Semiologia da Cefaléia Profa. Dra. Emília Katiane Embiruçu Semiologia da Cefaléia • Introdução ▫ Cefaléia: processo doloroso no segmento cefálico ▫ Sintoma, associado ou não a sinais ▫ Queixa de alta prevalência, inclusive nos serviços de pronto atendimento Semiologia da Cefaléia • Objetivos ▫ Importância na abordagem da história da cefaléia; ▫ Pontos relevantes na avaliação clínica em pacientes com cefaléia; ▫ Sinais de alerta de cefaléias secundárias a doenças graves. Semiologia da Cefaléia • Classificação (distinção) das cefaléias – Primárias: • Enxaqueca ou Migrânia • Cefaléia em salvas – Secundárias • Doenças sistêmicas • Doenças focais Semiologia da Cefaléia • Estruturas cefálicas sensíveis à dor: ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ Artérias cerebrais e meníngeas; Grandes veias e seios venosos; Artérias extracranianas; Nervos cranianos e raízes cervicais sensitivas; Periósteo e seios da face; Músculos extrínsecos dos olhos e fixados ao crânio; ▫ Couro cabeludo. Semiologia da Cefaléia • Estruturas cefálicas insensíveis à dor: – Parênquima cerebral; – Meninges (leptomeninges e maio parte da duramater); – Revestimento ependimário; – Pequenos vasos sanguíneos – Ossos da calota craniana. Semiologia da Cefaléia • Mecanismos envolvidos na cefaléia: – Vasodilatação; – Compressão ou deslocamento das estruturas sensíveis à dor; – Tração ou distensão dos músculos; – Irritação por sangue, por exemplo; – Inflamação. Semiologia da Cefaléia • Casos Clínicos, ambos em serviço de urgência: ▫ Caso clínico 1: Menina, 12 anos, previamente hígida. QP: Cefaléia há 5 horas, associada a vômito. ▫ Caso clínico 2: Menina, 12 anos, previamente hígida. QP: Cefaléia há 5 horas, associada a vômito. Semiologia da Cefaléia • Casos Clínicos, ambos em ambulatório: ▫ Caso clínico 3: Senhor, 45 anos, previamente hígido. QP: Cefaléia há 5 meses, associada a vômitos. ▫ Caso clínico 4: Senhor, 45 anos, previamente hígido. QP: Cefaléia há 5 meses, associada a vômitos. Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: – Idade de início das crises de dor: • Primárias: infância, adolescência ou adultos jovens • Secundárias: em geral, terceira idade – Tempo de doença: • Definir o tempo, desde o primeiro episódio • Agudo ou crônico Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: ▫ Instalação das crises Abrupta ou gradual ▫ Padrão temporal: Contínua ou recorrente (em episódios) ▫ Evolução Progressiva ou não progressiva Semiologia da Cefaléia Fonte: Arruda & Guidetti, Cefaléias na Infância e Adolescência, 2007 Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: ▫ Caracterização da dor: Qualidade ou tipo da dor: Pulsátil ou latejante Constritiva ou em aperto Em facada ou em pontadas Localização da dor: Unilateral ou bilateral Localizada Holocraniana Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: – Caracterização da dor: • Intensidade da dor: – Fraca: sem interferir nas atividades diárias (2 e 4) – Moderada: limita as atividades, como esforços físicos (6) – Intensa: impede as atividades diárias (8 e 10) Escala Visual de Faces de Wong-Baker Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: – Caracterização das crises: • Frequência das crises: – Várias crises ao dia (em salvas) – Intervalos de dias a meses (enxaqueca) • Duração das crises: – Segundos a horas • Horário preferencial: – Deve-se associar a fatores desencadeantes – Alerta: despertar por causa da dor X acordar com dor Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: ▫ Fatores desencadeantes ou de piora: Alimentos: café Esforço físico ▫ Sintomas premonitórios (2 a 48 horas antes): Fadiga, ansiedade,tristeza, bocejos, ... ▫ Período intercrítico: Queixas entre as crises Semiologia da Cefaléia • História da cefaléia: – Sintomas e sinais associados às crises: • Fotofobia • Fonofobia • Nâuseas e/ou vômitos – Aura: • Escotomas • Fosfenos • Alterações visuais (amaurose transitória, alucinações) • Alterações sensitivas • Ataxia Semiologia da Cefaléia • Antecedentes: ▫ Pessoais: Menarca Horário e hábitos de sono Doenças ou trauma prévios ▫ Familiares: Pais e/ou irmãos com enxaqueca Doenças neurológicas: aneurisma, AVC Semiologia da Cefaléia • Exame Clínico: ▫ Exame clínico geral e segmentar