ALTERNATIVAS PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO Autores: Valdir Rugiski JUNIOR, Karla Aparecida LOVIS, José Wnilson FIGUEIREDO, Juliana COMUNELLO. Bolsista BET-IFC-Campus Concórdia; Orientadores IFC-Campus Concórdia Introdução A disciplina de Matemática está presente nos currículos em todos os níveis da Educação Básica, bem como em muitos cursos superiores. Sendo assim, um aluno passa praticamente toda sua vida escolar tendo contato com a Matemática. No entanto, o que se percebe é que muitos discentes não gostam da disciplina e a consideram uma disciplina difícil, chata, isolada das demais áreas e sem conexões com a realidade. Estes fatores acabam influenciando o ensino e a aprendizagem dos conteúdos matemáticos. Nas aulas de Matemática, observa-se, com frequência, a falta de participação por parte dos alunos e, em alguns casos, o professor tem dificuldade de expressar-se e ser entendido por todos os alunos. Nesse sentido, o reforço escolar auxilia para que dúvidas sejam sanadas e esclarecidas. Para Soares (2010), Ensinar Matemática na escola hoje parece ser uma necessidade fora de questionamentos. [...] um sujeito que não tem domínio dessas habilidades pode enfrentar inúmeras restrições à sua atuação na sociedade. Algum conhecimento matemático compõem um instrumento semelhante a alfabetização na formação para o exercício da cidadania (SOARES, 2010, p. 6). Apesar da relevância da Matemática, Cardoso (2010, p. 44) ressalta que, “dentre as disciplinas do Ensino Fundamental, a Matemática se encontra entre as mais eletivas do ensino, as avaliações nacionais e internacionais, bem como o cotidiano escolar apontam que a Matemática escolar é excludente”. Considerando o caráter de exclusão com que a disciplina de Matemática se apresenta torna-se compreensível a aversão de muitos alunos para com esta disciplina. Muitas áreas do conhecimento requerem alguma competência em Matemática. Os PCN’s (2000) destacam que a possibilidade de compreender conceitos e procedimentos matemáticos é necessária tanto para tirar conclusões e fazer argumentações, quanto para o cidadão agir como consumidor prudente ou tomar decisões em sua vida pessoal e profissional. Ainda, de acordo com o documento, a Matemática no Ensino Médio, tem um valor formativo, que ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, contribui para o desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição de atitudes. Também deve ser vista como ciência, com suas características estruturais específicas. Neste sentido, “é importante que o aluno perceba que as definições, demonstrações e encadeamentos conceituais e lógicos têm a função de construir novos conceitos e estruturas a partir de outros e que servem para validar intuições e dar sentido às técnicas aplicadas” (BRASIL, 2000, p. 40). Os PCN (2000) também estabelecem alguns objetivos para que o ensino dessa disciplina possa resultar em aprendizagem real e significativa para os alunos. O documento destaca que as finalidades do ensino de Matemática no nível médio indicam como objetivos levar o aluno a: compreender os conceitos, procedimentos e estratégias matemáticas que permitam a ele desenvolver estudos posteriores e adquirir uma formação científica geral; aplicar seus conhecimentos matemáticos a situações diversas, utilizando-os na interpretação da ciência, na atividade tecnológica e nas atividades cotidianas; analisar e valorizar informações provenientes de diferentes fontes, utilizando ferramentas matemáticas para formar uma opinião própria que lhe permita expressar-se criticamente sobre problemas da Matemática, das outras áreas do conhecimento e da atualidade; desenvolver as capacidades de raciocínio e resolução de problemas, de comunicação, bem como o espírito crítico e criativo; expressar-se oral, escrita e graficamente em situações matemáticas e valorizar a precisão da linguagem e as demonstrações em Matemática; estabelecer conexões entre diferentes temas matemáticos e entre esses temas e o conhecimento de outras áreas do currículo; entre outros (BRASIL, 2000, p. 42). No entanto, se o aluno ingressa no Ensino Médio sem os conhecimentos mínimos da Matemática e possui dificuldades de aprendizado, como ele conseguirá atingir os objetivos elencados para este nível de ensino? Para auxiliar os discentes neste processo criou-se este Projeto de Extensão, cujo objetivo é retomar e aprofundar os conteúdos essenciais da Matemática, para que o aluno ingressante, dos cursos técnicos do IFC – Campus Concórdia, superarem suas dificuldades e obtenham melhor desempenho nas séries seguintes. Material e Métodos O projeto iniciou no primeiro semestre de 2015 com uma avaliação diagnóstica para observar quais as principais dificuldades apresentadas pelos alunos ingressantes, no que se refere aos