a o 8 SÉRIE 9 ANO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS Caderno do Professor Volume 1 MATEMÁTICA GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MATERIAL DE APOIO AO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DO PROFESSOR MATEMÁTICA ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS 8a SÉRIE/9o ANO VOLUME 1 Nova edição 2014 - 2017 São Paulo Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretário-Adjunto João Cardoso Palma Filho Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assunção Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Ana Leonor Sala Alonso Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colaboradores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abordagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avaliação constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo SUMÁRIO Orientação geral sobre os Cadernos Situações de Aprendizagem 5 10 Situação de Aprendizagem 1 – Conjuntos e números 10 Situação de Aprendizagem 2 – Números racionais e sua escrita decimal 29 Situação de Aprendizagem 3 – Aritmética, Álgebra e Geometria com a reta real 38 Situação de Aprendizagem 4 – Potências, notação científica e ordem de grandeza 50 Situação de Aprendizagem 5 – Alguns métodos para resolver equações de 2o grau 58 Situação de Aprendizagem 6 – Equações de 2o grau na resolução de problemas 87 Situação de Aprendizagem 7 – Grandezas proporcionais: estudo funcional, significados e contextos 92 Situação de Aprendizagem 8 – Representação gráfica de grandezas proporcionais e de algumas não proporcionais 99 Orientações para recuperação 107 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema Considerações finais 111 Quadro de conteúdos do Ensino Fundamental – Anos Finais 113 109 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 ORIENTAÇÃO GERAL SOBRE OS CADERNOS Os temas escolhidos para compor o conteúdo disciplinar de cada volume não se afastam, de maneira geral, do que é usualmente ensinado nas escolas, ou do que é apresentado pelos livros didáticos. As inovações pretendidas referem-se à abordagem de tais conteúdos, sugerida ao longo de cada Caderno. Em tal abordagem, busca-se evidenciar os princípios norteadores do presente currículo, destacando-se a contextualização dos conteúdos, as competências pessoais envolvidas, especialmente as relacionadas com a leitura e a escrita matemática, bem como os elementos culturais internos e externos à Matemática. Em todos os Volumes, os conteúdos estão organizados em 16 unidades de extensões aproximadamente iguais. De acordo com o número de aulas disponíveis por semana, o professor explorará cada assunto com maior ou menor aprofundamento, ou seja, escolherá uma escala adequada para o tratamento dos temas. A critério do professor, em cada situação específica, o tema correspondente a uma das unidades pode ser estendido para mais de uma semana, enquanto o de outra unidade pode ser tratado de modo mais simplificado. É desejável que o professor tente contemplar todas as 16 unidades, uma vez que, juntas, compõem um panorama do conteúdo do volume e, muitas vezes, uma das unidades contribui para a compreensão das outras. Vale insistir que somente o professor, em sua circunstância particular e levando em consideração seu interesse e o dos alunos pelos temas apresentados, pode determinar adequadamente quanto tempo dedicar a cada uma das unidades. Ao longo dos Cadernos, são apresentadas, além de uma visão panorâmica de seu conteúdo, oito Situações de Aprendizagem, que pretendem ilustrar a abordagem sugerida, orientando a ação do professor em sala de aula. As atividades são independentes e podem ser exploradas pelo professor com maior ou menor intensidade, segundo seu interesse e o de sua turma. Naturalmente, em razão das limitações de espaço dos Cadernos, nem todas as unidades foram contempladas com Situações de Aprendizagem, mas a expectativa é de que a abordagem dos temas seja explicitada nas atividades oferecidas. São apresentados também, em cada Volume, sempre que possível, textos, softwares, sites e vídeos, entre outros materiais, em sintonia com a abordagem proposta, que podem ser utilizados pelo professor para o enriquecimento de suas aulas. Compõem o Volume ainda algumas considerações sobre a avaliação a ser realizada, bem como o conteúdo considerado indispensável ao desenvolvimento das competências enunciadas no presente volume, em cada Situação de Aprendizagem apresentada. 5 Conteúdos básicos do volume O tema central deste Volume são os conjuntos numéricos e suas características e propriedades. Os números constituem um eixo importante da Matemática e, neste momento, apresentaremos propostas para que se possa estudá-los em articulação com outros eixos, como o da Geometria e da Álgebra. Na 8a série/ 9o ano, os alunos devem sistematizar o conhecimento adquirido ao longo do Ensino Fundamental, retomando as principais ideias associadas aos conjuntos numéricos. Além disso, este Volume também abordará as equações de 2o grau e a noção de função. Em relação ao primeiro tema, pretende-se que os alunos resolvam situações, inclusive geométricas, que possam ser traduzidas por meio de equações de 2o grau, obtendo as raízes por diferentes métodos, e discutam o significado dessas raízes em confronto com a situação proposta. Com relação ao assunto funções, o aluno poderá apropriar-se dessa noção ao analisar a natureza da interdependência de duas grandezas na resolução de problemas em que elas sejam diretamente proporcionais, inversamente proporcionais ou não proporcionais – iniciando, assim, o estudo das funções afins e quadrática, que serão posteriormente desenvolvidas no Ensino Médio. As situações propostas são oportunas para que se expresse a variação das grandezas envolvidas por meio de diferentes representações: tabelas, gráficos e expressões algébricas. 6 Quanto à resolução da equação quadrática, sugere-se que sejam enfatizados os procedimentos que envolvam conhecimentos sobre fatoração, exponenciação e radiciação, para resolução tanto de equações quadráticas como de equações exponenciais, fatoração e pesquisa das raízes por soma e produto. Nesse sentido, também são exploradas equações exponenciais, quadráticas e de 3o grau. A chamada fórmula de Bhaskara, para as equações de 2o grau, também deverá ser desenvolvida, porém é fundamental que os alunos tenham uma visão mais abrangente dos processos de resolução, tendo em vista que, no Ensino Médio, eles precisarão resolver equações de grau superior a dois. O foco da Situação de Aprendizagem 1 é a sistematização dos conjuntos numéricos, dos naturais aos irracionais. Optamos por tratar desse assunto por meio da exploração da ideia de conjunto, a qual desempenha papel importante no campo matemático. Propomos a exploração de alguns problemas envolvendo conjuntos que podem ser resolvidos por meio de diagramas. A noção de inclusão, união, interseção, entre outras, aparece com naturalidade nas atividades propostas. Em seguida, apresentamos a ampliação dos conjuntos numéricos, partindo dos naturais e chegando aos irracionais, enfatizando não apenas as características de cada conjunto, mas a possibilidade de realização das quatro operações sem restrições. Problematizamos, também, a existência dos segmentos incomensuráveis, que deram origem ao conjunto dos números irracionais. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Na Situação de Aprendizagem 2, é retomada a ideia da representação dos racionais e dos irracionais para dar um passo além com a apresentação de uma nova forma de escrita dos números reais: as frações contínuas. A representação dos números reais como frações contínuas permite trabalhar com a ideia de aproximação de uma forma mais natural e precisa do que as representações decimais dos números. Na Situação de Aprendizagem 3, ampliamos a ideia dos conjuntos numéricos trabalhados na Situação de Aprendizagem 1, agora do ponto de vista do “preenchimento” da reta real. Essa situação constitui um momento importante de articulação entre os eixos da Aritmética, da Álgebra e da Geometria, porque discutiremos números, suas representações e sua localização na reta real com o uso dos instrumentos clássicos de desenho, que são a régua e o compasso. Na Situação de Aprendizagem 4, são abordadas a notação científica e o conceito de ordem de grandeza. Retomando as propriedades das operações com potências, que foram contempladas anteriormente na 7a série/8o ano, introduzimos formalmente a notação científica e apresentamos algumas atividades envolvendo a representação e as operações com números nesse formato. Em seguida, apresentamos uma das ideias mais importantes para o trabalho com números grandes ou pequenos e na comparação entre grandezas físicas: a ideia de ordem de grandeza. A Situação de Aprendizagem 5 mostra um possível roteiro para o desenvolvimento desse trabalho. A resolução de problemas envolvendo equações de 2o grau em diferentes contextos faz parte da Situação de Aprendizagem 6. Além da proposição de problemas, essa unidade tem como objetivo a apresentação de uma síntese dos diversos procedimentos utilizados para a obtenção das raízes de uma equação quadrática. Sugere-se também a apresentação de situações envolvendo a variação de duas grandezas em que seja necessária a identificação dessa variação em relação à proporcionalidade, ou seja, pretende-se explorar o significado das expressões “x e y são diretamente proporcionais”, “x e y são inversamente proporcionais” e “x e y não são proporcionais”, incluindo, quando for o caso, a tradução desses significados em linguagem algébrica: y = kx, sendo k constante (y é diretamente proporcional a x); e xy = k, sendo k constante (y é inversamente proporcional a x). Às vezes, duas grandezas x e y variam de tal modo que a proporcionalidade direta não ocorre entre y e x, mas quando y varia a partir de certo valor h e x. Nesses casos, temos y – h = k ou y – h = kx, ou seja, x y = kx + h (k e h constantes). Portanto y – h é diretamente proporcional a x. A Situação de Aprendizagem 7 contempla esses aspectos. A continuidade desse trabalho ocorre por meio da exploração de situações-problema envolvendo a variação de grandezas diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais, sobretudo por meio de suas representações gráficas. 7 Com relação às funções de 2o grau y = ax2 + bx + c, as situações apresentadas pretendem explorar a proporcionalidade entre uma grandeza e o quadrado da outra. Essas noções serão exploradas e aprofundadas no Ensino Médio. Em seguida, sugere-se a leitura e construção de gráfico cartesiano que representa a variação de duas grandezas, de modo que uma seja, por exemplo, diretamente proporcional ao quadrado da outra. São apresentados também problemas em contextos significativos, que envolvem grandezas cuja variação é expressa por mais de uma sentença. A Situação de Aprendizagem 8 contempla aspectos citados nas Unidades 15 e 16. Cabe ressaltar que as sugestões de atividades, distribuídas nas oito Situações de Aprendizagem, contemplam os principais aspectos dos conteúdos abordados neste volume e são adequadas para os alunos da 8a série/ 9o ano do Ensino Fundamental. Todavia, o papel do professor é, evidentemente, fundamental para a realização desse trabalho nos seguintes aspectos: ordenação, redução ou 8 ampliação das atividades sugeridas, seleção ou elaboração de novos problemas ou exercícios, adequação das propostas ao ritmo de cada turma. Convém destacar ainda que as atividades deste Caderno devem ser consideradas não como mera lista de exercícios ou problemas cujo objetivo é o simples uso de técnicas que devem ser transformadas em rotinas automatizadas; pelo contrário, as situações propostas têm por finalidade apresentar contextos para que as noções estudadas tenham significado para o aluno. Muitas dessas situações podem ser encaradas como pontos de partida para o estudo de determinada noção ou propriedade, o que não significa que o professor não deva propor atividades de síntese com a finalidade de organizar as conclusões e os resultados encontrados. Compõem o Caderno ainda algumas considerações sobre a avaliação, bem como o conteúdo considerado indispensável ao desenvolvimento das competências enunciadas neste volume. Sinteticamente, as 16 unidades que devem ser desenvolvidas são apresentadas a seguir. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Quadro geral de conteúdos do Volume 1 da 8a série/9o ano do Ensino Fundamental Unidade 1 – Conjuntos e diagramas. Unidade 2 – Resolução de problemas por meio de diagramas. Unidade 3 – Classificação dos conjuntos numéricos. Unidade 4 – Racionais: frações e representação decimal. Unidade 5 – Irracionais e suas aproximações. Unidade 6 – Representações na reta real. Unidade 7 – Construções na reta real. Unidade 8 – Notação científica e ordem de grandeza. Unidade 9 – Alguns métodos para resolver equações de 2o grau. Unidade 10 – Completando trinômios quadrados perfeitos: a busca de uma fórmula para encontrar as raízes de uma equação de 2o grau. Unidade 11 – Fórmula para encontrar as raízes de uma equação de 2o grau. Unidade 12 – Equação de 2o grau: relação entre coeficientes e raízes. Unidade 13 – Equação de 2o grau: demonstração e aplicação da fórmula de Bhaskara – equações de 2o grau na resolução de problemas. Unidade 14 – Grandezas proporcionais: significados, contextos e aplicações. Unidade 15 – Grandezas proporcionais: representações gráficas. Unidade 16 – Gráficos que representam variação de grandezas não proporcionais. 9 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 CONJUNTOS E NÚMEROS Conteúdos e temas: diagramas de Venn (Euler); operações e relações entre conjuntos; classificação dos conjuntos numéricos. Competências e habilidades: representar situações-problema por meio de diagramas; resolver problemas envolvendo relações entre conjuntos; conhecer as principais relações entre os conjuntos: interseção, união, inclusão, complemento; reconhecer as características dos conjuntos numéricos: naturais, inteiros, racionais e irracionais. Sugestão de estratégias: uso de diagramas para representar conjuntos e argumentos lógicos. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 1 Ao longo do Ensino Fundamental, os alunos tiveram contato com diferentes conjuntos de números: naturais, frações, decimais, negativos etc. A 8a série/9o ano é o momento ideal para se fazer uma síntese desses números, retomando seus significados e organizando uma classificação. Antes de classificar os conjuntos numéricos, sugerimos que se trabalhe a noção de conjunto e seus elementos. A ênfase maior deve ser dada à resolução de problemas e à representação por diagramas, e menos à linguagem simbólica, que será desenvolvida ao longo do Ensino Médio. A ideia de conjunto é uma das mais importantes na Matemática. A chamada 10 “Matemática Moderna” pretendeu desenvolver o ensino da Matemática por meio da teoria dos conjuntos, o que acabou gerando exagerada valorização da linguagem simbólica em detrimento da constituição do pensamento matemático. Essa iniciativa tornou o ensino da Matemática extremamente abstrato e distante da realidade do aluno, fazendo que essa metodologia viesse a ser gradativamente substituída por outra, mais contextualizada e voltada para a construção do significado. Nesse sentido, o estudo dos conjuntos passou a ser menos centrado na linguagem formal e mais voltado para o desenvolvimento do pensamento lógico e a resolução de problemas. Essa é a perspectiva que queremos desenvolver nesta Situação de Aprendizagem. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Problemas envolvendo conjuntos 1. Considere a seguinte situação: uma atividade com duas questões foi aplicada em uma turma de 40 alunos. Os resultados indicaram que 20 alunos haviam acertado as duas questões, 35 acertaram a 1a questão e 25, a 2a questão. a) Os dados do enunciado sugerem que a soma das partes é maior que o todo: 20 + 35 + 25 = 80 > 40. Como podemos explicar esse fato? Isso ocorre porque as informações não são excludentes, ou seja, os 20 alunos que acertaram as duas questões estão incluídos no resultado dos que acertaram a primeira questão. Esse é um típico problema que envolve a ideia de interseção de conjuntos. Apresente o problema aos alunos e deixe que eles tentem resolvê-lo. Ao ler o enunciado, os alunos podem questionar a plausibilidade das informações numéricas, uma vez que a soma das partes (20 + 35 + 25 = 80) parece ser maior que o todo (40). Como isso é possível? A ideia é fazer que os alunos percebam que as informações sobre os resultados obtidos não são excludentes, isto é, possuem elementos em comum. Assim, dos 35 alunos que acertaram a primeira questão estão contemplados, também, aqueles que acertaram a segunda questão. O mesmo raciocínio pode ser aplicado com relação ao número de alunos que acertaram a segunda questão, ou seja, o problema adquire novo significado. Vale chamar a atenção dos alunos para a importância da interpretação do enunciado. Dependendo de como forem escritas, algumas informações podem ter certo grau de ambiguidade no seu significado. Afirmar que 35 alunos acertaram a primeira questão é diferente de afirmar que 35 alunos acertaram “somente” a primeira questão, o que faz toda a diferença, e não é raro que alguns alunos optem por essa última interpretação, acarretando a inconsistência das partes serem maiores que o todo. No caso dessa atividade, o fato de um aluno poder acertar ambas as questões implica a existência de interseção dos dois conjuntos, isto é, eles não são mutuamente exclusivos. Contudo, em outras situações, a exclusividade dos conjuntos é subentendida pelo próprio contexto. Por exemplo, em uma turma de 40 alunos com 25 homens e 15 mulheres, não há necessidade de afirmar que 25 dos alunos são exclusivamente homens, pois não há interseção entre os conjuntos. b) Se 35 alunos acertaram a 1a questão e 20 acertaram as duas, quantos alunos acertaram apenas a 1a questão? Acertaram apenas a 1a questão = 15 Acertaram a 1a questão = 35 Acertaram a 1a e a 2a questões = 20 35 – 20 = 15 alunos Dessa forma, o contexto do problema desempenha um papel central na interpretação do enunciado, pois nem sempre essa distinção é feita explicitamente. Sugerimos que o professor apresente aos alunos diferentes situações para que eles identifiquem se os conjuntos são mutuamente exclusivos ou não. 11 Voltando à atividade inicial, os alunos podem concluir que, entre os 35 que acertaram a primeira questão, existem aqueles que acertaram somente a primeira questão e aqueles que acertaram as duas. Como essa informação foi fornecida pelo problema, conclui-se que 15 alunos acertaram somente a primeira questão. c) E apenas a 2a questão? Do mesmo modo, pode-se obter o número de alunos que acertaram somente a segunda questão fazendo a diferença entre 25 e 20, ou seja, 5. Acertaram apenas a 2a questão = 5 Acertaram a a 2 questão = 25 Acertaram a 1a e a 2a questões = 20 d) Qual é o percentual de alunos que acertaram apenas uma questão nesta atividade? Calculando-se as porcentagens para cada resultado, obtemos: percentual de alunos que acertaram apenas a primeira questão: 15 = 0,375 ou 37,5%. 40 t t percentual de alunos que acertaram apenas a segunda 5 = 0,125 ou 12,5%. 40 questão: zação e organização dos dados que podem ajudar a resolver problemas mais complexos. Assim, sugerimos que o professor apresente esse tipo de representação aos alunos e seu significado. Conjuntos e diagramas Os diagramas podem ser usados para representar os conjuntos e suas relações. Atribui-se ao famoso matemático suíço Leonhard Euler a ideia de usar diagramas para representar relações lógicas. O diagrama de Euler nada mais é do que uma região delimitada do plano, simbolizada por uma figura curva fechada, que representa um conjunto. Um conjunto é formado por elementos que possuem determinada propriedade. Vejamos um exemplo: O conjunto das aves inclui animais que possuem determinadas características. Uma delas é o fato de possuir asas. O beija-flor, o tucano e a águia são aves, ou seja, são animais que possuem asas. O cavalo, por sua vez, não pertence ao conjunto das aves, pois não possui asas. O diagrama a seguir representa essa situação: Assim, a porcentagem de alunos que acertaram apenas uma questão foi de 50%. Problemas que envolvem relações entre conjuntos podem ser resolvidos por meio de diagramas. Para os alunos da 8a série/ 9o ano, os diagramas permitem uma visuali- 12 Ave Beija-flor Tucano Águia Cavalo Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 2. Com base no texto apresentado na seção Leitura e análise de texto, represente, por meio de diagramas, as seguintes situações: a) Conjunto: Paulistanos Elementos: André, Luiz e Renata nasceram na cidade de São Paulo. Júlio nasceu em Ribeirão Preto. Paulistanos André Luiz Júlio Renata Ensino Fundamental; Marta, Reinaldo e Antônio estudam na 2a série do Ensino Médio. Patrícia Alunos do Ensino Fundamental Marta Reinaldo Antônio Renato Lucas Rafael c) Conjuntos: corintianos e são-paulinos Elementos: João, Helena Marcus e Alberto são corintianos. Diego, Laís e Alice torcem pelo São Paulo. André e Tomás não torcem para nenhum time. corintianos b) Conjunto: Alunos do Ensino Fundamental Elementos: Patrícia, Renato e Lucas estudam na 7a série/8o ano do Ensino Fundamental; Rafael estuda na 5a série/6o ano do Relações entre conjuntos Todos os conjuntos exemplificados até este momento são representados em uma região delimitada por meio de uma curva fechada, representando determinado conjunto. A figura a seguir mostra de forma genérica um conjunto A, constituído de todos os elementos que possuem determinada propriedade a. João são-paulino Alice Helena Alberto Marcus Tomás Diego André Laís A x y Nesse caso, o elemento x possui a propriedade a e, portanto, pertence ao conjunto A. Já o elemento y, que está fora do diagrama, não possui a propriedade a e, portanto, não pertence a A. 13 A relação espacial entre as figuras (sobreposição, separação, inclusão) indica também o tipo de relação existente entre os conjuntos (interseção, inclusão, exclusão). Consideremos o conjunto A formado pelos elementos que têm a propriedade a e o conjunto B formado pelos elementos que têm a propriedade b. Vejamos os principais casos e os símbolos associados: 1. Inclusão: todo a é b. Se todo elemento de A pertence a B, então A é um subconjunto de B. Dizemos que A está contido em B, ou seja, A B. Exemplo: todo múltiplo de 10 é um número par. O conjunto dos múltiplos de 10 forma um subconjunto do conjunto dos números pares. Pares Múltiplos de 10 2. Interseção: algum a é b. Se alguns elementos do conjunto A também pertencem ao conjunto B, então existe interseção entre esses dois conjuntos. Os elementos da interseção possuem as propriedades de A e de B simultaneamente, ou seja, A E B. Exemplo: os diagramas mostram que alguns elementos do conjunto dos números ímpares são primos, por exemplo, 3, 5, 7 etc. O 9 é ímpar, mas não é primo. Ímpares 3. União: a ou b. O conjunto da reunião entre A e B contém todos os elementos de A e de B, ou seja, A F B. Exemplo: a união dos múltiplos de 2 e dos múltiplos de 3. A interseção são os elementos do conjunto dos múltiplos de 6. M(2) M(3) M(2) E M(3) = M(6) Na união de M(2) e M(3), temos elementos comuns, que são os múltiplos de 6 – M(6) – e, consequentemente, contemplam a indicação apresentada no diagrama. 4. Diferença: algum a não é b. Os elementos da diferença entre os conjuntos A e B são aqueles que pertencem a A e não pertencem a B, ou seja, A – B. Exemplo: a figura representa os números pares que não são primos. Trata-se da diferença entre os conjuntos. Pares – Primos = = {0, 4, 6, 8, 10, ...}. Pares Primos Primos Aqui na intersecção há apenas um número par e primo: 2. 14 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 5. Complementar: caso particular da diferença entre dois conjuntos, quando um deles é subconjunto do outro. Contém os elementos de A que não pertencem ao subconjunto B. exclusivos, pois não possuem elemento em comum. Pares Ímpares C AB = A – B Exemplo: seja A o conjunto dos múltiplos de 5 e B o conjunto dos múltiplos de 10, o conjunto complementar dos múltiplos de 10 em relação aos múltiplos de 5 são 5, 15, 25, 35, 45, ... Para representarmos as relações entre dois ou mais conjuntos, podemos utilizar um número maior de diagramas. Por exemplo: Animais M(5) Minerais Mamíferos M(10) 6. Conjuntos mutuamente exclusivos ou disjuntos: nenhum a é b. Se nenhum elemento de um conjunto A pertence a outro conjunto B, então esses conjuntos são mutuamente exclusivos. A interseção entre os dois conjuntos é vazia, ou seja, A E B = A. Exemplo: os conjuntos dos números pares e dos números ímpares são mutuamente Os diagramas anteriores mostram que o conjunto dos mamíferos são um subconjunto do conjunto dos animais e que nenhum elemento do conjunto dos minerais pertence ao conjunto dos animais. Observando os diagramas, podemos chegar às seguintes conclusões: f todo mamífero pertence ao reino dos animais. f nem todo animal é mamífero. f nenhum mineral é animal. 3. Assinale o item que melhor representa os diagramas a seguir: M(2) a) Conjuntos: múltiplos de 2 e múltiplos de 3. I. M(3) – M(2) II. M(3) E M(2) III. M(2) – M(3) 4 2 8 0 10 12 14 M(3) 3 6 9 15 15 b) Conjuntos: retângulos e losangos. e) Conjuntos: polígonos e polígonos regulares. Regulares I. C Polígonos Polígonos II. Polígonos E Polígonos Regulares III. Polígonos F Polígonos Regulares I. Retângulos E Losangos II. Losangos Retângulos III. Losangos F Retângulos Retângulos Polígonos Losangos Polígonos Regulares c) Conjuntos: números pares e números primos. I. Pares – Primos II. Pares E Primos III. Pares F Primos Pares f) Conjuntos: números pares e ímpares. 4 0 I. Pares – Ímpares II. Pares E Ímpares III. Pares Ímpares Primos 3 6 8 Dizemos que um polígono é regular se todos os lados e ângulos deste, sejam eles internos ou externos, forem iguais. Além disso, ele também deve poder ser inscrito em uma circunferência 5 2 12 7 11 20 Pares 6 4 1 7 10 11 9 a) A – B 2 8 0 M(10) 10 4 12 16 0 Ímpares 5 4. Pinte os diagramas que representam as seguintes operações com conjuntos: I. Pares – M(10) II. Pares F M(10) III. M(10) Pares Pares 2 12 d) Conjuntos: números pares e múltiplos de 10. 3 8 20 A B Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 b) A E B e) A – (B F C) B A A B C c) A f) A – (B E C) B A A B B C g) C UA d) C BA B B U A Diagramas e lógica Os diagramas de Euler passaram a ser amplamente utilizados para representar conjuntos em virtude de sua facilidade de compreensão visual. Contudo, ficaram mais conhecidos como “Diagramas de Venn”, por causa da semelhança com o tipo de diagrama criado pelo filósofo britânico John Venn. Os diagramas também podem ser usados para representar argumentações lógicas. Por exemplo: A B f todos os mineiros são brasileiros. f Pedro é mineiro. f logo, Pedro é brasileiro. Brasileiros Mineiros Pedro 17 Essa estrutura de argumentação lógica é denominada silogismo e é composta Professor, para que os alunos utilizem diagramas na representação das argumentações lógicas, propomos a seguinte atividade. por três proposições: duas premissas e uma conclusão. Apenas o diagrama III pode representar os argumentos dados. O diagrama I contradiz a premissa de que todos os curitibanos são paranaenses. E o diagrama II representa o contrário da premissa I, pois indica que todos os 5. Nas figuras seguintes, assinale o diagrama que melhor representa os argumentos dados. a) Todas as pessoas nascidas em Curitiba (C) são paranaenses (P). João nasceu em Curitiba. Logo, João é paranaense. paranaenses são curitibanos. b) Nenhum quadrilátero possui cinco lados. Um quadrado é um quadrilátero. Logo, nenhum quadrado possui cinco lados. I. Quadriláteros I. C P Cinco lados João Quadrado II. II. Quadrilátero C Cinco lados Quadrado P João III. III. Quadrilátero Cinco lados P Quadrado C João Apenas o diagrama II corresponde à argumentação dada. Tanto o diagrama I como o III contradizem a primeira premissa. 