Dados vitais Medir TA no momento da cefaléia Lesões da pele Neurofacomatoses Lesões herpéticas em face Manifestações clínicas de doenças sistêmicas Palidez Sopro cardíaco Semiologia da Cefaléia • Exame Clínico: ▫ Exame clínico neurológico: Alteração do nível de consciência Alterações comportamentais Fundoscopia Sinais localizatórios Sinais de irritação meníngea Semiologia da Cefaléia • Exame Clínico: – Exame cefaliátrico: • Inspeção e palpação do crânio (fontanela e sutura) • Palpação e ausculta das carótidas • Palpação e compressão dos músculos do segmento cefálico e do pescoço • Compressão dos processos espinhosos associando a movimentação da cabeça • Palpação dos seios da face • Exame: – Otoscópico – Cavidede oral e ATM (oclusão dentária) – Fossas nasais: inspeção e ausculta Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 1: Menina, 12 anos , cefaléia há 5 horas Horas antes da cefaléia sentiu nâuseas e cansaço. Dor de início gradual, do tipo latejante, bitemporal, moderada intensidade, que piora aos esforços físicos, associado a um episódio de vômito, fosfenos e fotofobia. Nega febre. Refere episódio anterior e semelhante há 3 meses atrás. Menarca há 2 meses. Genitora tem enxaqueca. Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 1: Sem alterações ao exame. Conduta: Diário da dor. Diário da Dor Fonte: Arruda & Guidetti, Cefaléias na Infância e Adolescência, 2007 Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 2: Menina, 12 anos , cefaléia há 5 horas Há 3 dias vem apresentando rinorréia purulenta e tosse produtiva, evoluiu com febre há 24 horas e um episódio de vômito quando estava vindo para emergência. A dor teve início rápido, progressivo, do tipo constritiva, holocraniana e de grande intensidade (pela escala – 8). Nega aura. Refere outro episódio de cefaléia de menor intensidade há 1 ano atrás quando estava com dengue. Menarca há 2 meses. Genitora tem enxaqueca. Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 2: Paciente prostrada, febril. Obstrução nasal e presença purulenta Sinais de irritação meníngea de Conduta: Tomografia computadorizada de crânio Estudo do líquor rinorréia Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 3: Senhor, 45 anos, cefaléia há 5 meses Refere episódios súbitos de cefaléia tipo pulsátil, ora à dierita, ora à esquerda, acompanhada por visão turva, e em algumas vezes com vômitos, há 5 meses. A dor é de leve a moderada intensidade. Os intervalos são variados, geralmente dura em torno de 2 horas, melhora após uso de Dipirona e repouso. Os episódios são mais frequentes aos domingos, quando costuma comer churrasco e jogar futebol com os amigos. Nega febre. Pai falecido com AVC. Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 3: FR: 19ipm Pulso: 64 bpm TA: 190 x 110 mmHg Temp:36,4ºC Exame segmentar e neurológico normais Conduta: Antihipertensivo e repouso Avaliação com cardiologista Mapa de pressão sanguínea Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 4: Senhor, 45 anos, cefaléia há 5 meses Refere episódios recorrentes de cefaléia tipo aperto, em região posterior há 5 meses. Os episódios são cada vez mais frequentes, principalmente ao despertar, quando algumas vezes apresenta vômitos. A duração e a intensidade da dor estão cada vez maior, e mesmo com uso de analgésicos a melhora é pouca. Nega outros sintomas associados, fatores precipitantes ou aura. Neste período apresentou dois picos febris (38º C) isolados. Há 15 dias tem a sensação de que o corpo está mais trêmulo. Pai falecido com AVC. Semiologia da Cefaléia • Caso clínico 4: FR: 18ipm Pulso: 68 bpm TA: 130 x 80 mmHg Temp:36,4ºC Fundoscopia: presença de papiledema bilateral Dor em região do pescoço à flexão da cabeça. Ataxia axial Conduta: Tomografia de crânio e ressonância magnética do encéfalo Semiologia da Cefaléia • Sinais de alerta: – Dor de início abrupto e agudo; – Dor de caráter progressivo, agudo ou crônico; – Despertar do sono por causa da cefaléia; – Sinais de hipertensão intracraniana: • • • • Vômitos em jato e incoercíveis, Abaulamento de fontanela, Diplopia e/ou visão turva, Papiledema – Comprometimento do nível da consciência; – Em indivíduos com cefaléia crônica, mudanças no padrão ou intensidade da dor.