conteúdos de Matemática. A avaliação era composta de 14 questões que envolviam escrita de números, leitura de gráficos, as quatro operações, porcentagem, frações, equação do 1º e 2º grau, sistema de equações, expressões numéricas, transformações de medidas, entre outros. Foi aplicada a 220 alunos do Campus, incluindo os repetentes. Após a análise das respostas, constatou-se que aproximadamente 180 alunos teriam que participar do projeto, uma vez que não conseguiram responder pelos menos 50% das questões. Devido ao número de professores atuantes no projeto (três professores), selecionouse somente 50 discentes (os que tiveram resultados mais insatisfatórios na avaliação) para iniciar o projeto. O projeto é realizado em dois períodos: quarta-feira a noite e sexta-feira a tarde. A avaliação diagnóstica também serviu para a escolha do bolsista do projeto, cujo papel é acompanhar as atividades e atuar como monitor, auxiliando os professores e sanando as dúvidas dos colegas. Resultados e discussão Passaremos a descrever algumas das questões e os resultados obtidos. No que se refere as quatro operações solicitou-se que os alunos resolvessem: “a) 10 000 – 1 432; b) 932 x 2,1; c) 1 000 ÷ 33,3; d) 0,4 ÷ 1,2”. Para a alternativa a, obteve-se 50% acertos; para a alternativa b, 41% de acertos; para a alternativa c, 0,45% de acertos; e para alternativa d, obteve-se 11% de acertos. Outra pergunta: “Uma bicicleta custa R$ 1.200,00. Indique seu preço se, na compra, for dado um desconto de 35%”. Nesta questão, 15% dos alunos conseguiram resolvê-la satisfatoriamente. Na questão que envolvia transformações de medidas, a saber: a) 2,1 km = ____ m; b) 3,8 cm = ____ mm; c) 5,3 m = ____ cm; d) 1,2 kg = ____ gr. Na questão a, 66% dos alunos acertaram; na questão b, 30% acertaram; na questão c, 33% acertaram e na questão d, obteve-se 11% de acertos. No que se refere a questão que envolvia a resolução de uma equação do primeiro grau: “2x + 4 – x +4x = x +3”, obteve-se 12% de acertos. Na questão sobre equação do segundo grau, obteve-se 18% de acertos e na questão que envolvia um sistema com duas equações, somente 1,8% dos discentes acertaram. Nas demais questões os resultados não foram diferentes, em praticamente todas as questões o número de acertos não ultrapassou o número de erros. Com as respostas obtidas por meio da avaliação diagnóstica, constatou-se que a maioria dos alunos apresenta uma defasagem com relação aos conteúdos abordados no Ensino Fundamental. Observa-se que esses alunos passaram, pelo menos, nove anos na escola e, ao que tudo indica, não conseguiram construir saberes básicos da Matemática. Para o andamento do projeto, iniciou-se com as quatro operações e frações. Observou-se que a maioria dos alunos ainda apresenta dificuldades com esses conteúdos, principalmente quando envolve números racionais e operações com frações. Até o momento trabalhou-se com os seguintes conteúdos: porcentagem, regra de três, potenciação, radiciação, resolução de equação do primeiro e segundo grau, função afim e função quadrática, entre outros. Destaca-se que nos encontros, os professores também tiram dúvidas a respeito dos conteúdos vistos em sala de aula. Uma das dificuldades enfrentadas no projeto diz respeito ao comprometimento de alguns alunos. Eles costumam faltar com fequência e isto acaba prejudicando a sequência e o andamento das atividades. Porém, os resultados positivos superam essas dificuldades. Conclusão Como descrito anteriormente o objetivo deste projeto é retomar e aprofundar os conteúdos essenciais da Matemática, para que os alunos ingressantes nos cursos técnicos possam superar suas dificuldades com a Matemática. Até o momento observa-se uma melhora, com os conteúdos da disciplina de Matemática, e uma evolução, ainda que sutil, nas demais disciplinas da área de exatas. Um resultado a destacar é a melhora da auto-estima e da confiança para com a Matemática. Alunos que no início não conseguiam sequer iniciar a resolução de um problema, hoje conseguem fazer com mais confiança. Salienta-se que alguns alunos já foram dispensados do projeto, pois atingiram os objetivos desejados. Por fim, destaca-se que os dados obtidos com a avaliação diagnóstica revelam um contexto escolar preocupante. Este projeto é só um caminho para atingir resultados satisfatórios da Matemática escolar, mas muito ainda precisa ser feito para que todos os discentes possam ter sucesso neste nível de ensino. Referências BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 2000. CARDOSO, E. R. As Influências Afetivas no Ensino e Aprendizagem de Matemática. (Dissertação de Mestrado). Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2010. SOARES, E. S. Ensinar Matemática: desafios e possibilidades. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.