18 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 c) Alguns tetraedros são poliedros regulares. Todos os tetraedros são pirâmides. Logo, algumas pirâmides são poliedros regulares. I. Poliedros regulares Tetraedros Pirâmides Uma atividade com duas questões foi aplicada em uma turma com 40 alunos. Os resultados indicaram que 20 alunos haviam acertado as duas questões, 35 acertaram a 1a questão (Conjunto A) e 25, a 2 a questão (Conjunto B). a) Represente no diagrama a seguir o número de alunos que acertaram as duas questões. AEB II. Do total da turma de 40 alunos, uma parte acertou as duas questões. Assim, há interseção entre os conjuntos dos alu- Tetraedros Poliedros regulares nos que acertaram a primeira questão (Conjunto A) e a segunda (Conjunto B). Para completar o diagrama com as informações numéricas do problema, podemos iniciar re- Pirâmides gistrando a interseção entre os dois conjuntos, ou seja, o número de alunos que acertaram as duas questões. III. Pirâmides A Tetraedros Poliedros regulares B 20 O diagrama que representa a argumentação dada é o II. O em desacordo com as premissas, pois nem todos os poliedros b) Represente no diagrama a seguir o número de alunos que acertaram apenas a 1a questão. regulares são pirâmides. Em seguida, preenchemos as regiões que representam o diagrama I está errado, pois não é verdade que todas as pirâmides são poliedros regulares. O diagrama III também está número de alunos que acertaram exclusivamente uma das Problemas, conjuntos e diagramas questões. O número de alunos que acertou apenas a primeira questão é a diferença entre o número total de alunos (35) 6. Vamos retomar o problema inicial desta Situação de Aprendizagem para resolvê-lo por meio de diagramas. que acertou a primeira questão e os que acertaram as duas questões (20), ou seja, 15. 19 A–B A B 15 20 c) Represente no diagrama a seguir o número de alunos que acertaram apenas a 2a questão. Utilizando o mesmo raciocínio, o resultado corresponde à diferença entre o total de alunos que acertou a segunda questão (25) e os que acertaram as duas questões (20), isto é, 5. Sugerimos que o professor proponha mais alguns problemas para os alunos, para que eles se familiarizem com esse tipo de representação. A seguir, apresentamos um problema envolvendo mais de dois subconjuntos. 7. Uma pesquisa de mercado foi realizada para verificar a audiência de três programas de televisão. Ao todo, 1 200 famílias foram entrevistadas e obtiveram-se os seguintes resultados: 370 famílias assistem ao programa A; 300, ao programa B e 360, ao programa C. Desse total, 100 famílias assistem aos programas A e B; 60, aos programas B e C; 30, aos programas A e C e 20 famílias assistem aos 3 programas. Com base nesses dados, responda: B–A a) Famílias que assistem a três programas. Representando as informações dadas no diagrama, obtemos A B 15 20 5 o seguinte: Representação da interseção entre os três conjuntos: A E B E C. A É importante discutir com os alunos que, nesse caso, a soma dos elementos representados no diagrama (15 + 20 + 5) é igual ao total de alunos, 40, o que significa que nenhum aluno errou as duas questões. B 20 C Representação da interseção dos conjuntos, dois a dois: Com a leitura do diagrama preenchido, podemos obter as respostas do problema, bastando calcular as porcentagens solicitadas, como já havia sido feito no início desta Situação de Aprendizagem. 20 A E B, A E C e B E C. b) Famílias que assistem a dois programas. O problema informa que 100 famílias assistem aos programas A e B. Desse total, sabemos que 20 famílias assistem aos três Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 programas; portanto, o número de famílias que só assistem Com base nos diagramas preenchidos, devemos verificar se a aos programas A e B é a diferença entre 100 e 20, ou seja, 80. soma das partes corresponde ao total de entrevistados. O mesmo vale para as outras interseções. Soma das partes: 260 + 160 + 290 + 80 + 40 + 10 + 20 = 860. Neste problema, a soma das partes (860) é menor que o total de entrevistados (1 200). A diferença (340) corresponde ao número A B 80 de entrevistados que não assiste a nenhum dos três programas, o que pode ser representado como o conjunto complementar em 20 10 relação ao total de entrevistados, como ilustra o diagrama a seguir: 40 A C B 80 260 160 20 c) Famílias que assistem exclusivamente a um programa. 10 T 40 340 290 Representação do número de pessoas que assistem exclusi- C vamente a cada um dos programas. No caso do programa A, esse número será a diferença entre o total de pessoas que assiste ao programa A (370) e a soma das interseções A E B, A E C e A E B E C. A – (B + C) = 370 – (80 + 10 + 20) = 260 O mesmo deve ser feito para os programas B e C, como mostra 8. Com base no diagrama apresentado na atividade anterior, responda às seguintes perguntas: a figura a seguir: a) Quantas famílias assistem ao programa A e não assistem ao programa C? A B 80 260 160 340 pessoas assistem ao programa A e não assistem ao programa C: 260 + 80 = 340. 20 10 40 290 A C 260 B 80 160 20 10 d) Famílias que não assistem a nenhum dos três programas. 40 T 340 290 C 21 b) Quantas famílias assistem aos programas B e C e não assistem ao programa A? 490 famílias assistem aos programas B e C e não assistem ao programa A. A B 80 260 160 Uma prova com três questões foi aplicada em uma turma com 60 alunos. Os resultados obtidos foram os seguintes: 36 alunos acertaram a 1a questão, 31 acertaram a 2a e 25 acertaram a 3a. Além disso, verificou-se que 18 alunos acertaram a 1a e a 2a questões, 16 acertaram a 1a e a 3a questões e 13 acertaram a 2a e a 3a questões. Apenas 10 alunos acertaram as três questões. 20 10 40 Represente na forma de diagrama os conjuntos descritos anteriormente e responta às questões seguintes: T 290 340 C U = 60 c) Qual é o programa de maior fidelidade, ou seja, aquele cujos espectadores somente assistem a ele? 2a 1a 5 8 12 10 10 6 O programa com maior fidelidade é o C, com 290 espectadores, 3 contra 260 do A e 160 do B. 6 3a A B 80 260 a) Quantos alunos erraram as três questões? 160 Apenas 5 alunos erraram as três questões. 20 10 40 T 340 290 C b) Quantos alunos acertaram a 1 a ou a 2a questão? 12 + 6 + 10 + 8 + 3 + 10 = 49. 49 alunos acertaram ou a 1ª ou a 2ª questão. 9. Resolva o problema a seguir usando diagramas. 22 c) Quantos alunos erraram a 3ª questão? 12 + 8 + 10 + 5 = 35. 35 alunos erraram a 3ª questão. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Desafio! a) Qual é a porcentagem dos entrevistados que consomem as três marcas? (Coordenadoria de Admissão aos Cursos Regulares – FGV/DO-SP) – Uma pesquisa de mercado sobre o consumo de três marcas (A, B e C) de um determinado produto apresentou os seguintes resultados: A (48%); B (45%); C (50%); A e B (18%); B e C (25%); A e C (15%); nenhuma das três, 5%. (Dica: represente a porcentagem de entrevistados que consomem as três marcas por x e construa o diagrama com as informações dadas.) Sabendo que todos os subconjuntos totalizam 100%, bas- U = 100% ta resolver a seguinte equação: 15 + x + 2 + x + 10 + x + 18 – x + 15 – x + 25 – x + x + 5 = 100. Obtém-se x = 10%. Portanto, 10% dos entrevistados consomem as três marcas. b) Qual é a porcentagem dos entrevistados que consomem apenas uma das três marcas? U = 100% B A 5% 12% 8% 25% B A 5% 2+x 18 – x 15 + x 15% 20% x 15 – x 10% 5% 25 – x C 10 + x Os entrevistados que consomem apenas uma das três C Os conjuntos numéricos Os números constituem um dos eixos centrais da Matemática. Aparentemente, a ideia de número pode parecer simples e natural. Se pensarmos em termos de contagem de objetos, os números chamados naturais são suficientes para expressar resultados e efetuar determinadas operações. Contudo, ao longo da história, as transformações socioculturais da humanidade marcas são 25% + 12% + 20% = 57%. criaram diferentes necessidades de representação, implicando a criação de outras formas de representação numérica: frações, decimais, números negativos, irracionais e imaginários. Cada tipo de número criado pelo homem ampliou não só a capacidade de representação, mas também as possibilidades de solução para diferentes problemas. Ao longo do Ensino Fundamental, os alunos tiveram contato com muitas formas de representação numérica. Com os números 23 naturais, puderam representar quantidades inteiras, registrar contagens, ordenar objetos e conjuntos, realizar operações etc. Os números racionais aparecem em seguida, primeiro na forma de fração e, depois, como número decimal. As frações surgem para representar quantidades não inteiras, o resultado de medidas, a relação entre a parte e o todo de determinado objeto ou conjunto. Os números negativos são estudados na 6 série/7o ano, contradizendo a ideia de que os números só podem representar quantidades ou medidas. Finalmente, na 8a série/9o ano surgem os números irracionais, que representam as medidas de segmentos incomensuráveis, uma vez que elas não podem ser representadas na forma de uma fração entre dois inteiros. a Todo esse universo numérico pode ser organizado e sistematizado por meio de diagramas que representem as relações de inclusão e interseção entre os diferentes conjuntos. Apresentaremos, a seguir, a classificação mais usual dos conjuntos numéricos sob o ponto de vista das características de cada número e das operações que podem ser realizadas dentro de cada conjunto. 24 e de a u b será também um natural. Dizemos, então, que o conjunto dos naturais é fechado para a adição e a multiplicação. Contudo, o mesmo não ocorre em relação às operações inversas. No domínio dos naturais, nem sempre é possível realizar a subtração ou a divisão entre dois números. Por exemplo, o resultado 2 – 5 ou 5 8 2 não é um número natural. A subtração a – b só pode ser realizada no conjunto dos números naturais se a for maior ou igual a b. A introdução dos números negativos permitiu a ampliação do campo numérico para incluir a operação de subtração sem restrições. No conjunto dos números inteiros, além da adição e multiplicação, qualquer subtração realizada resulta em um número inteiro. Contudo, no domínio dos inteiros, a divisão b 8 a só pode resultar em um inteiro se a for um fator de b. Conjuntos numéricos e operações: dos naturais aos racionais Assim, de forma semelhante ao que aconteceu com a subtração, a criação dos números b (a e b inteiros, com fracionários, na forma a a ≠ 0), removeu os obstáculos para a operação de divisão, com exceção da divisão por zero. Esse domínio ampliado gerou o conjunto dos números racionais, que é fechado para a adição, multiplicação, subtração e divisão. No conjunto dos números naturais, sempre podemos realizar as duas operações fundamentais: a adição e a multiplicação, ou seja, quaisquer que sejam a e b pertencentes ao conjunto dos naturais, o resultado de a + b Assim, a ampliação do campo numérico dos naturais para os racionais possibilitou a criação de um conjunto cujos resultados das quatro operações aritméticas básicas podem ser obtidos sem restrições. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Dos racionais aos irracionais Neste caso, teríamos que b = m u a. n Quando for possível expressar a medida de um segmento com base em outro por meio de uma fração ou um número inteiro, dizemos que os segmentos são comensuráveis. Em termos práticos, os números racionais podem expressar a medida de quaisquer segmentos comensuráveis. Em termos teóricos, contudo, a questão deve ser ampliada. Nem toda medida pode ser expressa na forma de uma razão entre números inteiros. A descoberta da existência dos segmentos incomensuráveis foi um dos fatos mais surpreendentes da história da Matemática. Um dos exemplos mais conhecidos de incomensurabilidade é a medida da diagonal do quadrado em relação ao lado, que foi atribuída aos pitagóricos, na Grécia Antiga. Considerando um quadrado de lado unitário, podemos obter a medida da diagonal aplicando o Teorema de Pitágorasa: a d 2 = 12 + 12 d d2 = 2 1 1 Ora, se d for comensurável em relação ao lado 1, então devem existir dois inteiros a e b, 2 a a a2 = 2, ou seja, 2 = 2. tais que = d. Logo, b b b Como vimos, os números racionais permitem expressar o resultado de um processo de medida. Se compararmos a magnitude de dois segmentos a e b, podemos obter como resultado um número inteiro, se a for um fator de b, ou seja, b = r u a. Caso contrário, então poderemos dividir a unidade a em n segmentos iguais, cada um de coma , de forma que ele caiba um primento n número inteiro m de vezes no segmento b. Sendo assim, a2 = 2 . b2. Decompondo o número a em fatores primos, tais fatores obviamente aparecerão aos pares já que a2 = a u a. O mesmo acontece com o número b. Se a igualdade anterior fosse verdadeira, teríamos a u a = 2 u b u b, ou seja, teríamos uma quantidade ímpar de fatores do lado direito, já que temos 2 u b u b, e uma quantidade par de fatores do lado esquerdo da igualdade, a u a. Sabemos que isso não é possível, pois todo número inteiro diferente de 0 e de 1 possui uma única decomposição em fatores primos. Consequentemente, não existe nenhuma a fração , com a e b inteiros que, elevada ao b quadrado, resulte em 2. Esse resultado, que nada mais é do que 2 , não é um número racional. Assim, retomando a perspectiva da preservação das operações, o conjunto dos números racionais não é fechado para a radiciação. Professor, caso não tenha ainda apresentado o Teorema de Pitágoras aos seus alunos, este será um bom momento. Aproveite e chame a atenção deles para o fato de que a discussão detalhada do Teorema será feita adiante, em outra Situação de Aprendizagem. 25 A existência de segmentos incomensuráveis implicou a criação de um conjunto complementar aos números racionais e que foi denominado irracionais. Entre os números irracionais, encontram-se as raízes não exatas, como 3 , 5 , 12 , 5 5 etc., e números como Pi (/) ou Fi (q), chamados transcendentais ou transcendentes (esse conceito será tratado na Situação de Aprendizagem 3). De modo geral, todos os irracionais possuem uma representação decimal infinita e não periódica. A reunião do conjunto dos números racionais com o conjunto dos irracionais deu origem ao conjunto dos números reais. Os números reais possuem uma propriedade importante, que será amplamente utilizada daqui para a frente. Para cada número real, é possível associar um único ponto de uma reta numérica. Assim, a reta real constitui um modelo para a representação de todos os números reais, sejam eles racionais ou irracionais. A representação de alguns irracionais será apresentada nas Situações de Aprendizagem a seguir. É importante discutir com os alunos que, diferentemente do conjunto dos racionais, os irracionais não são fechados em relação às operações de adição e multiplicação. Por exemplo, embora 3 5 seja irracional, o resultado de 3 + – 3 é zero, que é racional. Do mesmo modo, 3 u 3 9 3 , que também é racional. O conjunto dos irracionais também não é fechado para subtração e para divisão. ( 26 ) Representação dos conjuntos por meio de diagramas Podemos representar os conjuntos numéricos por meio de diagramas. Como vimos anteriormente, os conjuntos numéricos foram ampliados dos naturais aos racionais, introduzindo novos tipos de números (frações, negativos) de modo a permitir a realização das quatro operações básicas sem restrições. Essa ampliação pode ser representada pelos seguintes diagramas: Conjunto dos Naturais (IN) f Fechado para as operações de adição e multiplicação. 0, 1, 2, 3, ... IN , u Ampliação dos Naturais para os Inteiros ( ) f Introdução dos negativos. f Fechado para adição, multiplicação e subtração. –1, –2, –3, ... IN , u , – Ampliação dos Inteiros para os Racionais (Q) f Introdução das frações e dos não inteiros. f Fechado para adição, multiplicação, subtração e divisão. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 a) IR 1, – 3, 2 4 IN r IN Q Q , u, – , b) A introdução dos números irracionais (Ir) permitiu a ampliação do campo dos racionais para os números reais (IR), representado pelo diagrama a seguir. Note que, nesse caso, os irracionais são o conjunto complementar aos racionais em relação aos reais. IR r Q IN c) IR IR Q 2 3 5 IN IN π r Q Com base neste diagrama, podemos escrever as seguintes relações entre os conjuntos numéricos: IN Q IR IR = Q F r A seguir, propomos uma atividade para aprofundar o conhecimento sobre as relações entre os conjuntos numéricos: 10. Qual diagrama representa melhor os subconjuntos dos números reais? IN – Naturais / – Inteiros / Q– Racionais / r – Irracionais. 11. Na atividade anterior, destaque com lápis de cor o conjunto dos números irracionais. IR IN 12. Classifique em verdadeira ou falsa as expressões matemáticas a seguir. Reescreva as expressões falsas, tornando-as verdadeiras. 27 a) IN Verdadeira. Os Naturais são um subconjunto dos Inteiros, pois todo número natural também é inteiro. b) IN F =Q Falsa. A reunião dos Naturais com os Inteiros é o próprio conjunto dos inteiros. PT F = c) IR – r = Q Verdadeira. Os Racionais são o complementar dos Irracionais em relação aos reais. d) EQ=Q Falsa. A interseção entre Inteiros e Racionais é o próprio conjunto dos inteiros. Além das atividades propostas nesta Situação de Aprendizagem, o professor poderá sugerir problemas e exercícios complementares que estão presentes na maioria dos livros didáticos. Em relação aos problemas envolvendo conjuntos, é importante orientar os alunos em relação a alguns aspectos, tais como: EQ= e) Q E r = Q Falsa. Não há interseção entre Racionais e Irracionais, pois são conjuntos mutuamente exclusivos. Q E r = 28 rença. Embora o foco na 8a série/9o ano não seja a formalização da linguagem simbólica matemática, o que será feito no Ensino Médio, o aluno deve conhecer o significado dos principais símbolos ligados às operações entre conjuntos: E, F, . f f f f ambiguidade no enunciado; organização das informações; registro das operações; representação por meio de diagramas. Considerações sobre a avaliação Tais aspectos devem ser considerados pelo professor nas atividades de avaliação. Ao final desta Situação de Aprendizagem, espera-se que os alunos conheçam as principais características associadas aos conjuntos numéricos, desde os números naturais até os reais e que saibam usar diagramas para representar situações-problema envolvendo relações entre as partes e o todo de um conjunto. Além disso, o aluno deve conhecer o significado das principais relações entre conjuntos: união, interseção, pertinência, inclusão e dife- Em relação aos conjuntos numéricos, destacamos dois aspectos importantes. O primeiro é a ampliação dos conjuntos numéricos dos naturais aos racionais com base nas quatro operações básicas. E o segundo é a passagem dos racionais para os irracionais, compondo o conjunto dos números reais. Esses dois aspectos devem ser bem trabalhados, pois constituirão uma base para o prosseguimento dos estudos no Ensino Médio, principalmente no que se refere às funções. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 NÚMEROS RACIONAIS E SUA ESCRITA DECIMAL Conteúdos e temas: operações com frações; dízimas periódicas e decimais finitos; números racionais e irracionais. Competências e habilidades: observar regularidades numéricas e fazer generalizações; relacionar a reformulação de enunciados relativos à caracterização dos números racionais com a busca do rigor lógico e conceitual em sua definição; confrontar ideias de precisão, exatidão e aproximação na representação de números racionais. Sugestão de estratégias: retomar ideias do conhecimento numérico do aluno, tanto do ponto de vista conceitual quanto do ponto de vista das operações com números; reformular e analisar a validade de afirmações dadas a partir de novas ideias sobre dízimas periódicas. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 2 a) Qual é a fração geratriz da dízima 0,79999…? 4 5 Números racionais e sua escrita decimal Conforme vimos na Situação de Aprendizagem 1 da 7a série/8o ano, a representação decimal b) Qual é o decimal obtido quando dividimos o numerador pelo denominador na fração encontrada no item a? de um número racional ou é finita, como no caso 0,8 4 = 0,8, ou infinita e periódica, como no 5 7 caso de = 1,1666... A seguir apresentare6 mos novos aspectos dessa questão com a retomada da discussão da fração geratriz de uma dízima periódica. de De acordo com o processo descrito na 7 série/8o ano, escrevemos x = 0,7999... e iniciamos a busca de duas igualdades equivalentes a essa, e que tenham exatamente o mesmo período, como veremos a seguir: a x = 0,7999... u 10 Recuperando o processo de determinação da geratriz de uma dízima, sugerimos que a discussão seja iniciada com o seguinte problema: 1. Responda: (I) u 10 10x = 7,999... u 10 100x = 79,999... (II) u 10 (III) Observe que são necessárias duas multiplicações por 10 para que se descubram duas igualdades 29 com o mesmo período, que são as igualdades indicadas por (II) e (III). Dependendo do período da dízima investigada, o processo pode exigir mais do que duas multiplicações por 10; porém o processo descrito é geral, uma vez que, por ele, sempre será possível encontrar duas igualdades com números de mesmo período. O passo seguinte consiste em subtrairmos, membro a membro, as igualdades de mesmo período que, no caso do exemplo, são (II) e (III). Tal subtração tem por objetivo encontrar uma igualdade equivalente em que apareça um número inteiro no segundo membro. Com base nela, basta agora encontrar o valor de x, que será a fração geratriz de 0,7999... . (III) – (II): 100x – 10x = 79,999... –7,999... 90x = 72 x= 72 4 , ou seja, x = 90 5 Trabalhando com outros exemplos, o professor poderá elaborar atividades em que os alunos percebam que, pelo processo descrito, todo decimal finito poderá ser convertido em uma dízima periódica cujo período será ou 0,999..., ou 0,0999..., ou 0,00999... etc. Como veremos a seguir, podemos representar qualquer número racional como soma de infinitas frações decimais. A conclusão importante que decorre da atividade 1 é que tanto a dízima periódica 4 0,7999… quanto o decimal finito 0,8 são representações decimais da mesma fração: . 5 Considerando o resultado obtido como fração geratriz de uma dízima periódica, podemos afirmar que: Todo número racional pode ser escrito como uma dízima periódica. Historicamente, o desenvolvimento da representação de racionais por uma dízima periódica teve como motivação a busca pela escrita de qualquer fração sob uma forma decimal, pois tanto o cálculo como a comparação entre frações decimais são mais simples do que entre frações ordinárias. Professor, é importante deixar claro que, se todo número racional pode ser escrito como uma dízima periódica, sempre será 30 possível representar um racional como a soma de infinitas frações. No caso dos racionais 4 7 e , essas somas seriam as seguintes: 5 6 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 ቐ ቐ 4 = 0,8 = 0,7999... = 5 7 9 9 9 = + + + + ... 10 100 1 000 10 000 7 = 1,1666... = 6 =1+ 1 6 6 6 + + + + ... 10 100 1 000 10 000 Você deve ter em mente que a discussão feita até o momento tem como objetivos: x = 031999… (1) 10x = 3,1999… (2) 100x = 31,999… (3) 1 000x = 319,999… (4) Fazendo (4) – (3): x = 288 = 8 900 25 3. Analise atentamente os resultados obtidos na atividade anterior e justifique a seguinte afirmação: “Todo número racional pode ser escrito como uma dízima periódica”. Na outra direção, sempre que temos um decimal finito, é possível escrevê-lo como uma dízima periódica com perío- f retomar a discussão de fração geratriz iniciada na 7a série/8o ano; f reformular definições à luz de maior rigor e generalidade; f recuperar ideias relacionadas com a estrutura do sistema decimal de numeração. 2. Encontre frações que mostrem a equivalência entre os seguintes números: a) 2,5 e 2,4999… 2,5 = 25 = 5 10 2 x = 2,4999… (1) tos transformados em dízimas: 35,499… = 35,5 -726,999 = -727 0,0070999… = 0,0071 4. Se todo número racional pode ser escrito como uma dízima periódica, será sempre possível representar um racional como uma soma de infinitas frações. Por exemplo, no caso dos racionais 4 e 7 , essas somas seriam: 5 6 4 = 0,8 = 0,7999... = 7 + 9 + 9 + 9 + ... 10 100 1 000 10 000 5 7 = 1,1666... = 1 + 1 + 6 + 6 + 6 + ... 6 10 100 1 000 10 000 Com base nessa mesma ideia, escreva as frações a seguir como a soma de infinitas frações: 10x = 24,999… (2) 100x = 249,999… (3) Fazendo (3) – (2): x = do formado por infinitos “noves”. Exemplos de decimais fini- 225 = 90 5 2 b) 1 e 0,999… x = 0,999…(1) a) 3 8 3 = 0,375 = 0,374999... = 3 + 7 + 4 + 9 + 9 + ... 8 10 100 1 000 10 000 100 000 10x = 9,999…(2) Fazendo (2) – (1): x = 9 = 1 9 c) 0,32 e 0,31999… 0,32= 32 = 8 100 25 b) 7 3 7 = 2,333... = 2 + 3 + 3 + 3 + ... 100 1 000 10 3 31 5. Encontre a fração geratriz de 2,3939… e mostre que ela é diferente da fração geratriz de 2,4. (Sugestão: encontre as frações geratrizes dos dois decimais e, em seguida, transforme essas frações em frações de mesmo denominador para poder compará-las.) x = 2,3939 (1) como conceder novos contornos à discussão feita sem grande aprofundamento sobre números racionais e irracionais na 7a série/8o ano. As avaliações sobre o tema tratado nesta Situação de Aprendizagem podem ser feitas por meio de listas de exercícios em que se peça para o aluno determinar frações geratrizes. 10x = 23,939 (2) 100x = 239,39 (3) Fazendo (3) – (1): x = 237 = 79 99 33 Por outro lado, 2,4 = 24 = 12 10 5 mmc (5,33) = 165, então: 79 = 395 e 12 = 396 . 33 165 5 165 Logo, 2,3939 ≠ 2,4. Identificado um interesse sobre o assunto por parte dos alunos, outra possibilidade de avaliação pode ser um trabalho de pesquisa em que os alunos possam se aprofundar no assunto estudado. Frações contínuas Professor, caso considere adequado trabalhar as frações contínuas com seus alunos, sugerimos a abordagem e atividades apresentadas a seguir. Considerações sobre a avaliação A fração Uma vez que o professor se decida por trabalhar com as frações contínuas no seu curso sobre números reais, recomendamos que aproveite também a oportunidade para explorar o uso da calculadora em sala de aula. Utilizar a calculadora para calcular a representação decimal de números racionais e para encontrar aproximações de raízes pode ser uma interessante porta de entrada para a expansão do conhecimento numérico de um aluno de 8a série/9o ano. Deve-se observar que nas séries/anos anteriores já haviam aparecido representantes numéricos de todos os conjuntos; porém, entendemos que a 8a série/9o ano seja o ambiente para organizar as informações numéricas, bem 32 4 situa-se entre os inteiros 0 e 1. 5 4 1 como 0 + , 5 x 4 1 5 sendo que x > 1. Se = 0 + , então x = , o 5 x 4 4 1 que nos permite escrever, portanto, = 0 + , 5 5 4 que chamaremos de igualdade (I). Pode-se Dessa forma, podemos escrever repetir o mesmo raciocínio para a fração 5 . 