. Para valores maiores que 3 na pontuação total, considera-se então a
pontuação da subescala psicossocial, composta pelas questões 5-9. Se a pontuação
dessa subescala for ≤3 pontos, o paciente é classificado como de médio risco e, se
for >3 pontos, encaixa-se no grupo de alto risco.
4.4 – TRATAMENTO DOS DADOS
Para os resultados encontrados das variáveis envolvidas nos questionários
Escala de Tampa e Start Back serão tabulados segundo seus parâmetros
específicos de cada instrumento.
Para cálculo de média e desvio padrão, será utilizado o programa Microsoft
Office
Excel
10.0.
(versão
domiciliar).
As
demais
informações
de
perfil
epidemiológico serão apresentadas em análise descritiva e em gráficos e tabelas.
5.0- DESENVOLVIMENTO
Para coleta de dados, dos questionários, foram selecionados os pacientes
pelos pesquisadores responsáveis pelo estudo, seguindo os critérios de inclusão.
Os dados foram colhidos antes da sessão de fisioterapia convencional, sem
interromper suas atividades. Primeiramente, a aplicação da Escala de Tampa e Start
Back. Todas as dúvidas foram esclarecidas antes e durante a aplicação dos
questionários. Para uma melhor compreensão, o responsável do presente estudo
realizou a aplicação de todos os questionários.
6.0- RESULTADOS
Na tabela 1 estão apresentados os dados do questionário Start Back,
mostrando os níveis de risco em porcentagem e número de voluntários segundo o
nível de risco, respectivamente.
NIVEIS DE RISCO
PORCENTAGEM TOTAL/Nº
BAIXO RISCO
21,5% (6)
MEDIO RISCO
53,5% (14)
ALTO RISCO
25% (7)
Tabela 1 : Resultados em porcentagem do questionário Start Back
A tabela 2 evidencia dos dados do questionário Start Back, segundo
classificação do quadro (agudo ou crônico) em relação aos parâmetros de idade e
gênero.
Estágio Clínico
Gênero
Média de Idade
H
M
H
M
Agudo
5
7
33,2 ±14,6
36,5 ± 16
Crônico
2
13
45,5 ± 17,6
59,7 ± 14
Total
7
20
---
---
Tabela 1 : Resultados em porcentagem de gênero e idade do questionário Start
Back
Dentre os voluntários que apresentaram alto risco no questionário Start Back
3 são do gênero masculino (38,3 ±17,8) e 4 do gênero feminino (53,2 ± 14,9).
Destes 4 são agudos e 3 crônicos, com preponderância do gênero feminino. Assim
observou-se que o gênero feminino e a idade são determinantes na incidência em
relação ao estagiamento do quadro clínico e na piora do quadro cinético funcional.
A tabela 3 abaixo mostra os resultados da escala de Tampa, sendo que
quanto mais próximo do valor Maximo (68 pontos) maior o grau de cinesiofobia. Os
resultados expressos denotam preponderância de níveis intermediários em relação à
cinesiofobia em indivíduos de meia idade com predomínio do gênero feminino.
Subgrupos da
Totais
Gênero
Média de Idade
Escala Tampa
H
M
Até 30 pontos
2
1
1
31 a 50 pontos
21
4
17
51 a 68 pontos
4
2
2
H
M
22
42
38,5±13,1 47,6±13,7
54 ±2,8
54,5±0,7
Tabela 3: Resultado em porcentagem de gênero e idade da Escala de Tampa
Subgrupos da
Agudo
Crônico
Escala Tampa
H
M
H
M
Até 30 pontos
1
---
---
1
31 a 50 pontos
3
8
1
9
51 a 68 pontos
1
1
1
1
Tabela 4: Resultado da Escala de Tampa
Em relação aos aspectos de gênero e idade relacionados com os piores
escores da Escala Tampa, não observou-se diferença importante visto que a
população foi relativamente homogênea nestes parâmetros. Fato também observado
em relação ao estagiamento do quadro clínico (agudo ou crônico) em relação ao
gênero e a idade.
7.0- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados do presente estudo demonstram que os escores mais significativos
no Start Back tem relação com o gênero feminino e com a idade. Também
evidenciaram que quando se compara o estagiamento do quadro clínico existe a
preponderância do gênero feminino no aspecto crônico.
Os resultados da Escala Tampa de Cinesiofobia demonstraram que existem
um prognóstico não muito favorável em relação à idade e ao gênero também.
Mulheres maiores de 40 anos já apresentam índices mais significativos de
cinesiofobia. No entanto, no grupo com piores escores os parâmetros não houve
diferença significativa em relação a gênero e idade.
Ressalta-se que estudos futuros devem avaliar tais aspectos em uma
população mais homogênea. Fato este que não foi possível no presente estudo em
função do número reduzido de voluntários, em diferentes faixas etárias que podem
apresentar fatores intrínsecos e extrínsecos que podem diferer na interpretação dos
resultados.
8.0- FONTES CONSULTADAS
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