Fundamentos Teóricos e Metodológicos sobre ensinoaprendizagem de Números e Medidas FSA-2011 Antonio Carlos Brolezzi [email protected] Aula 2 Os números naturais FSA-2011 Antonio Carlos Brolezzi [email protected] Números naturais Um pouco de história Com o nosso sistema de numeração, usando apenas dez símbolos diferentes, podemos escrever qualquer número, enquanto que, nas numerações egípcia e romana, para se escrever números muito grandes seria preciso criar novos símbolos: um para o dez mil, outro para o dez milhões, outro para o cem milhões etc. Matemática do Egito Antigo Fontes principais: • inscrições em monumentos; • inscrições em objetos; • papiros. Escrita principal: hieróglifos Período imperial: 2800 - 715 aC Região: litoral mediterrâneo da África Numerais egípcios em parede de um templo em Luxor Numerais hieróglifos egípcios em inscrição em uma tumba real 123.440 cabeças de gado 223.400 mulas 232.413 cabras 243.688 búfalos (?) Gravura em um cetro real egípcio: 120.000 prisioneiros 1.422.000 cabras capturadas (!) Decifrador dos hieróglifos egípcios: Jean-François Champollion (1790-1832 França) Professor de História Começou a estudar os hieróglifos com 17 anos Pedra de Roseta Chave para a decifração dos hieróglifos egípcios Um mesmo texto em três escritas diferentes: hieróglifa em cima, demótica no meio e grega em baixo. Datada de 196 aC Encontrada por um soldado de Napoleão em 1799 Entregue pela França ao Museu Britânico em 1801 Champolion a traduziu em 1820, após 12 anos de pesquisa Numerais egípcios Numerais egípcios Numerais egípcios Numerais egípcios Numerais egípcios Utilizavam base 10 mas sem valor posicional Numerais romanos Derivados dos numerais etruscos (antigo povo que habitava a Itália), são usados até hoje! Utilizavam base 10. A posição era importante mas em outro sentido (princípio subtrativo) Numerais romanos: observe que o “4” no relógio não segue o princípio subtrativo, para tornar a leitura mais clara. Os sistemas de numeração egípcio e romano apresentavam ainda uma outra dificuldade: era muito trabalhoso efetuar cálculos usando esses números. Para fazer contas com numerais romanos, era necessário usar o ábaco. O ábaco romano era de mesa, como um tabuleiro. Numerais babilônios Os babilônios usavam base sexagesimal (base 60, como nos minutos e segundos) Tinham valor posicional, pois sua escrita em tabletas de barro era muito complexa. Matemática dos Povos da Mesopotâmia Fontes principais: tabletas de barro cozido Escrita: cuneiforme Período: 3500 - 561 aC Região: entre os rios Tigres e Eufrates (Oriente Médio) Principal cidade-estado: Babilônia A tradução das tabletas cuneiformes teve início em 1870, quando se descobriu uma inscrição trilingüe nas encostas do monte Behistun, narrando a vitória do rei Dario sobre Cambises. Tableta com numerais cuneiformes babilônios de 2800 aC Somente em 1934 Otto Neugebauer decifrou, interpretou e publicou as tabletas matemáticas babilônias. Essa ausência de ligação linear com a Matemática das civilizações préhelênicas contribuiu para a criação da idéia de que a Matemática é uma ciência que praticamente nasceu pronta e sistematizada, como aparece nas obras gregas. Essas dificuldades foram superadas pelos hindus, que foram os criadores do nosso sistema de numeração. Essas dificuldades foram superadas pelos hindus, que foram os criadores do nosso sistema de numeração. Os hindus souberam reunir três características que já apareciam em outros sistemas numéricos da Antiguidade: o sistema de numeração hindu é decimal (o egípcio, o romano e o chinês também o eram); o sistema de numeração hindu é posicional (o babilônio também era); o sistema de numeração hindu tem o zero, isto é, um símbolo para o nada. Estas três características, reunidas, tornaram o sistema de numeração hindu o mais prático de todos. Não é sem motivo que hoje ele é usado quase no mundo todo Estamos tão acostumados com sistema de numeração decimal que ele nos parece incrivelmente simples. No entanto, desde os tempos em que os homens fizeram suas primeiras contagens, até o aparecimento do sistema de numeração hindu, decorreram milhares de anos. É surpreendente que diversas civilizações da Antiguidade, como as dos egípcios, babilônios e gregos, capazes de realizações maravilhosas, não tenham chegado a um sistema de numeração tão funcional quanto o dos hindus. Por que tanta dificuldade? Uma possível resposta a esta pergunta nos leva ao Zero, isto é, a um símbolo para o nada. Estamos tão familiarizados com o zero que não sentimos a menor dificuldade em raciocinar com ele. As crianças o dominam com facilidade. Entretanto, nem sempre foi assim. Nossos antepassados custaram muito para inventar o zero e, mesmo depois de nascido, o símbolo para o nada demorou a ser aceito. Depois do zero ter sido inventado para resolver um problema do sistema posicional de numeração, ocorreu uma coisa interessante: o zero passou a ser tratado como qualquer um dos outros nove símbolos. O zero passou a ser tão número quanto os outros. O nada tornou-se número também, sendo introduzido na seqüência: 0, 1, 2, 3, etc... Valor posicional nosso sistema é posicional; 51 é diferente de 15; o romano é posicional, mas não no mesmo sentido do nosso sistema. É diferente escrever VI ou IV. o egípcio não é posicional