4 5 é um número entre 1 e 2 e que, 4 1 portanto, pode ser escrito como 1 + , com y 5 1 y > 1. Se = 1 + , então y = 4. Segue, por4 y Sabemos que Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 tanto, que 5 1 =1+ , que chamaremos de 4 4 igualdade (II). Substituindo (II) em (I) tere4 1 , que será a igualdade (III). mos = 0 + 1 5 1+ 4 Repetindo mais uma vez o mesmo processo 1 1 1 , teremos: =0+ , com 4 4 w w > 1, o que implica dizer que w = 4, por1 1 tanto, = 0 + . Note que esta última etapa 4 4 dos cálculos não implicou uma representação 1 diferente para a fração , o que, em última 4 análise, quer dizer que o processo está encerpara a fração rado. Na prática isso sempre ocorrerá quando x, y, w, ... for um número inteiro. 5 No caso do exemplo analisado, x = , o que 4 nos fez calcular y, que por sua vez é igual a 4 D Z, encerrando assim o processo em y. Decorre do processo realizado a seguinte igualdade, que chamamos “dese4 em fração contínua”: volvimento do 5 4 1 =0+ 1 5 1+ 4 Pode-se demonstrar que todo número racional pode ser escrito como fração contínua por meio de um desenvolvimento finito, como ocorreu no exemplo anterior. 7 Observe que o racional , cuja representa6 ção decimal era explicitamente uma dízima periódica, também pode ser escrito como fração contínua por meio de um número finito de pas4 sos. O raciocínio será o mesmo utilizado para : 5 (I) 7 7 1 está entre 1 e 2, portanto, = 1 + , 6 6 x com x > 1 (II) De 7 1 = 1 + decorre que x = 6, ou 6 x seja, 7 1 =1+ 6 6 (III) Como x = 6 D Z, o processo está cerrado e a fração contínua do 7 7 é = 1 + senvolvimento de 6 6 ende1 . 6 Atividade 1 16 Com relação ao número racional , 7 pergunta-se: a) Utilizando o algoritmo da divisão para 16 ÷ 7, encontraremos um decimal finito ou uma dízima periódica? Se o aluno utilizar uma calculadora de oito dígitos para fazer a conta 16 ÷ 7, irá encontrar como resultado 2,2857142. Como não identificamos facilmente nessa divisão um período que se repete, é possível que o aluno responda que o resultado é um decimal finito. Nesse caso, é desejável que se retome a discussão feita na Situação de Aprendizagem 2 “As dízimas periódicas são previsíveis...”, do volume 1 da 7a série/8o ano. Naquele momento, foi discutido que, ao realizarmos a divisão entre numerador e denominador de uma fração irredutível, o resultado só será dízima periódica se ao menos um dos fatores do denominador da fração for diferente de 2 e diferente de 5. Como o denominador 16 da fração apresenta fator primo 7, sabemos que a re7 33 presentação decimal decorrente da divisão será uma dízima periódica. Uma vez que os oito dígitos da calculadora não foram suficientes para a identificação do período, reco- (V) Como y = 4 D Z, o processo está encerrado e a fração mendamos que o professor solicite que os alunos façam a contínua procurada é conta armada até que identifiquem com clareza o período (16 ÷ 7 = 2,285714285714... = 2,285714). 16 como fração contínua. 7 b) Escreva (I) 16 está entre 2 e 3, portanto, 16 = 2 + 1 , com x > 1. 7 x 7 (II) De 16 = 2 + 1 decorre que x = 7 , ou x 7 2 16 1 . =2 + seja, 7 7 2 (III) 7 está entre 3 e 4, portanto, 7 = 3 + 1 , com y > 1. 2 y 2 (IV) De 7 = 3 + 1 decorre que y = 2, ou seja, 7 = 3 + 1 . 2 2 2 y (V) Como y = 2 D Z, o processo está encerrado e a fração contínua procurada é 16 = 2 + 7 1 3+ 1 2 A seguir, mais um exercício para reforçar a ideia do processo. Atividade 2 Escreva 30 como fração contínua. 13 (I) 30 está entre 2 e 3, portanto, 30 = 2 + 1 , com x > 1. 13 x 13 (II) De 30 = 2 + 1 decorre que x = 13 , ou 4 x 13 34 (IV) De 13 = 3 + 1 decorre que y = 4, ou seja, 13 = 3 + 1 . 4 y 4 4 seja, 30 = 2 + 1 . 13 13 4 (III) 13 está entre 3 e 4, portanto, 13 = 3 + 1 , com y > 1. 4 4 y 30 = 2 + 13 1 3+ . 1 4 Em resumo, alguns dos objetivos específicos que o professor poderá levar em consideração se decidir por abordar frações contínuas para representar números racionais são: f as frações contínuas descrevem um processo finito (por meio de frações) para a representação de todo e qualquer número racional. Sem as frações contínuas, e restritas apenas à representação decimal dos números racionais, uma dízima periódica só poderá ser representada como a soma infinita de frações; f as frações contínuas são trabalhadas em um contexto em que se faz necessária a retomada de operações e representação de frações, o que é positivo dentro da ótica de currículo em espiral; f o estudo das frações contínuas abre uma interessante perspectiva de interpretação e análise dos números irracionais, como veremos a seguir. Frações contínuas e os números irracionais Uma forma muito utilizada de se referir aos números irracionais é a de que são os números cuja representação decimal é infinita e não periódica depois da vírgula. Nesse caso, ao observarmos no visor de uma calculadora de oito dígitos o resultado Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 1,4142135 de 2 , sabemos, de antemão, que o número indicado é apenas uma aproximação de 2 , dado que 2 é um número irracional. Se fosse possível ter uma calculadora que calculasse 2 com infinitas casas, o fato de se tratar de um número irracional nos dá garantias de que não haverá formação de período em sua parte decimal. 2 =1+ Temos, portanto, 1 1+ 2 III. 1 2 é um número entre 2 e 3, portanto, 1 + 2 = 2 + 1 , y > 1. y IV. De 1 + 2 = 2 + 1 decorre que y y=1+ 2 Se nos referirmos aos números irracionais dessa maneira, após a discussão da representação dos racionais por frações contínuas, surge quase naturalmente a pergunta: Existe um processo para a representação dos irracionais com frações contínuas? Veremos a seguir que, além de existir tal processo, surpreendentemente ele nos conduzirá a um tipo de representação periódica e, portanto, previsível. A seguir, aplicaremos o mesmo processo que foi utilizado para a obtenção de frações contínuas de números racionais para o caso do número irracional 2 . I. 1 2 está entre 1 e 2, portanto, 2 = 1 + , x com x > 1. II. De 2 =1+ 2 – 1 1 decorre que: x 1 x 1 x 2 –1 x 1 u 2 –1 x =1+ 2 2 1 2 1 e, portanto, temos: 1+ 2 = 2 + V. 1 1+ 2 Substituindo no resultado do passo II o resultado obtido no passo anterior teremos: 2 =1+ 1 2+ 1 1+ 2 VI. Note que x = y = 1 2. Se fôssemos continuar o processo, partiríamos de y e encontraríamos w = 1 + 2. Na sequência, partiríamos de w = 1 + 2 e encontraríamos z = 1 + 2, e assim sucessivamente em um processo infinito. Portanto, a fração contínua que representa 2 será: 2 =1+ 1 2+ 1 2+ 1 2+ 1 2+ 1 2+ 1 ... O processo descrito nos fornece uma sucessão de aproximações racionais para 2, 35 bastando para isso parar em algum ponto da sequência infinita indicada na fração contínua. 2≈ 4a aproximação: 2 =1+ 1 1 2+ 2+ 1a aproximação: 2 ≈ 1 2 =1+ 2+ 2+ 2+ 2+ 1 2+ 2 ≈ 1+ 1 2+ 1 ... 36 2+ 2+ 2 =1+ 1 2+ 1 2+ 1 2 2≈ 2+ 2≈ 2+ 1 2+ 1 1 2+ ... 3 2 2 ≈ 1+ 1 2+ 41 ≈ 1, 4138 29 1 1 2+ 17 12 1 1 2+ , ou seja , 2 ≈ 1 2+ 1 ... 2+ 1 2+ 1 ... , ou seja , 2 ≈ 1 2+ 1 41 29 1 2+ 1 2 1 2+ 1 2+ 1 5a aproximação: 7 3a aproximação: 2 ≈ = 1, 4 5 2 ≈ 1+ 1 1 1 1 , ou seja, 2 2 =1+ 2+ 1 3 2 aproximação: 2 ≈ = 1, 5 2 2 <1 1 1 a 2 =1+ 17 ≈ 1, 4167 12 1 2 1 2+ 1 2+ 1 2+ 1 2+ , ou seja , 2 ≈ 7 5 1 ... Pode-se demonstrar que as sucessivas aproximações racionais obtidas de 2 por meio da sua fração contínua formam uma sequência convergente em que seus termos são, alternadamente, aproximações por falta e por excesso de 2. A tabela a seguir resume esse conjunto de informações: Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Aproximação de 2 1a) 2a) 3a) 1 =1 1 5 0,4142 Falta 3 = 1,5 2 5 0,0858 Excesso 7 = 1,4 5 5 0,0142 17 4a) 5 1,4167 12 41 5) 5 1,4138 29 a Erro em Tipo de relação ao aproximação valor de 2 de 2, que envolvem infinitas frações não periódicas, ao ser expressa por uma fração contínua a representação da segunda aproximação será periódica. A título de curiosidade, apresentamos a seguir a representação com fração contínua de dois importantes números irracionais, ou seja, a razão áurea 1 5 e /: 2 5 0,0024 5 0,0004 Falta Excesso 1+ 5 = 2 1+ 1 e 1 1+ 1 1+ Falta 1 1+ 1 ... 1 π=3 1 7 O processo de determinação das frações contínuas dos números racionais e do número irracional 2 sinaliza para as seguintes evidências, que podem ser matematicamente demonstradas: 1 15 1 1 1 292 1 1 1 1 1 1. Todo número racional pode ser representado por uma fração contínua por meio de um número finito de passos. 1 2 1 ... Atividade 3 2. Todo número irracional do tipo n (com n natural não quadrado perfeito) pode ser representado, por um processo infinito de passos, na forma de uma fração contínua, cuja configuração é periódica. 3. Todo número real pode ser representado por uma fração contínua. O segundo resultado enunciado é curioso porque, contrariamente às outras aproximações Determine a fração contínua que representa o número 24. I) 24 está entre 4 e 5, portanto, 24 = 4 + 1 , com x > 1. x II) De 24 = 4 + 1 decorre que: x 24 – 4 = 1 x x= 1 24 – 4 37 x= 1 24 – 4 u 24 + 4 24 + 4 repetiu o valor de x, a partir de agora o processo começa a se repetir novamente. Segue, portanto, que a fração contí- x = 4 + 24 nua que representa 24 será: 8 Temos, portanto, 24 = 4 + 1 4 + 24 8 III) 4 + 24 é um número entre 1 e 2, portanto, 8 4 + 24 = 1 + 1 , y > 1. y 8 1 24 = 4 + 1 1+ 1 8+ 1 1+ 1 8+ 1 1+ 8+ IV) De 4 + 24 = 1 + 1 , decorre que y = 4 + 24 e, y 8 portanto, temos: 4 + 24 = 1 + 1 24 + 4 8 Substituindo o resultado do passo IV no resultado do passo II, temos: 1 24 = 4 + 1+ 1 4 + 24 V) Como y = 4 + 24 é um número entre 8 e 9, temos 4 + 24 = 8 + 1 , com w > 1. w VI) De 4 + 24 = 8 + 1 decorre que w = 4 + 24 . Como w w 8 1 ... Finalizada esta breve apresentação sobre o assunto, queremos ressaltar, mais uma vez, que o tratamento dado na ampliação desta Situação de Aprendizagem aos números racionais e irracionais por meio de frações contínuas consiste em uma alternativa à abordagem tradicional conduzida por boa parte dos programas curriculares e livros didáticos. Deve ficar claro que a decisão sobre incorporar ou não essa abordagem (ou parte dela) caberá ao professor. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 ARITMÉTICA, ÁLGEBRA E GEOMETRIA COM A RETA REAL Conteúdos e temas: construções geométricas com régua e compasso; números reais; reta real; Teorema de Tales, Teorema de Pitágoras; relações métricas no triângulo retângulo. Competências e habilidades: estabelecer classificações dos números reais de acordo com critérios preestabelecidos; investigar a localização de números racionais e irracionais na reta real por meio da utilização de régua sem escala e compasso; argumentar com base em proposições e raciocinar de forma indutiva e dedutiva para resolver problemas geométricos. Sugestão de estratégias: retomar conhecimentos de desenho geométrico; estabelecer relação entre conhecimento aritmético, algébrico e geométrico por meio de problemas de localização dos números na reta real. 38 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 A reta real y 4 1 0 B A C 1 x 5 Os segmentos AB, AC e BC são formados por infinitos pontos, contudo, na 6a série/7o ano não se discutiam especificamente quais são as coordenadas desses pontos. Se tal discussão fosse conduzida naquela ocasião, certamente preencheríamos os segmentos apenas com pontos de coordenadas racionais, já que os números irracionais ainda não haviam sido apresentados. O par ordenado O estudo da reta real na 8a série/9o ano tem alguns objetivos muito bem definidos. Inicialmente, ele justifica-se pelo fato de que todo o conhecimento numérico do aluno, estabelecido ao longo das séries/anos anteriores e organizado na Situação de Aprendizagem 1 deste Caderno, pode finalmente ser utilizado para ampliar o significado do plano cartesiano. O estudo dos gráficos, domínio importante no contexto da Matemática, já vem sendo realizado desde a 5a série/6o ano do Ensino Fundamental, porém sempre deixando de lado discussões relacionadas ao “preenchimento” do plano. Por exemplo: na 6a série/7o ano quando os pontos (1;1), (1;4) e (5;1) são apresentados como vértices de um triângulo retângulo no plano cartesiano, apenas iniciamos uma discussão que pode e deve ser retomada na 8a série/9o ano com mais rigor e precisão por meio de discussão da reta real. Fazendo a representação do triângulo no plano, poderemos investigar a questão com mais clareza: Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 3 3 ; 1 seria um exemplo de 2 Construa no plano cartesiano um triângulo de vértices (1;1), (1;4) e (5;1). Em seguida, denada x não inteira, e o par A retomada do tema em questão pode ser feita com o seguinte problema: 1; ponto pertencente ao segmento AC, com coor7 3 um exemplo de ponto pertencente ao segmento AB, com coordenada y não inteira. indique alguns pontos ao longo do perímetro desse triângulo em que ao menos uma de suas coordenadas não seja inteira. Se, por opção do professor, o mesmo problema fosse tratado na 7a série/8o ano, após a apresentação de alguns números irracionais, 39 poderíamos “preencher” os mesmos segmentos com pontos como 2 ; 1 , que pertencem a AC, e 1; 6 , que pertence a AB. Após o trabalho feito com o Teorema de Tales na 7a série/8o ano, também poderíamos encontrar pontos pertencentes a BC com ambas as coordenadas não racionais. Por exemplo, determinaremos a seguir a ordenada do ponto 6 ; y , pertencente ao segmento BC. ) ( ( ) ( ) y 4 y 1 0 B D E C A 1 x 5 6 Analisando a figura, sabemos que BE = 4 – y e ED 6 – 1 . Portanto: BE ED 6 –1 4–y A = A 3 4 BA AC Ay 19 – 3 6 Q. 4 das não racionais: 6; Assim, o ponto D tem as seguintes coordena19 – 3 6 4 . Retomando a discussão com os alunos sobre o número /, iniciada na 6a série/7o ano, é possível indicar que outro exemplo de ponto pertencen- 40 te ao segmento AC, com abscissa não racional, corresponderia ao par ordenado (/; 1). Essa discussão deve servir para que o professor problematize a necessidade de ampliação das ideias relacionadas aos eixos do plano cartesiano que, a rigor, são eixos de números reais, apesar de não ter sido definido dessa maneira até a 7a série/8o ano. Poderíamos dizer que, na 6a série/7o ano, a reta numérica estava preenchida apenas com os racionais, na 7a série/8o ano foram incluídos alguns números irracionais (caso o professor tenha optado por iniciar a discussão sobre irracionais nessa série/ ano), e na 8a série/9o ano ela será completamente preenchida com os demais irracionais. Antes da proposta de trabalho com a reta real, falaremos brevemente sobre a divisão dos números reais entre algébricos e transcendentes. Embora esse assunto não seja abordado no Ensino Fundamental; porém não encontramos grandes obstáculos para que ele seja abordado, especialmente se houver interesse do professor em tratar o assunto sob o ponto de vista da história da Matemática. Observe a seguinte definição: Um número real é algébrico quando ele é solução de uma equação algébrica com coeficientes inteiros. Vejamos alguns exemplos de equações algébricas com coeficientes inteiros, bem como o respectivo grau da equação: Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Grau da Equação algébrica equação 2x + 8 = 0 Solução da equação 1 –4 – 6x + 4 = 0 1 2 3 x2 = 3 2 ( 3 x2 + x – 2 = 0 2 1 ou –2 x3 + x2 – 2x – 2 = 0 3 – 2, 2 ou –1 Usando a definição de números algébricos e a tabela, podemos dizer que os números – 4, 2 ,– 3, 3 3 , 1, –2, – 2 , 2 e –1 são classifi- cados como algébricos (veja a definição na página 40). Observações: f uma equação do tipo 2 x – 1 0 não 2 serviria para classificar o número 2 como algébrico porque, apesar de a equação ser algébrica, ela não possui todos os coeficientes inteiros (o coeficiente de x é o número irracional 2 ). Para mostrar 2 que é um número algébrico, teríamos 2 que apresentar, por exemplo, a equação 2x2 – 1 = 0; f equações do tipo x + 1 + 2 = 0 e x+1 x + 2 x + 2 = 0 não são algébricas. Equa- ções algébricas são do tipo a0xn + a1xn – 1 + + ... + an – 1x + an= 0, com a0 ≠ 0, a0, a1, ..., an – 1, an, dado seus coeficientes (reais) e n, o seu grau; f um mesmo número algébrico pode ser identificado por mais de uma equação algébrica com coeficientes inteiros, mas basta apresentar uma única equação para que ele seja classificado como algébrico. Alguns exemplos de equações que permitem classificar o número 2 como algébrico são: x2 – 2 = 0, 5x2 – 10 = 0, x3 + x2 – 2x – 2 = 0 etc. O primeiro motivo de estabelecermos essa classificação é o de justificar para o aluno a diferença entre números irracionais como 2 e o /. Enquanto 2 é um número irracional algébrico, não há uma equação algébrica com coeficientes inteiros que tenha como solução o número /, o que o caracteriza como irracional não algébrico (ou transcendente). Todo número racional é algébrico, mas nem todo número irracional é algébrico. Existem inúmeros exemplos de irracionais transcendentes, porém, até o final do Ensino Fundamental, o aluno terá contato com apenas alguns poucos deles. Pode-se demonstrar matematicamente que são irracionais transcendentes números como / e 2 2 . A reta real é o conjunto que reúne os números racionais e irracionais ou, em outras palavras, o conjunto que reúne os números algébricos e os números transcendentes. Por fim, afirmaremos que todo número racional é algébrico, nem todo número irracional é algébrico e que todo número transcendente é irracional. 41 Localização de números na reta real com o uso de régua e compasso Os gregos antigos interessavam-se por construções geométricas feitas com o uso de dois dos instrumentos geométricos mais simples de todos: a régua sem escala e o compasso. Outros instrumentos de construção também eram utilizados na Antiguidade clássica, porém, acredita-se que o problema de encontrar os procedimentos para as construções geométricas com o uso de apenas esses dois instrumentos estaria relacionado à busca de simplicidade e elegância. Iremos investigar a seguir alguns procedimentos com régua sem escala e compasso Construção dos números naturais e dos inteiros negativos para localizar na reta real a maior quantidade de números que for possível. Começaremos nossa discussão apresentando um diagrama com exemplos de números de cada conjunto numérico e, em seguida, tentaremos localizar na reta real (com os instrumentos permitidos) alguns dos exemplos colocados no diagrama. IR – 1 2 2 –1 IN 3 3 –2 1 1 3 2 4 0 2 3 –3 2 –6 π 2,3666... Construção dos racionais não inteiros © Conexão Editorial 1. Partindo de uma reta ordenada com uma marcação para o zero, estabeleça uma unidade de medida arbitrária (1u) e, com a ajuda do compasso, marque alguns números naturais e os inteiros negativos transferindo a unidade para a reta real. Os procedimentos para localização dos racionais na reta real podem variar muito e é importante que o professor dê liberdade para que os alunos pensem sobre suas estratégias de localização antes que seja generalizado algum método-padrão. Sugerimos que 1 se comece com a localização de , passando 2 1 1 para 0,25 = , e depois para . Apresenta4 3 mos a seguir exemplos de procedimentos que permitem a construção desses números. 1 na reta real. 2 (Sugestão: marque com o compasso o número 1 e, em seguida, trace a mediatriz do segmento que liga os números 0 e 1.) 2. Faça a construção do 1u –3 42 – 4 7 0,25 –2 –1 0 1 2 3 IR Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 1. Marcamos com o compasso o número 1. 2. Traçamos a mediatriz do segmento que liga os números 0 e 1. 3. O ponto de cruzamento entre a mediatriz e a reta real é o número 1 . 2 0 1 IR 0 1 4 1 2 1 IR Com as duas construções deve ficar claro para o aluno que podemos construir com régua sem escala e compasso qualquer número da sequência 1 , 1 , 1 , 1 , ... . 2 4 8 16 4. Com base nas atividades anteriores, reflita sobre como seria possível construir, com régua sem escala e compasso, o número ra7 . Registre suas conclusões. cional – 8 De forma geral, é simples a construção de qualquer núme- 3. Construa e localize, na reta real, com régua e compasso, o ponto correspondente ao número 0,25 = 1 . 4 1. Traçamos 1 (conforme já foi descrito). 2 2. Traçamos a mediatriz do segmento que liga os números 0e 1 . 2 3. O ponto de cruzamento entre a mediatriz e a reta real é o número 1 . 4 ro racional cujo denominador seja uma potência de 2. Por exemplo, se quisermos construir o racional – 7 8 , basta traçar 1 , o que 4 1 7 1 . Como – = (–1) u 7 u , estabelecerá o racional 8 8 8 1 sete com a ajuda do compasso, transferimos a medida 8 a mediatriz do segmento de extremos em 0 e vezes à esquerda do zero. 5. Siga as orientações seguintes e localize 1 na reta real. (Observação: embora seja 3 43 um pouco trabalhoso, o procedimento de construção é vantajoso porque constitui um método geral para a representação de 1 qualquer racional do tipo , com q D *). q É interessante notar que muitos alunos 1 tentam localizar na reta real repetindo o 3 procedimento da mediatriz, o que torna o problema muito complexo. Recomendamos que o professor permita que os alunos discutam em pequenos grupos o problema da loca1 lização de na reta real. É provável que apa3 reçam soluções criativas e diferentes entre os grupos. Apresentamos a seguir uma solução do problema que tem a vantagem de se constituir num método geral para a representação 1 de qualquer racional do tipo , com q D *. q 1 f Construção do : 3 I. Marque D e E nos pontos correspondentes aos números reais 0 e 1 da reta. II. Trace uma reta qualquer (diferente da reta real) passando por D, que chamaremos de reta t. III. Na reta t, com a ajuda do compasso, marque três segmentos de mesmo comprimento a partir do ponto D (na figura são os segmentos DA, AB e BC). O comprimento desses segmentos não precisa ser igual à unidade de medida 1u. IV. Ligue C com E formando o triângulo DCE. 44 Até essa etapa, sua construção dever ser semelhante a: D E 0 1 IR A B C t Note que, se for possível traçar, com régua e compasso, retas paralelas à reta que passa por E e C de forma que elas passem pelos pontos B e A, segundo o Teorema de Tales, a interseção dessas 1 2 retas com a reta real ocorrerá nos números e . 3 3 Para traçar a paralela s à reta EC, siga estes passos: I. A partir de um ponto P de EC, abra o compasso até B e trace uma semicircunferência de diâmetro XZ . II. Transfira com o compasso o segmento XB na semicircunferência para a posição indicada na figura por ZQ (XB e ZQ são congruentes). III. Ligue os pontos B e Q para determinar a reta s, que será paralela à EC. IV. Observe que a interseção de s com a reta 2 1 real ocorrerá em . Para traçar , basta 3 3 transferir com o compasso o segmento 2 de extremos em e em 1 para a esquerda 3 2 de (note que o segmento reproduzi3 1 do tem medida igual a u). 3 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Agora, verifique se a sua construção corresponde à figura a seguir: E D 0 1 3 A 2 3 IR 1 Z P Q B X s C t Caso constate alguma diferença entre a sua construção e a imagem apresentada, tente rever as etapas indicadas para identificar possíveis problemas. O procedimento descrito anteriormente permite a generalização da construção com régua sem escala e compasso de qualquer ra1 cional , com q D * e, consequentemente, de q p qualquer fração , com p D e q D *. q 6. Construa e localize, na reta real, com régua e compasso, o ponto correspon5 dente ao número 0,8333... = . 6 0 5 6 Localização de números irracionais na reta real com o uso de régua e compasso 7. Uma vez que já conhecemos um procedimento para localizar todos os racionais na reta real com régua e compasso, o próximo passo é investigar a localização dos números irracionais, por exemplo, a construção de 2 pode ser feita da seguinte forma: a) Trace uma perpendicular à reta real passando pelo zero. b) Marque 1u na reta traçada (P) e também na reta real (Q). c) Ligue P e Q. O segmento obtido tem medida 2u (pelo Teorema de Pitágoras). d) Transfira com o compasso o segmento de extremos P e Q para a reta real e determine 2u sobre ela. Verifique se sua construção corresponde à figura a seguir: 1 P 2 Q 0 1 2 IR IR 1 s // t s t Observe que, se utilizarmos um triângulo retângulo de catetos 1u e 2u, sua hipotenusa será 3 u, o que indica que também é possível construir 3 , ou seja, repetindo esse processo, pode-se construir qualquer número irracional do tipo n , com n natural e não quadrado perfeito. 45 Frequentemente, os livros de Matemática apresentam a seguinte construção associada a uma espiral. 1 1 ƅŊ 3 1 1 1 ƅŊ 4 8. Construa 4 2 com base na propriedade do triângulo retângulo apresentada a seguir: ƅŊ 5 ƅŊ 2 interesse e motivação por parte dos alunos p na representação das raízes do tipo n , com p ≠ 1, sendo uma potência de 2, o professor já poderá dar início à discussão sobre semelhança de triângulos. 1 1 ƅŊ 6 A ƅŊŊ 17 ƅŊ 7 h2 = m u n 1 ƅŊŊ 16 ƅŊ 8 ƅŊŊ 15 ƅŊŊ 13 ƅŊŊ ƅŊŊ ƅŊŊ 10 12 11 b h 1 ƅŊ 9 ƅŊŊ 14 ... c 1 B n m a C 1 1 1 a) Analisando a relação anterior, qual será o valor de h se n = 1 e m = 2? Utilizando esse resultado para n = 1 e m = 2, teremos h = 2 . O procedimento descrito generaliza a construção das raízes quadradas, mas nada revela sobre a questão das raízes com índices diferentes de 2. A seguir descreveremos um procedimento geral para a construção com régua e p compasso das raízes do tipo n , sendo n natural não quadrado perfeito, e p uma potência de 2 diferente de 1, ou seja, o método permitirá construir, por exemplo, 2 , 4 2 , 8 2 , 16 2 , ... Vale lembrar que o método que apresentaremos será demonstrado por semelhança de triângulos, que é um dos temas do volume 2 da 8a série/9o ano. Caso o professor opte por discuti-lo neste momento do curso, deverá ter trabalhado antes as relações métricas no triângulo retângulo. Havendo 46 b) Se n = 1 e m = 2 , qual é o valor de h? Se aplicarmos o resultado para n = 1 e m = 2 , obteremos h=4 2. c) Qual seria o valor de h se n = 1 e m = 4 2? Fazendo agora n = 1 e m = 4 2 = , encontraremos h = 8 2 . d) Repetindo esse procedimento, quais raízes podem ser obtidas? n 2 , com n potência inteira de 2 (n ≠ 1). Resta investigar qual deve ser o procedimento, com régua e compasso, para a construção de n. Ilustraremos tal procedimento para h = 4 2 . Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Acompanhe os procedimentos necessários para a construção de 4 2 , com régua sem escala e compasso. 1. Trace com régua e compasso os números reais 1 e 1 2. 4. Trace uma perpendicular à reta real passando pelo número 1 e, em seguida, marque com o ponto P sua interseção com a semicircunferência. t 2. Trace a mediatriz t do segmento de extremos em 0 e 1 2 para determinar M, ponto médio desse segmento. P t 1 M 2 0 1 0 1 M 2 1 2 IR 2 1 1 2 M IR 3. Trace uma semicircunferência de cen1 2 tro M e raio . 2 5. Observe que o segmento de extremos em P e no número 1 tem comprimento 4 2 , porque é a altura de um triângulo retângulo de projeções ortogonais dos catetos sobre a base medindo 1 e 2 . Este ângulo é reto porque é um ângulo inscrito de um ângulo central de 180°. t h2 = 1 ⋅ 2 h 2 1 h 42 0 1 M 1 2 IR 1 2 O procedimento descrito permite que se p construa qualquer raiz do tipo n , dado que p é uma potência de 2 diferente de 1, ou seja, p é igual a 2, 4, 8, 16, ..., e n natural. 47 9. Construa e localize, na reta real, com régua e compasso, o número 5. (Use o procedimento da espiral.) 1 1 Os números algébricos de grau 1 são os números racionais, e os demais são as raízes p do tipo n , em que p é igual a 2, 4, 8, 16, ..., e n natural. Segundo essa evidência, que está matematicamente demonstrada, números irracionais algébricos como 3 2 , e números transcendentes como /, não são possíveis de serem construídos com régua sem escala e compasso. Tal fato não significa que esses números não estejam na reta real. 1 3 2 2 5 1 Os únicos números reais possíveis de ser construídos com régua sem escala e compasso são os números algébricos de grau 1, 2, 4, 8, 16, ... 1 10. Com base no que foi apresentado na seção Leitura e análise de texto, construa 4 5 , com régua sem escala e compasso. (Use as relações métricas no triângulo retângulo.) Tal discussão tem relevância histórica uma vez que está relacionada a dois antigos problemas clássicos investigados pelos gregos antigos: a da duplicação do cubo e a da quadratura da circunferência. Acompanhe os problemas a seguir: 4 5 0 1 IR 1+ 5 A duplicação do cubo: construir com régua sem escala e compasso a medida x do lado de um cubo que tenha o dobro do volume de um cubo de lado 1. Refletiremos a seguir sobre a construção com régua e compasso dos demais números irracionais, como 3 2 e /. a Apesar de não ser objetivo do curso da 8 série/ 9 ano, o professor pode discutir com os alunos a seguinte evidência matemática: x 1 x 1 1 x o 48 V=1 V' = 2V V' = x3 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Se V' = 2, então x3 = 2V. Sendo V = 1, então x3 = 2 e x = 3 2 . Portanto, o problema se resume na busca de um método para a construção de 3 2 com régua e compasso. A quadratura da circunferência: construir com régua sem escala e compasso um quadrado cuja área seja igual à de um círculo dado ou, de modo equivalente, construir um círculo de área igual à de um quadrado dado. r x x A=πur 2 2 x = π u r2 Dado um círculo de raio 1, o valor procurado de x é π . Tanto o problema da duplicação do cubo como o da quadratura da circunferência não podem ser resolvidos. No primeiro, 3 2 é um número algébrico de grau 3 e, como tal, não se pode construí-lo com régua e compasso. O segundo, por sua vez, não é possível de ser construído porque / é transcendente. Note que avaliar a construtibilidade de π se resume a avaliar a construtibilidade de / porque π corresponderia à altura h de um triângulo retângulo de projeções ortogonais dos catetos n = 1 e m = /. Encerrada a discussão desta Situação de Aprendizagem, vale lembrar que o tema tratado permite que se retome o estudo do desenho geométrico e que se faça uma aproximação entre os eixos da Aritmética, da Álgebra e da Geometria. Sabemos que a discussão conduzida não é usualmente feita no Ensino Fundamental, porém não existem obstáculos reais para que o assunto seja tratado, a não ser por uma opção do professor. Esperamos, contudo, que esta Situação de Aprendizagem contribua para que se agregue conhecimento aos tópicos similares que constam do seu planejamento anual da disciplina. Considerações sobre a avaliação Nesta Situação de Aprendizagem não apresentamos sugestões de exercícios porque toda a discussão feita pode com facilidade ser transformada em atividades para o aluno. Por exemplo: uma vez que o 1 professor tenha mostrado a construção de , 2 1 1 1 a construção de , , , ... pode se transformar 4 8 16 em exercício. Da mesma forma, por meio da 1 construção de , a construção de outros 3 números racionais pode passar a ser um exercício de sala de aula ou uma atividade de avaliação. Para os irracionais, se o professor optar por trabalhar apenas com as raízes quadradas, o exemplo de 2 deve ser suficiente para que o aluno possa trabalhar com qualquer raiz do tipo n , com n natural e não quadrado perfeito. No caso das demais raízes, o exemplo de 4 2 deve permitir que os alunos resolvam exercícios com 8 2 , 16 2 , 32 2 , ... O professor também deve ter clareza de que é desejável que os alunos possam trabalhar, de preferência em pequenos grupos, na busca de processos geométricos que permitam a construção dos 49 números solicitados. Uma atividade interessante que o professor pode propor é a de determinar procedimentos diferentes de construção com régua e compasso de um mesmo número. No que diz respeito à avaliação, o professor pode explorar a construção geométrica dos números, bem como ideias relacionadas à classificação de números em conjuntos, uma vez que é possível fazê-la de acordo com novos critérios: números construíveis (e não construtíveis) com régua e compasso; números algébricos; e números transcendentes. Uma vez que o tema explorado nesta Situação de Aprendizagem mantém forte vínculo com importantes tópicos da história antiga da Matemática, o professor pode solicitar também que os alunos façam uma pesquisa sobre os problemas clássicos de construção. Caso se opte por essa forma de avaliação, sugerimos que a pesquisa não se restrinja apenas aos aspectos históricos, mas que se faça também Matemática com ela, principalmente no que diz respeito às construções geométricas com régua, compasso e outros instrumentos. Por exemplo: o professor pode pedir que os alunos investiguem o problema da trisseção de um ângulo ou o problema da construção do pentágono regular, que estão diretamente relacionados com a discussão de números reais. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 POTÊNCIAS, NOTAÇÃO CIENTÍFICA E ORDEM DE GRANDEZA Conteúdos e temas: potências de 10; operações com potências; notação científica; ordem de grandeza. Competências e habilidades: conhecer as propriedades operatórias das potências; escrever um número em notação científica; determinar a ordem de grandeza de um número; resolver problemas envolvendo números muito grandes ou muito pequenos. Sugestão de estratégias: revisar as propriedades de operações com potências; resolução de atividades e exercícios. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 4 O objetivo principal desta Situação de Aprendizagem é o aprofundamento da notação numérica na forma de potências. Na 7a série/8o ano, 50 já havíamos problematizado o uso das potências de 10 para representar números muito grandes ou muito pequenos. Se o professor achar necessário, poderá fazer uma revisão sobre as principais propriedades das operações com potências. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Nesta Situação de Aprendizagem, vamos formalizar o conceito de notação científica e apresentar a noção de ordem de grandeza. Esses dois conceitos são fundamentais, não só para a continuidade dos estudos em Matemática, mas também para as Ciências: Física, Biologia e Química. O micro, o macro e as potências de 10 O principal argumento para justificar o uso de uma notação na forma de potências de 10 é que ela facilita a compreensão, a comparação e a operação com números muito grandes ou muito pequenos. As informações numéricas escritas na forma decimal nem sempre são inteligíveis. Por exemplo: o raio do átomo de hidrogênio mede, aproximadamente, 0,000000005 cm; uma célula é formada por cerca de 2 000 000 000 000 átomos. Dificilmente somos capazes de assimilar tais informações. Escrevendo os mesmos números como potências de 10, é possível ter uma ideia da ordem de grandeza deles: f raio do átomo de hidrogênio: 5 u 10–9 cm; f número de átomos em uma célula: 2 u 10 12. Um número pode ser escrito como uma potência de 10 de diferentes formas. Para isso, basta decompô-lo em um produto por um múltiplo de 10: 1 500 u 1 = 150 u 10 = 15 u 100 = 1,5 u 1 000 = 0,15 u 10 000 = ... Em notação de potência de 10, os mesmos números seriam escritos assim: 1 500 u 100 = 150 u 101 = 15 u 102 = 1,5 u 103 = 0,15 u 104 = ... Ou seja, existem infinitas maneiras de expressar um número como o produto de uma potência de 10. Professor, vale lembrar que as potências de 10 ajudam na compreensão e na comparação de números muito grandes ou muito pequenos. Contudo, nossa percepção numérica dificilmente consegue dar sentido a esses números extremos, uma vez que não estamos acostumados a lidar com tais valores em nosso cotidiano. Para se ter uma ideia dessas magnitudes, pergunte aos alunos quanto tempo alguém levaria para contar até um milhão, na velocidade de um número por segundo. Muito provavelmente, as estimativas mais ousadas devem se situar perto de algumas horas. Na realidade, seriam necessários 12 dias para se contar até um milhão, e cerca de “32 anos” para um bilhão. 51 Para desenvolver esse conceito, trabalhe com os alunos a atividade 2 desta Situação de Aprendizagem, na qual eles terão de preencher uma tabela a partir do exemplo dado. Outro artifício para a comparação e a compreensão dos números relativos a algumas medidas é a utilização dos prefixos do Sistema Internacional. Professor, esse assunto será trabalhado posteriormente, na seção Pesquisa individual. f Para números maiores que dez: Conta-se o número de casas que a vírgula deve “deslocar-se” para a esquerda até encontrar a casa da unidade. Esse número será o expoente da potência de 10. Exemplo: 1 50 000 000 = 1,5 u 108 8 casas Escrevendo um número em notação científica Um número qualquer pode ser escrito em notação científica se for transformado em um produto de um número compreendido entre um e dez (incluindo o 1) por uma potência de 10 de expoente inteiro. Note que a vírgula “desloca-se” 8 casas decimais para a esquerda. Portanto, 8 é o expoente da base 10. f Para números menores que 1: Conta-se o número de casas que a vírgula deve “deslocar-se” para a direita até encontrar a casa da unidade. Este número será o expoente negativo da potência de 10. Exemplos: 7 = 7 u 100 100 = 1 u 102 Exemplo: 1 500 = 1,5 u 1 000 = 1,5 u 103 0,00081 = 8,1 u 10–4 4 casas 62 300 = 6,23 u 10 000 = 6,23 u 104 1 0,02 = 2 u = 2 u 10–2 100 0,00058 = 5,8 u 1 = 5,8 u 10–4 10 000 Uma maneira prática de escrever a notação científica é a seguinte: 52 A vírgula “deslocar-se” 4 casas decimais para a direita, e –4 é expoente de 10. O significado da regra prática É importante comentar com os alunos que, na verdade, não é a vírgula que se desloca, mas o algarismo. Quando multiplicamos um Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 número por um múltiplo de dez, altera-se o valor posicional de todos os seus algarismos para um valor superior, ou seja, à esquerda. Como a vírgula fica em uma posição fixa, separando a unidade dos décimos, tudo se passa como ela se deslocasse para a direita. Se multiplicarmos 2,5 por 10, as duas unidades viram dezenas, e os cinco décimos viram cinco unidades, resultando em 25. Da mesma forma, quando dividimos um número por um múltiplo de 10, os algarismos se deslocam para um valor posicional menor, à direita. Se dividirmos 25 por 100, as duas dezenas viram dois décimos, e as cinco unidades, cinco centésimos, resultando em 0,25. Novamente, tudo se passa como se a vírgula se deslocasse para a esquerda. A seguir, propomos algumas atividades para a consolidação dos procedimentos de escrita na forma de potências de 10 e em notação científica. 1. Escreva de quatro modos diferentes os números a seguir como potências de 10. a) 250 = 25 · 10 = 2,5 · 100 = 0,25 · 1 000 = 2 500 . 0,1 b) 0,004 = 4 · 0,001 = 0,4 · 0,01 = 0,04 · 0,1 = 0,0004 · 10 c) 4,73 = 47,3 · 0,1 = 0,473 · 10 = 473 · 0,01 = 0,0473 · 100 d) 0,125 = 125 · 10–3 = 12,5 · 10–2 = 1,25 · 10–1 = 0,0125 · 101 e) 25 300 = 2 530 · 101 = 253 · 102 = 25,3 · 103 = 253 000 · 10–1 2. Percepção numérica: números muito grandes ou muito pequenos costumam fugir à nossa intuição. Como intuir a magnitude de um milhão ou de um trilhão? E a magnitude de um bilionésimo? Nesta atividade, você vai verificar se sua intuição numérica é capaz de avaliar a magnitude de alguns números. Para isso, suponha que você tenha de estimar o tempo necessário para contar até determinado número, um número por segundo. Por exemplo, para contar até 100, são necessários 100 segundos, isto é, 1 minuto e 40 segundos. Preencha a tabela com base nas instruções a seguir: I. observe os números por extenso, apresentados na primeira coluna; II. seguindo o exemplo da segunda coluna, insira os numerais de acordo com a primeira coluna; III. na terceira coluna, indique o numeral na forma de potência de 10; IV. na última coluna, efetue os cálculos necessários para determinar o tempo de contagem, usando uma unidade de medida apropriada (minuto, hora, mês, ano ou século). 53 Nome Número Potência de 10 Tempo de contagem Um 1 100 1 segundo Mil 1 000 103 17 minutos Milhão 1 000 000 106 12 dias Bilhão 1 000 000 000 109 32 anos Trilhão 1 000 000 000 000 1012 32 mil anos Quatrilhão 1 000 000 000 000 000 1015 32 milhões de anos Quintilhão 1 000 000 000 000 000 000 1018 32 bilhões de anos Prefixos do Sistema Internacional de Medidas Os prefixos são usados para facilitar a medição de algumas grandezas, principalmente nas ciências. Alguns desses prefixos são bem conhecidos, como o quilo (1 000), que é usado para expressar distâncias (quilômetro = 1 000 metros), massa (quilograma = 1 000 gramas) ou, até mesmo, unidades de informação (quilobyte = = 1 000 bytes). Outros prefixos são menos conhecidos, como os exemplos a seguir: f um elétron tem 1 femtômetro de extensão. f a luz amarela tem comprimento de onda de 0,5 micrômetro. f uma montanha pode pesar cerca de 100 petagramas. f as informações digitais criadas, capturadas e replicadas no mundo em 2007 equivaleram a 281 exabytes. 54 Faça uma pesquisa e descubra quais são os outros prefixos do Sistema Internacional. Preencha a tabela a seguir com o nome dos prefixos e símbolos correspondentes aos valores em potências de 10. Prefixo Símbolo Potência de 10 atto a 10–18 femto f 10–15 pico p 10–12 nano n 10–9 micro μ 10–6 mili m 10–3 centi c 10–2 Prefixo Símbolo deci d 10–1 quilo k 103 mega M 106 giga G 109 tera T 1012 peta P 1015 exa E 1018 Potência de 10 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 3. Escreva os números a seguir por extenso e em notação científica: d) A espessura da folha de papel é de aproximadamente 0,0001 m. 10 –4 m. Exemplo: 0,035 (trinta e cinco milésimos), 3,5 u 10–2 a) 7 300 000 000 9 Sete bilhões e trezentos milhões ou 7,3 u 10 . b) 2 980 000 000 000 000 000 Dois quintilhões, novecentos e oitenta quatrilhões ou Operações com potências de 10 Uma das vantagens de expressarmos um número na forma de potências de 10 é que as operações se tornam mais simples. É um bom momento para retomar com os alunos as propriedades das operações com potências de mesma base: 2,98 u 1018. c) 0,25 Vinte e cinco centésimos ou 2,5 u 10 –1. d) 0,0004 Quatro décimos de milésimos ou 4 u 10 –4 . e) 0,0000125 f na multiplicação basta fazer a soma dos expoentes. 103 u 108 = 103 + 8 = 1011; f na divisão, efetua-se a subtração dos expoentes. 108 105 = 108 – 5 = 103; f potência de uma potência resulta na multiplicação dos expoentes. (103)2 = 103 u 2 = 106; f potências com expoentes racionais: o denominador do expoente é o índice da 2 5 Cento e vinte e cinco decimilionésimos: 1,25 u 10 –5. 4. Transforme os dados numéricos em notação científica. a) A população da China é aproximadamente igual a 1,3 bilhão de habitantes. 1,3 u 109. b) A Bacia Amazônica é formada pelo Rio Amazonas e seus afluentes, e ocupa uma área de 7 045 000 km2, dos quais 4 750 000 km2 estão em território brasileiro. raiz. 3 5 32 . Seguem alguns exemplos envolvendo tais propriedades: f 0,0021 u 30 000 000 = = (2,1 u 10–3) u (3 u 107) = = (2,1 u 3) u (10–3 u 107) = 6,3 u 104 f 350 000 0,02 = (3,5 u 105) (2 u 10–2) = = (3,5 2) u (105 10–2) = 1,75 u 107 7,045 u 106 km2 e 4,75 u 106 km2. f (0,005)3 = (5 u 10–3)3 = 125 u 10–9 = 1,25 · · 102 · 10–9 = 1,25 u 10–7 c) A velocidade da luz é cerca de 300 000 km/s. f 3 u 105 km/s. 5 250 000 = 2, 5 ∙ 10 = 4 4 = 25 ∙ 10 = 25 u 10 4 = 5 ∙ 10 2 =5u 102 55 Ainda no caso da adição e subtração, pode-se recorrer à fatoração, transformando as parcelas em potências de 10 com mesmo expoente. d) 7,54 u 107 – 3,2 u 106 = 75,4 u 106 – 3,2 u 106 = 72,2 u 106 = 7,22 u 107. 7. Escreva as distâncias indicadas na tabela em notação científica: a) 6,5 u 103 + 5,4 u 103 = (6,5 + 5,4) . 103 = = 11,9 u 103 = 1,19 u 104 b) 4,6 u 105 – 2,5 u 103 = 460 u 103 – 2,5 u 103 = = (460 – 2,5) u 103 = 457,5 u 103 = = 4,575 u 105 (Observação: Os procedimentos aqui apresentados poderão ser trabalhados de forma minuciosa de acordo com a preferência do professor.) 5. Efetue as seguintes operações usando as propriedades da potenciação. Dê as respostas em notação científica. a) b) c) d) 1 200 u 500 000 = 1,2 u 103 u 5 u 105 = 6 u 108. 0,00015 u 0,002 = 1,5 u 10–4 u 2 u 10–3 = 3 u 10–7. 450 000 ÷ 0,009 = 4,5 u 105 ÷ 9 u 10–3 = 0,5 u 108 = 5 u 107. (0,0004)4 = (4 u 10–4)4 = 256 u 10–16 = 2,56 u 10–14 6. Efetue as operações a seguir e dê a resposta em notação científica. Planeta Distância média até o Sol (em km) Notação científica Mercúrio 57 900 000 5,79 u 107 Vênus 108 200 000 1,082 u 108 Terra 149 600 000 1,496 u 108 Marte 227 900 000 2,279 u 108 Júpiter 778 300 000 7,783 u 108 Saturno 1 427 000 000 1,427 u 109 Urano 2 870 000 000 2,87 u 109 Netuno 4 497 000 000 4,497 u 109 8. Com base na tabela anterior, considere o seguinte problema: em determinado momento, Sol, Terra e Saturno formam um triângulo retângulo, com o ângulo reto na Terra. Qual é a distância entre Saturno e a Terra? (Faça um desenho para representar a situação descrita.) a) 2,5 u 105 + 7 u 103 = 103 u (2,5 u 10 2 + 7) = 10 3 u (257) = 2,57 u 105 ou 250 · 103 + 7 · 103 = = 103 (250 + 7) = 257 · 103 = 2,57 · 105. b) 2,5 u 107 – 500 u 104 = 2,5 u 107 – 0,5 u 107 = 2 u 107. Podemos resolver esse problema por meio do Teorema de Pitágoras. 56 c) 1,28 u 108 + 4 u 105 = D2Sol-Sat = D2Sol-Terra + D2Terra-Sat 1 280 u 105 + 4 u 105 = 1 284 u 105 = 1,284 u 108. (1,4 . 109)2 = (1,4 . 108)2 + D2Terra-Sat Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 D2Terra-Sat = 1,96 . 1018 – 1,96 . 1016 D Terra-Sat = 194,04 . 1016 13,9 . 108 = 1,39 . 109 D2Terra-Sat = 196 . 1016 – 1,96 . 1016 A distância entre a Terra e Saturno é de aproximadamente 2 Terra-Sat D 16 1 390 000 000 km. = 194,04 . 10 Ordem de grandeza Em muitas situações, quando se trabalha com medidas muito grandes ou muito pequenas, não há necessidade de conhecer com precisão todos os algarismos que compõem o número. Nesses casos, basta conhecer a potência de 10 que mais se aproxima de determinado valor. Tal potência é denominada ordem de grandeza do número que expressa a medida. Exemplos: a) O raio orbital médio do planeta Júpiter mede aproximadamente 778 547 200 km. Esse número pode ser escrito como 7,785472 u 108 km. Como 7 está mais próximo de 10 do que de 1, é possível arredondá-lo para 10, resultando no produto 10 u 108. Portanto, sua ordem de grandeza é de 109. b) A ordem de grandeza do número 0,000031 é 10–5, pois escrevendo o número em notação científica, 3,1 u 10–5, nota-se que o 3 está mais próximo do 1 do que do 10. Portanto, arredondando o número para baixo, o resultado será 1 u 10–5. Conhecendo a ordem de grandeza de diversas medidas, pode-se facilmente distinguir qual é a menor ou a maior, bastando comparar os expoentes das potências de 10. Retomando a tabela da atividade 7, que informa as distâncias médias dos planetas em relação ao Sol, constata-se que a distância Terra-Sol é da ordem de 108 km, enquanto a distância de Júpiter-Sol é da ordem de 109 km. Em termos de ordem de grandeza, Júpiter é, aproximadamente, dez vezes mais distante do Sol que a Terra. 9. Dê a ordem de grandeza das seguintes medidas: a) População mundial: aproximadamente 6,9 bilhões em 2011. c) Massa de um elétron: 9,11 u 10–28 g 10–27 g d) Altitude do Everest: 8 848 m 104 m 1010 24 b) Massa da Terra: 5,9742 u 10 kg 1025 kg e) Idade estimada do Universo: 13,7 bilhões de anos. 1010 anos. 57 Considerações sobre a avaliação Ao final desta Situação de Aprendizagem, a expectativa é a de que os alunos tenham consolidado seus conhecimentos sobre potências e suas operações. Além disso, eles devem saber escrever um número qualquer em notação científica e realizar operações com ela. O conhecimento sobre as propriedades das operações com potências também é fundamental. Outro conceito importante que deve ser considerado nas avaliações é o de ordem de grandeza. A avaliação do aprendizado dos alunos deve ser feita continuamente, tanto ao longo das atividades propostas como ao final de um ciclo ou bimestre. As atividades propostas nesta Situação de Aprendizagem constituem exemplos de exercícios que podem ser utilizados para compor a avaliação, a partir das expectativas listadas no parágrafo anterior. Além disso, os livros didáticos contêm uma série de outros exercícios e problemas que podem complementar o trabalho do professor na elaboração de fichas de exercícios e provas. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 ALGUNS MÉTODOS PARA RESOLVER EQUAÇÕES DE 2o GRAU Conteúdos e temas: alguns métodos particulares para resolver equações de 2o grau; solução geral de uma equação de 2o grau; desenvolvimento da fórmula de Bhaskara; discussão da solução: número de raízes; relação entre coeficientes e raízes de uma equação. Competências e habilidades: compreender a linguagem algébrica na representação de situações e problemas geométricos; expressar situações envolvendo equações de 2o grau na forma algébrica; resolução de equações de 2o grau por diferentes métodos (cálculo mental, fatoração e aplicação da fórmula de Bhaskara); utilizar a linguagem algébrica para exprimir a área e o perímetro de uma figura plana; capacidade de interpretar enunciados; transpor ideias relacionadas à Álgebra para a Geometria; generalização e organização de dados a partir de certa propriedade. Sugestão de estratégias: apresentação de uma coleção de exercícios exemplares que exploram diferentes contextos; enfrentamento de situações-problema envolvendo equações. 58 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 5 Para a introdução desse tema são sugeridos, inicialmente, problemas e outros tipos de equações que podem ser “traduzidos” por meio de equações de 2o grau, a fim de discutir alguns modos possíveis de resolvê-las. Antes de introduzir qualquer técnica para a resolução de uma equação de 2o grau, é importante que os alunos utilizem seus conhecimentos já construídos para encontrar as raízes de equações ou solucionar o problema em questão. Como alguns problemas poderão ficar em aberto, este é o momento propício para iniciar o trabalho com as técnicas de resolução. Todavia, sugere-se a discussão de diversos procedimentos e métodos para resolver equações de 2o grau, antes do desenvolvimento da fórmula de Bhaskara. Para o começo deste trabalho, é conveniente a proposição de equações do tipo ax2 + c = 0, com a ≠ 0, uma vez que, para obter suas raízes, podem ser aplicados os procedimentos utilizados na resolução de equações de 1o grau e conhecimentos sobre potências de números. A combinação de elementos algébricos e geométricos também é explorada dando sequência às interpretações dos produtos notáveis trabalhados na 7a série/8o ano. Posteriormente, o professor pode discutir a seguinte evidência: se o produto de dois números reais é zero, necessariamente um desses números é zero, ou seja: se a u b = 0, então a = 0, ou b = 0 a, b D IR. Dessa forma, os alunos poderão resolver equações do tipo a(x – x1) u(x – x2) = 0 e ax2 + bx = 0, com a ≠ 0 . As atividades a seguir sugerem uma sequência para o desenvolvimento desse trabalho. 1. Os participantes de um festival de música decidiram que, ao final do evento, fariam uma festa de encerramento. Nessa festa, cada participante daria uma flor de presente a cada colega que participou do evento. Quantas flores serão distribuídas se o total de participantes for igual 5? E se for igual a 6? E igual a 7? Se o número de participantes for 5, cada um dará 4 flores (menos para si mesmo), o que significa um total de 5 u 4 = 20 flores; utilizando o mesmo raciocínio, com 6 participantes, o total de flores será 6 u 5 = 30 flores; e com 7 participantes, 7 u 6 = 42 flores. 2. Complete a tabela a seguir: Número de Número de flores que cada Total de flores participantes um vai receber 3 2 3u2=6 4 3 4 u 3 = 12 5 4 5 u 4 = 20 6 5 6 u 5 = 30 11 10 11 u 10 = 110 x x–1 x(x –1) y+1 y (y + 1)y 3. Se o total de flores distribuídas na festa for 930, qual será o número de participantes? a) 29 b) 30 c) 31 d) outro Tendo compreendido o item anterior, o aluno pode experimentar os valores dados nas alternativas, calculando: 29 u 28 = = 812; 30 u 29 = 870; 31 u 30 = 930. Logo, a alternativa correta é a c. 59 4. Para responder à questão anterior, um aluno de 8a série/9o ano, aplicando seus conhecimentos algébricos, fez a seguinte reflexão: para x em uma tabela. Embora essa equação possua duas soluções, uma positiva, 31, e uma negativa, –30, o valor negativo não faz sentido no problema, sendo, portanto, ignorado nos termos da tabela. Mesmo assim, é uma oportuni- Escreveu a expressão algéx(x – 1) = 930 brica relativa ao problema Aplicou a propriedade distributiva Deixou todos os termos no primeiro membro da equação, igualando-a a zero x2 – x = 930 x2 – x – 930 = 0 Para resolver essa equação, o aluno substituiu a incógnita x pelos valores das alternativas e, assim, descobriu a resposta correta. Use o mesmo procedimento e, em seguida, compare o resultado com a sua resposta para a atividade 3. Substituindo os valores das alternativas na última forma da equação: x = 29 292 – 29 – 930 = 0 841 – 29 – 930 = –118 ≠ 0 x = 30 dade para que você inicie uma discussão sobre a análise do conjunto universo da equação. A combinação entre a linguagem geométrica e algébrica vem sendo explorada em vários temas ao longo dos Cadernos. Particularmente nos volumes 1 e 2 da 7a série/8o ano, ela permitiu a construção de significados nos produtos notáveis e nos processos de fatoração. O uso dessa abordagem no trabalho com equações de 2o grau, além de resgatar, do ponto de vista histórico, como os matemáticos resolviam equações, permite estabelecer novas relações que envolvem aspectos geométricos e algébricos. Nas atividades a seguir, propõe-se essa combinação para abordar vários contextos em que aparecem equações de 2o grau, passíveis de ser resolvidas por conhecimentos que os alunos já tenham construído por meio da resolução de equações de 1o grau, processos de fatoração e propriedades de potências. 302 – 30 – 930 = 0 900 – 30 – 930 = – 60 ≠ 0 x = 31 312 – 31 – 930 = 0 961 – 31 – 930 = 0 E se as alternativas não tivessem sido dadas, como você resolveria esse problema? 60 5. Traduza as seguintes situações por meio de uma equação. Em seguida, resolva cada equação e encontre a resposta para os problemas. (Dica: desenhe as figuras e represente os lados desconhecidos por uma letra.) Nesse caso, os alunos podem levantar uma série de hipó- a) A área de um quadrado de lado x é igual a 49 cm2. Qual é a medida do lado desse quadrado? teses, por exemplo, a atribuição de vários valores positivos Indicando a medida do lado do quadrado por x teremos: Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Expressão Representação geométrica Representação algébrica Expressão algébrica geométrica x 2 A = 49 cm A = 1 u base ualtura 2 x2 = 49 x a A = 1 u cateto u cateto 2 A solução dessa equação é bastante simples: basta pensar A= a qual número elevado ao quadrado resulta em 49, isto é, 7. O professor pode ressaltar o fato de que 72 = 49 como (– 7)2 = aua a2 = = 18 2 2 a2 = 18, podemos concluir que a2 = 36. Desse modo, 2 os valores 6 e –6 satisfazem a equação, mas somente 6 é soComo = 49, ou seja, embora o valor negativo satisfaça a equação, tratando-se da medida do lado de um quadrado, ele não deve lução da equação, pois a medida do lado de um triângulo constar no conjunto solução. Portanto, a solução será 7 cm. deve ser positiva. 2 b) Um retângulo tem área igual a 242 cm e seu lado maior é o dobro do menor. Qual é a medida do lado maior desse retângulo? Para encontrar a medida da hipotenusa, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras: h2 = 62 + 62; ou seja, h = 6 2 . Portanto, a resposta dessa atividade será: catetos de medida 6 cm e hipotenusa de medida 6 2 cm. Mais uma vez, despreza- Indicando a medida do lado do retângulo por y, teremos: mos a soluçãonegativa. Expressão Representação geométrica algébrica 2y u y = 242 d) A área do retângulo representado pela figura a seguir é igual a 65 cm2. Calcule seu perímetro. 2y2 = 242 x+8 2y y x Se 2y2= 242, então y2 = 121. Da mesma forma que na atividade anterior, podemos admitir y = 11 ou y = –11, uma vez que (11)2 = 121 e (–11)2 = 121. Como se trata da medida do lado de um retângulo, a equação só permite como solução o valor de y = 11. Portanto, o maior lado mede 2 u 11 = 22 cm. c) A área de um triângulo retângulo isósceles é 18 cm2. Determine as medidas de seus catetos e de sua hipotenusa. Professor, neste momento é importante deixar claro aos alunos a definição de um triângulo retângulo isósceles. Indicando a medida do cateto por a, teremos: A área do retângulo será dada pela expressão: x(x + 8) = 65 Essa situação não permite aplicar o mesmo processo quando a sentença é igualada a zero, pois são infinitos pares de números cujo produto é 65. Contudo, podem-se aplicar procedimentos de cálculo mental ou criar uma tabela como esta: x 1 2 3 4 5 x+8 9 10 11 12 13 x(x+8) 9 20 33 48 65 61 Assim, chega-se à solução x = 5. Portanto, o perímetro do re- Portanto, é possível escrever a seguinte equação: (x – 4)2 = tângulo, indicado por P = 4x + 16, é 36 cm. = 144. A solução dessa equação pode ser encontrada por O professor pode propor o desenvolvimento dessa expres- meio de cálculo mental. Perceba que 144 é o quadrado do são, de modo a igualá-la a zero, devendo, para isso, aplicar número 12, assim, x – 4 = 12, isto é, x = 16 cm. a propriedade distributiva e o princípio aditivo: x (x + 8) = 65 Logo, a medida da área original do canteiro era 256 m2. Ax2 + 8x = 65; logo: x2 + 8x – 65 = 0. Nesse momento, o professor pode discutir que (–12)2 é igual a Dessa forma, a equação x(x + 8) = 65 é equivalente à equação 144 e que x – 4 = –12, isto é, x = –8 também satisfaz a equação. 2 x + 8x – 65 = 0, o que significa que elas possuem as mesmas Contudo, como –8 não pode ser a medida de um lado do qua- soluções. drado, a resposta a esse problema será 16 cm. Vale observar, contudo, que, nesse formato, o recurso do cálculo mental é mais difícil de ser aplicado. e) Um canteiro na forma de um quadrado foi reduzido de modo a ser contornado por uma calçada com 2 m de largura, conforme a figura a seguir. Com isso, sua área passou a ser de 144 m2. Qual era a medida da área original desse canteiro? 2m 144 m2 Se x for considerada a medida do lado do quadrado original, com Por meio de tais situações, que podem complementar outras atividades que o professor já tenha selecionado para o tratamento desse assunto, pode-se iniciar um enfoque mais formal das equações de 2o grau. Para isso, sugerimos que os alunos comparem as equações construídas e apontem as semelhanças e diferenças entre elas. Convém que todas estejam na mesma forma, a fim de que o segundo membro da equação seja igual a zero: a) x2 = 49 x2 – 49 = 0 b) 2y2 = 242 2y2 – 242 = 0 c) a2 = 36 a2 – 36 = 0 d) x(x+8) = 65 x2 + 8x – 65 = 0 e) (x – 4)2 = 144 x2 – 8x – 128 = 0 a redução de 2 m o lado do quadrado interno medirá (x – 4)m: Quanto às semelhanças, pode-se registrar o seguinte: x x–4 2 144 m2 2 f diferentemente das equações de 1o grau, essas equações possuem um termo cuja incógnita está elevada ao expoente 2. Também é possível que algumas das diferenças apontadas sejam: 62 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 f algumas equações não têm o termo de grau 1 (x, y, a,...) e outras têm; f apenas os problemas d e e apresentam uma equação de 2o grau com três termos no primeiro membro. o objetivo desta Situação de Aprendizagem é aplicar técnicas algébricas já aprendidas e desenvolver novas abordagens que permitam a investigação de fatos que podem ser generalizados a outras equações. Explore essas observações para introduzir as seguintes noções: forma reduzida da equação de 2o grau; equação de 2o grau completa; equação de 2o grau incompleta; coeficientes e raízes da equação. Ou seja, o momento é oportuno para apresentar a ideia de equação de 2o grau de maneira mais formal; por exemplo, chama-se equação de 2o grau na incógnita x toda equação que pode ser escrita na forma: ax2 + bx + c = 0, em que a, b e c são números reais e a ≠ 0. A consideração de que a ≠ 0 deve ser satisfeita, pois, caso contrário, a equação será de 1o grau. Um fato interessante é a possibilidade de resolver outros tipos de equações, como exponenciais, biquadradas ou de outros graus, que, embora não se apresentem como equações de 2o grau, podem ser transformadas em equações por procedimentos algébricos. Assim, 2 equações como x + 4 = 9 ou 2x = 16, ou, ainda, x3 – 9x = 0 podem ser tratadas já nesta Situação de Aprendizagem, possibilitando aplicar o conhecimento dos alunos em outros tipos de equações. Cabe lembrar que será muito importante a atenção do professor para verificar esses conhecimentos e mobilizá-los na resolução de equações de 2o grau, o que justifica a atividade a seguir. Os exercícios exemplares têm a finalidade de levar o aluno a perceber que é possível recorrer aos seus conhecimentos anteriores para iniciar uma estratégia de resolução de situações que envolvam equações de 2o grau. Ao mesmo tempo, a intenção seria provocar uma “desestabilização”, para que o aluno, em algum momento, perceba a necessidade de um novo conhecimento que permita encontrar as respostas procuradas. A fim de estimular as conjecturas geradas pelos problemas, sugere-se a proposta de situações-problema que possam ser representadas por meio de equações de 2o grau, cujo desenvolvimento esteja ao alcance dos alunos, pela utilização de técnicas já trabalhadas em séries/anos anteriores. Assim, 6. Escreva as equações elaboradas na atividade 5 da seção Você aprendeu? na tabela a seguir. Depois, faça as operações algébricas necessárias de tal modo que o segundo membro da equação seja igual a zero. Quais são as principais semelhanças e diferenças que podem ser observadas entre as cinco equações obtidas? Todas as equações possuem um termo no qual a incógnita está elevada à segunda potência. Além disso, apenas os problemas (d) e (e) apresentam equações de 2o grau com três termos. 63 Item Equação utilizada Equação transformada a) x2 = 49 x2 – 49 = 0 b) 2y2 = 242 2y2 – 242 = 0 c) a2 = 36 a2 – 36 = 0 d) x(x + 8) = 65 x2 + 8x – 65 = 0 e) (x – 4)2 = 144 x2 – 8x – 128 = 0 7. Resolva as equações a seguir e depois verifique se os valores encontrados as satisfazem. a) x + 4 = 9 2 b) 2x = 16 a) x + 4 = 9 Isolar a raiz 2 b) 2x = 16 Escrever as potências na mesma base e comparar os expoentes 2x2 = 24 x2 = 4 x =9–4 x =5 ( x )2 = (5)2 x = 25 x=± 4 x=±2 25 – 2 ou 2 c) x3 – 9x = 0 64 c) x3 – 9x = 0 d) x4 – 16 = 0 d) x4 – 16 = 0 Colocar o x em evidência Produto notável: produto da soma pela diferença x(x2 – 9) = 0 x=0 ou x2 – 9 = 0 x = ± 9 = ±3 (x2)2 –(4)2 = 0 (x + 4) u(x2 – 4) = 0 x2 + 4 = 0 x2 = –4 Não tem solução real ou x2 – 4 = 0 x2 = 4 x = ± 4 = ±2 0, –3 ou 3 –2 ou 2 Embora tenhamos exposto uma resolução formal para essas atividades, é possível que os alunos apresentem estratégias diferentes incluindo o cálculo mental ou a substituição por tentativa de valores. Nesse momento, é importante valorizar as hipóteses de resolução, pois elas representam envolvimento com o tema. Esse espaço de hipóteses é aquele que garante, muitas vezes, a atenção do aluno a um procedimento de cálculo mais formalizado, que será proposto posteriormente. Os procedimentos aplicados nesta fase inicial do trabalho com equações de 2o grau apontam para aspectos que permitirão a criação de um método geral de resolução de qualquer equação desse tipo. Entre essas técnicas aprendidas, destacamos os processos de fatoração apresentados na 7a série/8o ano, particularmente a diferença entre o quadrado de dois números, que é igual ao produto da soma pela diferença entre esses dois números, isto é, a2 – b2 = (a + b) u (a – b), pois se refere a um tipo simples de equação de 2o grau incompleta. Dessa forma, equações do tipo x2 = 16 podem ser retomadas e resolvidas por meio dos seguintes passos: 2 x2 = 16, então, x2 – 16 = 0 logo, x2 – 42 = 0. x+4 = 0 Assim, (x + 4) u (x – 4) = 0 ൝ x– 4=0 x = – 4 do que se conclui que ൝ x=4 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Esse procedimento, além de confirmar o cálculo mental (levantando a questão sobre quais são os números que elevados ao quadrado resultam em 16), permite que sintetizemos o processo de resolução observando que o valor de x é igual a mais ou menos o valor da raiz quadrada de 16: x 2 = 16 A x = ± 16 A x = ± 4 . negativo ou o zero para indicar a medida do lado de uma figura. É importante, agora, que os alunos apliquem as conclusões aprendidas, pois elas servirão de modelos para o tratamento das equações de 2o grau dadas em outras formas. 8. Obtenha as raízes reais das equações a seguir: Com essa discussão, o sinal ± deve ser entendido como uma síntese de fatos presentes na combinação da fatoração: a2 – b2 = (a + b) u (a – b) com a ideia de que se a u b = 0, então a = 0 ou b = 0. a) x2 = 9 –3 ou 3 b) 4x2 – 36 = 0 –3 ou +3 Assim, equações incompletas do tipo: ax2 + c = 0 podem ser resolvidas com base na análise do que temos discutido: f o domínio dos princípios multiplicativo e aditivo da igualdade; f a noção de radiciação. c) 3x2 = 27 –3 ou +3 d) x2 – 4 = 12 –4 ou +4 e) 4x2 – 25 = 0 Desse modo, concluímos que equações incompletas do tipo: ax2 + c = 0 possuem as c raízes: x = ± – . a Sugerimos que os alunos voltem aos problemas anteriores para obter as raízes das equações que traduzem as situações dos problemas. É importante lembrar aos alunos que a solução negativa de alguns dos problemas (b, c, d) deve ser desprezada, pois, nesse caso, o universo deve ser o conjunto dos números reais positivos, uma vez que não faz sentido utilizar um número 5 5 ou – 2 2 2 f) 5 x = 2 2 5 2 2 ou – 5 5 g) x2 + 1 = 0 Não há solução real, pois não há número real que, elevado ao quadrado, seja igual a –1. h) 4 = x2 –2 ou +2 65 i) –2x2 + 7 = 0 – 7 ou 2 9. Se o produto de dois fatores é zero, necessariamente um deles é igual a zero. Assim, obtenha as raízes reais das seguintes equações: 7 2 j) x2 = 0 0 k) 3x2 = 0 a) (x + 2) u(x – 6) = 0 0 S = {–2, 6} l) x2 + 1 = 1 1 b) ( 3x + 2 ) ∙ ൬– x – ൰ = 0 2 0 Explore as estratégias e respostas apresentadas pelos alunos, incentivando-os a utilizar seus conhecimentos sobre radiciação na formulação de uma justificativa para o fato de não haver raízes reais para a equação apresentada na atividade anterior, item g. Essa discussão poderá auxiliar os estudantes, posteriormente, na resolução de equações completas de 2o grau, com discriminante negativo, e, além disso, preparar o aluno para a construção da ideia de número complexo, que será desenvolvida no Ensino Médio. Vamos propor mais algumas atividades cujas soluções estão fundamentadas em outros aspectos que já podem ser conhecidos pelos alunos, expondo-os de maneira mais formal, como é o caso de equações formadas por produtos de binômios de 1o grau iguais a zero, ou outros casos, representados a seguir: (x – x1) u(x – x2) = 0 x = x1 x – x1 = 0 ൝ ou então x – x2 = 0 ൝ ou x = x2 f se ax2 + bx = 0 , então x(ax + b) = 0 A b ; a c f se ax2 + c = 0, então x = ± – ; a Ax1 = 0, x2 = – 66 S = ൝ – 2 ԜǡȂ 1 ൡ 3 2 c) – x2 + 4x = 0 S = {0, 4} -x2 = 4x = 0. Multiplicando todos os membros da equação por (-1), temos: x2 - 4x = 0. Colocando o fator comum em evidência, temos: x(x - 4) = 0; ou x - 4 = 0 A x = 4. d) x2 + x = 0 S={–1, 0} e) (x – 3) u (2x – 10) = 0 S = {3, 5} O desenvolvimento dessa atividade auxilia o aluno na identificação da fatoração como ferramenta útil para a resolução de equações de 2 o grau. Assim, o aluno já inicia a resolução de equações completas do 2 o grau, representadas na forma fatorada, o que propicia a aplicação de conhecimentos que o aluno começou a construir na 7 a série/8 o ano. Essa ideia pode ser ampliada por meio da proposição de atividades como estas. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 10. Obtenha as raízes reais das equações a seguir: a) x2 – 9 = 27 –6 ou 6 b) (x + 7) u (–x + 11) = 0 –7 ou 11 c) 2x2 + 1 = 0 Caso não haja sugestões, mostre aos alunos que eles poderiam aplicar o método desenvolvido anteriormente. Assim: ( x – 3)2 = 16 x – 3 = ± 16 x – 3 = ±4 x=3+4 ou x=3–4 x=7 ou x = –1 logo, Não há solução real. Comprovando a resposta: 2 d) 3x – 12x = 0 0 ou 4 e) 5x2 – 125 = 0 (7 – 3)2 = 16 (–1 – 3)2 = 16 42 = 16 (–4)2 = 16 –5 ou 5 Completando trinômios quadrados perfeitos: a busca de uma fórmula para encontrar as raízes de uma equação de 2o grau Para esse trabalho, seria interessante propor aos alunos a resolução da seguinte equação: (x – 3)2 = 16. Se houver necessidade, ajude-os com perguntas como: f Quais são os números que, elevados ao quadrado, resultam em 16? f Que números podem ser colocados no lugar de x para que a equação seja uma sentença verdadeira? Comente, então, que essa é outra maneira possível de resolver uma equação de 2o grau. É claro que uma equação nem sempre é dada na forma fatorada, no entanto, dispomos de vários recursos para transformar qualquer equação de 2o grau em uma equação equivalente na forma fatorada. Em história da Matemática, esse é um contexto bastante rico para o ensino e a aprendizagem da equação do 2o grau. Um passo nesse sentido pode ser dado explorando-se o método desenvolvido pelo matemático árabe Al-Khowarizmi. Seguindo a tradição grega de interpretar geometricamente situações algébricas, o matemático árabe Al-Khowarizmi, no século IX, desenvolveu um método geométrico para resolução de equações de 2o grau, cujos passos transformam uma equação desse tipo 67 em um quadrado perfeito. Nesse método, o lado do quadrado é considerado o valor da incógnita, sendo, portanto, desprezadas as soluções negativas. De certa forma, a falta de significado dos números negativos, nesse momento, é semelhante ao que os matemáticos viveram quando enfrentaram situações com raízes quadradas de números negativos. Na atividade seguinte, são iniciadas ideias que vão constituir as bases da demonstração da fórmula geral para a resolução de qualquer equação de 2o grau: a fórmula de Bhaskara. Vamos propor aos alunos a seguinte atividade, que pode ser resolvida seguindo passo a passo a solução figurativa apresentada por Al-Khowarizmi: Considere o seguinte problema: “A área de um quadrado acrescida de 8 vezes o seu lado é igual a 65. Qual é a medida do lado desse quadrado?” do problema é, então, a medida do lado do quadrado: x mais x Na Álgebra moderna, esse problema pode ser traduzido pela seguinte expressão algébrica: x2 + 8x = 65. Resolvendo a equação, podemos obter a solução do problema. Antigamente, contudo, os matemáticos não dispunham das mesmas ferramentas da Álgebra moderna. Usavam, então, outras estratégias para resolver problemas desse tipo. Uma delas foi desenvolvida pelo matemático árabe Al-Khowarizmi, que viveu em Bagdá no século IX. 8 x 2 x igual a 65 8x x2 + 8x = 65 II. O retângulo é dividido em dois retângulos de mesma área. Logo, a equação seria interpretada da seguinte maneira: x mais x x 2 x 4x 4x 4 4 igual a 65 2 x + 2 u 4x = 65 O método desenvolvido por ele compreendia os seguintes passos: I. As expressões x2 e 8x são interpretadas como as áreas de um quadrado e de um retângulo. A solução 68 III. Cada retângulo é arranjado de modo que fiquem justapostos aos dois lados do quadrado. Com essa composição, a área da figura continua sendo 65. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 x 4 x x2 4x 4 4x x 4 x x2 4x 4 4x 16 4 4 IV. Para completar o quadrado, acrescentava-se um quadrado no canto da figura anterior. A medida do lado desse quadrado é a mesma do lado conhecido do retângulo, ou seja, 4. Assim, a área do novo quadrado é 4 u 4 = 16. Com esse método, “completava-se um quadrado perfeito” de lado x + 4 e com área igual a 65 + 16 = 81. Na linguagem algébrica moderna, transformamos a equação x2 + 8x = 65 em uma equivalente (x + 4)2 = 81, o que é possível pela aplicação do método de “completamento do quadrado”. Acompanhando o desenvolvimento algébrico, observamos que, embora apoiados no processo figurativo, são encontradas todas as raízes da equação: x2 + 8x + 16 = 65 + 16 (x + 4)2 = 81 x + 4 = ± 81 x = +9 – 4 x=5 ǡ൝ x=–9–4 x = –13 x + 4 = ±9 ൝ Verificando: em (x + 4)2 = 81 (5 + 4)2 = 81 (–13 + 4)2 = 81 92 = 81 (–9)2 = 81 Ou em x2 + 8x = 65 x2 + 2 u 4x + 16 = 65 + 16 ou (x + 4)2 = 81 V. Se a nova área é 81, então a medida do lado do novo quadrado é 81 = 9. Assim, o lado do quadrado corresponde a x + 4 = 9, portanto, a solução é x = 5. 52 + 8 u 5 = 65 (–13)2 + 8 u (–13) = 65 25 + 40 = 65 169 + (–104) = 65 É possível que alguns alunos sugiram que a equação x2 + 4x = 65 possa ser resolvida colocando-se o fator comum x em evidência, formando, assim, a seguinte expressão: x(x + 8) = 65. Então, a aplicação de cálculo mental ou a construção de tabela é um recurso à solução da equação. Contudo, vale ressaltar que o método de “completamento do quadrado” se apresenta como um método de resolução mais geral. 11. Resolva o problema a seguir usando o método desenvolvido por Al-Khowarizmi, apresentado na seção Leitura e análise de texto. Desenhe as figuras e escreva as equações equivalentes a cada etapa no espaço a seguir. 69 “A área de um quadrado acrescida de 12 vezes o seu lado é igual a 13. Qual é a medida do lado desse quadrado?” x 12 f o procedimento algébrico aplicado ao novo formato permite a determinação de todas as soluções da equação, sejam elas negativas, positivas ou nulas. mais x x x2 igual a 13 12x x2 + 12x = 13 x mais x x 6x 6x 6 6 igual a 13 2 x + 2 u 6x = 13 x 6 x x2 6x 6 6x x 6 x x2 6x 6 6x 36 6 6 x2 + 2 u 6x + 36 = 13 + 36 ou (x + 6)2 = 49 Sendo a nova área 49, a medida do lado do novo quadrado será x + 6. Assim, x + 6 = 7; portanto, x = 1 é a solução. Com esse método, podemos constatar que: f a interpretação geométrica permite traduzir a equação em um formato conhecido. No entanto, somente as soluções positivas são consideradas, e isso faz sentido. Na época em que foi desenvolvido esse método, as quantidades negativas ainda não faziam muito sentido; 70 Com base nessas constatações, é possível questionar se na construção de um método de resolução de uma equação de 2o grau devemos incorporar o que a abordagem geométrica e algébrica têm de melhor a oferecer e levar os alunos a concluir que os limites de uma são compensados pelos avanços da outra. A atividade a seguir tem por finalidade a aplicação desse método algébrico-geométrico. Um interesse particular nesse método é que ele servirá de base para a demonstração da fórmula de Baskhara. Seria interessante se, no desenvolvimento das resoluções, o professor chamasse a atenção dos alunos para o fato de que o valor acrescido a ambos os termos da equação se refere ao quadrado da metade do coeficiente do termo em x. Nessa atividade, essa propriedade é inspirada nos produtos notáveis e, caso os alunos os desconheçam, esses exercícios permitem a apresentação desse conteúdo no contexto de resolução de equações de 2o grau, também chamadas de equações quadráticas em referência à regra de “completamento do quadrado”. 12. Encontre as raízes das equações de 2o grau aplicando o método de “completamento do quadrado” desenvolvido por Al-Khowarizmi: (Observação: desenhe a figura do quadrado que representa a solução de cada equação.) Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 a) x2 + 20x = 300 c) x2 + 2x + 1 = 0 x+1 x x + 10 x x x x2 x2 x 10x quadrado da metade do coeficiente de x 10x 100 x 1 1 quadrado da metade do coeficiente de x 10 1 10 x2 + 2x = – 1 x2 + 20x + 100 = 300 + 100 Neste caso, a expressão x2 + 2x + 1 já é um quadrado perfeito: (x + 10)2 = 400 x2 + 2x + 1 = (x + 1)2. Logo, a equação dada é equivalente a x + 10 = ± 400 (x + 1)2 = 0, ou x + 1 = 0; assim, x = –1. Logo, não há solução, x = ± 20 – 10 pois o lado não pode ser negativo. x = – 30 ou x = 10 2 b) x + 5x = 6 x+ 5 2 x x 5x x2 2 quadrado da metade do coeficiente de x 5x 25 5 2 4 2 5 2 x2 + 5x + 25 = 6 + 25 4 4 2 ൭x + 5 = 49 Ax + 5 = ± 49 ൱ 2 4 4 2 Observe que, nos itens desta atividade, embora as soluções negativas não tenham sentido geométrico, satisfazem as equações algébricas. Mais uma vez, pode-se destacar o fato de que, enquanto o método geométrico permite a escrita da equação na forma fatorada conhecida, o método algébrico permite a determinação de todas as soluções reais da equação, quando existirem. As discussões já feitas convergem para a ideia de que as equações de 2o grau, quando fatoradas podem ser resolvidas usando os métodos aprendidos anteriormente. Ou seja, o desenvolvimento do quadrado da soma e do quadrado da diferença de dois números e seus respectivos processos de fatoração ganham nova importância. x = ±Ԝ 7 – 5 2 2 (x + a)2 = x2 + 2 u ax + a2 x = 1 ou x = –6 (x – a)2 = x2 – 2 u ax + a2 71 A seguir são sugeridas duas atividades cujo objetivo é aprimorar a identificação de trinômios quadrados perfeitos. d) 4x2 – 2 u 2 u 7 = 28 e) 13. Quais dos seguintes trinômios referem-se a quadrados perfeitos? Escreva-os na forma fatorada. a) x2 + 4x + 4 (x + 2)2 b) x2 – 6x + 9 2 (x – 3) c) 4x2 + 12x + 9 (2x + 3)2 x + 49 x2 – 30x + 25 9 Retomando as situações que envolvem a resolução de equações de 2o grau, observamos que, algumas vezes, a equação já apresenta um trinômio quadrado perfeito, como a equação: x2 + 10x + 25 = 0. Basta observar, nesse caso, que o termo independente é igual à metade do coeficiente de x elevado ao quadrado. Portanto, ele já representa um quadrado perfeito de lado (x + 5). Então, a equação x2 + 10x + 25 = (x + 5)2 = 0 tem como resposta x = –5. d) 25x2 + 100x + 100 (5x + 10)2 e) x2 – x + 1 Não é um trinômio quadrado perfeito, pois o termo central não corresponde ao dobro do produto das raízes quadradas do 1º e do 3º termos. I. Resolva a equação 4x2 – 12x + 5 = 0 14. Encontre o termo que falta para que o trinômio seja um quadrado perfeito: 2 a) x + 18x + 92 = 81 b) 9x2 + 2 u 3 u 2 = 12 c) x2 – 20x + 102 = 100 72 Outras vezes, é preciso lançar mão de artifícios para que o primeiro membro da equação se torne um trinômio quadrado perfeito, mantendo, assim, a igualdade verdadeira. Neste momento, cabe analisar alguns exemplos. x+4 Podemos escrever a equação na forma: 4x – 12x = –5 2 Dividindo toda a expressão por 4, temos: x2 – 3x = – 5 . 4 Em seguida, deve-se procurar um número que, acrescentado a ambos os membros da equação, produza no 1o membro um trinômio quadrado perfeito. Esse número deve ser o quadrado da 2 3 metade do termo em x, portanto, ൭ ൱ . 2 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 2 2 x2 – 3x + ൭ 3 ൱ = – 5 + ൭ 3 ൱ 2 4 2 2 ൭– Elevando um terço ao quadrado: 3 5 + 9 ൱ = – 2 4 4 2 3 4 isto é; x – 3 = ± 1 ൭– ൱ = 2 2 4 3 x – =±1 2 Logo: x= 3 +1= 5 2 2 ou 2 ൭ 1 1 ൱ = 3 9 Assim, acrescentando um nono aos dois membros da equação, teremos: x2 + 2 x + 1 = 1 + 1 3 9 3 9 Assim, podemos fatorar o primeiro membro, pois ele é um trinômio quadrado perfeito: 2 ൭+ 1 4 . ൱ = 3 9 Encontrando o valor de x: x= 3 –1= 1 2 2 II. Resolva a equação 3x2 + 2x – 1 = 0. Essa equação pode ser escrita assim: x + 2 x – 1 = 0 ou, ainda, x2 + 2 x = 1 3 3 3 3 2 Em seguida, deve-se procurar um número que, quando acrescentado a ambos os membros da equação, produza no 1o membro um trinômio quadrado perfeito: x2 + 2 x + ... = 1 + ... 3 3 Para encontrar esse número, vamos dividir dois terços por 2: 2 ÷2= 1 3 3 x + 1 = ± 2 , logo x1 = – 2 – 1 = – 3 = –1 3 3 3 3 3 ou x2 = 2 – 1 = 1 3 3 3 Proponha aos alunos que discutam com os colegas os procedimentos utilizados anteriormente e aplique-os na resolução da equação: x2 – 5x + 6 = 0. x2 – 5x + 6 = 0 A x2 – 5x = –6 2 2 x2 – 5x + ൭ 5 ൱ = –6 + ൭ 5 ൱ = 1 2 2 4 x – 5 = ± 1 Ax = 2 ou x = 3 A S = {2, 3} 2 2 Um produto notável importante a ser aplicado na resolução de equações de 2o grau é o produto de dois binômios com um termo em comum, expressos na forma 73 (x + a) u(x + b) = x2 + (a + b)x + a u b. A importância de resgatá-lo, neste momento, se dá pelo fato de ele permitir a fatoração da equação quadrática com base na soma e no produto dos termos não comuns, isto é, de a e b. Esse fato será explorado posteriormente no estudo das relações entre as raízes da equação e seus coeficientes, isto é, se x1 e x2 são raízes de uma equação de 2o grau na forma ax2 + bx + c = 0, b c com a ≠ 0, então x1 + x 2 = – e x1 ⋅ x 2 = . a a Geralmente, essas relações são trabalhadas após a apresentação da fórmula de Bhaskara. Contudo, se já forem apresentadas, permitirão uma compreensão prática do produto notável, o desenvolvimento de competências relativas ao cálculo mental e a possibilidade de resolução da equação sem necessidade da fórmula. Além disso, indicam um movimento de relacionar raízes aos coeficientes, que é generalizado na fórmula de Bhaskara quando as raízes se relacionam aos coeficientes da se2 – b ± b – 4ac . Vale res2a saltar, ainda, que esse procedimento se refere guinte maneira: x às relações de Girard para equações polinomiais de 2o grau que, posteriormente, serão ampliadas, na 3a série do Ensino Médio, para outras equações polinomiais. 15. Resolva as seguintes equações de 2º grau. (Dica: use a forma fatorada do trinômio quadrado perfeito.) a) x2 – 6x + 9 = 0 (x – 3)2 = 0 Logo, x = 3. 74 b) x2 + 12x + 36 = 0 (x + 6)2 = 0 Logo, x = –6. c) x2 – 4x + 4 = 0 (x – 2)2 = 0 Logo, x = 2. d) x2 + x + 1 = 0 4 2 ൭x + 1 ൱ =0 2 Logo, x = – 1 . 2 Após esse trabalho, pode-se propor aos alunos o desenvolvimento algébrico de (x + a) u(x + b). Aplicando-se a propriedade distributiva e, em seguida, colocando-se o fator comum x em evidência, temos: (x + a) u (x + b) = x2 + bx + ax + ab (x + a) u (x + b) = x2 +(a + b)x + a u b Do mesmo modo, chegamos à seguinte expressão: (x – a) u(x – b) = x2 – (a + b)x + ab. Por meio desse resultado geral, será possível: f calcular produtos similares sem o recurso da propriedade distributiva: (x + 3) u (x + 5) = x2 + (3 + 5)x + 3 u 5 = = x2 + 8x + 15 (x – 1) u (x – 7) = x2 – (1 + 7)x + 1 u 7 = = x2 – 8x + 7 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 f fatorar trinômios em dois binômios com um termo em comum. Vejamos os seguintes exemplos: I) x2 + 7x +12 Para fatorar esse trinômio, podemos fazer a seguinte pergunta: Quais são os dois números cujo produto é 12 e a soma é 7? Observando que o termo independente, 12, é positivo, os dois números possuirão o mesmo sinal, ou ambos são positivos, ou ambos são negativos e nenhum deles será zero, senão o produto seria zero. Estudando os possíveis números positivos, podemos decompor o 12 da seguinte maneira: 12 u 1; 2 u 6 e 3 u 4. Apresentando tais valores em uma uma tabela: Valores Valores Soma 12 1 13 2 6 8 3 4 7 Observa-se que os números serão 3 e 4, pois sua adição resulta em 7, valor do coeficiente de x. Estudando os possíveis números, podemos decompor o –3 como: (– 3) u1 ou (– 1) u3. Representando tais valores em uma tabela, temos: Valores Valores Soma –3 +1 –2 –1 +3 +2 Assim, observamos que os números serão –3 e 1, pois sua adição resulta em –2, valor do coeficiente de x. Portanto, x2 – 2x – 3 = (x + 1) u(x – 3) O professor pode criar outras situações, inclusive propondo trinômios quadrados perfeitos como x2 + 8x + 16. Ao se pensar em quais seriam os números que, somados, resultam em 8, e cujo produto é 16, parece fácil observar que esses números são iguais a 4. Portanto, x2 + 8x + 16 = = (x + 4) u(x + 4) = (x + 4)2. 16. Descubra dois números cuja soma e produto sejam, respectivamente, iguais a: a) 7 e 12 3 e 4, pois 3 + 4 = 7 e 3 u 4 = 12. b) 11 e 24 3 e 8, pois 3 + 8 = 11 e 3 u 8 = 24. c) 11 e –12 –1 e 12, pois –1 + 12 = 11 e –1 u 12 = –12. 2 Portanto, x + 7x + 12 = (x + 3) u(x + 4) II) x2 – 2x – 3 d) 10 e –24 –2 e 12, pois –2 + 12 = 10 e –2 u 12 = –24. e) –13 e 40 Nesse caso, como o termo independente, –3, é negativo, os dois números possuirão sinais diferentes, um positivo e o outro negativo. –5 e –8, pois (–5) + (–8) = –13 e (–5) u (–8) = 40. f) – 6 e – 40 4 e –10, pois 4 + (–10) = –6 e 4 u (–10) = –40. 75 17. Use a ideia da soma e do produto e fatore os trinômios de 2o grau, conforme o exemplo a seguir: d) x2 + 5x – 36 = 0 (x + 9) u (x – 4) = 0, logo, x = –9 ou x = 4. e) x2 – 13x + 36 = 0 a) x2 + 17x + 30 I. Descobrir dois números cuja soma seja 17 e cujo produto seja 30: 2 e 15. II. Fatorar o trinômio x2 + 17x + 30: (x + 2)u(x + 15). III. Verificar se o produto obtido corresponde ao trinômio original: x2 + 15x + + 2x + 30 = x2 + 17x + 30. b) x2 – 12x + 32 (x – 4) u(x – 8) (x – 4) u (x – 9) = 0, logo, x = 4 ou x = 9. Em casos particulares, como x2 – 9 ou x2 – 4x, também é possível aplicar o mesmo procedimento. Na primeira situação, a soma dos números é zero, o que significa que são números opostos. Como o produto é –9, os números procurados são –3 e +3. Trata-se, portanto, da fatoração em (x + 3) u(x – 3). No segundo caso, o produto é zero, ou seja, um dos fatores é zero. Como a soma é – 4, uma das parcelas deve ser – 4. Trata-se da fatoração em (x – 0) u(x – 4) = x( x – 4). c) x2 – 7x – 60 (x + 5) u(x – 12) d) x2 – 4x – 60 (x – 10) u(x + 6) 18. Resolva as equações a seguir usando a fatoração de 2o grau (método da soma e do produto): a) x2 – 2x – 15 = 0 Fatorando o trinômio, obtemos (x – 5) u (x + 3) = 0 Logo, x = 5 ou x = –3. b) x2 + 7x + 12 = 0 (x + 3) u (x + 4) = 0, logo, x = –3 ou x = –4. c) x2 – 12x + 36 = 0 (x – 6) u (x – 6) = 0, logo, x = 6. 76 Observamos, portanto, que no desenvolvimento desse tema, o processo de fatoração que envolve o produto de dois binômios com um termo em comum, que é a variável da expressão, engloba os processos de fatoração tratados anteriormente. Para fixar essas ideias, o professor pode propor aos alunos uma série de atividades como as que apresentamos a seguir. Mais adiante, esse processo de fatoração será aplicado à resolução de equações de 2o grau que, como dissemos, será o momento de abordar as relações entre a soma e o produto das raízes e os coeficientes da equação. 19. Ao preparar uma atividade para seus alunos, um professor queria escrever uma equação o de 2 grau cujas raízes fossem os números 8 e 9. Ele procedeu da seguinte maneira: Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 (x – 8) u (x – 9) = 0 é uma equação cujas raízes são 8 e 9. Aplicando a propriedade distributiva, obtemos: x2 – 9x – 8x + 72 = 0, ou seja, x2 – 17x + 72 = 0. Assim, o professor obteve uma equação de 2o grau, na forma ax2 + bx + c = 0, com as raízes desejadas. Escreva equações de 2o grau que tenham como raízes os números a seguir: a) –5 e 3 (x + 5) u(x – 3) = 0 x2 + 2x – 15 = 0 b) 4 e 12 (x – 4) u(x – 12) = 0 x2 – 16x + 48 = 0 c) –2 e –2,5 (x + 2) u(x + 2,5) = 0 x2 + 4,5x + 5 = 0 d) – 1 2 e 2 3 ൭x + 1 2 ൱ u ൭x – ൱= 0 2 3 x2 – 1 1 x– =0 6 3 e) 0 e 12 (x) u (x – 12) = 0 x2 – 12x = 0 f) 5 e –5 (x + 5) u ( x – 5) = 0 x2 – 25 = 0 Professor, você pode complementar a explicação com o seguinte problema. Um aluno da 8a série/9o ano fatorou a expressão 3x2 – 6x – 24: I. Colocou o 3 em evidência: 3(x2 – 2x – 8) II. Fatorou a expressão em x, pensando em quais são os números cujo produto é –8 e cuja soma é –2, encontrando que: x2 – 2x – 8 = (x – 4) u(x + 2). III. Por fim, escreveu que 3x2 – 6x – 24 = = 3(x – 4) u(x + 2). Com relação a esse tipo de procedimento, o professor poderá propor que seus alunos reflitam sobre as seguintes questões: f Como podemos verificar se o procedimento aplicado pelo estudante está correto? Uma das possibilidades é desenvolver o segundo membro e verificar se a igualdade se mantém, o que veremos que ocorrerá. f Seguindo esse procedimento, fatore essas expressões: I) 6y2 – 12y – 144 6(y2 – 2y – 24) = 6(y – 6) u (y + 4) II) 2y2 – 5y + 2 5 1 2൭y2 – y + 1൱ = 2൭y – ൱ u (y – 2) 2 2 Professor, sugira, neste momento, algumas equações de 2o grau para que o aluno aplique os conhecimentos trabalhados. A ideia central é agregar uma série de conhecimentos que permitam relacionar as raízes da equação com seus coeficientes, isto é, dada uma equação de 2o grau ax2 + bx+ c = 0, com a ≠ 0 e x1 e x2 b c suas raízes, temos x1 + x 2 = – e x1 ⋅ x 2 = . a a 77 A seguir, sugerimos duas atividades. A primeira tem o objetivo de exercitar o método aprendido. A segunda permite a comparação de processos diferentes de resolução, explorando a ideia de que uma expressão pode ter diferentes expressões equivalentes a ela e pode ser proposta como projeto a ser desenvolvido extrassala. I) Aplique a fatoração para resolver as equações a seguir: x2 –7x + 6 = 0 x2 – 7x + 6 = (x – 6) u(x – 1) = 0 S = {1, 6} 2x2 + 3x – 2 = 0 2x2 + 3x – 2 = 2൭x2 + 3 x – 1൱ = 2 = 2൭x – 1 2 ൱. (x + 2) S = ቊ 1, – 2ቋ 2 II) Muitos dos processos de resolução de equações foram aprendidos pela leitura e análise de antigos manuscritos egípcios, gregos, hindus e árabes. Imagine que os alunos de sua 8a série/9o ano se proponham deixar para as turmas futuras um documento que registre e explique as formas de resolução de equações de 2o grau. Sugira que assumam essa tarefa para a equação x2 – 10x + 24 = 0. É possível que apareçam argumentos relacionados ao método do completamento do quadrado e à fatoração como um produto de dois binômios utilizando, inclusive, a forma figurativa. A seguir, indicamos duas possíveis soluções para essa atividade. 1a Solução: Inicialmente, os alunos fatoraram a equação como um produto de dois binômios com um termo x em comum, observando que –6 – 4 = = –10 e que (–6) · (–4) = 24 78 x2 – 10x + 24 = 0 (x – 6) u (x – 4) = 0 Em seguida, aplicando a ideia de que um dos produtos deve ser zero, chegaram às seguintes expressões: (x – 6) u (x – 4) = 0 x–6=0 x=6 ൝ ൝ x–4=0 x=4 E concluíram S = {4, 6} Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 2a Solução: x2 – 10x + 24 = 0 x2 – 10x = – 24 Aplicaram o método da completude do quadrado e fatoraram a expressão em um produto notável. A seguir, aplicaram propriedades algébricas. (x – 5)2 = 1 x–5=± 1 x – 5 = ±1 ൝ Concluíram que: E deram a solução x – 5 = +1 x – 5 = –1 ൝ x=6 x=4 S = {4, 6} Professor, você pode utilizar a tabela a seguir para retomar as formas fatoradas e as soluções de equações de 2o grau. Algumas Equação x2 – 10x + 25 = –24 +25 das equações listadas já foram trabalhadas, permitindo que os alunos realizem com mais facilidade o preenchimento da tabela. Forma fatorada Solução (x – 4) u(x + 2) = 0 S={4, – 2} b) x2 – 8x + 16 = 0 (x – 4)2 = 0 S={4} c) x2 – 10x + 24 = 0 (x – 4) u(x – 6) = 0 S={4, 6} x u(x + 2) = 0 S={0, – 2} 6(x – 6) u(x + 4) S={6, – 4} 2 a) x – 2x – 8 = 0 d) x2 + 2x = 0 e) 6x2 – 12x – 144 = 0 f) 2x2 – 5x + 2=0 2 u൭– Professor, sugira a construção de uma nova tabela, como a apresentada a seguir e, com base nela, proponha aos alunos o levantamento de hipóteses que permitam estabelecer relações entre os valores dos termos não comuns e as raízes, entre a soma dos termos e a soma das raízes, entre o produto dos termos e o produto das raízes 1 ൱u(x – 2) 2 S = ൝ 1 , 2ൡ 2 e a relação entre estes e os coeficientes da equação. Essa análise dos valores da tabela pode ser considerada uma forma indutiva de encontrar um método geral de resolução de equações quadráticas. Algumas perguntas que podem ser formuladas aos alunos: 79 f Que relação existe entre os termos não comuns da forma fatorada e as raízes? Justifique. f Que relação existe entre a soma dos termos não comuns e a soma das raízes? Justifique. f Que relação existe entre o produto dos termos não comuns e o produto das raízes? Justifique. Equação Forma fatorada Soma Produto ProTermos dos Soma dos Raízes da duto não termos das termos equação das comuns não raízes não raízes comuns comuns a b c –8 x2 – 2x – 8 = 0 (x – 4) u (x+2) = 0 – 4 + 2 +4 – 2 –2 +2 –8 –8 1 –2 x2 – 8x + 16 = 0 (x – 4) 2 = 0 –8 +8 + 16 + 16 1 – 8 + 16 x2 – 10x + 24 = 0 (x – 4) u (x – 6) = 0 – 4 – 6 + 4 + 6 – 10 10 + 24 + 24 1 – 10 + 24 x2 + 2x = 0 x (x+2) = 0 6x2 – 12x –144 = 0 6 (x – 6) u (x+4) 2x2 – 5x + 2 = 0 2൭x – –4 –4 +4 +4 0 +2 0 –6 4 6 –2 +2 –2 0 0 –4 –2 +2 – 24 – 24 6 – 12 – 144 5 2 +1 +1 2 1 5 1 1 ൱ u (x – 2) – –2 + +2 – 2 2 2 2 Deve-se tomar cuidado quando a equação possuir uma só raiz, como (x – 4)2 = 0. Nesse caso, podemos considerar que a raiz dessa equação é dupla. É importante, mais uma vez, que os alunos façam os registros de suas conclusões. 80 f Que relação existe entre a soma das raízes e os coeficientes de a e b? Justifique. f Que relação existe entre o produto dos termos não comuns e os coeficientes de a e c? Justifique. f Que relação existe entre o produto das raízes e os coeficientes de a e c? Justifique. 1 +2 0 –5 +2 Em tais atividades, é de se esperar que eles exponham dúvidas e opiniões. Geralmente, o encontro de relações vem acompanhado de reflexões, de troca de ideias com o outro, em duplas ou em grupos maiores. O que precisa a ser observado é o grau de interesse dos alunos, ainda que acarrete uma Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 aparente desorganização da sala. É no momento de exposição das conclusões individuais à turma que o professor deve garantir um nível maior de organização, o que permitirá a compreensão e participação de todos. Nesta atividade, o professor pode comentar com os alunos que as soluções zeram os fatores da forma fatorada. Assim, a raiz 4 da equação x2 – 2x – 8 = (x – 4) u(x+ 2) = 0 zera o fator (x – 4) e a raiz –2 zera o fator (x + 2). Ou seja, o sinal das raízes é sempre oposto ao sinal do termo não comum na forma fatorada. Portanto, o sinal do produto das raízes é o mesmo do produto dos termos não comuns, pois, como o sinal de ambos os termos se opõem (–4 fica +4, +2 fica –2), o sinal do produto se manterá. Contudo, na adição, a situação não é a mesma. A soma de – 4 + 2 tem sinal oposto à soma +4 –2. Podemos, assim, concluir que a soma das raízes (x1 + x2) terá sinal oposto à soma dos termos não comuns da forma fatorada (a + b). ax2 + bx + c = 0 ax 2 b c 0 + x+ = a a a a x2 + b c x+ = 0 a a Processo de fatoração Dada a equação x2 + 3x – 40 = 0, temos: f f f f O produto dos termos não comuns: – 40 A soma dos termos não comuns: 3 Os termos não comuns: 8 e –5 Forma fatorada: (x + 8) u(x – 5) = 0 Portanto, as raízes serão: –8 e 5. Repare que o produto entre os termos não comuns coincide com o produto das raízes (+8) u (–5) = (–8) u (+5) = = – 40 e a soma dos termos não comuns tem o sinal oposto ao da soma das raízes [8+(–5)] = – [5+(–8)]. Professor, caso sinta necessidade de demonstrar a generalidade dessa evidência, pode aplicar em sala de aula o procedimento a seguir. Dada a equação quadrática ax2 + bx + c = 0, com a ≠ 0, se a forma fatorada for a(x – x1)u(x – x2), então os termos não comuns serão –x1 e –x2 e as raízes serão: x1 e x2. Fatorando como produto de dois binômios a(x – x1) u(x – x2) = 0 Aplicação da distributiva a(x2 – x ux2 – x ux1 + x1 ux2) = 0 Colocando o fator x em evidência a[x2 – (x1 + x2)x + x1 ux2] = 0 Dividindo ambos os membros da equação por a, lembrando que a ≠ 0 x2 – (x1 + x2) x + x1 ux2 = 0 Vamos observar os coeficientes dos termos de mesmo grau x2 – (x1 + x2)x + x1 ux2 = 0 81 Portanto, – ( x1 + x 2 ) = Uma possível resposta seria: b isto é: a e que x1 + x 2 = – x1 · x2 = b a c a Com base nessas conclusões, o professor pode sugerir algumas equações de 2o grau para serem resolvidas pelo método da soma e do produto das raízes. Muitos livros didáticos trazem uma lista de exercícios que abordam esse tema. f Construa uma equação de 2o grau, que 1 2 tenha raízes – e . 2 3 6x2 – x – 2 = 0 ou ൭x + 1 2 ൱ u ൭x – ൱ = 0. 2 3 Do mesmo modo, serão várias equações que dependem do coeficiente a. f Observe a tabela a seguir e complete as colunas vazias: Resolvendo sem fatorar Professor, proponha agora os seguintes problemas. III) Peça aos alunos que, com base em suas conclusões, descubram quais são as raízes das equações sem fatorá-la: f x2 – 2x – 15 = 0 5 ou –3. f x2 + 7x + 12 = 0 –3 ou –4. f x2 – 12x + 36 = 0 6 (raiz dupla). o 2 IV) Dada uma equação de 2 grau ax + bx + + c = 0, com raízes x 1 e x 2, sua fatoração será a(x – x1) u (x – x2). f Determine uma equação de 2o grau com raízes iguais a –5 e 3. 82 1(x + 5) u(x – 3) = 0 ou x2 + 2x –15 = 0. O aluno poderá encontrar outras equações dependendo do valor atribuído ao coeficiente a. b a c a x1 x2 x2 – 5x + 4 = 0 5 4 1 4 x2 + 3x – 28 = 0 –3 –28 –7 4 x2 + 5x + 6 = 0 –5 6 –2 –3 3x2 – 3 = 0 0 –1 –1 1 x2 – 4x = 0 4 0 0 4 3x2 – 6x +3 = 0 2 1 1 1 Equação – Até o momento, privilegiamos a resolução de equações de 2o grau pelo método da fatoração, que, por sua vez, teve grande apoio na representação geométrica. O importante, aqui, é que o aluno pôde construir uma série de habilidades algébricas e geométricas em vários assuntos da Matemática. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Relate para a turma que, em meados do século XII, viveu na Índia um dos maiores matemáticos da época, conhecido como Bhaskara. Em seu tratado mais conhecido, chamado Lilavati, encontra-se uma série de estudos sobre equações lineares, quadráticas, progressões aritméticas e geométricas, entre outros assuntos matemáticos. A fórmula que permite a resolução de uma equação de 2o grau foi batizada com o nome desse estudioso. Vale ressaltar que sua demonstração apoia-se em conhecimentos matemáticos anteriores, como dos babilônios e árabes. Caso seja do interesse do professor, há livros de história da Matemática, como o clássico de Carl Boyer, que apresentam citações sobre Bhaskara e sua obra, Lilavati. A seguir, trazemos uma demonstração algébrico-geométrica da fórmula resolutiva, quadrática, ou ainda de Bhaskara, que permite a obtenção das raízes de uma equação de 2o grau. Aqui, aplicaremos o método de Al-Khowarizmi, isto é, o método de completar quadrados a uma equação geral de 2o grau. Assim, obteremos uma fórmula que servirá para calcular as raízes de qualquer equação de 2o grau. Considere, inicialmente, a possibilidade de resolução da equação geral: ax2 + bx + c = 0 (a ≠ 0, a, b e c reais). A equação geral pode ser escrita da forma: ax + bx = – c. 2 I. Dada a expressão ax2 + bx = – c, dividindo-se todos os termos por a, teremos: b c x2 + x = – a a Portanto, vamos interpretar x2 como a b área de um quadrado de lado x e x como a b a área de um retângulo de lados x e . a b a x x bx a x x2 II. Dividimos o retângulo em dois retângulos de áreas iguais e, assim, podemos escrever a equação na seguinte forma geométrica x mais x x bx bx 2a 2a b 2a III. Vamos colocar os dois retângulos ao longo dos lados dos quadrados e completar o quadrado com um quadradinho de lados b : 2a b x x b 2a 2a x2 ൭ b 2a 2 ൱ 83 IV. A área desse novo – 4ac + b2 c b2 = – + 4a 2 4a 2 a b . mede x + 2a quadrado é e seu lado x = 1 ou x = –3 b) 3x2 + 5x + 2 = 0 x = –1 ou x = – Portanto, podemos escrever a seguinte 2 a) x2 + 2x – 3 = 0 2 – 4ac + b b⎞ : equação ⎛⎜ x + = ⎟ ⎝ 2a ⎠ 4a 2 2 3 c) 7x – x2 – 6 = 0 x = 1 ou x = 6 Aplicando as propriedades algébricas, temos: d) 2x2 + x = 1 – 4ac + b2 b⎞ ⎛ = ± x + ⎟ ⎜⎝ 2a ⎠ 4a 2 x = –1 ou x = + e) 3x2 – 2x + 1 = 0 2 Então, x + b – 4ac b , logo, ± 2a 2a b – 4ac +b2 , do que se conclui que ± 2a 2a os valores de x que satisfazem a equação são x = – dados pela expressão: x – b ± b2 – 4ac . 2a Indicando-se as raízes da equação por x1 e x2 teremos, portanto: x1 e x2 – b – b2 – 4ac . 2a 1 2 – b + b2 – 4ac 2a Nesse momento, o professor pode propor algumas equações para os alunos resolverem, atento ao fato de que o reconhecimento dos coeficientes é parte essencial da aplicação da fórmula. Não tem solução real. f) 4x2 + 12x + 9 = 0 x=– 3 2 Discussão das raízes 21. Discuta com seus colegas a afirmação a seguir e registre suas conclusões: “Dependendo do valor da expressão b2 – 4ac, uma equação de 2o grau pode admitir duas raízes reais distintas, duas raízes reais idênticas (uma raiz dupla), ou não admitir raízes reais.” O valor da expressão b² – 4ac é tão importante para a fórmula que foi denominado discriminante. De fato, seu valor distingue se uma equação de 2o grau pode admitir duas raízes reais distintas, ou duas raízes reais idênticas (uma raiz dupla), ou então não admitir raízes reais. Ele foi representado por uma letra 20. Resolva as equações a seguir usando a fórmula de Bhaskara: x – b ± b2 – 4ac . 2a Lembre-se de que, para aplicá-la, a equação deve estar na forma ax2 + bx + c = 0. 84 grega 6 (delta). Assim, 6 = b2 – 4ac. Como ele é o radicando de uma raiz quadrada, podemos estabelecer as seguintes relações: Δ=0 Δ>0 Δ<0 Duas raízes reais idênticas (uma raiz dupla). Duas raízes reais distintas. Não admite raízes reais. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Na sequência, antes de voltarmos à aplicação da fórmula de Bhaskara, o professor pode apresentar aos alunos o seguinte conjunto de atividades, a fim de estimular a discussão sobre a importância do discriminante (6). Após essa discussão, o aluno pode ser convidado a resolver outras questões envolvendo equações de 2o grau, que propiciem a aplicação, ampliação e aprofundamento das noções desenvolvidas até aqui. Resolvendo equações de 2o grau Diante de uma lista de equações de 2o grau para resolver, um aluno começou calculando o valor da expressão: b2 – 4ac, para cada equação, e encontrou os seguintes valores: 1) – 4 2) 36 3) 0 25 4) 9 5) 6) 7) 8) 9) –4 81 – 64 200 100 22. Resolva as equações a seguir por meio de método que julgar mais apropriado. Lembre-se de que uma equao ção de 2 grau pode ter duas raízes reais distintas, uma raiz real dupla ou nenhuma raiz real. a) x2 – 4x + 4 = 0 x1 = x2 = 2 b) y2 + y + 1 = 0 Não existem raízes reais. c) x2 = 8x – 15 x1 = 3; x2 = 5 d) y + 2y2 = 4 y1 = –1 – 33 ; y2= –1 + 33 4 4 Responda e justifique suas respostas. f Quais das equações dadas admitem duas raízes reais distintas? 2, 4, 6, 8 e 9. f Quais das equações dadas admitem duas raízes reais idênticas? Apenas a 3. f Quais das equações dadas não admitem raízes reais? 1, 5 e 7. As justificativas passam pelos valores e pelos sinais de 6. 23. Justifique o fato de as quatro equações a seguir terem as mesmas raízes: –x2 + 2x + 3 = 0; x2 – 2x – 3 = 0; –10x2 + + 20x + 30 = 0; – 0,5x2 + x + 1,5 = 0; Qualquer uma dessas equações é resultado da multiplicação de dois membros por um mesmo número real diferente de zero. Assim, pelo princípio multiplicativo da igualdade, todas são equações equivalentes e, por isso, têm as mesmas raízes. 24. Desenvolvendo-se algebricamente as equações a seguir, é possível obter a equações de o 2 grau. Utilize essa estratégia para resolvê-las. 85 a) x+5 2 = 3 x x1 = –6; x2 = 1 b) 10 2 9 = + x +1 x x + 2 x1 = 1; x2 = 4 c) 2 24 + = 10 x –1 x –1 2 x1 = – 9 ; x2 = 2 5 Nesses exemplos não há caso em que uma raiz determinada pela aplicação da fórmula de Bhaskara anule o denominador de fração inicial. Todavia, será importante o professor discutir esse aspecto com seus alunos e, se possível, apresentar a eles uma equação que admita raiz estranha. Nesse caso, sugerimos a 2 x–2 2 = 2x2 + 2 . seguinte equação: x+1 x–1 x –1 Com a fórmula em mãos, o professor pode demonstrar, a partir das raízes – b – b2 – 4ac – b + b2 – 4ac ,a e x2 = 2a 2a validade da ideia da soma e do produto das raízes. Esse fato está disponível na maioria dos livros didáticos destinados a esse assunto. x1 = Considerações sobre a avaliação Os objetivos traçados para esta Situação de Aprendizagem incluem conhecimento de situações que exigem resolução de equações de 2o grau, a aplicação de conhecimentos matemáticos referentes a outros contextos, como propriedades de potências, métodos de resolução de 86 equações lineares, construção de tabelas, cálculo mental e aplicação de processos de fatoração. A grande ênfase dada às resoluções apoiadas em processo de fatoração tornou os produtos notáveis um conhecimento a ser aprendido e aplicado em novos contextos. Mais uma vez, combinando a abordagem algébrica com a geométrica, resgatamos, de forma lógica, o processo histórico que envolveu o tratamento de equações quadráticas. Desse modo, ao final desta Situação de Aprendizagem é desejável que os alunos tenham compreendido, além dos processos de resolução, o movimento conceitual de resolução desses tipos de equação. Quando a fórmula de Bhaskara for apresentada, os alunos devem ficar totalmente à vontade para escolher o processo de resolução que preferirem. Contudo, vale a pena o professor diversificar os tipos de exercício entre aqueles que exigem a resolução ou o uso da fórmula e aqueles em que o cálculo mental e os processos de fatoração sejam suficientes. O tema desta Situação de Aprendizagem pode ser avaliado de forma contínua, acompanhando o desenvolvimento pessoal e coletivo da turma na resolução das atividades propostas, individualmente e em grupo. Em vários momentos, as atividades privilegiaram a participação e o envolvimento do aluno na proposta e isso pode ser avaliado pelo professor por meio de suas observações. Nas avaliações, o professor pode explorar as ideias fundamentais abordadas nos exercícios exemplares, propondo-lhes alteração nos enunciados ou em sua forma de apresentação. Vale ressaltar a importância de que o professor, ao ler atentamente as atividades propostas neste material, Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 possa combiná-las com as listas e metodologias construídas ao longo de sua prática docente. A próxima Situação de Aprendizagem tem como foco a aplicação da resolução de equações em diferentes contextos. Desse modo, caso fiquem pendentes algumas considerações, o professor poderá desenvolvê-las posteriormente. Da mesma forma, as atividades seguintes constituirão uma possibilidade para o professor ampliar sua avaliação sobre os conhecimentos adquiridos pelos alunos. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6 EQUAÇÕES DE 2o GRAU NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Conteúdos e temas: problemas envolvendo equações de 2o grau. Competências e habilidades: compreender a linguagem algébrica na representação de situações que envolvem equações de 2o grau; resolver equações de 2o grau em problemas contextualizados. Sugestão de estratégias: apresentação de um conjunto de exercícios exemplares que exploram diferentes contextos de aplicações sobre o tema. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 6 Os problemas propostos a seguir têm o objetivo de pôr em prática a resolução de equações de 2o grau em problemas contextualizados. É importante lembrar aos alunos que nem sempre é necessário o uso de fórmula para resolver uma equação desse tipo, mas, quando julgarem necessário, poderão usá-la livremente. A Índia foi palco de grande desenvolvimento matemático entre os séculos VII e XII. Embora não haja evidências históricas que associem a fórmula para a resolução de uma equação de 2o grau à figura do matemático hindu Bhaskara, o povo hindu em geral deu valiosas contribuições no campo das ideias matemáticas. Relevantes contribuições no campo das equações também foram dadas pelos árabes e babilônios. As atividades apresentadas a seguir resgatam modelos de problemas que esses povos criaram para aplicar e registrar seus conhecimentos sobre equações quadráticas. Alguns desses modelos são adaptações do livro Lilavati, escrito por Bhaskara. 1. Responda às seguintes questões: a) O quadrado da oitava parte de um bando de macacos saltitava em um bosque 87 divertindo-se com a brincadeira, enquanto os 12 restantes tagarelavam no alto de uma colina. Quantos macacos constituem o bando? c) Adicionei sete vezes o lado de um quadrado a onze vezes a sua área e o resultado foi 6,25. Qual é a medida do lado do quadrado? Se considerarmos x o total do bando, temos que ൭ x ൱ + 12 = x. 8 A equação será 11x2 + 7x = 6,25. As raízes da equação serão 11 e – 25 . No entanto, somente a solução positiva tem 22 22 significado nesta situação: o lado do quadrado deve ser 0,5. 2 Resolvendo a equação, encontramos duas possibilidades: 16 e 48. b) Em ambas as margens de um rio existem duas palmeiras, uma em frente à outra. A altura de uma é 30 côvados; a da outra, 20. A distância entre seus troncos é de 50 côvados. Na copa de cada palmeira está um pássaro. Subitamente os dois pássaros descobrem um peixe que aparece na superfície da água. Os pássaros lançam-se sobre ele e o alcançam no mesmo instante. Qual é distância entre o tronco da palmeira maior e o peixe? A situação está ilustrada na figura a seguir: 2. Perguntaram a um professor de Matemática sobre o número de pessoas que o acompanharam na visita a uma exposição. Como resposta, o professor criou um problema, explicando que todas as pessoas que o acompanharam, ao se encontrarem, cumprimentaram-se apertando as mãos e, assim, ele observou 66 cumprimentos. Quantas pessoas acompanharam o professor? Geralmente, no início do problema devemos decidir se o professor será ou não considerado no total de pessoas. No caso, podemos supor que ele observou os cumprimentos © Conexão Editorial entre as pessoas, logo, desconsideramos os referentes a ele. Para resolver este problema, o aluno deve considerar inicialmente que o número de cumprimentos que cada pessoa dá é uma unidade a menos que o número total de pessoas. Afinal, uma pessoa não se cumprimenta a si mesma. Indicando 30 por x o número de pessoas, o número total de cumprimen- 20 x tos será x(x – 1). Em seguida, como o cumprimento do aluno A ao aluno B é o mesmo cumprimento de B ao aluno A, esse 50 – x meira maior e o peixe. Como os pássaros chegam ao mesmo total de cumprimentos poderá ser expresso pela equação x(x – 1) = 66, isto é, x2 – x – 132 = 0, que terá como raízes os 2 números 12 e –11. Como a raiz negativa não tem significado, tempo, devemos considerar que a distância por eles percorrida é podemos concluir que 12 pessoas acompanharam o profes- a mesma. Portanto, os dois triângulos retângulos possuem a mes- sor. Observe a tabela a seguir: Consideremos inicialmente x a distância entre o tronco da pal- ma medida de hipotenusa. Dessa forma, aplicando o Teorema de Pitágoras, podemos escrever que 302 + x2 = 202 + (50 – x)2. o 2 Embora pareça uma equação de 2 grau, os termos em x se cancelarão, resultando em uma equação de 1o grau de raiz 20. Logo, o peixe apareceu a 20 côvados da palmeira maior. 88 Número de pessoas 1 2 3 4 5 x ... Número de cumprimentos 0 1 3 6 10 x(x – 1) 2 ... Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 B 3. Mostre que não existem dois números reais tais que sua soma seja igual a 5 e seu produto igual a 10. C A D Na resolução desta questão, o aluno obterá a equação H x² – 5x + 10 = 0, cujo discriminante é negativo, indicando, E assim, que não existem dois números reais que satisfazem as condições do problema. 4. Considere a equação de 2o grau x2 + bx + + 9 = 0, sendo b um número real. a) Substitua b por 10 e calcule as raízes da equação. G F Com base nessa definição: a) Quantas diagonais tem um retângulo? E um pentágono? Retângulo: 2 diagonais; –9 ou –1 pentágono: 5 diagonais. b) Determine um valor de b para o qual a equação possua duas raízes reais e iguais (pode-se dizer também uma raiz real dupla). b) Complete a tabela apresentada a seguir Número de lados de um polígono Número de diagonais de um polígono 3 0 4 2 5 5 Uma possível resposta: b = 5, uma vez que essa questão não 6 9 tem uma única resposta e sua discussão permite antecipar a 7 14 compreensão de noções importantes relacionadas à função ... ... n n(n – 3) 2 –6 ou 6 c) Determine um valor de b para o qual a equação não possua raízes reais. modular, que poderão ser desenvolvidas mais adiante, durante o Ensino Médio. A seguir, vamos explorar algumas relações, fatos e propriedades geométricas em que se aplicam equações de 2o grau. c) Qual é o número de diagonais de um polígono com 15 vértices? 90 5. A diagonal de um polígono convexo é o segmento que une dois vértices não consecutivos. Por exemplo: na figura a seguir, os vértices C, D, E, F e G não são consecutivos ao vértice A. d) Sabendo que um polígono tem 44 diagonais, quantos lados tem esse polígono? 11 lados 89 e) Utilizando seus conhecimentos sobre equações de 2o grau, mostre que não existe um polígono com exatamente 42 diagonais. o número de fios de linha azul em 5, sendo que o total de pontos de cruzamento entre as linhas azuis e vermelhas é igual a 6 800. Calcule o número de fios de linhas azul e vermelha usados na confecção desse tecido. Basta mostrar que a equação n2 – 3n – 84 = 0 não possui raízes inteiras positivas. fios de linha vermelha x fios de linha azul 6. O projeto de um jardim retangular prevê que se coloquem pedras ornamentais, formando com o jardim uma área maior, também retangular. Na figura a seguir, a região cinza representa o lugar onde as pedras deverão ser colocadas. 15 m Se o número de fios azuis for igual a x, o de fios vermelhos será x + 5. O total de cruzamentos entre os fios, nesse caso, poderá ser representado pela expressão xu(x + 5). Temos a equação: x(x + 6m + 5) = 6 800 que apresenta solução x = 80 ou x = –85. Assim, o número de fios azuis é 80 e o de fios vermelhos é 85. x Sabendo que a área ocupada pelas pedras é de 46 m2, calcule a medida x em metros. A figura pode ser dividida conforme indicado a seguir: x 15 6 x+6 8. Um vitral retangular colorido de dimensões 2 m por 4 m será emoldurado conforme indica a figura a seguir. Sabendo que a área total da moldura é 7 m2, calcule a medida x do lado dos quadrados nos cantos da moldura, tendo em vista que os quatro cantos da moldura são quadrados idênticos. x x 4m x x x x Nessa condição, o valor de área dada pode ser aplicado na 2m seguinte equação: x(x + 6) + 15x = 46 Essa equação apresenta solução x = –23 ou x = 2. A resposta positiva é a que interessa à situação. Portanto, x = 2. 7. Em uma peça retangular de tecido, parcialmente representada na figura a seguir, o número de fios de linha vermelha excede 90 x x x x As raízes serão –3,5 e 0,5 m. Portanto, o valor de x será 0,5 m. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Desafio! b) x = x – 1+ 3 9. Com os procedimentos já estudados para solucionar equações de 2o grau, você pode resolver também equações de outros graus. Assim, resolva as seguintes expressões algébricas: Inicialmente, vamos isolar a raiz e depois elevar ambos os membros da equação ao quadrado: (x – 3)2 = x – 1 x2 – 6x + 9 = x – 1 x2 – 7x + 10 = 0 As soluções serão x = 2 ou x = 5. Contudo, temos que ve- 3 a) x – 6x = 0 3 rificar a validade das soluções. 2 x – 6x = 0, logo x(x – 6) = 0 Portanto, ou x = 0 ou x2 – 6 = 0 Ax = ± 6 . Assim, a equação tem como soluções S = { 0, 6 , – 6 }. Considerações sobre a avaliação Nesta Situação de Aprendizagem, foi proposta aos alunos uma série de atividades que envolvem equações de 2o grau e sua solução. Muitas delas já apontam para a relação entre duas grandezas, preparando noções sobre funções, tema das próximas Situações de Aprendizagem. É fundamental que o professor observe tanto a compreensão dos enunciados como os processos de resolução das equações. Em cada problema, podem-se recuperar as estratégias aprendidas e sugerir as formas mais adequadas de resolução. x=2 x=5 2= 2–1+3 5= 5–1+3 2= 1 +3 5= 4 +3 2 = 4 falso 5 = 5 (verdadeiro) S = {5} Uma ideia que o professor pode desenvolver, neste momento, é propor aos alunos a criação de problemas que envolvam a expressão e resolução de uma equação de 2o grau. Para isso, os alunos podem fazer pesquisas sobre fenômenos que são modelados por funções quadráticas. Ao recolher os trabalhos, o professor pode observar a criatividade com que foram elaborados os problemas e o rigor das resoluções. Valorizando a produção dos alunos, o professor pode discutir uma ou outra forma mais adequada de apresentar o problema e a resolução. 91 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7 GRANDEZAS PROPORCIONAIS: ESTUDO FUNCIONAL, SIGNIFICADOS E CONTEXTOS Conteúdos e temas: grandezas diretamente proporcionais; expressão algébrica da relação de proporcionalidade direta e inversa; noções de funções. Competências e habilidades: compreender a ideia de proporcionalidade; expressar situações e problemas em linguagem algébrica; aplicar as noções de proporcionalidade em diferentes contextos. Sugestão de estratégias: proposição de situações-problema envolvendo proporcionalidade. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 7 Para as atividades aqui apresentadas, considera-se a importância do desenvolvimento do raciocínio proporcional, por meio da exploração de situações que levem o aluno a observar a variação entre grandezas, estabelecer relação entre elas e construir estratégias de solução para resolver problemas que envolvam a proporcionalidade. Explorada em outros contextos, como na ampliação de figuras e na semelhança de triângulos, a proporcionalidade agora está no foco das noções básicas sobre função, ou seja, pretende-se propor situações cuja finalidade é o desenvolvimento de ideias relativas às funções, por meio de situações envolvendo a proporcionalidade. Vale lembrar que o raciocínio proporcional ocupa lugar de destaque na aprendizagem matemática e, por essa razão, está presente em várias Situações de Aprendizagem destes Cadernos. 92 Para resolver os problemas propostos, os alunos deverão identificar a natureza da variação entre duas grandezas, reconhecendo que duas grandezas, x e y, são diretamente proporcionais, quando a razão entre seus valores correspony dentes é constante: = constante = k e escrever, x portanto, que y = kx (k é uma constante). Para a resolução de algumas das situações seguintes, deve-se identificar a existência ou não de proporcionalidade, traduzindo-a por meio de uma relação algébrica – relação funcional – quando existir. Na caracterização dessa interdependência entre as duas grandezas, devemos identificar a que pode variar livremente, que será a variável independente, daquela que tem seu valor determinado pelo valor da outra, que será a variável dependente. Dessa forma, sendo x a variável independente, se a cada valor de x corresponder um único valor da variável dependente y, diremos então que y varia em função de x. Também são propostos problemas que tratam de duas grandezas, x e y, que variam Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 de tal modo que a proporcionalidade direta ocorre não entre y e x, mas entre quanto y varia a partir de certo valor h e x. Nesses casos, temos y – h = kx, ou seja, y = kx + h (k e h constantes), ou seja, y – h é diretamente proporcional a x, uma vez que podemos y−h escrever = k . Ou seja, estes problemas x têm por finalidade explorar a variação linear entre duas grandezas e suas aplicações. o 2. A tabela a seguir indica como varia a grandeza y em função da grandeza x. Analise-a e, levando em conta os valores apresentados, diga se as grandezas envolvidas são diretamente ou inversamente proporcionais, ou se não são nem direta nem inversamente proporcionais. Em cada caso, escreva a expressão algébrica que relaciona x e y. a) x 1 2 3 4 5 6 7 y 10 20 30 40 50 60 70 2 Quanto às funções de 2 grau y = ax + bx + c, apresentaremos algumas situações que estabelecem a proporcionalidade entre uma grandeza e o quadrado de outra. © Conexão Editorial 1. Discuta com seus colegas a seguinte situação: Paulo foi à feira e encontrou ofertas de maçãs: São grandezas proporcionais, pois, quando o valor de uma grandeza dobra, o valor correspondente à outra também dobra; quando triplica, o outro também triplica etc. Isto é, a razão x é constante e a sentença que expressa a relação y entre x e y é x ou y = 10x. y b) x 1 2 3 4 5 6 10 y 48 24 16 12 9,6 8 4,8 São grandezas inversamente proporcionais, pois, quando o valor de uma grandeza dobra, o valor correspondente à outra se reduz à metade; quando triplica, o outro se reduz a um terço etc. A razão x u y é constante, e a sentença que expressa a relação entre x e y é x u y = 48 ou y = 48 . x c) Em sua opinião, a oferta das 10 maçãs é vantajosa para Paulo? Justifique sua resposta. x 1 2 3 4 5 6 7 y 3 5 7 9 11 13 15 Não são grandezas nem direta nem inversamente proporcionais, pois não se observa um mesmo valor nem Podemos dizer que o preço de 10 maçãs está relativamente x y barato em comparação com o preço de 5. Se o preço fos- para nem para x u y. A expressão que relaciona x e y pode ser se diretamente proporcional ao número de maçãs, 10 delas y = 2x+1 (analisando a tabela, pode-se perceber que os valo- custariam R$ 2,00 e não R$ 1,80. Por isso, a oferta do feirante res de y são iguais ao dobro dos correspondentes valores de x era realmente boa para a compra de 10 maçãs. acrescidos de 1 unidade). 93 d) x 1 2 3 4 5 6 7 y 2 8 18 32 50 72 98 Também não são grandezas nem direta nem inversamente proporcionais, pois não se observa um valor constante nem para x nem para x u y. A sentença que relaciona x e y é y = 2x2 y (analisando a tabela, pode-se perceber que os valores de y são iguais ao dobro do quadrado dos correspondentes valores de x). cionalidade direta entre as medidas das grandezas correspondentes. Se houver, expresse tal fato algebricamente, indicando o valor da constante de proporcionalidade, quando possível. a) A massa m de uma pessoa é diretamente proporcional a sua idade t? Não. De fato, quando a idade de uma pessoa dobra, digamos, 3. Refaça a tabela apresentada na atividade 2, item c da seção Você aprendeu?, e verifique se há proporcionalidade entre x e y – 1. Justifique sua resposta. passa de 2 a 4 anos, não é verdade que sua massa também dobra. Se houvesse proporcionalidade direta, imagine a massa de uma pessoa aos quarenta anos... x y 1 3 2 5 3 7 4 9 5 11 6 13 7 15 b) Quando compramos x metros de determinado fio, o preço p a pagar é diretamente proporcional a x? y–1 2 4 6 8 10 12 14 Sim. O preço a pagar p é o produto do preço de 1 m do fio pela quantidade x de metros: p = kx, onde k é o preço de 1 m Sim, há proporcionalidade direta entre x e y – 1. Percebemos que a razão y – 1 é constante. Como y – 1 = 2, o valor 2 x x representa a constante de proporcionalidade. de fio. Mas, às vezes, o vendedor pode fazer algum desconto, 4. Faça a mesma análise com o item d da atividade 2 apresentado na seção Você aprendeu?, verificando se há proporcionalidade entre os valores de y e os de x2. Justifique sua resposta. c) O preço a ser pago por uma fotocópia é diretamente proporcional ao número de cópias? x x2 y se a pessoa comprar uma grande quantidade, e aí a proporcionalidade deixa de existir. Sim. De fato, quando o número de cópias dobra, digamos, 1 2 3 4 5 6 7 passa de 5 a 10, é verdade que o preço a ser pago também 1 4 9 16 25 36 49 dobra. 2 8 18 32 50 72 98 Construindo uma nova tabela, observamos que os valores de y são diretamente proporcionais ao quadrado de x, isto é, y é constante e, como y = 2, a constante de proporx2 x2 cionalidade é 2. d) O perímetro p de um triângulo equilátero é diretamente proporcional ao seu lado de medida a? O perímetro p é igual à soma das medidas dos três lados, ou seja, p é o produto da medida a do lado por 3, ou seja, p = 3a. 5. Em cada um dos casos apresentados a seguir, verifique se há ou não propor- 94 Portanto, o perímetro é proporcional à medida do lado do triângulo equilátero. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 e) A diagonal d de um quadrado é diretamente proporcional ao lado a do quadrado? a Velocidade: 0 10 20 30 40 50 100 120 v (km/h) Distância de segurança: 0 1 d (metros) 4 9 16 25 100 144 d Observando a tabela, concluímos que d = k u v2. a Sim, pois a diagonal d é igual ao produto de a por 2 , ou seja, d = 2 u a. Isso é possível de perceber aplicando-se o Teorema de Pitágoras. f) O comprimento C de uma circunferência é diretamente proporcional a seu raio r? Sim, pois o quociente entre C e r é igual a uma constante: 2/. Ou seja, C = 2/e C = 2/u r. r g) A área de um círculo é diretamente proporcional à medida do raio? E ao quadrado do seu raio? Como a área de um círculo é dada pela expressão A = /.r2, A observamos a seguinte proporcionalidade = /. Portanto, r2 a área de um círculo é proporcional ao quadrado do seu raio. 6. Ao dirigir um automóvel, o motorista deve estar atento à distância percorrida pelo automóvel quando o freio é acionado. O código de segurança nas estradas sugere uma relação entre a distância de segurança, isto é, a distância percorrida pelo carro após acionado o sistema de freios e a velocidade do automóvel no instante da frenagem. A tabela a seguir mostra alguns valores encontrados em uma pista de testes: a) Qual o valor da constante de proporcionalidade k? k= d = 1 = 4 = 1 v2 102 202 100 b) O automóvel encontra um obstáculo a uma distância de 83 m. Qual deve ser, aproximadamente, sua velocidade máxima de modo que ele não atinja o obstáculo? Aproximadamente 90 km/h. d= 1 v2 A83 = 1 v2 Av = 8 300 A v 90km/h 100 100 c) Qual a distância de segurança quando a velocidade do automóvel for v = 80 km/h? 64 m d= 1 u 802 A d = 6 400 = 64m 100 100 7. Para produzir x unidades de um produto A, o custo total C é composto de uma parcela fixa de mil reais e uma parcela variável, que é diretamente proporcional a x. O custo total da produção de x produtos é, então, C = 1 000 + kx, sendo C em reais. A constante k representa o aumento no custo total C quando a quantidade produzida aumenta uma unidade. Dado que, para produzir 100 unidades do produto A, o custo total é igual a R$ 1 500,00, responda às seguintes questões: 95 a) Qual o valor de k na expressão C = 1 000 + kx? Os valores são x = 100 e C = 1 500. Substituindo esses valores na expressão, chegamos ao valor de k = 5. Isso significa que, a cada quantidade produzida, o custo total aumenta em 5 reais. b) Em quanto aumentará o custo total se a quantidade produzida aumentar de 579 para 580? E de 2 938 para 2 939? Não, o custo total C não é diretamente proporcional a x, pois a razão C não é constante. Para x = 1, temos C = 1 005 e, x 1 010 1 005 ≠ , ou seja, C para x = 2, temos C = 1 010; 2 2 x não é constante. e) A diferença entre o custo total C e o custo fixo é diretamente proporcional a x? Sim, a diferença entre o custo total e o custo fixo é direta- Aumentará, em ambos os casos, 5 reais, pois a variação de mente proporcional a x, ou seja, o custo variável é diretamen- uma unidade produzida. te proporcional a x e a constante de proporcionalidade é 5. O professor, nesse caso, pode sugerir a construção de uma c) Para qual valor de x o custo variável será igual ao custo fixo? tabela, como a que é apresentada no item a seguir: x = 200, pois 5 u 200 = 1 000. f) De acordo com os dados apresentados no enunciado do problema, quais valores completam a tabela? d) O custo total C é diretamente proporcional a x? 96 Número de produtos (x) Custo total Diferença entre o custo total e o custo fixo (custo variável) Razão entre a diferença calculada ex 1 1 000 + 5 u 1 = 1 005 1 005 – 1 000 = 5 5 =5 1 2 1 000 + 5 u 2 = 1 010 1 010 – 1 000 = 10 10 =5 2 3 1 000 + 5 u 3 = 1 015 1 015 – 1 000 = 15 15 =5 3 4 1 000 + 5 u 4 = 1 020 1 020 – 1 000 = 20 20 =5 4 ... ... ... 10 1 000 + 5 u 10 = 1 050 1 050 – 1 000 = 50 50 =5 10 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 8. Uma determinada revista estadunidense apresentou duas leis que representam a relação entre o número do sapato (n) e o comprimento do pé (c) de uma pessoa em polegadas. Para as mulheres, a lei é n = 3c – 22 e para os homens, é n = 3c – 25. Assim, responda: a) Qual é o número do sapato de uma mulher cujo comprimento do pé é 13 polegadas? E o de um homem com 16 polegadas? tros), a pressão p é uma soma de duas parcelas: a pressão ao nível do mar mais a pressão resultante do peso da água, que é diretamente proporcional à profundidade x, ou seja, p = 1 + kx (p em atmosferas, x em metros e k, a constante de proporcionalidade). Sabendo que a cada 10 m que descemos verticalmente no mar, a pressão aumenta em 1 atmosfera, responda às questões a seguir: a) Qual é o valor de k na relação p = 1 + kx? Números 17 e 23. Quando se passa da superfície (x = 0) para uma profundidade b) Se um homem e uma mulher possuem o pé de mesmo comprimento, qual deles calçará o sapato de número maior? de 10 m (x = 10), a pressão aumenta de 1 atmosfera. Assim, A mulher. poderia ser mais rapidamente calculado dividindo o acrésci- a 10 m de profundidade, a pressão será 1 + 1 = 2 atmosferas. Logo, 2 = 1 + k u 10. Calculando k, obtém-se k = 0,1. Esse valor mo de 1 atmosfera de pressão por 10. c) Existe alguma medida de comprimento de pé que torne o número do sapato masculino igual ao feminino? b) Em quanto aumentará a pressão se des- Não. Construindo uma tabela, como a apresentada a seguir, A cada metro que descemos a pressão aumentar de observamos que a diferença entre os números dos homens e 0,1 atm. cermos verticalmente mais 1 m na água? das mulheres permanece em três unidades e que cada uma c) À qual profundidade x o valor da delas cresce com a mesma variação: 3 por polegadas. C 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Número (homem) 2 5 8 11 14 17 20 23 26 Número (mulher) 5 8 11 14 17 20 23 26 29 pressão triplica em relação ao valor na superfície? x = 20 m. d) A pressão p é diretamente proporcional à profundidade? Não, pois a razão entre p e h não é constante. 9. Quando mergulhamos no mar, a pressão aumenta com a profundidade. Na superfície do mar, a pressão é resultante do peso do ar atmosférico e sua medida é igual a 1 atmosfera. Quando nos encontramos a uma profundidade x (em me- e) A diferença entre a pressão p e a pressão na superfície é diretamente proporcional à profundidade? Sim, pois a razão entre a diferença das pressões (acréscimo de pressão) e a profundidade é constante. 97 © Conexão Editorial 10. A área A de uma imagem projetada é dada em função da distância d entre projetor e a tela. u d=1 d=2 d=3 a) Observe a figura e complete a tabela a seguir, que relaciona a área A da imagem com a distância d do projetor: Distância (d) 1 2 3 4 5 6 7 Área(A) (u) 1 4 9 16 25 36 49 11. Em finanças, dois conceitos muito importantes são o da oferta e o da demanda ou procura. A função oferta representa a relação entre o preço (p) necessário para que um fabricante produza certa quantidade (n) desses produtos. A função demanda representa a relação entre o preço (p) que os consumidores pagam pelo produto e a quantidade (n) de produtos produzidos. Supondo que a função oferta para determinada mercadoria seja p = 3n2 + 60n, para p dado em reais, responda: a) Qual o preço a ser oferecido caso a produção seja de 50 mercadorias? Atribuindo à variável independente n o valor 50, teremos o valor de p = 3 u 502 + 60 u 50 = 7 500 + 3 000 = 10 500 reais. b) Qual das expressões a seguir representa relação entre A e d? A = 2d ( ) A=d+4( ) 2 A=d+1( ) A=d ( ) b) O que ocorre com o preço à medida que o número de mercadorias produzidas aumenta? Podemos dizer que o preço p é proporcional ao número de mercadorias produzidas? Construa uma tabela para fundamentar suas conclusões e justifique. A expressão será A = d2 . c) A área A da imagem é diretamente proporcional à distância d do projetor? Se sim, quanto vale a razão de proporcionalidade? Para construir a tabela, devemos considerar somente valores naturais para n: A não é diretamente proporcional a d. d) A área A da imagem é diretamente proporcional ao quadrado da distância d ao projetor? Se sim, quanto vale a razão de proporcionalidade? 2 98 N 0 P 0 63 132 1 2 3 4 5 6 10 100 207 288 375 468 900 36 000 Com base nessa tabela, observamos que, à medida que n A área A é diretamente proporcional à distância d e a razão cresce, p também cresce. Contudo, observamos que p não de proporcionalidade é 1. é diretamente proporcional a n. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 Considerações sobre a avaliação Ao final desta Situação de Aprendizagem, é fundamental que os alunos reconheçam situações contextualizadas que podem ser modeladas por meio de uma expressão que relacione duas grandezas e que analisem se essa relação é direta, inversamente proporcional ou nem direta nem inversamente proporcional. A familiarização com o conceito de função está associada, particularmente, às observações das variações e das relações de interdependência na expressão algébrica ou na construção de tabelas. Nesse início, o professor pode observar que não foi dada muita evidência à linguagem formal para o tratamento de funções. Vale lembrar que uma abordagem mais sistematizada sobre funções é foco do conteúdo da 1a série do Ensino Médio. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE GRANDEZAS PROPORCIONAIS E DE ALGUMAS NÃO PROPORCIONAIS Conteúdos e temas: representação gráfica de grandezas direta e inversamente proporcionais e de grandezas que não são proporcionais; representação gráfica de diversos tipos de relação de interdependência linear e não linear; problemas de máximo e mínimo que envolvem funções quadráticas. Competências e habilidades: compreender situações que envolvem proporcionalidade direta, inversa e não proporcionalidade; expressar graficamente situações de interdependência entre grandezas. Sugestão de estratégias: exploração de diversos tipos de interdependência entre grandezas; utilização de situações-problema envolvendo construção e análise de gráficos. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 8 Na Situação de Aprendizagem anterior foram propostas atividades que envolviam a variação de duas grandezas, que eram diretamente proporcionais e as inversamente proporcionais. Tais relações foram descritas verbalmente, por meio de tabelas e também algebricamente. Uma vez que os gráficos são traçados no plano cartesiano, é importante que o professor investigue os conhecimentos prévios dos alunos referentes a coordenadas, par ordenado, quadrantes, eixos e origem do sistema. Caso identifique dificuldades, o professor pode iniciar seu trabalho retomando a construção dessas noções fundamentais. Com base nisso, pode sugerir que os alunos pesquisem e tragam alguns gráficos usados em jornais e revistas para a discussão em 99 sala de aula. As análises podem ser feitas com base em grandezas envolvidas, formas de crescimento ou decrescimento e pontos de máximos e mínimos. Nas primeiras atividades desta Situação de Aprendizagem, sugerimos algumas análises de fenômenos e suas representações gráficas. O objetivo aqui é explorar a ideia de que um gráfico é uma representação da variação entre duas grandezas. Essa representação, isto é, o gráfico da função, permitirá o levantamento de muitas hipóteses, além suscitar diferentes questões. A proporcionalidade entre grandezas é uma das formas mais comuns de ocorrências físicas. Como temos demonstrado, são várias as situações-problema sobre taxas de variações, como aquelas que encontramos em leis de movimento e de consumo. A representação geométrica da proporcionalidade direta, isto é, de expressões na forma algébrica y = mx, constitui uma classe de retas que passam pela origem do sistema cartesiano. Quando a variação entre as grandezas é dada na forma y = mx + n, a proporcionalidade agora será entre os valores de y – n e x. Nesse último caso, o gráfico também será uma reta, de mesma declividade m. Sendo n ≠ 0, o valor de n será aquele a partir do qual a variação em y é diretamente proporcional a x. Geralmente, nas situações contextualizadas, somente o traçado das curvas no primeiro quadrante tem significado. Contudo, é importante que o aluno construa os critérios associados ao domínio da função. Deve-se estar atento também à escala a ser escolhida, quando se constroem gráficos. Nesta Situação de Aprendizagem, são propostos problemas que tratam de represen- 100 tações gráficas de grandezas cuja variação é diretamente proporcional, inversamente proporcional ou não proporcional. Tais atividades têm por finalidade discutir: f os pontos do gráfico cartesiano que representam a variação de duas grandezas diretamente proporcionais (y = mx) pertencem a uma reta que passa pelo ponto (0; 0). Quando a função estiver expressa na forma y = mx + n, com n ≠ 0, a proporcionalidade se dará entre y – n e x; y y = mx + n y = mx n x 0 x1 x2 x3 x4 x5 f os pontos do gráfico cartesiano que representam a variação de duas grandezas inversamente proporcionais (x u y = k) pertencem a uma curva denominada hipérbole; Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 y a) 2 distância de casa 1 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 x –1 –2 f os gráficos de funções quadráticas são curvas denominadas parábolas e possuem concavidades para cima ou para baixo e um ponto de máximo ou de mínimo. tempo y 3 b) 2 distância de casa 1 x –2 –1 1 2 1. Considere as grandezas “distância de casa” e “tempo decorrido” nas situações a seguir e indique o gráfico que melhor corresponde a cada uma. I. Paulo saiu de sua casa de automóvel para ir ao trabalho, mas o pneu furou. Depois de trocá-lo, ele continuou o trajeto. Gráfico c tempo c) distância de casa II. Ana saiu de casa para ir ao banco, mas precisou retornar para pegar sua bolsa. Em seguida, ela foi ao banco. Gráfico d III. Pedro saiu de casa devagar, mas aumentou cada vez mais sua velocidade para chegar mais rápido ao seu destino. tempo Gráfico b 101 b) Qual é o volume de uma amostra de ferro de 15 g de massa? d) distância de casa 2 cm3 c) Explique por que as grandezas volume e a massa de amostras de ferro representadas no gráfico são grandezas diretamente proporcionais. Por meio da análise do gráfico, podemos verificar que a amostra de 1 cm3 de ferro tem massa 7,5 gramas. A massa de tempo 2 cm3 é 15 gramas, enquanto a de 4 cm3 é 30 g. Por outro lado, podemos ler o gráfico a partir do eixo vertical: o volume de uma amostra de ferro de massa 22,5 gramas é 3 cm3. Esse grá- 2. Mediram-se as massas de pequenas amostras de ferro de diversos volumes. A unidade de medida de massa foi o grama (g) e a de volume foi expressa em centímetros cúbicos (cm3). Com os dados encontrados, construiu-se o gráfico a seguir: fico mostra como varia a massa m (em gramas) de amostras de ferro de acordo com a variação do volume V dessas amostras. Observe, então, que ao duplicar o volume (de 1 cm3 para 2 cm3) a massa também duplicou (de 7,5 gramas para 15 gramas); ao triplicar o volume (de 1 cm3 para 3 cm3), a massa também triplicou (de 7,5 gramas para 22,5 gramas). Assim, concluímos que a massa (ferro) é diretamente proporcional massa (gramas) ao volume. 37,5 d) Qual é a constante de proporcionalidade? 30 Observando os valores das massas e dos volumes apresentados, verificamos que: 22,5 7,5 gramas = 7,5g/cm3 15 gramas = 7,5g/cm3 1 cm3 2 cm3 15 22,5 gramas = 7,5g/cm3. Portanto, ao variar o volume V 3 cm3 do bloco, sua massa também varia, mas o quociente entre a massa m e o volume V permanece constante (igual a 7,5 g/cm3). 7,5 0 1 2 3 4 5 volume (centímetros cúbicos) a) Qual é a massa de uma amostra de ferro cujo volume é 4 cm3? 30 g 102 e) Escreva a relação entre a massa, m, e o volume, V, por meio de uma expressão. m = 7,5 ou m = 7,5V. V Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 3. O gráfico a seguir indica a velocidade que um automóvel precisa alcançar em função do tempo para percorrer uma distância de 120 km. deles é dividido por 6, o correspondente à outra é multiplicado por 6, e assim por diante, ou seja, duas grandezas x e y são inversamente proporcionais quando os produtos dos valores de uma pelos correspondentes valores da outra forem constantes. Gráficos de grandezas inversa- v (km/h) 120 mente proporcionais são denominados hipérboles. c) Escreva a expressão que relaciona v e t. v u t = 120 4. Analise o gráfico a seguir. Ele indica o preço em reais de cada camiseta que uma confecção produz de acordo com o número de camisetas compradas pelas lojas. 60 40 30 24 20 y (preço em reais por item) 18 0 1 2 3 4 5 6 t (h) 16 14 a) Com base no gráfico, complete a tabela a seguir: 12 10 8 t (h) 1 1,5 2 v (km/h) 120 80 60 3 4 5 6 8 12 40 30 24 20 15 6 4 10 2 100 200 300 400 500 600 (quantidade de itens) b) Explique por que as grandezas “velocidade” e “tempo” representadas no gráfico são inversamente proporcionais. Podemos dizer que as grandezas envolvidas nesse problema – a velocidade média e o tempo gasto para se percorrer a distância dada – não são diretamente proporcionais, mas sim inversamente proporcionais, porque quando o valor de uma delas é multiplicado por 2, o valor correspondente à outra é dividido por 2. Quando um O gráfico mostra que, quanto maior for a quantidade de camisetas compradas, menor será o preço por unidade. Por exemplo: se uma loja comprar 100 camisetas, o preço de cada uma delas será 16 reais; se comprar 200, o preço por camiseta passará a ser 14 reais, e assim por diante. Agora responda: 103 a) As grandezas envolvidas, preço unitário p e quantidade q, são diretamente ou inversamente proporcionais? Explique. Não, porque a razão p não é constante. q b) O que acontece com o preço da camiseta quando a quantidade vendida varia em100 unidades? c) Construa um gráfico que represente a situação indicada na tabela anterior. n (bombons) 36 18 O preço varia em 2 reais. 12 9 c) Qual seria a diminuição no preço para o aumento de uma unidade vendida. 6 0 O preço diminui 2 reais para cada aumento de 100 unidades 1 2 3 4 5 6 c (caixas) vendidas. Portanto, o preço não se modificou para uma uni- 6. Observe os três retângulos desenhados e responda às questões a seguir: dade vendida. d) Com base nessas informações, escreva uma sentença que relacione o preço p com a quantidade q. 8 cm 10 cm 1 cm 3 cm Considerando que, para cada diminuição de 100 unidades, o preço aumenta 2 reais, então, o preço inicial das camisetas II I 5 cm seria 18 reais. Como a cada unidade vendida o preço diminui 0,02 real, então, podemos escrever que p = 18 – 0,02q. 6 cm 5. Dona Alice faz doces por encomenda. Ela fez 36 bombons e vai usar apenas um tipo de caixa para embalá-los, colocando a mesma quantidade de bombons em cada uma delas. a) As grandezas “números de bombons” e “números de caixas” são inversamente proporcionais? Explique. III a) Calcule o perímetro e a área de cada um deles e, em seguida, preencha a tabela: Retângulo I II III Perímetro (cm) Área (cm2) 22 24 22 10 22 30 Sim, porque o produto das grandezas envolvidas é constante (36). b) Preencha a tabela a seguir: No de bombons o N de caixas 104 2 3 4 6 9 12 18 12 9 6 4 3 b) Considere um retângulo de mesmo perímetro que os anteriores, cujos lados medem x e y centímetros. Expresse y em função de x. 2x + 2y = 22, logo y= –x + 11 Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 c) Complete a tabela a seguir para a função anterior com valores inteiros de x variando de 0 a 11. Com base nesses dados, construa o gráfico dessa função. x 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 y 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 A partir da tabela e do gráfico, pode-se observar que os valores de A e x não são nem diretamente nem inversamente proporcionais. h) O gráfico a seguir representa a função da área A de um retângulo em relação a seu lado de medida x. Com base nele, determine o valor de x que torna a área máxima. y 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 g) A área de A e é proporcional à medida de x? Justifique. y 30 20 x –2 –1–1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 –2 10 d) Como varia y à medida que o valor de x aumenta? O gráfico representa uma variação proporcional entre x e y? Justifique. x À medida que o valor de x aumenta, é possível observar que 0 o valor de y diminui. Trata-se de uma função decrescente. As e) Indicando por A a área do retângulo do item anterior, escreva-a em função de x. 10 11 5,5 variáveis y e x não são diretamente proporcionais nem inversamente proporcionais, pois não observamos uma constante no quociente y . x 5 6 Observando o gráfico construído, pode-se concluir que a maior área será obtida para x entre 5 e 6, isto é, 5,5. Para essa medida, os lados do retângulo devem ser iguais, ou seja, a área máxima será a de um quadrado. A = x u y = x(–x + 11) = –x2 + 11x f) Preencha a tabela a seguir com os valores da área A para x variando de 0 a 11. x 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A 0 10 18 24 28 30 30 28 24 18 10 0 7. Um quadrado de lado x (x > 0) tem perímetro p e área A. a) Expresse algebricamente a relação existente entre os valores de p e de x. p = 4x 105 b) Expresse algebricamente a relação existente entre os valores de A e de x. A = x2 L = –x2 + 12x – 20. (Observação: L > 0 significa lucro e L < 0, prejuízo). y 17 c) Mostre que existe um valor de x para o qual a área e o perímetro de um quadrado são expressos pelo mesmo número. 16 x2 = 4x, logo, x = 4 13 2 0 7 4 12 5 15 6 16 7 15 8 12 9 7 10 0 14 11 10 9 8 y 3 15 12 d) Esboce no mesmo sistema de coordenadas os gráficos de p e de A em função de x e localize o ponto encontrado no item anterior. x 7 6 y 5 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 –10 –9 –8 –7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 –2 4 3 2 1 –2 –1 –1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 x Observe o gráfico e a tabela e, em seguida, responda: x 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 a) Qual será o lucro caso eles decidam cobrar 4 reais por ingresso? 12 reais. a 8. Um grupo de alunos da 8 série/ 9o ano formou uma banda e precisa determinar o preço x, em reais, do ingresso para o show de apresentação. Eles imaginaram que, se o valor do ingresso for muito alto, não conseguirão vendê-lo e, se for muito baixo, não obterão lucro, que seria investido na banda. Com base nos valores cobrados por outras bandas, os alunos concluíram que o lucro L de cada espetáculo, em reais, poderia ser dado pela expressão 106 b) Se o preço do ingresso for superior a 6 reais, podemos afirmar que o grupo terá prejuízo? Justifique. Não, o grupo ainda terá lucro. Contudo, quanto mais próximo de 10 reais, o lucro diminui até que, nesse valor, ficará zerado, e a partir dele o projeto apresenta prejuízo. c) Para que intervalo de valores de x o lucro aumenta? E para qual ele diminui? Até 6 reais ele aumenta. Entre 6 reais e 10 reais ele diminui. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 d) Qual é o valor do ingresso para o maior lucro possível? Qual o valor do lucro máximo? O valor do ingresso para que o lucro seja máximo é 6 reais, quando o lucro atingirá 16 reais. e) O que acontece quando o valor dos ingressos é inferior a 2 reais ou superior a 10 reais? Nesses intervalos, o projeto tem prejuízo. f) O que ocorre com o lucro quando os ingressos são vendidos a 3 reais ou a 9 reais? Com esses valores o lucro é o mesmo, isto é, 7 reais. Observa-se que os valores encontram um eixo de simetria, paralelo ao eixo y, que passa pelo ponto máximo da função em x = 6. Considerações sobre a avaliação Foram sugeridas algumas atividades que permitem a construção de noções básicas sobre funções lineares e quadráticas. Julgando possível, o professor pode aprofundar as formas gerais de funções cujos gráficos são retas, como y = mx + n, analisando crescimento, diminuição e coordenadas dos pontos de intersecção nos eixos. Quanto às funções quadráticas na forma y = ax2 + bx + c, o professor pode discutir os sentidos das concavidades com relação aos sinais do coeficiente a e também as coordenadas dos pontos que interceptam os eixos coordenados. ORIENTAÇÕES PARA RECUPERAÇÃO Na Situação de Aprendizagem 1, caso alguns alunos demonstrem dificuldade para compreender o significado dos conjuntos numéricos, recomendamos que se retome um pouco da história dos números, mostrando como esse tipo de representação evoluiu ao longo da história em função das necessidades do homem: o surgimento dos números naturais como uma forma de representar a contagem de objetos ou de marcar a passagem do tempo; a necessidade de medida provocando o surgimento dos números fracionários (racionais); o desenvolvimento do comércio e das finanças, que demandou a utilização de números negativos para registrar dívidas etc. Na Situação de Aprendizagem 2, o professor poderá retomar os temas por meio de lista de exercícios e, eventualmente, poderá propor que os alunos façam um trabalho em grupo sobre frações contínuas e aproximações de irracionais. A Situação de Aprendizagem 3 permite que o professor explore a recuperação com atividades de desenho geométrico, já que parte significativa do trabalho nela apresentado diz respeito às construções geométricas. Nesse momento, o professor poderá utilizar uma lista de exercícios e solicitar que o aluno prepare fichas-resumo com procedimentos elementares de construção, como o traçado da mediatriz de um segmento, o traçado da bissetriz de um ângulo, construção de polígonos regulares e, mais diretamente relacionado com a Situação de Aprendizagem, a construção de alguns números reais. 107 Com relação à Situação de Aprendizagem 4, que trata da notação científica, alguns alunos poderão encontrar dificuldade com algumas das operações. Caso isso ocorra, recomendamos que o professor retome os princípios que fundamentam as propriedades das operações com potências. Mais do que enunciar a propriedade, é fundamental que o professor contextualize e justifique essa propriedade, o que pode ser feito por meio de exemplos simples, nos quais o aluno possa se apoiar em seus conhecimentos prévios sobre multiplicação e potências para compreender o significado da propriedade. Por exemplo: uma das propriedades afirma que, no produto de potências de mesma base, mantém-se a base e somam-se os expoentes. Podemos visualizar essa propriedade em um exemplo numérico: 23 u 25 = 2 u 2 u 2 u 3 fatores 2 2 u 2 u 2 u 2 u 2 = 28 5 fatores 2 generalizando para os expoentes m e n, temos: 2m u 2n = 2 u 2 u 2 u m fatores 2u2u2u2u2= n fatores 2 u 2 u 2 u 2 u 2 ... = 2m + n m + n fatores Caso os alunos ainda apresentem duvidas quanto aos temas propostos na Situação de Aprendizagem 5, sugerimos que o professor identifique se as dificuldades se referem a 108 pouco conhecimento de processos algébricos ou geométricos e, ainda, se os produtos notáveis foram aplicados corretamente. No último caso, sugerimos a realização de mais exercícios com o uso do material construído nesta Situação de Aprendizagem. Na Situação de Aprendizagem 6, caso o professor perceba que os alunos enfrentam dificuldades na compreensão e resolução das equações trabalhadas, sugerimos a retomada da fórmula de Bhaskara com atenção à identificação dos coeficientes e ao valor do discriminante. Pode-se também sugerir uma lista de exercícios para aplicação da fórmula combinada com alguns problemas simples. Se o professor considerar que os alunos ainda apresentam um desempenho insatisfatório nos problemas abordados nas Situações de Aprendizagem 7 e 8, sugerimos que sejam exploradas outras situações semelhantes às propostas ali. Muitas vezes, a representação gráfica tende a ilustrar melhor os conceitos trabalhados, permitindo ao aluno melhor compreensão dos conceitos. Cabe ao professor apresentar a análise gráfica concomitantemente ou escolher as estratégias que já vem adotando, quando tratar do tema. Há uma série de problemas encontrados em livros didáticos que permitirão sanar as dificuldades dos alunos em recuperação. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA AABOE, A. Episódios da história antiga da Matemática. 2. ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 2000. A autora explora uma série de situações contextualizadas que envolvem tanto as funções lineares como as quadráticas. ÁVILA, Geraldo. Introdução às funções e às derivadas. São Paulo: Atual, 1994. COSTA, R. O que é um número transcendente? Revista do Professor de Matemática, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, n. 1, 1982. BESKIN, N. Fracções contínuas. Lisboa: Ulmeiro, 2001. BOYER, Carl. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. Referência na abordagem histórica da Matemática. CARACA, Bento de Jesus. Conceitos fundamentais da Matemática. São Paulo: Gradiva, 1998. A obra aborda a construção da Matemática na perspectiva de um desenvolvimento lógico-histórico e particularmente rico em fatos sobre a história e a didática no trato das funções. CARNEIRO, J. P. Q. Um processo finito para a raiz quadrada. Revista do Professor de Matemática, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, n. 34, 1997. CARVALHO, Maria Cecilia Costa e Silva. Padrões numéricos e funções. São Paulo: Moderna, 1999. COURANT, R.; ROBBINS, H. O que é Matemática? Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2000. SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Experiências Matemáticas 5a série. São Paulo: SE/CENP, 1994. JAHN, A. P.; BONGIOVANNI, V. Revisitando os três problemas clássicos insolúveis da Antiguidade. Revista do Professor de Matemática, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, n. 66, 2008. LIMA, Elon Lages. O que significa a igualdade 1/9 = 0,111...? Revista do Professor de Matemática, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, n. 2, p. 6-9, 1983. _____. Temas e problemas. Rio de Janeiro: SBM, 2001. (Coleção do Professor de Matemática). Contém uma abordagem bastante interessante sobre o estudo de equações, além de uma pequena lista de situações-problema. 109 MOREIRA, C. G. Frações contínuas, representações de números e aproximações. Eureka, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, n. 3, 1998. NIVEN, I. Números: racionais e irracionais. Rio de janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1984. SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Proposta curricular para o ensino de Matemática: 1o grau. 3. ed. São Paulo: SE/ CENP, 1992. Site Revista do Professor de Matemática PERELMANN, J. Aprenda Álgebra brincando. São Paulo: Hemus, 2001. SAGAN, C. Bilhões e bilhões: reflexões sobre vida e morte na virada do milênio. São Paulo: Companhia. das Letras, 2002. SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Programa de Educação Continuada (PEC). Apostila sobre funções. São Paulo: SE/ CENP, 2001. 110 Publicação da Sociedade Brasileira de Matemática que apresenta artigos muito interessantes sobre o aprofundamento de conceitos matemáticos propondo diferentes estratégias de ensino. Disponível em: <http://www.rpm.org.br>. Acesso em: 2 set. 2013. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste Volume, foram apresentadas diversas situações com equações de 2o grau e a noção de função, por meio de problemas envolvendo proporcionalidade. Foram sugeridas atividades que propiciam experiências educativas bastante ricas e consideradas essenciais para o desenvolvimento de competências relativas a esse tema. Convém ressaltar que as expectativas de aprendizagem para este volume devem envolver aspectos essenciais dos temas propostos: desenvolvimento de técnicas para a resolução de equações de 2o grau e estudo da variação de grandezas proporcionais ou não proporcionais e construção e análises de tabelas e gráficos, ou seja, foram considerados apenas os pontos fundamentais, isto é, aqueles que possibilitam ao aluno ter uma base para o desenvolvimento de outros temas correlatos, que serão desenvolvidos no Ensino Médio, e para a resolução de problemas. Mesmo assim, é possível que o professor julgue extenso o que foi previsto para este Volume. No entanto, consideramos essa extensão “aparente”, pois é necessário compreender que cada tema é apenas um meio, um instrumento para a construção das competências básicas de leitura, escrita, compreensão, argumentação, contextualização e problematização. A grande preocupação não pode se resumir a “esgotar os conteúdos”, uma vez que tal esgotamento nunca e possível, na prática, pois o objetivo principal deve ser oferecer oportunidades para o crescimento pessoal de cada aluno, por meio de um contato proveitoso com algumas das ideias fundamentais da Matemática. Na avaliação, sugerimos aos colegas professores focar pontos que consideramos fundamentais. f empregar uma abordagem qualitativa (antes de resolver uma equação com base na relação de coeficientes e raízes ou procure fatorá-la); f determinar as raízes das equações de 2o grau por meio de fatorações ou pela fórmula de Baskhara; f resolver problemas que podem ser traduzidos por meio de equações de 2o grau; f identificar grandezas direta ou inversamente proporcionais e não proporcionais por meio de tabelas, gráficos e expressões.; f representar no plano cartesiano a interdependência de duas grandezas direta ou inversamente proporcionais. Além dessas habilidades específicas, que estão relacionadas aos conteúdos estudados neste volume, o professor deverá também observar as matrizes de avaliações externas e os respectivos descritores relacionados aos temas do volume. Resultados de avaliações como 111 Saresp e Prova Brasil, entre outras, podem fornecer dados importantes sobre dificuldades apresentadas pelos alunos. A avaliação deve fornecer informações ao aluno sobre seu desenvolvimento a respeito de suas capacidades em utilizar as noções aprendidas em situações-problema. Por outro lado, a avaliação deve fornecer ao professor dados sobre a aprendizagem de seus alunos, para a adequação das situações apresentadas e a proposição de novas. O professor deve ter clareza sobre os critérios da avaliação e das limitações e possibilidades dos instrumentos que vão ser utilizados. Os instrumentos de avaliação devem também contemplar as explicações, 112 justificativas e argumentações orais, uma vez que revelam aspectos do raciocínio que, muitas vezes, não ficam explícitos nas avaliações escritas. Convém também observar que, além das provas e dos trabalhos com exercícios – individuais e em grupo –, os assuntos deste volume se prestam especialmente à realização de pequenos projetos de pesquisa histórica, como a forma com que os hindus resolviam determinadas equações de 2o grau. Apresentamos, a seguir, a grade curricular com os conteúdos de Matemática de todas as séries/anos do Ensino Fundamental. Os conteúdos de outros volumes relacionados com os apresentados aqui estão em destaque. Matemática – 8ª série/9º ano – Volume 1 QUADRO DE CONTEÚDOS DO Volume 1 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS 5a série/6o ano 6a série/7o ano 7a série/8o ano 8a série/9o ano NÚMEROS NATURAIS – Múltiplos e divisores. – Números primos. – Operações básicas. – Introdução às potências. NÚMEROS NATURAIS – Sistemas de numeração na Antiguidade. – O sistema posicional decimal. NÚMEROS RACIONAIS – Transformação de decimais finitos em fração. – Dízimas periódicas e fração geratriz. NÚMEROS REAIS – Conjuntos numéricos. – Números irracionais. – Potenciação e radiciação em IR. – Notação científica. ÁLGEBRA – Equações de 2o grau: resolução e problemas. – Noções básicas sobre função; a ideia de interdependência. – Construção de tabelas e gráficos para representar funções de 1o e 2o graus. FRAÇÕES – Representação. – Comparação e ordenação. – Operações. NÚMEROS DECIMAIS – Representação. – Transformação em fração decimal. – Operações. Volume 2 SISTEMAS DE MEDIDA – Comprimento, massa e capacidade. – Sistema métrico decimal. GEOMETRIA/MEDIDAS – Formas planas e espaciais. – Noção de perímetro e área de figuras planas. – Cálculo de área por composição e decomposição. TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – Leitura e construção de gráficos e tabelas. – Média aritmética. – Problemas de contagem. NÚMEROS INTEIROS – Representação. – Operações. NÚMEROS RACIONAIS – Representação fracionária e decimal. – Operações com decimais e frações. GEOMETRIA/MEDIDAS – Ângulos. – Polígonos. – Circunferência. – Simetrias. – Construções geométricas. – Poliedros. NÚMEROS/ PROPORCIONALIDADE – Proporcionalidade direta e inversa. – Razões, proporções, porcentagem. – Razões constantes na Geometria: . TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – Gráficos de setores. – Noções de probabilidade. ÁLGEBRA – Uso de letras para representar um valor desconhecido. – Conceito de equação. – Resolução de equações. – Equações e problemas. POTENCIAÇÃO – Propriedades para expoentes inteiros. TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – A linguagem das potências. ÁLGEBRA – Equivalências e transformações de expressões algébricas. – Produtos notáveis. – Fatoração algébrica. ÁLGEBRA/EQUAÇÕES – Equações de 1o grau. – Sistemas de equações e resolução de problemas. – Inequações de 1o grau. – Sistemas de coordenadas (plano cartesiano). GEOMETRIA/MEDIDAS – Teorema de Tales e Pitágoras: apresentação e aplicações. – Área de polígonos. – Volume do prisma. GEOMETRIA/MEDIDAS – Proporcionalidade, noção de semelhança. – Relações métricas entre triângulos retângulos. – Razões trigonométricas. – O número π; a circunferência, o círculo e suas partes; área do círculo. – Volume e área do cilindro. TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – Contagem indireta e probabilidade. O sombreado assinala os conteúdos relacionados aos trabalhados neste volume. 113 CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL NOVA EDIÇÃO 2014-2017 COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Coordenadora Maria Elizabete da Costa Diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular de Gestão da Educação Básica João Freitas da Silva Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Valéria Tarantello de Georgel Coordenadora Geral do Programa São Paulo faz escola Valéria Tarantello de Georgel Coordenação Técnica Roberto Canossa Roberto Liberato Smelq Cristina de 9lbmimerime :oeÅe EQUIPES CURRICULARES Área de Linguagens Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Ventrela. Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Silveira. Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Nogueira. Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves. Área de Matemática Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Rodrigo Ponce. Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Maria da Graça de Jesus Mendes. Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda Meira de Aguiar Gomes. Área de Ciências Humanas Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu Ferreira. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara Santana da Silva Alves. Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy Fernandez. Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de Almeida e Tony Shigueki Nakatani. PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO PEDAGÓGICO Área de Linguagens Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva, Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos, Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Campos e Silmara Santade Masiero. Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Sílvia Regina Peres. Área de Matemática Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima, Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson Luís Prati. Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno, Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael Plana Simões e Rui Buosi. Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S. Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal. Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez, Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos, Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório, Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato e Sonia Maria M. Romano. História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo, Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas. Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e Tânia Fetchir. Apoio: Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE CTP, Impressão e acabamento Log Print GráÅca e Logística S. A. GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014-2017 FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Presidente da Diretoria Executiva Antonio Rafael Namur Muscat Vice-presidente da Diretoria Executiva Alberto Wunderler Ramos GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão, Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Tiago Jonas de Almeida. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS CADERNOS DOS ALUNOS Ghisleine Trigo Silveira Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Sérgio Adas. CONCEPÇÃO Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo, Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini coordenadora! e Ruy Berger em memória!. AUTORES Linguagens Coordenador de área: Alice Vieira. Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira. Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo. LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia González. História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari. Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers. Ciências da Natureza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes. Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo. Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos. Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume. Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Vanessa Leite Rios. Matemática Coordenador de área: Nílson José Machado. Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião. Edição e Produção editorial: R2 Editorial, Jairo Souza Design GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Ciências Humanas Coordenador de área: Paulo Miceli. Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas * Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. * Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos). * Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Caderno do Professor para apoiar na identificação das atividades. S2+9m São Paulo Estado! Secretaria da Educação. Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; matemática, ensino fundamental ¹ anos Ånais, 0a série/9o ano / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Nílson José Machado, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo, Walter Spinelli. - São Paulo : SE, 2014. v. 1, 120 p. Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação ProÅssional ¹ CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB. ISBN 970-0--7049--.1-9 1. Ensino fundamental anos Ånais 2. Matemática +. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Granja, Carlos Eduardo de Souza Campos. III. Mello, José Luiz Pastore. IV. Machado, Nílson José. V. Moisés, Roberto Perides. VI. Fonseca, Rogério Ferreira da. VII. Pietropaolo, Ruy César. VIII. Spinelli, Walter. IX. Título. CDU: +71.+:00..90 Validade: 2014 – 2017